O documento discute os principais conceitos do gerativismo, incluindo a faculdade da linguagem humana proposta por Chomsky e a hipótese da gramática universal. Apresenta os modelos iniciais de gramática transformacional e como evoluiu para a teoria de princípios e parâmetros, descrevendo similaridades e variações entre línguas. Também menciona a descoberta do gene FOXP2 e seu possível papel no controle da capacidade linguística.
1. Gerativismo
Profª Maria Glalcy Fequetia Dalcim
mariaglalcy@gmail.com
maria.dalcim@ifsp.edu.br
https://lingualem.wordpress.com
2. KENEDY, E. Gerativismo. In: MARTELOTTA, Mário
Eduardo (Org.). Manual de linguística. São Paulo:
Contexto, 2016.
Eduardo Kenedy Mario Eduardo Martelotta
3. A faculdade da Linguagem
Linguística Gerativa – Gerativismo – Gramática
Gerativa
Noam Chomsky
1957 – Estruturas Sintáticas
Modelo teórico formal
Inspirado na Matemática
Descrever e explicar abstratamente o
funcionamento da linguagem humana
Crítica e rejeição ao modelo behaviorista
4. A faculdade da Linguagem
Chomsky – agir criativamente no uso da linguagem – criação infinita
de frases inéditas
Criatividade – principal aspecto caracterizador do comportamento
linguístico humano – distingue a linguagem humana dos sistemas
de comunicação animal
Abandono do modelo teórico e metodológico do behaviorismo –
não há espaço para eventos criativos – comportamento linguístico
interpretado como uma resposta previsível
Chomsky – concepção racionalista dos estudos da linguagem
Skinner – concepção empirista dos estudos da linguagem
5. A faculdade da Linguagem
Gerativismo – comportamento linguístico é resultado de um
dispositivo inato, uma capacidade genética – inata
Deve estar radicada na biologia do cérebro / mente da espécie
É destinada a construir a competência Linguística de um falante –
disposição inata
O papel do gerativismo é construir um modelo teórico capaz de
descrever e explicar a natureza e o funcionamento dessa faculdade
6. A faculdade da Linguagem
“Uma das razões para estudar a linguagem (exatamente a razão
gerativista) – e para mim, pessoalmente, a mais premente delas – é a
possibilidade instigante de ver a linguagem como um “espelho do
espírito”, como diz a expressão tradicional. Com isto não quero apenas
dizer que os conceitos expressados e as distinções desenvolvidas no
uso normal da linguagem nos revelam os modelos do pensamento e o
universo do “senso comum” construídos pela mente humana. Mais
instigante ainda, pelo menos para mim, é a possibilidade de descobrir,
através do estudo da linguagem, princípios abstratos que governam
sua estrutura e uso, princípios que são universais por necessidade
biológica e não por simples acidente histórico, e que decorrem de
características mentais da espécie humana”
(Chomsky, 1980: 09)
7. O modelo teórico
Postular a existência da faculdade humana como um dispositivo inato –
não resolução de todos dos problemas da linguística gerativa
Faculdade da linguagem X Milhares de línguas
Questões:
O que há em comum entre todas as línguas humanas e de que maneira
elas diferem entre si?
Em que consiste o conhecimento que um indivíduo possui quando é
capaz de falar e compreender uma língua?
Como o indivíduo adquire esse conhecimento?
De que maneira esse conhecimento é posto em uso pelo indivíduo?
Quais são as sustentações físicas presentes no cérebro/mente que esse
conhecimento recebe?
8. O modelo teórico
Forma matemática e abstrata (formal)
Aproximação da linha interdisciplinar de estudos da mente humana –
ciências cognitivas
Reformulação e refinamento do modelo gerativista
Chomsky
Gerativismo
Gerativismo
Chomsky
9. A gramática como sistema de regras
Primeira elaboração do modelo gerativista (1960 -70)
Gramática Transformacional
Descrever como os constituintes das sentenças eram formados e como
tais constituintes transformavam-se em outros por meio da aplicação de
regras.
Relações estruturais – Marcadores Sintagmáticos
“Infinitas sentenças de uma língua eram formadas a partir da aplicação
de um finito sistema de regras (a gramática) que transformava uma
estrutura em outra” (p.131)
Diagrama Arbóreo - Árvore
10. A gramática como sistema de regras
S – Sentença
SN – Sintagma Nominal
SV – Sintagma Verbal
DET – Determinante
N – Nome
V - Verbo
11. A gramática como sistema de regras
Para dar conta da relação entre estruturas diferentes – Regras
Transformacionais
Estrutura primeiramente formada – Estrutura Profunda
(voz ativa)
Estrutura derivada – Estrutura Superficial
(voz passiva)
12. A gramática como sistema de regras
S – Sentença
SN – Sintagma Nominal
SV – Sintagma Verbal
DET – Determinante
N – Nome
V – Verbo
AUX – Auxiliar
PART – Particípio
SP – Sintagma Preposicionado
13. A gramática como sistema de regras
Década 1990 – a representação de estruturas sede lugar a
“derivação” – mostrando passos pelos quais uma estrutura é
derivada sem que ela tenha que ser comparada com uma outra
estrutura independente
“A ideia das transformações como operações computacionais
(fenômenos sintáticos) que derivam sentenças é o tópico centras da
pesquisa gerativista até o presente momento” (p.133)
Outro ponto de pesquisa – como é possível os falantes de uma
língua terem “intuições” sobre as estruturas sintáticas que produzem
e ouvem.
14. A gramática como sistema de regras
Frases “gramaticais” e “agramaticais”
Conhecimento implícito, inconsciente e natural acerca da língua que
todos os falantes nativos possuem e não das regras da gramática
normativa
Conhecimento linguístico Inconsciente
Comportamento linguístico do indivíduo – uso concreto da língua
15. A gramática como sistema de regras
Em razão do interesse central na Competência Linguística – os
estudos clássicos do gerativismo não costumam usar dados
linguísticos reais (performance) retirados do uso concreto da língua
na vida cotidiana.
Interesse – o funcionamento da mente que permite a geração de
estruturas linguísticas
Modelos de explicação da Competência Linguística
Informantes são levados a produzir ou interpretar determinados tipos
de estruturas linguísticas
Testes e experimentos de aquisição da linguagem em crianças
Funcionamento do cérebro quando em atividade linguística
Desempenho linguístico em pacientes afásicos
Mudanças linguísticas por que passam as línguas
16. A gramática universal : princípios e parâmetros
Anos 1980 – ideia da competência linguística como um sistema de
regras específicas cedeu lugar à hipótese da Gramática Universal
(GU)
GU – Conjunto das propriedades gramaticais comuns compartilhadas
por todas as línguas naturais, bem como as diferenças entre elas que
são previsíveis segundo o leque de opções disponíveis na própria GU
Teoria de Princípios e Parâmetros – descrever a natureza e o
funcionamento da GU – divide-se em pelos menos duas fases:
1. Teoria da regência e da ligação (TRL) – década de 1980
2. Programa minimalista (PM) – década de 1990 até o presente
17. A gramática universal : princípios e parâmetros
Teoria de Princípios e
Parâmetros – área da Sintaxe
Estruturas Sintáticas – grandes
semelhanças entre todas as
línguas
Gramática Modular - estudar a
sintaxe isolada dos demais
componentes - módulos
autônomos, independentes entre
si, governados pro suas próprias
regras e não sofrem influência
direta dos outros módulos.
18. A gramática universal : princípios e parâmetros
“ o elemento central da gramática
é a sintaxe. Ela retira do léxico as
palavras com as quais construirá,
segundo suas próprias regras,
estruturas como sintagmas e
sentenças, que da sintaxe são
encaminhadas à preparação para
a pronúncia, no módulo
fonológico, e para a interpretação
formal, no módulo semântico.” (p.
136)
19. A gramática universal : princípios e parâmetros
Programa Minimalista Atual
Princípio – propriedades gramaticais que são válidas para todas as
línguas naturais
Parâmetro – possibilidades (limitadas sempre de maneira binária) de
variação entre as línguas
A) “João disse que ele vai se casar”
B) “Ele disse que João vai se casar”
3ª pessoa
3ª pessoa
20. A gramática universal : princípios e parâmetros
A) “João disse que ele vai se casar”
Sujeito OP Sujeito OS
A) “João disse que Ø vai se casar”
Sujeito Nulo
A língua portuguesa suporta a ocorrência de sujeitos nulo, oculto,
desinencial, anafórico, indeterminado, inexistente.
Saí ontem Choveu ontem
21. A gramática universal : princípios e parâmetros
A) “John said that he is going to get married”
Sujeito OP Sujeito OS
A) “John said that Ø is going to get married”
A língua inglesa não suporta a existência de sujeito nulo.
I went out yesterday It rained yesterday
22. O FOXP2 e a genética da linguagem
2001 – Anthony Monaco – Oxford – Projeto Genoma Humano
1º gene aparentemente ligado ao controle da capacidade linguística –
FOXP2
Família K.E. – não possuíam nenhum outro distúrbio cognitivo além de
problemas como o sistema linguístico.
FOXP2 – cromossomo 7 – estava corrompida
Comparação com C.S. – mesmos distúrbios e mesmo gene corrompido
FOXP2 – presente em outros primatas mas em quantidades reduzidas
A linguística gerativa – ciência da linguagem que dialogará com as
ciências naturais.