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Hepatite A
Denise Vigo Potsch & Fernando S. V. Martins
A hepatite A é uma doença infecciosa aguda, causada pelo vírus da hepatite A, que
produz inflamação e necrose do fígado. A transmissão do vírus é fecal-oral, através da
ingestão de água e alimentos contaminados ou diretamente de uma pessoa para outra.
Uma pessoa infectada com o vírus pode ou não desenvolver a doença. A hepatite A
ocorre em todos os países do mundo, inclusive nos mais desenvolvidos. É mais comum
onde a infra-estrutura de saneamento básico é inadequada ou inexistente. A infecção
confere imunidade permanente contra a doença. Desde 1995, estão disponíveis vacinas
seguras e eficazes contra a hepatite A, embora ainda de custo elevado.
Transmissão
O ser humano é o único hospedeiro natural do vírus da hepatite A. A infecção pelo vírus
da hepatite A, produzindo ou não manifestações clínicas, determina imunidade
permanente contra a doença. A principal forma de transmissão do vírus é de uma pessoa
para outra. A transmissão é comum entre crianças que ainda não tenham aprendido
noções de higiene, entre os que residem em mesmo domicílio ou sejam parceiros
sexuais de pessoas infectadas. Dez dias depois de uma pessoa ser infectada,
desenvolvendo ou não as manifestações da doença, o vírus passa a ser eliminado nas
fezes durante cerca de três semanas. O período de maior risco de transmissão é de uma a
duas semanas antes do aparecimento das manifestações. A transmissão pode ocorrer
através da ingestão de água e alimentos contaminados por pessoas infectadas, que não
obedecem normas de higiene, como a lavagem das mãos após uso de sanitários. O
consumo de frutos do mar, como mariscos crus ou inadequadamente cozidos, está
particularmente associado com a transmissão, uma vez que esses organismos
concentram o vírus por filtrarem grandes volumes de água contaminada. A transmissão
através de transfusões, uso compartilhado de seringas e agulhas contaminadas é pouco
comum, ao contrário das infecções pelo HIV e pelo vírus da hepatite B.
Riscos
A infecção pelo vírus da hepatite A ocorre em todos os países do Mundo. O risco,
dependendo da infra-estrutura de saneamento básico, varia de um país para outro e,
dentro do mesmo país, de uma região para outra. Nos países em desenvolvimento, onde
os investimentos em saneamento básico em geral não constituem prioridade, a infecção
é comum em crianças, e a maioria dos adultos é, conseqüentemente, imune à doença.
Em países desenvolvidos, a hepatite A ocorre episodicamente e, por esse motivo, grande
parte da população adulta é suscetível à infecção. Esse padrão tende a ser semelhante
nas classes socio-economicamente mais privilegiadas dos países em desenvolvimento,
como o Brasil.
A Austrália, o Canadá, a Escandinávia, a Nova Zelândia, o Japão e a maioria dos países
da Europa Ocidental, são áreas de risco relativamente baixo. Nos Estados Unidos,
considerado de risco intermediário, estima-se que a cada ano ocorram cerca 200 mil
casos da infecção. Cerca de um terço da população americana tem evidência sorológica
de ter sido infectada pelo vírus da hepatite A em alguma época da vida.
O Brasil tem risco elevado para a aquisição de hepatite A, em razão de condições
deficientes ou inexistentes de saneamento básico, nas quais é obrigada a viver grande
parte da população, inclusive nos grandes centros urbanos. A hepatite A, contudo, não
fazia parte da Lista Nacional de Doenças de Notificação Compulsória até dezembro de
2003. Os dados disponíveis, portanto, são incompletos e, provavelmente, refletem
apenas a disponibilidade de recursos para confirmação diagnóstica, variável em cada
Estado e em cada município. Em geral, os casos de hepatite A são notificados apenas
quando são detectados eventuais surtos da doença. Mesmo nos Estados mais
desenvolvidos são detectadas epidemias como a ocorrida em Valença (RJ) em 1993,
com 1069 casos.
Hepatite A no Brasil.
Casos confirmados, por local de transmissão: 1996 - 2005
Região 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Tota
Norte 0 0 305 1.403 2.077 1.998 2.798 2.895 5.036 2.863 19.37
Nordeste 6 60 125 1.523 3.001 3.846 4.863 5.216 6.820 6.106 31.56
Sudeste 0 37 559 1.996 4.765 5.269 1.549 2.093 2.706 2.759 21.73
Sul 909 575 576 2.507 4.627 7.537 3.642 2.647 3.248 3.533 29.80
Centro-Oeste 0 0 84 781 2.191 2.021 1.382 1.748 2.476 3.045 13.72
Ignorado 0 25 1 17 39 22 18 15 14 12 16
Total 915 697 1.650 8.227 16.700 20.693 14.252 14.614 20.300 18.318 116.36
* dados sujeitos à revisão.
Fonte: Ministério da Saúde - Secretaria de Vigilância em Saúde, 2006.
Os estudos de prevalência no Brasil na população, através de exames sorológicos,
demonstram uma redução dos índices de infecção pelo vírus da hepatite A. A
prevalência está em torno de 65%, enquanto chega a 81% no México e a 89% na
República Dominicana. Os índices de infecção estão relacionados à idade e às
condições socio-econômicas das populações. No Brasil, chegam a 95% nas populações
mais pobres e a 20% nas populações de classe média e alta. A diferença é mais
acentuada entre crianças e adolescentes. Nas pessoas com mais de 40 anos de idade, a
prevalência da infecção quase sempre é superior a 90%, refletindo as condições de risco
existentes na infância.
Embora o risco de infecção pelo vírus da hepatite A, seja alto em todas as Regiões do
país, pode-se presumir que, de modo semelhante às outras doenças de transmissão fecal-
oral (diarréia dos viajantes, hepatite E, cólera), as áreas menos desenvolvidas
apresentem risco ainda mais elevado. Também, podem ser consideradas de risco
elevado a periferia dos grandes centros urbanos e municípios onde a infra-estrutura de
saneamento básico (água e esgotos tratados) seja inexistente ou inadequada.
Medidas de proteção individual
A hepatite A pode ser evitada através das medidas de prevenção contra doenças
transmitidas por água e alimentos, da vacinação e, em algumas situações, da utilização
de imunoglobulina intramuscular. As medidas de proteção contra doenças transmitidas
por contaminação de água e alimentos, incluem a utilização de água clorada ou fervida e
o consumo de alimentos cozidos, preparados na hora do consumo. Deve-se lavar
criteriosamente as mãos com água e sabão antes das refeições e evitar o consumo de
bebidas e qualquer tipo de alimento adquiridos com vendedores ambulantes.
Desde 1995, foram licenciadas duas diferentes vacinas contra a hepatite A, ambas
produzidas a partir do vírus inativado, com imunogenicidade e eficácia semelhantes.
Um mês após a primeira dose, as vacinas produzem mais de 95% de soroconversão
(imunidade) em adultos, que chega a 97% em adolescentes e crianças acima de dois
anos. As vacinas estão liberadas para aplicação a partir dos dois anos de idade, uma vez
que a eficácia e segurança abaixo dessa faixa etária ainda não foram adequadamente
avaliadas. Os efeitos adversos geralmente são discretos, podendo ocorrer dor,
vermelhidão e edema no local da aplicação em 20%-50% das pessoas. A aplicação é
intramuscular, feita em duas doses com intervalo de seis meses entre cada uma.
O Cives recomenda aos viajantes que recebam a primeira dose da vacina contra a
hepatite A no mínimo 30 dias antes da partida. A vacina está indicada para pessoas que
sejam suscetíveis (não imunes), presumida ou comprovadamente. As indicações
prioritárias são para as crianças com mais de dois anos, pessoas que trabalham com
crianças (como educadores de creches), portadores de doença hepática crônica (risco de
maior evolução para a forma grave), pessoas com risco elevado (usuários de drogas
injetáveis, homossexuais), idosos e viajantes que se dirigem para áreas com risco alto de
transmissão. Os dados disponíveis sugerem que a imunidade conferida pela vacina seja
superior a dez anos. A realização sistemática de testes para verificar uma possível
infecção anterior pelo vírus da hepatite A é desnecessária, mas em algumas
circunstâncias pode ser vantajosa.
A imunoglobulina é capaz de evitar a infecção em 85% das pessoas, quando utilizada
em até duas semanas após a exposição ao vírus da hepatite A. Está indicada em
contactantes não imunes de pessoas com hepatite A e viajantes que não possam receber
a vacina, incluindo os menores de dois anos, ou que não tenham recebido a primeira
dose pelo menos 15 dias antes da partida para áreas de risco elevado.
Manifestações
A infecção pelo vírus da hepatite A pode ou não resultar em doença. Em cerca de 70%
das crianças com menos de seis anos de idade, a infecção não produz qualquer
manifestação. A infecção, causando ou não manifestações, produz imunidade
permanente contra a doença.
As manifestações, quando surgem, podem ocorrer de 15 a 50 dias (30, em média) após
o contato com o vírus da hepatite A (período de incubação). O início é súbito, em geral
com febre baixa, fadiga, mal estar, perda do apetite, sensação de desconforto no
abdome, náuseas e vômitos. É comum a aversão acentuada à fumaça de cigarros. Pode
ocorrer diarréia, mais comum em crianças (60%) do que em adultos (20%). Após alguns
dias, pode surgir icterícia (olhos amarelados) em cerca de 25% das crianças e 60% dos
adultos. As fezes podem então ficar amarelo-esbranquiçadas (como massa de
vidraceiro) e a urina de cor castanho-avermelhada. Em geral quando a pessoa fica
ictérica, a febre desaparece, há diminuição das outras manifestações e o risco de
transmissão do vírus torna-se mínimo. Em crianças, a icterícia desaparece em 8 a 11
dias, e nos adultos em 2 a 4 semanas.
A evolução da doença em geral não ultrapassa dois meses. Em cerca de 15% das
pessoas, as manifestações podem persistir de forma discreta por até seis meses, com
eventual reaparecimento das manifestações clínicas. A recuperação é completa e o vírus
é totalmente eliminado do organismo. Não há desenvolvimento de doença hepática
crônica ou estado de portador. A letalidade da hepatite A, considerando-se todos os
casos é cerca de 0,3%. Em adultos a evolução grave é mais comum, e o número de
óbitos pode chegar a 2% em pessoas com mais de 40 anos.
A confirmação do diagnóstico de hepatite A não tem importância para tratamento da
pessoa doente. No entanto, é fundamental para a diferenciação com outros tipos de
hepatite e para a adoção de medidas que reduzam o risco de transmissão entre os
contactantes. É importante ainda que seja feita a notificação do caso ao Centro
Municipal de Saúde mais próximo, para que possam ser adotadas medidas que
diminuam o risco de disseminação da doença para a população. A confirmação é feita
através de exames sorológicos. O método mais utilizado é o ELISA, com pesquisa de
anticorpos IgM contra o vírus da hepatite A no sangue, que indicam infecção recente.
Esses anticorpos geralmente podem ser detectados a partir do quinto dia do início das
manifestações.
Tratamento
A hepatite A não tem tratamento específico. As medidas terapêuticas visam reduzir o
incômodo das manifestações clínicas. No período inicial da doença pode ser indicado
repouso relativo, e a volta às atividades deve ser gradual. As bebidas alcoólicas devem
ser abolidas. Os alimentos podem ser ingeridos de acordo com o apetite e a aceitação da
pessoa, não havendo necessidade de dietas.

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Hepatite A: Transmissão, Riscos, Prevenção e Vacinação

  • 1. Hepatite A Denise Vigo Potsch & Fernando S. V. Martins A hepatite A é uma doença infecciosa aguda, causada pelo vírus da hepatite A, que produz inflamação e necrose do fígado. A transmissão do vírus é fecal-oral, através da ingestão de água e alimentos contaminados ou diretamente de uma pessoa para outra. Uma pessoa infectada com o vírus pode ou não desenvolver a doença. A hepatite A ocorre em todos os países do mundo, inclusive nos mais desenvolvidos. É mais comum onde a infra-estrutura de saneamento básico é inadequada ou inexistente. A infecção confere imunidade permanente contra a doença. Desde 1995, estão disponíveis vacinas seguras e eficazes contra a hepatite A, embora ainda de custo elevado. Transmissão O ser humano é o único hospedeiro natural do vírus da hepatite A. A infecção pelo vírus da hepatite A, produzindo ou não manifestações clínicas, determina imunidade permanente contra a doença. A principal forma de transmissão do vírus é de uma pessoa para outra. A transmissão é comum entre crianças que ainda não tenham aprendido noções de higiene, entre os que residem em mesmo domicílio ou sejam parceiros sexuais de pessoas infectadas. Dez dias depois de uma pessoa ser infectada, desenvolvendo ou não as manifestações da doença, o vírus passa a ser eliminado nas fezes durante cerca de três semanas. O período de maior risco de transmissão é de uma a duas semanas antes do aparecimento das manifestações. A transmissão pode ocorrer através da ingestão de água e alimentos contaminados por pessoas infectadas, que não obedecem normas de higiene, como a lavagem das mãos após uso de sanitários. O consumo de frutos do mar, como mariscos crus ou inadequadamente cozidos, está particularmente associado com a transmissão, uma vez que esses organismos concentram o vírus por filtrarem grandes volumes de água contaminada. A transmissão através de transfusões, uso compartilhado de seringas e agulhas contaminadas é pouco comum, ao contrário das infecções pelo HIV e pelo vírus da hepatite B. Riscos A infecção pelo vírus da hepatite A ocorre em todos os países do Mundo. O risco, dependendo da infra-estrutura de saneamento básico, varia de um país para outro e, dentro do mesmo país, de uma região para outra. Nos países em desenvolvimento, onde os investimentos em saneamento básico em geral não constituem prioridade, a infecção é comum em crianças, e a maioria dos adultos é, conseqüentemente, imune à doença. Em países desenvolvidos, a hepatite A ocorre episodicamente e, por esse motivo, grande parte da população adulta é suscetível à infecção. Esse padrão tende a ser semelhante nas classes socio-economicamente mais privilegiadas dos países em desenvolvimento, como o Brasil. A Austrália, o Canadá, a Escandinávia, a Nova Zelândia, o Japão e a maioria dos países da Europa Ocidental, são áreas de risco relativamente baixo. Nos Estados Unidos, considerado de risco intermediário, estima-se que a cada ano ocorram cerca 200 mil
  • 2. casos da infecção. Cerca de um terço da população americana tem evidência sorológica de ter sido infectada pelo vírus da hepatite A em alguma época da vida. O Brasil tem risco elevado para a aquisição de hepatite A, em razão de condições deficientes ou inexistentes de saneamento básico, nas quais é obrigada a viver grande parte da população, inclusive nos grandes centros urbanos. A hepatite A, contudo, não fazia parte da Lista Nacional de Doenças de Notificação Compulsória até dezembro de 2003. Os dados disponíveis, portanto, são incompletos e, provavelmente, refletem apenas a disponibilidade de recursos para confirmação diagnóstica, variável em cada Estado e em cada município. Em geral, os casos de hepatite A são notificados apenas quando são detectados eventuais surtos da doença. Mesmo nos Estados mais desenvolvidos são detectadas epidemias como a ocorrida em Valença (RJ) em 1993, com 1069 casos. Hepatite A no Brasil. Casos confirmados, por local de transmissão: 1996 - 2005 Região 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Tota Norte 0 0 305 1.403 2.077 1.998 2.798 2.895 5.036 2.863 19.37 Nordeste 6 60 125 1.523 3.001 3.846 4.863 5.216 6.820 6.106 31.56 Sudeste 0 37 559 1.996 4.765 5.269 1.549 2.093 2.706 2.759 21.73 Sul 909 575 576 2.507 4.627 7.537 3.642 2.647 3.248 3.533 29.80 Centro-Oeste 0 0 84 781 2.191 2.021 1.382 1.748 2.476 3.045 13.72 Ignorado 0 25 1 17 39 22 18 15 14 12 16 Total 915 697 1.650 8.227 16.700 20.693 14.252 14.614 20.300 18.318 116.36 * dados sujeitos à revisão. Fonte: Ministério da Saúde - Secretaria de Vigilância em Saúde, 2006. Os estudos de prevalência no Brasil na população, através de exames sorológicos, demonstram uma redução dos índices de infecção pelo vírus da hepatite A. A prevalência está em torno de 65%, enquanto chega a 81% no México e a 89% na República Dominicana. Os índices de infecção estão relacionados à idade e às condições socio-econômicas das populações. No Brasil, chegam a 95% nas populações mais pobres e a 20% nas populações de classe média e alta. A diferença é mais acentuada entre crianças e adolescentes. Nas pessoas com mais de 40 anos de idade, a prevalência da infecção quase sempre é superior a 90%, refletindo as condições de risco existentes na infância. Embora o risco de infecção pelo vírus da hepatite A, seja alto em todas as Regiões do país, pode-se presumir que, de modo semelhante às outras doenças de transmissão fecal- oral (diarréia dos viajantes, hepatite E, cólera), as áreas menos desenvolvidas apresentem risco ainda mais elevado. Também, podem ser consideradas de risco elevado a periferia dos grandes centros urbanos e municípios onde a infra-estrutura de saneamento básico (água e esgotos tratados) seja inexistente ou inadequada. Medidas de proteção individual A hepatite A pode ser evitada através das medidas de prevenção contra doenças transmitidas por água e alimentos, da vacinação e, em algumas situações, da utilização de imunoglobulina intramuscular. As medidas de proteção contra doenças transmitidas por contaminação de água e alimentos, incluem a utilização de água clorada ou fervida e o consumo de alimentos cozidos, preparados na hora do consumo. Deve-se lavar
  • 3. criteriosamente as mãos com água e sabão antes das refeições e evitar o consumo de bebidas e qualquer tipo de alimento adquiridos com vendedores ambulantes. Desde 1995, foram licenciadas duas diferentes vacinas contra a hepatite A, ambas produzidas a partir do vírus inativado, com imunogenicidade e eficácia semelhantes. Um mês após a primeira dose, as vacinas produzem mais de 95% de soroconversão (imunidade) em adultos, que chega a 97% em adolescentes e crianças acima de dois anos. As vacinas estão liberadas para aplicação a partir dos dois anos de idade, uma vez que a eficácia e segurança abaixo dessa faixa etária ainda não foram adequadamente avaliadas. Os efeitos adversos geralmente são discretos, podendo ocorrer dor, vermelhidão e edema no local da aplicação em 20%-50% das pessoas. A aplicação é intramuscular, feita em duas doses com intervalo de seis meses entre cada uma. O Cives recomenda aos viajantes que recebam a primeira dose da vacina contra a hepatite A no mínimo 30 dias antes da partida. A vacina está indicada para pessoas que sejam suscetíveis (não imunes), presumida ou comprovadamente. As indicações prioritárias são para as crianças com mais de dois anos, pessoas que trabalham com crianças (como educadores de creches), portadores de doença hepática crônica (risco de maior evolução para a forma grave), pessoas com risco elevado (usuários de drogas injetáveis, homossexuais), idosos e viajantes que se dirigem para áreas com risco alto de transmissão. Os dados disponíveis sugerem que a imunidade conferida pela vacina seja superior a dez anos. A realização sistemática de testes para verificar uma possível infecção anterior pelo vírus da hepatite A é desnecessária, mas em algumas circunstâncias pode ser vantajosa. A imunoglobulina é capaz de evitar a infecção em 85% das pessoas, quando utilizada em até duas semanas após a exposição ao vírus da hepatite A. Está indicada em contactantes não imunes de pessoas com hepatite A e viajantes que não possam receber a vacina, incluindo os menores de dois anos, ou que não tenham recebido a primeira dose pelo menos 15 dias antes da partida para áreas de risco elevado. Manifestações A infecção pelo vírus da hepatite A pode ou não resultar em doença. Em cerca de 70% das crianças com menos de seis anos de idade, a infecção não produz qualquer manifestação. A infecção, causando ou não manifestações, produz imunidade permanente contra a doença. As manifestações, quando surgem, podem ocorrer de 15 a 50 dias (30, em média) após o contato com o vírus da hepatite A (período de incubação). O início é súbito, em geral com febre baixa, fadiga, mal estar, perda do apetite, sensação de desconforto no abdome, náuseas e vômitos. É comum a aversão acentuada à fumaça de cigarros. Pode ocorrer diarréia, mais comum em crianças (60%) do que em adultos (20%). Após alguns dias, pode surgir icterícia (olhos amarelados) em cerca de 25% das crianças e 60% dos adultos. As fezes podem então ficar amarelo-esbranquiçadas (como massa de vidraceiro) e a urina de cor castanho-avermelhada. Em geral quando a pessoa fica ictérica, a febre desaparece, há diminuição das outras manifestações e o risco de transmissão do vírus torna-se mínimo. Em crianças, a icterícia desaparece em 8 a 11 dias, e nos adultos em 2 a 4 semanas.
  • 4. A evolução da doença em geral não ultrapassa dois meses. Em cerca de 15% das pessoas, as manifestações podem persistir de forma discreta por até seis meses, com eventual reaparecimento das manifestações clínicas. A recuperação é completa e o vírus é totalmente eliminado do organismo. Não há desenvolvimento de doença hepática crônica ou estado de portador. A letalidade da hepatite A, considerando-se todos os casos é cerca de 0,3%. Em adultos a evolução grave é mais comum, e o número de óbitos pode chegar a 2% em pessoas com mais de 40 anos. A confirmação do diagnóstico de hepatite A não tem importância para tratamento da pessoa doente. No entanto, é fundamental para a diferenciação com outros tipos de hepatite e para a adoção de medidas que reduzam o risco de transmissão entre os contactantes. É importante ainda que seja feita a notificação do caso ao Centro Municipal de Saúde mais próximo, para que possam ser adotadas medidas que diminuam o risco de disseminação da doença para a população. A confirmação é feita através de exames sorológicos. O método mais utilizado é o ELISA, com pesquisa de anticorpos IgM contra o vírus da hepatite A no sangue, que indicam infecção recente. Esses anticorpos geralmente podem ser detectados a partir do quinto dia do início das manifestações. Tratamento A hepatite A não tem tratamento específico. As medidas terapêuticas visam reduzir o incômodo das manifestações clínicas. No período inicial da doença pode ser indicado repouso relativo, e a volta às atividades deve ser gradual. As bebidas alcoólicas devem ser abolidas. Os alimentos podem ser ingeridos de acordo com o apetite e a aceitação da pessoa, não havendo necessidade de dietas.