1. JB NEWS
Filiado à ABIM sob nr. 007/JV
Editoria: Ir Jeronimo Borges
Loja Templários da Nova Era nr. 91(Florianópolis) - Obreiro
Loja Alferes Tiradentes nr. 20 (Florianópolis) - Membro Honorário
Loja Harmonia nr. 26 (B. Horizonte) - Membro Honorário
Loja Fraternidade Brazileira de Estudos e Pesquisas (J. de Fora) -Correspondente
Loja Francisco Xavier Ferreira de Pesquisas Maçônicas (P. Alegre) - Correspondente
Academia Catarinense Maçônica de Letras
Academia Maçônica de Letras do Brasil – Arcádia de B. Horizonte
Saudações, Prezado Irmão!
Índice do JB News nr. 2.271 – Florianópolis (SC) – domingo, 18 de dezembro de 2016
Bloco 1-Almanaque
Bloco 2-IrNewton Agrella - Pax
Bloco 3-Ir João Ivo Girardi - Faculdade
Bloco 4-IrJosé Ronaldo Viega Alves – A Maçonaria Operativa em suas origens ... (parte I)
Bloco 5-Ir Hercule Spoladore – História da criação do Rito Brasileiro
Bloco 6-IrJoão Anatalino Rodrigues – O Legado dos Essênios
Bloco 7-Destaques JB – Breviário Maçônico p/o dia 18 de dezembro e versos do Irmão e Poeta
Sinval Santos da Silveira (Florianópolis-SC) Hoje homenageando o saudoso Ir. Abner.
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18 de dezembro
218 a.C. — Segunda Guerra Púnica: Batalha do Trébia - vitória de Cartago, sob o comando de Aníbal sobre
a República Romana.
1787 — Nova Jérsei torna-se o terceiro estado norte-americano, após ter ratificado a Constituição
americana.
1822 — Chegada de João José da Cunha Fidié à Parnaíba com tropas vindas de Oeiras então Capital
do Piauí.
1833 — Fundação do Condado de Walker, no estado da Geórgia (Estados Unidos).
1857 — Fundação do Condado de Mitchell, no estado da Geórgia (Estados Unidos).
1870 — Fim do Primeiro Concílio do Vaticano.
1892 — Estréia do ballet O Quebra-Nozes.
1906 — Elevação a distrito de Aquidauana, Mato Grosso do Sul, Brasil.
1941 — Os Aliados invadem Timor.
1945 — O Uruguai é admitido como Estado-Membro da ONU.
1954 — Criação do município de Não-Me-Toque (Rio Grande do Sul, Brasil).
1956 — O Japão é admitido como Estado-Membro da ONU.
1960 — Criação das hoje Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC) e Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Nesta edição:
Pesquisas – Arquivos e artigos próprios e de colaboradores e da Internet
– Blogs - http:pt.wikipedia.org - Imagens: próprias, de colaboradores e
www.google.com.br
Os artigos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião deste
informativo, sendo plena a responsabilidade de seus autores.
1 – ALMANAQUE
Hoje é o 353 dia do Calendário Gregoriano do ano de 2016– (Lua Cheia)
Faltam 13 dias para terminar este ano bissexto
Dia Internacional do Migrante
Se o Irmão não deseja receber mais o informativo ou alterou o seu endereço eletrônico,
POR FAVOR, comunique-nos pelo mesmo e-mail que recebeu a presente mensagem, para evitar
atropelos em nossas remesssas diárias. Obrigado.
Colabore conosco para evitar problemas na emissão de nossas mala direta diária.
EVENTOS HISTÓRICOS
(Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki) Aprofunde seu conhecimento clicando nas palavras sublinhadas
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1961 — O distrito português de Damão foi invadido e ocupado pelas tropas da União Indiana.
1971 — Dólar é supervalorizado pela segunda vez na história dos Estados Unidos.
1978 — Dominica é admitida como Estado-Membro da ONU.
2005 — Início de atividade do vulcão Kilauea, Havaí, Estados Unidos.
2008 — Madonna se apresenta em São Paulo em sua turnê Sticky & Sweet Tour
2015 — A revista Science publica[1]
a descoberta do trissulfureto, um intermediário entre o sulfito e
o sulfureto. [2]
1824 Alvará desta data criou a paróquia de Porto Belo.
1880 Tem início a construção da Estrada de Ferro D. Tereza Cristina.
1897 Nasce, em Lages, Celso Ramos. Empresário e político, foi Presidente da Federação das Indústrias de
Santa Catarina, Governador do Estado e Senador da República.
1960 Decreto, desta data, criou a Universidade Federal de Santa Catarina.
1961 Lei Nr. 787 criou os municípios catarinenses de Palma Sola e Guarujá do Sul, ambos desmembrados de
Dionísio Cerqueira.
1786 Fundada a GL de New Jersey. F.& A.M., USA.
1804 Recebe carta constitutiva a Loja “Le Temple dês Vertus Théologales”de Havana, a primeira em
Cuba. Seu primeiro Venerável foi Joseph
1834 A “Orphan Lodge”, primeira Loja inglesa no Brasil, no Rio de Janeiro, recebe o nr. 616 no cadastro
da Grande Loja Unida da Inglaterra.
1843 Fundada a GL de Wisconsin, F.& A.M., USA.
1860 Fundado o Supremo Conselho do México, em Veracruz, por Laffon de Ladébat, importante
ritualista.
1891 Ir.'. Marechal Deodoro da Fonseca, desencantado de tudo, renunciava também ao Grão-
Mestrado, em carta de 18 de dezembro de 1891
1912 Fundada a Grande Loja das Filipinas
1934 Após sete anos de independência do Grande Oriente do Amazonas e Acre, o Grande Oriente do
Brasil(GOB) voltou a ressurgir, no Estado do Amazonas, através da fundação da Loja Unificação
Maçônica, no dia 15 de novembro de 1934,
1947 Loja Libertas II nr. 1.365 – Miracema – GOB/RJ
1964 Lei Nr. 32, adotada pela Assembleia Federal Legislativa do GOB e sancionada pelo Grão-Mestre
Álvaro Palmeira, proíbe o uso de qualquer título profano dentro da Ordem.
1973 Fundado o Grande Oriente Estadual da Paraíba, federado ao GOB.
1981 Fundado o Grande Oriente Estadual de Rondônia, federado ao GOB
1991 Fundada a Loja “Obreiros da Paz” Nr. 47 (GOSC) em Fraiburgo
Fatos maçônicos do dia
Fonte: O Livro dos Dias (Ir João Guilherme) e acervo pessoal
Fatos históricos de santa catarina
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Natal Tempo de Amar
Irmãos
Produzi um novo CD Natal Tempo de amar 2016
São 25 musicas para tocar nesse natal
Algumas inéditas, e regravações cantadas
Musicas de harpa e sax
Uma seleção escolhida para a Noite Feliz que nasce novamente o Menino Jesus.
Para presentear amigos, clientes.
Anexo modelo de cd exclusivo para presentear.
Unitario 15,00 Londrina 20,00 outras cidades correio incluído
Maiores quantidades mínimo 50 – á negociar
link das canções:
https://www.youtube.com/watch?v=_4etf7FIKRU
TFA WILAMR WILMAR
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Malhete da Fraternidade
Nesta promoção, na compra de dois kits, a Loja leva o terceiro grátis, o que vale dizer, de R$
235,00 cada kit, nesta promoção fica por apenas R$ 125,33. Aproveite. Sua Loja merece
Iniciar o ano com Malhetes novos. Podemos gravar o nome dos Irmãos, os Cargos ou o nome
da Loja, tanto nos Malhetes como nas Caixas. Um TFA
Paulo Velloso M.'.M.'.
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O Ir Newton Agrella -
M I Gr 33 escreve aos domingos.
É membro ativo da Loja Luiz Gama Nr. 0464
e Loja Estrela do Brasil nr. 3214
REAA - GOSP - GOB
newagrella@gmail.com
" PAX "
Como se sabe "mantra" é uma sílaba, verso ou palavra, de conteúdo ritualístico e espiritual,
originário da cultura indiana, muitas vezes emitido de forma musicada ou retórica , mas cujo
fundamento é o de transmitir e estabelecer um estado contemplativo.
Na sua essência o mantra evoca uma filosofia mística cujas origens se manifestam através dos
Livros Sagrados ou um Deus e é amplamente utilizado no ritualismo hinduísta e no budista, assim
como nos exercícios do Yoga e no Tantrismo.
O Mantra conduz-nos ao momento presente e para além do nosso próprio ego cruzando passagens
e caminhos estreitos que nos levam a Deus.
A oração por si só, e especialmente "a oração solitária" que emprega uma palavra sagrada, ou
breve texto, repetida de forma contínua, na alma e no pensamento, por meio de uma postura de fé
é uma clássica tradição venerável no Cristianismo.
Algo como : "Livrai-nos de Todo o Mal" é um exemplo claro de mantra cristão.
Não há como desassociar o mantra da “meditação”, posto que esta nos remete às raízes do seu
significado original, imbuído da dimensão contemplativa.
Para muitos cristãos a meditação limita-se a ser uma forma de oração mental, que recorre ao
pensamento e à imaginação a partir da leitura da Sagrada Escritura.
Na Ordem Maçônica e em particular no "Rito Escocês Antigo e Aceito" - o mais difundido e
praticado em nosso país - o Salmo 133, também conhecido como o Salmo da Fraternidade e da
Concórdia constitui-se num claro exemplo de "mantra" aplicável à nossa ritualística -
considerando que sua leitura e interpretação leva-nos ao estado contemplativo de profunda união
entre os Irmãos.
Há contudo um "mantra" habitualmente praticado numa importante Loja Maçônica aqui no Oriente de São
Paulo - chamada ARLS FÊNIX Nr. 2313 - jurisdicionada ao G.´. O.´. S.´. P.´. e federada ao G.´. O.´.
B.´. que obedece ao Rito de York - que em todas as suas Sessões vale-se do mantra "PAX" - o qual
merece um capítulo especial nessa nossa abordagem.
De acordo com belíssima peça de arquitetura elaborada pelo poderoso Irmão - Francisco Pedro Simões -
atual Venerável Mestre da Loja supra citada - o substantivo PAX refere-se ao nome da deusa PAX da
mitologia e tradição romana.
2 – Pax
Newton Agrella
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A referência simbólica desta deusa que tornou-se uma base de sustentação mântrica indica que ela
é "aquela que habita sem habitar" e cuja missão é a de difundir a Paz e Serenidade entre os
Humanos.
Essa antiga deusa romana e o espírito de paz, são representados na Arte como uma jovem mulher
que ostenta uma cornucópia bem como um ramo de oliveira e uma penca de milho.
Pax ("paz") foi reconhecida como uma deusa durante o Estado de Augustus e seu templo estava no
Fórum Pacis (Templum Pacis) construído pelo imperador Vespasiano.
A partir de seu significado, o mantra PAX foi adotado como um princípio e uma ordem natural
durante o desenvolvimento na referida Oficina Maçônica.
Destaque-se que PAX é parte integrante da egrégora que se constitui em comunhão entre os
Irmãos capaz de rejeitar e afastar as influências de energias negativas, disputas egoístas, vaidades,
interesses próprios e a discórdia - como frutos da ignorância humana.
De acordo com preceitos históricos, lendas e tradições a palavra PAX utilizada na referida
egrégora tem vários significados, porém é indispensável comentar que tendo em vista que a
ritualística maçônica traz consigo fortes influências do Judaísmo cabe aqui uma análise
comparativa com o o substantivo "shalom".
A palavra hebraica shalom traduzida frugalmente por "paz" possui um significado muito mais
extenso e profundo do que se possa imaginar.
A "Paz" nos textos sagrados da cultura judaica não é apenas tão somente um pacto por uma vida
tranquila, nem o tempo da paz em oposição ao tempo da guerra. Tampouco significa passividade.
Importante lembrar que a palavra "shalom" deriva de um radical que conforme sua maneira de ser
empregada pode significar o fato de completar ou concluir um trabalho ou uma missão.
E sob essa perspectiva, pode-se afirmar que shalom ou paz é a palavra que contém e que encerra
em si a idéia de perfeição ou plenitude.
O mantra PAX revela sua eloquência no exercício da troca de energias favoráveis e no
desenvolvimento dos trabalhos quando pronunciada com energia, força e mentalização impondo
seu significado na revitalização da Paz , da Harmonia e do Entendimento em prol da Humanidade
potencializando sua aquiescência entre os Irmãos quando evoca o princípio da união fraternal e
universal.
A paz alimenta o espírito, acalenta a alma, reanima nossos ideais e nos remete a clareza das
decisões.
Sob a égide da PAX alcançamos um estado de sublimação que na Maçonaria como todas as tradições
místicas, começa com a Divindade como o centro e a fonte de todas as coisas, e destacando que Deus,
como um "Grande Arquiteto" pré-data a Maçonaria especulativa.
Fraternalmente
- NEWTON AGRELLA
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O Ir. João Ivo Girardi joaogira@terra.com.br da Loja
“Obreiros de Salomão” nr. 39 de Blumenau é autor do
“Vade-Mécum Maçônico – Do Meio-Dia à Meia-Noite”
Premiado com a Comenda do Mérito Cultural Maçônico
“Aquiles Garcia” 2016 da GLSC e com a Ordem do Mérito Templário
da Loja Templários da Nova Era.
escreve às quartas-feiras e domingos.
FACULDADE
“ Dê-me, Senhor, agudeza para entender, capacidade para reter, método e faculdade para
aprender, sutileza para interpretar, graça e abundância para falar, acerto ao começar, direção
ao progredir e perfeição ao concluir”. (Tomás de Aquino).
1. Etimologia: A palavra faculdade vem do vem do Latim facultas, inicialmente poder,
capacidade, riqueza, derivado de facilis, possível de ser feito sem esforço, derivado de facere,
fazer. O sentido acadêmico vem da conotação capacidade de conhecimento.
2. Dicionário: Poder, natural ou adquirido, de fazer alguma coisa; capacidade. Aptidão inata;
disposição, tendência, talento, dom. Liberdade de agir; permissão, licença.
Qualquer setor do conhecimento humano: Nas universidades medievais o ensino compreendia
quatro faculdades: teologia, artes, medicina e leis. (Aurélio).
3. Significado: Faculdade é a capacidade intelectual que se confere a alguém, certo poder de
realizar determinadas coisas. Hoje em dia, fala-se mais de aptidão (física, moral, psicológica,
intelectual) para certos empreendimentos. Faculdade é sinônimo de: condão, dom, virtude
4. Instituição de Ensino: As faculdades são parte de um todo, a Universidade. O nome desta
vem do Latim universitas,corpo, sociedade, inicialmente o todo, agregado, de universum,
inteiro, o todo. E universum literalmente queria dizer tornado um, pois se forma de unus, um,
mais versus, particípio passado do verbo vertere,voltar, virar. O nosso uso dessa palavra vem da
expressão universitas magistrorum et scholarium, comunidade de mestres e estudiosos.
Reitor: Vem do Latim rector, governador, guia,chefe, derivado do verbo regere, guiar,
governar. No início era usado só para os governadores das províncias do Império Romano e para
Deus. Lá pelo século XVIII ficou apenas para alguns religiosos e para os mais altos dirigentes das
universidades.
Professor: Deriva do Latim professor, aquele que proclama o seu conhecimento em algum
ramo, de profiteri,clamar, declarar abertamente”. (Fonte: origemdapalavra.com).
3 – Faculdade
João Ivo Girardi
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5. Humor: Um cara de carro me parou na rua e perguntou: Amigo, como faço pra chegar na
Faculdade? Eu respondi: Estudando muito você chega lá.
- Minha faculdade está de greve a tanto tempo, quem nem lembro mais qual é o meu curso.
- Eu pensava que sertanejo universitário era o cara que ia à cavalo pra faculdade.
- Fiz tão bem o meu curso de direito que, no dia que me formei, processei a faculdade, ganhei
a causa e recuperei todas as mensalidades que havia pago. (Fred Allen).
MAÇONARIA
1. Maçonaria: Uma Faculdade na Escola da Vida: A Maçonaria é uma faculdade na vida, que
incentiva a pesquisa da verdade, o exercício do amor e da tolerância. Que recomenda o respeito
às leis, aos costumes, às autoridades e, sobretudo, à opção religiosa de cada um. Não podemos
viver felizes, se não formos justos, sensatos e bons. (Epicuro).
A vida é uma escola. Desde a concepção no útero materno, estamos a aprender. Após o
nascimento, o aprendizado se intensifica. Aprendemos a andar, a falar, somos alfabetizados,
educados e vivemos em sociedade. As leis dos homens regulam nossas condutas sociais. O uso e
os costumes, a moral e as leis, traçam nosso comportamento. Dentro dessa escola da vida, alguns
homens têm o privilégio de ingressarem numa faculdade, que se chama Maçonaria. Alguns
terminarão o curso e receberão o diploma. Outros desistem no início, no meio ou no fim. Outros
ainda são reprovados e perdem a oportunidade. São, o livre-arbítrio e as regras do curso. A
faculdade começa na iniciação e termina na diplomação, que é a comunhão total e final, cuja
banca examinadora é o Tribunal de nossa consciência e a misericórdia do Grande Arquiteto do
Universo.
A Maçonaria é uma faculdade na vida, que incentiva a pesquisa da verdade, o exercício do
amor e da tolerância. Que recomenda o respeito às leis, aos costumes, às autoridades e,
sobretudo, à opção religiosa de cada um. A Maçonaria não se preocupa em retribuir as ofensas
injustas recebidas pelos que não a conhecem, mas, devemos nos defender mostrando aos nossos
algozes o que é a Maçonaria. Filosófica, moral e espiritualista é a Maçonaria. Filosófica, porque
leva o homem a se ajudar na busca da verdade que ele procura, a vencer suas paixões e submeter
sua vontade à verdadeira razão. É moral, porque só aceita homens de bons costumes, que comem
o pão com o suor de seus rostos. É espiritualista, por não admitir ateus em suas fileiras.
Aliás, nossa Sublime Ordem é a única organização que transforma em irmãos pessoas de
crenças religiosas diferentes, pois nela convivem harmoniosamente católicos, espíritas,
protestantes, budistas, maometanos, judeus, etc. Alguns apressados poderiam pensar que isso
significa que os maçons sejam transformados em seres absolutamente passivos, submissos, sem o
menor interesse pelo que se passa na sociedade, em nosso país e no mundo. Outra inverdade, pois
os maçons se preocupam com tudo o que acontece, a Maçonaria é universal. Se os maçons têm
como compromisso maior a busca incessante da verdade, é claro que precisam exercitar
continuadamente o direito de pensar em soluções que possam eliminar o mal, sem destruir o
homem. Ela tem seus métodos próprios de ação, conhecidos pelos verdadeiros maçons, os quais
são agentes da paz e chamam os conflitos armados de a estupidez da guerra, da guerrilha, do
terrorismo, do radicalismo e da ignorância.
A Maçonaria sempre se colocou a favor da liberdade, contrária a qualquer tipo de opressão
que sonegue ao ser humano o direito de pensar. Jamais pode ser radical, pois a virtude mora no
meio, no bom senso, na equidade e isonomia. Mas, como exige de seus adeptos uma vida de
constante exercício de cavar masmorras aos vícios e erguer templos às virtudes, ela sabe que o
maior ensinamento que os maçons possam oferecer reside no exemplo oferecido por cada
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pedreiro livre, que não se esquece do polimento da pedra bruta que somos e da necessidade de
erigirmos nosso templo interior. É aí que valorizamos o entendimento de Cícero: Sou livre porque
sou escravo da lei! Andar na lei é difícil, fácil é andar fora dela.
O maçom sabe que uma vida digna equivale a um templo erguido à virtude e que somente terá
vencido suas paixões quando houver aprendido a respeitar e a amar cada ser humano, nunca se
acovardando quando tiver de exigir de qualquer um o cumprimento da lei. Principalmente diante
da covardia de maiorias que procuram esmagar impiedosamente as minorias, ou fanáticos que
usam métodos covardes para valerem suas condutas.
[...] Não somos - e estamos longe de sermos - uma confraria de anjos, arcanjos ou
querubins. Simplesmente homens buscando a prática do bem sem olhar a quem, sem alarde, sem
soar a trombeta. Uma faculdade na escola da vida, onde temos o privilégio de podermos
conhecer a fé, a esperança e a caridade, sem necessidade de apegarmos a alguma religião ou
seita. Conseguimos o que muitos acham impossível, ou seja, a reunião de homens de todas as
crenças, unidos pelo laço da irmandade, pelo pensamento uníssono de que pela boa obra, se
conhece o bom pedreiro. Enquanto algumas religiões se dizem donas da verdade, nós estamos à
busca dela sem querermos ser seu dono. Não nos interessa a transmutação dos metais, não nos
interessa interferirmos na fé alheia. O que nos interessa é o exercício da caridade, pois sabemos
que sem ela não há salvação. Não existe fé sem caridade, sem esperança e sem amor.
[...] No Templo Maçônico deixamos do lado de fora as diferenças religiosas e passamos a
pratica comum da igualdade, liberdade e fraternidade. Oh! Como é bom agradável viverem
unidos os irmãos. Os rótulos nem sempre garantem o conteúdo. Por isso, nosso Templo Interior é
que deve permanecer sempre limpo, livre da sujeira que as iniquidades provocam, iluminado pelo
verdadeiro amor, sempre nos permitindo lembrar que o nosso conhecimento é apenas uma gota
diante de um oceano de coisas que ignoramos. (Texto extraído e condensado do JB News Nº
144, 19/01/2011. Autores: Pedro de Miranda & Carlos C. da Silva).
2. Rituais REAA (GLSC): (...) Essa faculdade, a que chamais de inteligência, é independente de
nossa organização física? Ignoro-o. Creio, porém, que, como nossos sentimentos, ela é suscetível
e progresso e de aperfeiçoamento, tendo sua infância, adolescência e maturidade. Rudimentar
nas crianças, manifesta-se nos adultos, aperfeiçoa-se e eleva-se progressivamente ao mais alto
grau de concepção.
(...) O primeiro grau de iniciação é o emblema do homem ou da sociedade na fase da ignorância,
quando o estudo e as artes, por deficiências das faculdades intelectuais, ainda lhe são
desconhecidas. (RA).
(...) A vida é a faculdade de resistir à morte. Desta engrenagem orgânico-espiritual (inteligência-
sentimento-vontade), nascem às faculdades de pensar, de compreender e de agir; brotam as
ideias, a memória e o raciocínio, que nos conduzem à perfectibilidade. Por estas faculdades, o
homem torna-se superior aos animais.
(...) Para que possa preencher as condições impostas pelas viagens, é preciso que todas as vossas
faculdades venham em vosso auxílio. (RC).
Finalizando: Fui durante quase 40 anos professor da Faculdade de Engenharia (FURB) e a cada
turma sempre citava uma frase que gosto muito: O bom Mestre é aquele que o Discípulo o
supera. Caso contrário, a humanidade tende a involuir. Isso também vale para nossa Instituição.
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O Ir.·. José Ronaldo Viega Alves*
escreve às quartas-feiras e domingos.
Loja Saldanha Marinho, “A Fraterna”
Santana do Livramento – RS
ronaldoviega@hotmail.com
A MAÇONARIA OPERATIVA EM SUAS ORIGENS. QUAL O DOCUMENTO
MAIS ANTIGO E COMPROVADO: A CARTA DE YORK (926), A CARTA DE
BOLONHA (1248) OU O MANUSCRITO RÉGIO (1390)? (PARTE 1)
“Muitos desses Documentos são fantasiosos. Sua antiguidade, não lhe
dá o status de real, de puro, de verdadeiro. O Documento sim, seu
conteúdo não. Uma grande parte deles traz relatos de uma Maçonaria
quimérica, imaginária, fantástica _ como exemplo, a Maçonaria
Antidiluviana. Isso, porém, não deslustra a Ordem. Garimpando a
História da Maçonaria, analisando e confrontando fatos e datas, temos
condições de separar o joio do trigo. Muitos desses documentos como já
dissemos, se perderam para sempre, existindo deles, algumas citações.”
(Assis Carvalho, pág. 55, 1995)
INTRODUÇÃO
A História da Maçonaria ainda não é conhecida de todo. Há muitos pontos onde ela
carece de uma documentação comprobatória, o que faz com que se incorra no risco de jamais
encontrar respostas que elucidem as suas verdadeiras origens. Além do mais, é de concordarmos
com o que disse o Irmão Ambrósio Peters, onde, é como se existisse duas Maçonarias distintas,
cada uma com sua existência, cada uma diferindo em seus objetivos sociais, entretanto, que
mesmo sendo diferentes, uma tratou de preservar as tradições culturais da que lhe antecedeu, o
que faz com que tenham de ser estudadas com essa ideia de continuidade.
Por outro lado, deixando de lado as possíveis fantasias, e não são poucas, com
respeito aos seus primórdios, temos mesmo de concreto a garantia de que ele é o produto de várias
vertentes.
No tocante à Maçonaria Operativa, que antecedeu à Maçonaria Moderna, por não
termos conhecimento da data mais recuada e exata onde ela apareceu com essa sua natureza, é
bom fazer um parênteses: a Maçonaria dita Operativa já apresentava conteúdos provenientes de
doutrinas milenares, em seus documentos mais antigos, portanto, isso torna muito mais difícil,
4 – A Maçonaria Operativa em suas origens.... (parte I)
José Ronaldo Viega Alves
12. JB News – Informativo nr. 2.271 – Florianópolis (SC) – domingo, 18 de dezembro de 2016 Pág. 12/44
proceder ao que seria uma remontagem do todo, a partir de uma origem localizada. Os
documentos mais antigos, mais importantes, como fontes de pesquisas, sobre os quais os
estudiosos vem se debruçando, tem o nome de “Old Charges”.
Inicialmente, veremos o que eram as OLD CHARGES, e de que se constituíam, a
fim de obtermos um panorama geral desse tipo de documentos. Pela ordem de data, pela
antiguidade atribuída, veremos as três que foram citadas no título, antecipando que, sobre a
primeira, a Carta de York, existem controvérsias, e sobre o Manuscrito Régio é possível encontrar
além da data que parece ser a mais utilizada, a de 1390, a de 1389. De qualquer forma entre
centenas de manuscritos antigos, as três que são citadas aqui constam como sendo as mais antigas,
e dentre essas três, veremos qual oficialmente possui mais comprovações de veracidade. No
tocante à Carta de Bolonha, embora historiadores sérios defendam-na como uma das mais antigas,
o seu ano é de 1248, parece que ela vem sendo ignorada, e parece que tudo leva a crer que o
grande motivo é pelo fato de que ela está fora da esfera dos ingleses, mas... Estes os objetivos
deste trabalho.
Ainda, antes de começarmos, devo dizer qual foi o motivo, digamos, cabal, pelo qual
eu resolvi escrever a respeito desse assunto: já faz um tempo da minha leitura do verbete “Old
Charges” no “Vade-Mécum Maçônico”, onde ali consta que as três Old Charges por ordem de
antiguidade, eram pela ordem, a “Constituição de York” (926), o “Poema Regius (1390)” e o
“Manuscrito de Cook (1410). Muito tempo depois, caiu-me às mãos, um artigo de autoria do
Irmão Kennyo Ismail onde ele citava a “Carta de Bolonha”, do ano de 1248, como um dos
documentos mais antigos, aliás, o mais antigo. A partir daí, foi ficar com esse tema martelando,
até que, resolvi seguir os conselhos do Mestre e Irmão Rui Jung Neto: “Aprendendo, ensinarás.
Ensinando, aprenderás.” Daí fui aprender.
AS “OLD CHARGES”
A primeira coisa que é de fundamental importância é sabermos que as “OLD
CHARGES” serviram de base para as Constituições de Anderson. Que podemos defini-las como
regulamentos, que por sua vez estavam divididos em artigos, e que, usando de uma passagem do
“Vade Mécum Maçônico”, esses documentos estavam:
“... precedidos de uma parte histórica, de fato lendária. Neles encontram-se demonstrações de
Geometria, a qual é sinônimo de arquitetura misturadas aos relatos hagiográficos. O Templo de
Salomão é descrito e admirado, tudo isso misturado a considerações sobre as sete artes liberais,
as duas Colunas, a Torre de Babel, Abraão.O plano comum dos Old Charges ulteriores é o
seguinte:
I – Uma oração inaugural.
I I – Uma parte histórica.
III – Uma parte deontológica, encerrada por uma oração final.
A última, é de longe a mais interessante, pertence tanto à história do trabalho quanto
à da Franco-Maçonaria. Encontra-se nela um grande número de informações sobre o cotidiano
de trabalho na Idade Média, relativa aos horários, aos salários, aos feriados. Certas disposições
tem um caráter disciplinar, e deve-se observar que as terríveis penas simbólicas prescritas pelo
ritual moderno não são mencionadas. Foram inseridas, sem sombra de dúvida, no fim do período
de transição, com um objetivo puramente psicológico. Uma disposição interessante é a que impõe
o segredo profissional, embrião do futuro segredo maçônico.”
Em vista da quantidade existente (115, segundo Alec Mellor), e da importância
que várias delas adquiriram, como comprovantes documentais da história da Maçonaria, é comum
nos depararmos com verbetes de conteúdos bastante extensos em alguns dicionários maçônicos.
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Para facilitar o máximo ao leitor e, considerando que o objetivo aqui é dar uma visão
geral, inclusive, com a citação de alguns exemplos, das cartas e manuscritos citados no título do
trabalho a ser desenvolvido, na sequência será feita uma espécie de síntese com informações e
dados colhidos de várias obras citadas na bibliografia que constará ao final deste.
As OLD CHARGES, ou Antigas Obrigações são aqueles documentos manuscritos,
pertencentes ao período da Idade Média, por intermédio dos quais obtemos informações
pertinentes à Franco-Maçonaria ou à Maçonaria Operativa, como também ficou conhecida, num
tempo que antecede a criação da Grande Loja de Londres, ou seja, do marco inaugural da
Maçonaria Especulativa, que é o ano de 1717.
O Irmão Francisco de Assis Carvalho (Xico Trolha) em seu livro ”A Maçonaria –
Usos & Costumes – Volume 2”, publicou uma relação desses documentos conhecidos como OLD
CHARGES e que na sua relação perfazem o número de 136. O Irmão Assis Carvalho faz questão
de frisar que da maioria deles nada se sabe, excetuando o seu nome, a data e o local onde se
encontram, e ademais, para alguns deles, constam somente o nome, pois, não se conhecem os seus
destinos finais.
COMENTÁRIOS:
Antes de dar prosseguimento, é interessante registrar que na relação do Irmão Assis
Carvalho, não aparece a Carta de York, tampouco, a Carta de Bolonha. No caso da Carta de York,
pelo fato de não existir unanimidade dos historiadores em relação a sua autenticidade, poderemos
considerar este o real motivo da sua ausência na relação? Mas, no caso da Carta de Bolonha, a
qual fator será que poderemos atribuir a sua ausência na lista? Será que pesaria mais, o da sua
origem, o de ser proveniente da Itália? Analisando a lista, podemos ver que os países que ali
aparecem como detentores desses documentos são: a Inglaterra com mais de 90% desses
documentos, depois a Escócia, Estados Unidos e Canadá.
Preservemos, no entanto, o que o Irmão Assis Carvalho diz ao final do capítulo para
nossas futuras conclusões: o grande feito desse grande Maçom, que foi James Anderson, foi
sintetizar numa Constituição, todos os ensinamentos contidos nessa centena de Documentos.
Cumpre dizer também que o Irmão Assis Carvalho faz uma menção sobre o muito que muito se
teria a dizer ainda sobre esses documentos.
O Irmão Raimundo Rodrigues em seu livro “MAÇONARIA – Filosofia & Doutrina”,
diz sobre as “Old Charges”:
“O mais antigo documento que se conhece da chamada Maçonaria Antiga ou Operativa, ou de
Ofício é o Poema Régio que é de 1390, portanto, do século XIV. Tudo o que se disser, em termos
de história, anterior a essa datas não passará de mera pressuposição, pelo menos até que
apareça um documento que comprove o fato.”
E mais adiante:
“É certo que os historiadores e os pesquisadores conscientes se baseiam, acima de tudo, nas Old
Charges. As mais citadas pelos bons autores são:
_ Manuscrito Régio ou de Hallywell, séc. XIV
_ Manuscrito de Cooke, séc. XV
_ Manuscrito de Tew, séc. XVI
Sabe-se que existem, na Grã-Bretanha, cerca de 87 manuscritos de Old Charges.”
Seria realmente o Poema Régio, também chamado de Manuscrito de Hallywell
o mais antigo documento da Maçonaria de Ofício?
Os melhores autores dizem que sim. Citaremos apenas dois para não nos alongar em
demasia.
‘Le document authentique le plus ancien date, lui, des annés 1390-1400; cést le
fameux Poème Maçonnique coinnu également sous le noms de Manuscrit Regius (Royal) ou
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Manuscrit Halliwell, (du nom de son premier éditeur)... (Serge Hutin, in ‘Les Francs Maçons’,
Collections Le Temps Qui Court – Éditions du Seuil – Paris, p. 53)’.
O mais antigo texto é o Regius, manuscrito real, como seu nome o indica, conservado
no Museu Britânico de Londres... O Regius dataria dos anos 1388-1445. (Jean Palou, in ‘A
Franco-Maçonaria Simbólica e Iniciática’, Ed. Pensamento, tradução do francês, edição de 1964,
São Paulo, pág.33).”
A CARTA DE YORK OU CONSTITUIÇÃO DE YORK
Alguns historiadores, a exemplo de Krause, Schneider e Fessler consideram esse
documento como autêntico, enquanto outros colocam em dúvida sua autenticidade. (Girardi, pág.
460, 2008)
O Padre Valério Alberton, que era também pesquisador da Maçonaria, em seu livro
“O Conceito de Deus na Maçonaria”, se refere à mesma como sendo uma das OLD CHARGES, e
escreveu citando Aslan:
“A Constituição de YORK, de 926. É a mais antiga de todas as OLD CHARGES que conhecemos.
Informa Nicola Aslan: ‘Esta Constituição foi publicada pela primeira vez na preciosa obra do
Ir.·. Krause, diz J.G.Findel, intitulada, ‘As três Constituições mais antigas da Sociedade dos
Maçons’. Foi ela apresentada sob o título, ‘A Antiga Constituição de York, adotada no ano 926,
ou Constituição Legal das Lojas Maçônicas da Inglaterra’ _ segundo o original conservado na
Grande Loja de York, traduzida ao latim, em 1807, por um inglês, e do inglês para o alemão pelo
Ir.·. A. Schneider, com uma série de notas explicativas. A autenticidade desta Constituição,
porém, foi posta em dúvida pelo Ir.·. Kloss, embora muitos historiadores, como Krause,
Schneider, Fessler e muitos outros a considerem não somente autêntica, como também a mais
antiga.”
A título de ilustração, aproveitemos de alguns excertos do texto do Padre Alberton
que nos permitem ter uma ideia mais aproximada do seu teor:
Conforme o Padre Alberton, o seu preâmbulo é o seguinte:
“QUE A ONIPOTÊNCIA DE DEUS ETERNO, PAI E CRIADOR DO CÉU E DA TERRA, A
SABEDORIA DO SEU VERBO E A INFLUÊNCIA DO ESPÍRITO POR ELE ENVIADOS,
ESTEJAM CONOSCO E COM OS NOSSOS TRABALHOS E NOS CONCEDAM, A GRAÇA DE
NOS CONDUZIR, DE MODO A MERECER A SUA PROTEÇÃO NESTA VIDA E A VIDA
ETERNA NA OUTRA, DEPOIS DA NOSSA MORTE.”
De acordo com o Padre Alberton, ele registra em seu livro, sobre a sequência na
Carta de um capítulo que se intitula A TRADIÇÃO DA CORPORAÇÃO, ao qual ele se refere
nestes termos: “mais ou menos na linha fantasista de Anderson”. Após, entra no segundo capítulo
intitulado LEIS E OBRIGAÇÕES PRESCRITAS AOS MAÇONS PELO PRÍNCIPE EDWIN,
onde está disposto:
1º - VOSSO PRIMEIRO DEVER É HONRAR A DEUS E OBSERVAR AS LEIS DOS NOAQUITAS
(NOACHIDES), PORQUE SÃO PRECEITOS DIVINOS, AOS QUAIS TODO HOMEM DEVE
OBEDIÊNCIA, DEVEIS EVITAR TODAS AS HERESIAS, E NÃO OFENDER A DEUS,
SEGUINDO-AS.
2º - SEREIS FIÉIS AO VOSSO REI E NUNCA O DEVEIS TRAIR; E, QUALQUER QUE SEJA O
LUGAR ONDE ESTIVERDES, DEVEIS SUBMETER-VOS LEALMENTE A AUTORIDADE...”
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O MANUSCRITO RÉGIO OU POEMA REGIUS
Possivelmente o mais célebre de todos os documentos antigos. O documento contém
um poema de 794 versos, que é uma recopilação dos Regulamentos dos “free-masons”,
sinalizando com a ideia de que seria muito mais fácil assim de ser gravado pelos operários que
eram pouco letrados. É bem possível que seu autor tenha sido um eclesiástico, eis que, naquela
época a função de secretário dos “free-masons” ou de secretário na Maçonaria Operativa era
comum de ser exercida por eles, pois, eram letrados. Além do poema, há uma história lendária,
uma ordenação concernente às futuras assembleias, o Ars Quatuor Coronatorum (os santos
patronos do Ofício), mais lendas envolvendo a Torre de Babel, Nabudonosor, Euclides e os seus
ensinamentos, assim como, regras para o comportamento na Igreja, além do cerimonial.
Este documento recebeu também o nome de DOCUMENTO HALIWELL, em
virtude de que o não maçom J. Haliwell foi quem o descobriu em 1840, na Biblioteca Régia do
Museu Britânico de Londres. (Alberton, págs. 73-74, 1981)
Importante acrescentar o seguinte comentário do Irmão Ricardo Mário Gonçalves, em
seu excelente trabalho intitulado “As Origens da Maçonaria Operativa: O Manuscrito “Regius” de
1390, que diz assim:
“O Regius não é o mais antigo documento medieval referente às corporações de pedreiros. Antes
dele, temos, por exemplo, a menção aos ‘sculptores lapidum liberarum’ na London assize of
Wages (1212), o ‘Livre des Métiers’ de Étienne Boileau, Preboste dos Mercadores de Paris sob o
reinado de S. Luís, atestando a organização dos pedreiros parisienses em um métier (1268), os
‘statutes of labourers’ concedidos por Eduardo II (1351) e os estatutos da Company of Masons de
Londres, instituído por volta de 1356. Entretanto, os historiadores maçônicos unanimemente
reconhecem o ‘Regius’ como a primeira das Old Charges, isto é, documentos que combinam a
listagem de regras e estatutos com narrativas sobre a origem e a expansão da arquitetura e da
Geometria onde se misturam temas histórico-lendários de origem bíblica e cristã com tradições
de origem Greco-romana. Há que notar que as tradições registradas no ‘Regius’, através do
processo conhecido como intertextualidade, bastante frequente nos textos medievais, são
conservadas e ampliadas nas Old Charges posteriores e se encontram, finalmente, na introdução
histórico-lendária das Constituições de Anderson (1723), o primeiro documento da Maçonaria
Especulativa Moderna.”
COMENTÁRIOS:
Na aludida relação que faz parte do livro “A Maçonaria – Usos e Costumes – Volume
2” do Irmão Francisco de Assis Carvalho, não constam as corporações citadas no começo do
parágrafo acima por parte do Irmão Ricardo Mário Gonçalves, eis que, a relação é encabeçada
pelo Poema Regius, tendo o seu início, então, a partir de 1390.
FRAGMENTO DO MANUSCRITO REGIUS, RELATIVO À PARTE EM QUE TRATA
DA GEOMETRIA SEGUNDO EUCLIDES (HIC INCIPIUNTI COINTITUCIONES
ARTIS GEMETRIAE SECUNDUM EUCYLDEM.)
Veremos a título de ilustração, uma parte das constituições da arte da Geometria
segundo Euclides, do Poema Régio, que consta no trabalho do Irmão Ricardo Mário Gonçalves, e
que se torna bastante interessante pelas menções que são feitas à Maçonaria. Vejamos:
“Aquele que quer bem ler e buscar/Pode encontrar escrito num velho livro/Sobre grandes
senhores e gentis damas/Que tinham muitos filhos mui sábios,/Mas não dispunham de renda para
mantê-los,/Nem na cidade, nem nos campos ou nos bosques. Reuniram-se num conselho, por
causa deles,/Para decidir, em benefício de seus filhos, Como eles poderiam melhor ganhar a
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vida/Sem grande desconforto, cuidado ou angústia,/Sem contar a multidão de filhos/Que viriam
depois deles virarem cinzas,/Mandavam procurar grandes clérigos/Que para isso lhes ensinassem
bons ofícios: / por a amor a Nosso Senhor,/Que nosso filhos façam nos trabalhos/De forma a bem
poderem ganhar a vida/Com facilidade, e também com toda a honestidade e segurança.’/Nessa
época, graças à boa geometria/Este honesto ofício da boa Maçonaria/Foi organizado, elaborado
em seu método/E concebido pelos clérigos reunidos./Em virtude das súplicas dos que conceberem
a geometria,/Dando-lhe o nome de Maçonaria.”
A CARTA DE BOLONHA
ANTES, UM COMENTÁRIO E UMA PERGUNTA.
Pois é, a Carta de Bolonha é de 1248, mas, o assunto não figura em nenhum dos
livros da minha estante de Maçonaria (ou ainda não achei em nenhum deles), o que não soa tão
estranho, se considerarmos que a história da Maçonaria é centralizada na Inglaterra praticamente e
uma grande parte dos livros sobre a mesma, são oriundos da língua inglesa. A partir de um
determinado período, não há o que discutir sobre o terreno em que essa história se desenvolve, ou
seja, a Inglaterra, mas, em se tratando das origens da Maçonaria propriamente, e havendo um
documento atestadamente tão antigo como a Carta de Bolonha, será que não há muito mais a ser
devidamente considerado, embora tenha sido feita a citação da London assize of Wages que
funcionou em 1212 na Inglaterra?
De acordo com o texto do Irmão Ricardo Mário Gonçalves, vemos que se nem a
Carta de Bolonha é mesmo o mais antigo, quando o assunto são as organizações de pedreiros,
porque algumas delas não são citadas ou não figuram em livros sobre a história da Maçonaria?
Num primeiro momento, este trabalho pretendia cumprir somente o que está definido
em seu título, não fazendo parte do plano original dar prosseguimento, mas, ocorreu-me pensar
que sobre a Itália e as corporações de ofício que por lá passaram, e são várias, haveria assunto
suficiente para outro trabalho, pois, partindo da Carta de Bolonha e elencando essas outras
corporações que existiram em solo italiano, além de conseguir maiores subsídios para responder a
questão que foi levantada ao final do parágrafo anterior, também iria permitir entender sobre se
poderia ter existido uma outra vertente no que se refere às origens da Maçonaria, e isso demandará
pesquisa.
Para minha felicidade, no site “Bibliot3ca”, cujo endereço completo consta abaixo, há
um artigo espetacular intitulado “A Carta de Bolonha, de 1248 E.·.V.·.” de autoria do Irmão Luc
Beneville, em tradução do Irmão José Antonio de Souza Filardo, que é um verdadeiro achado.
“STATUTA ET ORDINAMENTA SOCIETATIS MAGISTRORUM TAPIA ET
LIGNAMIIS” (CARTA DE BOLONHA)
Vejamos os dois primeiro parágrafos, num primeiro momento, do artigo do Irmão
Luc Boneville, em tradução do Irmão José Antonio de Souza Filardo, cujos teores são :
“O “Statuta et Ordinamenta Societatis Magistrorum Tapia et Liganamiis” ou “Carta de
Bolonha” foi redigido originalmente em latim por um escrivão público de Bolonha, a partir das
ordens do prefeito de Bolonha, Bonifacii di Cario, no dia 8 de agosto de 1248. O original é
conservado atualmente no Arquivo de Estado de Bolonha, Itália.
Tão importante documento tem sido incompreensivelmente ignorado pelos
estudiosos da História da Maçonaria (Grifo meu!), por mais que as causas de seu esquecimento
sejam óbvias, dado o empenho generalizado em ressaltar somente as origens inglesas da
Maçonaria, e ainda assim foi publicado A. Gaudenzi no nº 21, correspondente a 1899, do Boletim
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do Instituto Histórico Italiano, titulando seu trabalho: “As Sociedades das Artes de Bolonha. Seus
estatutos e suas Matrículas.”
No próximo capítulo veremos mais detalhes sobre a Carta de Bolonha, e com base
nela responder outra pergunta que se insurge: É possível de cogitar sobre o nascimento da
Maçonaria na Itália? Eis que, como já aventei anteriormente, no transcurso dessa história, a Itália
já tinha uma tradição, a exemplo dos “Collegia Fabrorum” e dos “magistri comacini”. O assunto
bem que poderá se tornar interessante.
***CONTINUA NO PRÓXIMO DOMINGO***
CONSULTAS BIBLIOGRÁFICAS:
Internet:
“A Carta de Bolonha, de 1248 E.·.V.·.” – Artigo do Irmão Luc Boneville, em tradução do Irmão
José Antonio de Souza Filardo. Disponível em: https://bibliot3ca.wordpress.com
Revistas:
A TROLHA, nº 139, Maio de 1998: “As Origens da Maçonaria Operativa: O Manuscrito Regius
de 1390.” – Trabalho de autoria do Irmão Ricardo Mário Gonaçalves.
Livros:
ALBERTON, Valério. “O Conceito de Deus na Maçonaria” – Editora Aurora - 1981
ASLAN, Nicola. “Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia” – Editora
Maçônica “A Trolha” Ltda. 3ª Edição – 2012
ASSIS CARVALHO, Francisco de. “A MAÇONARIA – Usos & Costumes” – Volume 2 –
Cadernos de Estudos Maçônicos – Editora Maçônica “A Trolha” Ltda. 1995
GIRARDI, João Ivo. “Do Meio-Dia à Meia-Noite Vade-Mécum Maçônico” – Nova Letra Gráfica
e Editora Ltda. 2ª Edição – 2008
PETERS. Ambrósio. “MAÇONARIA – História e Filosofia” – Academia Paranaense de Letras
Maçônicas e Grande Oriente do Estado do Paraná – 2ª Edição - 1999
RODRIGUES, Raimundo. “MAÇONARIA - Filosofia & Doutrina” – Edições GLESP - 2000
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O Ir Hercule Spoladore –
Loja de Pesquisas Maçônicas “Brasil”-
Londrina – PR – escreve aos domingos
hercule_spolad@sercomtel.com.br
História da Criação do Rito Brasileiro
Fala-se que o Rito Brasileiro teria tido uma origem aparentemente romântica em
Pernambuco, quando o comerciante e maçom José Firmo Xavier pertencente a Grande Loja
Provincial de Pernambuco, provavelmente pertencente ao Grande Oriente do Passeio, no século
XVIII, segundo alguns autores em 1878 e segundo outros em data muito anterior, ou seja, mais ou
menos em 1848, o qual com um contingente alem dele e mais 837 maçons, elaboraram uma
Constituição Especial do Rito Brasileiro, colocando o mesmo sob a tutela de D.Pedro II e do Papa.
Existem depositados na Biblioteca Nacional no Rio de Janeiro, dois documentos que pertenceram
à D.Pedro II que nos dão informações sobre esta entidade e que tem o seguinte enunciado:
“Const:.Maç:. do Esp:. Rit:. Braz:. de Nob:. e Aug:. Caz:. Cor:. Liv:. sob os Ausp:. de
S:.M:.I:.S:.D:.P:.S:.I:.B:. meu Alt:. e Pod:.Gr:.da Ord:.Braz:. em todo o Circulo do Império
Brazileiro—
Offerecido
S:.M:.I:.D:.P:.S:.I:. do Braz:.Alt:. e Pod:.Sen:.Gr:.Mest:. da Ordem Brazileira”.
Entretanto, a D.Pedro II que nunca foi maçom, José Firmo Xavier lhe outorgou o grau 23º,
e o considerava o Grande Chefe Protetor, quanto a si, autointitulou-se com o título de Grande
Chefe Propagador “ad vitan” sendo que, no caso de seu falecimento seria substituído por um
Grande Chefe Conservador. Senão estranho, todavia, muito curioso e interessante.
5 - História da criação do Rito Brasileiro
Hercule Spoladore
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Tratam-se estes documentos de manuscritos que foram oferecidos ao Imperador, pensando
que o mesmo aceitasse ser Grão-Mestre, ou no mínimo ser o Protetor deste movimento que
pretendiam fundar. Entretanto, D.Pedro II, muito embora nunca tenha sido inimigo da Maçonaria
jamais pensou em ser maçom. Guardou os documentos e posteriormente os entregou à Imperatriz
Dona Thereza Cristina Maria de Bourbon. Daí a explicação porque estes documentos estão no
Museu Nacional, felizmente até certo ponto, porque se estivesse em algum arquivo ou biblioteca
de algum maçom temos a certeza de que dificilmente teríamos notícia desta preciosidade. Aquele
Rito, naquela ocasião não vingou, porque entre outras contradições, não aceitava que fossem
iniciados pessoas que não fossem nascidas no Brasil, mostrando um nacionalismo inconseqüente e
alem do mais, D.Pedro II não estava muito interessado em Maçonaria, apesar de seu pai ter sido
maçom. Assim como, não tem lógica um rito maçônico se colocar sob a tutela do Imperador e do
Papa.
Estamos mencionando este fato mais como uma citação, diga-se de passagem, folclórica
porem sem considerá-la como um movimento maçônico propriamente dito, e sim como uma
sociedade secreta nos moldes da Maçonaria para se colocar a serviço do Imperador e da religião
católica, talvez até com fins políticos, ou ainda para obter as benesses do governo imperial. Não
tem cabimento colocar o Papa numa entidade maçônica, e D.Pedro II nunca foi maçom.
Esta história caiu no esquecimento e este “Rito” que pretendiam fundar não deu certo. Mas,
após iniciada a Primeira Grande Guerra Mundial em 1914, o Grão-Mestre do Grande Oriente do
Brasil, o Irmão Lauro Sodré (Lauro Nina Sodré e Silva, nascido em 17/10/1858 em Belém do Pará
e falecido no Rio de Janeiro em 16/06/1944 – Iniciado na Loja “Harmonia” de Belém PA em
01/08/1888), através do Decreto n.º500 datado de 23/12/1914, determina que, em reunião de
21/12/1914, o Ilustre Conselho Geral da Ordem aprovou o reconhecimento e incorporação do Rito
Brasileiro entre os que compõem o Grande Oriente do Brasil, com os mesmos ônus e direito,
regido liturgicamente pela sua Constituição particular.
Existem autores que ligam este fato à militares nacionalistas. Não nos parece provável,
poderia até existir militares ligados à fundação do Rito, como sempre eles estiveram presentes no
GOB em toda a sua existência não tanto por sua situação de militar, mas sim como verdadeiros
maçons e idealistas da Ordem. Este é um fato inconteste que não se pode negar. Entretanto, não
progrediu o Rito naquela época, mesmo seguindo-se mais dois Decretos complementares impondo
e confirmando a legalidade do Rito assinados pelo Grão-Mestre Adjunto o Almirante Veríssimo
José da Costa, que substituiu o Irmão Sodré após a sua renuncia para exercer o cargo de
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Governador do Pará, ou seja, o Decreto n.º36 de 17/10/1916 em que ratificava o Decreto de Sodré
afirmando pelo artigo l.º que: “Fica reconhecido, consagrado e autorizado o Rito Brasileiro criado
e incorporado ao Grande Oriente do Brasil pelo Decreto n.º 500 de 23/12/1914”, e o Decreto n.º
554 de 13/06/1917 pelo qual em seu artigo único assim se referiu: "Fica adotada e incorporada ao
patrimônio da legislação do Grande Oriente do Brasil a Constituição do Rito Brasileiro contendo
sua Declaração de princípios, Estatutos, Regulamentos, Rituais e Institutos”.
Refere-se que este Irmão estava muito empenhado na fundação do Rito e que talvez possa
ter sido o principal incentivador da fundação do mesmo. Houve após, em realidade, um
adormecimento temporário, já que tudo o que havia sido resolvido apenas se restringia no papel,
sem lojas fundadas, sem rituais sem constituição e etc. Era mais um movimento, de um grupo de
Irmãos tentando fundar um novo Rito.
Fala-se que em 1919 o então Grão-Mestre, o Irmão Nilo Peçanha (Iniciado na Loja
“Ganganelli do Rio” em 11/10/l901. Tomou posse em 21/07/1917, como Grão-Mestre do GOB.
Havia sido vice-presidente da República gestão 19061910, quando substituiu o Presidente do
Brasil Afonso Pena, por falecimento deste, desde 14/06/1909 até 25/11/ 1910 - Depois Senador
em 1912 e Governador do Estado do Rio de Janeiro) teria assinado a 1ª Constituição do Rito
Brasileiro, definida como tendo o Rito, 33 graus. Entretanto não se confirma esta informação, pois
lendo-se todos os Boletins do Grande Oriente do Brasil daquele ano, não existem quaisquer
referências ou publicações à respeito. Imaginamos que uma decisão como esta teria que constar no
Boletim Oficial daquela Potência quer como Ato ou Decreto.
Entretanto, o que se conseguiu constatar nos Boletins do GOB e em especial o de 11/1919 à
página 12, foi que, em reunião do Conselho Geral da Ordem, de 07/11 uma Loja do Rito
Brasileiro de Recife comunicava a sua instalação em 26/10, tendo inclusive enviado uma lista de
sua administração. Ainda no Expediente da reunião de 24/11 foi lida uma Prancha da Loja
Provincial do Rito Brasileiro de Recife. Falaram a respeito vários Irmãos, e entre eles o Irmão
Octaviano Bastos, que segundo consta, fazia parte do grupo interessado em solidificar o Rito
Brasileiro. Entretanto, esta Loja acabou sendo regularizada no rito Adonhiramita, pois não havia
rituais, cobridor do grau, constituição etc.
Em 1921, a Loja “Campos Salles” de São Paulo fundada em 12/01/1921 hoje uma Loja
inglesa do Trabalho de Emulação, naquela época dissidente do GOB, mandou imprimir um Ritual
que nada mais era que um plágio do Ritual de Emulação (chamado impropriamente de “Rito de
York Inglês”) com algumas adaptações, com o nome de Rito Brasileiro. Neste período esta Loja
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não pertencia ao GOB, porque, segundo consta, teria havido fraude eleitoral no Poder Central, e o
Grande Oriente Estadual de São Paulo sentindo-se lesado, em vista de tal problema, tornou-se
dissidente, desligando do GOB e, uma vez independente, levou 62 (sessenta e duas) Lojas consigo
nessa dissidência. Em verdade, até 192l, não existiam Rituais do Rito Brasileiro, sendo que, para
se compilar os três primeiros graus usou-se como base o Ritual de Emulação traduzido por J.T.
Sadler em 1920 do inglês e impresso pelo Grande Oriente do Brasil. Estes Rituais foram adotados
e aprovados com algumas modificações, pelo Grande Oriente Independente de São Paulo em
26/08/1921, como sendo do Rito Brasileiro. Não se cogitou nesta ocasião dos graus superiores.
A Loja “Campos Salles” depois de serenados os ânimos voltou ao seio do GOB, porém,
trocando de Rito, primeiro para o REAA, logo depois para o Trabalho de Emulação (“York
Inglês”).
Depois de iniciada a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) voltou-se novamente a falar em
Rito Brasileiro. Em Sessão do Grande Conselho Geral do Grande Oriente do Brasil de 22/07/1940
(página 109 do Boletim n° 7 e 8 de Julho e Agosto) na Ordem do Dia, usa da palavra o Capitão
Octaviano Bastos e “procede a leitura da Constituição do Rito Brasileiro, a qual é aprovada por
unanimidade. O Projeto de Lei obtivera parecer favorável da Comissão de Legislação dispondo:”
“O Grão Mestre fica autorizado”:
a) A ativar o funcionamento do Rito Brasileiro, de conformidade com sua Constituição, e
a iniciar a formação de seu “Conclave”, nomeando os seus primeiros fundadores.
b) A estimular a instalação da primeira Oficina do Rito, dispensando todas as taxas a que
estiver sujeita e, bem assim os emolumentos dos três primeiros profanos que nela se
iniciarem
c) Conceder favores idênticos ás Oficinas que passarem a funcionar segundo o Rito
Brasileiro, dentro do prazo de 180 dias renunciando o regime capitular
d) “A providenciar junto ao “Conclave”, para que aos Maçons Capitulares dessas Oficinas
sejam concedidos títulos do Rito Brasileiro, correspondentes aos altos graus possuídos,
com o fim de constituírem os respectivos corpos”.
O Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil, Irmão Joaquim Rodrigues Neves através do Ato
1617 de 03/08/1940 autoriza a organização do Rito. Os mentores principais deste movimento
foram os Irmãos Alvaro Palmeira, que viria posteriormente ser Grão Mestre do GOB e Octaviano
Bastos, alem de outros. Realizaram três reuniões em 1940, quatorze em 1941, fundaram um
Conclave em 17/02/1941, segundo Octaviano Bastos, constando da ata onze assinaturas como
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sendo os organizadores do Conclave e Fundadores do Rito. Foram fundadas algumas Lojas, alem
de outras que passaram a adotar o Rito, estabeleceram insígnias, colares dos cargos, criaram os
aventais, medalhas e usaram aquele já citado Ritual de 1921. Era o novo Rito apesar das
dificuldades, se impondo aos poucos, tal qual uma criança que está crescendo. Ainda em 1941 foi
publicada uma Constituição contendo 19 artigos O Ritual era uma cópia do Rito de York,
acrescentando a Palavra de Passe para “Cruzeiro do Sul” e o Rito era então composto de três
graus: Aprendiz Companheiro e Mestre e mais quatro títulos de Honra
4º Cavaleiro do Rito
5º Paladino do Dever
6º Apóstolo do Bem Público
7º Servidor da Ordem, da Pátria e da Humanidade
Foi determinado que estes títulos seriam equivalentes para os visitantes, a saber;
Cavaleiro do Rito- 4º seria equivalente ao grau 18
Paladino do Dever - 5º seria equivalente ao grau 30
Apóstolo do Dever 6º – seria equivalente ao grau 31
Servidor da Ordem da Pátria, e da Humanidade 7º - seria equivalente ao grau 33.
Em 18/09/1942 em uma Sessão de Emergência no Rio de Janeiro no Rito Brasileiro na Loja
“Brasil”, foi iniciado sendo imediatamente elevado ao grau 03, por motivos políticos
evidentemente, alem de um outro profano, o Coronel Manoel Viriato Dornelles Vargas, irmão
carnal do ditador Getulio Vargas, o qual tinha um outro Irmão também maçom o Cel. Protasio
Vargas. Acresça-se que o irmão carnal Benjamin Vargas também foi maçom e o pai de Getulio
Vargas, o General Manoel Nascimento Vargas, herói da Guerra do Paraguai, e combatente da
Revolução Federalista ao lado das forças legalistas, foi iniciado em São Borja no dia 24/08/1876
na Loja “Vigilância e Fé”.
Entretanto, o Grão-Mestre Joaquim Rodrigues Neves posteriormente, por problemas
havidos com os mais importantes membros do Rito Brasileiro através dos Decretos 1843,1844 e
1845 datados de Março de 1944 suspende os direitos maçônicos de vários “Servidores da Pátria e
da Ordem” e entre eles os do Irmão Alvaro Palmeira, seu Grão-Mestre Adjunto, do Irmão Capitão
Octaviano Menezes Bastos, Alexandre Brasil de Araújo, Carlos Castrioto e do Coronel
Dilermando de Assis, todos considerados como organizadores e fundadores do Rito em 1940.
Estava acontecendo mais uma briga interna no GOB, com situações complexas que não vem ao
caso comenta-las. Alvaro Palmeira e seu grupo fundam a Grande Loja do Estado do Rio de
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Janeiro quando em 1948, ele passa a fazer parte do Grande Oriente Unido, outra Potência
dissidente a qual foi finalmente incorporada ao Grande Oriente do Brasil em 22/12/1956. Tudo
voltou ao “normal” daí há algum tempo, quando o Irmão Alvaro Palmeira e seus seguidores
voltaram ao GOB, e voltaram politicamente fortes.
Somente em 13/03/1968 quando o Irmão Alvaro Palmeira, que sempre batalhou pelo Rito,
então Grão-Mestre do GOB, através do Ato 2080 renovou os objetivos do Ato n° 1617 de 1940.
Com o apoio agora firme do Grão-Mestre foi mais fácil o Rito ser uma realidade, e começar a
crescer. Foi talvez o renascimento do Rito, quiçá considerado por alguns autores como o ano de
sua verdadeira fundação.
Podemos dizer que a partir daí realmente o Rito começou a se encontrar. Alvaro Palmeira
fez as alterações que deveriam ser feitas, deu nova feição aos Rituais com emendas na
Constituição e outras providências, nomeou uma comissão de 15 Irmãos com amplos poderes para
revisar e reestruturar todo o Rito, para colocá-lo dentro das exigências internacionais para ser
tornar um Rito regular, dando-lhe uma abrangência universal, separando os graus simbólicos dos
filosóficos. Em 10/06/1968 foi firmado um “Tratado de Amizade e Aliança” entre o GOB e o
Supremo Conclave do Rito Brasileiro e ratificado pela Soberana Assembléia Legislativa em
27/07/1968.
Em 1973, infelizmente, ocorreu mais uma grave cisão na Maçonaria Brasileira. Após
desentendimentos entre a cúpula do GOB e alguns Grão-Mestres Estaduais, cerca de dez Grandes
Orientes saíram do GOB, constituindo a hoje chamada COMAB (Confederação da Maçonaria
Brasileira).
Após esta cisão, Lojas do Rito Brasileiro dos Grandes Orientes dissidentes ficaram sem
cobertura para seus graus filosóficos.
Em Cataguases, Minas Gerais em 10/02/1974 foi fundado um Supremo Conclave
Autônomo para o Rito Brasileiro pelo Irmão Lysis Brandão da Rocha e mais alguns Irmãos de
real envergadura, para dar assistência filosófica às Lojas do Rito em Minas Gerais. Este Supremo
Conclave que teve Lysis como seu 1° Grande Primaz foi registrado como personalidade jurídica
no Cartório de Registro Geral das Pessoas Jurídicas de Cataguases-Mg. sob o n.º 460 como
“Conclave dos Servidores da Ordem e da Pátria – Supremo Conclave Autônomo para o Rito
Brasileiro”. Este Supremo Conclave foi fundado pelo menos inicialmente, para atender as Lojas
no Estado de Minas Gerais, que estavam a descoberto em seus graus superiores antes de realizar
tratados com outros Grandes Orientes de outros Estados.
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Desta forma passou existir no Brasil dois Supremos Conclaves. Um ligado ao GOB e outro
ligado à COMAB. Entretanto, a bem da verdade, ambos trabalham em prol do engrandecimento
do Rito Brasileiro.
O Rito Brasileiro não tem o reconhecimento das Grandes Lojas do Brasil.
O Supremo Conclave Autônomo de Cataguases fez vários tratados de Amizade com os
Grandes Orientes dissidentes regendo inicialmente o Rito na COMAB.
O Rito Brasileiro hoje, quer no GOB quer na COMAB é o segundo Rito mais difundido
entre os Ritos adotados no Brasil. Novas Lojas estão sendo fundadas, a sua maneira harmoniosa
de ser executado, os seus propósitos cívicos, morais, históricos e culturais, estão fazendo a cada
dia mais adeptos. Ele vem se firmando cada vez mais e vem encontrando sua identidade a qual
dentro de mais alguns anos estará completamente formada.
Convém frisar que o Rito Brasileiro é patriótico sem ser nacionalista ou xenófobo. Tanto é
verdade que ele prega que “Constitue um dos altos objetivos do Rito o incentivo e a prática do
Civismo em cada Pátria”. Ele desde que adaptado a qualquer país, poderá, poderá ser usado como
sendo o Rito daquele país.
Os graus superiores do Rito são transparentes, modernos, objetivos, fluentes e lindos. Alem
de seu desenrolar ser escrito em linguagem moderna e bastante compreensível, não existe aquela
autoimprecação onde o elevando na hora de seu juramento fica chamando sobre si as piores
pragas e os maiores e trágicos castigos caso seja considerado um mau adepto. O Rito Brasileiro
confia mais na palavra do maçom. A palavra de um Homem tem muito mais valor que um
juramento forçado, pueril e ambíguo.
É Um Rito Teísta e a sua concepção de Deus é que ele seja o Supremo Arquiteto do
Universo, e não Grande Arquiteto do Universo, pois “grande” não define bem profundidade da
idéia de Deus para os maçons do Rito Brasileiro, uma vez que “grande” é um epíteto muito usado
freqüentemente para definir coisas imensas. Porem se respeita as concepções de outros Ritos sem
quaisquer restrições.
Em que pesem os inimigos do Rito Brasileiro, apesar de todos os seus percalços, ele está aí,
ele existe, e vai continuar crescendo dentro de seu espaço, sem molestar ou interferir nos outros
Ritos, o qual respeita sem contestá-los.
Atualmente o Rito tem trinta e três graus contando com os três primeiros: Aprendiz
Companheiro e Mestre
Grau 4 Mestre da Discrição
Grau 5 Mestre da Lealdade
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Grau 6 Mestre da Franqueza
Grau 7 Mestre da Verdade
Grau 8 Mestre da Coragem
Grau 9 Mestre da Justiça
Grau 10 Mestre da Tolerância
Grau 11 Mestre da Prudência
Grau 12 Mestre da Temperança
Grau 13 Mestre da Probidade
Grau 14 Mestre da Perseverança
Grau 15 Cavaleiro da Liberdade
Grau 16 Cavaleiro da Igualdade
Grau 17 Cavaleiro da Fraternidade
Grau 18 Cavaleiro Rosa-Cruz ou da Perfeição
Grau 19 Missionário da Agricultura e da Pecuária
Grau 20 Missionário da Indústria e Comércio
Grau 21 Missionário do Trabalho
Grau 22 Missionário da Economia
Grau 23 Missionário da Educação
Grau 24 Missionário da Organização Social
Grau 25 Missionário da Justiça Social
Grau 26 Missionário da Paz
Grau 27 Missionário da Arte
Grau 28 Missionário da Ciência
Grau 29 Missionário da Religião
Grau 30 Missionário da Filosofia. Kadosh Filosófico
Grau 31 Guardião do Bem Público
Grau 32 Guardião do Civismo
Grau 33 Servidor da Ordem da Pátria e da Humanidade
Estes graus se distribuem através da várias Oficinas litúrgicas da seguinte maneira:
A) Sublimes Capítulos (Graus 4 ao 18) dedicados à Cultura Moral
B) Grandes Conselhos Filosóficos (Câmaras dos graus 19 a 30 - Kadosh) dedicados
à cultura artística, científica, tecnológica, e filosófica.
C) Altos Colégios (graus 31e 32) dedicados à cultura cívica
D) Supremo Conclave dedicado à síntese humanística.
.
Bibliografia
COLETÂNEA MAÇÔNICA – Irmão LYSIS BRANDÃO DA ROCHA – 1987.
COLETÂNEA “BIGORNA” 2º volume – Irmão KURT PROBER
Bigornas n.º36 de 06/85.
n.º59 de 08/86.
HISTÓRIA DO SUPREMO CONSELHO DO GRAU 33:. DO BRASIL Irmão KURT PROBER 1981.
ACHEGAS PARA A HISTÓRIA DA MAÇONARIA NO BRASIL - Isa Ch’an – Irmão KURT PROBER – Volume 3
1981 – Origem do “Rito Brasileiro” no do GOB.
BOLETINS DO GRANDE ORIENTE DO BRASIL DE 1914 a 1919 e 1940 a 1944.
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O Irmão João Anatalino Rodrigues
escreve às quintas-feiras e domingos.
É premiado com a Ordem do Mérito Templário
da Loja Templários da Nova Era.
jjnatal@gmail.com -
www.joaoanatalino.recantodasletras.com.br
O Legado dos Essênios
A ideia da utopia
A utopia é um arquétipo que mora no inconsciente coletivo da humanidade desde os primeiros
momentos de sua experiência civilizatória. Todas têm em comum uma base religiosa, mas no
fundo, objetivam uma realização política e social que ás vezes busca uma realização efetiva,
outras vezes não. Algumas, como a República de Platão, a Utopia de Thomas Mórus, os discursos
de Voltaire em Cândido, são apenas aspirações filosóficas que jamais saem do papel. Outros,
como o sonho americano dos pioneiros que colonizaram a América do Norte, o delírio de Hitler
com o seu nacional-socialismo, ou a quimera comunista, tão elogiada por poetas como Pablo
Neruda e Maiakovski, tornaram-se realidade como realizações políticas, embora, como no caso da
Alemanha e da Rússia, por exemplo, seus resultados tivessem sido bem diferentes daqueles que
seus idealizadores sonharam.
As utopias são arquétipos que afloram no imaginário popular, especialmente em épocas de
grande tensão social. Não é sem razão que as primeiras décadas do século XVII, logo após a
eclosão da Reforma Protestante tenha sido farta na publicação de trabalhos abordando esse tema.
Já citamos vários autores dessa época que trabalharam com a ideia da utopia, mas poucos foram
tão pródigos e incisivos quanto os rosa-cruzes e os seus contemporâneos, os chamados “maçons
aceitos” que compraram a ideia da “fraternidade mundial que reuniria os homens de saber em todo
o mundo, para trabalhar pela libertação do homem de seus erros e vícios mortais”. Pois foi
exatamente a Maçonaria, como instituição organizada em todo o mundo ocidental, que iria levar a
cabo a realização dessa ideia.[1]
6 – O Legado dos Essênios
João Anatalino Rodrigues
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O legado dos essênios
O próprio cristianismo pode ser contado entre as utopias. Seu fundador, Jesus de Nazaré, o
filho do carpinteiro José, sonhou com um mundo justo e perfeito, onde todas as mazelas que
infelicitam o ser humano seriam eliminadas. O que seus seguidores fizeram depois com sua
maravilhosa doutrina é outra coisa, porém sua ideia de um “reino de Deus” sobre a terra era uma
esperança bem real e possível, tanto que ele morreu por ela.
Hoje resta pouca dúvida de que Jesus tenha sido membro da seita dos essênios, ou que pelo
menos tenha sido influenciado, ou mesmo doutrinado por esses estranhos zelotes religiosos que
tanta influência tiveram no pensamento místico que marcou a civilização ocidental nos primeiros
séculos do cristianismo.
Os essênios constituíam uma comunidade místico-religiosa formada por iniciados nos
mistérios da religião hebraica. São os precursores da grande tradição judaica chamada Cabala e os
cultores da filosofia gnóstica também lhes devem muitas influências.
Os essênios julgavam-se detentores do verdadeiro conhecimento religioso, aquela sabedoria
que Deus comunicara aos primeiros homens e que desaparecera da terra após o dilúvio. Muitos
escritores de orientação esotérica os fazem herdeiros dos atlantes, atribuindo-lhes diversos
conhecimentos iniciáticos. Nós nos contentamos em reconhecer o legado que eles deram á Arte
Real, os quais foram incorporados á tradição maçônica através dos aportes que lhe deram os
cultores da Cabala filosófica, entre os quais, diga-se de passagem, havia muitos judeus.
Duas das tradições legadas pelos essênios, e aproveitadas no simbolismo maçônico, são os
simbolismos do Homem Universal (Adão Kadmon) e o mistério ligado ao verdadeiro significado
do Nome de Deus (o Tetragrammaton). Na Maçonaria esses simbolismos são utilizados para
desenvolver alguns ensinamentos dos graus superiores, tanto nas chamadas Lojas de perfeição,
quanto os capítulos filosóficos.
Entre os judeus, os essênios podem ser considerados uma espécie de confraria religiosa, cujos
membros discordavam da orientação imprimida á religião judaica pelos seus líderes. Formando
uma verdadeira seita radical, eles se afastaram do convívio social e desenvolveram uma espécie
muito particular de comunidade, que na verdade, tinha um objetivo bem definido: preparar uma
nova nação de eleitos de Deus, que seria a herdeira da Nova Aliança, quando o Messias viesse ao
mundo.
Nesse sentido, eles criaram um complexo sistema iniciático, que exigia de seus membros
juramentos solenes de obrigações fraternas e um estrito silêncio sobre suas práticas, crenças e
tradições, ao mesmo tempo que inculcavam na cabeça de seus adeptos uma filosofia de vida
ascética e moralmente virtuosa, rigidamente orientada pelos preceitos da Torá.
A idéia que se fazia dos essênios, a partir de informações extraídas de escritores antigos, como
Philo de Alexandria, por exemplo, que já no século I da era cristã confessava a influência que
deles teria recebido, era a de que eles constituíam uma comunidade de magos, grandes
conhecedores de segredos da natureza, detentores de uma sabedoria muitas vezes milenária,
oriunda, talvez, de uma civilização desaparecida.
Por força de tais informações, os essênios sempre foram envolvidos por uma aura de
misticismo e mistério. Porém, com as descoberta dos pergaminhos do Mar Morto, uma nova luz
foi lançada sobre esse interessante grupo sectário, que sobreviveu por mais de dois séculos em
condições sociais e políticas muito adversas, praticando uma espécie de irmandade que muito os
aproxima do ideal preconizado pelos idealizadores da Maçonaria moderna.
É evidente que qualquer comparação, qualquer analogia que se faça entre a comunidade
essênia e a Maçonaria deve levar em conta as culturas em que elas se desenvolveram e suas
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respectivas épocas. Essa comparação deve ser feita á nível de objetivos e procedimentos,
relevando-se as aproximações sem observar as diferenças, que são notórias. Talvez a melhor
fórmula para se fazer essa aproximação seja a observação de que os essênios conservaram em sua
doutrina e sua prática de vida a essência da tradição iniciática dos sacerdotes egípcios, dos
hierofantes gregos, e das comunidades místicas da Pérsia e da Mesopotâmia, aliados a uma ideia
de elitismo cultural e zelo pela tradição. Aproximando e adaptando a tradição hebraica á essas
antigas formas de desenvolvimento espiritual, eles criaram uma nova cultura, salvaguardando e
desenvolvendo a face mística, esotérica, contida naquelas antigas tradições, legando aos gnósticos
cristãos, seus sucessores, o que de melhor havia na doutrina religiosa daqueles antigos povos.
Síntese histórica
A comunidade dos essênios teria sido fundada por um personagem misterioso, referido na sua
literatura ora como Mestre Perfeito, ora como Mestre Verdadeiro. Não se sabe quem foi realmente
esse personagem singular, mas acredita-se que tenha sido um sacerdote da tribo de Levi, que
revoltado com a corrupção do clero israelita da época, (inicio do século II a. C.), retirou-se para a
clandestinidade, arrastando com ele um vasto contingente de seguidores, insatisfeitos com os
rumos que a religião vinha tomando em Israel.
No início do século II a C., o reino de Israel fazia parte do chamado
mundo helênico. Desde o século IV a C. a Palestina tinha sido incorporada
ao império persa, que por sua vez, fora conquistado por Alexandre Magno
entre 326 e 323 a C.
Após a morte de Alexandre, seu império foi dividido entre seus generais.
A parte correspondente á Síria e Palestina ficou com Antioco, que
estabeleceu a sede de seu governo na Síria. Por volta do inicio do século II a
C. reinava na Síria um de seus descendentes, chamado Antioco Epifanes.
O historiador judeu Flávio Josefo (37-100 e. C) nos dá uma idéia do
ambiente que reinava em Israel naquela época.[2] Naquele tempo, diz o referido historiador, a
casta sacerdotal responsável pela manutenção da pureza da religião de Israel, fundamentada na lei
mosaica, estava profundamente corrompida. Só se preocupava em manter seus privilégios,
submetendo-se á pressões e influências estrangeiras, se esquecendo que o maior dever do
sacerdote era a manutenção da tradição e da pureza da relação entre o homem e Deus.
Os israelitas sempre foram muito ciosos a respeito de sua religião. Muitos preferiam morrer a
adorar ídolos estrangeiros ou violar os preceitos da Torá. Essa situação, que perdurou durante todo
o período da dominação helênica, e se prolongou durante a ocupação romana, não raramente
ensejava motivos para a eclosão de sangrentas revoltas.
Durante a época de Jesus, essa situação não se modificara, como se pode perceber pelo seu
magistério. Jesus fazia ferrenha oposição á classe sacerdotal da sua época, conforme se lê nos
Evangelhos. Essa classe, composta pelos saduceus e fariseus, outras duas seitas existentes em
Israel, interpretava a lei em seu próprio beneficio e lançava sobre os ombros do povo cargas “que
nem com um dedo queriam levantar”, no dizer de Jesus.
Com isso não concordavam os “puristas”, os ortodoxos, os cultores da idéia de uma religião
isenta de qualquer influência pagã. Esses “puristas” julgavam ser o culto á deuses estrangeiros, a
maior das ofensas que se podia fazer a Jeová. Entre eles estavam os essênios e os zelotes.
Um desses homens “puros” foi, sem dúvida, o chamado Mestre Verdadeiro, ou Mestre da
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Retidão, que fundou a comunidade essênia. No inicio do século II a C., o sacerdócio era exercido
pela família de Matatias, um homem da tribo de Levi, famoso por suas posições de defesa
intransigente da lei mosaica. O rei sírio Antioco Epifanes, desejando quebrar a resistência
israelita, quis implantar em Israel o culto a Zeus Olímpico. Com essa intenção, invadiu o santuário
do Templo de Salomão em Jerusalém, colocando no altar do Santo dos Santos uma estátua
daquele deus. Os israelitas não suportaram a violação do mais sagrado dos seus locais, e
comandados por Judas, o filho mais velho do sacerdote Matatias, iniciaram a rebelião que ficou
conhecida como a Revolta dos Macabeus.
Foi durante a Revolta dos Macabeus que um grupo de israelitas ortodoxos fugiu de Israel e se
instalou na chamada “Terra de Damasco”. Liderados pelo chamado Mestre da Retidão (talvez o
próprio Matatias, ou ainda um dos filhos), sua intenção era praticar a verdadeira religião de Israel,
na sua pureza primitiva. .
Durante todo o período de dominação helênica, o núcleo de reação judaica se concentrou em
dois grupos: Os essênios e os zelotes. Quanto aos zelotes, o interesse para este estudo é
secundário, tendo em vista que eles permaneceram principalmente no terreno militar. Foram eles,
inclusive, que forneceram os combatentes que, nos anos 67-70 d.C., sustentaram uma guerra sem
quartel contra as tropas romanas.
Já os essênios, conforme se percebe na literatura recuperada através dos pergaminhos do Mar
Morto, pregavam uma resistência ora política, ora espiritual. Essa resistência estava sempre
conexa com a idéia de um herói, um Messias, que libertaria Israel
do domínio estrangeiro e renovaria a aliança daquele povo com
Deus.[3]
Chamando-se a si mesmos de “convertidos, penitentes, pobres,
justos, santos, eleitos, etc”, os essênios consideravam ser seu
grupo a verdadeira Israel, aquela nação cujo modelo Deus teria
transmitido a Abraão e realizado através de Moisés. Acreditavam
que por ocasião da fuga do Egito, Deus teria transmitido a Moisés
a verdadeira sabedoria, que estaria oculta no significado do seu
Verdadeiro Nome, segredos esse que Moisés não revelou no
Pentateuco, mas transmitiu oralmente aos sacerdotes mais antigos
da tribo de Levi. Era esse segredo que os essênios julgavam-se depositários. Acreditando que a
maioria dos ensinamentos bíblicos havia sido escrito em código, eles desenvolveram uma
interessante forma de interpretação do Livro Sagrado, que certamente deve ter servido de
inspiração para os rabinos que desenvolveram a grande tradição da Cabala.
O objetivo dos essênios
A seita dos essênios era uma verdadeira Fraternidade, com características de sociedade secreta.
Para se tornar membro dela era preciso que o neófito fosse portador de três atributos básicos: ser
israelita, inteligente e disciplinado. Exigia-se do candidato um juramento para com a Irmandade e
para consigo mesmo, no qual ele se comprometia a submeter-se á disciplina da Ordem, e a
perseguir os objetivos pelos quais se tornara membro dela. Em principio, o iniciado deveria viver
na comunidade durante um ano antes de tornar-se membro efetivo. Após esse período, ele se
tornava um “numeroso ou sectário pleno”, ocasião em que deveria juntar seus bens aos da
comunidade.
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O objetivo da comunidade era não só preservar a pureza dos fundamentos da religião israelita,
mas principalmente preparar um Messias, um líder que fosse capaz de libertar o povo de Israel da
influência estrangeira e reconstituir depois, o reino de Deus sobre a terra. Toda sua organização e
o conjunto da sua doutrina eram dirigidos para esse objetivo.
Não só o Messias deveria ser preparado, porém. Quando o seu reino fosse instalado, ele iria
necessitar de “quadros” para governar. Assim, toda a rígida disciplina da Fraternidade era
orientada também para a produção de “juízes, guerreiros e administradores”, enfim, todo o “staff”
necessário para a administração da nova sociedade que seria fundada com a sua vinda.
Na infância, e até os 20 anos, o iniciado era instruído no Livro da Meditação e nos Preceitos da
Aliança; a partir dos 20 anos, passava a viver na Comunidade dos Irmãos e podia casar-se. A
partir dos 25 anos poderia ocupar cargo na Congregação; com 30, ser juiz e liderar grupos. Todo
esse processo era realizado mediante uma análise de mérito, onde se avaliava a “inteligência e
perfeição de conduta” do iniciado, pois como previam as Regras da Fraternidade, todos os homens
estavam sendo treinados para formar a elite que governaria o reino que seria instalado pelo
Messias.
Em função desse objetivo, os essênios desenvolveram uma organização eclesiástica, uma
organização militar e uma organização judiciária. Os juízes seriam em numero de dez, eleitos
periodicamente entre os irmãos com idade entre 25 e 60 anos; após os 60 deixariam a função; um
sacerdote com idade mínima de 30 anos e máxima de 60, “detentor de todos os segredos dos
homens e conhecedor de todas as línguas faladas na terra”, seria o juiz supremo da congregação
judiciária.
Quanto á ordem militar, entre 25 e 30 anos, o irmão poderia ocupar funções de intendente;
entre 30 e 45 podia-se ser cavaleiro, entre 45 e 50 oficial de campo, e entre 50 e 60, comandante
de campo. Havia também um Conselho Superior da Comunidade, do qual participavam “os
homens de renome”. Esses homens eram escolhidos por suas virtudes, seu desempenho nas
funções administrativas ou militares, ou dotes sacerdotais. Esse Conselho era uma espécie de
Parlamento, que por sua vez era controlado por um Colégio composto de doze irmãos e três
sacerdotes, “ perfeitos em tudo o que é revelado em toda a lei, para praticar a justiça, a verdade,
o direito, a caridade afetuosa e a modéstia de conduta, uns em relação aos outros, guardar a fé
sobre a terra, com uma disposição firme e um espírito constrito, para expiar a iniqüidade entre
aqueles que praticam o direito e sofrem a angustia da provação e para se conduzir com todos na
medida da verdade e da norma no tempo”[4]
As doutrinas dos essênios
Os essênios eram ascetas que desprezavam os prazeres dos sentidos e a acumulação de bens. O
tesouro comum só devia ser utilizado para prover as necessidades mais estritas. Um essênio, ao
entrar para a comunidade, devia votar“ódio eterno aos homens da fossa por seu espírito de
entesouramento. Ele deixará para eles seus bens e a renda do trabalho de suas mãos, tal como
um escravo em relação ao seu amo, e tal como um pobre diante do que lhe tem domínio. Mas ele
será um homem pleno de zelo para com o preceito e cujo tempo é destinado ao dia da
vingança”.[5]
Dessa forma, todo membro, ao ingressar na Ordem, tinha que entregar a ela todos seus bens.
Esse regime de comunhão foi observado também pelos primeiros cristãos, como se observa nos
Atos dos Apóstolos, e o desprezo pelos bens materiais constituía um dos pontos mais altos da
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doutrina ensinada por Jesus. Era também a regra observada pelas Ordens religiosas da Idade
Média, particularmente os Cavaleiros Templários.[6]
Acima de tudo, porém, os membros da seita deviam observar e estudar a lei mosaica. A lei
devia ser cultuada, pois a comunidade era, mais que tudo, “a casa da lei”. Isso explica também o
fato de Jesus, não obstante ser considerado pelos judeus como um reformador da lei mosaica,
sempre concitou seus discípulos a segui-la. E no conceito de observação á lei, estava o respeito
aos rituais e celebrações estabelecidas pela religião, bem como os cuidados com a higiene
corporal.
Para os essênios, a gnose divina que Jeová revelara á Moisés não fora exposta nos cinco livros
do Pentateuco. Era uma sabedoria secreta que consistia no conhecimento do Nome Verdadeiro de
Deus, na prática do direito justo, e no aprendizado dos comportamentos necessários para se atingir
a perfeição.
Acreditavam que no homem coexistiam dois espíritos. Um presidia o bem o outro presidia o
mal. O presidente do bem era o Príncipe da Luz e o do mal o Príncipe das Trevas, chamado Belial
ou Satã. Nesse sentido, o mundo seria um campo de batalha entre esses dois princípios. Para eles,
o mal não podia ser vencido simplesmente pela ação humana. Era necessária a intervenção divina,
o que ocorreria quando o Messias começasse seu ministério. Escolher entre o bem e o mal não era
uma opção humana. Deus elegia seus escolhidos, mas mesmo os escolhidos podiam ser desviados
para o mal. Para os não escolhidos não havia possibilidade de opção para o bem. Os escolhidos
eram aqueles que Deus reuniu na “Congregação”, ou “Casa da Verdade”. Esses eram os ”Filhos
da Luz”.
Por outro lado, todos aqueles que aderiram á cultura estrangeira, desprezando a Aliança, eram
“filhos das trevas”.
Entre o bem e o mal
A idéia de um combate entre trevas e luz, na verdade, não é originária dos essênios. Foi tomada
de empréstimo aos antigos egípcios, que já viam no psico-drama de Osíris e Seth uma luta entre
esses dois princípios. Mais tarde os persas desenvolveram essa mesma idéia, identificando o Deus
Marduc como o deus da luz e Arimã como deus das trevas.
Sempre se acreditou que tudo que existe no universo é produto da reação interativa entre dois
princípios contrários, que podem ser o espírito e a matéria, o bem e o mal, a verdade e a mentira, a
luz e as trevas, etc. Na história da humanidade, uns assumem o papel de Marduc, outros de Arimã.
Segundo essa concepção, tudo, na sociedade humana, é produzido pela reação á ação que um dos
lados provoca no outro.[7] O próprio materialismo dialético desenvolvido por Karl Marx trabalha
com essa tese, fundamentando na interação de dois princípios contrários, que podem ser
entendidos como a forma de ganhar a vida e a forma de pensar, o motor da história. [8]
No caso dos essênios, eles assumiram o papel dos “filhos da luz” e retiraram-se para as terras de
Damasco para não serem corrompidos pelos “filhos das trevas” , e ali, separados do mal, preparar
uma reação contra a ação deles. Os filhos da luz, quando ocorresse o triunfo, seriam vingados de
todos os males que os filhos das trevas lhes havia infringido. E mesmos aqueles que estivessem
mortos ressuscitariam para participar do conflito final entre os defensores dos dois princípios,
ocasião em que o mal, por fim, seria vencido.[9]
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A influência dos essênios
Diversos centros comunitários dos essênios se desenvolveram a partir do século II a C.
Algumas tradições se referem á aldeia de Nazaré, onde Jesus foi criado, como sendo um centro
dessa comunidade. Sabe-se que entre eles desenvolveu-se também a prática mística, bastante
antiga, aliás, de usar roupas brancas e não cortar os cabelos. Acreditava-se, com base em antigas
tradições, que nos cabelos estava a essência do elo que liga Deus aos homens. Esses homens
consagrados a Deus eram chamados de “nazarenos”. Sansão é descrito na Bíblia como sendo um
desses homens, e Jesus teria sido criado numa aldeia de “nazarenos”.
Os essênios eram também famosos pelos seus conhecimentos de medicina. No Egito, a sua
comunidade era conhecida como “Os Terapeutas”. Acreditava-se que possuíam conhecimentos
que se assemelhavam a poderes mágicos. Tais conhecimentos provinham de fontes muito antigas,
provenientes talvez, de uma civilização extinta. Eram também mestres na escrita criptográfica e
no uso do simbolismo para transmitir seus conhecimentos. O uso de pseudônimos aparece
freqüentemente em sua literatura. Títulos como “Mestre Verdadeiro”, “Mestre da Justiça”,
“Sacerdote da Iniqüidade”, “Leão da Ira”, “Tempo da Promessa”, etc, eram expressões que
mascaravam pessoas e fatos, para evitar a repressão das autoridades seculares.
Escreviam palavras invertendo a ordem das letras, misturavam alfabetos de diferentes línguas,
inventavam eles mesmos alfabetos. Por isso eles são considerados como verdadeiros fundadores
da tradição judaica conhecida como Cabala.
Não somente os primeiros cristãos devem grande de sua doutrina aos essênios. Também
muitas das seitas gnósticas se inspiraram em suas idéias, as quais, em maior ou menor parcela,
tiveram influência no desenvolvimento da Maçonaria moderna, principalmente nos chamados
graus filosóficos.
É fácil perceber, no desenvolvimento do ensinamento dos graus superiores, a relação que a
doutrina professada por aqueles místicos judeus tem com a Maçonaria, no que respeita o
simbolismo utilizado nos rituais. Os Obreiros da Arte Real também acreditam na construção de
uma sociedade justa e equâmine, fundamentada no mérito e no trabalho árduo, aliado á disciplina
e o respeito ás tradições. Essa sociedade um dia já existiu e pode ser recuperada. Os essênios
acreditavam nisso, e por isso julgavam-se os guardiões dessa sabedoria perdida, que só poderia ser
repassada aos seus iniciados.
A analogia é evidente. A própria organização do currículo maçônico guarda certa
identificação com o sistema adotado por aqueles ascetas. Através de um sistema de ensinamentos
morais o catecismo da Maçonaria forma, simbolicamente, guerreiros, juízes, sacerdotes e outros
próceres, destinados á edificar, defender e conservar o que de melhor existe na cultura da
humanidade. É a mesma idéia de uma utopia, guardadas as diferenças de época, cultura e lugar.
Os essênios acreditavam que eram detentores de segredos iniciáticos de grande relevância.
Não é que a Maçonaria, enquanto sociedade formalmente instituída, seja guardiã de segredos
dessa ordem. Aliás, nem acreditamos que tais segredos existam no repertório da cultura humana
existente, seja do presente, seja do passado. O que há são leis naturais que a razão humana ainda
não logrou entender e por isso as cataloga no conceito de sobrenatural. Entender o processo pelo
qual essas leis são formadas e como atuam, constitui a verdadeira sabedoria.
A fórmula pela qual esse conhecimento de nível superior, que permite ao homem entender esse
processo, só pode ser deduzida através de um método que seja capaz de integrar uma iniciação,
uma ritualística e uma prática de vida. Essa foi a formidável intuição dos essênios e a sua grande
realização. Não é suficiente pensar uma filosofia. É preciso vivê-la para que ela não se torne
apenas uma distração mental. As mesmas verdades que eles intuíram já haviam passado antes pela
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sensibilidade dos sacerdotes de Heliópolis, que a desenvolveram no conceito, ao mesmo tempo
religioso e sociológico da Maat, e pelos iniciados nos Mistérios antigos, persas e greco-romanos,
que os utilizavam como forma de educação superior de suas elites.
É originária dos essênios, como já nos referimos, a idéia de que é preciso a formação de um
Homem Universal, reflexo terrestre do Homem do Céu, perfeito em conhecimento e obras, pleno
de virtude e em harmonia com Deus, pois que ele é o herdeiro da Nova Aliança. Não é por acaso,
portanto, que nos graus superiores da Maçonaria, correspondentes ás Lojas de Perfeição e Lojas
Capitulares, encontraremos tantas alusões a mitos e alegorias de origem judaica, e se insistirá
tanto na prática da verdadeira justiça e no exercício das virtudes que fazem um homem justo e
perfeito em todos os sentidos.
Outra tradição cultivada na Maçonaria, que tem nos essênios a sua fonte, é aquela que se
relaciona com a Procura da Palavra Perdida. Essa Palavra Perdida não é outra coisa senão o
Verdadeiro Nome de Deus e o seu significado, que os essênios reverenciavam como sendo o “
Segredo dos Segredos”. O reencontro com essa sabedoria perdida teria o condão de conferir ao
seu possuidor a totalidade do conhecimento do universo e faria dele um ser superior. Essa crença
animou a especulação dos cabalistas durante séculos, e os maçons a adotaram como alegoria para
simbolizar a aquisição da gnose, que é a meta última e definitiva dos praticantes da
verdadeira Arte Real. Por isso é que a influência desses antigos irmãos, “Filhos da Luz”, não pode
ser desprezada em qualquer estudo que se faça sobre a cultura maçônica.
[1] Sobre o sonho americano, vide a interessante obra de David Ovason, A Cidade Secreta da Maçonaria, publicada no Brasil pela Ed. Planeta, que discorre
sobre o simbolismo maçônico presente na capital americana, Washington, e o empenho dos maçons que lideraram a luta pela independência em fazer dos
Estados Unidos a sonhada utopia maçônica
[2] Na imagem o historiador Flávio Josefo. Fonte: Obras Completas de Flávio Josefo. Kleger Publications, NY.
[3] Na imagem, moeda com a efígie do sacerdote Matatias, patriirca dos Macabeus , tido como o Mestre da Retidão dos essênios.
[4] Regras XXII- E.M. Laperoussaz- Os Pergaminhos do Mar Morto
[5] Idem, Regra XXIV
[6] Flávio Josefo, escrevendo acerca dos essênios, diz que eles desprezavam as riquezas, e que a comunidade de bens que observavam era realmente
admirável. “Os essênios,. diz aquele autor, “ mantém entre eles uma lei, segundo a qual, todos os novos membros admitidos á seita fazem, por si mesmos,
confisco de seus haveres em favor da Ordem; resultando daí, que em parte alguma se verá ali, seja a miséria abjeta, seja a desordenada abastança. As
posses do individuo se juntam ao existente cabedal comum e eles todos , como verdadeiros irmãos, se beneficiam, por igual, do patrimônio coletivo.”
[7] Na antiga filosofia chinesa do taoísmo, esses princípios são identificados pelos termos yinyang (positivonegativo).
[8] Karl Marx acreditava que era a forma pela qual os homens ganhavam a vida que determinava o seu modo de pensar. Assim, as transformações na
ordem material determinavam as transformações de ordem ideológica. Como as transformações materiais dependiam da forma como as sociedades se
organizavam para produzir, a cultura da humanidade dependia das técnicas de produção. As teses marxistas exercem um papel importante no ensinamento
de um dos graus superiores do Kadosh, particularmente o grau 26.
[9] Essa crença foi magistralmente desenvolvida pelo autor do Apocalipse. Nesse estranho e enigmático livro, escrito á maneira essênia, o autor
desenvolve a alegoria da luta entre os filhos da luz contra os filhos das trevas, identificando os primeiros com os cristãos fiéis e os segundos com seus
perseguidores. Veja-se que a Maçonaria do Rito Escocês muito se vale do simbolismo do Apocalipse para desenvolver alguns dos seus mais importantes
graus filosóficos. O ensinamento maçônico muito se utiliza do simbolismo contido na luta entre a luz e trevas, o que justifica as referências que aqui se
fazem ao tema.
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(as letras em vermelho significam que a Loja completou
ou está completando aniversário)
GLSC -
http://www.mrglsc.org.br
GOSC
https://www.gosc.org.br
Data Nome Oriente
01/12/2004 Lysis Brandão da Rocha Florianópolis
01/12/2009 Poço Grande do Rio Tubarão Tubarão
11/12/1993 Phoenix Jaraguá do Sul
13/12/1983 Nova Aurora Criciúma
18/12/1991 Obreiros da Paz Fraiburgo
20/12/2003 Luz Templária Curitibanos
22/12/1992 Ademar Nunes Florianópolis
21/12/1999 Silvio Ávila Içara
Data Nome da Loja Oriente
02/12 Fraternidade e Justiça Blumenau
02/12 Lauro Muller São José
06/12 Fraternidade Criciumense Criciúma
07/12 Voluntas Florianópolis
09/12 Igualdade Criciumense Criciumense
11/12 Xaver Arp Joinville
13/12 Padre Roma II São José
14/12 Montes de Sião Chapecó
7 – Destaques (Resenha Final)
Lojas Aniversariantes de Santa Catarina
Mês de Dezembro
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GOB/SC –
http://www.gob-sc.org.br/gobsc
Data Nome Oriente
01.12.04 Luz de São Miguel - 3639 São Miguel do Oeste
02.12.06 Colunas de Antônio Carlos - 3824 Florianópolis
04.12.08 Seara de Luz - 3961 Chapecó
05.12.85 25 de Agosto - 2383 Chapecó
08.12.10 Estrela do Oriente - 4099 Tubarão
11.12.96 Justiça e Paz - 3009 Joinville
11.12.97 União Adonhiramita -3129 São Pedro de Alcântara
11.12.01 Paz do Hermon - 3416 Joinville
12.12.96 Fênix do Sul - 3041 Florianópolis
13.12.52 Campos Lobo - 1310 Florianópolis
13.13.11 Luz do Oriente - 4173 Morro da Fumaça
16.12.96 A Luz Vem do Oriente - 3014 Castelo Branco
16.12.03 Philantropia e Liberdade - 3557 Brusque
17.12.96 Luz do Ocidente - 3015 Chapecó
17.12.96 Perseverança - 3005 Florianópolis
20.12.77 Xv de Novembro - 1998 Caçador
28.12.96 Livre Pensar - 3153 Piçarras
28.12.96 Luz de Navegantes - 3033 (30/06/2010) Navegantes
Feliz Natal !
Boas Festas!
São os votos da equipe JB News
aos seus leitores e amigos
Ho, Ho, Ho, Ho...
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63º Batalhão de Infanmtaria e o
Dia do Reservista
(do correspondente Ir Borbinha) Na última sexta-feira (16) no pátio do 63o Batalhão de
Infantaria "Batalhão Fernando Machado", foi realizada Solenidade pelo transcurso do dia
dedicado ao "Reservista" e entrega das Medalhas " Mérito Cívico Nacional no Grau de
Comendador " e Medalhas " Mérito Cívico Nacional no Grau de Oficial ".
Para a Alegria da Nossa Respeitável Ordem, dos 04 Agraciados com as Medalhas, 03 são Nossos
Irmãos que passamos a mencionar:
Irmão José Hipólito da Silva - Loja União Palhocense - 4236 (GOB-SC);
Irmão Alcides Milton da Silva - Lojas União Palhocense - 4236 e União das Termas - 3335
(GOB-SC);
Irmão João Osmar Quadros - Loja Artur Pereira - (GORGS).
Presentes na Solenidade, diversas autoridades Civis, Maçônicas e Militares onde ocorreu desfile
em marcha dos homenageados.
O Irmão Luiz Carlos Padilha da Loja Samuel Fonseca - 79 do GOSC, estava com o grupo de
Veteranos do 14º Pelotão de Polícia do Exército.
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Seguem os demais registros fotográficos produzidos especialmente para o JB News.
Clique no link fotográfico a seguir:
https://get.google.com/albumarchive/103634428674850958508/album/AF1QipNry53oQ
YdquGKjoVuJyx075P4hR9SBk45Am8nq?source=pwa&authKey=CMGpvqCjwdiW
Rw
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Ir Marcelo Angelo de Macedo, 33∴
MI da Loja Razão e Lealdade nº 21
Or de Cuiabá/MT, GOEMT-COMAB-CMI
Tel: (65) 3052-6721 divulga diariamente no
JB News o Breviário Maçônico, Obra de autoria do saudoso IrRIZZARDO DA CAMINO,
cuja referência bibliográfica é: Camino, Rizzardo da, 1918-2007 - Breviário Maçônico /
Rizzardo da Camino, - 6. Ed. – São Paulo. Madras, 2014 - ISBN 978-85.370.0292-6)
Dia 18 de dezembro:
Saúde
A Saúde é o estado normal e hígido do ser humano. Todos temos a obrigação de
manter um comportamento para com o nosso próprio corpo, preservando-o de todas
as agressões.
O Maçom, com o seu tríplice voto, "Saúde, Força e União", relembra os
compromissos assumido perante os co Irmãos.
Na correspondência maçônica, a saudação inicial é feita com as letras iniciais:
"S.'.F.'.U.'." ou "S.'.S.'.S.'.".
Os votos de boa saúde, o maçom os faz como resultado do seu interesse amistoso e
fraterno, a todo quem considera irmão.
O aperto social das mãos a algum desconhecido, mas que com ele contata, por
qualquer motivo, deve "insinuar" a condição de maçom; se receber o sinal
correspondente, então o aperto de mão seguirá o tríplice abraço.
O afetivo aperto das mãos e o caloroso abraço traz aos partícipes alegria e
entusiasmo.
Sempre que puder, o maçom deve exprimir por meio da Saudação o amor fraterno
que dedica ao seu irmão.
Breviário Maçônico / Rizzardo da Camino, - 6. Ed. – São Paulo. Madras, 2014, p. 371.
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Templo Gótico