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INTRODUÇÃO À
FENOMENOLOGIA
DE HUSSERL
Prof. Dr. Felipe Pinho
www.felipepinho.com
O contexto epistemológico moderno-contemporâneo
Contexto histórico
• O século XIX e a hegemonia das ciências naturais.
• O naturalismo positivista tinha como premissa a possibilidade de,
através da causalidade, explicar toda a realidade natural.
• O “psicologismo”, todas as ciências deveriam se submeter à
Psicologia, pois as interpretações, o conhecimento científico, a razão,
envolvem processos psicológicos, cognitivos, formas de organização
do conhecimento.
Prof. Felipe Pinho
Edmund Husserl
• Husserl buscou realizar uma profunda
crítica da ciência positivista e da razão
objetiva vigentes em sua época.
• Para ele era necessário construir um novo
método para o conhecimento, que
deveria adotar uma perspectiva
fenomenológica.
• A Fenomenologia seria então um método
para conhecer a essência das coisas e da
própria consciência.
prof. Felipe Pinho
(1859-1938)
Edmund Husserl
•Husserl retoma a interrogação sistemática que
analisa as condições, os limites e as possibilidades
de um conhecimento das coisas mesma.
•Ele busca então uma renovação-continuação da
atitude radical, sendo essa atitude, a atitude da
crítica da razão.
•Essa crítica da razão implica uma crítica da ciência
do conhecimento a priori, ou como em Kant, do
conhecimento transcendental (puro).
prof. Felipe Pinho
Edmund Husserl
• Segundo Urbano Zilles se identifica três fases do
pensamento de Husserl:
✓Investigações lógicas caracterizadas por um logicismo
essencialista;
✓Ideias com o idealismo transcendental;
✓Crise com o vitalismo historicista.
prof. Felipe Pinho
O que é a FENOMENOLOGIA?
Prof. Felipe Pinho
O que é a Fenomenologia de Husserl?
• É uma epistemologia – se questiona sobre a fundamentação do
conhecimento e do como se dá o “conhecer”;
• É um método - nos permite o acesso livre ao mundo, aos fenômenos
e à própria constituição desse sujeito que acessa e interage com o
mundo;
• É uma filosofia - na sua radicalidade reconhece o homem, fundando-
se e fundando diversas outras perspectivas, sejam estas
antropológicas, sociológicas, psicológicas;
• É uma ciência - como “conhecimento atento e aprofundado de
alguma coisa”, ou como “noção precisa”, como conhecimento
sistematizado a respeito de algo.
Prof. Felipe Pinho
O que é a Fenomenologia de Husserl?
Prof. Felipe Pinho
O que é a Fenomenologia de Husserl?
• É uma atitude ante o conhecer
Prof. Felipe Pinho
Aspectos principais
• Relação de sentido
• Teorias do conhecimento
• O mundo aparece para a nossa consciência (compreensão) como
sentindo.
• Como podemos ter consciência de algo?
• Relação sujeito x objeto
• Como a nossa consciência estabelece com os objetos uma relação de
sentido?
• Psicologismo = naturalismo = dicotomia sujeito x objetivo
• Fenomenologia = intencionalidade = não existe sujeito (consciência)
sem objeto e não existe objeto sem consciente = o sentido está na
relação!
Aspectos principais
• Atitude natural x atitude fenomenológica
✓CONSCIÊNCIA INTENCIONAL OU INTENCIONALIDADE
• Poder “voltar às coisas mesmas”!
• Epoché = suspensão da atitude natural = suspensão dos
pressupostos = suspensão do mundo ou a colocação do mundo
entre parênteses (mundos).
• Método fenomenológico
✓EPOCHÉ
✓VARIAÇÃO EIDÉTICA = EIDOS OU A ESSÊNCIA DO FENÔMENO =
SENTIDO UNIVERSAL
✓CONSCIÊNCIA PURA = TRANSCENDENTAL = EGO COGITO =
ESSÊNCIA DA PRÓPRIA CONSCIÊNCIA = SUBJETIVIDADE
TRANSCENDENTAL.
A atitude natural
• “A atitude natural, de acordo com Husserl, diz respeito ao modo
irrefletido como nós nos relacionamos com o mundo a nossa volta.
Cremos na realidade exterior e confiamos que nosso olhar capta uma
realidade que existe por si mesma.
• Neste processo, as possibilidades e limites que o sujeito tem ao
conhecer não se apresentam enquanto objeto de reflexão crítica.
Tem-se como certa a capacidade do sujeito de conhecer algo que
está para além de si mesmo, algo que lhe é transcendente.
• Ao senso comum, cuja ausência de crítica é apontada por Husserl,
afina-se, também, a atitude própria ao pensamento científico.
• As ciências naturais teriam a mesma atitude irrefletida que
caracterizaria o senso comum, ou seja, a certeza de que a consciência
alcançaria, indubitavelmente, algo para além de si mesma.” (Gemino,
2015)
Prof. Felipe Pinho
A atitude fenomenológica
• “A fenomenologia husserliana é, em primeiro lugar, uma
atitude ou postura filosófica e, em segundo, um movimento
de ideias com método próprio, visando sempre o rigor
radical do conhecimento”. (Urbano Zilles)
• Husserl manteve o sonho de Descartes de fundamentar a
filosofia e as ciências em uma verdade apodítica, buscando
descrever acuradamente o mundo tal como aparece à
consciência.
prof. Felipe Pinho
Husserl e
a crítica
da Razão
prof. Felipe Pinho
Tentativa de superar o ceticismo (descrença)
em relação à capacidade de conhecer do
sujeito.
Construção de uma ciência transcendental
dos fenômenos da consciência enquanto
consciência.
Proposição de um método fenomenológico,
conhecido como redução fenomenológica
que busca o retorno à consciência, por isso é
considerada gnosiológica.
Defesa da substituição da “atitude natural” e
do “conhecimento natural” pela “atitude
fenomenológica”.
A crítica ao Positivismo e às
ciências naturais
• O Positivismo defendeu o primado do objeto e a anulação de
qualquer subjetividade.
• Só tem valor de verdade o conhecimento objetivo.
• Para Husserl esse afã positivista pela objetividade afastou as
ciência e o conhecimento do seu verdadeiro propósito: o
homem real, o mundo da vida.
• O erro, segundo Husserl, das ciências e do naturalismo
ingênuo é considerar o mundo dado e preexistente como
objetivo e independente da consciência de um sujeito
(atitude natural).
prof. Felipe Pinho
A crítica ao Positivismo e às
ciências naturais
• Husserl critica a perspectiva das ciências positivas pois para
estas os objetos são considerados como independentes do
observador (reducionismo empirista).
• Já Husserl defende que os objetos se apresentam enquanto
fenômenos para uma consciência, ou seja, a fenomenologia
procura enfatizar que o objeto se constitui enquanto objeto
a partir da sua relação com uma consciência.
• Dessa forma o objeto não é independente do sujeito que o
conhece e nem o sujeito é independente dos objetos que
conhece.
prof. Felipe Pinho
A crítica às Ciências Humanas e à
Psicologia
•Segundo Husserl o problema da Psicologia e das
Ciências Humanas é ter usado o mesmo métodos
das ciências naturais.
•As ciências humanas buscam a medição de seus
objetos sem ao menos buscar compreender o que
eles são.
•O Psicologismo, segundo Husserl, é uma
naturalização forçada dos objetos da experiência
humana como se fossem meros objetos físicos e da
consciência humana como se esta fosse um
processo fisiológico.
prof. Felipe Pinho
A Fenomenologia
•A busca pelo conhecimento seguro e verdadeiro,
leva Husserl e a defender uma atitude científica
(atitude fenomenológica) em relação à experiência.
•Precisamos, dessa forma deixar de lado ou colocar
entre parênteses todas as nossas suposições,
nossos “pré-conceitos” acerca das coisas e da
experiência, o “senso comum”.
•Seria como um “limpar a mente”, livrá-la de toda e
qualquer interferência, para olharmos
pacientemente e cuidadosamente para o que
experimentamos.
prof. Felipe Pinho
O lema: "volta as coisas mesmas "
•A Fenomenologia se interessa pelo puro fenômeno
tal como se torna presente e se mostra à
consciência.
•Não é o retorno aos objetos do mundo e sim à
consciência desses objetos compreendidos como
fenômenos.
•Com a compreensão da consciência constituinte,
busca-se a superação da tradicional dicotomia
sujeito x objeto.
prof. Felipe Pinho
Para Husserl, a fundamentação de uma filosofia como
ciência de rigor exige a satisfação de três condições:
prof. Felipe Pinho
a) ausência de pressupostos a partir da investigação das
coisas e dos problemas, abstendo-se por completo de
qualquer juízo anterior;
b) caráter a priori universal através do estudo da consciência
em sua estrutura imanente, que emerge como condição a
priori de possibilidade do próprio conhecimento (consciência
transcendental);
c) evidência apodítica enquanto o manifestar-se de um
“objeto” como tal na consciência numa equação completa
entre o pensado e o imediatamente dado.
A Epoché Fenomenológica
•Para Husserl não devemos considerar o resultado
dos processos perceptivos como descrições
objetivas do mundo.
•A Fenomenologia como método, busca exatamente
servir de exercício que o sujeito realiza sobre si
mesmo para alcançar ideias claras e suspender os
seus “pré-juízos”.
•A epoché é uma atitude que visa colocar entre
parênteses todos os hábitos, as convicções
ingênuas e as considerações obvias pré-concebidas.
prof. Felipe Pinho
A Epoché
Fenomenológica
• A atitude fenomenológica visa o
esvaziamento da mente de tudo o
que é fictício, não necessário,
casual e pessoal, para colocar o
sujeito na condição de espectador
ingênuo e desinteressado do
mundo.
• “Depois de assim ser libertado de
uma parte de si mesmo, por meio
de um trabalho demorado e
árduo, será capaz de analisar com
a devida objetividade o mundo e
os fenômenos da consciência e do
espírito”. (NICOLA, 2005).
prof. Felipe Pinho
A epoché e a redução
fenomenológica
• Precisamos, inicialmente colocar entre parêntesis tudo o que
nos é dado do exterior pelos sentidos, para concentrarmos a
nossa atenção no próprio ato do pensamento.
• Deve-se colocar entre parênteses tudo o que é acessório,
para poder atingir-se a essência pura.
• A epoché é um exercício, uma atitude que busca suspender
o juízo sobre os objetos empíricos, sobre tudo o que não
aparece como imediatamente evidente ante nossa
consciência.
• A essência seria o sentido ideal do objeto produzido pela
consciência.
prof. Felipe Pinho
A epoché e a
redução
fenomenológica
• "O primeiro passo do método
fenomenológico consiste em
abster-se da atitude natural,
colocando o mundo entre
parênteses (epoqué). Isso não
significa negar sua existência, mas
metodicamente renunciar ao seu
uso. Ao analisar, após essa
redução fenomenológica, a cor-
rente de vivências puras que
permanecem, constata que a
consciência é consciência de algo.
Esse algo chama de fenômeno."
(ZILLES, Urbano. Fenomenologia e
teoria do conhecimento em
Husserl. Revista da Abordagem
Gestáltica – XIII(2): 216-221, jul-
dez, 2007).
prof. Felipe Pinho
A epoché e a redução fenomenológica
• “Segundo Husserl, a chamada redução fenomenológica
proporciona o acesso ao “modo de consideração
transcendental”, ou seja, o “retorno à «consciência»”.
• Assim, através da “redução fenomenológica” os objetos
se revelam na sua constituição. Retornando à
«consciência», os objetos aparecem na sua
constituição, ou seja, como correlatos da consciência.
• O retorno, portanto, permite «dissolver o ser na
consciência», isto é, permite que o ser (ou ente, ou
melhor, o “ser do ente”) se torne «consciência»”. (Dante
Augusto Galeffi).
prof. Felipe Pinho
A epoché e a
redução
fenomenológica
• Para encontrar o fundamento
último das coisas, ou sua essência,
segundo Husserl, é preciso
escapar da atitude natural e ir
além da simples experiência
prática e imediata, suspender
todos os preconceitos, buscando
orientar-se apenas por uma
evidência apodítica, ou seja, por
evidências certas e indubitáveis.
prof. Felipe Pinho
A redução Fenomenológica se
desdobra
1º: Abster-se do juízo de toda filosofia anterior, isto é, põe
entre parênteses todo preconceito e toda teoria anterior para
dirigir-se às coisas mesmas.
2º: Reduzir o fenômeno à sua estrutura essencial pondo entre
parênteses todos os seus elementos contingentes pela
mediação da variação imaginária.
3º: Colocar entre parênteses a problemática da existência
objetiva das coisas. Este é o núcleo da “epoché
fenomenológica” propriamente dita. (“Ego Transcendental
Puro”).
O que fica como resíduo da “epoché” é uma consciência para
a qual aparece o mundo e que é uma evidência apodítica.
(Rafael Basso Barbosa, 2014).
prof. Felipe Pinho
A consciência como
intencionalidade
•Para Husserl a consciência não é um depósito de
lembranças ou de imagens dos objetos do mundo.
•Ela não é passiva, como se recebesse simplesmente
as impressões do mundo e das coisas que afetaram
nossos sentidos.
•A consciência é uma atividade direcionada às
coisas, ou seja, uma intencionalidade que dá
sentido às coisas.
prof. Felipe Pinho
A consciência como
intencionalidade
• Por tanto, a consciência não é uma substância, ela está
sempre voltada imediatamente para as coisas, existe sempre
visando algo.
• Por isso, a consciência é sempre consciência de algo.
• Podemos entender então que a consciência e as coisas
formam parte de um mesmo fenômeno.
• É importante compreender que para Husserl as coisas são
tais como os fenômenos as apresentam à nossa consciência.
prof. Felipe Pinho
Referências e
indicações
Bibliográficas
• GALEFFI, Dante Augusto. O que é isto — a
Fenomenologia de Husserl? Ideação,Feira
de Santana, n.5, p.13-36, jan./jun. 2000.
• ZILLES, Urbano. Fenomenologia e teoria do
conhecimento em Husserl. Revista da
Abordagem Gestáltica – XIII(2): 216-221,
jul-dez, 2007.
• NICOLA, Ubaldo. Antologia Ilustrada de
Filosofia. São Paulo: Globo, 2005.
• HOLANDA, Adriano F. Fenomenologia e
Humanismo: reflexões necessárias.
Curitiba: Juruá, 2014.
• BARBOSA, Rafael Basso. A ideia husserliana
de fenomenologia. Disponível em:
http://inconfidentia.famariana.edu.br/wp-
content/uploads/2014/08/A-ideia-
husserliana-de-fenomenologia.pdf.
prof. Felipe Pinho

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Introdução à Fenomenologia de Husserl

  • 1. INTRODUÇÃO À FENOMENOLOGIA DE HUSSERL Prof. Dr. Felipe Pinho www.felipepinho.com
  • 2. O contexto epistemológico moderno-contemporâneo
  • 3. Contexto histórico • O século XIX e a hegemonia das ciências naturais. • O naturalismo positivista tinha como premissa a possibilidade de, através da causalidade, explicar toda a realidade natural. • O “psicologismo”, todas as ciências deveriam se submeter à Psicologia, pois as interpretações, o conhecimento científico, a razão, envolvem processos psicológicos, cognitivos, formas de organização do conhecimento. Prof. Felipe Pinho
  • 4. Edmund Husserl • Husserl buscou realizar uma profunda crítica da ciência positivista e da razão objetiva vigentes em sua época. • Para ele era necessário construir um novo método para o conhecimento, que deveria adotar uma perspectiva fenomenológica. • A Fenomenologia seria então um método para conhecer a essência das coisas e da própria consciência. prof. Felipe Pinho (1859-1938)
  • 5. Edmund Husserl •Husserl retoma a interrogação sistemática que analisa as condições, os limites e as possibilidades de um conhecimento das coisas mesma. •Ele busca então uma renovação-continuação da atitude radical, sendo essa atitude, a atitude da crítica da razão. •Essa crítica da razão implica uma crítica da ciência do conhecimento a priori, ou como em Kant, do conhecimento transcendental (puro). prof. Felipe Pinho
  • 6. Edmund Husserl • Segundo Urbano Zilles se identifica três fases do pensamento de Husserl: ✓Investigações lógicas caracterizadas por um logicismo essencialista; ✓Ideias com o idealismo transcendental; ✓Crise com o vitalismo historicista. prof. Felipe Pinho
  • 7. O que é a FENOMENOLOGIA? Prof. Felipe Pinho
  • 8. O que é a Fenomenologia de Husserl? • É uma epistemologia – se questiona sobre a fundamentação do conhecimento e do como se dá o “conhecer”; • É um método - nos permite o acesso livre ao mundo, aos fenômenos e à própria constituição desse sujeito que acessa e interage com o mundo; • É uma filosofia - na sua radicalidade reconhece o homem, fundando- se e fundando diversas outras perspectivas, sejam estas antropológicas, sociológicas, psicológicas; • É uma ciência - como “conhecimento atento e aprofundado de alguma coisa”, ou como “noção precisa”, como conhecimento sistematizado a respeito de algo. Prof. Felipe Pinho
  • 9. O que é a Fenomenologia de Husserl? Prof. Felipe Pinho
  • 10. O que é a Fenomenologia de Husserl? • É uma atitude ante o conhecer Prof. Felipe Pinho
  • 11. Aspectos principais • Relação de sentido • Teorias do conhecimento • O mundo aparece para a nossa consciência (compreensão) como sentindo. • Como podemos ter consciência de algo? • Relação sujeito x objeto • Como a nossa consciência estabelece com os objetos uma relação de sentido? • Psicologismo = naturalismo = dicotomia sujeito x objetivo • Fenomenologia = intencionalidade = não existe sujeito (consciência) sem objeto e não existe objeto sem consciente = o sentido está na relação!
  • 12. Aspectos principais • Atitude natural x atitude fenomenológica ✓CONSCIÊNCIA INTENCIONAL OU INTENCIONALIDADE • Poder “voltar às coisas mesmas”! • Epoché = suspensão da atitude natural = suspensão dos pressupostos = suspensão do mundo ou a colocação do mundo entre parênteses (mundos). • Método fenomenológico ✓EPOCHÉ ✓VARIAÇÃO EIDÉTICA = EIDOS OU A ESSÊNCIA DO FENÔMENO = SENTIDO UNIVERSAL ✓CONSCIÊNCIA PURA = TRANSCENDENTAL = EGO COGITO = ESSÊNCIA DA PRÓPRIA CONSCIÊNCIA = SUBJETIVIDADE TRANSCENDENTAL.
  • 13. A atitude natural • “A atitude natural, de acordo com Husserl, diz respeito ao modo irrefletido como nós nos relacionamos com o mundo a nossa volta. Cremos na realidade exterior e confiamos que nosso olhar capta uma realidade que existe por si mesma. • Neste processo, as possibilidades e limites que o sujeito tem ao conhecer não se apresentam enquanto objeto de reflexão crítica. Tem-se como certa a capacidade do sujeito de conhecer algo que está para além de si mesmo, algo que lhe é transcendente. • Ao senso comum, cuja ausência de crítica é apontada por Husserl, afina-se, também, a atitude própria ao pensamento científico. • As ciências naturais teriam a mesma atitude irrefletida que caracterizaria o senso comum, ou seja, a certeza de que a consciência alcançaria, indubitavelmente, algo para além de si mesma.” (Gemino, 2015) Prof. Felipe Pinho
  • 14. A atitude fenomenológica • “A fenomenologia husserliana é, em primeiro lugar, uma atitude ou postura filosófica e, em segundo, um movimento de ideias com método próprio, visando sempre o rigor radical do conhecimento”. (Urbano Zilles) • Husserl manteve o sonho de Descartes de fundamentar a filosofia e as ciências em uma verdade apodítica, buscando descrever acuradamente o mundo tal como aparece à consciência. prof. Felipe Pinho
  • 15. Husserl e a crítica da Razão prof. Felipe Pinho Tentativa de superar o ceticismo (descrença) em relação à capacidade de conhecer do sujeito. Construção de uma ciência transcendental dos fenômenos da consciência enquanto consciência. Proposição de um método fenomenológico, conhecido como redução fenomenológica que busca o retorno à consciência, por isso é considerada gnosiológica. Defesa da substituição da “atitude natural” e do “conhecimento natural” pela “atitude fenomenológica”.
  • 16. A crítica ao Positivismo e às ciências naturais • O Positivismo defendeu o primado do objeto e a anulação de qualquer subjetividade. • Só tem valor de verdade o conhecimento objetivo. • Para Husserl esse afã positivista pela objetividade afastou as ciência e o conhecimento do seu verdadeiro propósito: o homem real, o mundo da vida. • O erro, segundo Husserl, das ciências e do naturalismo ingênuo é considerar o mundo dado e preexistente como objetivo e independente da consciência de um sujeito (atitude natural). prof. Felipe Pinho
  • 17. A crítica ao Positivismo e às ciências naturais • Husserl critica a perspectiva das ciências positivas pois para estas os objetos são considerados como independentes do observador (reducionismo empirista). • Já Husserl defende que os objetos se apresentam enquanto fenômenos para uma consciência, ou seja, a fenomenologia procura enfatizar que o objeto se constitui enquanto objeto a partir da sua relação com uma consciência. • Dessa forma o objeto não é independente do sujeito que o conhece e nem o sujeito é independente dos objetos que conhece. prof. Felipe Pinho
  • 18. A crítica às Ciências Humanas e à Psicologia •Segundo Husserl o problema da Psicologia e das Ciências Humanas é ter usado o mesmo métodos das ciências naturais. •As ciências humanas buscam a medição de seus objetos sem ao menos buscar compreender o que eles são. •O Psicologismo, segundo Husserl, é uma naturalização forçada dos objetos da experiência humana como se fossem meros objetos físicos e da consciência humana como se esta fosse um processo fisiológico. prof. Felipe Pinho
  • 19. A Fenomenologia •A busca pelo conhecimento seguro e verdadeiro, leva Husserl e a defender uma atitude científica (atitude fenomenológica) em relação à experiência. •Precisamos, dessa forma deixar de lado ou colocar entre parênteses todas as nossas suposições, nossos “pré-conceitos” acerca das coisas e da experiência, o “senso comum”. •Seria como um “limpar a mente”, livrá-la de toda e qualquer interferência, para olharmos pacientemente e cuidadosamente para o que experimentamos. prof. Felipe Pinho
  • 20. O lema: "volta as coisas mesmas " •A Fenomenologia se interessa pelo puro fenômeno tal como se torna presente e se mostra à consciência. •Não é o retorno aos objetos do mundo e sim à consciência desses objetos compreendidos como fenômenos. •Com a compreensão da consciência constituinte, busca-se a superação da tradicional dicotomia sujeito x objeto. prof. Felipe Pinho
  • 21. Para Husserl, a fundamentação de uma filosofia como ciência de rigor exige a satisfação de três condições: prof. Felipe Pinho a) ausência de pressupostos a partir da investigação das coisas e dos problemas, abstendo-se por completo de qualquer juízo anterior; b) caráter a priori universal através do estudo da consciência em sua estrutura imanente, que emerge como condição a priori de possibilidade do próprio conhecimento (consciência transcendental); c) evidência apodítica enquanto o manifestar-se de um “objeto” como tal na consciência numa equação completa entre o pensado e o imediatamente dado.
  • 22. A Epoché Fenomenológica •Para Husserl não devemos considerar o resultado dos processos perceptivos como descrições objetivas do mundo. •A Fenomenologia como método, busca exatamente servir de exercício que o sujeito realiza sobre si mesmo para alcançar ideias claras e suspender os seus “pré-juízos”. •A epoché é uma atitude que visa colocar entre parênteses todos os hábitos, as convicções ingênuas e as considerações obvias pré-concebidas. prof. Felipe Pinho
  • 23. A Epoché Fenomenológica • A atitude fenomenológica visa o esvaziamento da mente de tudo o que é fictício, não necessário, casual e pessoal, para colocar o sujeito na condição de espectador ingênuo e desinteressado do mundo. • “Depois de assim ser libertado de uma parte de si mesmo, por meio de um trabalho demorado e árduo, será capaz de analisar com a devida objetividade o mundo e os fenômenos da consciência e do espírito”. (NICOLA, 2005). prof. Felipe Pinho
  • 24. A epoché e a redução fenomenológica • Precisamos, inicialmente colocar entre parêntesis tudo o que nos é dado do exterior pelos sentidos, para concentrarmos a nossa atenção no próprio ato do pensamento. • Deve-se colocar entre parênteses tudo o que é acessório, para poder atingir-se a essência pura. • A epoché é um exercício, uma atitude que busca suspender o juízo sobre os objetos empíricos, sobre tudo o que não aparece como imediatamente evidente ante nossa consciência. • A essência seria o sentido ideal do objeto produzido pela consciência. prof. Felipe Pinho
  • 25. A epoché e a redução fenomenológica • "O primeiro passo do método fenomenológico consiste em abster-se da atitude natural, colocando o mundo entre parênteses (epoqué). Isso não significa negar sua existência, mas metodicamente renunciar ao seu uso. Ao analisar, após essa redução fenomenológica, a cor- rente de vivências puras que permanecem, constata que a consciência é consciência de algo. Esse algo chama de fenômeno." (ZILLES, Urbano. Fenomenologia e teoria do conhecimento em Husserl. Revista da Abordagem Gestáltica – XIII(2): 216-221, jul- dez, 2007). prof. Felipe Pinho
  • 26. A epoché e a redução fenomenológica • “Segundo Husserl, a chamada redução fenomenológica proporciona o acesso ao “modo de consideração transcendental”, ou seja, o “retorno à «consciência»”. • Assim, através da “redução fenomenológica” os objetos se revelam na sua constituição. Retornando à «consciência», os objetos aparecem na sua constituição, ou seja, como correlatos da consciência. • O retorno, portanto, permite «dissolver o ser na consciência», isto é, permite que o ser (ou ente, ou melhor, o “ser do ente”) se torne «consciência»”. (Dante Augusto Galeffi). prof. Felipe Pinho
  • 27. A epoché e a redução fenomenológica • Para encontrar o fundamento último das coisas, ou sua essência, segundo Husserl, é preciso escapar da atitude natural e ir além da simples experiência prática e imediata, suspender todos os preconceitos, buscando orientar-se apenas por uma evidência apodítica, ou seja, por evidências certas e indubitáveis. prof. Felipe Pinho
  • 28. A redução Fenomenológica se desdobra 1º: Abster-se do juízo de toda filosofia anterior, isto é, põe entre parênteses todo preconceito e toda teoria anterior para dirigir-se às coisas mesmas. 2º: Reduzir o fenômeno à sua estrutura essencial pondo entre parênteses todos os seus elementos contingentes pela mediação da variação imaginária. 3º: Colocar entre parênteses a problemática da existência objetiva das coisas. Este é o núcleo da “epoché fenomenológica” propriamente dita. (“Ego Transcendental Puro”). O que fica como resíduo da “epoché” é uma consciência para a qual aparece o mundo e que é uma evidência apodítica. (Rafael Basso Barbosa, 2014). prof. Felipe Pinho
  • 29. A consciência como intencionalidade •Para Husserl a consciência não é um depósito de lembranças ou de imagens dos objetos do mundo. •Ela não é passiva, como se recebesse simplesmente as impressões do mundo e das coisas que afetaram nossos sentidos. •A consciência é uma atividade direcionada às coisas, ou seja, uma intencionalidade que dá sentido às coisas. prof. Felipe Pinho
  • 30. A consciência como intencionalidade • Por tanto, a consciência não é uma substância, ela está sempre voltada imediatamente para as coisas, existe sempre visando algo. • Por isso, a consciência é sempre consciência de algo. • Podemos entender então que a consciência e as coisas formam parte de um mesmo fenômeno. • É importante compreender que para Husserl as coisas são tais como os fenômenos as apresentam à nossa consciência. prof. Felipe Pinho
  • 31. Referências e indicações Bibliográficas • GALEFFI, Dante Augusto. O que é isto — a Fenomenologia de Husserl? Ideação,Feira de Santana, n.5, p.13-36, jan./jun. 2000. • ZILLES, Urbano. Fenomenologia e teoria do conhecimento em Husserl. Revista da Abordagem Gestáltica – XIII(2): 216-221, jul-dez, 2007. • NICOLA, Ubaldo. Antologia Ilustrada de Filosofia. São Paulo: Globo, 2005. • HOLANDA, Adriano F. Fenomenologia e Humanismo: reflexões necessárias. Curitiba: Juruá, 2014. • BARBOSA, Rafael Basso. A ideia husserliana de fenomenologia. Disponível em: http://inconfidentia.famariana.edu.br/wp- content/uploads/2014/08/A-ideia- husserliana-de-fenomenologia.pdf. prof. Felipe Pinho