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A Abordagem de Projecto como metodologia construtora de
Competências Sociais e Relacionais
Henrique Santos

Projecto
Do Latim: “projicere” - lançar em frente
“imagem de uma situação ou estádio que se pretende atingir” (dicionário)
“esboço de futuro”
“afirmação do ser humano pela acção” (Sartre: 1960)

A Abordagem de Projecto em Educação de Infância

O Trabalho de Projecto, em termos de metodologia, define-se como um processo de
descoberta a partir de uma questão ou situação problematizada. Para a sua resolução recorrese a todas as áreas de conteúdo e a diferentes domínios, permitindo uma abordagem
globalizante e interdisciplinar. Para obter respostas cada vez mais elaboradas na sua pesquisa,
ou estudo em profundidade, a criança investiga, observa o real, planifica, toma decisões,
realizando várias actividades em todas as fases do processo que lhe solicitam a aprendizagem
de várias competências. É um método dinâmico em que a criança e os seus pares, juntamente
com

o

educador

e

outros

parceiros

envolvidos,

aprendem

e

ensinam.

O que se tem considerado como trabalho de projecto tem vindo a ser interpretado de modos
diversos devido a distintas perspectivas:
- O desenvolvimento de temas que o educador propõe às crianças e que orienta todo o
processo – modelo directivo
- O desenvolvimento de um projecto que emerge das propostas das crianças e da sua
manifestação de interesses – modelo centrado na criança
- O desenvolvimento de um projecto em que existe uma negociação entre as propostas
do educador e das crianças – modelo interactivo ou construtivista
Considerando esta última perspectiva, em que existe poder de decisão das crianças, e em que
está definido o modo de participação das crianças e do educador, estamos perante o conceito
de trabalho de projecto com finalidades educativas, em que o seu processo de construção
progressivo e flexível, assente num percurso cujas fases, embora intimamente interligadas,
dão resposta às questões colocadas.
Através do diálogo, trocando ideias, formulando questões, levantando hipóteses, as crianças
definem as etapas que julgam necessárias para realizar o trabalho.
O educador proporciona recursos variados, mobiliza a comunicação, ajuda a criança ou o
grupo a desenvolver a iniciativa, a estruturar os conhecimentos, a especificar os seus planos, a
organizar o pensamento e todas as formas de comunicação (linguagens múltiplas).
A metodologia de Trabalho de Projecto para além de integrar os interesses e motivações das
crianças, os seus saberes e experiências, pressupõe o exercício de cooperação, de partilha e de
entreajuda na interacção educativa. Permite o envolvimento de todos na concretização de um
objectivo – crianças, educadores, famílias e comunidade, facilitando a permuta constante
entre a escola e o meio e o trabalho de cooperação entre docentes.
O desenvolvimento de projectos é factor de colaboração entre educadores e professores,
contribuindo para um maior conhecimento das práticas de uns e de outros e facilitando, deste
modo, uma maior articulação entre o pré-escolar e os ciclos seguintes.
Uma das consequências mais importantes da realização de Projectos é que as crianças, para
além

dos

conhecimentos

sobre

determinado

tópico,

desenvolvem

competências,

predisposições e sentimentos, aprendem a aprender, através do processo vivido, tornando-o
progressivamente mais competentes em conceber, planear, desenvolver, avaliar e comunicar
projectos.

Como “construir” um Projecto?
Os projectos assemelham-se à estrutura de uma boa história, com princípio, meio e fim. Estes
elementos estruturais definem-se como as três fases principais de um projecto.
Um projecto pode começar de várias formas. Alguns começam quando uma ou mais crianças
de um grupo mostram interesse por alguma coisa que lhes desperta a curiosidade. Outros têm
início quando o educador apresenta um tema ou então quando o tema é escolhido por ambos.
O essencial da primeira fase do trabalho é criar uma base de trabalho comum a todos, a partir
das informações, ideias e experiências que elas já possuem sobre o tema. O papel do educador
é o de construir uma perspectiva comum sobre o assunto e formularem um conjunto de
questões que serão o fio condutor da sua investigação. Ele é também, nesta fase, fonte de
conselhos e opiniões.
A troca de experiências dá origem a uma avaliação dessas mesmas experiências, sobressaindo
para o grupo o que é que cada um tem e como representa/interpreta essa vivência.
A partir desta primeira fase, estão reunidas as condições para elaborar planos de investigação,
preparar visitas, propor actividades, convidar pessoas e formular uma série de perguntas
iniciais que encontrarão resposta nos resultados da investigação.
Na primeira fase é também altura de fazer pesquisas prévias que podem, mais tarde, dar
origem a outras.
A segunda fase caracteriza-se pelo objectivo de adquirir novas informações e conhecimentos
sobre os temas propostos. Nesta fase, é fundamental explorar novas fontes de informação
(convidados, imagens, textos, etc.), assimilar novos conhecimentos e identificar e rever
conceitos errados através da interacção com a informação disponível. Nesta fase, o papel do
educador é o de incentivar o uso independente das competências que as crianças já possuem.
Estas competências abrangem as áreas da comunicação, da expressão (plástica, musical,
artística, da leitura, do cálculo). Neste momento, cabe ao educador fortalecer e potenciar a
predisposição das crianças para a busca de informação profunda sobre o tema, por isso, cabelhe fornecer os materiais, sugestões e conselhos sobre formas adequadas de as crianças
representarem as suas ideias e descobertas.
Na terceira fase de um Projecto, é fundamental conclui-lo através do trabalho de grupo ou
individual e a fazer um resumo do que aprenderam. Nesta fase espera-se que as crianças
tenham em comum um entendimento mais completo e aprofundado sobre o tema do
projecto.
Nesse sentido, é necessário fazer uma descrição pormenorizada do percurso de aprendizagem
das crianças, para que o projecto represente para cada uma delas uma mais-valia e uma
experiência muito própria.
No contexto de um projecto as crianças geram e aperfeiçoam a sua compreensão em expansão
ao comunicarem com as outras, com o educador e com outros envolvidos.
Na primeira fase, os entendimentos anteriores são expressos e partilhados; na segunda fase é
testada a nova informação e na terceira fase é consolidada a nova informação e os novos
conhecimentos.
Os projectos de sucesso apresentam uma estrutura flexível com várias características
estruturais que são aplicadas ao longo do das três fases.
Para que os projectos correspondam aos interesses e às necessidades educativas das crianças,
existem cinco características que são fundamentais:
1. Discussão
2. Trabalho de campo
3. Investigação
4. Representação e
5. Apresentação.
Estas características do trabalho de projecto podem ajudar as crianças a ficarem altamente
motivadas, a sentirem-se activamente absorvidas pela sua aprendizagem e a produzirem um
trabalho de alta qualidade.

Discussão
A discussão pode ocorrer numa reunião com todo o grupo, com um pequeno grupo ou
apenas entre duas crianças. A discussão, num contexto de um projecto, implica as
crianças conversarem umas com as outras sem terem de recorrer ao educador de
infância entre cada intervenção. Deste modo aprendem a dialogar, a fazer perguntas, a
comentar ideias e a pedir esclarecimentos ou informações adicionais.

Trabalho de Campo
Pode ser considerado trabalho de campo qualquer actividade que decorra fora da sala
de actividades. Assim, as crianças dispõem de diversas fontes de informação para a sua
aprendizagem. As crianças adaptam-se perfeitamente a aprender através de
realidades complexas. Nesta característica, os envolvidos recolhem, seleccionam e
tornam as suas observações generalizáveis e comuns ao grupo.

Representação
Através da representação das suas experiências, conhecimentos prévios, dúvidas e
explicações de várias formas, utilizando estratégias diversificadas, as crianças podem
preparar pormenorizadamente a informação e o conhecimento que tencionam
partilhar. Nesta estrutura, a diversidade de propostas de expressão e representação
(dramatização, desenho, construção, escrita, organização de gráficos, etc.) permite
que as crianças desenvolvam competências sociais e aprendem a manusear
instrumentos científicos, de observação, de recolha de dados. Desenvolvem também
competências básicas de literacia, escrita, matemática e de formas variadas de
comunicação e expressão.

Investigação
Os projectos envolvem sempre algum tipo de pesquisa. Parte dessa pesquisa pode ser
feita através da experiência directa e de descobertas resultantes da observação.
Também as fontes de informação se vão alargando (livros, enciclopédias, internet,
museus, etc.) à medida que as crianças vão desenvolvendo novas competências. Esta
característica potencia o espírito crítico, aumenta a curiosidade e aponta novas linhas
de compreensão dos problemas em estudo.

Apresentação
No decorrer de um projecto, a gestão do trabalho baseia-se também na recolha dos
elementos do trabalho de grupo e individual em desenvolvimento e na sua
apresentação. A sua avaliação pode decorrer à medida que as diferentes informações
que vão sendo seleccionadas sejam expostas e, dessa forma, devolvam à investigação
novos caminhos e novas propostas de estratégias. A partilha e a disseminação de
informação constitui-se como base de aprendizagem/conhecimento que devolve ao
aprendente dados relacionados sobre o tema.

A oportunidade para se fazerem escolhas é uma característica geral importante do trabalho de
projecto. O interesse e o sentido de responsabilidade pelo trabalho produzido aumentam na
proporção directa das oportunidades para as crianças fazerem escolhas genuínas. O trabalho
de projecto proporciona às crianças oportunidades para tomarem decisões a vários níveis,
cada um deles com várias implicações pedagógicas.
As escolhas têm implicações nas aprendizagens na área cognitiva, estética, social, emocional e
moral e variam em importância, pois se algumas podem não ter efeito a longo prazo, outras há
que podem contribuir para o sucesso ou insucesso de um esforço importante.

Em conclusão
A metodologia de Trabalho de Projecto constitui uma estratégia de envolvimento das crianças
(nomeadamente as mais novas interagindo com as mais velhas), e coloca educador e criança
como parceiros. Com esta metodologia é evidente a promoção da comunicação, da interacção,
da cooperação, da partilha e da entreajuda no seio do grupo.
Também a abordagem sistémica e ecológica assente no pressuposto que o desenvolvimento
humano constitui um processo dinâmico de relação com o meio, em que o indivíduo é
influenciado mas também influencia o meio em que vive evidencia o Trabalho de Projecto
como um processo de descoberta/aprendizagem, que dinamiza novas motivações e interesses,
em que crianças e educadores se envolvem tendo como principais eixos de desenvolvimento o
estimulo ao desenvolvimento global da criança no respeito pelas suas características
individuais; o proporcionar à criança ocasiões de bem-estar e segurança, nomeadamente no
âmbito do compromisso individual e colectivo; o desenvolvimento da expressão e da
comunicação através de linguagem múltiplas como meio de relação, de informação, de
sensibilização estética e compreensão do mundo e o despertar da curiosidade e do espírito
crítico.
Também o fomentar a inserção da criança em grupos sociais diversos, no respeito pela
pluralidade das culturas favorecendo uma progressiva consciência como membro da
sociedade, a promoção do desenvolvimento pessoal e social com base na experiência de vida
democrática numa perspectiva de educação para a cidadania e a construção e a interiorização
de regras surgem como objectivos fundamentais da metodologia de Trabalho de Projecto.
Por último, avaliar o trabalho; comparar o que aprenderam com as questões iniciais; avaliar
intervenção dos vários elementos do grupo, a entre-ajuda, a qualidade das tarefas realizadas,
socializando o, tornando-o útil aos outros, é um dos pressupostos da metodologia.
Pelo exposto, pode dizer-se que, com recurso à Abordagem de Projecto, as crianças aprendem
a ser reflexivas, persistentes, abertas a ideias novas; aprendem a gostar de aprender,
desenvolvem a capacidade de imaginar, de prever, de explicar, de pesquisar, de inquirir.
Aprendem o valor do conflito cognitivo, levando à aceitação positiva de si próprias, aprendem
a estabelecer objectivos realistas, a aprender a partir de erros e dúvidas e a integrar
dinamicamente a frustração, a contradição, o desapontamento.
Por último, são Opções Pedagógicas Fundamentais a adequação ao Desenvolvimento das
crianças, a pedagogia da Acção e da Experiência, a abordagem globalizante, a motivação
intrínseca, a aprendizagem Significativa e o gosto por Aprender a Aprender.

Um Projecto de Trabalho
Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver do Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer,
Porque eu sou do tamanho do que vejo e não do tamanho da minha altura...
Fernando Pessoa

“Um dia, quando chegámos à sala, o Henrique estava a “conversar” com uma amiga pelo computador.
Depois nós ficámos ao pé dele e vimos a Cristina.
Ela é professora numa escola em Barcelos. Em Vilar do Monte.
Depois nós vimos, no computador, os meninos da sala dela, e também nos apresentámos. E vimos a Tita
Pumba, que é uma coelha branca que vive na escola deles.
Nós também mostrámos a Amarelinha, que é a nossa tartaruga.
Depois prometemos que lhe íamos escrever.
O Henrique, depois, perguntou-nos o que é que poderíamos mostrar aos meninos de Barcelos sobre a
Enxara do Bispo, e como nós já conhecemos o local onde andamos na escola, porque já fomos passear
muitas vezes, decidimos fazer um livro com fotografias para enviar para eles.
Primeiro fomos passear pela Enxara e ver as coisas. O Henrique deu-nos a máquina fotográfica para
tirarmos as fotografias. Vimos o Moinho, os Aerogeradores, a Junta de Freguesia, o Parque infantil e
mais coisas.
Depois, quando voltámos para a escola, fomos ver o que estava nas fotografias, falámos sobre o que
vimos e escrevemos no computador.
Também fomos à Junta de Freguesia para ir buscar um envelope para enviar as coisas para Barcelos pelo
correio, mas quando chegámos lá descobrimos que havia muitas coisas que falavam da Enxara do Bispo:
jornais, revistas, envelopes e outros papéis. Decidimos então que, em vez de levar um envelope,
levaríamos uma caixa especial para o correio. A Carina, que trabalha na junta, deu-nos uma caixa
grande.
Na escola, pusemos as coisas todas dentro da caixa, mas decidimos que ainda podíamos mandar-lhes
mais coisas. Escolhemos mandar também comida para a Tita Pumba, um moinho (porque há muitos na
Enxara do Bispo), as nossas fotografias e os nossos bonecos.
Pois, fizemos uns bonecos que somos nós, com a nossa cara em fotografia e com o corpo feito por nós…
Mas ainda pensámos que podíamos mandar mais coisas, e então decidimos fazer uma história para os
nossos amigos, que conhecemos um dia no computador… E para a Cristina, que é amiga do Henrique.
Do Reconto de uma Actividade

Como?
Considerando que a Educação Pré-Escolar é um processo, não é necessário definir, rigorosamente, o que
as crianças devem aprender. A progressão e a diferenciação das aprendizagens supõem que todas e
cada uma das crianças tenham ocasião de progredir a partir do nível em que se encontram, de acordo
com a sua história pessoal, competências inatas, disponibilidade e projecto pessoal.
A educação Pré-Escolar situa-se na continuidade de um processo que se iniciou com a família e/ou numa
instituição educativa, logo, com diferentes percursos, características, origens, as crianças (e famílias)
apresentam informação pertinente que deve ser gerida no sentido de promover, para o futuro, um bom
plano relacional (com a família e com a criança) mas também com a comunidade.
O espaço do meio envolvente (Comunidade), que se caracteriza por ser um espaço constante de
colaboração e partilha, potencia a criação de efectivas redes de parceria que objectivam um
desenvolvimento sustentado do espaço de implantação da Escola na Comunidade local, de onde se
destacam necessidade de intensa colaboração a vários níveis, designadamente com instituições e
empresas de zona, bem como na disponibilização de serviços e produtos por parte de algumas delas,
para actividades escolares e lectivas.
O trabalho sobre Cidadania obriga a recorrer a métodos pedagógicos por objectivos que tornem
operatórias as estratégias educativas. No fundo, trata-se de promover a aquisição de comportamentos e
atitudes através de uma metodologia em que a aprendizagem efectiva parta do conhecimento
emergente que advém da experimentação e da organização intelectual, por fases, características das
crianças em idade pré-escolar.

Que intencionalidade?
Na sequência da realização desta actividade, que se pautou por um enorme sucesso quer na motivação
acrescida junto dos alunos, quer no envolvimento destes na actividade, quer ainda do espaço de
produção de acções conjunturais que se desenrolaram num espaço mais "comum" das actividades do
jardim de infância (produção de registos, reflexões e debates, troca de correspondência entre os jardins
de infância, etc.), é fundamental destacar o espaço de valorização das linguagens e dos instrumentos
(neste caso específico da linguagens tecnológicas) bem como fazer uma reflexão sobre os meios
técnicos e tecnológicos de comunicação e informação. Há ainda a destacar as questões associadas ao
processo de planeamento e execução da actividade, que envolve um conjunto alargado de
competências operacionais. Nesta actividade, de forte interesse educativo e pedagógico, as actividades
complementares constituíram-se como espaços de promoção cívica, bem como de interpretação e
valorização do meio próximo. Ao elaborar um registo escrito, utilizando diversas linguagens (expressão
plástica, fotografia, etc.) aumentam-se as experiências pedagógicas positivas, bem como se promovem
reflexões muito interessantes sobre as diferenças e sobre o espaço de desenvolvimento local. Por outro
lado, a organização da informação pertinente num formato específico (livro), abre a porta à valorização
de outras actividades-experiência, nomeadamente no campo da promoção da leitura e dos livros.

Que avaliação?
Neste projecto, foi intenção promover um conjunto de competências mobilizadoras nas crianças, como
por exemplo, proporcionar-lhes a capacidade de (re)conhecer e identificar o seu contexto de vida e de
relação pessoal e social, saber comunicar e criar situações de comunicação, reconhecer e identificar
elementos espácio-temporais que se referem a acontecimentos e factos actuais, sabendo correlacionálos com acontecimentos passados, posicionar-se, de forma consciente na dinâmica grupal de forma a
aumentar o conhecimento e a consciência social e compreender as razões de existência de diferenças e
a sua relação com o comportamento humano, entre outros.
Nesse sentido, foi fundamental que o ambiente educativo fosse organizado para que as características
de cada criança tivessem sido valorizadas e possam ter sido objecto de estimulação específica. A criação
de motivação exógena à sala de actividades, o reconhecimento e contextualização do meio e a utilização
de estratégias diversificadas, que sustentam a experimentação e a aquisição de competências, tornam
distintivo o espaço da educação Pré-Escolar e valorizam a intencionalidade educativa proposta pela sua
frequência.

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Abordagem de projecto como construtora de competências sociais e relacionais espanha nov 2010

  • 1. A Abordagem de Projecto como metodologia construtora de Competências Sociais e Relacionais Henrique Santos Projecto Do Latim: “projicere” - lançar em frente “imagem de uma situação ou estádio que se pretende atingir” (dicionário) “esboço de futuro” “afirmação do ser humano pela acção” (Sartre: 1960) A Abordagem de Projecto em Educação de Infância O Trabalho de Projecto, em termos de metodologia, define-se como um processo de descoberta a partir de uma questão ou situação problematizada. Para a sua resolução recorrese a todas as áreas de conteúdo e a diferentes domínios, permitindo uma abordagem globalizante e interdisciplinar. Para obter respostas cada vez mais elaboradas na sua pesquisa, ou estudo em profundidade, a criança investiga, observa o real, planifica, toma decisões, realizando várias actividades em todas as fases do processo que lhe solicitam a aprendizagem de várias competências. É um método dinâmico em que a criança e os seus pares, juntamente com o educador e outros parceiros envolvidos, aprendem e ensinam. O que se tem considerado como trabalho de projecto tem vindo a ser interpretado de modos diversos devido a distintas perspectivas: - O desenvolvimento de temas que o educador propõe às crianças e que orienta todo o processo – modelo directivo - O desenvolvimento de um projecto que emerge das propostas das crianças e da sua manifestação de interesses – modelo centrado na criança - O desenvolvimento de um projecto em que existe uma negociação entre as propostas do educador e das crianças – modelo interactivo ou construtivista Considerando esta última perspectiva, em que existe poder de decisão das crianças, e em que está definido o modo de participação das crianças e do educador, estamos perante o conceito de trabalho de projecto com finalidades educativas, em que o seu processo de construção progressivo e flexível, assente num percurso cujas fases, embora intimamente interligadas, dão resposta às questões colocadas.
  • 2. Através do diálogo, trocando ideias, formulando questões, levantando hipóteses, as crianças definem as etapas que julgam necessárias para realizar o trabalho. O educador proporciona recursos variados, mobiliza a comunicação, ajuda a criança ou o grupo a desenvolver a iniciativa, a estruturar os conhecimentos, a especificar os seus planos, a organizar o pensamento e todas as formas de comunicação (linguagens múltiplas). A metodologia de Trabalho de Projecto para além de integrar os interesses e motivações das crianças, os seus saberes e experiências, pressupõe o exercício de cooperação, de partilha e de entreajuda na interacção educativa. Permite o envolvimento de todos na concretização de um objectivo – crianças, educadores, famílias e comunidade, facilitando a permuta constante entre a escola e o meio e o trabalho de cooperação entre docentes. O desenvolvimento de projectos é factor de colaboração entre educadores e professores, contribuindo para um maior conhecimento das práticas de uns e de outros e facilitando, deste modo, uma maior articulação entre o pré-escolar e os ciclos seguintes. Uma das consequências mais importantes da realização de Projectos é que as crianças, para além dos conhecimentos sobre determinado tópico, desenvolvem competências, predisposições e sentimentos, aprendem a aprender, através do processo vivido, tornando-o progressivamente mais competentes em conceber, planear, desenvolver, avaliar e comunicar projectos. Como “construir” um Projecto? Os projectos assemelham-se à estrutura de uma boa história, com princípio, meio e fim. Estes elementos estruturais definem-se como as três fases principais de um projecto. Um projecto pode começar de várias formas. Alguns começam quando uma ou mais crianças de um grupo mostram interesse por alguma coisa que lhes desperta a curiosidade. Outros têm início quando o educador apresenta um tema ou então quando o tema é escolhido por ambos. O essencial da primeira fase do trabalho é criar uma base de trabalho comum a todos, a partir das informações, ideias e experiências que elas já possuem sobre o tema. O papel do educador é o de construir uma perspectiva comum sobre o assunto e formularem um conjunto de questões que serão o fio condutor da sua investigação. Ele é também, nesta fase, fonte de conselhos e opiniões. A troca de experiências dá origem a uma avaliação dessas mesmas experiências, sobressaindo para o grupo o que é que cada um tem e como representa/interpreta essa vivência. A partir desta primeira fase, estão reunidas as condições para elaborar planos de investigação, preparar visitas, propor actividades, convidar pessoas e formular uma série de perguntas iniciais que encontrarão resposta nos resultados da investigação.
  • 3. Na primeira fase é também altura de fazer pesquisas prévias que podem, mais tarde, dar origem a outras. A segunda fase caracteriza-se pelo objectivo de adquirir novas informações e conhecimentos sobre os temas propostos. Nesta fase, é fundamental explorar novas fontes de informação (convidados, imagens, textos, etc.), assimilar novos conhecimentos e identificar e rever conceitos errados através da interacção com a informação disponível. Nesta fase, o papel do educador é o de incentivar o uso independente das competências que as crianças já possuem. Estas competências abrangem as áreas da comunicação, da expressão (plástica, musical, artística, da leitura, do cálculo). Neste momento, cabe ao educador fortalecer e potenciar a predisposição das crianças para a busca de informação profunda sobre o tema, por isso, cabelhe fornecer os materiais, sugestões e conselhos sobre formas adequadas de as crianças representarem as suas ideias e descobertas. Na terceira fase de um Projecto, é fundamental conclui-lo através do trabalho de grupo ou individual e a fazer um resumo do que aprenderam. Nesta fase espera-se que as crianças tenham em comum um entendimento mais completo e aprofundado sobre o tema do projecto. Nesse sentido, é necessário fazer uma descrição pormenorizada do percurso de aprendizagem das crianças, para que o projecto represente para cada uma delas uma mais-valia e uma experiência muito própria. No contexto de um projecto as crianças geram e aperfeiçoam a sua compreensão em expansão ao comunicarem com as outras, com o educador e com outros envolvidos. Na primeira fase, os entendimentos anteriores são expressos e partilhados; na segunda fase é testada a nova informação e na terceira fase é consolidada a nova informação e os novos conhecimentos. Os projectos de sucesso apresentam uma estrutura flexível com várias características estruturais que são aplicadas ao longo do das três fases. Para que os projectos correspondam aos interesses e às necessidades educativas das crianças, existem cinco características que são fundamentais: 1. Discussão 2. Trabalho de campo 3. Investigação 4. Representação e 5. Apresentação.
  • 4. Estas características do trabalho de projecto podem ajudar as crianças a ficarem altamente motivadas, a sentirem-se activamente absorvidas pela sua aprendizagem e a produzirem um trabalho de alta qualidade. Discussão A discussão pode ocorrer numa reunião com todo o grupo, com um pequeno grupo ou apenas entre duas crianças. A discussão, num contexto de um projecto, implica as crianças conversarem umas com as outras sem terem de recorrer ao educador de infância entre cada intervenção. Deste modo aprendem a dialogar, a fazer perguntas, a comentar ideias e a pedir esclarecimentos ou informações adicionais. Trabalho de Campo Pode ser considerado trabalho de campo qualquer actividade que decorra fora da sala de actividades. Assim, as crianças dispõem de diversas fontes de informação para a sua aprendizagem. As crianças adaptam-se perfeitamente a aprender através de realidades complexas. Nesta característica, os envolvidos recolhem, seleccionam e tornam as suas observações generalizáveis e comuns ao grupo. Representação Através da representação das suas experiências, conhecimentos prévios, dúvidas e explicações de várias formas, utilizando estratégias diversificadas, as crianças podem preparar pormenorizadamente a informação e o conhecimento que tencionam partilhar. Nesta estrutura, a diversidade de propostas de expressão e representação (dramatização, desenho, construção, escrita, organização de gráficos, etc.) permite que as crianças desenvolvam competências sociais e aprendem a manusear instrumentos científicos, de observação, de recolha de dados. Desenvolvem também competências básicas de literacia, escrita, matemática e de formas variadas de comunicação e expressão. Investigação Os projectos envolvem sempre algum tipo de pesquisa. Parte dessa pesquisa pode ser feita através da experiência directa e de descobertas resultantes da observação. Também as fontes de informação se vão alargando (livros, enciclopédias, internet, museus, etc.) à medida que as crianças vão desenvolvendo novas competências. Esta
  • 5. característica potencia o espírito crítico, aumenta a curiosidade e aponta novas linhas de compreensão dos problemas em estudo. Apresentação No decorrer de um projecto, a gestão do trabalho baseia-se também na recolha dos elementos do trabalho de grupo e individual em desenvolvimento e na sua apresentação. A sua avaliação pode decorrer à medida que as diferentes informações que vão sendo seleccionadas sejam expostas e, dessa forma, devolvam à investigação novos caminhos e novas propostas de estratégias. A partilha e a disseminação de informação constitui-se como base de aprendizagem/conhecimento que devolve ao aprendente dados relacionados sobre o tema. A oportunidade para se fazerem escolhas é uma característica geral importante do trabalho de projecto. O interesse e o sentido de responsabilidade pelo trabalho produzido aumentam na proporção directa das oportunidades para as crianças fazerem escolhas genuínas. O trabalho de projecto proporciona às crianças oportunidades para tomarem decisões a vários níveis, cada um deles com várias implicações pedagógicas. As escolhas têm implicações nas aprendizagens na área cognitiva, estética, social, emocional e moral e variam em importância, pois se algumas podem não ter efeito a longo prazo, outras há que podem contribuir para o sucesso ou insucesso de um esforço importante. Em conclusão A metodologia de Trabalho de Projecto constitui uma estratégia de envolvimento das crianças (nomeadamente as mais novas interagindo com as mais velhas), e coloca educador e criança como parceiros. Com esta metodologia é evidente a promoção da comunicação, da interacção, da cooperação, da partilha e da entreajuda no seio do grupo. Também a abordagem sistémica e ecológica assente no pressuposto que o desenvolvimento humano constitui um processo dinâmico de relação com o meio, em que o indivíduo é influenciado mas também influencia o meio em que vive evidencia o Trabalho de Projecto como um processo de descoberta/aprendizagem, que dinamiza novas motivações e interesses, em que crianças e educadores se envolvem tendo como principais eixos de desenvolvimento o estimulo ao desenvolvimento global da criança no respeito pelas suas características individuais; o proporcionar à criança ocasiões de bem-estar e segurança, nomeadamente no âmbito do compromisso individual e colectivo; o desenvolvimento da expressão e da comunicação através de linguagem múltiplas como meio de relação, de informação, de
  • 6. sensibilização estética e compreensão do mundo e o despertar da curiosidade e do espírito crítico. Também o fomentar a inserção da criança em grupos sociais diversos, no respeito pela pluralidade das culturas favorecendo uma progressiva consciência como membro da sociedade, a promoção do desenvolvimento pessoal e social com base na experiência de vida democrática numa perspectiva de educação para a cidadania e a construção e a interiorização de regras surgem como objectivos fundamentais da metodologia de Trabalho de Projecto. Por último, avaliar o trabalho; comparar o que aprenderam com as questões iniciais; avaliar intervenção dos vários elementos do grupo, a entre-ajuda, a qualidade das tarefas realizadas, socializando o, tornando-o útil aos outros, é um dos pressupostos da metodologia. Pelo exposto, pode dizer-se que, com recurso à Abordagem de Projecto, as crianças aprendem a ser reflexivas, persistentes, abertas a ideias novas; aprendem a gostar de aprender, desenvolvem a capacidade de imaginar, de prever, de explicar, de pesquisar, de inquirir. Aprendem o valor do conflito cognitivo, levando à aceitação positiva de si próprias, aprendem a estabelecer objectivos realistas, a aprender a partir de erros e dúvidas e a integrar dinamicamente a frustração, a contradição, o desapontamento. Por último, são Opções Pedagógicas Fundamentais a adequação ao Desenvolvimento das crianças, a pedagogia da Acção e da Experiência, a abordagem globalizante, a motivação intrínseca, a aprendizagem Significativa e o gosto por Aprender a Aprender. Um Projecto de Trabalho Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver do Universo... Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer, Porque eu sou do tamanho do que vejo e não do tamanho da minha altura... Fernando Pessoa “Um dia, quando chegámos à sala, o Henrique estava a “conversar” com uma amiga pelo computador. Depois nós ficámos ao pé dele e vimos a Cristina. Ela é professora numa escola em Barcelos. Em Vilar do Monte. Depois nós vimos, no computador, os meninos da sala dela, e também nos apresentámos. E vimos a Tita Pumba, que é uma coelha branca que vive na escola deles. Nós também mostrámos a Amarelinha, que é a nossa tartaruga. Depois prometemos que lhe íamos escrever.
  • 7. O Henrique, depois, perguntou-nos o que é que poderíamos mostrar aos meninos de Barcelos sobre a Enxara do Bispo, e como nós já conhecemos o local onde andamos na escola, porque já fomos passear muitas vezes, decidimos fazer um livro com fotografias para enviar para eles. Primeiro fomos passear pela Enxara e ver as coisas. O Henrique deu-nos a máquina fotográfica para tirarmos as fotografias. Vimos o Moinho, os Aerogeradores, a Junta de Freguesia, o Parque infantil e mais coisas. Depois, quando voltámos para a escola, fomos ver o que estava nas fotografias, falámos sobre o que vimos e escrevemos no computador. Também fomos à Junta de Freguesia para ir buscar um envelope para enviar as coisas para Barcelos pelo correio, mas quando chegámos lá descobrimos que havia muitas coisas que falavam da Enxara do Bispo: jornais, revistas, envelopes e outros papéis. Decidimos então que, em vez de levar um envelope, levaríamos uma caixa especial para o correio. A Carina, que trabalha na junta, deu-nos uma caixa grande. Na escola, pusemos as coisas todas dentro da caixa, mas decidimos que ainda podíamos mandar-lhes mais coisas. Escolhemos mandar também comida para a Tita Pumba, um moinho (porque há muitos na Enxara do Bispo), as nossas fotografias e os nossos bonecos. Pois, fizemos uns bonecos que somos nós, com a nossa cara em fotografia e com o corpo feito por nós… Mas ainda pensámos que podíamos mandar mais coisas, e então decidimos fazer uma história para os nossos amigos, que conhecemos um dia no computador… E para a Cristina, que é amiga do Henrique. Do Reconto de uma Actividade Como? Considerando que a Educação Pré-Escolar é um processo, não é necessário definir, rigorosamente, o que as crianças devem aprender. A progressão e a diferenciação das aprendizagens supõem que todas e cada uma das crianças tenham ocasião de progredir a partir do nível em que se encontram, de acordo com a sua história pessoal, competências inatas, disponibilidade e projecto pessoal. A educação Pré-Escolar situa-se na continuidade de um processo que se iniciou com a família e/ou numa instituição educativa, logo, com diferentes percursos, características, origens, as crianças (e famílias) apresentam informação pertinente que deve ser gerida no sentido de promover, para o futuro, um bom plano relacional (com a família e com a criança) mas também com a comunidade. O espaço do meio envolvente (Comunidade), que se caracteriza por ser um espaço constante de colaboração e partilha, potencia a criação de efectivas redes de parceria que objectivam um desenvolvimento sustentado do espaço de implantação da Escola na Comunidade local, de onde se destacam necessidade de intensa colaboração a vários níveis, designadamente com instituições e empresas de zona, bem como na disponibilização de serviços e produtos por parte de algumas delas, para actividades escolares e lectivas. O trabalho sobre Cidadania obriga a recorrer a métodos pedagógicos por objectivos que tornem operatórias as estratégias educativas. No fundo, trata-se de promover a aquisição de comportamentos e
  • 8. atitudes através de uma metodologia em que a aprendizagem efectiva parta do conhecimento emergente que advém da experimentação e da organização intelectual, por fases, características das crianças em idade pré-escolar. Que intencionalidade? Na sequência da realização desta actividade, que se pautou por um enorme sucesso quer na motivação acrescida junto dos alunos, quer no envolvimento destes na actividade, quer ainda do espaço de produção de acções conjunturais que se desenrolaram num espaço mais "comum" das actividades do jardim de infância (produção de registos, reflexões e debates, troca de correspondência entre os jardins de infância, etc.), é fundamental destacar o espaço de valorização das linguagens e dos instrumentos (neste caso específico da linguagens tecnológicas) bem como fazer uma reflexão sobre os meios técnicos e tecnológicos de comunicação e informação. Há ainda a destacar as questões associadas ao processo de planeamento e execução da actividade, que envolve um conjunto alargado de competências operacionais. Nesta actividade, de forte interesse educativo e pedagógico, as actividades complementares constituíram-se como espaços de promoção cívica, bem como de interpretação e valorização do meio próximo. Ao elaborar um registo escrito, utilizando diversas linguagens (expressão plástica, fotografia, etc.) aumentam-se as experiências pedagógicas positivas, bem como se promovem reflexões muito interessantes sobre as diferenças e sobre o espaço de desenvolvimento local. Por outro lado, a organização da informação pertinente num formato específico (livro), abre a porta à valorização de outras actividades-experiência, nomeadamente no campo da promoção da leitura e dos livros. Que avaliação? Neste projecto, foi intenção promover um conjunto de competências mobilizadoras nas crianças, como por exemplo, proporcionar-lhes a capacidade de (re)conhecer e identificar o seu contexto de vida e de relação pessoal e social, saber comunicar e criar situações de comunicação, reconhecer e identificar elementos espácio-temporais que se referem a acontecimentos e factos actuais, sabendo correlacionálos com acontecimentos passados, posicionar-se, de forma consciente na dinâmica grupal de forma a aumentar o conhecimento e a consciência social e compreender as razões de existência de diferenças e a sua relação com o comportamento humano, entre outros. Nesse sentido, foi fundamental que o ambiente educativo fosse organizado para que as características de cada criança tivessem sido valorizadas e possam ter sido objecto de estimulação específica. A criação de motivação exógena à sala de actividades, o reconhecimento e contextualização do meio e a utilização de estratégias diversificadas, que sustentam a experimentação e a aquisição de competências, tornam distintivo o espaço da educação Pré-Escolar e valorizam a intencionalidade educativa proposta pela sua frequência.