SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 25
Capítulo 25 
Explicação conceitual na era da Internet – o caso da interatividade política 
S. Shyam Sundar / Saraswathi Bellur 
A pesquisa em comunicação de massa como um esforço acadêmico se tornou 
mais forte na última década do século XX, impulsionada por um interesse no uso e nos 
efeitos do jornal impresso e da televisão – as duas mídias dominantes da época. Não é 
de admirar, portanto, que a maioria dos conceitos na literatura existente é explicada e 
teorizada de um modo que reflete o tradicional paradigma do efeito da mídia: um meio 
poderoso e centralizado que é recebido por uma audiência geralmente passiva. Os 
pesquisadores tendem a caracterizar o que a mídia oferece em termos de conteúdo (ex: 
novidades x entretenimento; notícias nacionais x notícias locais) e a audiência em 
relação ao uso que as pessoas fazem da mídia. A audiência foi particularmente 
explicada pelos pesquisadores de acordo com a “exposição” e a “atenção” (McLeod e 
Pan, 2005) de forma a conceber medidas para entender o engajamento da audiência e 
os assuntos públicos oferecidos pela mídia (Chaffee e Schleuder, 1986). 
Quando a Internet se tornou o principal veículo de comunicação de massa na 
década de 1990, muitos pesquisadores importaram essas medidas diretamente para o 
contexto do novo meio. Em grandes pesquisas conduzidas pelo Pew Charitable Trusts 
eram utilizadas questões muito simples para medir o uso da Internet, tais como: "Você 
utiliza a Internet para procurar por notícias e informações sobre a política das próximas 
campanhas?”. Algumas pesquisas mais recentes conseguiram alcançar uma maior 
precisão ao questionar o entrevistado se este lê blogs ou visita quadros de avisos 
quando está online. Mas, a ênfase geral dessas pesquisas é a "leitura" na Internet. 
Sendo assim, muitos pesquisadores parecem assumir que a simples exposição a alguns 
pontos da internet que distribuem informações públicas – sites, blogs, ferramentas de 
busca – é um indicador de que há uma variedade de efeitos sociais e de comportamento 
que levam do conhecimento político ao engajamento civil. Um surto de modelos lineares 
e modelagens estruturais de equações destorce a visão de alguns pesquisadores de 
comunicação que acreditam que a soma das algumas variáveis importantes da mídia e 
os efeitos psicológicos na audiência fazem com que exista equação de causa e efeito. 
Impulsionados por uma questão maior sobre a influência da Internet na 
democracia, alguns pesquisadores em comunicação procuraram medir o papel deste 
meio na determinação de algumas variáveis como a deliberação e a decisão de voto. 
Medidas de auto-relato sobre o "uso da Internet" têm sido usadas para testar os 
argumentos sobre os efeitos utópicos e distópicos (DiMaggio, Hargittai, Neuman, e 
Robinson, 2001; Foot & Schneider, 2002; Hacker, 1996; Stromer-Galley & Pé, 2002) da
Internet. Ao longo dos anos, essas medidas produziram dados que suportam ambas as 
afirmações (Howcroft, 1999; Katz & Rice, 2002), o que levanta questões sobre a sua 
validade de mensuração. 
Existem dois problemas ao conceituar a Internet desta maneira. Em primeiro lugar, 
pesquisar sobre o “uso da Internet” é assumir que os usuários podem claramente fazer 
a diferenciação entre a Internet e outras fontes de obtenção de notícias sobre assuntos 
públicos – o que não é tão nítido nos dias atuais e na era da convergência da mídia 
onde os conteúdos online se convergem com as mídias tradicionais bem como com 
fontes interpessoais. Por exemplo, muitos usuários que estão on-line assistem ao 
noticiário na TV a cabo enquanto visitam sites de notícias e leem jornais (nacionais e 
locais) enviados por email. Portanto, é improvável que “a Internet” seja uma fonte 
facilmente distinguida psicologicamente, como é evidente no fenômeno descrito por 
Sundar (1998) do “Eu li isso em algum lugar”. Em segundo lugar, a Internet como uma 
fonte de mídia não é tão monolítica quanto a mídia tradicional – não apenas porque 
existem muito mais canais de informação (o que seria análogo a variedade em jornais 
e TV), mas porque existem muitas camadas de fonte intrínsecas ao meio (websites, 
blogs, email, bots, outros usuários) que são conhecidos por afetar a percepção dos 
usuários sobre a informação (Sundar e Nass, 2001). Sendo assim, os indivíduos podem 
não conseguir enxergar a Internet como uma outra fonte de mídia já que há diferentes 
fontes de informação durante o uso desse meio. 
AFFORDANCE, NÃO “USO” 
Uma solução para o problema de conceituar a internet como uma fonte monolítica 
é fragmentar o conceito de “uso da Internet” em “uso de diferentes destinos na internet”, 
sendo os destinos os blogs, bulletin-boards, sites, entre outros. Mas, isso implicaria em 
uma certa uniformidade de conteúdo dentro de um determinado veículo. Graças ao 
surgimento da Web 2.0 e a geração generalizada de conteúdo por usuários não é mais 
possível assegurar essa suposição. Nos meios tradicionais a tarefa foi realizada por 
profissionais que faziam o gatekeeping no jornalismo e que colocaram regras em toda 
a indústria de escrita, elaboração de relatórios, e edição, levando a certo grau de 
uniformidade do conteúdo. Na Internet, gatekeeping não é um privilégio realizado por 
alguns, mas uma “AFFORDANCE” disponível para muitos. 
De fato essa noção de affordance permeia todos os aspectos da Internet. O 
conceito de “uso da Internet” pode ser um indicador do nível de como as “affordances” 
oferecidas pelo meio são utilizadas. O conceito de affordances está enraizado na 
psicologia da percepção, com Gibson (1977, 1986) argumentando que estímulos visuais
em nosso ambiente sugerem como interagir com ele, por exemplo, uma cadeira convida 
o usuário a sentar-se, a forma redonda de um softball implica que este objeto é para 
jogar ou pegar, e assim por diante. Gibson viu as affordances como "propriedades 
acionáveis entre o mundo e um ator" (Norman, 1999, p. 39). Por exemplo, blogs 
proporcionam a leitura sobre assuntos e opiniões públicas do mesmo modo que um 
jornal. Além disso, eles proporcionam a possibilidade de navegar por mensagens 
arquivadas, comentar sobre o post de alguém, relacionar isso com outras fontes on-line 
de informação, convidar outros "leitores" de blogs on-line que possuem pensamento 
similar, e assim por diante. 
Dada a grande variedade de ações do usuário possibilitadas pelas novas 
affordances da Internet, o conceito de "uso" deve ser expandido. De modo mais geral, 
enquanto o uso da mídia tradicional significa “folhear conteúdo” produzido pelos meios 
de comunicação, o uso da Internet deve ser entendido como referindo-se às maneiras 
que os entrevistados se envolvem com as características do meio. Ou seja, o uso da 
mídia tradicional é orientado pelo conteúdo enquanto o uso da Internet é orientado pela 
affordance. 
Desse modo, nós recomendamos conceituar o uso da Internet em termos de 
affordances relevantes. Nós dizemos “relevantes” porque diferentes affordances serão 
relevantes para diferentes contextos de estudo. Por exemplo, um estudo que explora o 
papel dos blogs na comunicação política pode definir o uso em relação à leitura do blog 
pelo usuário, à leitura de comentários do blog, à inserção em debates, à postagem de 
comentários pelo usuário, e assim por diante. Estas características proporcionam 
funções diferentes e a sua utilização pode prever o grau de envolvimento dos usuários 
dentro da blogosfera. Um conjunto de características semelhantes podem ser 
combinadas para formar affordances de ordem superior, como affordances de reforço 
de agência e de affordances de construção de comunidade (Stavrositu & Sundar, 2008). 
Alternativamente, um estudo que explore o impacto de um site de um candidato pode 
estar interessado no nível em que a arquitetura do site proporciona uma exploração 
satisfatória das ações e conquistas de tal candidato pelo usuário. Nesse caso a 
affordance de navegabilidade seria mais relevante do que naqueles estudos que 
discutem o contexto de blogs. Por exemplo, quando Bucy e Affe (2006) investigaram se 
os jornais online levavam ao engajamento e envolvimento político eles examinaram a 
chamada “affordance civil” (p. 236) ao contabilizar as várias oportunidades para a 
interação do usuário e descobriram que aproximadamente 2/3 dos sites de jornais 
metropolitanos ofereciam algum tipo de interação entre o usuário e o sistema e quase 
metade ofereciam oportunidades para interação humana (ver Stromer-Galley, 2000).
AS DUAS FACES DAS AFFORDANCES 
De acordo com Gibson (1986), a mera existência de um recurso tecnológico em 
um meio não o torna um affordance. Para se qualificar como um affordance um 
determinado recurso tem de ser relevante para o usuário e visualmente sugestivo da 
utilização pretendida e / ou de outras ações. A maioria das tecnologias modernas carece 
de uniformidade na sua utilização. Elas têm usos diferentes para diferentes finalidades 
e usuários. Como Holbert (2004) aponta, cada indivíduo desenvolve o "esquema 
sensório-motor específico médio" único (p. 112) com base não só nas características 
físicas do meio, mas também sobre o uso que se faz do meio e o perfil psicológico em 
relação aos outros. Tais esquemas são feitos para influenciar os significados que 
usuários extraem do meio. Mas, mais fundamentalmente, eles podem moldar a posição 
do usuário em relação à tecnologia. A forma como os usuários se relacionam com a 
affordance pode depender muito de como eles a percebem (Sundar, 2008b). 
Pesquisadores que estudam a interação humano-computador como Norman (1999) 
afirmam que uma affordance é uma possibilidade de ação percebida pelo usuário e, 
portanto, existe na "interação" entre a tecnologia e tal usuário. No entanto, Gibson 
(1986) percebe as affordances como um relacionamento entre o ambiente e a pessoa, 
ele ainda afirma que affordances poderia objetivamente existir sem ser visível ou 
consciente para um usuário e, como resultado possuem pouco valor funcional. Norman 
(1999) sugere uma separação entre "affordances reais" (propriedades invariantes do 
sistema) e "affordances percebidas" (o que o usuário percebe ser possível fazer com o 
sistema) na concepção de produtos e interfaces. 
Para o pesquisador positivista, isso representa um desafio em termos de 
localização de um determinado affordance. Ele pertence ao meio ou ao usuário? O 
"debate sobre a interatividade" entre aqueles que defendem a abordagem estrutural e 
aqueles que seguem a abordagem perceptiva é um bom exemplo desse problema 
conceitual. Bucy (2004) prefere uma definição subjetiva da interatividade centrada no 
usuário ao invés de uma definição tecnológica objetiva, deste modo é possível 
variabilidade entre os usuários em sua experiência com a affordance. Já Sundar (2004) 
afirma que a experiência de interatividade é um efeito comportamental, não é uma 
característica definidora, e que, a fim de construir conhecimento sobre os efeitos da 
mídia, seria preciso variar atributos da tecnologia ao invés de meramente observar 
variações de percepção entre os usuários. 
De certa forma, esta é a diferença entre o potencial de uma affordance e 
realização de uma affordance. O primeiro é oferecido pela tecnologia do meio enquanto 
que a última é responsabilidade do usuário. A melhor maneira de explicar estes dois
aspectos de affordances é tratá-los como conceitos distintos – "interatividade disponível" 
e "interatividade percebida", por exemplo. A interatividade disponível é ontológica na 
medida em que ela existe na interface da mídia e pode ser manipulada em experiências 
para resultar em valores ordinais (por exemplo, baixa, média e alta), enquanto a 
interatividade percebida é psicológica, medida em escalas contínuas por meio de 
questionários de auto-relato administrados para os usuários da interface da mídia em 
questão. 
Como Tao e Bucy (2007) observaram, os estímulos de mídia empregados na 
pesquisa experimental recaem sobre duas categorias de variáveis: atributos de mídia 
(ou características inerentes da mensagem) e estados psicológicos (por exemplo, 
emoções, percepções, cognições, avaliações). Os autores tratam a primeira categoria 
como variáveis independentes e a última como variáveis mediadoras. Em um 
experimento que manipulou a interatividade como um atributo de mídia, os autores 
descobriram que a existência de tarefas interativas em um site de notícias dava 
credibilidade ao site, e esse efeito foi totalmente medido pela interatividade percebida 
(o estado psicológico foi medido por pontos de um a cinco em um único item de medida 
do auto-relato da interatividade experimentada pelo usuário). Song e Bucy (2007, p. 32) 
fizeram uma distinção conceitual e operacional entre os aspectos objetivos de 
interatividade embutidos em sistemas de mídia e os aspectos perceptíveis da 
interatividade, que é psicologicamente realizado e experimentado pelos usuários. Eles 
descobriram que a interatividade percebida mediava o efeito da interatividade objetiva 
em um site para governador em relação à atitude para com o site, ao conteúdo, e ao 
patrocinador político (candidato) do site. Tais resultados demonstram empiricamente a 
importância de levar em conta tanto os aspectos ontológicos como os aspectos 
psicológicos das affordances da mídia. 
PERCEPÇÃO NÃO SIGINIFICA USO 
Devemos reconhecer, no entanto, que o lado perceptivo de affordances não é 
sempre responsabilidade do usuário. Por exemplo, os entrevistados no estudo acima 
mencionado podem produzir altas pontuações nas medidas sobre interatividade 
percebida mesmo sem realmente experimentar os recursos de interatividade 
incorporados ao site. Às vezes, a existência de uma affordance é sugestiva. Por 
exemplo, recursos de interatividade que exigem interação do usuário podem levar a uma 
percepção de que este é um site de "frio" (ou seja, ele exige elevado envolvimento dos 
usuários), mesmo que o usuário tenha chegado a esse site por uma mídia “quente” 
(McLuhan, 1964) durante uma navegação casual. Da mesma forma, um site que tem
muitos recursos multimídia pode dar aos usuários a impressão de que ele está cheio de 
"mídia rica" por causa da promessa de estender a “percepção de banda larga” (Reeves 
e Nass, 2000) e não porque o usuário efetivamente fez o download do vídeo ou operou 
a câmera em tempo real disponível no site. Para citar McLuhan (1964), podemos dizer 
que "affordances da mídia são a mensagem” porque elas alteram nossas percepções 
sobre a natureza da atividade do usuário oferecidas pelo meio. 
Essas percepções podem levar diretamente tanto a respostas avaliativas nos 
questionários de pesquisa ou servir para enquadrar as formas em que o usuário se 
engaja ao meio. Neste último caso, a percepção dos usuários cresce independente de 
seu uso real do affordance em questão. Desde modo é feito um teste com as affordances 
e seu desempenho pode influenciar percepções. Por exemplo, um alto nível de recurso 
interativo em um site, digamos, uma visão de 360 graus da convenção do Partido 
Democrada, pode ser percebido como mais interativa (ou user friendly) em uma Internet 
de alto velocidade em banda larga do que na conexão mais lenta. Tais percepções são 
baseadas no efetivo uso da affordance, e não simplesmente na sua existência. 
Em suma, a funcionalidade oferecida por uma affordance pode ser 
psicologicamente significativa, não apenas em sua operação real (avaliada pelos 
entrevistados com base em seu uso real da funcionalidade), mas também por sua 
simples presença. A forma como o recurso é comercializado para os usuários e a 
realização cognitiva de seu potencial poderia muito bem causar impressões positivas 
sobre a affordance. Por isso, recomendamos que seja feita a distinção entre as 
percepções decorrentes da utilização efetiva contra aqueles baseados em significados 
ligados à mera existência de uma affordance. Por exemplo, alguns itens do questionário 
poderiam ser projetados para discriminar entre: "Você notou a existência da função de 
chat no site?" e "Você usou o recurso de bate-papo?", Ou mesmo "Você bateu papo 
com outros eleitores do candidato pelo site?”. 
O USO DA INTERNET PERCENTE A QUE LUGAR? 
Todas estas dicotomias que envolvem as affordances (ontológicas x psicológicas; 
uso x percepção) trazem à tona a verdadeira natureza interativa dos meios de 
comunicação baseados na web. Ao contrário da mídia tradicional na qual conceito de 
"uso" foi principalmente ligado ao público, na internet o uso diz respeito tanto ao meio 
quando à audiência. Na verdade, algo pode ser feito para o envolvimento de outros 
elementos de modelos tradicionais de comunicação tradicionais, tais como a fonte e 
mensagem. Por exemplo, Sundar e Nass (2001) demonstraram como a ação de 
affordance da mídia baseada na Web permite percepções diferentes sobre a
informações com base em quem ou o que é identificado como a fonte dessa informação. 
A ação de affordance em tecnologias como blogs permitem que tanto os criadores como 
os leitores do blog possam servir como agentes (ou fontes) de informações. Quando 
visto em termos de modelos de transmissão tradicionais de comunicação, tanto o 
emissor quanto o receptor podem ser interpretados como uma "fonte de comunicação" 
devido a este affordance. O que isso implica para a explicação dos meios de 
comunicação em rede é que a affordance de ação pode ter que ser conceituada de 
forma diferente dependendo se o agente é um emissor ou receptor de comunicação, ou 
seja, a ação como um recurso de fonte (por exemplo, “com que frequência você lê o 
Daily Kos?”) é bastante distinta da ação como uma característica do receptor (por 
exemplo, “com que frequência você comenta no blog Daily Kos?”). 
Dito isto, nem todas as affordances da Internet possuem múltiplos lugares quando 
mapeados nos moldes da comunicação tradicional. A modalidade, por exemplo, está 
claramente relacionada com o meio, assim como a navegabilidade. Claro que, por 
serem affordances, estas têm sua existência ontológica no médio e, em contrapartida, 
possuem um percentual que também reside no usuário. Como se sugeriu anteriormente 
seria prudente distinguir os dois rotulando o último de forma diferente (por exemplo, 
modalidade percebida e navegabilidade, respectivamente). As opções para a 
localização de uma determinada affordance são os três elementos comuns à maioria 
dos modelos de comunicação: fonte, médio e mensagens. O componente ontológico 
das affordances pode estar localizado em um ou mais destes elementos. Se uma 
affordance específica se manifestar em mais do que um desses elementos, então seria 
necessário marcá-la com um ponto de identificação do seu local. Nas seções que se 
seguem nós ilustramos isso com o conceito complicado de interatividade, que pode 
existir em todos os três elementos. 
Mas antes nós vamos dar uma palavra sobre a necessidade de invocar os 
modelos de comunicação tradicionais em uma era em que a variedade de novos meios 
coloca tais modelos em cheque. A maioria da literatura sobre os efeitos da mídia, mais 
especificamente sobre a comunicação política, é baseada na suposição desses 
modelos lineares. Ao invés de abandonarmos esse rico corpo de pesquisa, uma solução 
pragmática seria visualizar os vários elementos dos modelos lineares como veículos 
para a entrega das affordances oferecidas pela internet. Desta forma, preservamos os 
quadros teóricos clássicos do campo ao examinar a sua operação no ambiente da mídia 
atual. Uma segunda razão para confiar nos modelos de transmissão é metodológica – 
consideráveis avanços no conceito da explicação (Chaffee, 1991; McLeod & Pan, 2005), 
o desenvolvimento da escala e a modelagem estatística dos métodos podem ser 
aproveitados para conceituar e operacionalizar novos affordances da Internet sem que
se tenha que realizar uma mudança de paradigma por meio de formulações não-lineares. 
Enquanto as comunicações baseadas na Internet, como um todo, não podem 
ser adequadamente capturadas pelos modelos tradicionais, acreditamos que as 
affordances de tecnologia da Internet podem ser rigorosamente examinadas por uma 
estrutura linear. 
O CASO DA INTERATIVIDADE POLÍTICA 
Os livros de história provavelmente irão dizer que a campanha de 2008 foi a da “geração 
de conteúdo pelo eleitor” – quando pessoas comuns aproveitaram o momento e usaram as 
ferramentas cada vez mais poderosas que estavam ao seu alcance para criar e difundi r 
informações sem qualquer ajuda das campanhas oficiais. 
-Graff, 2007 
Na primavera de 2008 os sites oficiais de campanha dos principais candidatos à 
presidente – Clinton, Obama e McCain – revelaram uma semelhança notável: todos eles 
tinham na página principal um formulário de inscrição on-line pedindo aos visitantes para 
criarem uma conta que lhes permitiria participar ativamente do processo da campanha. 
Essa oportunidade de receber informações personalizada das campanhas na caixa 
postal de cada usuário pode ser considerada uma experiência interativa? Esses sites 
também incluíam links importantes para fazer doações o que permitia que os eleitores 
contribuíssem diretamente para a angariação de fundos. Poderíamos inferir que 
aspectos fundamentais das campanhas políticas, tais como captação de recursos, 
evocam nos usuários uma sensação de interatividade intensificada? Alguns sites 
também apresentam um vídeo com uma mensagem de boas vindas do candidato ou 
com uma recente aparição pública do mesmo. Essa oportunidade de assistir aos 
candidatos ao vivo se traduz em uma experiência mais interativa do que apenas ler 
sobre esses candidatos? 
Tanto como uma parte do site oficial da campanha ou como algo separado, parte 
inconfundível do conjunto tecnológico das campanhas políticas on-line hoje em dia são 
os blogs sobre eleição. Os blogs têm sido poderosos, não só no apoio a mobilização, 
mas também ao permitir que os eleitores criem e compartilhem conteúdo uns com os 
outros e com seus colegas de partido. Será que esta forma de eleitor-empoderado 
constitui maiores níveis de interatividade? Para reforçar ainda mais as interações em 
grupo, todos os candidatos mantiveram uma presença em comunidades populares de 
redes sociais como MySpace e Facebook, juntamente com recursos de multimídia 
adicionado em sites como o YouTube, Digg.com, e Flickr. Os sites oficiais da campanha
também possuiam algumas funcionalidades de e-commerce em forma de lojas online 
onde os eleitores podiam comprar todos os tipos de aparato da campanha e produtos 
tais como roupas, adesivos, placas e cartazes, e muito mais para confirmar sua 
fidelidade. Assim, transformar cidadãos da internet em consumidores online faz com 
que exista uma experiência política com mais interatividade? 
Uma questão que emerge das tendências observadas acima é: em que se 
constitui a interatividade política? É uma questão que envolve as experiências descritas 
acima? É uma soma de vários affordances interativos que criam uma maior 
engajamento político? Quando perguntas como estas surgem sobre um conceito muito 
citado, para fins de operacionalização na pesquisa empírica, a resposta deve ser um 
exercício rigoroso de explicação para que fique bem claro para a comunidade 
acadêmica este significado. 
EXPLICANDO A INTERATIVIDADE 
Houve várias tentativas de explicitar o conceito de interatividade (Bucy, 2004; 
Kiousis, 2002; Sundar, 2004; Bucy & Tao, 2007) e ainda assim a necessidade de maior 
significado e análise empírica continua. Nas primeiras tentativas de definir o conceito se 
limitaram a identificar dimensões e criar tipologias, mas o que faz a interatividade como 
uma variável e como ela atinge seus efeitos não foi sistematicamente estudado (Bucy, 
2004). As primeiras definições do conceito observaram três principais abordagens: 
conteúdo ou mensagem, estrutura e perceptiva. Bucy e Tao (2007) argumentam que as 
limitações da teoria geral sobre o conceito de interatividade ocorrem principalmente 
devido a testes incompletos de modelos conceituais. Na abordagem centrada na 
mensagem o resultado mais relevante para efeitos de mídia (cognição, afeto e 
comportamento) não são sempre utilizados. Na abordagem estrutural, a experiência 
subjetiva do usuário é muitas vezes esquecida, e na abordagem perceptiva os 
mecanismos causais (características tecnológicas) que evocam as percepções do 
usuário não são mensurados. Pesquisadores (Bucy & Tao, 2007; Sundar, 2004) 
notaram que o conceito de interatividade e seus efeitos não podem ser exaustivamente 
estudado com modelos simples de duas variáveis (causa-efeito), mas em vez disso 
devem contar com influências moderadoras e mediadoras que afetam a relação entre 
interatividade e seus efeitos (ver também o capítulo 23 neste volume). 
Mas antes de testar modelos complexos de moderação e de mediação, o conceito 
central de interatividade ainda precisa ser compreendido. Além disso, todos os esforços 
na tentativa de compreender teoricamente e medir o conceito requerem a necessidade
de ser sensível ao contexto particular da comunicação que está sendo estudado e, 
portanto, exige renovação de sentido e da análise empírica com exemplos específico 
sobre o domínio escolhido, seja a comunicação política, e-commerce, ou campanhas de 
saúde, entre muitos outros. O objetivo desta explicação é analisar e sintetizar o 
significado e a medição de interatividade, com especial referência para o domínio da 
comunicação política. 
DEFINIÇÕES TEÓRICAS 
De acordo com Bucy e Gregson (2001), a atividade política é diferente da 
interatividade política. A atividade política nos meios de comunicação tradicionais 
envolveu uma participação muito limitada do público. No entanto, os autores afirmam 
que as novas mídias têm modificado muito a "paisagem participativa" (p. 358). Eles 
definem interatividade política on-line como o "conjunto mais amplo de ações de 
cidadania que pode ter lugar on-line" e como “um sentimento psicológico de estar 
envolvido com o sistema político" (p. 358). Definido em um nível macro, Hacker (1996) 
observa que a interatividade política permite aos cidadãos "interagir, discutir, debater e 
conversar sobre assuntos políticos." O objetivo de tal interatividade política é o de "co-criação 
de percepções políticas e de políticas públicas." Sob esse contexto de 
comunicação, os que interagem neste processo "trabalham juntos para fazer perguntas, 
encontrar respostas e formular políticas e ações”. (Hacker, 1996, p. 228). No contexto 
da televisão interativa (ou seja, programas de chamada), pesquisadores (Bucy & 
Newhagen, 1999; Newhagen 1994) definiram a interatividade percebida como uma 
sensação de "resposta do sistema" (Bucy e Gregson de 2001, p. 366) que é 
experimentada em nível individual, subjetivo, independentemente se o observador que 
está de fora do contexto considera essa experiência interativa ou não. 
Stromer-Galley (2004) considera que a interatividade política "colabora para um 
aumento da horizontalidade da comunicação entre as pessoas e para um aumento na 
verticalidade da comunicação entre as pessoas e a elite política" (p. 114). Em seu 
trabalho anterior, Stromer-Galley (2000) fez uma distinção entre duas formas de 
interação – interações humanas como transações entre as pessoas por meio da 
tecnologia e interações de mídia como transações entre as pessoas e o meio –, a autora 
argumenta que os líderes políticos adotam uma fachada de aumento de interação 
aumentou ao escolher a interação de mídia ao invés da interação humana. Ela define a 
interação humana mediada por computador como "uma interação prolongada entre 
duas ou mais pessoas através do canal de uma rede de computadores " e afirma que 
“a comunicação é interativa quando existe um elevado grau de capacidade de resposta
e reflexividade " (pág. 117). A autora também observa que em situações altamente 
interativas, o receptor é capaz de assumir o papel do remetente. Ela conceitua a 
interação de mídia como a natureza interativa do próprio meio, e como a "facilidade com 
que as pessoas podem controlar o meio para fazer com que ele forneça as informações 
que elas querem”. (p. 118). 
McMillan (2002) analisa várias perspectivas teóricas na literatura das relações 
interpessoais, organizacionais e públicas para articular uma definição centrada no 
usuário de interatividade. Ela propõe duas dimensões para criar quatro diferentes tipos 
de interatividade online. As duas dimensões incluem “nível de controle do receptor” (que 
inclui valores altos ou baixos) e "direção de comunicação" (compreendendo 
unidirecional ou bidirecional), levando a uma tipologia de cyber-interatividade com 
quatro diferentes categorias – monólogo, feedback, diálogo ágil, e o discurso mútuo. 
Das quatro categorias a autora argumenta que o discurso mútuo é a mais interativa, 
pois envolve dois sentidos da comunicação e uma maior simetria no nível de controle 
entre emissor e receptor. 
Sundar (2007) conceitua a interatividade como uma variável tecnológica versátil 
que pode atuar como uma fonte, um médio ou uma mensagem. Ele argumenta que não 
importa de que forma a variável é interpretada, a interatividade serve para aumentar o 
envolvimento do usuário com o conteúdo. O restante desta explicação emprega esse 
modelo tripartite para ilustrar como um novo conceito de mídia pode ser associado com 
diferentes elementos de modelos tradicionais de comunicação, levando a diferentes 
concepções e operacionalizações. 
Interatividade como um recurso de fonte 
Ao tratar a interatividade como um recurso de fonte, Sundar (2007) a conceitua 
como a capacidade de um indivíduo de manipular a fonte de informação ou interação. 
Esta visão adota uma abordagem centrada no usuário, mas com uma diferença 
fundamental. Enquanto na maioria das abordagens centradas no usuário a 
interatividade é vista como uma variável perceptiva (interatividade percebida) situada no 
sujeito e nas experiências individuais (mentes) dos usuários (Bucy & Newhagen 1999; 
McMillan, 2002; McMillan & Hwang, 2002), Sundar (2008a) adota uma perspectiva do 
agente na qual um indivíduo com altos níveis de interatividade é investido com o poder 
e a oportunidade alterar sua condição de receptor para se tornar o remetente. Essa 
visão é semelhante à definição de Steuer (1992) que considera interatividade como "a 
extensão em que os usuários podem participar em tempo real modificando a forma e o
conteúdo de um ambiente mediado" (pág. 84). Bucy e Gregson (2001) propõem uma 
noção semelhante de interatividade com base na fonte quando reconhecem o potencial 
dos novos meios de comunicação que "permitem que o usuário selecione o método de 
entrega de mensagens" (p. 366). No entanto, esses autores ainda tratam a interatividade 
como uma variável perceptual. Mas, para Sundar (2007), o nível de interatividade se 
traduz no grau no qual a tecnologia permite ao utilizador se servir como uma fonte ou 
como um remetente da comunicação (Sundar & Nass, 2001), independentemente da 
forma como ela é percebida pelo usuário. 
Interatividade como um recurso da mídia 
Com base em trabalho empírico anterior (Sundar, Kalyanaraman, & Brown, 2003), 
Sundar (2007) integra a perspectiva baseada no recurso (McMillan, 2002) e a 
perspectiva da interatividade como produto (Stromer-Galley, 2004) e as aproxima da 
perspectiva da interatividade como recurso do meio, na qual quanto maior for a 
capacidade da interface do meio de gerar interações, maior o nível de interatividade. A 
interatividade como uma função de meio é baseada no nível de banda larga (Reeves e 
Nass, 2000), que leva em conta a quantidade e os tipos de canais sensoriais envolvidos 
em uma interação como um sinal de maior envolvimento do usuário. Assim, nesta 
abordagem, o número e tipos de características multimodais (Oviatt, Coulston & 
Lunsford, 2004; Sundar 2000), como texto, imagens, áudio, vídeo, o olhar, e os gestos, 
criaram uma experiência acumulada. Além disso, o ponto de vista do meio em relação 
à interatividade também poderia ser conceituado como a Interação Humano- 
Computador (HCI) ou, como Stromer-Galley (2004) observa, a interatividade como 
produto, onde um "conjunto de recursos tecnológicos permite que os usuários a 
interajam com a interface ou com o próprio sistema" (p. 391), em oposição à 
interatividade-como-processo que analisa a interatividade entre as pessoas. 
Interatividade como um recurso da mensagem 
Como um recurso de mensagem, a interatividade é conceituada como o grau de 
contingência em uma troca de comunicação. Esta visão está enraizada em uma das 
primeiras conceituações de interatividade desenhada por Rafaeli (1988), que definiu a 
interatividade como "uma expressão do grau em que, em uma determinada série de 
trocas de comunicação, qualquer terceira (ou posterior) transmissão (ou mensagem) se 
relaciona com trocas anteriores e que, por sua vez, se referem a transmissões ainda
mais antigas” (p.111). Na mesma linha, Ha e James (1998) definem interatividade como 
"o grau em que o comunicador e o público respondem à, ou estão dispostos a facilitar, 
necessidade de comunicação do outro" (p. 461). Sundar et al. (2003) observam que esta 
abordagem de contingência para interatividade adota uma visão mais comportamental 
(ao invés de perceptual) porque cada troca de mensagens é sistematicamente 
condicionada à ação anterior, atual e futura do usuário. A troca de mensagens é 
considerada não-interativa se um receptor e remetente estão se comunicando de forma 
independente, sem qualquer forma de reconhecimento mútuo. Se um receptor apenas 
responde a uma questão por parte do remetente, torna-se reativo a troca. No entanto, 
se a troca de mensagens subsequentes entre o receptor e o emissor refere-se a 
elementos presentes nas mensagens iniciais, então a troca de mensagens é 
considerada interativa. 
ANÁLISE EMPÍRICA 
Em tentativas para operacionalizar o conceito várias dimensões de interatividade 
foram identificadas por alguns estudiosos (Downes & McMillan, 2000; Heeter, 1989). A 
maioria das dimensões apontadas por Heeter (1989), tais como a complexidade de 
opções disponíveis, o esforço que os usuários devem exercer, a capacidade de resposta 
do sistema para o usuário, o monitoramento do uso da informação, ou a facilidade de 
adicionar informações, podem ser categorizadas de acordo com visão baseada no meio 
ou pelo nível de HCI de interatividade - Interação Humano-Computador (Hoffman & 
Novak, 1996). Por outro lado, a maioria das dimensões observada por Downes e 
McMillan (2000), tal como a direção de comunicação, o tempo de flexibilidade, senso de 
lugar, o nível de controle, capacidade de resposta, e efeito percebido da comunicação, 
podem ser categorizadas de acordo com a abordagem “person-to-person” ou pela 
abordagem da CMC de interatividade. Embora existam várias dessas dimensões 
poucos estudos as operacionalizaram de modo a facilitar testes empíricos. 
Com base em amplas classificações teóricas que tratam a interatividade tanto 
como uma característica tecnológica, bem como uma característica perceptual, há dois 
agrupamentos distintos sob os quais as operacionalizações de interatividade se 
enquadram – (1) medidas que tratam interatividade como uma variável independente ou 
causal associada com características funcionais de tecnologia que podem ser 
manipuladas (Sundar, Hesser, Kalyanaraman, & Brown, 1998; Sundar, Kalyanaraman, 
& Brown, 2003), ou (2) medidas que tratam a interatividade como uma variável de 
processo (mediador) ou como uma variável de resultado (dependente), na qual a 
interatividade é mensurada em a forma de auto-relato da "interatividade percebida"
(Bucy, 2004; Bucy & Newhagen, 1999; Kalyanaraman & Sundar, 2006; McMillan & 
Hwang, 2002; Sundar & Kim, 2005). 
Interatividade real manipulada 
Como observado anteriormente, entender a interatividade como uma affordance 
dentro de modelos de comunicação lineares tem sido um desafio para os estudiosos 
porque o conceito pode ser situado em todos os elementos do modelo – fonte, meio, 
mensagem e receptor. Como forma de resolver parcialmente este problema, esta seção 
sobre análise empírica examinará maneiras em que a interatividade pode ser 
operacionalizada em ambos os sentidos – em primeiro lugar como uma variável que 
existe ontologicamente prestando-se a várias formas de manipulação experimental e, 
em segundo, como contrapartida psicológica de capacidades tecnológicas, assumindo 
a forma de interatividade percebida na mente do usuário / receptor. Vamos primeiro 
olhar para as formas em que as características de interatividade da fonte, do meio e das 
mensagens foram manipuladas e testadas como uma variável antecedente. 
Interatividade como recurso de fonte 
Quando estudada como um recurso de fonte (Sundar & Nass, 2001), a 
interatividade foi operacionalizada em diferentes categorias – editores, computadores, 
outros usuários, e o próprio usuário – com níveis crescentes de source-ness (a 
capacidade de guardar informação), o que implica maiores níveis de interatividade. 
Nesta abordagem, a capacidade de um receptor de personalizar a informação ao tornar-se 
a fonte é considerada o mais alto nível de interatividade gerada pela nova mídia. 
Stromer-Galley (2000), em sua análise de sites de políticos durante a campanha 
presidencial de 1996, descreveu o site do Bob Dole como um bom exemplo de alta 
interatividade, pois os usuários eram capazes de personalizar o site para refletir sobre 
um determinado assunto. No site, as informações também podiam ser personalizadas 
para atender às diferentes demandas. Os usuários podiam baixar papel de parede da 
campanha, bem como enviar "Eu apoio Dole" como e-postais para outros usuários. Além 
disso, no final de cada assunto postado, uma escala de 10 pontos era apresentada aos 
visitantes, isso facilitava quando o usuário queria procurar sobre assuntos que já tinha 
comentado, permitindo ao usuário expressar sua opiniões e priorizar as informações em 
seus próprios termos. Mesmo que estas operacionalizações de interatividade reflitam 
uma abordagem baseada em atributos ou orientada para o meio, de acordo com a 
abordagem de Sundar (2007) sobre a interatividade como recurso de fonte, a
capacidade dos utilizadores para personalizar (e agir como fontes) foi o que fez o site 
de Dole se tornar verdadeiramente interativo. 
Interatividade como recurso da mídia 
Em estudos que adotaram a visão baseada no meio (McMillan, 2002;. Sundar et 
al, 2003; Sundar & Kim, 2005), a interatividade foi operacionalizada como affordances 
ou características multimodais oferecidas pelo meio, essa abordagem é também 
chamada de "sinos e assobios" (Sundar, 2007). Alguns exemplos incluem análise de 
conteúdo feita por estudiosos como Massey e Levy (1999), que operacionalizaram a 
interatividade como a presença (ou ausência) de recursos de interfaces, tais como e-mail 
links, hiperlinks, formulários de feedback, e salas de bate-papo (ver também 
Stromer-Galley, 2000). Em sua análise de conteúdo de sites políticos, Kamarck (1999) 
classificou como interativos somente os recursos que permitiam aos usuários alguma 
oportunidade se engajar em um diálogo com o candidato ou equipe de campanha. Esta 
abordagem vai de acordo com a abordagem baseada no meio (HCI) ou na abordagem 
da interatividade como produto (Stromer-Galley, 2004), ou ainda com a abordagem da 
interatividade como recurso da mídia. 
Pesquisas realizadas em sites políticos mostraram que os níveis mais elevados 
de interatividade tendem a influenciar positivamente as percepções sobre os candidatos 
e suas campanhas (Ahern & Stromer-Galley, 2000; Sundar et al., 1998). Neste domínio, 
Sundar et al. (1998) operacionalizou a interatividade do ponto de vista da mídia em 
termos do número de hiperlinks e da presença de formas de feedback (ambos 
contabilizados em números ordinais). Assim, versões de baixa, média e alta 
interatividade do site de um candidato político foram criadas – a versão de baixa 
interatividade do site não tinha hyperlinks. Enquanto a versão de nível médio permitia 
aos participantes clicar em alguns links para acessar as informações, a versão com alto 
nível de interatividade permitia aos participantes enviar e-mail diretamente para o 
candidato político (Sundar et al., 1998). 
Interatividade como recurso de mensagem 
A abordagem da interatividade como recurso de mensagem foi operacionalizada 
de diferentes maneiras. Como o foco principal ou unidade de análise nesta abordagem 
tende a ser a troca individual de mensagens, essa visão é mais comum na literatura 
referente à comunicação interpessoal mediada por computador (Walther, Anderson, e 
Park, 1994). Sob este ponto de vista, a interatividade foi contextualizada como o grau
de reciprocidade entre emissor e receptor, o grau de capacidade de resposta ou de auto-revelação 
(quando o usuário diz sobre si mesmo para o outro), e a coerência de 
discussão (Stromer-Galley, 2000). 
Em um contexto de comunicação de massa, Sundar et al. (2003) operacionalizou 
a abordagem da interatividade na mensagem fragmentando informações do site em 
camadas hierárquicas acessíveis por hiperlinks. Na versão de interativa de baixo nível, 
todas as informações sobre o candidato e sua campanha foram apresentados em uma 
única página. Na versão interativa de nível médio, uma camada adicional de informação 
foi fornecida onde as questões foram divididas em diversos cabeçalhos e ao clicar sobre 
esses títulos o usuário era levado a uma descrição mais detalhada dos temas de 
campanha. Na versão interativa de alto nível, depois que os usuários entravam no site 
clicando sobre o título principal (ou hiperlink), eles eram apresentados a mais subtítulos 
e links para acessar os diferentes aspectos de um determinado assunto. Desta forma, 
cada atividade de “clicar e aparecer uma mensagem” foi feita para ser subordinada à 
atividade de cliques anteriores, operacionalizando a visão de Rafaeli (1988) sobre as 
affordances situadas no meio. 
Um exemplo completamente diferente de interatividade como um recurso da 
mensagem pode ser encontrada em um estudo realizado por Welch e Fulla (2005) que 
avaliaram as interações entre cidadãos e burocratas em dimensões tais como: a 
sofisticação do conteúdo, a complexidade do diálogo, o compromisso de resposta e o 
feedback. Em seu estudo, sofisticação do conteúdo foi operacionalizada como a 
complexidade, a escolha de informações, bem como a facilidade com que os cidadãos 
poderiam acessar essas informações. A dimensão do feedback foi caracterizada como 
a facilidade de dar uma resposta e o tipo e número de oportunidades de feedback. 
Quanto maior as oportunidades de feedback por meio do recurso sincrônico (chat) e 
assíncrono (e-mail e boletim), maiores poderiam ser os níveis de interatividade. Além 
disso, a complexidade do diálogo foi caracterizada como a frequência de comunicação 
com via de mão dupla entre burocratas e cidadãos, bem como a adequação dos 
comentários trocados em tais interações. Finalmente, o compromisso de resposta foi 
medido como a frequência e a velocidade da resposta enviada pelo burocrata ao 
cidadão. Os autores descobriram que a interatividade elevada leva a um maior senso 
de comunidade onde os cidadãos e os governos podem ocupar o mesmo "espaço de 
interlocutores" (p. 232) para gerar resultados positivos. 
Semelhanças e diferenças
Dois elementos comuns que permeiam todas as definições acima: a interatividade 
é tratada como algo que é fundamental para a nova tecnologia da mídia e envolve algum 
tipo de compromisso ativo do usuário com o meio, com as mensagens e com as fontes 
presentes no processo da comunicação. Pode-se argumentar que essas definições 
teóricas e operacionais se diferem em torno do seu principal objeto de interesse ou 
unidade de análise – como nos fatores específicos que examinam e onde (ou em quem) 
esses fatores estão situados. Alguns são vistos como fatores de mensagens (ou 
conteúdo); outros são vistos como fatores centrados no usuário – ou eles são 
considerados como fatores técnico (estruturais ou relacionados com o meio) (Kiousis, 
2002). Quando analisados juntos, eles refletem a tríplice conceituação de Sundar (2007) 
baseados no meio, na fonte e nas mensagens. 
MEDINDO A INTERATIVIDADE PERCEBIDA 
Até agora examinamos a interatividade como uma variável ontológica e não como 
uma variável psicológica. O objetivo desta seção é explicar esta última variável na forma 
de "interatividade percebida." Como Bucy e Tao (2007) argumentam, os estudiosos 
preocupados com a estrutura de interatividade identificaram várias dimensões para 
capturar os atributos tecnológicos específicos que definem a interatividade (Ha & James, 
1998; Heeter, 1989; Jensen, 1998; Steuer, 1992), mas não conseguiram explicar por 
que certos atributos tecnológicos levam a resultados interativos específicos. A presença 
objetiva da interatividade em interfaces tecnológicas nem sempre garante a experiência 
subjetiva da interatividade, sem considerar o uso real da tecnologia. O modelo MAIN 
(Modalidade-Agência-Interatividade-Navegabilidade) proposto por Sundar (2008b) 
oferece uma explicação para a diferença entre os recursos de interatividade embutidos 
em interfaces tecnológicas e a interatividade resultante dos próprios usuários ao invocar 
a noção de heurísticas cognitivas. A vantagem desta abordagem baseada na heurística 
é que se pode medir a interatividade sem necessariamente cortar os laços com algumas 
das características tecnológicas fundamentais que permitem a interatividade. Recursos 
interativos específicos de uma interface, por exemplo, links relacionados em um site, 
desencadeiam uma heurística, tal como uma sensação de conexão, e este julgamento 
rápido sobre a conectividade proporcionada pela interface influenciará em como um 
usuário irá avaliar tanto o sistema quanto o conteúdo apresentado por ele. O argumento 
central do modelo MAIN é que os usuários empregam regras de avaliação "heurísticas” 
por meio das quais eles fazem conexões teóricas entre (a) sinais de interatividade que 
existem objetivamente em uma interface, e (b) avaliação psicológica dos objetos que 
possuem esses sinais, por exemplo, as avaliações de credibilidade tanto do conteúdo
como do meio. O modelo MAIN abrange quatro tipos diferentes de affordances 
(modalidade, agência, interatividade e navegabilidade), mas vamos nos concentrar aqui 
na affordance específica de interatividade para essa discussão. 
O objetivo final é a construção de uma escala de interatividade percebida que 
consiste em itens que delimitam a operação de heurísticas específicas subjacentes às 
percepções do usuário de interatividade. À parte das heurísticas identificados no modelo 
MAIN, algumas das medidas existentes de interatividade também podem ser agrupadas 
em dimensões de fonte, meio e mensagens de interatividade percebida (ver Tabela 
25.1). Uma vez que este capítulo concentra-se mais no processo de explicação e não 
na avaliação empírica, nós iremos abordar mas não será possível testar as 
preocupações com a confiabilidade e validade que inevitavelmente surgem em 
processos de escala de construção hipotética. 
Compreendendo a heurística no contexto da interatividade política 
Esta seção explica as heurísticas relacionadas à interatividade identificadas no 
modelo MAIN por meio de exemplos de como estas heurísticas podem ser 
contextualizadas na interatividade política. Nossa tese fundamental é a de que as 
affordances não existem como características estruturais isoladas, mas possuem sinais 
que desencadeiam percepções na forma de avaliações rápidas (que chamamos de 
heurísticas) sobre as intenções por trás de sua criação e as consequências percebidas. 
A heurística nem sempre leva ao processamento heurístico. Na verdade, ela pode atuar 
como ótima ferramenta analítica, importante para o processamento sistemático de 
informação subjacente. Ela pode ser invocada pela experiência real dos usuários de 
uma interface interativa (por exemplo, um site) ou pela percepção do usuário sobre a 
possibilidade de ação de uma interface, mesmo sem tê-la usado diretamente. 
TABELA 25.1 
Dimensões conceituais da Interatividade Percebida 
Dimensões I 
Interatividade da fonte 
Dimensões II 
Interatividade da mídia 
Dimensões III 
Interatividade da mensagem 
 Controle sobre a mídia 
(Stromer-Galley, 2000) 
 Ouvintes e callers ativos 
(Newhagen, 1994) 
 Nível de controle do receptor 
(McMillan, 2002) 
 Escolha (Ha e James, 1998) 
 Habilitação do controle do 
usuário (Jensen, 1998) 
 Capacidade de resposta do 
sistema (Newhagen, 1994) 
 Conectividade e reciprocidade 
(Ha e James, 1998) 
 Capacidade de resposta e 
reflexividade (Stromer-Galley, 
2000) 
 Feedback customizado e em 
tempo (Straubhaar e LaRose, 
1997) 
 Capacidade de resposta 
(Rafaeli, 1988) 
 Participação em tempo real 
(Steuer, 1992) 
 Playfulness (Ha e James, 1998) 
 Direção da comunicação 
(McMillan, 2002) 
 Senso de lugar e tempo 
(McMillan e Downes, 2000)
 Heurística de atividade 
(Sundas, 2008b) 
 Heurística de escolha 
(Sundas, 2008b) 
 Heurística de controle 
(Sundar, 2008b) 
 Heurística de own-ness 
(Sundar, 2008b) 
 Velocidade (ou atraso) na 
resposta do sistema 
(McMillan e Hwang, 2002) 
 Engajamento com o sistema 
(McMillan e Hwang, 2002) 
 Interatividade incorporada e 
experiente (Song e Bucy, 
2007) 
 Atributo de mídia ou estado 
psicológico (Tao e Bucy, 
2007) 
 Affordance real e percebida 
(Bucy e Affe, 2006) 
 Heurística de interação 
(Sundar, 2008b) 
 Heurística de capacidade de 
resposta (Sundar, 2008b) 
 Comunicação de duas vias (Liu 
e Shrum, 2002; McMillan e 
Hwang, 2002) 
 Comunicação simultânea 
(McMillan e Hwang, 2002) 
 Conversação em tempo real 
(McMillan e Hwang, 2002) 
 Contingência de mensagem 
(Sundar, Kalyanaraman e 
Brown, 2003) 
 Heurística de telepresença 
(Sundar, 2008b) 
 Heurística de fluxo (Sundar, 
2008b) 
Ao se dividir o termo interatividade em duas dimensões: interação e atividade, 
Sundar (2008b) identifica alguns dos indicadores que representam o conceito através 
das seguintes heurísticas. A heurística atividade refere-se ao julgamento dos usuários 
que diz que em determinado site é possível encontrar maior interatividade do que na 
mídia tradicional. Se este julgamento é operacionalizado como a quantidade de 
atividade resultante – por exemplo, o número de vezes que um visitante clica em um 
função determinada num site de campanha –, ele pode ser medido como uma variável 
contínua. A interatividade também pode ser operacionalizada como um sinal que 
desencadeia a heurística interação, deste modo o meio proporciona affordances que 
procuram por entradas específicas do usuário, por exemplo, caixas de diálogo que se 
abrem em um site ou enquetes online e pesquisas que, presumivelmente, servem para 
melhorar a sensação de interação do usuário tanto com o meio como com o conteúdo. 
A heurística capacidade de resposta que é acionada quando um sistema responde a 
usuários em uma base contínua, vai além da interação e capta o aspecto de 
interatividade contingente (Rafaeli, 1988). Embora essas heurísticas sejam teorizadas 
como efeitos decorrentes da concepção e manipulação de recursos interativos 
embutidos em uma interface (Sundar, 2008b), o nosso interesse atual em tratá-las como 
manifestações de interatividade percebida nos obriga a examinar as consequências 
perceptíveis do desencadeamento destas heurísticas, ou seja, quando os usuários 
sentem que a interface oferece-lhes a oportunidade de participar ativamente, interagir, 
colaborar com um sistema reativo, e assim por diante. As medidas ideias de 
interatividade percebida se unem à heurística de duas maneiras: (1), ao medir 
diretamente a percepção do usuário sobre a intenção e a utilidade do affordance, e (2)
ao rastrear comportamentos decorrentes de tais percepções (por exemplo, clique em 
ações, participação em fóruns on-line, e assim por diante). 
Sobre as heurísticas de interatividade específicas identificadas por Sundar 
(2008b), a heurística escolha ocorre quando os usuários percebem a variedade e o nível 
de detalhe na informação apresentada – que muitas vezes é resultante da presença de 
várias opções (listas drop-down), com abas de menus, links em camadas, e assim por 
diante. Os efeitos de escolha tendem a transferir para outro julgamento poderoso, a 
heurística de controle, que é acionada quando os usuários se sentem capacitados ao 
serem colocados no comando de sua própria experiência interativa. Estas duas 
heurísticas, escolha e controle, podem ser críticas em sites políticos nos quais os 
visitantes, especialmente os "internautas" que são politicamente esclarecidos (Sundar 
et al., 1998), apreciam as informações e recursos e podem personalizar ou fazer seus 
próprios conteúdos. Como os meios de comunicação tradicionais ficam saturados de 
informação, em especial durante os anos de eleições e campanhas, a interatividade com 
base na fonte que ajuda os usuários a escolherem a quantidade e o tipo de informação 
(com base na relevância e utilidade) pode ajudar a contribuir para dar resultados e 
avaliações favoráveis a um partido político. A interatividade com base na fonte pode ser 
encontrada quando há personalização (que implica tanto escolha e controle), por 
exemplo, ao permitir que os usuários criem um blog onde podem trocar ideias e debater 
assuntos com concidadãos online. 
A telepresença como uma heurística é ativada quando os usuários percebem que 
uma interface oferece possibilidades de interações em tempo real (Liu & Shrum, 2002; 
McMillan & Hwang, 2002; Steuer, 1992) e que pode transportá-los para um mundo 
diferente. Isso pode acontecer na forma de reuniões townhall ou debates onde os 
cidadãos podem perder o seu sentido de tempo e espaço e se sentem parte de uma 
audiência nacional maior. Os vídeos recentes de debates do YouTube são um exemplo 
disso (Glover, 2007). A heurística fluxo baseada no trabalho de Csikzentmihalyi (1990) 
também poderia ser operacionalizada como um sentido de brincadeira (Ha & James, 
1998) que um usuário experimenta ao interagir com o sistema (ou outro usuário). A 
facilidade para criar caricaturas políticas e desenhos animados e outros recursos on-line 
que permite que o usuário explore a forma, o que e como eles querem processar as 
mensagens poderia suscitar esta heurística. Desta forma, diferentes pistas interativas 
presentes nas interfaces desencadeiam diferentes heurísticas cognitivas sobre o site e 
seu conteúdo político. A operação destas heurísticas pode ser medida psicologicamente 
por meio de itens do questionário relacionados com a percepção de interatividade nos 
três lugares: fonte, meio e mensagem. A tabela 25.2 fornece um exemplo de itens que 
pertencem à interatividade percebida quando esta ocorre em termos de heurísticas
relacionadas com a interatividade no âmbito de cada dimensão da fonte, meio e 
mensagem. Estas medidas são representativas e não capturaram cada uma das 
heurísticas. Além disso, eles constituem apenas as medidas baseadas em heurísticas 
de interatividade percebida. As medidas baseadas em outras conceituações de 
interatividade percebida listadas sob as três dimensões da Tabela 25.1 devem ser 
testadas em correspondência com estas medidas baseadas em heurísticas para validar 
empiricamente nosso agrupamento. 
Unidade de análise e níveis de mensuração 
Um dos principais objetivos da explicação é limitar o conceito a um formato no 
qual ele pode ser facilmente identificado e medido. Assim, se alguém adota a 
abordagem estrutural ao olhar para recursos interativos específicos presentes em um 
meio tecnológico como hiperlinks e formulários de feedback, a presença de tais recursos 
ou affordances na página inicial ou em outras seções de um site podem constituir a 
unidade de análise, que é realizada principalmente por meio de variáveis categóricas. 
Se o objeto de estudo é a troca de mensagens contingentes que ocorrerem em um fórum 
de bate-papo interativo, a unidade de análise passa a ser as mensagens que estão 
sendo trocadas. Se, por outro lado, a intenção é medir a percepção de interatividade 
nas mentes dos usuários, então a unidade de análise deve ser os usuários individuais. 
As heurísticas relacionadas à interatividade do modelo MAIN discutidos na Tabela 
25.2 podem ser avaliadas sob diferentes níveis de medição. Por um lado, elas podem 
ser tratadas como variáveis categóricas e monitoradas a partir de sua presença 
(disponibilidade no meio) e utilização (atividade real do usuário) ou ausência. 
TABELA 25.2 
Itens para medição de Interatividade Percebida via Heurística 
Interatividade percebida como um recurso de Fonte 
Heurística atividade 
- Eu era capaz de realizar uma série de ações no site. 
- O site tinha um monte de coisas para me manter ativo. 
Heurística controle 
- Tomei medidas para controlar o que eu queria ver (ou evitar) no site. 
- Eu senti como se tivesse muito controle sobre o fluxo de informações no site.
Heurística escolha 
- Eu acredito que o site me ofereceu várias opções para navega-lo. 
- Eu tinha muitas coisas para escolher quando eu consultei o s ite. 
Heurística own-ness 
- Eu poderia personalizar o site para torná-lo meu. 
- O site é um bom reflexo do que eu sou. 
Interatividade percebida como um recurso de mídia 
Heurística capacidade de resposta 
- Eu me senti como se o sistema estivesse constantemente respondendo às minhas necessidades. 
- Eu me senti como se o sistema pudesse entender o que eu estava tentando fazer. 
Heurística interação 
- Eu senti como se estivesse envolvido em uma conversa real com o sistema (ou outro usuário). 
- A interface pediu minha participação em todas as fases da interação. 
Interatividade percebida como um recurso de mensagens 
Heurística contingência 
- Eu me senti como se as informação no site estivessem muito bem interligadas. 
- As mensagens que recebi no site foram baseadas nas minhas entradas anteriores. 
Heurística telepresença 
- Eu senti como se estivesse no mesmo lugar que a pessoa com quem eu estava interagindo. 
- Eu me senti imerso na campanha durante a navegação no site. 
Heurística fluxo 
- Quando comecei a navegar eu não tinha mais vontade de parar a atividade. 
- O site oferecia boas características que me envolviam e me incentivavam a continuar a navegação. 
Se estas heurísticas forem contextualizadas de forma que representem a presença e o 
uso de mais do que um affordance de cada vez, elas podem ser agrupadas e medidas 
por meio de categorias ordinais de valores altos, médios e baixos. Estas heurísticas 
também podem ser medidas em uma escala contínua para obter observações 
psicológicas dessas affordances tecnológicas na mente do usuário com a ajuda de um 
somatório de escalas de avaliação, projetado para capturar percepções do usuário ou 
ações que indicam o funcionamento da heurística. 
Para um conceito de explicação se tornar útil, a análise deve ser seguida por uma 
análise empírica que envolve a formação de uma escala em que os indivíduos podem 
ser localizados, atribuindo-lhes pontuações ou valores específicos, com base em suas 
respostas (McLeod & Pan, 2005). O processo de geração de itens que vão compor a
escala e que serão agrupados em determinados índices pode ser conduzido por 
hipóteses básicas que funcionam como diretrizes que, por dedução, vão dirigir o 
agrupamento de certos indicadores para a posterior construção de modelos, que podem 
ser testados mais tarde, com abordagens baseadas em dados indutivos. 
Confiabilidade e Validade 
Em suas diretrizes de escala de desenvolvimento, especificamente no que diz 
respeito à geração de itens, DeVellis (2003) enfatiza a importância de coletar um grande 
número de itens que podem ser incluídos na escala. Isto significa desenhar um 
subconjunto de um conjunto teoricamente infinito de todos os possíveis itens existentes, 
e quanto mais itens na escala, maior a confiabilidade. Uma vez que os artigos em cada 
dimensão são gerados o próximo passo é verificar todos os indicadores de 
confiabilidade, principalmente a sua consistência interna. As medidas de alfa de 
Cronbach proporcionam uma boa avaliação da unidimensionalidade de um índice ou a 
homogeneidade dos itens que estão sob uma certa dimensão (DeVellis, 2003; McLeod 
& Pan, 2005). 
Além disso, como McLeod e Pan (2005) notam, as avaliações de confiabilidade 
devem complementar avaliações da validade de conteúdo. Isto é, enquanto o 
procedimento de geração de item para uma escala progride, os pesquisadores devem 
verificar se a adição ou supressão de itens pode sacrificar a validade do conteúdo por 
uma questão de maior confiabilidade, ou se um coeficiente de confiabilidade permitiria 
a inclusão de itens adicionais, o que pode aumentar a validade de conteúdo. Além disso, 
como o método alfa de Cronbach fortalece quando os itens dentro de um índice são 
positivamente correlacionados uns com os outros, agruparas dimensões que 
compartilham um significado conceitual e operacional semelhante fará não só com que 
a escala fique mais confiável, mas também mais válida, incluindo itens que são parte 
integrante do conceito. 
CONCLUSÃO 
Nosso objetivo com este capítulo foi o de lançar luz sobre alguns dos desafios que 
podem ser enfrentados pelos pesquisadores ao estudarem algumas variáveis que são 
únicas para a comunicação baseada na Web, e demonstrar maneiras de superar tais 
desafios sem ter que renunciar tanto aos modelos tradicionais de comunicação ou aos
ricos paradigmas de explicação estabelecidos por estudiosos de comunicação (Chaffee, 
1991; McLeod & Pan, 2005). 
Explicações de conceito têm uma função de direcionar os pesquisadores ao 
oferecer diversas diretrizes para estudos futuros. Depois que um conceito é removido 
do seu domínio abstrato por meio de uma análise rigorosa de sentido e é construído de 
forma que pode ser observado e medido no domínio empírico, ele oferece aos 
pesquisadores especificidade e clareza para medir os efeitos da variável que eles 
devem explicar. No caso do nosso exemplo, explicitando o conceito de interatividade 
oferecemos várias dessas diretrizes: 
a) Em primeiro lugar, ao invés de abafar o uso da Internet, os pesquisadores devem 
identificar os aspectos específicos da mídia on-line que são relevantes para seu 
contexto de estudo ao projetar sua pesquisa ou experimento. 
b) O grau de especificidade trazido do exercício de explicação incita os pesquisadores 
a contextualizar o uso da Internet em termos de affordances explícitas e relevantes 
oferecidos pelo meio. 
c) Depois de reconhecer a affordance de interesse, os pesquisadores devem decidir 
se eles estão interessados no aspecto tecnológico ou psicológico da affordance. Se 
for o aspecto tecnológico, então seria útil isolar e (potencialmente) manipular a 
affordance em um estudo experimental. Se for o aspecto psicológico então o estudo 
deve determinar medidas que direcionam a experiência do usuário da affordance, tanto 
no contexto de experiência como o de avaliação. 
d) A próxima tarefa é situar o affordance em um ou mais elementos (fonte, meio, 
mensagem) de modelos de comunicação tradicionais, e realizar uma explicação 
separada do conceito para cada elemento. 
e) Se o pesquisador estiver interessado principalmente no aspecto tecnológico, deve 
tomar cuidado para operacionalizar o conceito dentro de um dado elemento do modelo 
(por exemplo, especificar uma variável de interatividade de fonte baixa, média e alta 
que é diferente de uma variável de interatividade do meio baixa, média e alta médio 
variável, que é diferente de uma variável de interatividade da mensagem baixa, média 
e alta).
f) Se o pesquisador estiver interessado principalmente no aspecto psicológico e em 
empregar o conceito como um mediador ou variável dependente, deve tomar cuidado 
para diferenciar entre os itens que medem a affordance percebida a partir de uma 
perspectiva de fonte e aqueles que a medem a partir de uma perspectiva do meio ou 
da mensagem. 
g) Cuidados também devem ser tomados para distinguir entre a presença percebida 
do Affordance contra uso real do affordance pelos usuários, a fim de compreender o 
processo pelo qual os usuários atribuem significado ao affordance ou ao recurso em 
questão. 
h) As interpretações dos usuários sobre os recursos do site podem ser compreendidas 
tanto por meio de questionário de medidas de percepção, bem como por meio de 
mensuração das atividades do usuário com o sistema que explora o funcionamento de 
heurísticas cognitivas desencadeadas por affordances. 
i) Estas heurísticas podem ser essenciais não só na formação da interpretação 
psicológica dos affordances mas também para explicar o processo pelo qual a 
affordances forma os resultados sociais e comportamentais que são de interesse para 
a comunicação baseada na web.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Jornalismo online e redes sociais na internet
Jornalismo online e redes sociais na internetJornalismo online e redes sociais na internet
Jornalismo online e redes sociais na internetTiago Nogueira
 
Livros, Leituras e Redes Sociais
Livros, Leituras e Redes SociaisLivros, Leituras e Redes Sociais
Livros, Leituras e Redes SociaisPaulo Leitao
 
Seminário paty joana aula 12-25-05-2011
Seminário paty joana aula 12-25-05-2011Seminário paty joana aula 12-25-05-2011
Seminário paty joana aula 12-25-05-2011Patricia Neubert
 
Artigo CONSAD 2014 - Mídias Sociais Como Recurso Para o Governo Eletrônico: O...
Artigo CONSAD 2014 - Mídias Sociais Como Recurso Para o Governo Eletrônico: O...Artigo CONSAD 2014 - Mídias Sociais Como Recurso Para o Governo Eletrônico: O...
Artigo CONSAD 2014 - Mídias Sociais Como Recurso Para o Governo Eletrônico: O...Marcelo Veloso
 
Projeto Delibera e a mediação do debate online: promovendo ações colaborativ...
Projeto Delibera e a mediação do debate online:  promovendo ações colaborativ...Projeto Delibera e a mediação do debate online:  promovendo ações colaborativ...
Projeto Delibera e a mediação do debate online: promovendo ações colaborativ...João Paulo Mehl
 
Democracia digital e práticas colaborativas: a Wikipédia como espaço de discu...
Democracia digital e práticas colaborativas: a Wikipédia como espaço de discu...Democracia digital e práticas colaborativas: a Wikipédia como espaço de discu...
Democracia digital e práticas colaborativas: a Wikipédia como espaço de discu...Universidade Federal do Paraná
 
Como avaliar a deliberação online? Um mapeamento de critérios relevantes
Como avaliar a deliberação online? Um mapeamento de critérios relevantesComo avaliar a deliberação online? Um mapeamento de critérios relevantes
Como avaliar a deliberação online? Um mapeamento de critérios relevantesSamuel Barros
 
Bases de dados como dispositivo para o jornalismo colaborativo
Bases de dados como dispositivo  para o jornalismo colaborativo Bases de dados como dispositivo  para o jornalismo colaborativo
Bases de dados como dispositivo para o jornalismo colaborativo Yuri Almeida
 
Palestra arquivos e bibliotecas 2.0
Palestra arquivos e  bibliotecas 2.0Palestra arquivos e  bibliotecas 2.0
Palestra arquivos e bibliotecas 2.0Regina Cianconi
 
A Mídia Social e as Organizações
A Mídia Social e as OrganizaçõesA Mídia Social e as Organizações
A Mídia Social e as OrganizaçõesGabriel Lima
 
Convergência e participação: construindo e circulando o discurso do consumo n...
Convergência e participação: construindo e circulando o discurso do consumo n...Convergência e participação: construindo e circulando o discurso do consumo n...
Convergência e participação: construindo e circulando o discurso do consumo n...Tatiana Couto
 
Cultura Digital - Social bookmarking
Cultura Digital - Social bookmarkingCultura Digital - Social bookmarking
Cultura Digital - Social bookmarkingMarcilio Duarte
 
Interatividade
InteratividadeInteratividade
InteratividadeUni-BH
 
Discurso e redes sociais: o caso “Voz da comunidade
Discurso e redes sociais: o caso “Voz da  comunidadeDiscurso e redes sociais: o caso “Voz da  comunidade
Discurso e redes sociais: o caso “Voz da comunidadeFlávia Lopes
 
Twittando: A construção das marcas na era dos diálogos reais.
Twittando: A construção das marcas na era dos diálogos reais.Twittando: A construção das marcas na era dos diálogos reais.
Twittando: A construção das marcas na era dos diálogos reais.Brunno Barranco de Souza
 
Debates políticos na internet: A perspectiva da conversação civil
Debates políticos na internet: A perspectiva da conversação civilDebates políticos na internet: A perspectiva da conversação civil
Debates políticos na internet: A perspectiva da conversação civilUniversidade Federal do Paraná
 

Mais procurados (20)

Jornalismo online e redes sociais na internet
Jornalismo online e redes sociais na internetJornalismo online e redes sociais na internet
Jornalismo online e redes sociais na internet
 
Livros, Leituras e Redes Sociais
Livros, Leituras e Redes SociaisLivros, Leituras e Redes Sociais
Livros, Leituras e Redes Sociais
 
Seminário paty joana aula 12-25-05-2011
Seminário paty joana aula 12-25-05-2011Seminário paty joana aula 12-25-05-2011
Seminário paty joana aula 12-25-05-2011
 
Interatividade
InteratividadeInteratividade
Interatividade
 
Artigo CONSAD 2014 - Mídias Sociais Como Recurso Para o Governo Eletrônico: O...
Artigo CONSAD 2014 - Mídias Sociais Como Recurso Para o Governo Eletrônico: O...Artigo CONSAD 2014 - Mídias Sociais Como Recurso Para o Governo Eletrônico: O...
Artigo CONSAD 2014 - Mídias Sociais Como Recurso Para o Governo Eletrônico: O...
 
Projeto Delibera e a mediação do debate online: promovendo ações colaborativ...
Projeto Delibera e a mediação do debate online:  promovendo ações colaborativ...Projeto Delibera e a mediação do debate online:  promovendo ações colaborativ...
Projeto Delibera e a mediação do debate online: promovendo ações colaborativ...
 
Democracia digital e práticas colaborativas: a Wikipédia como espaço de discu...
Democracia digital e práticas colaborativas: a Wikipédia como espaço de discu...Democracia digital e práticas colaborativas: a Wikipédia como espaço de discu...
Democracia digital e práticas colaborativas: a Wikipédia como espaço de discu...
 
Como avaliar a deliberação online? Um mapeamento de critérios relevantes
Como avaliar a deliberação online? Um mapeamento de critérios relevantesComo avaliar a deliberação online? Um mapeamento de critérios relevantes
Como avaliar a deliberação online? Um mapeamento de critérios relevantes
 
Bases de dados como dispositivo para o jornalismo colaborativo
Bases de dados como dispositivo  para o jornalismo colaborativo Bases de dados como dispositivo  para o jornalismo colaborativo
Bases de dados como dispositivo para o jornalismo colaborativo
 
Palestra arquivos e bibliotecas 2.0
Palestra arquivos e  bibliotecas 2.0Palestra arquivos e  bibliotecas 2.0
Palestra arquivos e bibliotecas 2.0
 
A Mídia Social e as Organizações
A Mídia Social e as OrganizaçõesA Mídia Social e as Organizações
A Mídia Social e as Organizações
 
Convergência e participação: construindo e circulando o discurso do consumo n...
Convergência e participação: construindo e circulando o discurso do consumo n...Convergência e participação: construindo e circulando o discurso do consumo n...
Convergência e participação: construindo e circulando o discurso do consumo n...
 
Cultura Digital - Social bookmarking
Cultura Digital - Social bookmarkingCultura Digital - Social bookmarking
Cultura Digital - Social bookmarking
 
Jornalismo Cidadão: novas estratégias para a construção de um espaço discursi...
Jornalismo Cidadão: novas estratégias para a construção de um espaço discursi...Jornalismo Cidadão: novas estratégias para a construção de um espaço discursi...
Jornalismo Cidadão: novas estratégias para a construção de um espaço discursi...
 
Interatividade
InteratividadeInteratividade
Interatividade
 
Prova cibercultura 1 anab
Prova cibercultura 1 anabProva cibercultura 1 anab
Prova cibercultura 1 anab
 
Discurso e redes sociais: o caso “Voz da comunidade
Discurso e redes sociais: o caso “Voz da  comunidadeDiscurso e redes sociais: o caso “Voz da  comunidade
Discurso e redes sociais: o caso “Voz da comunidade
 
Twittando: A construção das marcas na era dos diálogos reais.
Twittando: A construção das marcas na era dos diálogos reais.Twittando: A construção das marcas na era dos diálogos reais.
Twittando: A construção das marcas na era dos diálogos reais.
 
Gabriel monteiro
Gabriel monteiroGabriel monteiro
Gabriel monteiro
 
Debates políticos na internet: A perspectiva da conversação civil
Debates políticos na internet: A perspectiva da conversação civilDebates políticos na internet: A perspectiva da conversação civil
Debates políticos na internet: A perspectiva da conversação civil
 

Destaque

Destaque (20)

Cap. 15 O Uso de Grupos Focais em Pesquisa de Comunicação Política
Cap. 15   O Uso de Grupos Focais em  Pesquisa de Comunicação PolíticaCap. 15   O Uso de Grupos Focais em  Pesquisa de Comunicação Política
Cap. 15 O Uso de Grupos Focais em Pesquisa de Comunicação Política
 
Gil, patricia g. a voz da escola capitulo tese
Gil, patricia g. a voz da escola capitulo teseGil, patricia g. a voz da escola capitulo tese
Gil, patricia g. a voz da escola capitulo tese
 
Heloiza Matos em defesa da tv publica final
Heloiza Matos em defesa da tv publica finalHeloiza Matos em defesa da tv publica final
Heloiza Matos em defesa da tv publica final
 
Habermas, j. remarks on the conception of communicative action
Habermas, j. remarks on the conception of communicative actionHabermas, j. remarks on the conception of communicative action
Habermas, j. remarks on the conception of communicative action
 
Cap. 12 análise das imagens do candidato político
Cap. 12   análise das imagens do candidato políticoCap. 12   análise das imagens do candidato político
Cap. 12 análise das imagens do candidato político
 
Cap. 5 análise secundária em comunciação política vista como um ato criativo
Cap. 5   análise secundária em comunciação política vista como um ato criativoCap. 5   análise secundária em comunciação política vista como um ato criativo
Cap. 5 análise secundária em comunciação política vista como um ato criativo
 
Cap. 28 olhando para frente e para trás observações sobre o papel dos métod...
Cap. 28   olhando para frente e para trás observações sobre o papel dos métod...Cap. 28   olhando para frente e para trás observações sobre o papel dos métod...
Cap. 28 olhando para frente e para trás observações sobre o papel dos métod...
 
Cap. 18 redes porosas e contextos sobrepostos desafios metodológicos no est...
Cap. 18   redes porosas e contextos sobrepostos desafios metodológicos no est...Cap. 18   redes porosas e contextos sobrepostos desafios metodológicos no est...
Cap. 18 redes porosas e contextos sobrepostos desafios metodológicos no est...
 
BUCY_HOLBERT_Introducao
BUCY_HOLBERT_Introducao  BUCY_HOLBERT_Introducao
BUCY_HOLBERT_Introducao
 
Cap. 19 midiatização da política sobre uma estrutura conceitual para pesqui...
Cap. 19   midiatização da política sobre uma estrutura conceitual para pesqui...Cap. 19   midiatização da política sobre uma estrutura conceitual para pesqui...
Cap. 19 midiatização da política sobre uma estrutura conceitual para pesqui...
 
Apresentação COMPOL - Seminário dos Grupos de Pesquisa da ECA-USP
Apresentação COMPOL - Seminário dos Grupos de Pesquisa da ECA-USPApresentação COMPOL - Seminário dos Grupos de Pesquisa da ECA-USP
Apresentação COMPOL - Seminário dos Grupos de Pesquisa da ECA-USP
 
BUCY_HOLBERT_Conclusao
BUCY_HOLBERT_ConclusaoBUCY_HOLBERT_Conclusao
BUCY_HOLBERT_Conclusao
 
The Foundations of Deliberative Democracy - Traducao livre
The Foundations of Deliberative Democracy - Traducao livreThe Foundations of Deliberative Democracy - Traducao livre
The Foundations of Deliberative Democracy - Traducao livre
 
Pragmatismo no campo da comunicação (1)
Pragmatismo no campo da comunicação (1)Pragmatismo no campo da comunicação (1)
Pragmatismo no campo da comunicação (1)
 
Cap. 26 além do auto-report survey de opinião pública baseada na web
Cap. 26   além do auto-report survey de opinião pública baseada na webCap. 26   além do auto-report survey de opinião pública baseada na web
Cap. 26 além do auto-report survey de opinião pública baseada na web
 
Cap. 10 expressar versus revelar preferências na pesquisa experimental
Cap. 10   expressar versus revelar preferências na pesquisa experimentalCap. 10   expressar versus revelar preferências na pesquisa experimental
Cap. 10 expressar versus revelar preferências na pesquisa experimental
 
Apresentação Teoria Sociocultural
Apresentação Teoria SocioculturalApresentação Teoria Sociocultural
Apresentação Teoria Sociocultural
 
Capítulo 27 o que o corpo pode nos dizer sobre a política pdf
Capítulo 27 o que o corpo pode nos dizer sobre a política pdfCapítulo 27 o que o corpo pode nos dizer sobre a política pdf
Capítulo 27 o que o corpo pode nos dizer sobre a política pdf
 
Capítulo 20 international applications of agenda setting theory
Capítulo 20 international applications of agenda setting theoryCapítulo 20 international applications of agenda setting theory
Capítulo 20 international applications of agenda setting theory
 
Cap7 Implicações e Consequências do Usoda Meta-análisena Comunicação Política
Cap7 Implicações e Consequências do Usoda Meta-análisena Comunicação PolíticaCap7 Implicações e Consequências do Usoda Meta-análisena Comunicação Política
Cap7 Implicações e Consequências do Usoda Meta-análisena Comunicação Política
 

Semelhante a Cap. 25 explicação conceitual na era da internet o caso da interatividade política

Monitoramento Online e Vigilância nas Eleições 2010
Monitoramento Online e Vigilância nas Eleições 2010Monitoramento Online e Vigilância nas Eleições 2010
Monitoramento Online e Vigilância nas Eleições 2010Tarcízio Silva
 
A+internet+e+suas+especificidades+uma+ferramenta+de+segmentacao
A+internet+e+suas+especificidades+uma+ferramenta+de+segmentacaoA+internet+e+suas+especificidades+uma+ferramenta+de+segmentacao
A+internet+e+suas+especificidades+uma+ferramenta+de+segmentacaoMoisés Costa Pinto
 
O blog Fatos e Dados e sua articulação com a esfera de visibilidade pública
O blog Fatos e Dados e sua articulação com a esfera de visibilidade públicaO blog Fatos e Dados e sua articulação com a esfera de visibilidade pública
O blog Fatos e Dados e sua articulação com a esfera de visibilidade públicaNina Santos
 
Redes Sociais e Jornalismo Online
Redes Sociais e Jornalismo OnlineRedes Sociais e Jornalismo Online
Redes Sociais e Jornalismo OnlineVirgínia Andrade
 
As mídias sociais colocando em xeque o monopólio da fala dos grandes veículos
As mídias sociais colocando em xeque o monopólio da fala dos grandes veículosAs mídias sociais colocando em xeque o monopólio da fala dos grandes veículos
As mídias sociais colocando em xeque o monopólio da fala dos grandes veículosFlávia Lopes
 
Agendamento e Twitter: um estudo exploratório
Agendamento e Twitter: um estudo exploratórioAgendamento e Twitter: um estudo exploratório
Agendamento e Twitter: um estudo exploratórioNina Santos
 
Web 2.0,Vigilância e Monitoramento: entre funções pós-massivas e classificaçã...
Web 2.0,Vigilância e Monitoramento: entre funções pós-massivas e classificaçã...Web 2.0,Vigilância e Monitoramento: entre funções pós-massivas e classificaçã...
Web 2.0,Vigilância e Monitoramento: entre funções pós-massivas e classificaçã...Tarcízio Silva
 
A dinâmica da notícia nas redes sociais na internet: uma categorização das aç...
A dinâmica da notícia nas redes sociais na internet: uma categorização das aç...A dinâmica da notícia nas redes sociais na internet: uma categorização das aç...
A dinâmica da notícia nas redes sociais na internet: uma categorização das aç...Maíra Evangelista de Sousa
 
Artigo - Os microblogs como ferramenta de comunicação organizacional
Artigo - Os microblogs como ferramenta de comunicação organizacionalArtigo - Os microblogs como ferramenta de comunicação organizacional
Artigo - Os microblogs como ferramenta de comunicação organizacionalLaís Bueno
 
E-Book Direito à Comunicação no Brasil: Base Constitucional e Legal, Implemen...
E-Book Direito à Comunicação no Brasil: Base Constitucional e Legal, Implemen...E-Book Direito à Comunicação no Brasil: Base Constitucional e Legal, Implemen...
E-Book Direito à Comunicação no Brasil: Base Constitucional e Legal, Implemen...Instituto Desenvolve T.I
 
Relacionamento 2.0: a dinâmica entre influenciadores digitais e as marcas em ...
Relacionamento 2.0: a dinâmica entre influenciadores digitais e as marcas em ...Relacionamento 2.0: a dinâmica entre influenciadores digitais e as marcas em ...
Relacionamento 2.0: a dinâmica entre influenciadores digitais e as marcas em ...Victoria Siqueira
 
Direito à Comunicação no Brasil - Intervozes
Direito à Comunicação no Brasil - IntervozesDireito à Comunicação no Brasil - Intervozes
Direito à Comunicação no Brasil - IntervozesJuliana Lofego
 
Agendamento e sites de redes sociais: um novo lugar para o cidadão?
Agendamento e sites de redes sociais: um novo lugar para o cidadão?Agendamento e sites de redes sociais: um novo lugar para o cidadão?
Agendamento e sites de redes sociais: um novo lugar para o cidadão?Nina Santos
 
Midias Sociais como canal de comunicação em pequenas empresas
Midias Sociais como canal de comunicação em pequenas empresasMidias Sociais como canal de comunicação em pequenas empresas
Midias Sociais como canal de comunicação em pequenas empresasFelipe Castro
 
A Teoria do Agendamento na Atuação da Imprensa Sergipana_Artigo
A Teoria do Agendamento na Atuação da Imprensa Sergipana_ArtigoA Teoria do Agendamento na Atuação da Imprensa Sergipana_Artigo
A Teoria do Agendamento na Atuação da Imprensa Sergipana_ArtigoJanete Cahet
 
Quando o virtual transforma-se em real: as Redes Sociais como Ferramentas da ...
Quando o virtual transforma-se em real: as Redes Sociais como Ferramentas da ...Quando o virtual transforma-se em real: as Redes Sociais como Ferramentas da ...
Quando o virtual transforma-se em real: as Redes Sociais como Ferramentas da ...Viviane de Carvalho
 
Compartilhar: um estudo sobre os usos da tecnologia entre os jovens
Compartilhar: um estudo sobre os usos da tecnologia entre os jovensCompartilhar: um estudo sobre os usos da tecnologia entre os jovens
Compartilhar: um estudo sobre os usos da tecnologia entre os jovensAlberto Pereira
 
Espaços self media de jornalismo em redes sociais
Espaços self media de jornalismo em redes sociaisEspaços self media de jornalismo em redes sociais
Espaços self media de jornalismo em redes sociaisMárcio Coutinho
 
Monografia FECAP | Pós-Graduação Marketing Digital
Monografia FECAP | Pós-Graduação Marketing DigitalMonografia FECAP | Pós-Graduação Marketing Digital
Monografia FECAP | Pós-Graduação Marketing DigitalMárjorye Cruz
 
New avenues for sociological inquiry: evolving forms of ethnographic practice...
New avenues for sociological inquiry: evolving forms of ethnographic practice...New avenues for sociological inquiry: evolving forms of ethnographic practice...
New avenues for sociological inquiry: evolving forms of ethnographic practice...Tarcízio Silva
 

Semelhante a Cap. 25 explicação conceitual na era da internet o caso da interatividade política (20)

Monitoramento Online e Vigilância nas Eleições 2010
Monitoramento Online e Vigilância nas Eleições 2010Monitoramento Online e Vigilância nas Eleições 2010
Monitoramento Online e Vigilância nas Eleições 2010
 
A+internet+e+suas+especificidades+uma+ferramenta+de+segmentacao
A+internet+e+suas+especificidades+uma+ferramenta+de+segmentacaoA+internet+e+suas+especificidades+uma+ferramenta+de+segmentacao
A+internet+e+suas+especificidades+uma+ferramenta+de+segmentacao
 
O blog Fatos e Dados e sua articulação com a esfera de visibilidade pública
O blog Fatos e Dados e sua articulação com a esfera de visibilidade públicaO blog Fatos e Dados e sua articulação com a esfera de visibilidade pública
O blog Fatos e Dados e sua articulação com a esfera de visibilidade pública
 
Redes Sociais e Jornalismo Online
Redes Sociais e Jornalismo OnlineRedes Sociais e Jornalismo Online
Redes Sociais e Jornalismo Online
 
As mídias sociais colocando em xeque o monopólio da fala dos grandes veículos
As mídias sociais colocando em xeque o monopólio da fala dos grandes veículosAs mídias sociais colocando em xeque o monopólio da fala dos grandes veículos
As mídias sociais colocando em xeque o monopólio da fala dos grandes veículos
 
Agendamento e Twitter: um estudo exploratório
Agendamento e Twitter: um estudo exploratórioAgendamento e Twitter: um estudo exploratório
Agendamento e Twitter: um estudo exploratório
 
Web 2.0,Vigilância e Monitoramento: entre funções pós-massivas e classificaçã...
Web 2.0,Vigilância e Monitoramento: entre funções pós-massivas e classificaçã...Web 2.0,Vigilância e Monitoramento: entre funções pós-massivas e classificaçã...
Web 2.0,Vigilância e Monitoramento: entre funções pós-massivas e classificaçã...
 
A dinâmica da notícia nas redes sociais na internet: uma categorização das aç...
A dinâmica da notícia nas redes sociais na internet: uma categorização das aç...A dinâmica da notícia nas redes sociais na internet: uma categorização das aç...
A dinâmica da notícia nas redes sociais na internet: uma categorização das aç...
 
Artigo - Os microblogs como ferramenta de comunicação organizacional
Artigo - Os microblogs como ferramenta de comunicação organizacionalArtigo - Os microblogs como ferramenta de comunicação organizacional
Artigo - Os microblogs como ferramenta de comunicação organizacional
 
E-Book Direito à Comunicação no Brasil: Base Constitucional e Legal, Implemen...
E-Book Direito à Comunicação no Brasil: Base Constitucional e Legal, Implemen...E-Book Direito à Comunicação no Brasil: Base Constitucional e Legal, Implemen...
E-Book Direito à Comunicação no Brasil: Base Constitucional e Legal, Implemen...
 
Relacionamento 2.0: a dinâmica entre influenciadores digitais e as marcas em ...
Relacionamento 2.0: a dinâmica entre influenciadores digitais e as marcas em ...Relacionamento 2.0: a dinâmica entre influenciadores digitais e as marcas em ...
Relacionamento 2.0: a dinâmica entre influenciadores digitais e as marcas em ...
 
Direito à Comunicação no Brasil - Intervozes
Direito à Comunicação no Brasil - IntervozesDireito à Comunicação no Brasil - Intervozes
Direito à Comunicação no Brasil - Intervozes
 
Agendamento e sites de redes sociais: um novo lugar para o cidadão?
Agendamento e sites de redes sociais: um novo lugar para o cidadão?Agendamento e sites de redes sociais: um novo lugar para o cidadão?
Agendamento e sites de redes sociais: um novo lugar para o cidadão?
 
Midias Sociais como canal de comunicação em pequenas empresas
Midias Sociais como canal de comunicação em pequenas empresasMidias Sociais como canal de comunicação em pequenas empresas
Midias Sociais como canal de comunicação em pequenas empresas
 
A Teoria do Agendamento na Atuação da Imprensa Sergipana_Artigo
A Teoria do Agendamento na Atuação da Imprensa Sergipana_ArtigoA Teoria do Agendamento na Atuação da Imprensa Sergipana_Artigo
A Teoria do Agendamento na Atuação da Imprensa Sergipana_Artigo
 
Quando o virtual transforma-se em real: as Redes Sociais como Ferramentas da ...
Quando o virtual transforma-se em real: as Redes Sociais como Ferramentas da ...Quando o virtual transforma-se em real: as Redes Sociais como Ferramentas da ...
Quando o virtual transforma-se em real: as Redes Sociais como Ferramentas da ...
 
Compartilhar: um estudo sobre os usos da tecnologia entre os jovens
Compartilhar: um estudo sobre os usos da tecnologia entre os jovensCompartilhar: um estudo sobre os usos da tecnologia entre os jovens
Compartilhar: um estudo sobre os usos da tecnologia entre os jovens
 
Espaços self media de jornalismo em redes sociais
Espaços self media de jornalismo em redes sociaisEspaços self media de jornalismo em redes sociais
Espaços self media de jornalismo em redes sociais
 
Monografia FECAP | Pós-Graduação Marketing Digital
Monografia FECAP | Pós-Graduação Marketing DigitalMonografia FECAP | Pós-Graduação Marketing Digital
Monografia FECAP | Pós-Graduação Marketing Digital
 
New avenues for sociological inquiry: evolving forms of ethnographic practice...
New avenues for sociological inquiry: evolving forms of ethnographic practice...New avenues for sociological inquiry: evolving forms of ethnographic practice...
New avenues for sociological inquiry: evolving forms of ethnographic practice...
 

Mais de COMPOL - Grupo de Pesquisa Comunicação Pública e Política

Mais de COMPOL - Grupo de Pesquisa Comunicação Pública e Política (12)

Interacionismo Simbólico
Interacionismo SimbólicoInteracionismo Simbólico
Interacionismo Simbólico
 
Introdução matriz craig encontro 25022015
Introdução matriz craig encontro 25022015Introdução matriz craig encontro 25022015
Introdução matriz craig encontro 25022015
 
Cap8 Metodos Experimentales Comunicacion Politica
Cap8 Metodos Experimentales Comunicacion PoliticaCap8 Metodos Experimentales Comunicacion Politica
Cap8 Metodos Experimentales Comunicacion Politica
 
Análise de Redes Sociais
Análise de Redes SociaisAnálise de Redes Sociais
Análise de Redes Sociais
 
Capital social 01102014
Capital social 01102014Capital social 01102014
Capital social 01102014
 
Cap. 4 survey em comunicação política desafios tendências e oportunidades
Cap. 4   survey em comunicação política desafios tendências e oportunidadesCap. 4   survey em comunicação política desafios tendências e oportunidades
Cap. 4 survey em comunicação política desafios tendências e oportunidades
 
Análise de conteúdo categorial e da enunciação
Análise de conteúdo categorial e da enunciaçãoAnálise de conteúdo categorial e da enunciação
Análise de conteúdo categorial e da enunciação
 
Cap. 14 análise de conteúdo em comunicação política
Cap. 14   análise de conteúdo em comunicação políticaCap. 14   análise de conteúdo em comunicação política
Cap. 14 análise de conteúdo em comunicação política
 
Cap. 13 identificação de enquadramentos nas notícias políticas
Cap. 13   identificação de enquadramentos nas notícias políticasCap. 13   identificação de enquadramentos nas notícias políticas
Cap. 13 identificação de enquadramentos nas notícias políticas
 
Cap. 11 designs experimentais multi-estágio em pesquisa comunicação política
Cap. 11   designs experimentais multi-estágio em pesquisa comunicação políticaCap. 11   designs experimentais multi-estágio em pesquisa comunicação política
Cap. 11 designs experimentais multi-estágio em pesquisa comunicação política
 
Cap. 17 metodologia em comunicação política
Cap. 17   metodologia em comunicação políticaCap. 17   metodologia em comunicação política
Cap. 17 metodologia em comunicação política
 
Cap16 genealogiadomitopresidencial
Cap16 genealogiadomitopresidencialCap16 genealogiadomitopresidencial
Cap16 genealogiadomitopresidencial
 

Último

PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfPRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfprofesfrancleite
 
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumGÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumAugusto Costa
 
PLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptx
PLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptxPLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptx
PLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptxSamiraMiresVieiradeM
 
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.silves15
 
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxDiscurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxferreirapriscilla84
 
A poesia - Definições e Característicass
A poesia - Definições e CaracterísticassA poesia - Definições e Característicass
A poesia - Definições e CaracterísticassAugusto Costa
 
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -Aline Santana
 
Revista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdf
Revista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdfRevista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdf
Revista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdfMárcio Azevedo
 
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...azulassessoria9
 
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdfNoções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdflucassilva721057
 
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptxVARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptxMarlene Cunhada
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdfLeloIurk1
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números Mary Alvarenga
 
Portfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdf
Portfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdfPortfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdf
Portfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdfjanainadfsilva
 
Bullying - Texto e cruzadinha
Bullying        -     Texto e cruzadinhaBullying        -     Texto e cruzadinha
Bullying - Texto e cruzadinhaMary Alvarenga
 
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Ilda Bicacro
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...IsabelPereira2010
 
Libras Jogo da memória em LIBRAS Memoria
Libras Jogo da memória em LIBRAS MemoriaLibras Jogo da memória em LIBRAS Memoria
Libras Jogo da memória em LIBRAS Memorialgrecchi
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...azulassessoria9
 
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdfFicha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdfFtimaMoreira35
 

Último (20)

PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfPRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
 
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumGÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
 
PLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptx
PLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptxPLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptx
PLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptx
 
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
 
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxDiscurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
 
A poesia - Definições e Característicass
A poesia - Definições e CaracterísticassA poesia - Definições e Característicass
A poesia - Definições e Característicass
 
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
 
Revista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdf
Revista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdfRevista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdf
Revista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdf
 
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
 
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdfNoções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
 
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptxVARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptx
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
 
Portfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdf
Portfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdfPortfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdf
Portfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdf
 
Bullying - Texto e cruzadinha
Bullying        -     Texto e cruzadinhaBullying        -     Texto e cruzadinha
Bullying - Texto e cruzadinha
 
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
 
Libras Jogo da memória em LIBRAS Memoria
Libras Jogo da memória em LIBRAS MemoriaLibras Jogo da memória em LIBRAS Memoria
Libras Jogo da memória em LIBRAS Memoria
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdfFicha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
 

Cap. 25 explicação conceitual na era da internet o caso da interatividade política

  • 1. Capítulo 25 Explicação conceitual na era da Internet – o caso da interatividade política S. Shyam Sundar / Saraswathi Bellur A pesquisa em comunicação de massa como um esforço acadêmico se tornou mais forte na última década do século XX, impulsionada por um interesse no uso e nos efeitos do jornal impresso e da televisão – as duas mídias dominantes da época. Não é de admirar, portanto, que a maioria dos conceitos na literatura existente é explicada e teorizada de um modo que reflete o tradicional paradigma do efeito da mídia: um meio poderoso e centralizado que é recebido por uma audiência geralmente passiva. Os pesquisadores tendem a caracterizar o que a mídia oferece em termos de conteúdo (ex: novidades x entretenimento; notícias nacionais x notícias locais) e a audiência em relação ao uso que as pessoas fazem da mídia. A audiência foi particularmente explicada pelos pesquisadores de acordo com a “exposição” e a “atenção” (McLeod e Pan, 2005) de forma a conceber medidas para entender o engajamento da audiência e os assuntos públicos oferecidos pela mídia (Chaffee e Schleuder, 1986). Quando a Internet se tornou o principal veículo de comunicação de massa na década de 1990, muitos pesquisadores importaram essas medidas diretamente para o contexto do novo meio. Em grandes pesquisas conduzidas pelo Pew Charitable Trusts eram utilizadas questões muito simples para medir o uso da Internet, tais como: "Você utiliza a Internet para procurar por notícias e informações sobre a política das próximas campanhas?”. Algumas pesquisas mais recentes conseguiram alcançar uma maior precisão ao questionar o entrevistado se este lê blogs ou visita quadros de avisos quando está online. Mas, a ênfase geral dessas pesquisas é a "leitura" na Internet. Sendo assim, muitos pesquisadores parecem assumir que a simples exposição a alguns pontos da internet que distribuem informações públicas – sites, blogs, ferramentas de busca – é um indicador de que há uma variedade de efeitos sociais e de comportamento que levam do conhecimento político ao engajamento civil. Um surto de modelos lineares e modelagens estruturais de equações destorce a visão de alguns pesquisadores de comunicação que acreditam que a soma das algumas variáveis importantes da mídia e os efeitos psicológicos na audiência fazem com que exista equação de causa e efeito. Impulsionados por uma questão maior sobre a influência da Internet na democracia, alguns pesquisadores em comunicação procuraram medir o papel deste meio na determinação de algumas variáveis como a deliberação e a decisão de voto. Medidas de auto-relato sobre o "uso da Internet" têm sido usadas para testar os argumentos sobre os efeitos utópicos e distópicos (DiMaggio, Hargittai, Neuman, e Robinson, 2001; Foot & Schneider, 2002; Hacker, 1996; Stromer-Galley & Pé, 2002) da
  • 2. Internet. Ao longo dos anos, essas medidas produziram dados que suportam ambas as afirmações (Howcroft, 1999; Katz & Rice, 2002), o que levanta questões sobre a sua validade de mensuração. Existem dois problemas ao conceituar a Internet desta maneira. Em primeiro lugar, pesquisar sobre o “uso da Internet” é assumir que os usuários podem claramente fazer a diferenciação entre a Internet e outras fontes de obtenção de notícias sobre assuntos públicos – o que não é tão nítido nos dias atuais e na era da convergência da mídia onde os conteúdos online se convergem com as mídias tradicionais bem como com fontes interpessoais. Por exemplo, muitos usuários que estão on-line assistem ao noticiário na TV a cabo enquanto visitam sites de notícias e leem jornais (nacionais e locais) enviados por email. Portanto, é improvável que “a Internet” seja uma fonte facilmente distinguida psicologicamente, como é evidente no fenômeno descrito por Sundar (1998) do “Eu li isso em algum lugar”. Em segundo lugar, a Internet como uma fonte de mídia não é tão monolítica quanto a mídia tradicional – não apenas porque existem muito mais canais de informação (o que seria análogo a variedade em jornais e TV), mas porque existem muitas camadas de fonte intrínsecas ao meio (websites, blogs, email, bots, outros usuários) que são conhecidos por afetar a percepção dos usuários sobre a informação (Sundar e Nass, 2001). Sendo assim, os indivíduos podem não conseguir enxergar a Internet como uma outra fonte de mídia já que há diferentes fontes de informação durante o uso desse meio. AFFORDANCE, NÃO “USO” Uma solução para o problema de conceituar a internet como uma fonte monolítica é fragmentar o conceito de “uso da Internet” em “uso de diferentes destinos na internet”, sendo os destinos os blogs, bulletin-boards, sites, entre outros. Mas, isso implicaria em uma certa uniformidade de conteúdo dentro de um determinado veículo. Graças ao surgimento da Web 2.0 e a geração generalizada de conteúdo por usuários não é mais possível assegurar essa suposição. Nos meios tradicionais a tarefa foi realizada por profissionais que faziam o gatekeeping no jornalismo e que colocaram regras em toda a indústria de escrita, elaboração de relatórios, e edição, levando a certo grau de uniformidade do conteúdo. Na Internet, gatekeeping não é um privilégio realizado por alguns, mas uma “AFFORDANCE” disponível para muitos. De fato essa noção de affordance permeia todos os aspectos da Internet. O conceito de “uso da Internet” pode ser um indicador do nível de como as “affordances” oferecidas pelo meio são utilizadas. O conceito de affordances está enraizado na psicologia da percepção, com Gibson (1977, 1986) argumentando que estímulos visuais
  • 3. em nosso ambiente sugerem como interagir com ele, por exemplo, uma cadeira convida o usuário a sentar-se, a forma redonda de um softball implica que este objeto é para jogar ou pegar, e assim por diante. Gibson viu as affordances como "propriedades acionáveis entre o mundo e um ator" (Norman, 1999, p. 39). Por exemplo, blogs proporcionam a leitura sobre assuntos e opiniões públicas do mesmo modo que um jornal. Além disso, eles proporcionam a possibilidade de navegar por mensagens arquivadas, comentar sobre o post de alguém, relacionar isso com outras fontes on-line de informação, convidar outros "leitores" de blogs on-line que possuem pensamento similar, e assim por diante. Dada a grande variedade de ações do usuário possibilitadas pelas novas affordances da Internet, o conceito de "uso" deve ser expandido. De modo mais geral, enquanto o uso da mídia tradicional significa “folhear conteúdo” produzido pelos meios de comunicação, o uso da Internet deve ser entendido como referindo-se às maneiras que os entrevistados se envolvem com as características do meio. Ou seja, o uso da mídia tradicional é orientado pelo conteúdo enquanto o uso da Internet é orientado pela affordance. Desse modo, nós recomendamos conceituar o uso da Internet em termos de affordances relevantes. Nós dizemos “relevantes” porque diferentes affordances serão relevantes para diferentes contextos de estudo. Por exemplo, um estudo que explora o papel dos blogs na comunicação política pode definir o uso em relação à leitura do blog pelo usuário, à leitura de comentários do blog, à inserção em debates, à postagem de comentários pelo usuário, e assim por diante. Estas características proporcionam funções diferentes e a sua utilização pode prever o grau de envolvimento dos usuários dentro da blogosfera. Um conjunto de características semelhantes podem ser combinadas para formar affordances de ordem superior, como affordances de reforço de agência e de affordances de construção de comunidade (Stavrositu & Sundar, 2008). Alternativamente, um estudo que explore o impacto de um site de um candidato pode estar interessado no nível em que a arquitetura do site proporciona uma exploração satisfatória das ações e conquistas de tal candidato pelo usuário. Nesse caso a affordance de navegabilidade seria mais relevante do que naqueles estudos que discutem o contexto de blogs. Por exemplo, quando Bucy e Affe (2006) investigaram se os jornais online levavam ao engajamento e envolvimento político eles examinaram a chamada “affordance civil” (p. 236) ao contabilizar as várias oportunidades para a interação do usuário e descobriram que aproximadamente 2/3 dos sites de jornais metropolitanos ofereciam algum tipo de interação entre o usuário e o sistema e quase metade ofereciam oportunidades para interação humana (ver Stromer-Galley, 2000).
  • 4. AS DUAS FACES DAS AFFORDANCES De acordo com Gibson (1986), a mera existência de um recurso tecnológico em um meio não o torna um affordance. Para se qualificar como um affordance um determinado recurso tem de ser relevante para o usuário e visualmente sugestivo da utilização pretendida e / ou de outras ações. A maioria das tecnologias modernas carece de uniformidade na sua utilização. Elas têm usos diferentes para diferentes finalidades e usuários. Como Holbert (2004) aponta, cada indivíduo desenvolve o "esquema sensório-motor específico médio" único (p. 112) com base não só nas características físicas do meio, mas também sobre o uso que se faz do meio e o perfil psicológico em relação aos outros. Tais esquemas são feitos para influenciar os significados que usuários extraem do meio. Mas, mais fundamentalmente, eles podem moldar a posição do usuário em relação à tecnologia. A forma como os usuários se relacionam com a affordance pode depender muito de como eles a percebem (Sundar, 2008b). Pesquisadores que estudam a interação humano-computador como Norman (1999) afirmam que uma affordance é uma possibilidade de ação percebida pelo usuário e, portanto, existe na "interação" entre a tecnologia e tal usuário. No entanto, Gibson (1986) percebe as affordances como um relacionamento entre o ambiente e a pessoa, ele ainda afirma que affordances poderia objetivamente existir sem ser visível ou consciente para um usuário e, como resultado possuem pouco valor funcional. Norman (1999) sugere uma separação entre "affordances reais" (propriedades invariantes do sistema) e "affordances percebidas" (o que o usuário percebe ser possível fazer com o sistema) na concepção de produtos e interfaces. Para o pesquisador positivista, isso representa um desafio em termos de localização de um determinado affordance. Ele pertence ao meio ou ao usuário? O "debate sobre a interatividade" entre aqueles que defendem a abordagem estrutural e aqueles que seguem a abordagem perceptiva é um bom exemplo desse problema conceitual. Bucy (2004) prefere uma definição subjetiva da interatividade centrada no usuário ao invés de uma definição tecnológica objetiva, deste modo é possível variabilidade entre os usuários em sua experiência com a affordance. Já Sundar (2004) afirma que a experiência de interatividade é um efeito comportamental, não é uma característica definidora, e que, a fim de construir conhecimento sobre os efeitos da mídia, seria preciso variar atributos da tecnologia ao invés de meramente observar variações de percepção entre os usuários. De certa forma, esta é a diferença entre o potencial de uma affordance e realização de uma affordance. O primeiro é oferecido pela tecnologia do meio enquanto que a última é responsabilidade do usuário. A melhor maneira de explicar estes dois
  • 5. aspectos de affordances é tratá-los como conceitos distintos – "interatividade disponível" e "interatividade percebida", por exemplo. A interatividade disponível é ontológica na medida em que ela existe na interface da mídia e pode ser manipulada em experiências para resultar em valores ordinais (por exemplo, baixa, média e alta), enquanto a interatividade percebida é psicológica, medida em escalas contínuas por meio de questionários de auto-relato administrados para os usuários da interface da mídia em questão. Como Tao e Bucy (2007) observaram, os estímulos de mídia empregados na pesquisa experimental recaem sobre duas categorias de variáveis: atributos de mídia (ou características inerentes da mensagem) e estados psicológicos (por exemplo, emoções, percepções, cognições, avaliações). Os autores tratam a primeira categoria como variáveis independentes e a última como variáveis mediadoras. Em um experimento que manipulou a interatividade como um atributo de mídia, os autores descobriram que a existência de tarefas interativas em um site de notícias dava credibilidade ao site, e esse efeito foi totalmente medido pela interatividade percebida (o estado psicológico foi medido por pontos de um a cinco em um único item de medida do auto-relato da interatividade experimentada pelo usuário). Song e Bucy (2007, p. 32) fizeram uma distinção conceitual e operacional entre os aspectos objetivos de interatividade embutidos em sistemas de mídia e os aspectos perceptíveis da interatividade, que é psicologicamente realizado e experimentado pelos usuários. Eles descobriram que a interatividade percebida mediava o efeito da interatividade objetiva em um site para governador em relação à atitude para com o site, ao conteúdo, e ao patrocinador político (candidato) do site. Tais resultados demonstram empiricamente a importância de levar em conta tanto os aspectos ontológicos como os aspectos psicológicos das affordances da mídia. PERCEPÇÃO NÃO SIGINIFICA USO Devemos reconhecer, no entanto, que o lado perceptivo de affordances não é sempre responsabilidade do usuário. Por exemplo, os entrevistados no estudo acima mencionado podem produzir altas pontuações nas medidas sobre interatividade percebida mesmo sem realmente experimentar os recursos de interatividade incorporados ao site. Às vezes, a existência de uma affordance é sugestiva. Por exemplo, recursos de interatividade que exigem interação do usuário podem levar a uma percepção de que este é um site de "frio" (ou seja, ele exige elevado envolvimento dos usuários), mesmo que o usuário tenha chegado a esse site por uma mídia “quente” (McLuhan, 1964) durante uma navegação casual. Da mesma forma, um site que tem
  • 6. muitos recursos multimídia pode dar aos usuários a impressão de que ele está cheio de "mídia rica" por causa da promessa de estender a “percepção de banda larga” (Reeves e Nass, 2000) e não porque o usuário efetivamente fez o download do vídeo ou operou a câmera em tempo real disponível no site. Para citar McLuhan (1964), podemos dizer que "affordances da mídia são a mensagem” porque elas alteram nossas percepções sobre a natureza da atividade do usuário oferecidas pelo meio. Essas percepções podem levar diretamente tanto a respostas avaliativas nos questionários de pesquisa ou servir para enquadrar as formas em que o usuário se engaja ao meio. Neste último caso, a percepção dos usuários cresce independente de seu uso real do affordance em questão. Desde modo é feito um teste com as affordances e seu desempenho pode influenciar percepções. Por exemplo, um alto nível de recurso interativo em um site, digamos, uma visão de 360 graus da convenção do Partido Democrada, pode ser percebido como mais interativa (ou user friendly) em uma Internet de alto velocidade em banda larga do que na conexão mais lenta. Tais percepções são baseadas no efetivo uso da affordance, e não simplesmente na sua existência. Em suma, a funcionalidade oferecida por uma affordance pode ser psicologicamente significativa, não apenas em sua operação real (avaliada pelos entrevistados com base em seu uso real da funcionalidade), mas também por sua simples presença. A forma como o recurso é comercializado para os usuários e a realização cognitiva de seu potencial poderia muito bem causar impressões positivas sobre a affordance. Por isso, recomendamos que seja feita a distinção entre as percepções decorrentes da utilização efetiva contra aqueles baseados em significados ligados à mera existência de uma affordance. Por exemplo, alguns itens do questionário poderiam ser projetados para discriminar entre: "Você notou a existência da função de chat no site?" e "Você usou o recurso de bate-papo?", Ou mesmo "Você bateu papo com outros eleitores do candidato pelo site?”. O USO DA INTERNET PERCENTE A QUE LUGAR? Todas estas dicotomias que envolvem as affordances (ontológicas x psicológicas; uso x percepção) trazem à tona a verdadeira natureza interativa dos meios de comunicação baseados na web. Ao contrário da mídia tradicional na qual conceito de "uso" foi principalmente ligado ao público, na internet o uso diz respeito tanto ao meio quando à audiência. Na verdade, algo pode ser feito para o envolvimento de outros elementos de modelos tradicionais de comunicação tradicionais, tais como a fonte e mensagem. Por exemplo, Sundar e Nass (2001) demonstraram como a ação de affordance da mídia baseada na Web permite percepções diferentes sobre a
  • 7. informações com base em quem ou o que é identificado como a fonte dessa informação. A ação de affordance em tecnologias como blogs permitem que tanto os criadores como os leitores do blog possam servir como agentes (ou fontes) de informações. Quando visto em termos de modelos de transmissão tradicionais de comunicação, tanto o emissor quanto o receptor podem ser interpretados como uma "fonte de comunicação" devido a este affordance. O que isso implica para a explicação dos meios de comunicação em rede é que a affordance de ação pode ter que ser conceituada de forma diferente dependendo se o agente é um emissor ou receptor de comunicação, ou seja, a ação como um recurso de fonte (por exemplo, “com que frequência você lê o Daily Kos?”) é bastante distinta da ação como uma característica do receptor (por exemplo, “com que frequência você comenta no blog Daily Kos?”). Dito isto, nem todas as affordances da Internet possuem múltiplos lugares quando mapeados nos moldes da comunicação tradicional. A modalidade, por exemplo, está claramente relacionada com o meio, assim como a navegabilidade. Claro que, por serem affordances, estas têm sua existência ontológica no médio e, em contrapartida, possuem um percentual que também reside no usuário. Como se sugeriu anteriormente seria prudente distinguir os dois rotulando o último de forma diferente (por exemplo, modalidade percebida e navegabilidade, respectivamente). As opções para a localização de uma determinada affordance são os três elementos comuns à maioria dos modelos de comunicação: fonte, médio e mensagens. O componente ontológico das affordances pode estar localizado em um ou mais destes elementos. Se uma affordance específica se manifestar em mais do que um desses elementos, então seria necessário marcá-la com um ponto de identificação do seu local. Nas seções que se seguem nós ilustramos isso com o conceito complicado de interatividade, que pode existir em todos os três elementos. Mas antes nós vamos dar uma palavra sobre a necessidade de invocar os modelos de comunicação tradicionais em uma era em que a variedade de novos meios coloca tais modelos em cheque. A maioria da literatura sobre os efeitos da mídia, mais especificamente sobre a comunicação política, é baseada na suposição desses modelos lineares. Ao invés de abandonarmos esse rico corpo de pesquisa, uma solução pragmática seria visualizar os vários elementos dos modelos lineares como veículos para a entrega das affordances oferecidas pela internet. Desta forma, preservamos os quadros teóricos clássicos do campo ao examinar a sua operação no ambiente da mídia atual. Uma segunda razão para confiar nos modelos de transmissão é metodológica – consideráveis avanços no conceito da explicação (Chaffee, 1991; McLeod & Pan, 2005), o desenvolvimento da escala e a modelagem estatística dos métodos podem ser aproveitados para conceituar e operacionalizar novos affordances da Internet sem que
  • 8. se tenha que realizar uma mudança de paradigma por meio de formulações não-lineares. Enquanto as comunicações baseadas na Internet, como um todo, não podem ser adequadamente capturadas pelos modelos tradicionais, acreditamos que as affordances de tecnologia da Internet podem ser rigorosamente examinadas por uma estrutura linear. O CASO DA INTERATIVIDADE POLÍTICA Os livros de história provavelmente irão dizer que a campanha de 2008 foi a da “geração de conteúdo pelo eleitor” – quando pessoas comuns aproveitaram o momento e usaram as ferramentas cada vez mais poderosas que estavam ao seu alcance para criar e difundi r informações sem qualquer ajuda das campanhas oficiais. -Graff, 2007 Na primavera de 2008 os sites oficiais de campanha dos principais candidatos à presidente – Clinton, Obama e McCain – revelaram uma semelhança notável: todos eles tinham na página principal um formulário de inscrição on-line pedindo aos visitantes para criarem uma conta que lhes permitiria participar ativamente do processo da campanha. Essa oportunidade de receber informações personalizada das campanhas na caixa postal de cada usuário pode ser considerada uma experiência interativa? Esses sites também incluíam links importantes para fazer doações o que permitia que os eleitores contribuíssem diretamente para a angariação de fundos. Poderíamos inferir que aspectos fundamentais das campanhas políticas, tais como captação de recursos, evocam nos usuários uma sensação de interatividade intensificada? Alguns sites também apresentam um vídeo com uma mensagem de boas vindas do candidato ou com uma recente aparição pública do mesmo. Essa oportunidade de assistir aos candidatos ao vivo se traduz em uma experiência mais interativa do que apenas ler sobre esses candidatos? Tanto como uma parte do site oficial da campanha ou como algo separado, parte inconfundível do conjunto tecnológico das campanhas políticas on-line hoje em dia são os blogs sobre eleição. Os blogs têm sido poderosos, não só no apoio a mobilização, mas também ao permitir que os eleitores criem e compartilhem conteúdo uns com os outros e com seus colegas de partido. Será que esta forma de eleitor-empoderado constitui maiores níveis de interatividade? Para reforçar ainda mais as interações em grupo, todos os candidatos mantiveram uma presença em comunidades populares de redes sociais como MySpace e Facebook, juntamente com recursos de multimídia adicionado em sites como o YouTube, Digg.com, e Flickr. Os sites oficiais da campanha
  • 9. também possuiam algumas funcionalidades de e-commerce em forma de lojas online onde os eleitores podiam comprar todos os tipos de aparato da campanha e produtos tais como roupas, adesivos, placas e cartazes, e muito mais para confirmar sua fidelidade. Assim, transformar cidadãos da internet em consumidores online faz com que exista uma experiência política com mais interatividade? Uma questão que emerge das tendências observadas acima é: em que se constitui a interatividade política? É uma questão que envolve as experiências descritas acima? É uma soma de vários affordances interativos que criam uma maior engajamento político? Quando perguntas como estas surgem sobre um conceito muito citado, para fins de operacionalização na pesquisa empírica, a resposta deve ser um exercício rigoroso de explicação para que fique bem claro para a comunidade acadêmica este significado. EXPLICANDO A INTERATIVIDADE Houve várias tentativas de explicitar o conceito de interatividade (Bucy, 2004; Kiousis, 2002; Sundar, 2004; Bucy & Tao, 2007) e ainda assim a necessidade de maior significado e análise empírica continua. Nas primeiras tentativas de definir o conceito se limitaram a identificar dimensões e criar tipologias, mas o que faz a interatividade como uma variável e como ela atinge seus efeitos não foi sistematicamente estudado (Bucy, 2004). As primeiras definições do conceito observaram três principais abordagens: conteúdo ou mensagem, estrutura e perceptiva. Bucy e Tao (2007) argumentam que as limitações da teoria geral sobre o conceito de interatividade ocorrem principalmente devido a testes incompletos de modelos conceituais. Na abordagem centrada na mensagem o resultado mais relevante para efeitos de mídia (cognição, afeto e comportamento) não são sempre utilizados. Na abordagem estrutural, a experiência subjetiva do usuário é muitas vezes esquecida, e na abordagem perceptiva os mecanismos causais (características tecnológicas) que evocam as percepções do usuário não são mensurados. Pesquisadores (Bucy & Tao, 2007; Sundar, 2004) notaram que o conceito de interatividade e seus efeitos não podem ser exaustivamente estudado com modelos simples de duas variáveis (causa-efeito), mas em vez disso devem contar com influências moderadoras e mediadoras que afetam a relação entre interatividade e seus efeitos (ver também o capítulo 23 neste volume). Mas antes de testar modelos complexos de moderação e de mediação, o conceito central de interatividade ainda precisa ser compreendido. Além disso, todos os esforços na tentativa de compreender teoricamente e medir o conceito requerem a necessidade
  • 10. de ser sensível ao contexto particular da comunicação que está sendo estudado e, portanto, exige renovação de sentido e da análise empírica com exemplos específico sobre o domínio escolhido, seja a comunicação política, e-commerce, ou campanhas de saúde, entre muitos outros. O objetivo desta explicação é analisar e sintetizar o significado e a medição de interatividade, com especial referência para o domínio da comunicação política. DEFINIÇÕES TEÓRICAS De acordo com Bucy e Gregson (2001), a atividade política é diferente da interatividade política. A atividade política nos meios de comunicação tradicionais envolveu uma participação muito limitada do público. No entanto, os autores afirmam que as novas mídias têm modificado muito a "paisagem participativa" (p. 358). Eles definem interatividade política on-line como o "conjunto mais amplo de ações de cidadania que pode ter lugar on-line" e como “um sentimento psicológico de estar envolvido com o sistema político" (p. 358). Definido em um nível macro, Hacker (1996) observa que a interatividade política permite aos cidadãos "interagir, discutir, debater e conversar sobre assuntos políticos." O objetivo de tal interatividade política é o de "co-criação de percepções políticas e de políticas públicas." Sob esse contexto de comunicação, os que interagem neste processo "trabalham juntos para fazer perguntas, encontrar respostas e formular políticas e ações”. (Hacker, 1996, p. 228). No contexto da televisão interativa (ou seja, programas de chamada), pesquisadores (Bucy & Newhagen, 1999; Newhagen 1994) definiram a interatividade percebida como uma sensação de "resposta do sistema" (Bucy e Gregson de 2001, p. 366) que é experimentada em nível individual, subjetivo, independentemente se o observador que está de fora do contexto considera essa experiência interativa ou não. Stromer-Galley (2004) considera que a interatividade política "colabora para um aumento da horizontalidade da comunicação entre as pessoas e para um aumento na verticalidade da comunicação entre as pessoas e a elite política" (p. 114). Em seu trabalho anterior, Stromer-Galley (2000) fez uma distinção entre duas formas de interação – interações humanas como transações entre as pessoas por meio da tecnologia e interações de mídia como transações entre as pessoas e o meio –, a autora argumenta que os líderes políticos adotam uma fachada de aumento de interação aumentou ao escolher a interação de mídia ao invés da interação humana. Ela define a interação humana mediada por computador como "uma interação prolongada entre duas ou mais pessoas através do canal de uma rede de computadores " e afirma que “a comunicação é interativa quando existe um elevado grau de capacidade de resposta
  • 11. e reflexividade " (pág. 117). A autora também observa que em situações altamente interativas, o receptor é capaz de assumir o papel do remetente. Ela conceitua a interação de mídia como a natureza interativa do próprio meio, e como a "facilidade com que as pessoas podem controlar o meio para fazer com que ele forneça as informações que elas querem”. (p. 118). McMillan (2002) analisa várias perspectivas teóricas na literatura das relações interpessoais, organizacionais e públicas para articular uma definição centrada no usuário de interatividade. Ela propõe duas dimensões para criar quatro diferentes tipos de interatividade online. As duas dimensões incluem “nível de controle do receptor” (que inclui valores altos ou baixos) e "direção de comunicação" (compreendendo unidirecional ou bidirecional), levando a uma tipologia de cyber-interatividade com quatro diferentes categorias – monólogo, feedback, diálogo ágil, e o discurso mútuo. Das quatro categorias a autora argumenta que o discurso mútuo é a mais interativa, pois envolve dois sentidos da comunicação e uma maior simetria no nível de controle entre emissor e receptor. Sundar (2007) conceitua a interatividade como uma variável tecnológica versátil que pode atuar como uma fonte, um médio ou uma mensagem. Ele argumenta que não importa de que forma a variável é interpretada, a interatividade serve para aumentar o envolvimento do usuário com o conteúdo. O restante desta explicação emprega esse modelo tripartite para ilustrar como um novo conceito de mídia pode ser associado com diferentes elementos de modelos tradicionais de comunicação, levando a diferentes concepções e operacionalizações. Interatividade como um recurso de fonte Ao tratar a interatividade como um recurso de fonte, Sundar (2007) a conceitua como a capacidade de um indivíduo de manipular a fonte de informação ou interação. Esta visão adota uma abordagem centrada no usuário, mas com uma diferença fundamental. Enquanto na maioria das abordagens centradas no usuário a interatividade é vista como uma variável perceptiva (interatividade percebida) situada no sujeito e nas experiências individuais (mentes) dos usuários (Bucy & Newhagen 1999; McMillan, 2002; McMillan & Hwang, 2002), Sundar (2008a) adota uma perspectiva do agente na qual um indivíduo com altos níveis de interatividade é investido com o poder e a oportunidade alterar sua condição de receptor para se tornar o remetente. Essa visão é semelhante à definição de Steuer (1992) que considera interatividade como "a extensão em que os usuários podem participar em tempo real modificando a forma e o
  • 12. conteúdo de um ambiente mediado" (pág. 84). Bucy e Gregson (2001) propõem uma noção semelhante de interatividade com base na fonte quando reconhecem o potencial dos novos meios de comunicação que "permitem que o usuário selecione o método de entrega de mensagens" (p. 366). No entanto, esses autores ainda tratam a interatividade como uma variável perceptual. Mas, para Sundar (2007), o nível de interatividade se traduz no grau no qual a tecnologia permite ao utilizador se servir como uma fonte ou como um remetente da comunicação (Sundar & Nass, 2001), independentemente da forma como ela é percebida pelo usuário. Interatividade como um recurso da mídia Com base em trabalho empírico anterior (Sundar, Kalyanaraman, & Brown, 2003), Sundar (2007) integra a perspectiva baseada no recurso (McMillan, 2002) e a perspectiva da interatividade como produto (Stromer-Galley, 2004) e as aproxima da perspectiva da interatividade como recurso do meio, na qual quanto maior for a capacidade da interface do meio de gerar interações, maior o nível de interatividade. A interatividade como uma função de meio é baseada no nível de banda larga (Reeves e Nass, 2000), que leva em conta a quantidade e os tipos de canais sensoriais envolvidos em uma interação como um sinal de maior envolvimento do usuário. Assim, nesta abordagem, o número e tipos de características multimodais (Oviatt, Coulston & Lunsford, 2004; Sundar 2000), como texto, imagens, áudio, vídeo, o olhar, e os gestos, criaram uma experiência acumulada. Além disso, o ponto de vista do meio em relação à interatividade também poderia ser conceituado como a Interação Humano- Computador (HCI) ou, como Stromer-Galley (2004) observa, a interatividade como produto, onde um "conjunto de recursos tecnológicos permite que os usuários a interajam com a interface ou com o próprio sistema" (p. 391), em oposição à interatividade-como-processo que analisa a interatividade entre as pessoas. Interatividade como um recurso da mensagem Como um recurso de mensagem, a interatividade é conceituada como o grau de contingência em uma troca de comunicação. Esta visão está enraizada em uma das primeiras conceituações de interatividade desenhada por Rafaeli (1988), que definiu a interatividade como "uma expressão do grau em que, em uma determinada série de trocas de comunicação, qualquer terceira (ou posterior) transmissão (ou mensagem) se relaciona com trocas anteriores e que, por sua vez, se referem a transmissões ainda
  • 13. mais antigas” (p.111). Na mesma linha, Ha e James (1998) definem interatividade como "o grau em que o comunicador e o público respondem à, ou estão dispostos a facilitar, necessidade de comunicação do outro" (p. 461). Sundar et al. (2003) observam que esta abordagem de contingência para interatividade adota uma visão mais comportamental (ao invés de perceptual) porque cada troca de mensagens é sistematicamente condicionada à ação anterior, atual e futura do usuário. A troca de mensagens é considerada não-interativa se um receptor e remetente estão se comunicando de forma independente, sem qualquer forma de reconhecimento mútuo. Se um receptor apenas responde a uma questão por parte do remetente, torna-se reativo a troca. No entanto, se a troca de mensagens subsequentes entre o receptor e o emissor refere-se a elementos presentes nas mensagens iniciais, então a troca de mensagens é considerada interativa. ANÁLISE EMPÍRICA Em tentativas para operacionalizar o conceito várias dimensões de interatividade foram identificadas por alguns estudiosos (Downes & McMillan, 2000; Heeter, 1989). A maioria das dimensões apontadas por Heeter (1989), tais como a complexidade de opções disponíveis, o esforço que os usuários devem exercer, a capacidade de resposta do sistema para o usuário, o monitoramento do uso da informação, ou a facilidade de adicionar informações, podem ser categorizadas de acordo com visão baseada no meio ou pelo nível de HCI de interatividade - Interação Humano-Computador (Hoffman & Novak, 1996). Por outro lado, a maioria das dimensões observada por Downes e McMillan (2000), tal como a direção de comunicação, o tempo de flexibilidade, senso de lugar, o nível de controle, capacidade de resposta, e efeito percebido da comunicação, podem ser categorizadas de acordo com a abordagem “person-to-person” ou pela abordagem da CMC de interatividade. Embora existam várias dessas dimensões poucos estudos as operacionalizaram de modo a facilitar testes empíricos. Com base em amplas classificações teóricas que tratam a interatividade tanto como uma característica tecnológica, bem como uma característica perceptual, há dois agrupamentos distintos sob os quais as operacionalizações de interatividade se enquadram – (1) medidas que tratam interatividade como uma variável independente ou causal associada com características funcionais de tecnologia que podem ser manipuladas (Sundar, Hesser, Kalyanaraman, & Brown, 1998; Sundar, Kalyanaraman, & Brown, 2003), ou (2) medidas que tratam a interatividade como uma variável de processo (mediador) ou como uma variável de resultado (dependente), na qual a interatividade é mensurada em a forma de auto-relato da "interatividade percebida"
  • 14. (Bucy, 2004; Bucy & Newhagen, 1999; Kalyanaraman & Sundar, 2006; McMillan & Hwang, 2002; Sundar & Kim, 2005). Interatividade real manipulada Como observado anteriormente, entender a interatividade como uma affordance dentro de modelos de comunicação lineares tem sido um desafio para os estudiosos porque o conceito pode ser situado em todos os elementos do modelo – fonte, meio, mensagem e receptor. Como forma de resolver parcialmente este problema, esta seção sobre análise empírica examinará maneiras em que a interatividade pode ser operacionalizada em ambos os sentidos – em primeiro lugar como uma variável que existe ontologicamente prestando-se a várias formas de manipulação experimental e, em segundo, como contrapartida psicológica de capacidades tecnológicas, assumindo a forma de interatividade percebida na mente do usuário / receptor. Vamos primeiro olhar para as formas em que as características de interatividade da fonte, do meio e das mensagens foram manipuladas e testadas como uma variável antecedente. Interatividade como recurso de fonte Quando estudada como um recurso de fonte (Sundar & Nass, 2001), a interatividade foi operacionalizada em diferentes categorias – editores, computadores, outros usuários, e o próprio usuário – com níveis crescentes de source-ness (a capacidade de guardar informação), o que implica maiores níveis de interatividade. Nesta abordagem, a capacidade de um receptor de personalizar a informação ao tornar-se a fonte é considerada o mais alto nível de interatividade gerada pela nova mídia. Stromer-Galley (2000), em sua análise de sites de políticos durante a campanha presidencial de 1996, descreveu o site do Bob Dole como um bom exemplo de alta interatividade, pois os usuários eram capazes de personalizar o site para refletir sobre um determinado assunto. No site, as informações também podiam ser personalizadas para atender às diferentes demandas. Os usuários podiam baixar papel de parede da campanha, bem como enviar "Eu apoio Dole" como e-postais para outros usuários. Além disso, no final de cada assunto postado, uma escala de 10 pontos era apresentada aos visitantes, isso facilitava quando o usuário queria procurar sobre assuntos que já tinha comentado, permitindo ao usuário expressar sua opiniões e priorizar as informações em seus próprios termos. Mesmo que estas operacionalizações de interatividade reflitam uma abordagem baseada em atributos ou orientada para o meio, de acordo com a abordagem de Sundar (2007) sobre a interatividade como recurso de fonte, a
  • 15. capacidade dos utilizadores para personalizar (e agir como fontes) foi o que fez o site de Dole se tornar verdadeiramente interativo. Interatividade como recurso da mídia Em estudos que adotaram a visão baseada no meio (McMillan, 2002;. Sundar et al, 2003; Sundar & Kim, 2005), a interatividade foi operacionalizada como affordances ou características multimodais oferecidas pelo meio, essa abordagem é também chamada de "sinos e assobios" (Sundar, 2007). Alguns exemplos incluem análise de conteúdo feita por estudiosos como Massey e Levy (1999), que operacionalizaram a interatividade como a presença (ou ausência) de recursos de interfaces, tais como e-mail links, hiperlinks, formulários de feedback, e salas de bate-papo (ver também Stromer-Galley, 2000). Em sua análise de conteúdo de sites políticos, Kamarck (1999) classificou como interativos somente os recursos que permitiam aos usuários alguma oportunidade se engajar em um diálogo com o candidato ou equipe de campanha. Esta abordagem vai de acordo com a abordagem baseada no meio (HCI) ou na abordagem da interatividade como produto (Stromer-Galley, 2004), ou ainda com a abordagem da interatividade como recurso da mídia. Pesquisas realizadas em sites políticos mostraram que os níveis mais elevados de interatividade tendem a influenciar positivamente as percepções sobre os candidatos e suas campanhas (Ahern & Stromer-Galley, 2000; Sundar et al., 1998). Neste domínio, Sundar et al. (1998) operacionalizou a interatividade do ponto de vista da mídia em termos do número de hiperlinks e da presença de formas de feedback (ambos contabilizados em números ordinais). Assim, versões de baixa, média e alta interatividade do site de um candidato político foram criadas – a versão de baixa interatividade do site não tinha hyperlinks. Enquanto a versão de nível médio permitia aos participantes clicar em alguns links para acessar as informações, a versão com alto nível de interatividade permitia aos participantes enviar e-mail diretamente para o candidato político (Sundar et al., 1998). Interatividade como recurso de mensagem A abordagem da interatividade como recurso de mensagem foi operacionalizada de diferentes maneiras. Como o foco principal ou unidade de análise nesta abordagem tende a ser a troca individual de mensagens, essa visão é mais comum na literatura referente à comunicação interpessoal mediada por computador (Walther, Anderson, e Park, 1994). Sob este ponto de vista, a interatividade foi contextualizada como o grau
  • 16. de reciprocidade entre emissor e receptor, o grau de capacidade de resposta ou de auto-revelação (quando o usuário diz sobre si mesmo para o outro), e a coerência de discussão (Stromer-Galley, 2000). Em um contexto de comunicação de massa, Sundar et al. (2003) operacionalizou a abordagem da interatividade na mensagem fragmentando informações do site em camadas hierárquicas acessíveis por hiperlinks. Na versão de interativa de baixo nível, todas as informações sobre o candidato e sua campanha foram apresentados em uma única página. Na versão interativa de nível médio, uma camada adicional de informação foi fornecida onde as questões foram divididas em diversos cabeçalhos e ao clicar sobre esses títulos o usuário era levado a uma descrição mais detalhada dos temas de campanha. Na versão interativa de alto nível, depois que os usuários entravam no site clicando sobre o título principal (ou hiperlink), eles eram apresentados a mais subtítulos e links para acessar os diferentes aspectos de um determinado assunto. Desta forma, cada atividade de “clicar e aparecer uma mensagem” foi feita para ser subordinada à atividade de cliques anteriores, operacionalizando a visão de Rafaeli (1988) sobre as affordances situadas no meio. Um exemplo completamente diferente de interatividade como um recurso da mensagem pode ser encontrada em um estudo realizado por Welch e Fulla (2005) que avaliaram as interações entre cidadãos e burocratas em dimensões tais como: a sofisticação do conteúdo, a complexidade do diálogo, o compromisso de resposta e o feedback. Em seu estudo, sofisticação do conteúdo foi operacionalizada como a complexidade, a escolha de informações, bem como a facilidade com que os cidadãos poderiam acessar essas informações. A dimensão do feedback foi caracterizada como a facilidade de dar uma resposta e o tipo e número de oportunidades de feedback. Quanto maior as oportunidades de feedback por meio do recurso sincrônico (chat) e assíncrono (e-mail e boletim), maiores poderiam ser os níveis de interatividade. Além disso, a complexidade do diálogo foi caracterizada como a frequência de comunicação com via de mão dupla entre burocratas e cidadãos, bem como a adequação dos comentários trocados em tais interações. Finalmente, o compromisso de resposta foi medido como a frequência e a velocidade da resposta enviada pelo burocrata ao cidadão. Os autores descobriram que a interatividade elevada leva a um maior senso de comunidade onde os cidadãos e os governos podem ocupar o mesmo "espaço de interlocutores" (p. 232) para gerar resultados positivos. Semelhanças e diferenças
  • 17. Dois elementos comuns que permeiam todas as definições acima: a interatividade é tratada como algo que é fundamental para a nova tecnologia da mídia e envolve algum tipo de compromisso ativo do usuário com o meio, com as mensagens e com as fontes presentes no processo da comunicação. Pode-se argumentar que essas definições teóricas e operacionais se diferem em torno do seu principal objeto de interesse ou unidade de análise – como nos fatores específicos que examinam e onde (ou em quem) esses fatores estão situados. Alguns são vistos como fatores de mensagens (ou conteúdo); outros são vistos como fatores centrados no usuário – ou eles são considerados como fatores técnico (estruturais ou relacionados com o meio) (Kiousis, 2002). Quando analisados juntos, eles refletem a tríplice conceituação de Sundar (2007) baseados no meio, na fonte e nas mensagens. MEDINDO A INTERATIVIDADE PERCEBIDA Até agora examinamos a interatividade como uma variável ontológica e não como uma variável psicológica. O objetivo desta seção é explicar esta última variável na forma de "interatividade percebida." Como Bucy e Tao (2007) argumentam, os estudiosos preocupados com a estrutura de interatividade identificaram várias dimensões para capturar os atributos tecnológicos específicos que definem a interatividade (Ha & James, 1998; Heeter, 1989; Jensen, 1998; Steuer, 1992), mas não conseguiram explicar por que certos atributos tecnológicos levam a resultados interativos específicos. A presença objetiva da interatividade em interfaces tecnológicas nem sempre garante a experiência subjetiva da interatividade, sem considerar o uso real da tecnologia. O modelo MAIN (Modalidade-Agência-Interatividade-Navegabilidade) proposto por Sundar (2008b) oferece uma explicação para a diferença entre os recursos de interatividade embutidos em interfaces tecnológicas e a interatividade resultante dos próprios usuários ao invocar a noção de heurísticas cognitivas. A vantagem desta abordagem baseada na heurística é que se pode medir a interatividade sem necessariamente cortar os laços com algumas das características tecnológicas fundamentais que permitem a interatividade. Recursos interativos específicos de uma interface, por exemplo, links relacionados em um site, desencadeiam uma heurística, tal como uma sensação de conexão, e este julgamento rápido sobre a conectividade proporcionada pela interface influenciará em como um usuário irá avaliar tanto o sistema quanto o conteúdo apresentado por ele. O argumento central do modelo MAIN é que os usuários empregam regras de avaliação "heurísticas” por meio das quais eles fazem conexões teóricas entre (a) sinais de interatividade que existem objetivamente em uma interface, e (b) avaliação psicológica dos objetos que possuem esses sinais, por exemplo, as avaliações de credibilidade tanto do conteúdo
  • 18. como do meio. O modelo MAIN abrange quatro tipos diferentes de affordances (modalidade, agência, interatividade e navegabilidade), mas vamos nos concentrar aqui na affordance específica de interatividade para essa discussão. O objetivo final é a construção de uma escala de interatividade percebida que consiste em itens que delimitam a operação de heurísticas específicas subjacentes às percepções do usuário de interatividade. À parte das heurísticas identificados no modelo MAIN, algumas das medidas existentes de interatividade também podem ser agrupadas em dimensões de fonte, meio e mensagens de interatividade percebida (ver Tabela 25.1). Uma vez que este capítulo concentra-se mais no processo de explicação e não na avaliação empírica, nós iremos abordar mas não será possível testar as preocupações com a confiabilidade e validade que inevitavelmente surgem em processos de escala de construção hipotética. Compreendendo a heurística no contexto da interatividade política Esta seção explica as heurísticas relacionadas à interatividade identificadas no modelo MAIN por meio de exemplos de como estas heurísticas podem ser contextualizadas na interatividade política. Nossa tese fundamental é a de que as affordances não existem como características estruturais isoladas, mas possuem sinais que desencadeiam percepções na forma de avaliações rápidas (que chamamos de heurísticas) sobre as intenções por trás de sua criação e as consequências percebidas. A heurística nem sempre leva ao processamento heurístico. Na verdade, ela pode atuar como ótima ferramenta analítica, importante para o processamento sistemático de informação subjacente. Ela pode ser invocada pela experiência real dos usuários de uma interface interativa (por exemplo, um site) ou pela percepção do usuário sobre a possibilidade de ação de uma interface, mesmo sem tê-la usado diretamente. TABELA 25.1 Dimensões conceituais da Interatividade Percebida Dimensões I Interatividade da fonte Dimensões II Interatividade da mídia Dimensões III Interatividade da mensagem  Controle sobre a mídia (Stromer-Galley, 2000)  Ouvintes e callers ativos (Newhagen, 1994)  Nível de controle do receptor (McMillan, 2002)  Escolha (Ha e James, 1998)  Habilitação do controle do usuário (Jensen, 1998)  Capacidade de resposta do sistema (Newhagen, 1994)  Conectividade e reciprocidade (Ha e James, 1998)  Capacidade de resposta e reflexividade (Stromer-Galley, 2000)  Feedback customizado e em tempo (Straubhaar e LaRose, 1997)  Capacidade de resposta (Rafaeli, 1988)  Participação em tempo real (Steuer, 1992)  Playfulness (Ha e James, 1998)  Direção da comunicação (McMillan, 2002)  Senso de lugar e tempo (McMillan e Downes, 2000)
  • 19.  Heurística de atividade (Sundas, 2008b)  Heurística de escolha (Sundas, 2008b)  Heurística de controle (Sundar, 2008b)  Heurística de own-ness (Sundar, 2008b)  Velocidade (ou atraso) na resposta do sistema (McMillan e Hwang, 2002)  Engajamento com o sistema (McMillan e Hwang, 2002)  Interatividade incorporada e experiente (Song e Bucy, 2007)  Atributo de mídia ou estado psicológico (Tao e Bucy, 2007)  Affordance real e percebida (Bucy e Affe, 2006)  Heurística de interação (Sundar, 2008b)  Heurística de capacidade de resposta (Sundar, 2008b)  Comunicação de duas vias (Liu e Shrum, 2002; McMillan e Hwang, 2002)  Comunicação simultânea (McMillan e Hwang, 2002)  Conversação em tempo real (McMillan e Hwang, 2002)  Contingência de mensagem (Sundar, Kalyanaraman e Brown, 2003)  Heurística de telepresença (Sundar, 2008b)  Heurística de fluxo (Sundar, 2008b) Ao se dividir o termo interatividade em duas dimensões: interação e atividade, Sundar (2008b) identifica alguns dos indicadores que representam o conceito através das seguintes heurísticas. A heurística atividade refere-se ao julgamento dos usuários que diz que em determinado site é possível encontrar maior interatividade do que na mídia tradicional. Se este julgamento é operacionalizado como a quantidade de atividade resultante – por exemplo, o número de vezes que um visitante clica em um função determinada num site de campanha –, ele pode ser medido como uma variável contínua. A interatividade também pode ser operacionalizada como um sinal que desencadeia a heurística interação, deste modo o meio proporciona affordances que procuram por entradas específicas do usuário, por exemplo, caixas de diálogo que se abrem em um site ou enquetes online e pesquisas que, presumivelmente, servem para melhorar a sensação de interação do usuário tanto com o meio como com o conteúdo. A heurística capacidade de resposta que é acionada quando um sistema responde a usuários em uma base contínua, vai além da interação e capta o aspecto de interatividade contingente (Rafaeli, 1988). Embora essas heurísticas sejam teorizadas como efeitos decorrentes da concepção e manipulação de recursos interativos embutidos em uma interface (Sundar, 2008b), o nosso interesse atual em tratá-las como manifestações de interatividade percebida nos obriga a examinar as consequências perceptíveis do desencadeamento destas heurísticas, ou seja, quando os usuários sentem que a interface oferece-lhes a oportunidade de participar ativamente, interagir, colaborar com um sistema reativo, e assim por diante. As medidas ideias de interatividade percebida se unem à heurística de duas maneiras: (1), ao medir diretamente a percepção do usuário sobre a intenção e a utilidade do affordance, e (2)
  • 20. ao rastrear comportamentos decorrentes de tais percepções (por exemplo, clique em ações, participação em fóruns on-line, e assim por diante). Sobre as heurísticas de interatividade específicas identificadas por Sundar (2008b), a heurística escolha ocorre quando os usuários percebem a variedade e o nível de detalhe na informação apresentada – que muitas vezes é resultante da presença de várias opções (listas drop-down), com abas de menus, links em camadas, e assim por diante. Os efeitos de escolha tendem a transferir para outro julgamento poderoso, a heurística de controle, que é acionada quando os usuários se sentem capacitados ao serem colocados no comando de sua própria experiência interativa. Estas duas heurísticas, escolha e controle, podem ser críticas em sites políticos nos quais os visitantes, especialmente os "internautas" que são politicamente esclarecidos (Sundar et al., 1998), apreciam as informações e recursos e podem personalizar ou fazer seus próprios conteúdos. Como os meios de comunicação tradicionais ficam saturados de informação, em especial durante os anos de eleições e campanhas, a interatividade com base na fonte que ajuda os usuários a escolherem a quantidade e o tipo de informação (com base na relevância e utilidade) pode ajudar a contribuir para dar resultados e avaliações favoráveis a um partido político. A interatividade com base na fonte pode ser encontrada quando há personalização (que implica tanto escolha e controle), por exemplo, ao permitir que os usuários criem um blog onde podem trocar ideias e debater assuntos com concidadãos online. A telepresença como uma heurística é ativada quando os usuários percebem que uma interface oferece possibilidades de interações em tempo real (Liu & Shrum, 2002; McMillan & Hwang, 2002; Steuer, 1992) e que pode transportá-los para um mundo diferente. Isso pode acontecer na forma de reuniões townhall ou debates onde os cidadãos podem perder o seu sentido de tempo e espaço e se sentem parte de uma audiência nacional maior. Os vídeos recentes de debates do YouTube são um exemplo disso (Glover, 2007). A heurística fluxo baseada no trabalho de Csikzentmihalyi (1990) também poderia ser operacionalizada como um sentido de brincadeira (Ha & James, 1998) que um usuário experimenta ao interagir com o sistema (ou outro usuário). A facilidade para criar caricaturas políticas e desenhos animados e outros recursos on-line que permite que o usuário explore a forma, o que e como eles querem processar as mensagens poderia suscitar esta heurística. Desta forma, diferentes pistas interativas presentes nas interfaces desencadeiam diferentes heurísticas cognitivas sobre o site e seu conteúdo político. A operação destas heurísticas pode ser medida psicologicamente por meio de itens do questionário relacionados com a percepção de interatividade nos três lugares: fonte, meio e mensagem. A tabela 25.2 fornece um exemplo de itens que pertencem à interatividade percebida quando esta ocorre em termos de heurísticas
  • 21. relacionadas com a interatividade no âmbito de cada dimensão da fonte, meio e mensagem. Estas medidas são representativas e não capturaram cada uma das heurísticas. Além disso, eles constituem apenas as medidas baseadas em heurísticas de interatividade percebida. As medidas baseadas em outras conceituações de interatividade percebida listadas sob as três dimensões da Tabela 25.1 devem ser testadas em correspondência com estas medidas baseadas em heurísticas para validar empiricamente nosso agrupamento. Unidade de análise e níveis de mensuração Um dos principais objetivos da explicação é limitar o conceito a um formato no qual ele pode ser facilmente identificado e medido. Assim, se alguém adota a abordagem estrutural ao olhar para recursos interativos específicos presentes em um meio tecnológico como hiperlinks e formulários de feedback, a presença de tais recursos ou affordances na página inicial ou em outras seções de um site podem constituir a unidade de análise, que é realizada principalmente por meio de variáveis categóricas. Se o objeto de estudo é a troca de mensagens contingentes que ocorrerem em um fórum de bate-papo interativo, a unidade de análise passa a ser as mensagens que estão sendo trocadas. Se, por outro lado, a intenção é medir a percepção de interatividade nas mentes dos usuários, então a unidade de análise deve ser os usuários individuais. As heurísticas relacionadas à interatividade do modelo MAIN discutidos na Tabela 25.2 podem ser avaliadas sob diferentes níveis de medição. Por um lado, elas podem ser tratadas como variáveis categóricas e monitoradas a partir de sua presença (disponibilidade no meio) e utilização (atividade real do usuário) ou ausência. TABELA 25.2 Itens para medição de Interatividade Percebida via Heurística Interatividade percebida como um recurso de Fonte Heurística atividade - Eu era capaz de realizar uma série de ações no site. - O site tinha um monte de coisas para me manter ativo. Heurística controle - Tomei medidas para controlar o que eu queria ver (ou evitar) no site. - Eu senti como se tivesse muito controle sobre o fluxo de informações no site.
  • 22. Heurística escolha - Eu acredito que o site me ofereceu várias opções para navega-lo. - Eu tinha muitas coisas para escolher quando eu consultei o s ite. Heurística own-ness - Eu poderia personalizar o site para torná-lo meu. - O site é um bom reflexo do que eu sou. Interatividade percebida como um recurso de mídia Heurística capacidade de resposta - Eu me senti como se o sistema estivesse constantemente respondendo às minhas necessidades. - Eu me senti como se o sistema pudesse entender o que eu estava tentando fazer. Heurística interação - Eu senti como se estivesse envolvido em uma conversa real com o sistema (ou outro usuário). - A interface pediu minha participação em todas as fases da interação. Interatividade percebida como um recurso de mensagens Heurística contingência - Eu me senti como se as informação no site estivessem muito bem interligadas. - As mensagens que recebi no site foram baseadas nas minhas entradas anteriores. Heurística telepresença - Eu senti como se estivesse no mesmo lugar que a pessoa com quem eu estava interagindo. - Eu me senti imerso na campanha durante a navegação no site. Heurística fluxo - Quando comecei a navegar eu não tinha mais vontade de parar a atividade. - O site oferecia boas características que me envolviam e me incentivavam a continuar a navegação. Se estas heurísticas forem contextualizadas de forma que representem a presença e o uso de mais do que um affordance de cada vez, elas podem ser agrupadas e medidas por meio de categorias ordinais de valores altos, médios e baixos. Estas heurísticas também podem ser medidas em uma escala contínua para obter observações psicológicas dessas affordances tecnológicas na mente do usuário com a ajuda de um somatório de escalas de avaliação, projetado para capturar percepções do usuário ou ações que indicam o funcionamento da heurística. Para um conceito de explicação se tornar útil, a análise deve ser seguida por uma análise empírica que envolve a formação de uma escala em que os indivíduos podem ser localizados, atribuindo-lhes pontuações ou valores específicos, com base em suas respostas (McLeod & Pan, 2005). O processo de geração de itens que vão compor a
  • 23. escala e que serão agrupados em determinados índices pode ser conduzido por hipóteses básicas que funcionam como diretrizes que, por dedução, vão dirigir o agrupamento de certos indicadores para a posterior construção de modelos, que podem ser testados mais tarde, com abordagens baseadas em dados indutivos. Confiabilidade e Validade Em suas diretrizes de escala de desenvolvimento, especificamente no que diz respeito à geração de itens, DeVellis (2003) enfatiza a importância de coletar um grande número de itens que podem ser incluídos na escala. Isto significa desenhar um subconjunto de um conjunto teoricamente infinito de todos os possíveis itens existentes, e quanto mais itens na escala, maior a confiabilidade. Uma vez que os artigos em cada dimensão são gerados o próximo passo é verificar todos os indicadores de confiabilidade, principalmente a sua consistência interna. As medidas de alfa de Cronbach proporcionam uma boa avaliação da unidimensionalidade de um índice ou a homogeneidade dos itens que estão sob uma certa dimensão (DeVellis, 2003; McLeod & Pan, 2005). Além disso, como McLeod e Pan (2005) notam, as avaliações de confiabilidade devem complementar avaliações da validade de conteúdo. Isto é, enquanto o procedimento de geração de item para uma escala progride, os pesquisadores devem verificar se a adição ou supressão de itens pode sacrificar a validade do conteúdo por uma questão de maior confiabilidade, ou se um coeficiente de confiabilidade permitiria a inclusão de itens adicionais, o que pode aumentar a validade de conteúdo. Além disso, como o método alfa de Cronbach fortalece quando os itens dentro de um índice são positivamente correlacionados uns com os outros, agruparas dimensões que compartilham um significado conceitual e operacional semelhante fará não só com que a escala fique mais confiável, mas também mais válida, incluindo itens que são parte integrante do conceito. CONCLUSÃO Nosso objetivo com este capítulo foi o de lançar luz sobre alguns dos desafios que podem ser enfrentados pelos pesquisadores ao estudarem algumas variáveis que são únicas para a comunicação baseada na Web, e demonstrar maneiras de superar tais desafios sem ter que renunciar tanto aos modelos tradicionais de comunicação ou aos
  • 24. ricos paradigmas de explicação estabelecidos por estudiosos de comunicação (Chaffee, 1991; McLeod & Pan, 2005). Explicações de conceito têm uma função de direcionar os pesquisadores ao oferecer diversas diretrizes para estudos futuros. Depois que um conceito é removido do seu domínio abstrato por meio de uma análise rigorosa de sentido e é construído de forma que pode ser observado e medido no domínio empírico, ele oferece aos pesquisadores especificidade e clareza para medir os efeitos da variável que eles devem explicar. No caso do nosso exemplo, explicitando o conceito de interatividade oferecemos várias dessas diretrizes: a) Em primeiro lugar, ao invés de abafar o uso da Internet, os pesquisadores devem identificar os aspectos específicos da mídia on-line que são relevantes para seu contexto de estudo ao projetar sua pesquisa ou experimento. b) O grau de especificidade trazido do exercício de explicação incita os pesquisadores a contextualizar o uso da Internet em termos de affordances explícitas e relevantes oferecidos pelo meio. c) Depois de reconhecer a affordance de interesse, os pesquisadores devem decidir se eles estão interessados no aspecto tecnológico ou psicológico da affordance. Se for o aspecto tecnológico, então seria útil isolar e (potencialmente) manipular a affordance em um estudo experimental. Se for o aspecto psicológico então o estudo deve determinar medidas que direcionam a experiência do usuário da affordance, tanto no contexto de experiência como o de avaliação. d) A próxima tarefa é situar o affordance em um ou mais elementos (fonte, meio, mensagem) de modelos de comunicação tradicionais, e realizar uma explicação separada do conceito para cada elemento. e) Se o pesquisador estiver interessado principalmente no aspecto tecnológico, deve tomar cuidado para operacionalizar o conceito dentro de um dado elemento do modelo (por exemplo, especificar uma variável de interatividade de fonte baixa, média e alta que é diferente de uma variável de interatividade do meio baixa, média e alta médio variável, que é diferente de uma variável de interatividade da mensagem baixa, média e alta).
  • 25. f) Se o pesquisador estiver interessado principalmente no aspecto psicológico e em empregar o conceito como um mediador ou variável dependente, deve tomar cuidado para diferenciar entre os itens que medem a affordance percebida a partir de uma perspectiva de fonte e aqueles que a medem a partir de uma perspectiva do meio ou da mensagem. g) Cuidados também devem ser tomados para distinguir entre a presença percebida do Affordance contra uso real do affordance pelos usuários, a fim de compreender o processo pelo qual os usuários atribuem significado ao affordance ou ao recurso em questão. h) As interpretações dos usuários sobre os recursos do site podem ser compreendidas tanto por meio de questionário de medidas de percepção, bem como por meio de mensuração das atividades do usuário com o sistema que explora o funcionamento de heurísticas cognitivas desencadeadas por affordances. i) Estas heurísticas podem ser essenciais não só na formação da interpretação psicológica dos affordances mas também para explicar o processo pelo qual a affordances forma os resultados sociais e comportamentais que são de interesse para a comunicação baseada na web.