2. ECONOMIA 2011 – 4º TRIMESTRE
POR BRUNO PRADO – ECONOMISTA
SETEMBRO – 2011
Poupador Consultoria - 2011
3. RELATÓRIO ECONÔMICO DA POUPADOR CONSULTORIA
O presente relatório tem por objetivo identificar e conjecturar sobre o atual cenário
econômico mundial e através dessa análise expor gargalos e entraves à economia brasileira que
está sujeita a possíveis desdobramentos resultantes das economias internacionais. O projeto de
estudo abaixo exemplifica os possíveis rumos que a economia brasileira pode seguir com base em
estudos feitos pelos economistas da Consultoria Poupador.
A importância do estudo abaixo se faz necessário para que o setor privado, o empresário
por assim dizer, de base nessas conjecturas, possa elaborar ações cabíveis para seu setor de
atividade, evitando desta forma perdas financeiras1.
A Poupador Consultoria acredita que através de uma profunda análise da economia atual,
atrelado a vasta experiência no mercado em que o empresário está inserido faz com que os vieses
da economia, tais como crises e diminuições no ritmo de crescimento dos países podem ser
contornados com decisões econômicas prudenciais que podemos orientar.
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“É importante frisar que cada segmento da econômica pode ter reações diferentes conforme a situação
econômica mundial se altere. Por isso é preciso que seja feito um estudo particular com cada empresa”
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4. INTRODUÇÃO
Frente ao atual quadro econômico mundial elaboramos o trabalho de estudo da
economia brasileira e internacional para identificarmos os possíveis desdobramentos da crise que
se aproxima e as atuais medidas tomadas do governo recentemente e o que essas podem resultar
para economia nacional. Analisamos as modificações na taxa básica de juros e o avanço da
inflação no período e finalizamos esboçando o quadro atual em que a economia se encontra e as
perspectivas para o futuro.
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5. TAXAS DE JUROS
SELIC
Em sua última reunião o Comitê de Política Monetária (COPOM) alterou a tendência de
elevação na SELIC (taxa básica de juros) que vinha aumentando desde o mês de janeiro desse ano.
Os juros brasileiros chegaram a 12.50% e sofreram redução de 0.5% em uma única redução.
A decisão tomada foi um tanto quanto surpreendente, em vista que o Governo e o Banco
Central utilizam a política monetária (tx de juros) para o efetivo controle dos índices de inflação,
que apresentaram em seus últimos resultados elevações que extrapolam o centro da meta
estipulada para esse ano (7.23% últimos 12 meses). Muitos analistas consideraram que haveria
uma redução, porém, apenas na próxima reunião e não nesse momento e tão pouco nessa
proporção.
Levaremos em consideração os dados que dispomos:
1. Inflação de 7.23% nos últimos 12 meses;
2. Política Fiscal mais rígida do governo (redução nos gastos de cerca de 10 bilhões);
3. Moeda fortalecida internacionalmente (mais importação, menos exportação);
4. Cenário internacional com fortes turbulências e riscos.
O COPOM tomou sua decisão em vista dos fatores acima mencionados, pelo menos em
parte deles. A redução nos gastos do governo e a baixa na taxa de juros indicam uma mudança da
preocupação do governo. Diminuir a sua dívida reduzindo os gastos e com uma taxa de juros
menor, a dívida diminuirá como conseqüência. Ao fazer isso, quando diminui seus gastos, ele
também deixa de gerar renda. Entretanto, a redução na taxa de juros incentiva o mercado interno
para que haja investimentos produtivos. Se isso ocorrer, o incentivo interno na economia se
manteria e até aumentaria fazendo com que haja aumento na renda e a demanda se mantenha
aquecida, possivelmente fazendo com que os preços dos bens se mantenham em alta.
Com a redução nos juros é possível que um dos resultados seja uma menor entrada de
dólares na economia, e até mesmo uma fuga de capital externo, o que faria com que o real se
desvalorizasse, as exportações ficassem mais lucrativas e a competitividade com produtos
importados se tornaria menor. Porém é pouco provável que isso aconteça em vista que as taxas
de juros no Brasil, mesmo com a redução de 0.5% ainda é o país que possui a taxa mais cara, o
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6. que garante ao investidor um maior retorno do que outros países como EUA que mantém a taxa
em 0.5% e a região do EURO com taxa de 1.5%.
Então, o dolar vai continuar desvalorizado, o mercado interno sofrerá pressão dos
produtos importados e a inflação continuará a aumentar até o fim do ano podendo estourar o
teto da meta de 6.5%. O Banco Central acredita ter tomado a decisão correta uma vez que está
apostando na deterioração do cenário internacional. Caso as economias da Europa e os EUA não
encontrem uma solução para alavancar e incentivar os seus mercados a economia mundial
caminhará para uma recessão, dessa forma, o desincentivo mundial seria tão grande, que não
haveria pressão nos preços.
Em resumo, o Banco Central com receio dessa possível recessão pretende incentivar o
mercado interno antes que a situação se deteriore. Portanto, acreditamos que para as próximas
reuniões (18/10 e 29/11) e se o cenário continuar a piorar, o COPOM manterá o corte em 0.25% e
0.25% chegando a 11.5% ao final do ano.
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7. INFLAÇÃO
METAS DE INFLAÇÃO
Segundo a resolução Nº003748 do Banco Central, fica estabelecido que a meta de inflação
para o ano de 2011 é de 4.5% podendo oscilar 2 pontos percentuais para mais ou para menos.
Apesar dos esforços do Banco Central e do Governo Brasileiro os números apontam para um
escape do centro da meta da inflação desse ano. O IPCA divulgado essa semana aponta uma
elevação nos preços ficando o acumulado dos últimos 12 meses em 7.23%, valor acima do teto da
meta de inflação (6.5%). Abaixo a relação dos principais pontos do relatório do IPCA divulgado
recentemente pelo IBGE que são importantes para identificarmos como a inflação caminha
atualmente.
IPCA – AGO/2011
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA sofreu uma variação positiva
na coleta de dados do mês de agosto apresentando 0.37% e ficando 0.21% maior que a última
verificação do IPCA feita em julho. No acumulado dos últimos 12 meses, o índice atingiu sua maior
cotação desde junho de 2005, situando-se em 7.23%.
Dentre os bens que incidiram maior peso no índice, destacam-se as carnes que
aumentaram 1.84%. Existem muitos outros itens que influenciaram o índice, como a cenoura
(4.24%) o açúcar (3.90%) e o frango (2.74%).
Apesar do aumento no nível de preços do setor de alimentação, há itens que ajudaram a
diminuição do índice, tais como a batata (-16.09%), o alho (-8.96) e a cebola (-7.40). Somando
todos os grupos coletados, alimentação sofreu uma maior variação, chegando a 0.72%, seguido
por Habitação (0.32%), artigos de residência (0.57%) e vestuário (0.67%). Em outras palavras,
não somente a Alimentação influenciou o aumento nos preços, os preços com Habitação
aumentaram influenciados pela inflação dos aluguéis residenciais que sofreram reajuste de
1.06%. Produtos como refrigerador e maquina de lavar influenciaram os preços com variações de
3.29% e 3.18%.
O índice que mede a variação dos preços dos transportes sofreu variação negativa de
0.11%. Essa queda foi caracterizada pela redução da tarifas aéreas (-5.95%), preço dos
automóveis novos (-0.37%) e velhos (-0.61%) e seguro dos veículos com redução de -0.88%.
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8. PROJEÇÃO DA INFLAÇÃO
Ainda é muito cedo para defender um ponto de vista em relação a inflação para o ano de
2011. Há muitas variáveis que podem influenciar o movimento do mercado, como por exemplo,
as atuais ações tomadas pelo Governo e pelo COPOM e o cenário econômico mundial.
Caso o mercado internacional mantenha-se como está hoje, sem mais variações
negativas (o que pode ser pouco provável) a inflação estará sujeita apenas a estímulos internos,
como aumento de crédito, diminuição dos juros e aumento de investimentos e empregos que
geram renda para a economia. Caso o mercado não se altere a inflação poderá ficar acima do
centro da meta, em torno de 6.38 % e 6.77%. Contudo há desdobramentos que podem ocorrer no
cenário internacional que serão considerados mais adiante nesse relatório e que podem
desestimular a economia.
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9. CENÁRIO ATUAL MUNDIAL
A crise deflagrada em 2008 no sistema financeiro nacional foi contida pela ação mundial
de vários bancos centrais. A questão é que essas ações atreladas a altos endividamentos dos
governos e com a recessão mundial das economias culminaram em uma nova crise, com aspectos
diferentes da anterior. A crise atual é caracterizada por altos níveis de endividamento das
economias desenvolvidas e falta de “munição” para frear uma nova recessão mundial. Países
como a Grécia, Irlanda, Portugal, Itália e Espanha estão na lista dos países que estão com
problemas econômicos.
A Grécia é o caso mais específico e o mais preocupante até o momento. O país já recebeu
ajuda financeira do Banco Europeu e FMI, porém é provável que não haja solução a longo prazo.
Se essa tendência se confirmar e a Grécia “quebrar” poderemos ter nas economias um efeito
dominó começando com países da Europa, alastrando-se aos grandes países como Alemanha e
França e desses para o resto do mundo. A atividade econômica entraria em mais um mergulho
econômico, gerando uma segunda recessão mundial.
O resultado de todos esses “achismos” que poderão ou não ocorrer se traduzem nas
economias atuais na forma de especulações. Como o cenário macroeconômico mundial caminha
para um desastre sem precedentes, o nível de atividade econômica e as expectativas dos agentes
econômicos vão se tornando negativos. O capital que antes seria investido em novos negócios,
criando emprego e renda é transformado em bens de liquidez imediata ou acabam migrando para
paraísos econômicos onde se possa garantir mais estabilidade da moeda2.
Portanto, as especulações causam tanto mal para a economia quanto a própria crise,
causando oscilações constantes no mercado, como alta volatilidade do cambio e quedas abruptas
nas bolsas do mundo.
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“Vide a atual fuga de capital do Brasil, que tem como resultado desvalorização do Real”
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10. CONCLUSÃO
De posse dos dados que dispomos e analisamos acima, podemos concluir que a economia
mundial caminha para uma recessão que pode durar anos. O desanimo e a queda nas
expectativas com relação ao que pode acontecer nos próximos meses tornam-se armas letais que
aprofundam ainda mais a economia para o “buraco”. O que vivemos hoje no Brasil é reflexo das
ações tomadas pelo Governo Brasileiro no final do ano de 2010 com o intuito de frear o crédito e
segurar a evolução da inflação. As alterações feitas macroeconomicamente levam meses para
serem sentidas na economia, que é o período que estamos enfrentando. Período esse
caracterizado por baixo investimento industrial, inflação amenizada (não controlada) e taxas de
juros altas.
Com o cenário ruim do mercado mundial se aproximando, o governo agiu em agosto com
o intuito de prever um colapso nas economias nos próximos meses e evitar que um quadro de
recessão se instaure no país. Para tanto, o Governo mudou o foco de seu paradigma, trocando o
controle da inflação por diminuição na taxa básica de juros para ter como resultado um aumento
de investimentos do setor privado, aumento do crédito e conseqüentemente manter a economia
aquecida.
O problema começa pelo fato de que ainda há indícios de forte aceleração da inflação no
período, resultado da forte demanda nacional. Quando passamos a incentivar a economia com
baixos juros enfrentamos vários desafios, tais como:
1. FUGA DE CAPITAL
2. MAIS INVESTIMENTOS – MAIS RENDA – MAIS GASTO – MAIS INFLAÇÃO
3. NÃO HÁ GARANTIAS QUE A ECONOMIA AQUECERÁ
A FUGA DE CAPITAL (1) pode valorizar o Dólar, resultando em encarecimento das
importações, que influenciariam a inflação. Em contrapartida, a valorização do Dólar beneficiaria
os exportadores.
Com MAIS INVESTIMENTOS (2) geraríamos mais renda e essa renda extra poderia ser
transformada em gastos e mais renda para outras pessoas. O aumento da renda geraria uma
demanda maior que pressionaria a inflação positivamente.
O principal dilema seria o fato de que NÃO HÁ GARANTIAS DE QUE A ECONOMIA
AQUECERÁ (3). Apesar do incentivo que o governo está proporcionando no mercado nacional, os
agentes envolvidos podem não querer se arriscar em novos investimentos e preferem esperar o
período de turbulência terminar.
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11. O governo pode ter se apressado em diminuir a taxa de juros. Os riscos envolvidos
atualmente podem ser excessivamente prejudiciais em longo prazo, tornando a inflação um
desafio para os consumidores. Porém, devemos considerar que os efeitos das decisões tomadas
hoje na SELIC irão repercutir na economia em até seis meses, ou seja, a evolução desses
incentivos irão se desenvolver no desenrolar dos próximos meses. Ao que tudo indica, se a crise
do EURO for confirmada, será melhor conviver com uma inflação acima da média e manter o
consumo aquecido do que uma recessão e paralisação da economia nacional. Os riscos estão
pertos e a deflagração do que pode ocorrer também. Podemos afundar junto com outros países e
cair no pessimismo mundial ou nos sobressair sobre os demais como uma forte economia de
mercado.
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