SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 2
CALIXTO de Jesus, Benedito (1853-1927). Artista que, ao lado de Almeida Júnior e Pedro
Alexandrino, completa a tríade mais representativa das tendências pictóricas em São Paulo nos
fins do Séc. XIX e começos do XX, Benedito Calixto nasceu a 14 de outubro de 1853 na Vila de
Nossa Senhora da Conceição de Itanhaem, e adolescente transferiu-se para Brotas, onde
pintou seus quadros iniciais. Incentivado pelos encômios, realizou em 1881 sua primeira
exposição, na sede do Correio Paulistano, em São Paulo. O insucesso da mostra fê-lo
abandonar para sempre a capital e buscar refúgio em São Vicente, onde viveria praticamente o
resto da existência e construiria boa parte de sua obra.

Dois anos depois da má estréia paulistana, surgiu a Calixto a oportunidade de estudar
seriamente em Paris, a convite e a expensas do Visconde de Vergueiro. O pintor, embora
casado desde 1877, parte sozinho para a França, freqüenta sem maiores motivações o ateliê
de Raffaelli, cuja arte não aprecia, e pouco depois transfere-se à Academia Julian, como aluno
de Boulanger, Lefebvre e Tony-Robert Fleury. De Paris segue até Lisboa, onde por muito
pouco tempo recebe aulas de Silva Porto, tendo ainda freqüentado o ateliê de Malhoa.

Retornando ao Brasil em 1885, Calixto é rigorosamente o mesmo de quando embarcou: imune
a influências, impermeável ao fascínio cultural da capital francesa, permanece até o fim um
isolado, praticando um tipo de pintura do qual não se arredaria um milímetro, alheio a qualquer
inovação ou renovação.

Quando descansa da pintura, é no passado histórico de São Paulo que se refugia, ou então se
volta para as estrelas, em sua paixão de astrônomo amador. Esse amor excessivo à História
seria aliás nocivo ao artista, que com escrúpulos de documentarista chegará a povoar de
indígenas o quintal de sua casa, a fim de mais fielmente pintar A Fundação de São Vicente, e
que fincaria no mesmo local gigantesco mastro, para ter uma idéia mais real de como seriam
as naus de Martim Afonso de Sousa, quando aportou em 1532 a São Vicente.

Outro fator negativo a conspirar contra a arte de Calixto foi o elevado número de encomendas a
que teve sempre de atender. Já Vítor Meireles, em fins do século passado, referira-se ao
"afogadilho com que pensa e à rapidez com que executa o que pensa", acrescentando que,
vivesse acaso Calixto no Rio, tentaria corrigi-lo, "obrigando-o a pintar um trabalho grande,
durante dois ou três anos". Para os últimos anos de vida, sobretudo, transformara-se Calixto
numa autêntica máquina de fazer quadros, como se pode observar desse trecho de uma carta
remetida em maio de 1919 a um comerciante que se incumbia de lhe vender a produção:

- Peço-lhe o favor de tomar nota das pessoas que querem outros quadros, a fim de que as
mesmas se expliquem sobre o tamanho e o gênero que desejam, bem como o ponto ou lugar
que devo reproduzir.

Na mesma carta, desencantado, acrescenta:

- Pouco ou nada me adianta, agora que já estou velho, a opinião e conselho dos críticos sobre
meus trabalhos. Desejaria apenas, que os jornais dessem notícias dos quadros vendidos, etc.,
e mais nada, pois não preciso de reclame.

Foi o isolamento em que viveu Calixto que o impediu de participar com freqüência do Salão
Nacional de Belas Artes, em cujos catálogos o seu nome surge apenas duas vezes, em 1898
(medalha de ouro de terceira classe) e em 1900. Também por isso não tomou parte, senão
raramente, de certames internacionais, como a Exposição de Saint-Louis de 1904, na qual
conquistou também medalha de ouro. Mesmo escondido em São Vicente, nunca deixou de ser
prestigiado, como o comprovam os clientes e o avultado número de alunos, a começar por sua
própria filha, Pedrina Calixto Henriques, cuja pintura aliás é subsidiária da sua, a ponto de
muitas obras de sua autoria terem sido metamorfoseadas inescrupulosamente em originais do
pai; tarefa aliás muito simples porque, além do mais, a artista assinava-se apenas P. Calixto,
bastando um traço recurvo ao P inicial para que surgisse a assinatura mais prestigiosa.
Calixto foi pintor de marinhas, paisagens, costumes populares, cenas históricas e religiosas. Se
durante a sua vida a tendência era considerá-lo acima de tudo como pintor de história e
religioso (gêneros esses nos quais deixou abundante produção, inclusive na Catedral e na
Bolsa de Santos, no Palácio Cardinalício do Rio de Janeiro, na Igreja de Santa Cecília em São
Paulo e na Matriz de São João Batista em Bocaina), hoje costuma-se conceder bem maior
importância às cenas portuárias e litorâneas, nas quais extravasa um caráter talvez rude, mas
pessoal e profundamente sincero na abordagem dos diversos aspectos da natureza. Os
quadros em que fixou o desembarque do café, no primitivo porto de Santos, ao lado do seu
aspecto puramente documental, revestem-se de força expressiva, apesar da aparência algo
dura das embarcações; por outro lado, convém destacar certas cenas litorâneas ou ribeirinhas,
em que a um desenho algo ingênuo e a um colorido preciso aliam-se uma nítida preocupação
atmosférica e um grande respeito ao meio ambiente.

O artista faleceu a 31 de maio de 1927, em São Paulo, tendo sido porém enterrado no
Cemitério de Paquetá, em São Vicente. Três anos antes, recebera do Papa Pio IX a comenda e
a cruz de São Silvestre Papa, em recompensa aos serviços prestados à Igreja com sua arte.

                        Cais do Mercado em Santos, óleo s/ tela, 1885;
                               0,30 X 0,50, Museu de Arte, SP.

                               São Vicente, óleo s/ tela, s/ data;
                       0,42 X 0,72, Pinacoteca do Estado de São Paulo.

                           Baía de São Vicente, óleo s/ tela, s/ data;
                             Pinacoteca do Estado de São Paulo.

                             D. Pedro I, detalhe, óleo s/ tela, 1902;
                             1,40 x 1,00, Museu Paulista da USP.

                                Paisagem, óleo s/ tela, 1919;
                            0,40 X 1,04, Palácio Bandeirantes, SP.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados (19)

Rebolo gonzales, francisco
Rebolo gonzales, franciscoRebolo gonzales, francisco
Rebolo gonzales, francisco
 
Debret
DebretDebret
Debret
 
Rugendas, johann moritz
Rugendas, johann moritzRugendas, johann moritz
Rugendas, johann moritz
 
Dias, cícero
Dias, cíceroDias, cícero
Dias, cícero
 
Semana de 22
Semana de 22 Semana de 22
Semana de 22
 
Bonadei, aldo
Bonadei, aldoBonadei, aldo
Bonadei, aldo
 
Semana de 22
Semana de 22Semana de 22
Semana de 22
 
Malhoa
MalhoaMalhoa
Malhoa
 
Debret clarice
Debret  clariceDebret  clarice
Debret clarice
 
Carybé
CarybéCarybé
Carybé
 
Vida e Obras Candido Portinari
Vida e Obras Candido PortinariVida e Obras Candido Portinari
Vida e Obras Candido Portinari
 
Aldemir martins
Aldemir martinsAldemir martins
Aldemir martins
 
Almeida garrett
Almeida garrettAlmeida garrett
Almeida garrett
 
Debret - vida e obras
Debret - vida e obrasDebret - vida e obras
Debret - vida e obras
 
Faianças Bordalo Pinheiro
Faianças Bordalo PinheiroFaianças Bordalo Pinheiro
Faianças Bordalo Pinheiro
 
Vida e obra de almeida garrett
Vida  e obra de almeida garrettVida  e obra de almeida garrett
Vida e obra de almeida garrett
 
Candido Portinari
Candido PortinariCandido Portinari
Candido Portinari
 
Biografia almeida garret
Biografia almeida garretBiografia almeida garret
Biografia almeida garret
 
Trabalho de artes ana angélica castro
Trabalho de artes ana angélica castroTrabalho de artes ana angélica castro
Trabalho de artes ana angélica castro
 

Destaque

Apresentação digital signage
Apresentação digital signageApresentação digital signage
Apresentação digital signage38144345
 
Exposição de trabalhos -Biomas
Exposição de trabalhos -BiomasExposição de trabalhos -Biomas
Exposição de trabalhos -BiomasGabriela Bruno
 
Projeto leonice
Projeto leoniceProjeto leonice
Projeto leoniceMaravane
 
Bosque mediterrânico
Bosque mediterrânico Bosque mediterrânico
Bosque mediterrânico Gabriela Bruno
 
Palestras Mercosuper 2011
Palestras Mercosuper 2011Palestras Mercosuper 2011
Palestras Mercosuper 2011Brasil
 
Mortos em cada ano (sem milícias)
Mortos em cada ano (sem milícias)Mortos em cada ano (sem milícias)
Mortos em cada ano (sem milícias)Cantacunda
 
Soluções polmat5ºano
Soluções polmat5ºanoSoluções polmat5ºano
Soluções polmat5ºanotuchav
 
Res. 013 09 - aditivo readequação bio
Res. 013 09 - aditivo readequação bioRes. 013 09 - aditivo readequação bio
Res. 013 09 - aditivo readequação bioProjeto Rondon
 
LinkedIn: 25 milhões de usuários
LinkedIn: 25 milhões de usuáriosLinkedIn: 25 milhões de usuários
LinkedIn: 25 milhões de usuáriosRodrigo Focaccio
 
ACTIVIDAD NUMERO 4
ACTIVIDAD NUMERO 4ACTIVIDAD NUMERO 4
ACTIVIDAD NUMERO 4UPTC
 
Oswaldo gonzalez MAPA CONCEPTUAL
Oswaldo gonzalez  MAPA CONCEPTUAL Oswaldo gonzalez  MAPA CONCEPTUAL
Oswaldo gonzalez MAPA CONCEPTUAL carlos rodriguez
 

Destaque (20)

Apresentação digital signage
Apresentação digital signageApresentação digital signage
Apresentação digital signage
 
Jor gar 11_fev_2011
Jor gar 11_fev_2011Jor gar 11_fev_2011
Jor gar 11_fev_2011
 
Exposição de trabalhos -Biomas
Exposição de trabalhos -BiomasExposição de trabalhos -Biomas
Exposição de trabalhos -Biomas
 
Projeto leonice
Projeto leoniceProjeto leonice
Projeto leonice
 
Eva 2011
Eva 2011Eva 2011
Eva 2011
 
TAREA 1
TAREA 1TAREA 1
TAREA 1
 
Bosque mediterrânico
Bosque mediterrânico Bosque mediterrânico
Bosque mediterrânico
 
Livro 381
Livro 381Livro 381
Livro 381
 
Palestras Mercosuper 2011
Palestras Mercosuper 2011Palestras Mercosuper 2011
Palestras Mercosuper 2011
 
Biblioteca em numeros
Biblioteca em numerosBiblioteca em numeros
Biblioteca em numeros
 
Mortos em cada ano (sem milícias)
Mortos em cada ano (sem milícias)Mortos em cada ano (sem milícias)
Mortos em cada ano (sem milícias)
 
Logo
LogoLogo
Logo
 
Regulamento
RegulamentoRegulamento
Regulamento
 
Soluções polmat5ºano
Soluções polmat5ºanoSoluções polmat5ºano
Soluções polmat5ºano
 
Res. 013 09 - aditivo readequação bio
Res. 013 09 - aditivo readequação bioRes. 013 09 - aditivo readequação bio
Res. 013 09 - aditivo readequação bio
 
Súmula jogo 44 ituiutaba 1 x 1 palmeiras
Súmula jogo 44 ituiutaba 1 x 1 palmeirasSúmula jogo 44 ituiutaba 1 x 1 palmeiras
Súmula jogo 44 ituiutaba 1 x 1 palmeiras
 
LinkedIn: 25 milhões de usuários
LinkedIn: 25 milhões de usuáriosLinkedIn: 25 milhões de usuários
LinkedIn: 25 milhões de usuários
 
Eclipse (1)
Eclipse (1)Eclipse (1)
Eclipse (1)
 
ACTIVIDAD NUMERO 4
ACTIVIDAD NUMERO 4ACTIVIDAD NUMERO 4
ACTIVIDAD NUMERO 4
 
Oswaldo gonzalez MAPA CONCEPTUAL
Oswaldo gonzalez  MAPA CONCEPTUAL Oswaldo gonzalez  MAPA CONCEPTUAL
Oswaldo gonzalez MAPA CONCEPTUAL
 

Semelhante a Calixto de jesus, benedito

Navarro da costa, mário
Navarro da costa, márioNavarro da costa, mário
Navarro da costa, máriodeniselugli2
 
Post, frans janszoon
Post, frans janszoonPost, frans janszoon
Post, frans janszoondeniselugli2
 
Weingärtner, pedro
Weingärtner, pedroWeingärtner, pedro
Weingärtner, pedrodeniselugli2
 
Pedro alexandrino borges
Pedro alexandrino borgesPedro alexandrino borges
Pedro alexandrino borgesdeniselugli2
 
Visconti, eliseu d'angelo
Visconti, eliseu d'angeloVisconti, eliseu d'angelo
Visconti, eliseu d'angelodeniselugli2
 
ge04-03unid04-acao-propositiva-imagens-de-sao-vicente.pdf
ge04-03unid04-acao-propositiva-imagens-de-sao-vicente.pdfge04-03unid04-acao-propositiva-imagens-de-sao-vicente.pdf
ge04-03unid04-acao-propositiva-imagens-de-sao-vicente.pdfGermanadosSantos
 
Vítor meireles de lima
Vítor meireles de limaVítor meireles de lima
Vítor meireles de limadeniselugli2
 
Taunay, nicolas antoine
Taunay, nicolas antoineTaunay, nicolas antoine
Taunay, nicolas antoinedeniselugli2
 
Debret, jean baptiste
Debret, jean baptisteDebret, jean baptiste
Debret, jean baptistedeniselugli2
 
Malhoa (Som).
Malhoa (Som).Malhoa (Som).
Malhoa (Som).Helena
 
Século xix no brasil a modernização da arte
Século xix no brasil  a modernização da arteSéculo xix no brasil  a modernização da arte
Século xix no brasil a modernização da arteArtesElisa
 
Belmiro barbosa de almeida
Belmiro barbosa de almeidaBelmiro barbosa de almeida
Belmiro barbosa de almeidadeniselugli2
 
Seelinger, helios aristides
Seelinger, helios aristidesSeelinger, helios aristides
Seelinger, helios aristidesdeniselugli2
 
Vicente do rego monteiro
Vicente do rego monteiroVicente do rego monteiro
Vicente do rego monteirodeniselugli2
 
Artistas e Músicos República 8ºC
Artistas e Músicos República 8ºCArtistas e Músicos República 8ºC
Artistas e Músicos República 8ºCMichele Pó
 

Semelhante a Calixto de jesus, benedito (20)

Navarro da costa, mário
Navarro da costa, márioNavarro da costa, mário
Navarro da costa, mário
 
Post, frans janszoon
Post, frans janszoonPost, frans janszoon
Post, frans janszoon
 
Weingärtner, pedro
Weingärtner, pedroWeingärtner, pedro
Weingärtner, pedro
 
Pedro alexandrino borges
Pedro alexandrino borgesPedro alexandrino borges
Pedro alexandrino borges
 
Visconti, eliseu d'angelo
Visconti, eliseu d'angeloVisconti, eliseu d'angelo
Visconti, eliseu d'angelo
 
Volpi, alfredo
Volpi, alfredoVolpi, alfredo
Volpi, alfredo
 
ge04-03unid04-acao-propositiva-imagens-de-sao-vicente.pdf
ge04-03unid04-acao-propositiva-imagens-de-sao-vicente.pdfge04-03unid04-acao-propositiva-imagens-de-sao-vicente.pdf
ge04-03unid04-acao-propositiva-imagens-de-sao-vicente.pdf
 
Vítor meireles de lima
Vítor meireles de limaVítor meireles de lima
Vítor meireles de lima
 
Taunay, nicolas antoine
Taunay, nicolas antoineTaunay, nicolas antoine
Taunay, nicolas antoine
 
Debret, jean baptiste
Debret, jean baptisteDebret, jean baptiste
Debret, jean baptiste
 
Malhoa ajs
Malhoa ajsMalhoa ajs
Malhoa ajs
 
Malhoa (Som).
Malhoa (Som).Malhoa (Som).
Malhoa (Som).
 
Século xix no brasil a modernização da arte
Século xix no brasil  a modernização da arteSéculo xix no brasil  a modernização da arte
Século xix no brasil a modernização da arte
 
Belmiro barbosa de almeida
Belmiro barbosa de almeidaBelmiro barbosa de almeida
Belmiro barbosa de almeida
 
Seelinger, helios aristides
Seelinger, helios aristidesSeelinger, helios aristides
Seelinger, helios aristides
 
Krajcberg, frans
Krajcberg, fransKrajcberg, frans
Krajcberg, frans
 
Graz, john
Graz, johnGraz, john
Graz, john
 
Viaro, guido
Viaro, guidoViaro, guido
Viaro, guido
 
Vicente do rego monteiro
Vicente do rego monteiroVicente do rego monteiro
Vicente do rego monteiro
 
Artistas e Músicos República 8ºC
Artistas e Músicos República 8ºCArtistas e Músicos República 8ºC
Artistas e Músicos República 8ºC
 

Mais de deniselugli2

Mais de deniselugli2 (17)

Wega nery
Wega neryWega nery
Wega nery
 
Wakabayashi, kazuo
Wakabayashi, kazuoWakabayashi, kazuo
Wakabayashi, kazuo
 
Valentim, rubem
Valentim, rubemValentim, rubem
Valentim, rubem
 
Tozzi, cláudio.
Tozzi, cláudio.Tozzi, cláudio.
Tozzi, cláudio.
 
Timóteo da costa, artur
Timóteo da costa, arturTimóteo da costa, artur
Timóteo da costa, artur
 
Tarsila do amaral
Tarsila do amaralTarsila do amaral
Tarsila do amaral
 
Sigaud, eugênio de proença
Sigaud, eugênio de proençaSigaud, eugênio de proença
Sigaud, eugênio de proença
 
Serpa, ivan ferreira
Serpa, ivan ferreiraSerpa, ivan ferreira
Serpa, ivan ferreira
 
Segall, lasar
Segall, lasarSegall, lasar
Segall, lasar
 
Scliar, carlos
Scliar, carlosScliar, carlos
Scliar, carlos
 
Schendel hergesheimer, mira
Schendel hergesheimer, miraSchendel hergesheimer, mira
Schendel hergesheimer, mira
 
Samico, gilvan
Samico, gilvanSamico, gilvan
Samico, gilvan
 
Sacilotto, luís
Sacilotto, luísSacilotto, luís
Sacilotto, luís
 
Rodrigues, glauco
Rodrigues, glaucoRodrigues, glauco
Rodrigues, glauco
 
Ramos, nuno
Ramos, nunoRamos, nuno
Ramos, nuno
 
Prazeres, heitor dos
Prazeres, heitor dosPrazeres, heitor dos
Prazeres, heitor dos
 
Portinari, cândido
Portinari, cândidoPortinari, cândido
Portinari, cândido
 

Último

AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxAD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxkarinedarozabatista
 
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumGÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumAugusto Costa
 
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEMCOMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEMVanessaCavalcante37
 
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptxD9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptxRonys4
 
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...licinioBorges
 
Gerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem OrganizacionalGerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem OrganizacionalJacqueline Cerqueira
 
Atividades sobre Coordenadas Geográficas
Atividades sobre Coordenadas GeográficasAtividades sobre Coordenadas Geográficas
Atividades sobre Coordenadas Geográficasprofcamilamanz
 
Livro O QUE É LUGAR DE FALA - Autora Djamila Ribeiro
Livro O QUE É LUGAR DE FALA  - Autora Djamila RibeiroLivro O QUE É LUGAR DE FALA  - Autora Djamila Ribeiro
Livro O QUE É LUGAR DE FALA - Autora Djamila RibeiroMarcele Ravasio
 
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.silves15
 
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptxAULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptxLaurindo6
 
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasCenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasRosalina Simão Nunes
 
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesA Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesMary Alvarenga
 
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManuais Formação
 
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptLiteratura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptMaiteFerreira4
 
Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavrasMary Alvarenga
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números Mary Alvarenga
 
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docxMapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docxBeatrizLittig1
 

Último (20)

AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxAD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
 
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
 
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumGÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
 
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEMCOMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
 
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptxD9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
 
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
 
Gerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem OrganizacionalGerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem Organizacional
 
Bullying, sai pra lá
Bullying,  sai pra láBullying,  sai pra lá
Bullying, sai pra lá
 
Atividades sobre Coordenadas Geográficas
Atividades sobre Coordenadas GeográficasAtividades sobre Coordenadas Geográficas
Atividades sobre Coordenadas Geográficas
 
Em tempo de Quaresma .
Em tempo de Quaresma                            .Em tempo de Quaresma                            .
Em tempo de Quaresma .
 
Livro O QUE É LUGAR DE FALA - Autora Djamila Ribeiro
Livro O QUE É LUGAR DE FALA  - Autora Djamila RibeiroLivro O QUE É LUGAR DE FALA  - Autora Djamila Ribeiro
Livro O QUE É LUGAR DE FALA - Autora Djamila Ribeiro
 
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
 
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptxAULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
 
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasCenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
 
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesA Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
 
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
 
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptLiteratura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
 
Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavras
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
 
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docxMapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
 

Calixto de jesus, benedito

  • 1. CALIXTO de Jesus, Benedito (1853-1927). Artista que, ao lado de Almeida Júnior e Pedro Alexandrino, completa a tríade mais representativa das tendências pictóricas em São Paulo nos fins do Séc. XIX e começos do XX, Benedito Calixto nasceu a 14 de outubro de 1853 na Vila de Nossa Senhora da Conceição de Itanhaem, e adolescente transferiu-se para Brotas, onde pintou seus quadros iniciais. Incentivado pelos encômios, realizou em 1881 sua primeira exposição, na sede do Correio Paulistano, em São Paulo. O insucesso da mostra fê-lo abandonar para sempre a capital e buscar refúgio em São Vicente, onde viveria praticamente o resto da existência e construiria boa parte de sua obra. Dois anos depois da má estréia paulistana, surgiu a Calixto a oportunidade de estudar seriamente em Paris, a convite e a expensas do Visconde de Vergueiro. O pintor, embora casado desde 1877, parte sozinho para a França, freqüenta sem maiores motivações o ateliê de Raffaelli, cuja arte não aprecia, e pouco depois transfere-se à Academia Julian, como aluno de Boulanger, Lefebvre e Tony-Robert Fleury. De Paris segue até Lisboa, onde por muito pouco tempo recebe aulas de Silva Porto, tendo ainda freqüentado o ateliê de Malhoa. Retornando ao Brasil em 1885, Calixto é rigorosamente o mesmo de quando embarcou: imune a influências, impermeável ao fascínio cultural da capital francesa, permanece até o fim um isolado, praticando um tipo de pintura do qual não se arredaria um milímetro, alheio a qualquer inovação ou renovação. Quando descansa da pintura, é no passado histórico de São Paulo que se refugia, ou então se volta para as estrelas, em sua paixão de astrônomo amador. Esse amor excessivo à História seria aliás nocivo ao artista, que com escrúpulos de documentarista chegará a povoar de indígenas o quintal de sua casa, a fim de mais fielmente pintar A Fundação de São Vicente, e que fincaria no mesmo local gigantesco mastro, para ter uma idéia mais real de como seriam as naus de Martim Afonso de Sousa, quando aportou em 1532 a São Vicente. Outro fator negativo a conspirar contra a arte de Calixto foi o elevado número de encomendas a que teve sempre de atender. Já Vítor Meireles, em fins do século passado, referira-se ao "afogadilho com que pensa e à rapidez com que executa o que pensa", acrescentando que, vivesse acaso Calixto no Rio, tentaria corrigi-lo, "obrigando-o a pintar um trabalho grande, durante dois ou três anos". Para os últimos anos de vida, sobretudo, transformara-se Calixto numa autêntica máquina de fazer quadros, como se pode observar desse trecho de uma carta remetida em maio de 1919 a um comerciante que se incumbia de lhe vender a produção: - Peço-lhe o favor de tomar nota das pessoas que querem outros quadros, a fim de que as mesmas se expliquem sobre o tamanho e o gênero que desejam, bem como o ponto ou lugar que devo reproduzir. Na mesma carta, desencantado, acrescenta: - Pouco ou nada me adianta, agora que já estou velho, a opinião e conselho dos críticos sobre meus trabalhos. Desejaria apenas, que os jornais dessem notícias dos quadros vendidos, etc., e mais nada, pois não preciso de reclame. Foi o isolamento em que viveu Calixto que o impediu de participar com freqüência do Salão Nacional de Belas Artes, em cujos catálogos o seu nome surge apenas duas vezes, em 1898 (medalha de ouro de terceira classe) e em 1900. Também por isso não tomou parte, senão raramente, de certames internacionais, como a Exposição de Saint-Louis de 1904, na qual conquistou também medalha de ouro. Mesmo escondido em São Vicente, nunca deixou de ser prestigiado, como o comprovam os clientes e o avultado número de alunos, a começar por sua própria filha, Pedrina Calixto Henriques, cuja pintura aliás é subsidiária da sua, a ponto de muitas obras de sua autoria terem sido metamorfoseadas inescrupulosamente em originais do pai; tarefa aliás muito simples porque, além do mais, a artista assinava-se apenas P. Calixto, bastando um traço recurvo ao P inicial para que surgisse a assinatura mais prestigiosa.
  • 2. Calixto foi pintor de marinhas, paisagens, costumes populares, cenas históricas e religiosas. Se durante a sua vida a tendência era considerá-lo acima de tudo como pintor de história e religioso (gêneros esses nos quais deixou abundante produção, inclusive na Catedral e na Bolsa de Santos, no Palácio Cardinalício do Rio de Janeiro, na Igreja de Santa Cecília em São Paulo e na Matriz de São João Batista em Bocaina), hoje costuma-se conceder bem maior importância às cenas portuárias e litorâneas, nas quais extravasa um caráter talvez rude, mas pessoal e profundamente sincero na abordagem dos diversos aspectos da natureza. Os quadros em que fixou o desembarque do café, no primitivo porto de Santos, ao lado do seu aspecto puramente documental, revestem-se de força expressiva, apesar da aparência algo dura das embarcações; por outro lado, convém destacar certas cenas litorâneas ou ribeirinhas, em que a um desenho algo ingênuo e a um colorido preciso aliam-se uma nítida preocupação atmosférica e um grande respeito ao meio ambiente. O artista faleceu a 31 de maio de 1927, em São Paulo, tendo sido porém enterrado no Cemitério de Paquetá, em São Vicente. Três anos antes, recebera do Papa Pio IX a comenda e a cruz de São Silvestre Papa, em recompensa aos serviços prestados à Igreja com sua arte. Cais do Mercado em Santos, óleo s/ tela, 1885; 0,30 X 0,50, Museu de Arte, SP. São Vicente, óleo s/ tela, s/ data; 0,42 X 0,72, Pinacoteca do Estado de São Paulo. Baía de São Vicente, óleo s/ tela, s/ data; Pinacoteca do Estado de São Paulo. D. Pedro I, detalhe, óleo s/ tela, 1902; 1,40 x 1,00, Museu Paulista da USP. Paisagem, óleo s/ tela, 1919; 0,40 X 1,04, Palácio Bandeirantes, SP.