1. Almeida Garret– Biografia
João Baptista da Silva Leitão de Almeida
Garrett nasceu com o nome de João Leitão da
Silva no Porto a 4 de fevereiro de 1799, filho
segundo de António Bernardo da Silva
Garrett, selador-mor da Alfândega do Porto, e
Ana Augusta de Almeida Leitão.
No período de sua adolescência foi viver para
os Açores, na ilha Terceira, quando as tropas
francesas de Napoleão Bonaparte invadiram
Portugale onde era instruído pelo tio, D.
Alexandre, bispo de Angra.
De seguida, em 1816 foi para Lisboa, onde acabou por se matricular no curso
de Direito. Em 1821 publicou O Retrato de Vénus, trabalho que fez com que
lhe pusessem um processo por ser considerado materialista, ateu e imoral. É
também neste ano que ele e sua família passam a usar o apelido de Almeida
Garrett.
Vida política
Passos Manuel, Almeida Garrett,Alexandre Herculano e José Estêvão de
Magalhães nos Passos Perdidos,Assembleia da República Portuguesa.
A vitória do Liberalismo permitiu-lhe instalar-se novamente em Portugal, após
curta estadia em Bruxelas como cônsul-geral e encarregado de negócios,
onde lê Schiller, Goethe e Herder. Em Portugal exerceu cargos políticos,
distinguindo-se nos anos 30 e 40 como um dos maiores oradores nacionais.
Foram de sua iniciativa a criação do Conservatório de Arte Dramática, da
Inspecção-Geral dos Teatros, do Panteão Nacional e do Teatro Normal
(actualmente Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa). Mais do que construir
um teatro, Garrett procurou sobretudo renovar a produção dramática
nacional segundo os cânones já vigentes no estrangeiro.
Com a vitória cartista e o regresso de Costa Cabral ao governo, Almeida
Garrett afasta-se da vida política até 1852. Contudo, em 1850 subscreveu, com
mais de 50 personalidades, um protesto contra a proposta sobre a liberdade
de imprensa, mais conhecida por “lei das rolhas”.
2. Paixões de Garret
A vida de Garrett foi tão apaixonante quanto a sua obra. Revolucionário
nos anos 20 e 30, distinguiu-se posteriormente sobretudo como o tipo
perfeito do dândi, ou janota, tornando-se árbitro de elegâncias e príncipe dos
salões mundanos. Foi um homem de muitos amores, uma espécie de homem
fatal. Separado da esposa, Luisa Midosi, com quem se casou, em 1822,
quando esta tinha 15 anos de idade, passa a viver em mancebia com D.
Adelaide Pastor até a morte desta, em 1841.
A partir de 1846, a sua musa é a viscondessa da Luz, Rosa Montufar Infante,
andaluza casada, desde 1837, com o oficial do exército português Joaquim
António Velez Barreiros, inspiradora dos arroubos românticos das Folhas
caídas.
Falece em 1854, vítima de um cancro de origem hepática, na sua casa situada
na actual Rua Saraiva de Carvalho, em Campo de Ourique, Lisboa. Foi
sepultado no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa, tendo sido trasladado em 8
de Março de 1926 para o Panteão Nacional, à data no Mosteiro dos
Jerónimos. Encontra-se actualmente no Panteão Nacional3 4 , na Igreja de
Santa Engrácia.
Relevância na literatura portuguesa
No século XIX e em boa parte do século XX, a obra literária de Garrett era
geralmente tida como uma das mais geniais da língua, inferior apenas à
de Camões. A crítica do século XX (notavelmente João Gaspar Simões) veio
questionar esta apreciação, assinalando os aspetos mais fracos da produção
garrettiana.
No entanto, a sua obra conservará para sempre o seu lugar na história
da literatura portuguesa, pelas inovações que a ela trouxe e que abriram
novos rumos aos autores que se lhe seguiram. Garrett, até pelo acentuado
individualismo que atravessa toda a sua obra, merece ser considerado o autor
mais representativo do romantismo em Portugal.