Este documento fornece orientações sobre como construir um Portfólio Reflexivo de Aprendizagens (PRA) para o processo de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (RVCC). O PRA deve ser um documento pessoal que reflete as competências adquiridas pelo adulto ao longo da vida através de uma narrativa autobiográfica reflexiva. O adulto deve estruturar o PRA organizando as evidências das suas competências de acordo com as áreas de referência do RVCC.
2. PRA
O QUE É UM PORTFÓLIO REFLEXIVO DE APRENDIZAGENS?
O Portfólio é a base de trabalho para todo o processo RVCC, quer de nível Básico, quer de
nível Secundário.
O Portfólio Reflexivo de Aprendizagens (PRA) dos candidatos é um documento que se articula
e decorre do Balanço de Competências (BC).
O trabalho desenvolvido com o profissional de RVCC e com os formadores ajudam-no a
colocar em evidência as competências adquiridas.
É uma colecção de documentos vários (de natureza textual ou não)
Revela o desenvolvimento e progresso na aprendizagem
Explicita os esforços relevantes realizados para alcançar os objectivos acordados.
Documenta experiências significativas e é fruto de uma selecção pessoal.
3. PRA
Algumas indicações…
Os conteúdos do PRA devem ser um reflexo directo das competências que o adulto detém
e, se necessário, incluir registos da equipa técnico-pedagógica que explicitam a forma como
determinados comprovativos aí incluídos permitem evidenciar as competências constantes nos
Referenciais.
À medida que o PRA se vai consolidando, a equipa técnico-pedagógica, juntamente com o
adulto, vai estabelecendo correlações entre esse instrumento/produto e o Referencial de
Competências-Chave/Referencial do RVCC Profissional.
No âmbito do reconhecimento de competências, pode ainda haver lugar ao desenvolvimento
de formações complementares, no Centro Novas Oportunidades, cuja duração não ultrapasse
as 50 horas/adulto.
4. PRA
COMO CONSTRUIR UM PORTFÓLIO REFLEXIVO DE APRENDIZAGENS?
Um Portfólio em formato dossier ou e.portfólio é antes de tudo um documento pessoal.
É o adulto que o deve estruturar do ponto de vista de ser este que deve organizar a sua
estrutura de competências que pode demonstrar ao longo do processo de RVC.
5. PRA
Começar o PRA…
Como início de construção do PRA podem ser utilizados:
Materiais gerais:
-narrativas ou relatos autobiográficos indirectos
Materiais biográficos adicionais:
- documentos pessoais que revelem actividades, práticas e testemunhos – diários, documentos
oficiais, fotografias, materiais gráficos de ordem vária, cartas, respostas a questionários e
entrevistas, textos;
- diversos da autoria do próprio adulto…
6. PRA
Reflectir é preciso…
A utilização da História de Vida/Autobiografia podem ser um ponto de partida. Mas é
necessário que para cada acontecimento ou competência significativa o adulto faça uma
reflexão:
a) Como é que este acontecimento/facto alterou a minha vida?
b) O que aprendi com esta experiência?
c) O que deixei de fazer por ter tido esta experiência?
d) Que aprendizagens adquirir para além deste acontecimento?
e) Quais os pontos fortes e fracos dessas aprendizagens?
f) O que podia ter feito melhor?
g) Que importância teve este facto/acontecimento na minha formação a nível pessoal e
profissional?
h) Que relação teve este acontecimento/facto com o que hoje sou enquanto
profissional/pessoa?
i) Que relação posso tirar deste acontecimento/facto relacionando-o com as áreas de
competência-chave do processo RVC?
7. PRA
Narrativa autobiográfica no PRA…
• Relato simples dos • Relato reflexivo sobre o que
aprendemos com os
acontecimentos de vida
Não Sim acontecimentos de vida
• As fotografias são utilizadas
• Conjunto de fotografias para retratar momentos de
dos momentos mais aprendizagem significativa
Não marcantes da nossa vida
Sim e/ou competências
desenvolvidas
• Sem explicitação de
competências e/ou • É escrita na primeira pessoa do
conhecimentos e/ou singular (EU)
Não funções Sim
8. PRA
Autobiografia… Como me tornei na
pessoa que sou?
“Os adultos são as suas experiências de vida.”
Cada adulto é único.
Cada experiência é vivenciada de forma diferente.
Cada adulto tem as suas aprendizagens.
LOGO...
Cada processo de RVCC é individual e único.
9. PRA
Autobiografia…
É mais do que um relato do percurso de vida de cada um.
É uma REFLEXÃO acerca desse percurso.
Interrogação permanente da sua vida e percurso, atribuindo-lhe sentido.
• Acerca das aprendizagens:
– Escolares
– Profissionais
– Pessoais
Reflectir – Sociais
• Como?
– O que aprendi?
– Como aprendi?
– Que mais-valias obtive?
– Que obstáculos ultrapassei?
10. PRA
Reflectir também acerca de:
Que alterações ocorreram na minha vida em consequência desses episódios?
Que outro caminho podia ter seguido? Que aprendizagens/experiências podiam ter daí advido?
O que podia ter feito melhor?
Para além das mais evidentes, que outras aprendizagens resultaram desse momento?
Que importância teve esse momento na minha formação?
Quais os pontos fortes e fracos dessas aprendizagens?
Qual a contribuição desse episódio para o indivíduo que sou hoje?
A reflexão permite revelar aprendizagens
12. PRA
Um exemplo…
O Sr. José tirou, em 1983 um curso de electricista.
Coloca no seu dossier o certificado e na história de vida relata esse acontecimento.
Para que o seu dossier se transforme num portfólio este terá que responder às questões
anteriores de uma forma narrativa.
Por exemplo: Que aprendizagens adquirir para além deste acontecimento?
“Aprendi a importância da formação profissional ao longo da vida. Esta ideia de ir melhorando
sempre o que sei fazer enquanto profissional é o que me tem qualificado para os desafios do
futuro.”
13. PRA
A forma do PRA…
O Portfólio Reflexivo de Aprendizagens deve ser lido como um “livro”.
Não devem existir separadores para as áreas de competência, assim como não devem estar
divididas as aprendizagens.
O adulto pode descrever, como se uma história se tratasse, a sua história de vida.
A partir deste fundo, o profissional e o adulto elaboram um relato reflexivo sobre estes
acontecimentos.
14. PRA
Tomemos como exemplo o seguinte…
“ Aos 22 anos fui trabalhar para um laboratório farmacêutico como técnico. Aprendi a dosear
químicos e a testar materiais essenciais para a criação dos medicamentos.”
Aqui pode ser adicionado uma caixa de texto, logo abaixo, onde o adulto faça uma reflexão
sobre esta aprendizagem ao nível das competências, assim como, ao nível das áreas de
competência-chave.
Pode o adulto referir o que aprendeu nas 4 ou 3 áreas essenciais descrevendo reflexivamente
as competências e aprendizagens.
15. PRA
Conclusões…
Se o PRA é um livro da história de aprendizagem do adulto, a organização e o índice cabe ao
próprio, pois ele é que sabe os capítulos desse mesmo livro. No entanto, a existência de um
referencial para as áreas de competência pode ser tido em conta para a elaboração do PRA.
Este deve revelar as evidências que no referencial estão contidas. Não de uma forma rígida,
mas flexível.
O adulto que inicia o seu PRA deve pensar que está a escrever a história de tudo o que
aprendeu. E o começo é sempre simples. A sua vida. Mais profissional que pessoal. Pensada,
problematizada, reflectida. Para que o adulto encontre na sua vivência, com o apoio do
profissional RVC as competências necessária para validação. Mas este “encontrar” deve ser
sempre acompanhado de uma visão de questionamento sobre o que foi aprendido e o que foi
esquecido ou menos importante.