Política de leitura e mediação para crianças e jovens
1. Profª Me. Ana Paula Cecato
http://descobrinhanca.blogspot.com
anacecato@gmail.com
2. Temas
A política de leitura;
A biblioteca e o contexto sociocultural brasileiro;
O mediador de leitura;
O acervo literário;
A escolha do acervo de LIJ: alguns critérios;
Algumas indicações para constituição de acervo;
Referências.
3. Política de leitura
Política (do grego polis) – respeito à cidade, cidadania, como
prática pelo bem comum.
Políticas – indicativo de que a diversidade de interesses, de
possibilidades, de contextos nos convida, por conta do bom
senso, a desenhar diferentes estratégias de promoção da
leitura (YUNES, 2005, p.2)
“Urge criar, mais que planos, projetos e programas, uma
articulação entre os agentes sociais públicos e privados,
oficiais e particulares, que possam se mobilizar em favor da
disseminação de práticas de leitura como condição para uma
cidadania de fato.” (YUNES, 2005, p.2)
4. Ler pra quê? (YUNES, 2005)
• Reconhecer essa prática como uma atividade que precede a
maioria das conquistas sociais dos integrantes de uma
comunidade;
• A leitura literária excita nosso imaginário e organiza nossa
narratividade, nossa capacidade de dizer e de nos dizer;
• Nos ensina a pensar com alguma autonomia e criticidade;
• Melhorar nossa qualidade de estar no mundo e de nos relacionar
com os outros;
• Compreender e dar sentido à nossa própria história e vida;
• Celebrar nossa participação no discurso, na linguagem viva que
dá sentido ao mundo;
• Ter informação, sensibilidade e capacidade crítica para
ganharmos segurança em nossa fala e de com ela melhorarmos as
condições de convívio.
5. A biblioteca - pública, comunitária, escolar - e outros
espaços onde a leitura acontece – salas de
aula, cantinho da leitura, leitura ao ar livre – devem
estar interligados em rede, a fim de que possam
colaborar entre si, tecer estratégias de trabalho em
conjunto, trocar experiências de mediação de
leitura, formatar atividades de formação de novos
mediadores....
A experiência do Tessituras – necessidade em formar
mediadores para programas de leitura
6. A biblioteca e o contexto sociocultural
brasileiro
Democratizar e universalizar a cultura letrada;
Não esquecer que vivemos num país onde a maioria dos brasileiros
praticamente não participam de eventos de letramento antes da escola;
Investir em eventos de letramento em que a narrativa seja oralizada:
saraus, contação de histórias;
Entender que a leitura é um processo que acontece gradativamente.
Muitas vezes um pequeno leitor deseja leitura mais longas, e um
adulto com pouca competência leitora, livros de literatura
infantojuvenil, por exemplo;
Respeitar os interesses de leitura, mas também oferecer diversidade de
obras, entre best sellers e livros que não estão em evidência no circuito;
“ler pode ser um meio para melhorar as condições de vida e as
possibilidades de ser, de estar e de atuar no mundo (CASTRILLÓN,
2011, p.20)
7. A biblioteca e o mediador de leitura
O mediador de leitura é o agente que coloca o livro em
contato com o leitor;
A mediação é uma intervenção, uma ação facilitadora,
aproximação sensível, intelectual ou técnica. Ele tem o
poder de influência, não de autoridade. O mediador
são encarregados de acolher novos públicos, um
animador do livro e da leitura. (RIDDER, 1999)
8. O perfil do mediador de leitura
(adaptado de CASTRILLÓN, 2001)
9. 1. Ser um leitor
Crítico e reflexivo. Leitor da realidade e leitor de livros
que o ajudem a ler essa realidade. Nenhuma pessoa
deve sucumbir às pressões da vida cotidiana e
renunciar a melhorar sua condição como ser humano,
algo para o qual a leitura contribui como forma de
transcender e de superar uma sobrevivência
imediatista.
10. 2. Não se sentir inibido para escrever
Fazer uso da escrita não significa, necessariamente, ser
um artista. No entanto, a escrita é necessária para que
ele possa pensar e colocar em ordem as suas
ideias, registrando e comprovando seu
trabalho, comunicando a outros sua experiência e
também, de certa forma, superando-se. Escrever
aumenta a confiança e a segurança em si mesmo.
11. 3. Ser curioso, com desejo de explorar,
de pesquisar
Ainda que não seja obrigatoriamente um pesquisador,
deve buscar novas mudanças e soluções.
12. 4. Ser bem informado
Procurar fontes diversificadas, não bastar-se
suficientemente com a informação que lhe oferecem os
meios de comunicação.
13. 5. Que se assuma como ser ético
“Capaz de comparar, de avaliar, de intervir, de escolher,
de decidir, de romper” (FREIRE, 1997, p.32)
15. O que diferencia um livro literário de
um não-literário?
Livro Literário Livro não-literário
Não tem compromisso de transmitir
algum conhecimento formal
Tem compromisso de transmitir algum
conhecimento formal. Ex.: livro sobre
técnicas de pintura.
É arte, pois supõe um trabalho de
construção de linguagem simbólica
(tanto em ilustrações quanto em texto)
Não é arte, pois não apresenta um
trabalho de construção de linguagem
simbólica
16. Livros para a infância
Não-literários:
Livro-brinquedo (de jogos, 3D, de banho, de pano,
aquisição de linguagem);
Paradidáticos;
Biografia.
17. Literários:
Os livros para a infância são um gênero híbrido entre
texto e imagem (cfme Gláucia de Souza);
Narrativas - mitos, fábulas, lendas, contos populares –
narrativas orais; novelas, contos - narrativas autorais;
Poesia - parlendas, trava-línguas, quadras populares,
adivinhas, cantigas, cordel – poesia oral; formas fixas
ou livres - poesia autoral;
Teatro;
Livro de imagem;
Histórias em Quadrinhos.
18. Livros para a juventude
Livros não literários:
Paradidáticos;
Livros de jogos (RPG) e de filmes;
Biografias.
19. Literários:
Apresentam ilustrações, mas, muitas vezes, em menos
número que os livros para a infância;
Narrativas - mitos, fábulas, lendas, contos populares –
narrativas orais; novelas, romances, contos, crônicas -
narrativas autorais ;
Poesia - parlendas, trava-línguas, quadras populares,
adivinhas, cantigas, cordel – poesia oral; formas fixas
ou livres - poesia autoral;
Teatro;
Livro de imagem;
Histórias em Quadrinhos, Graphic Novels, Zines,...
20. Livros não-literários
Assuntos para público iniciante ou especializado:
política, sociologia, filosofia, linguística, economia,
arquitetura, medicina, artes visuais,...
Biografias;
Livros-jogos (RPG).
21. Livros literários
Como os estudos da Teoria da Literatura nos
apresentam, a literatura está divida em três
grandes gêneros: o narrativo (novela, romance,
conto, crônica, epopeia), o lírico (poesia de formas
fixas ou livre), e o dramático (teatro, comédia ou
drama).
23. Critérios utilizados pelos pareceristas
do PNBE (dados de 2005)
Linguagem literária;
Pertinência temática;
Ilustração;
Projeto gráfico-editorial.
(conforme pesquisa de ANDRADE & CORRÊA, url*)
24. Os argumentos dos pareceristas
(itens 1 e 2)
Movimento de leitura do leitor;
Inscrição da obra na cultura e na tradição literária;
Recursos linguísticos utilizados;
Estilo do autor;
Valores éticos.
25. 1. Movimento da leitura do leitor
O texto:
Conduz;
Mobiliza;
Convida;
Permite a fruição.
26. 2. Inscrição da obra na cultura e na
tradição literária
Tradição em geral;
Tradição brasileira;
Tradição da cultura popular.
27. 3. Recursos linguísticos para produzir
sentidos literários
Estrutura textual global (coerência, coesão e
progressão);
Semântica/sonoridade da palavra;
Linguagem cotidiana e literária;
Figuras de linguagem;
Gêneros (hibridismo);
Registros formal e informal.
29. A presença da escola
Descrição crítica a modos escolares de leitura literária
(sem preocupações didáticas, sem tom moralizante,
sem dimensão instrumental/funcional/ servil/
pragmática, sem lição/intenção de ensinar);
Utilização de enunciados tipicamente escolares
(trabalho com...., formação de leitor, enriquecimento
de vocabulário);
Descrição prescritiva da mediação escolar desejável da
leitura do aluno (pertinente ao leitor autônomo,
importância da mediação do professor).
30. O que é um bom livro infantil?
Antes de tudo, deve considerar o repertório, o interesse e o
propósito do leitor;
Como mediadores, o texto deve aproximar o leitor do
prazer estético e propor “uma educação do olhar”;
Deve permitir ao leitor a construção de sentidos a partir da
leitura;
O essencial é que as produções cativem com o recurso à
fantasia, por seu caráter mágico, pela valorização das
sensações e emoções que os transporta para o mundo da
imaginação, edificado pelas imagens e símbolos do texto
literário. (MARTHA, 2011, p.50)
O livro inserir-se num campo de produção cultural para a
criança.
31. O livro infantil como objeto cultural*
Elementos externos ao texto verbal(capa, contracapa,
orelhas, paratextos, informações contextualizantes dos
autores, fonte, papel, ilustrações, projeto gráfico);
Elementos internos (estruturais como foco narrativo,
verossimilhança, linguagem, caráter de experimentação,
intertextualidade, relação com outras lggs, rompimento de
clichês e modelos, ambiguidade e pluralidade de
significação da lggm literária, adequação do discurso das
personagens avariáveis como tempo e espaço no mundo
narrado);
Jogo de sentidos – diálogo entre palavras e imagens –
Literatura Infantil é um gênero híbrido.
(*De acordo com MARTHA, 2011, p.49-53)
32. Indicações para constituição de acervo
Catálogo FNLIJ para a Feira do Livro Infantil de
Bolonha (Itália)
http://www.fnlij.org.br/site/publicacoes-em-pdf/catalogos-de-bolonha/item/541-
cat%C3%A1logo-fnlij-para-feira-de-bolonha-2014.html
Uni, duni, ler – Guia de leitura para bebês (envio em pdf)
Lista de referência Biblioteca Moacyr Scliar (envio em pdf)
Bibliografia Brasileira de LIJ Online
http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/cultura/bibliotecas/acervos
_especiais/lit__infantojuvenil/index.php?p=11564
33. PNBE – Programa Nacional da Biblioteca Escolar
http://www.fnde.gov.br/programas/biblioteca-da-escola/biblioteca-da-escola-
apresentacao
Catálogos FNLIJ
http://www.fnlij.org.br/site/o-que-e-a-fnlij/acoes/item/9-
publica%C3%A7%C3%B5es.html
Livros com temática de culturas africanas
http://literaturainfantilafrobrasil.blogspot.com.br/
Editais do MINc
http://www.cultura.gov.br/editais
Estão abertos 4 Editais da Diretoria de
Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas no âmbito do
PNLL
34. Especialistas em LIJ
Teresa Colomer;
Daniel Goldrin;
Nelly Novaes Coelho (Brasil);
Regina Zilberman (Brasil);
Peter Hunt;
Yolanda Reyes;
Marisa Lajolo (Brasil);
João Luis Ceccantini (Brasil);
Vera Teixeira de Aguiar (Brasil);
Maria da Glória Bordini (Brasil).
35. Referências
ANDRADE & CORRÊA. Os critérios dos especialistas
para os livros literários a serem lidos na escola.
Disponível em:
<32reuniao.anped.org.br/arquivos/trabalhos/GT10-5871--
Int.pdf>
CASTRILLÓN, Silvia. O direito de ler e de escrever. São
Paulo: Pulo do Gato, 2001.
OLIVEIRA, Ieda de. O que é qualidade em literatura
infantil e juvenil? Com a palavra, o educador. São
Paulo: DCL, 2011.
36. RIDDER, Guido de. Médiateurs du livre:
animateurs ou missionnaires? (traduzido por
Verbena Maria Rocha Cordeiro)
YUNES, Eliana. Políticas públicas de leitura:
maneras de fazé-las. Disponível em
<www.cerlalc.org/revista_noviembre/pdf/n_art01_p.pdf
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