1. A IGREJA COMO AGÊNCIA MISSIONÁRIA
Introdução
Cada cristão tem como responsabilidade a obra missionária. Esta doutrina é biblicamente comprovada.
Todavia, a Igreja do Senhor como uma comunidade santa, tem igualmente deveres relacionados com missões. A
Igreja é uma “agência” missionária. Ou seja, ela é quem está por trás de toda obra de missões; e isto em vários
aspectos. Coloquemos em pauta os deveres da Igreja do Senhor como “agência” missionária.
O Despertamento Missionário
A Igreja deve promover o despertamento de vocacionados à obra missionária. É dever da Igreja supor que
dentre os seus membros haja alguém que possua o dom para a obra missionária. Evidentemente que todos os membros
são convocados para evangelizar. Mas nos deteremos aqui naqueles que são espiritualmente capacitados por Deus
para se dedicarem a esta obra (ou seja, tem o dom para esta obra), e que ainda não tenha percebido sua função no
corpo de Cristo.
Neste caso, como despertar este chamado? O que fazer para que o membro perceba sua capacitação espiritual
para o ministério evangelístico? Como é próprio de toda obra da graça de Deus em nós, o conhecimento de nosso
chamado se dá quando somos confrontados pela Palavra santa de Deus. “O despertamento missionário ocorre em uma
Igreja quando a Palavra do Senhor é exposta.”1
A Palavra impacta o indivíduo ao ser ele “confrontado intimamente
pelo Espírito”, e convencido de que deve se dedicar a este serviço ministerial. Não somente isto, mas na sua vida
pessoal ele perceberá que Deus o capacitou para aquele serviço ao exercer o ministério missionário. Isto confirmará
sua chamada interior. A Igreja, portanto, tem participação no despertamento de obreiros para a obra de duas formas:
1- Pregando a palavra à Igreja a fim de que os chamados sejam confrontados pelo Espírito a realizar a obra; 2-
Concedendo oportunidades aos membros que se mostram capazes de pregar, fazendo com que percebam a
confirmação de sua capacidade espiritual para a obra de missões.
Ainda há outra maneira de “despertar missões” no coração dos membros da Igreja, mas que, todavia, não é
muito utilizada nas igrejas: Ensinar missões às crianças. Uma criança que desde cedo aprende sobre a necessidade de
realizar missões, e é acostumada desde cedo a realizar esta obra, provavelmente não terá problemas em perceber mais
facilmente sua vocação ministerial (caso tenha).
Oração por Missões
A Igreja do Senhor também deve se envolver na obra missionária por meio da oração (Mt 9:37, 38; At 4:23-
31; Ef 6:19, 20). É dever da Igreja orar fervorosamente para que a obra missionária não esmoreça jamais, nem seja
dificultada por quaisquer obstáculos. Orar por missões é outra forma de se envolver na obra que Deus determinou que
realizássemos. É bom sempre nos lembrar que sem a ação providente de Deus na obra missionária não conseguiremos
concretizar esta obra. Deus que é o Senhor das missões, deve ser buscado para auxílio e providência nas missões por
meio de nossas orações.
Os crentes que formam a Igreja do Senhor não devem se reunir somente com a finalidade de orar por suas
necessidades pessoais, projetos pessoais, ou interesses pessoais. Oração também é uma oportunidade de buscarmos
pela vontade de Deus relacionada a missões. Se uma Igreja não se interessa em orar por missões, ela está com algum
problema - doutrinário ou espiritual.
1
Ronaldo Almeida Lidório, Estruturando Igrejas como Celeiros Missionários in Revista A Igreja Local e Missões. Santa
Bárbara D‟Oeste, SOCEP, s/d, p 37.
2. Formação de Conselhos Missionários
Algumas igrejas adotam a formação de conselhos missionários, os quais auxiliam a vida da igreja com
respeito à obra de missões. O que seria um Conselho Missionário? Temos a resposta na seguinte descrição: “Conselho
missionário é um grupo de pessoas, membros da igreja local que se agrupam com o fim específico de promover o
envolvimento prático e funcional da Igreja com Missões.”2
Dizendo de outra forma, o Conselho Missionário é como um departamento da igreja local que se
responsabiliza em viabilizar os eventos e programações evangelísticas. É um grupo que se torna, de certa forma, e até
certo ponto, responsável de fazer com que a doutrina de missões não fique só na teoria, mas desça para prática
constante e diária dos membros da Igreja. Em primazia, quem deve se preocupar em promover missões são os
presbíteros da igreja. Porém, nada impede de que haja um grupo de pessoas responsáveis por este trabalho,
supervisionados pela liderança.
Financiando Missões
A igreja local deve ter em sua mente que o envolvimento com missões não se dá somente por meio de
despertamento dos vocacionados, oração e formação de Conselhos Missionários. Estes foram dados apenas como
exemplos do que uma igreja local pode fazer a respeito de missões. Outros modos de se envolver e investir em
missões podem ainda ser abordados. Entretanto, para cumprir nossos propósitos neste estudo nós falaremos somente
de mais um modo: O financiamento da obra de missões. A Igreja tem por obrigação investir em missões. Este
investimento deve ser tomado como uma de suas tarefas como povo de Deus.
Um dos modos de se investir em missões é sustentar (ou participar do sustento) de obreiros nos campos
missionários (Fp 4:10, 14-18). Há muita necessidade de mantenedores dos obreiros nos „campos‟. A igreja é a principal
responsável por esta obra. Não podemos esperar que o governo civil faça isto, pois ele não fará. Ou esperar que o
próprio obreiro satisfaça esta necessidade (pois nem todos tem auto-sustento). Um missionário no campo pode ser um
“fazedor de tendas,”3
mas ele terá possibilidade de fazer muito mais na obra missionária se for sustentado, do que se
tiver que trabalhar para levantar seu próprio sustento.
Outro modo de investir na obra de missões é pagar os estudos acadêmicos do futuro obreiro. Há uma
necessidade enorme de investimento nesta área. Muitos estão dispostos a ter preparação teológica, mas não encontram
quem possa investir nos seus estudos. A igreja deve estar alerta nestes casos, pois nem todo cristão tem condições
financeiras de pagar seus próprios estudos.
Um fato que é preciso acrescentar ainda é que não somente pode se investir em obreiros nos campos. Existem
ainda outras formas de se investir nos campos missionários:
O sustento de missionários não é a única forma da Igreja envolver-se com missões transculturais. Há
também outras como: Envio de Bíblias na língua nativa para povos sem acesso à Palavra; Envio de revistas e livros
evangélicos às Igrejas em países com dificuldades na área de literatura; Envolvimento com projetos
específicos no campotranscultural como construção de seminários, clínicas, escolas etc, além de sustento
de projetos com tempo limitado como projetos de férias e outros.4
Como bem sabemos, ao falar de dinheiro há diversas reações entre as pessoas. Com respeito a missões não poderia ser
diferente. A igreja deve investir financeiramente em missões não somente quando puder doar muito. Deus quer nossa fidelidade
e obediência acima de tudo. Observemos este caso abaixo:
Certa vez, durante uma palestra sobre Missões numa pequena Igreja, um presbítero se levantou com bastante
sinceridade e disse: "Isto tudo é impressionante, porém, nossa Igreja é pequena demais para participar. Nós
2
LIDÓRIO, Ronaldo Almeida. Estruturando Igrejas como Celeiros Missionários in Revista A Igreja Local e Missões. Santa
Bárbara D‟Oeste, SOCEP, s/d, p 38.
3
Expressão que significa que o missionário tem uma formação profissional que o habilita a se sustentar sem depender de outros.
4
LIDÓRIO, Ronaldo Almeida. Financiando Missões in Revista A Igreja Local e Missões. Santa Bárbara D‟Oeste, SOCEP, s/d, p
44.
3. não temos muito dinheiro"... A questão central não é quanto se tem para dar (se somos ricos ou pobres) mas a
disposição de dar. No Antigo Testamento o dízimo estava em evidência e não creio que 10% do muito eradiferente
de 10% do pouco para Deus. O próprio Jesus olhando para a oferta da viúva pobre ressaltou esta diferença (Mc
12:41-44). Aobramissionárianãoestá baseadana abundância mas na disposição de darmos oque temos.5
Deus convoca a Igreja a financiar missões. Se ela não fizer isto por achar que é „pobre demais‟, ela deve saber
que é melhor ser fiel contribuindo pouco, do que não participar do financiamento de missões não contribuindo com
nada.
5
LIDÓRIO, Ronaldo Almeida. Financiando Missões in Revista A Igreja Local e Missões. Santa Bárbara D‟Oeste, SOCEP, s/d, p
41, 42.