2. Puro e Impuro
Dentro das leis entregues a Moisés estão
presentes conceitos religiosos que eram muito
presentes na vida do povo de Israel. Um destes
conceitos era o de pureza e impureza, os quais
estavam ligados ao culto (Lv 11:1-15:33).
Primeiramente vejamos o conceito de puro e
impuro, para em seguida considerar os demais
aspectos que envolvem estes mandamentos:
3. 1º Conceito: Moisés explica a diferença entre o
cerimonialmente limpo e o imundo. “Limpo”
significa apto para a presença de Deus; “imundo”
significa impróprio para a presença de Deus. A
ideia básica é que Deus é vida perfeita, ao passo
que a essência da impureza é a morte.
A polaridade entre a vida e a morte coincide
com a polaridade entre o puro e o impuro, assim,
que o imundo jamais entrasse na presença de
Deus. A morte era acima de tudo uma
contaminação. A morte é o oposto da santidade;
Puro e Impuro
4. 2º Conceito: A obediência a essas leis garantia a
pureza cerimonial, mas não tornava a pessoa
automaticamente santa em seu caráter;
3º Conceito: No linguajar religioso, limpo era
aquilo que não contaminava cerimonialmente.
Esse termo era empregado a respeito de animais
(Gn 7:2), de lugares (Lv 4:12), de objetos (Is 66:20),
ou de pessoas (1Sm 20:26; Ez 36:25);
Puro e Impuro
5. 4º Conceito: O fato de a criatura ser “limpa”
ou “imunda” não tinha qualquer relação
com a qualidade do animal... O principal
intuito das leis sobre os alimentos era
lembrar os israelitas de que pertenciam a
Deus e tinham a obrigação de manter-se
separados de qualquer coisa que pudesse
poluí-los: “sereis santos, porque eu sou
santo” (Lv 11:45; 19:2; 20:26; 1Pe 1:16).
Puro e Impuro
6. Muitas explicações têm sido dada com a finalidade de
explicar a razão de estas “coisas” terem a capacidade de
tornar impuros os adoradores, entretanto, nenhuma delas
constitui-se na palavra final sobre o assunto por falta de
maiores explicações bíblicas.
Neste caso, não vamos apontar para nenhuma das
possíveis explicações, pois se Deus não deixou informações
claras a respeito deste assunto, não devemos procurar
respostas baseados em conjecturas ou inferências.
Não necessitamos fazer isto, pois o importante é
observar o que foi revelado por Deus. E o que nos foi
revelado é que os israelitas deveriam cumprir tais
regulamentações para que fossem santos como Deus.
Puro e Impuro
7. Ao tornar-se impuro, o israelita tinha como
reverter a situação. A forma de purificar-se era lavar-se,
e lavar a roupa. Também era oferecido sacrifício para
que ele fosse restaurado. Enquanto isto, o impuro
deveria separar-se do tabernáculo e da congregação.
Caso houvesse alguém que não estivesse disposto
a purificar-se, ou negligenciasse o ritual necessário de
purificação, não teria desculpas para tal procedimento. É
importante destacar o fato de que os rituais de
restauração foram previstos, mas quem permanecesse
impuro em atitude de arrogância era banido da
comunidade (Lv 17:16).
Puro e Impuro
9. Os conceitos de pureza e impureza cerimonial
também se tornaram símbolos da pureza e impureza
moral. Assim, tanto os escritores no Antigo Testamento
(Is 1:16; 35:8; 52:1; 59:3; Sl 24:4; 51:2), quanto do Novo
Testamento (Mt 5:8; At 15:8-9; 2Co 7:1; 1Tm 1:5; 3:9; 1Jo
1:7, 9; Ap 21:27) usaram esta figura de linguagem.
Dos modos de se tornarem impuros, talvez o mais
polêmico seja com relação aos animais que poderiam
servir de alimentos. Abaixo temos as regras quanto aos
animais limpos e imundos:
Puro e Impuro
20. Novo Testamento
Ainda em nossos dias há muita polêmica entre os
cristãos com respeito à permissão ou não de se comer
tais alimentos que eram proibidos na lei de Moisés.
Contudo, o Novo Testamento é claro quanto ao
fato de que com a Nova Aliança veio o fim das leis
cerimoniais (Mc 7:14-23; At 15:20; Rm 14:14; Ef 2:11-
21; Tt 1:15; Cl 2:16, 17; 1Tm 4:3, 4).
O Novo Testamento fala à respeito da pureza não
de objetos ou de animais, mas da pureza de coração (At
15:9; Ef 5:26; 2Tm 2:21; Tt 2:14; Hb 9:14; 10:22; 1Pe
1:22; 1Jo 1:7, 9; 3:3; Tg 4:8).
Puro e Impuro
21. A Benção e a Maldição
Em (Gênesis 1:22, 27, 28) encontramos as
primeiras citações bíblicas da palavra “bênção”. E
em Gênesis 3.17 é a primeira citação da palavra
“maldição”. As listas de bênçãos e maldições
(Dt 30:15; Lv 26.3-39) lembram do contexto da
Aliança. Tais listas são bem conhecidas em outros
textos do Oriente Próximo, pelos quais incutem
nos receptores da aliança a seriedade do
compromisso assumido.
23. A obediência resultava em grande benção, mas a
desobediência acarretava julgamento. Portanto, os
conceitos de bênção e maldição dizem respeito ao
relacionamento de Aliança com Deus. A palavra
“maldição” segundo as escrituras só podem caber dois
significados:
A Benção e a Maldição
24. A primeira diz respeito da maldição vinda da quebra da Lei,
pois segundo o costume da época para se fazer uma aliança
ter-se-ia que falar as bênçãos e as maldições. Deus trouxe essa
linguagem ao seu povo e deu a sua Lei chamando-a de “palavras
da Aliança” (Ex 34:28).
Quando a Bíblia diz que Deus abençoou Adão e Eva
(Gn 1:28), não está dizendo que Ele os “benzeu”, lançou-lhes um
“feitiço bom” ou deu-lhes uma “proteção”. Não! Apenas está
dizendo que Deus concedeu o bem para eles, os fez felizes e
prósperos. Quando diz que Deus abençoou os animais fez também
o mesmo (Gn 2:3; 9:1; 25:11; 27:23).
Quando a Bíblia fala “maldição”, não está se referindo a:
feitiço mau. Essa palavra nas línguas originais da Bíblia quer dizer:
“Destruição, difamação, calúnia, maldizer, condenação, desgraça
(ausência da graça)”. como “destruição” (Hb 6:8); como
“condenação” (Gl 3:10,13); como “desgraça”(Ap 22:3);
A Benção e a Maldição
25. A segunda acepção bíblica das palavras bênção e
maldição é o que elas querem dizer literalmente: dizer
coisas boas ou más. Tanto as palavras hebraicas e gregas
querem dizer isso. O que a Escritura nos adverte é que
não devemos amaldiçoar o nosso próximo. Isso é falado
não tanto por causa da pessoa que ouve, mas por causa
da pessoa que diz, porque quem fala coisas más é por que
o seu coração está contaminado pelo pecado de inveja,
homicídio, sujeira (Mt 5:21,22; Mc 7:20-23; Rm 12:14;
Mt 12:34; Tg 3:9, 10).
26. Palavra de maldição
Muitos pregadores têm espalhado por aí que nossas
palavras têm poder para abençoar e amaldiçoar literalmente as
pessoas. Será que este é o ensino da Bíblia com respeito à bênção
e maldição? Vejamos as explicações abaixo:
• As palavras humanas têm poder em si mesmas para realizar
aquilo que dizem? A resposta é não. As palavras que têm poder
em si mesmas são as palavras de Deus, escritas na Bíblia. Quanto
poder têm as palavras humanas? A palavra humana que tem
poder é aquela que é falada em nome de Deus, como no caso
dos profetas bíblicos, ou dos pregadores da Palavra escrita na
Bíblia (Is 55:11). As palavras e maldições dos profetas que não
são inspirados não tem possibilidade de se cumprir (Jr 23:28-31);
A Benção e a Maldição
27. • Se o homem tem realmente poder para abençoar ou
amaldiçoar, então, isto implicaria que os destinos das
pessoas estariam no poder das palavras de pecadores
inconsequentes, falíveis e imprevisíveis. Isso anularia a
própria soberania de Deus no Universo. Em (Tg 4:13-
15) o autor joga por terra essa doutrina. Ele diz que
não podemos dizer “... hoje e amanha iremos a tal
cidade... ”, mas devemos dizer “... SE DEUS QUISER... ”.
Não está nas nossas palavras o destino das coisas, mas
nas mãos de Deus;
A Benção e a Maldição
28. • Muitos interpretam mal o texto de (Pv 18:21). Este
versículo explica que devemos ter o cuidado de que
nossas palavras não venham a nos trazer situações
embaraçosas. Temos que saber como dizer as coisas,
pois certamente colheremos situações que são
causadas por nós mesmos. Se a “morte” neste texto é
interpretada literalmente, por que a “vida” não seria?
Uma pessoa que tem uma inteligência mínima sabe
que as palavras não dão vida a nada. Realmente a
bênção e maldição faladas pelas pessoas trazem
consequências psicológicas e de relacionamentos;
A Benção e a Maldição
29. • Quando os patriarcas pronunciavam uma benção, o
poder da palavra da bênção não estava em suas
palavras, mas na promessa de Deus, como diz Paulo em
(Rm 4.16-18);
• O texto de (Rm 12:14) não ensina que há poder em
nossas palavras ao amaldiçoar ou abençoar alguém.
Paulo quer simplesmente ensinar-nos a não buscar
vingança contra aqueles que nos perseguem.
A Benção e a Maldição
30. Maldições hereditárias
Há algum tempo aqui no Brasil se difundiu a
doutrina da maldição hereditária. Usam geralmente
como base (Ex 20:5). Esta ameaça pronunciada por Deus
se refere aos que não eram salvos, e permaneciam na
idolatria, desprezando a Deus. Não implica dizer que
apesar de convertidos, Deus persistirá em amaldiçoar
por causa dos pecados dos pais! A maldição é para os
que aborrecem ao Senhor, e não sobre os que o amam.
A Benção e a Maldição
31. É verdade que alguns textos nas Escrituras declaram
que o pecado dos pais tem influência sobre a vida dos seus
filhos (Lv 26:39; Jr 16:11; Dn 9:16; Am 7:17). Mas, isto deve
ser bem entendido, pois não é uma referência à maldição
hereditária, mas à persistência dos filhos de não abandonar os
pecados dos pais.
Sendo fiéis ao contexto histórico de toda a narrativa,
perceberemos que estas passagens são exortações ao
arrependimento, porque a punição teve origem nos
antepassados, mas eram pecados ainda praticados por eles
mesmos. Como esclareceu o profeta Ezequiel, cada um é
responsável pelos seus próprios pecados (Ez 18:2-4, 5-22).
Contudo, é verdade que as consequências do pecado de
alguém afetam indiretamente seus familiares e conhecidos,
pois ninguém peca para si só; as consequências atingem a
todos (Rm 3:16).
A Benção e a Maldição
32. Ora, o pecador já gosta de arrumar
desculpas para os seus pecados. Com esta
doutrina ele pode transferir a sua culpa
para outros.
A solução é seguir o processo bíblico
de levar o pecador a assumir pessoalmente
toda a culpa por seu comportamento
pecaminoso, iniciando assim um processo
genuíno de arrependimento e restauração.
33. Novo Testamento
No ensino do Novo Testamento não
encontramos maldições hereditárias no crente.
Cristo se fez maldição pôr nós e os efeitos
espirituais da rebelião foram totalmente
quebrados (Rm 8:1; Gl 3:10-14; Jo 8:32, 36;
Rm 8:33, 34; Ap 1:5). Temos libertação total, não
temos que quebrar mais nenhuma maldição.
A Benção e a Maldição
34. Além disto, o crente não está ao léu, vítima
de maldições proferidas pelo homem. Os crentes
são guardados em Jesus Cristo (Sl 91). Portanto,
mesmo que alguém tenha falado palavras fortes e
terríveis não significa que irão acontecer.
O próprio Davi foi amaldiçoado pelos seus
inimigos como por Golias e não se viu uma
repreensão de Davi pelas palavras de Golias e
nem houve alguma consequência por isso, mas
vitória, pois a sua vida estava nas mãos de Deus.
A Benção e a Maldição
35. O maldito no Novo Testamento é aquele
que não ama ao Senhor. Esse é anátema
(termo grego que corresponde a herem,
"maldição" no hebraico) - (1Co 16:22). Mas o
crente é do Senhor, e abençoado por Ele
(Ef 1:3).
A Benção e a Maldição