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3.
Metodologia
De acordo com a definição do problema e objetivos a serem atingidos
neste estudo, a pesquisa a ser realizada visa identificar de que maneira os
empreendedores identificam e tratam as oportunidades que desencadeiam a
criação de seus empreendimentos. Para tal, a pesquisa busca categorizar, com
a ajuda de um questionário e apoiada pela literatura (Hills & Shareder, 1998;
Ray, 2003), os tipos e fontes de oportunidades para que seja possível quantificar
a ocorrência destes na amostra utilizada. Busca-se também uma maior
compreensão do processo de identificação e tratamento das oportunidades, por
meio de entrevistas com um grupo de empreendedores selecionados a partir da
amostra.
Neste capítulo será definido o tipo de pesquisa e serão apresentados o
universo e a amostra selecionados assim como os sujeitos que forneceram
dados utilizados na pesquisa.. Finalmente, será descrita a forma pela qual os
dados foram coletados e tratados, bem como as limitações do método adotado.
3.1.
Tipo de Pesquisa
A pesquisa deve ter um caráter pragmático, sendo um “processo formal e
sistemático de desenvolvimento do método científico. O objetivo fundamental da
pesquisa é descobrir respostas para problemas mediante o emprego de
procedimentos científicos” (Gil, 1999, p.42). Segundo Menezes (2001):
Pesquisa é um conjunto de ações, propostas para encontrar a solução para
um problema, que têm por base procedimentos racionais e sistemáticos. A
pesquisa é realizada quando se tem um problema e não se tem informações
para solucioná-lo. (Menezes, 2001, p.20)
A classificação desta pesquisa seguiu a taxonomia apresentada por
Vergara (1997). O tipo da pesquisa foi qualificado considerando os aspectos
relacionados aos fins e aos meios.
Quanto aos fins, esta pesquisa pode ser classificada como exploratória e
descritiva.
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58
Segundo Vergara (1997) uma pesquisa exploratória é aquela realizada em
área na qual há pouco conhecimento acumulado e sistematizado e que, pela sua
natureza de sondagem, não comporta hipóteses que, todavia, podem surgir
durante ou ao final da pesquisa. Rovery (2000) complementa que as pesquisas
exploratórias são desenvolvidas com o objetivo de proporcionar uma visão geral
de um determinado fato. É um tipo de pesquisa indicada especialmente em
casos em que o tema escolhido é pouco explorado e com isso, torna-se difícil a
formulação de hipóteses precisas e operacionalizáveis. Constitui-se, muitas
vezes, como a primeira etapa de uma investigação que será mais aprofundada.
Apesar do Empreendedorismo ser um tema que já apresenta uma
quantidade significativa de estudos fora do Brasil – principalmente nos Estados
Unidos – de maneira relativa a outros segmentos do campo da Administração,
este tema ainda provê um grande espaço para se acumular e sistematizar
conhecimento no país.
Na pesquisa descritiva, o objetivo é expor características de determinada
população ou de determinado fenômeno, podendo também estabelecer
correlações entre variáveis e definir sua natureza. A pesquisa descritiva não tem
o compromisso de explicar os fenômenos que descreve.
Segundo Rovery (2000), a pesquisa descritiva é aquela que observa,
registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos. Procura descobrir a
freqüência com que um fenômeno ocorre, sua relação e conexão com outros
fenômenos, sua natureza e características. Abrange aspectos gerais e amplos
de um contexto, analisando e identificando as diferentes formas dos fenômenos,
sua ordenação e classificação. Deve ter fundamentação teórica e prática para
descrever e interpretar os fatos que influenciam o fenômeno estudado.
De acordo com Gil (1999) algumas pesquisas descritivas podem ser
aproximadas das pesquisas exploratórias por proporcionar uma nova visão do
problema.
Assim, trata-se de uma pesquisa descritiva, pois procura expor as
características de um determinado fenômeno na medida em que seu objetivo é
relatar a forma como os empreendedores identificam e tratam as oportunidades
que dão origem a seus empreendimentos. Objetiva, também, compreender a
relação entre os tipos de oportunidades e a influência de suas características no
potencial de sucesso do novo negócio, além de identificar a freqüência de
determinadas fontes de oportunidade em uma amostra selecionada de novos
empreendimentos de alto potencial de sucesso.
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59
Quanto aos meios, pode-se classificar esta pesquisa como bibliográfica,
telematizada e pesquisa de campo. Bibliográfica e telematizada porque, para a
fundamentação teórica do trabalho, recorreu-se ao uso de material acessível ao
público em geral, como livros, revistas, jornais, bancos de dados e sites na
Internet.
A pesquisa bibliográfica constitui o ato de ler, selecionar, fichar, organizar e
arquivar tópicos de interesse para a pesquisa em pauta. É a base para as
demais pesquisas sendo uma síntese referente ao tema abordado. Consiste em
apresentar e comentar o que outros autores escreveram sobre o tema,
enfatizando as diferenças ou semelhanças que existem entre os conceitos
(Rovery, 2000).
Já a pesquisa de campo é a investigação empírica que deve ser realizada
no local onde ocorre ou ocorreu um fenômeno ou que dispõe de elementos para
explicá-lo, podendo incluir entrevistas, aplicação de questionários, testes e
observação participante ou não (Vergara, 1997).
A pesquisa de campo deste trabalho foi do tipo quantitativa e qualitativa.
Utilizou-se a técnica de triangulação, que segundo Creswell (1994 apud Steil,
2002) diz respeito à combinação de diferentes métodos de coleta de dados para
a investigação de campo de um mesmo fenômeno, na qual a premissa básica é
a possibilidade de se compensarem as limitações potenciais de um método
particular com as forças de outro método de coleta de dados. Desta maneira,
utilizando métodos diferentes de forma complementar, é possível aumentar a
fidedignidade dos resultados encontrados.
Ela foi utilizada porque foram coletados dados primários junto aos
empreendedores através da aplicação de questionários, assim como da
realização de entrevistas semi-estruturadas.
O questionário da etapa quantitativa constava, em sua grande maioria, de
perguntas fechadas, ou seja, com uma lista de respostas pré-codificadas. O
mesmo foi distribuído por e-mail, sendo autopreenchido pelos entrevistados,
buscando-se garantir, assim, a imparcialidade nas respostas. Todas as
perguntas eram simples, contando com devidas explicações e orientações.
As entrevistas semi-estruturadas têm como principal objetivo obter
descrições e interpretações dos fenômenos que estão sendo investigados
(Kvale, 1996 apud Steil, 2002). Visando complementar e aprofundar as
informações obtidas na etapa quantitativa, foram realizadas entrevistas semi-
estruturadas com dez empreendedores, selecionados de acordo com as
categorizações encontradas na tabulação dos questionários.
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60
De acordo com Lourdes (1992) A pesquisa de campo é particularmente
poderosa para estudar questões que ainda não são bem entendidas, que são
complexas, que são sensíveis a influências tendenciosas, ou que exige a análise
de dados que ainda não tem publicação disponível.
Lourdes (1992) ressalta que, assim como qualquer outro método, a
pesquisa de campo possui limitações. A seleção da amostra pode ser
tendenciosa na medida em que o pesquisador pode escolher as unidades que
melhor lhe convier. A coleta de dados envolve outros possíveis vieses, pois as
entrevistas estão sujeitas a vieses tanto na resposta do entrevistado quanto na
interpretação do pesquisador. Por fim, o uso de amostras pequenas pode
impedir uma generalização confiável devido a falta de controle estatístico sobre
as diversas variáveis relevantes.
A principal alternativa à pesquisa de campo seria o estudo de caso, porém,
este apresenta um alto grau de profundidade ao analisar de forma intensa
apenas uma ou poucas unidades. Além disso, mesmo sendo uma metodologia
de grande utilidade, esta estratégia de pesquisa, assim como qualquer outra,
apresenta fragilidades metodológicas particulares, tais como a falta de precisão
e de objetividade (Dias Silva, 2002).
Desta forma, para os objetivos propostos, a pesquisa de campo se
apresenta como a mais adequada, à medida que se buscou a generalização
sobre o problema – a forma como os empreendedores identificam e tratam as
oportunidades – não se concentrando em casos específicos de algumas poucas
empresas ou empreendedores.
3.2.
Definição do universo e seleção da amostra
O universo, ou população, é o conjunto de elementos que possuem as
características que serão objeto do estudo, e a amostra, ou população amostral,
é uma parte do universo escolhido selecionada a partir de um critério de
representatividade (Vergara, 1997).
O universo da pesquisa é composto por empresas brasileiras,
representadas por seus empreendedores, que não sejam franquias ou
subsidiárias de empresas estrangeiras e que possuam de dois a 25 anos de
existência. O critério de representatividade atribuído para a determinação da
amostra foi o de empresas que tenham sido selecionadas pelo processo de
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61
triagem de alguma Incubadora ou Aceleradora1
de Empresas do Brasil, ou do
Instituto Internacional Empreender Endeavor. Isto porque, pode-se considerar
que os processos de seleção destes institutos já funcionam como uma pré-
seleção de empresas nascentes com maior potencial de sobrevivência e,
subsequentemente, de sucesso.
Desta forma, a amostra selecionada pode ser classificada como não
probabilística, sendo que a seleção foi feita por acessibilidade e tipicidade, onde
os elementos pesquisados são considerados representativos da população-alvo
(Vergara, 1997).
A forma inicial de acesso aos elementos da amostra para a realização da
pesquisa de campo foi baseada na rede de relacionamentos do pesquisador, de
onde se buscou indicações para complementar uma quantidade significativa de
empresas.
Através de contato realizado por e-mail com os diretores das principais
Incubadoras de Empresas do Brasil, do SEBRAE/RJ e do Instituto Internacional
Empreender Endeavor, foi solicitado o encaminhamento do questionário de
pesquisa para mais de 120 empreendedores.
A mensagem contendo o questionário de pesquisa esclarecia que se
tratava de uma dissertação de Mestrado sendo explicado, ainda, a possível
necessidade de se agendar uma entrevista para aprofundamento no tema da
pesquisa.
Desta forma, foram obtidos 63 questionários respondidos por e-mail, sendo
que destes, nove foram descartados por não atender aos pré-requisitos da
pesquisa ou por erro de preenchimento, restando 54 questionários válidos para
análise. Em seguida foram realizadas dez entrevistas com empreendedores que
já haviam respondido o questionário, sendo sete por telefone e três presenciais.
Devido ao alto grau de preocupação com relação a confidencialidade dos
dados, optou-se pelo anonimato das empresas envolvidas. A composição final
da amostra de empresas entrevistadas está descrita no Tabela 3.
De acordo com a Tabela 3, pode-se perceber que a amostra de
entrevistados selecionados foi bastante característica para o universo
pesquisado, dado o equilíbrio da quantidade dos diferentes tipos de fontes de
oportunidades, assim como da classificação de potencial de sucesso das
empresas.
1
Instituições privadas, compostas normalmente por fundos de investimento ou investidores, que
adquirem parte do capital de empresas oferecendo em troca uma série de serviços e benefícios.
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62
Com relação ao porte e quantidade de funcionários, a seleção de
entrevistados acompanhou a maior freqüência de pequenas empresas
encontradas nos questionários, mantendo uma média de 33 funcionários.
Finalmente, com relação ao tempo de fundação, a amostra de entrevistados
abrangeu as principais faixas mais representativas da pesquisa.
Tabela 3 – Composição final da amostra de entrevistados
Empresa Porte Funcionários
(qtde)
Tempo de
fundação
(anos)
Potencial
de Sucesso
Fonte de Oportunidade
1 Pequena 26 5,2 Emergente Visão / Inspiração
2 Pequena 23 10,6 Alto Visão / Inspiração
3 Pequena 36 4,8 Alto Empreendedorismo
Corporativo
4 Pequena 4 2,2 Normal Pesquisa / Procura
5 Pequena 6 4,8 Emergente Pesquisa / Procura
6 Pequena 11 5,3 Alto Pesquisa / Procura
7 Pequena 10 5,8 Emergente Empreendedorismo
Corporativo
8 Pequena 40 6,3 Alto Empreendedorismo
Corporativo
9 Pequena 145 10,3 Alto Visão / Inspiração
10 Pequena 12 4 Alto Pesquisa / Procura
3.3.
Coleta de Dados
A fundamentação teórica foi realizada através da pesquisa bibliográfica e
telematizada. A pesquisa bibliográfica utilizou-se da literatura disponível, tais
como livros, artigos acadêmicos, revistas especializadas, jornais, revistas, teses
e dissertações que abordam o tema Empreendedorismo e, mais
especificamente, o processo de identificação de oportunidades. Grande parte
deste material utilizado refere-se a fontes internacionais, devido ao pouco
conteúdo disponível no Brasil sobre o assunto.
Através da pesquisa de campo é possível obter uma compreensão
aprofundada dos objetivos, necessidades e atividades da pessoa entrevistada
(Kantner, 2003).
A coleta de dados foi realizada através de questionários seguidos de
entrevistas semi-estruturadas.
Conforme proposto por Duarte (2002), o número de pessoas que serão
entrevistadas não deve ser definido a priori, pois a quantidade das entrevistas irá
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63
depender da qualidade das informações obtidas em cada depoimento, assim
como o grau de recorrência e divergência entre as informações obtidas.
O questionário foi dividido em duas partes. Na primeira, o objetivo foi
identificar, e consequentemente classificar, as empresas de acordo com a sua
situação de potencial de sucesso. Para tal, recorreu-se a literatura que estuda o
tema. Primeiramente, é importante destacar que a mensuração de sucesso de
empreendimentos é traiçoeira, visto que a definição de um não-sucesso sugere
um fracasso (Bridges.org, 2002), o que nem sempre é verdadeiro.
Trata-se de uma mensuração pontual de um indicador dinâmico, pois uma
empresa pode estar em uma situação de potencial sucesso em um determinado
período, e logo em seguida iniciar um processo rumo ao completo fracasso.
Segundo Walsh (1996) o indicador do lucro gerado pelas empresas para
definição de sucesso é praticamente impossível de se coletar, visto que se trata
de uma informação muitas vezes confidencial.
Porém, este autor sugere que um bom indicador que se aproxima da
informação gerada pelo lucro é a longevidade, pois empresas que sobreviveram
a um longo período tiveram que adequar sua lucratividade às imposições de seu
mercado.
Para medir a longevidade, Walsh (1996) sugere utilizar dois itens para
definir sucesso: a empresa estar competindo atualmente no mercado e ter
sobrevivido por pelo menos dez anos. Desta forma, somente foram enviados
questionários para empresas que atendem ao primeiro item, ou seja, que estão
competindo no mercado. Junto a isso, pergunta-se, então, qual a data de
fundação da mesma.
Duas perguntas de caráter situacional compõem o início do questionário: o
porte da empresa e a quantidade de funcionários. Pouca informação prática para
mensuração de sucesso pode ser obtida nestas questões, pois uma empresa de
grande porte pode mascarar uma lucratividade baixa, e vice-versa. Já o número
de funcionários é altamente variável em diferentes setores. Porém, na fase
qualitativa de entrevistas, estas informações mostraram-se relevantes para
segmentação e classificação.
Ainda segundo Walsh (1996), outro índice válido para análise de sucesso
são as vendas. Como esta informação em seu valor absoluto pode ser também
considerara como confidencial, e desta forma, inibir o respondente, optou-se por
solicitar o crescimento percentual de vendas em um período de três anos (o
consolidado dos dois últimos e a previsão para o ano atual).
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64
Por ser, provavelmente, um dos melhores indicadores efetivos para
mensuração de sucesso nas empresas, a informação sobre a lucratividade foi
solicitada de forma indireta, permitindo identificar, apenas, se a empresa
registrou ou não lucro nos últimos dois anos, sem determinar os valores
absolutos dos mesmos.
Após a realização da tabulação e tratamento dos dados, foram
selecionados alguns empreendedores da amostra para a realização das
entrevistas. Esta seleção buscou abranger os diferentes tipos de fontes de
oportunidades, visando aprofundar questões inerentes a cada uma delas.
A revisão da literatura realizada para este estudo, incluindo a proposição
de dois modelos referentes à atividade de identificação de oportunidades por
empreendedores, foi a base de orientação tanto para a elaboração dos
questionários quanto para a formulação das perguntas das entrevistas. Para esta
última atividade, foram considerados, ainda, os resultados obtidos na tabulação
dos questionários.
Os entrevistados já possuíam conhecimento sobre o tema da entrevista,
visto que todos já haviam respondido ao questionário. Foi reforçado, então, a
questão do anonimato também para as entrevistas, visando prover um maior
conforto na divulgação das informações. Parte das entrevistas foi realizada por
telefone, e parte de forma presencial. Em ambos os casos, os empreendedores
foram informados sobre a gravação das mesmas. Por envolver
aproximadamente cinco perguntas, o tempo médio de duração foi de 25 minutos.
Desta forma, apresenta-se o roteiro de entrevistas na Tabela 4, composto
por cinco questões semidiretivas, de maneira que os entrevistados pudessem
estruturar seus pensamentos de forma orientada pelo entrevistador. Juntamente
às questões, encontram-se os objetivos buscados em cada uma delas.
Tabela 4 – Roteiro das Entrevistas
Questão Pergunta Objetivo
Empreendedorismo Corporativo: o que o
levou a seguir com a oportunidade fora da
empresa que estava inserido ? A empresa
estimulava o empreendedorismo interno?
Identificar se o ambiente da empresa
de onde se detectou a oportunidade
possui influência direta nesta decisão,
ou se é relativo a uma decisão
puramente pessoal do empreendedor
Pesquisa / Procura: tem o hábito de
procurar por oportunidades frequentemente
? No caso de estar envolvido com
pesquisas, sempre direciona pra isso ?
Identificar como ocorre a identificação
de oportunidades neste grupo, sendo
resultado de uma ação isolada ou
persistência/direcionamento
premeditado do empreendedor
1
Visão / Inspiração: como se sucedeu a
visão ou inspiração que resultou na
identificação da oportunidade ?
Encontrar detalhes referentes a esta
forma de detecção de oportunidades
2 - O que o levou a considerar que era Identificar se há indícios claros para os
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65
realmente uma oportunidade real e concreta
que havia identificado, e não apenas uma
“grande idéia”?
empreendedores no momento de
realizar esta diferenciação
3 Porque você considera que sua rede de
contatos teve ou não teve grande
influência no processo de identificação da
oportunidade?
No caso positivo, esta influencia ocorreu
na descoberta em si, ou na prova de
conceito?
Compreender como ocorre esta
influência
4 Porque você considera que sua experiência
prévia teve ou não teve muita influência no
processo de identificação da oportunidade?
No caso positivo, sua experiência era na
mesma área do novo empreendimento?
Compreender como ocorre esta
influência
5 Quais motivos o levaram a realizar ou não
realizar as atividades de avaliação,
reavaliação e desenvolvimento da
oportunidade, após tê-la identificado ?
Compreender os fatores considerados
pelos empreendedores para tomar esta
decisão e seus impactos no
lançamento do empreendimento
A primeira parte do questionário foi direcionada à classificação de potencial
de sucesso das empresas, e desta forma, por se tratar de informações objetivas,
não exigiu que fossem incluídas perguntas na entrevista.
Assim, as duas primeiras perguntas da entrevista foram referentes às
Questões oito e nove do questionário enviado aos empreendedores, sendo que
a primeira pergunta é separada de acordo com os grupos de fontes de
oportunidades propostos, visando identificar detalhes inerentes a cada um deles.
A segunda pergunta, de acordo com o proposto por Timmons (1990), tem
como objetivo identificar os fatores que determinam a ação do empreendedor no
processo de distinção entre uma simples idéia e uma oportunidade real.
Figura 4 – Processo decisório do Empreendedor
Adaptado de Timmons (1990)
Ação
Empreendedor “feeling”, idéia
Percepção
aguçada
Distração
Alarme falso“SUCESSO”
Oportunidade
real
Somente
uma idéia
Agir
Não
Agir
Ação
Empreendedor “feeling”, idéia
Percepção
aguçada
Distração
Alarme falso“SUCESSO”
Oportunidade
real
Somente
uma idéia
Agir
Não
Agir
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De acordo com Timmons (1990), o momento de decisão do empreendedor
é crucial no processo de identificação de oportunidades, visto que é preciso
distinguir idéias de oportunidades reais, determinando precisamente quando agir
ou não.
As terceira e quarta perguntas são referentes à Questão dez, no intuito de
compreender como ocorre a influência da rede de contatos e experiência prévia.
A quinta e última pergunta refere-se à Questão 11, com objetivo de compreender
as decisões e ações dos empreendedores após terem detectado suas
oportunidades.
Desta forma, todo o questionário na parte referente ao processo de
identificação de oportunidades foi abrangido, gerando um volume de
informações quantitativas para ser triangulado.
3.4.
Tratamento dos dados
Na primeira parte do questionário – referente à classificação de potencial
de sucesso – visando consolidar as informações condensando-as em um fator
único e comparativo entre as diversas empresas, foi adotado um critério baseado
em pesos atribuídos às perguntas, juntamente com pontuações para as
alternativas de respostas.
Assim, conforme sugerido por Walsh (1996), os maiores pesos foram
atribuídos às questões referentes à longevidade e crescimento das vendas
registradas.
Para a longevidade, a escala de pontuação atribuiu valor máximo apenas
para empresas com mais de dez anos.
Com relação ao percentual de crescimento de faturamento registrado nos
últimos dois anos, foi estabelecida uma tabela de pontuação com valores que
variavam de acordo com a longevidade da empresa, visto que, nos primeiros
anos de existência, é mais provável o registro de grandes crescimentos.
Para a previsão de crescimento de vendas no ano corrente, por se tratar
de uma questão subjetiva que pode ser influenciada fortemente pelo otimismo do
empreendedor, foi atribuído o peso mínimo. A mesma tabela de pontuação do
item anterior foi utilizada.
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67
A lucratividade ficou com o peso intermediário, por se tratar de uma
informação indireta, porém, de um item muito significativo. A pontuação máxima
foi atribuída apenas àquelas que obtiveram lucros nos dois últimos anos.
A partir da pontuação conferida a cada possibilidade de resposta, pôde-se
chegar a uma escala na qual foi possível destacar as empresas de alto potencial
de sucesso, das empresas emergentes e normais. A classificação, para um
máximo de 45 pontos, foi estabelecida da seguinte forma:
- Acima de 38 pontos: empresas de alto potencial de sucesso
- Entre 29 e 38 pontos: empresas emergentes
- Até 28 pontos: empresas iniciantes ou normais
O questionário, assim como os critérios e definições de pesos e
pontuações de cada grupo de perguntas e respostas, são apresentados no
Apêndice.
A segunda parte do questionário foi voltada para a identificação das
oportunidades pelos empreendedores, relativa aos seus atuais
empreendimentos.
Para tal, foram utilizados os dois modelos propostos e apresentados no
Capítulo 2. Inicialmente, visando a identificar a fonte primária de onde se
detectou a oportunidade, foram apresentados os três principais grupos de fontes
de oportunidades empreendedoras. Em seguida, visando a aprofundar esta
identificação e mapear as possíveis interseções entre os três grupos, foram
apresentados abertamente todos os subitens do modelo, permitindo que fossem
selecionados todos aqueles associados à detecção da oportunidade. A
verificação da coerência entre as respostas destas duas questões pôde validar,
em parte, a consistência dos modelos propostos.
Em seguida, foi solicitado que o empreendedor identificasse o grau de
influência que a rede de contatos e a experiência prévia tiveram neste processo
de detecção, através da atribuição de uma nota que variava entre um (baixo) e 5
(alto).
Por fim, baseado no modelo proposto do processo de identificação de
oportunidades, foram apresentadas as atividades referentes a este processo no
momento imediatamente após a identificação propriamente realizada. Assim,
solicitou-se que o empreendedor indicasse quais atividades ele efetivamente
efetuou. Desta forma pôde-se comparar a relação entre as empresas –
distinguidas pela classificação de potencial de sucesso – que cumpriram todo o
processo de identificação (avaliação, reavaliação e desenvolvimento) da
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68
oportunidade. O objetivo foi avaliar se o cumprimento de todo este processo
infere em maiores chances de sucesso do empreendimento.
Com relação às entrevistas efetuadas, foi realizado um trabalho de
transcrição a partir das gravações, que resultou em um volume significativo de
informações a serem analisadas, visto que se tratava de aproximadamente cinco
perguntas para cada uma das dez entrevistas. Em média, cada entrevista gerou
entre três a cinco páginas de texto, totalizando 41 páginas. Desta forma, a
análise dos dados qualitativos envolveu a utilização do software ATLAS TI,
visando a realizar a categorização dos conceitos.
A partir da categorização estabelecida, foi realizada a análise dos
conceitos identificados baseando-se nos resultados obtidos nos questionários. A
triangulação destas análises foi efetuada de forma a se obter um conjunto de
conclusões relevantes para o estudo.
3.5.
Limitações do Método
A pesquisa está sujeita a uma série de limitações, que vão desde os tipos
de amostragem e os critérios de seleção, até limitações colocadas pelo ambiente
mercadológico e empresarial. Na medida em que estas limitações puderam ser
identificadas previamente e superadas, as mesmas não invalidaram o estudo e
seus objetivos.
Inicialmente, a pesquisa sofre uma limitação em função do tipo de
amostragem utilizada. Dada a natureza acadêmica, foi utilizada uma amostra de
conveniência que não é significativa, do ponto de vista da estatística, para
representar a população. Esta amostra se restringe a empresas que não sejam
franquias ou subsidiárias de empresas estrangeiras e que possuam, no máximo,
25 anos de existência desde sua fundação.
Realizar a distribuição de questionários para uma amostra aleatória de
contatos da rede de relacionamentos do pesquisador, sobre um tema genérico
de amplo conhecimento, tende a permitir que se obtenha uma quantidade
significativa de respondentes. Já no caso desta pesquisa, foi necessário atingir
apenas a empreendedores que fundaram suas empresas tendo participado do
processo de identificação da oportunidade, e ainda, levando em consideração as
restrições impostas pela própria pesquisa. Desta maneira, a etapa de
recebimento de questionários foi longa, tendo obtido um resultado considerado
satisfatório de mais de 50 respostas válidas.
PUC-Rio-CertificaçãoDigitalNº0310791/CA
69
É preciso considerar também que, devido à dificuldade de acesso aos
empreendedores de empresas já plenamente estabelecidas e posicionadas no
mercado, grande parte da pesquisa esteve confinada a pequenas e algumas
médias empresas, em sua grande maioria com menos de dez anos de
existência. Fato este que não inviabiliza a análise de potencial de sucesso das
empresas, nem tampouco, o estudo relativo ao processo de identificação de
oportunidades, visto que esta é uma atividade inerente a qualquer novo
empreendimento.
A coleta de dados por meio de questionários autopreenchidos e entrevistas
semi-estruturadas envolve limitações que vão desde a interpretação e
compreensão dos entrevistados sobre as questões apresentadas, até a
capacidade de estruturação e orientação do pesquisador no momento das
entrevistas.
Alguns empreendedores de empresas mais antigas, por terem passado por
este processo há muito anos atrás, tiveram certa dificuldade de lembrar dos
detalhes específicos desta fase de identificação da oportunidade que originou
sua empresa. Isto pôde ser verificado nas entrevistas realizadas com empresas
de maior longevidade.
Em virtude destes fatores, os resultados e conclusões não podem ser
generalizados estatisticamente, isto é, estas conclusões não podem ser
estendidas para todo o universo de novas empresas. Entretanto, o conhecimento
sobre um grupo de relativa representatividade pode auxiliar a futuros
empreendedores que pretendam iniciar seus negócios a partir de oportunidades
identificadas.
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Metodologia pesquisa oportunidades empreendedoras

  • 1. 3. Metodologia De acordo com a definição do problema e objetivos a serem atingidos neste estudo, a pesquisa a ser realizada visa identificar de que maneira os empreendedores identificam e tratam as oportunidades que desencadeiam a criação de seus empreendimentos. Para tal, a pesquisa busca categorizar, com a ajuda de um questionário e apoiada pela literatura (Hills & Shareder, 1998; Ray, 2003), os tipos e fontes de oportunidades para que seja possível quantificar a ocorrência destes na amostra utilizada. Busca-se também uma maior compreensão do processo de identificação e tratamento das oportunidades, por meio de entrevistas com um grupo de empreendedores selecionados a partir da amostra. Neste capítulo será definido o tipo de pesquisa e serão apresentados o universo e a amostra selecionados assim como os sujeitos que forneceram dados utilizados na pesquisa.. Finalmente, será descrita a forma pela qual os dados foram coletados e tratados, bem como as limitações do método adotado. 3.1. Tipo de Pesquisa A pesquisa deve ter um caráter pragmático, sendo um “processo formal e sistemático de desenvolvimento do método científico. O objetivo fundamental da pesquisa é descobrir respostas para problemas mediante o emprego de procedimentos científicos” (Gil, 1999, p.42). Segundo Menezes (2001): Pesquisa é um conjunto de ações, propostas para encontrar a solução para um problema, que têm por base procedimentos racionais e sistemáticos. A pesquisa é realizada quando se tem um problema e não se tem informações para solucioná-lo. (Menezes, 2001, p.20) A classificação desta pesquisa seguiu a taxonomia apresentada por Vergara (1997). O tipo da pesquisa foi qualificado considerando os aspectos relacionados aos fins e aos meios. Quanto aos fins, esta pesquisa pode ser classificada como exploratória e descritiva. PUC-Rio-CertificaçãoDigitalNº0310791/CA
  • 2. 58 Segundo Vergara (1997) uma pesquisa exploratória é aquela realizada em área na qual há pouco conhecimento acumulado e sistematizado e que, pela sua natureza de sondagem, não comporta hipóteses que, todavia, podem surgir durante ou ao final da pesquisa. Rovery (2000) complementa que as pesquisas exploratórias são desenvolvidas com o objetivo de proporcionar uma visão geral de um determinado fato. É um tipo de pesquisa indicada especialmente em casos em que o tema escolhido é pouco explorado e com isso, torna-se difícil a formulação de hipóteses precisas e operacionalizáveis. Constitui-se, muitas vezes, como a primeira etapa de uma investigação que será mais aprofundada. Apesar do Empreendedorismo ser um tema que já apresenta uma quantidade significativa de estudos fora do Brasil – principalmente nos Estados Unidos – de maneira relativa a outros segmentos do campo da Administração, este tema ainda provê um grande espaço para se acumular e sistematizar conhecimento no país. Na pesquisa descritiva, o objetivo é expor características de determinada população ou de determinado fenômeno, podendo também estabelecer correlações entre variáveis e definir sua natureza. A pesquisa descritiva não tem o compromisso de explicar os fenômenos que descreve. Segundo Rovery (2000), a pesquisa descritiva é aquela que observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos. Procura descobrir a freqüência com que um fenômeno ocorre, sua relação e conexão com outros fenômenos, sua natureza e características. Abrange aspectos gerais e amplos de um contexto, analisando e identificando as diferentes formas dos fenômenos, sua ordenação e classificação. Deve ter fundamentação teórica e prática para descrever e interpretar os fatos que influenciam o fenômeno estudado. De acordo com Gil (1999) algumas pesquisas descritivas podem ser aproximadas das pesquisas exploratórias por proporcionar uma nova visão do problema. Assim, trata-se de uma pesquisa descritiva, pois procura expor as características de um determinado fenômeno na medida em que seu objetivo é relatar a forma como os empreendedores identificam e tratam as oportunidades que dão origem a seus empreendimentos. Objetiva, também, compreender a relação entre os tipos de oportunidades e a influência de suas características no potencial de sucesso do novo negócio, além de identificar a freqüência de determinadas fontes de oportunidade em uma amostra selecionada de novos empreendimentos de alto potencial de sucesso. PUC-Rio-CertificaçãoDigitalNº0310791/CA
  • 3. 59 Quanto aos meios, pode-se classificar esta pesquisa como bibliográfica, telematizada e pesquisa de campo. Bibliográfica e telematizada porque, para a fundamentação teórica do trabalho, recorreu-se ao uso de material acessível ao público em geral, como livros, revistas, jornais, bancos de dados e sites na Internet. A pesquisa bibliográfica constitui o ato de ler, selecionar, fichar, organizar e arquivar tópicos de interesse para a pesquisa em pauta. É a base para as demais pesquisas sendo uma síntese referente ao tema abordado. Consiste em apresentar e comentar o que outros autores escreveram sobre o tema, enfatizando as diferenças ou semelhanças que existem entre os conceitos (Rovery, 2000). Já a pesquisa de campo é a investigação empírica que deve ser realizada no local onde ocorre ou ocorreu um fenômeno ou que dispõe de elementos para explicá-lo, podendo incluir entrevistas, aplicação de questionários, testes e observação participante ou não (Vergara, 1997). A pesquisa de campo deste trabalho foi do tipo quantitativa e qualitativa. Utilizou-se a técnica de triangulação, que segundo Creswell (1994 apud Steil, 2002) diz respeito à combinação de diferentes métodos de coleta de dados para a investigação de campo de um mesmo fenômeno, na qual a premissa básica é a possibilidade de se compensarem as limitações potenciais de um método particular com as forças de outro método de coleta de dados. Desta maneira, utilizando métodos diferentes de forma complementar, é possível aumentar a fidedignidade dos resultados encontrados. Ela foi utilizada porque foram coletados dados primários junto aos empreendedores através da aplicação de questionários, assim como da realização de entrevistas semi-estruturadas. O questionário da etapa quantitativa constava, em sua grande maioria, de perguntas fechadas, ou seja, com uma lista de respostas pré-codificadas. O mesmo foi distribuído por e-mail, sendo autopreenchido pelos entrevistados, buscando-se garantir, assim, a imparcialidade nas respostas. Todas as perguntas eram simples, contando com devidas explicações e orientações. As entrevistas semi-estruturadas têm como principal objetivo obter descrições e interpretações dos fenômenos que estão sendo investigados (Kvale, 1996 apud Steil, 2002). Visando complementar e aprofundar as informações obtidas na etapa quantitativa, foram realizadas entrevistas semi- estruturadas com dez empreendedores, selecionados de acordo com as categorizações encontradas na tabulação dos questionários. PUC-Rio-CertificaçãoDigitalNº0310791/CA
  • 4. 60 De acordo com Lourdes (1992) A pesquisa de campo é particularmente poderosa para estudar questões que ainda não são bem entendidas, que são complexas, que são sensíveis a influências tendenciosas, ou que exige a análise de dados que ainda não tem publicação disponível. Lourdes (1992) ressalta que, assim como qualquer outro método, a pesquisa de campo possui limitações. A seleção da amostra pode ser tendenciosa na medida em que o pesquisador pode escolher as unidades que melhor lhe convier. A coleta de dados envolve outros possíveis vieses, pois as entrevistas estão sujeitas a vieses tanto na resposta do entrevistado quanto na interpretação do pesquisador. Por fim, o uso de amostras pequenas pode impedir uma generalização confiável devido a falta de controle estatístico sobre as diversas variáveis relevantes. A principal alternativa à pesquisa de campo seria o estudo de caso, porém, este apresenta um alto grau de profundidade ao analisar de forma intensa apenas uma ou poucas unidades. Além disso, mesmo sendo uma metodologia de grande utilidade, esta estratégia de pesquisa, assim como qualquer outra, apresenta fragilidades metodológicas particulares, tais como a falta de precisão e de objetividade (Dias Silva, 2002). Desta forma, para os objetivos propostos, a pesquisa de campo se apresenta como a mais adequada, à medida que se buscou a generalização sobre o problema – a forma como os empreendedores identificam e tratam as oportunidades – não se concentrando em casos específicos de algumas poucas empresas ou empreendedores. 3.2. Definição do universo e seleção da amostra O universo, ou população, é o conjunto de elementos que possuem as características que serão objeto do estudo, e a amostra, ou população amostral, é uma parte do universo escolhido selecionada a partir de um critério de representatividade (Vergara, 1997). O universo da pesquisa é composto por empresas brasileiras, representadas por seus empreendedores, que não sejam franquias ou subsidiárias de empresas estrangeiras e que possuam de dois a 25 anos de existência. O critério de representatividade atribuído para a determinação da amostra foi o de empresas que tenham sido selecionadas pelo processo de PUC-Rio-CertificaçãoDigitalNº0310791/CA
  • 5. 61 triagem de alguma Incubadora ou Aceleradora1 de Empresas do Brasil, ou do Instituto Internacional Empreender Endeavor. Isto porque, pode-se considerar que os processos de seleção destes institutos já funcionam como uma pré- seleção de empresas nascentes com maior potencial de sobrevivência e, subsequentemente, de sucesso. Desta forma, a amostra selecionada pode ser classificada como não probabilística, sendo que a seleção foi feita por acessibilidade e tipicidade, onde os elementos pesquisados são considerados representativos da população-alvo (Vergara, 1997). A forma inicial de acesso aos elementos da amostra para a realização da pesquisa de campo foi baseada na rede de relacionamentos do pesquisador, de onde se buscou indicações para complementar uma quantidade significativa de empresas. Através de contato realizado por e-mail com os diretores das principais Incubadoras de Empresas do Brasil, do SEBRAE/RJ e do Instituto Internacional Empreender Endeavor, foi solicitado o encaminhamento do questionário de pesquisa para mais de 120 empreendedores. A mensagem contendo o questionário de pesquisa esclarecia que se tratava de uma dissertação de Mestrado sendo explicado, ainda, a possível necessidade de se agendar uma entrevista para aprofundamento no tema da pesquisa. Desta forma, foram obtidos 63 questionários respondidos por e-mail, sendo que destes, nove foram descartados por não atender aos pré-requisitos da pesquisa ou por erro de preenchimento, restando 54 questionários válidos para análise. Em seguida foram realizadas dez entrevistas com empreendedores que já haviam respondido o questionário, sendo sete por telefone e três presenciais. Devido ao alto grau de preocupação com relação a confidencialidade dos dados, optou-se pelo anonimato das empresas envolvidas. A composição final da amostra de empresas entrevistadas está descrita no Tabela 3. De acordo com a Tabela 3, pode-se perceber que a amostra de entrevistados selecionados foi bastante característica para o universo pesquisado, dado o equilíbrio da quantidade dos diferentes tipos de fontes de oportunidades, assim como da classificação de potencial de sucesso das empresas. 1 Instituições privadas, compostas normalmente por fundos de investimento ou investidores, que adquirem parte do capital de empresas oferecendo em troca uma série de serviços e benefícios. PUC-Rio-CertificaçãoDigitalNº0310791/CA
  • 6. 62 Com relação ao porte e quantidade de funcionários, a seleção de entrevistados acompanhou a maior freqüência de pequenas empresas encontradas nos questionários, mantendo uma média de 33 funcionários. Finalmente, com relação ao tempo de fundação, a amostra de entrevistados abrangeu as principais faixas mais representativas da pesquisa. Tabela 3 – Composição final da amostra de entrevistados Empresa Porte Funcionários (qtde) Tempo de fundação (anos) Potencial de Sucesso Fonte de Oportunidade 1 Pequena 26 5,2 Emergente Visão / Inspiração 2 Pequena 23 10,6 Alto Visão / Inspiração 3 Pequena 36 4,8 Alto Empreendedorismo Corporativo 4 Pequena 4 2,2 Normal Pesquisa / Procura 5 Pequena 6 4,8 Emergente Pesquisa / Procura 6 Pequena 11 5,3 Alto Pesquisa / Procura 7 Pequena 10 5,8 Emergente Empreendedorismo Corporativo 8 Pequena 40 6,3 Alto Empreendedorismo Corporativo 9 Pequena 145 10,3 Alto Visão / Inspiração 10 Pequena 12 4 Alto Pesquisa / Procura 3.3. Coleta de Dados A fundamentação teórica foi realizada através da pesquisa bibliográfica e telematizada. A pesquisa bibliográfica utilizou-se da literatura disponível, tais como livros, artigos acadêmicos, revistas especializadas, jornais, revistas, teses e dissertações que abordam o tema Empreendedorismo e, mais especificamente, o processo de identificação de oportunidades. Grande parte deste material utilizado refere-se a fontes internacionais, devido ao pouco conteúdo disponível no Brasil sobre o assunto. Através da pesquisa de campo é possível obter uma compreensão aprofundada dos objetivos, necessidades e atividades da pessoa entrevistada (Kantner, 2003). A coleta de dados foi realizada através de questionários seguidos de entrevistas semi-estruturadas. Conforme proposto por Duarte (2002), o número de pessoas que serão entrevistadas não deve ser definido a priori, pois a quantidade das entrevistas irá PUC-Rio-CertificaçãoDigitalNº0310791/CA
  • 7. 63 depender da qualidade das informações obtidas em cada depoimento, assim como o grau de recorrência e divergência entre as informações obtidas. O questionário foi dividido em duas partes. Na primeira, o objetivo foi identificar, e consequentemente classificar, as empresas de acordo com a sua situação de potencial de sucesso. Para tal, recorreu-se a literatura que estuda o tema. Primeiramente, é importante destacar que a mensuração de sucesso de empreendimentos é traiçoeira, visto que a definição de um não-sucesso sugere um fracasso (Bridges.org, 2002), o que nem sempre é verdadeiro. Trata-se de uma mensuração pontual de um indicador dinâmico, pois uma empresa pode estar em uma situação de potencial sucesso em um determinado período, e logo em seguida iniciar um processo rumo ao completo fracasso. Segundo Walsh (1996) o indicador do lucro gerado pelas empresas para definição de sucesso é praticamente impossível de se coletar, visto que se trata de uma informação muitas vezes confidencial. Porém, este autor sugere que um bom indicador que se aproxima da informação gerada pelo lucro é a longevidade, pois empresas que sobreviveram a um longo período tiveram que adequar sua lucratividade às imposições de seu mercado. Para medir a longevidade, Walsh (1996) sugere utilizar dois itens para definir sucesso: a empresa estar competindo atualmente no mercado e ter sobrevivido por pelo menos dez anos. Desta forma, somente foram enviados questionários para empresas que atendem ao primeiro item, ou seja, que estão competindo no mercado. Junto a isso, pergunta-se, então, qual a data de fundação da mesma. Duas perguntas de caráter situacional compõem o início do questionário: o porte da empresa e a quantidade de funcionários. Pouca informação prática para mensuração de sucesso pode ser obtida nestas questões, pois uma empresa de grande porte pode mascarar uma lucratividade baixa, e vice-versa. Já o número de funcionários é altamente variável em diferentes setores. Porém, na fase qualitativa de entrevistas, estas informações mostraram-se relevantes para segmentação e classificação. Ainda segundo Walsh (1996), outro índice válido para análise de sucesso são as vendas. Como esta informação em seu valor absoluto pode ser também considerara como confidencial, e desta forma, inibir o respondente, optou-se por solicitar o crescimento percentual de vendas em um período de três anos (o consolidado dos dois últimos e a previsão para o ano atual). PUC-Rio-CertificaçãoDigitalNº0310791/CA
  • 8. 64 Por ser, provavelmente, um dos melhores indicadores efetivos para mensuração de sucesso nas empresas, a informação sobre a lucratividade foi solicitada de forma indireta, permitindo identificar, apenas, se a empresa registrou ou não lucro nos últimos dois anos, sem determinar os valores absolutos dos mesmos. Após a realização da tabulação e tratamento dos dados, foram selecionados alguns empreendedores da amostra para a realização das entrevistas. Esta seleção buscou abranger os diferentes tipos de fontes de oportunidades, visando aprofundar questões inerentes a cada uma delas. A revisão da literatura realizada para este estudo, incluindo a proposição de dois modelos referentes à atividade de identificação de oportunidades por empreendedores, foi a base de orientação tanto para a elaboração dos questionários quanto para a formulação das perguntas das entrevistas. Para esta última atividade, foram considerados, ainda, os resultados obtidos na tabulação dos questionários. Os entrevistados já possuíam conhecimento sobre o tema da entrevista, visto que todos já haviam respondido ao questionário. Foi reforçado, então, a questão do anonimato também para as entrevistas, visando prover um maior conforto na divulgação das informações. Parte das entrevistas foi realizada por telefone, e parte de forma presencial. Em ambos os casos, os empreendedores foram informados sobre a gravação das mesmas. Por envolver aproximadamente cinco perguntas, o tempo médio de duração foi de 25 minutos. Desta forma, apresenta-se o roteiro de entrevistas na Tabela 4, composto por cinco questões semidiretivas, de maneira que os entrevistados pudessem estruturar seus pensamentos de forma orientada pelo entrevistador. Juntamente às questões, encontram-se os objetivos buscados em cada uma delas. Tabela 4 – Roteiro das Entrevistas Questão Pergunta Objetivo Empreendedorismo Corporativo: o que o levou a seguir com a oportunidade fora da empresa que estava inserido ? A empresa estimulava o empreendedorismo interno? Identificar se o ambiente da empresa de onde se detectou a oportunidade possui influência direta nesta decisão, ou se é relativo a uma decisão puramente pessoal do empreendedor Pesquisa / Procura: tem o hábito de procurar por oportunidades frequentemente ? No caso de estar envolvido com pesquisas, sempre direciona pra isso ? Identificar como ocorre a identificação de oportunidades neste grupo, sendo resultado de uma ação isolada ou persistência/direcionamento premeditado do empreendedor 1 Visão / Inspiração: como se sucedeu a visão ou inspiração que resultou na identificação da oportunidade ? Encontrar detalhes referentes a esta forma de detecção de oportunidades 2 - O que o levou a considerar que era Identificar se há indícios claros para os PUC-Rio-CertificaçãoDigitalNº0310791/CA
  • 9. 65 realmente uma oportunidade real e concreta que havia identificado, e não apenas uma “grande idéia”? empreendedores no momento de realizar esta diferenciação 3 Porque você considera que sua rede de contatos teve ou não teve grande influência no processo de identificação da oportunidade? No caso positivo, esta influencia ocorreu na descoberta em si, ou na prova de conceito? Compreender como ocorre esta influência 4 Porque você considera que sua experiência prévia teve ou não teve muita influência no processo de identificação da oportunidade? No caso positivo, sua experiência era na mesma área do novo empreendimento? Compreender como ocorre esta influência 5 Quais motivos o levaram a realizar ou não realizar as atividades de avaliação, reavaliação e desenvolvimento da oportunidade, após tê-la identificado ? Compreender os fatores considerados pelos empreendedores para tomar esta decisão e seus impactos no lançamento do empreendimento A primeira parte do questionário foi direcionada à classificação de potencial de sucesso das empresas, e desta forma, por se tratar de informações objetivas, não exigiu que fossem incluídas perguntas na entrevista. Assim, as duas primeiras perguntas da entrevista foram referentes às Questões oito e nove do questionário enviado aos empreendedores, sendo que a primeira pergunta é separada de acordo com os grupos de fontes de oportunidades propostos, visando identificar detalhes inerentes a cada um deles. A segunda pergunta, de acordo com o proposto por Timmons (1990), tem como objetivo identificar os fatores que determinam a ação do empreendedor no processo de distinção entre uma simples idéia e uma oportunidade real. Figura 4 – Processo decisório do Empreendedor Adaptado de Timmons (1990) Ação Empreendedor “feeling”, idéia Percepção aguçada Distração Alarme falso“SUCESSO” Oportunidade real Somente uma idéia Agir Não Agir Ação Empreendedor “feeling”, idéia Percepção aguçada Distração Alarme falso“SUCESSO” Oportunidade real Somente uma idéia Agir Não Agir PUC-Rio-CertificaçãoDigitalNº0310791/CA
  • 10. 66 De acordo com Timmons (1990), o momento de decisão do empreendedor é crucial no processo de identificação de oportunidades, visto que é preciso distinguir idéias de oportunidades reais, determinando precisamente quando agir ou não. As terceira e quarta perguntas são referentes à Questão dez, no intuito de compreender como ocorre a influência da rede de contatos e experiência prévia. A quinta e última pergunta refere-se à Questão 11, com objetivo de compreender as decisões e ações dos empreendedores após terem detectado suas oportunidades. Desta forma, todo o questionário na parte referente ao processo de identificação de oportunidades foi abrangido, gerando um volume de informações quantitativas para ser triangulado. 3.4. Tratamento dos dados Na primeira parte do questionário – referente à classificação de potencial de sucesso – visando consolidar as informações condensando-as em um fator único e comparativo entre as diversas empresas, foi adotado um critério baseado em pesos atribuídos às perguntas, juntamente com pontuações para as alternativas de respostas. Assim, conforme sugerido por Walsh (1996), os maiores pesos foram atribuídos às questões referentes à longevidade e crescimento das vendas registradas. Para a longevidade, a escala de pontuação atribuiu valor máximo apenas para empresas com mais de dez anos. Com relação ao percentual de crescimento de faturamento registrado nos últimos dois anos, foi estabelecida uma tabela de pontuação com valores que variavam de acordo com a longevidade da empresa, visto que, nos primeiros anos de existência, é mais provável o registro de grandes crescimentos. Para a previsão de crescimento de vendas no ano corrente, por se tratar de uma questão subjetiva que pode ser influenciada fortemente pelo otimismo do empreendedor, foi atribuído o peso mínimo. A mesma tabela de pontuação do item anterior foi utilizada. PUC-Rio-CertificaçãoDigitalNº0310791/CA
  • 11. 67 A lucratividade ficou com o peso intermediário, por se tratar de uma informação indireta, porém, de um item muito significativo. A pontuação máxima foi atribuída apenas àquelas que obtiveram lucros nos dois últimos anos. A partir da pontuação conferida a cada possibilidade de resposta, pôde-se chegar a uma escala na qual foi possível destacar as empresas de alto potencial de sucesso, das empresas emergentes e normais. A classificação, para um máximo de 45 pontos, foi estabelecida da seguinte forma: - Acima de 38 pontos: empresas de alto potencial de sucesso - Entre 29 e 38 pontos: empresas emergentes - Até 28 pontos: empresas iniciantes ou normais O questionário, assim como os critérios e definições de pesos e pontuações de cada grupo de perguntas e respostas, são apresentados no Apêndice. A segunda parte do questionário foi voltada para a identificação das oportunidades pelos empreendedores, relativa aos seus atuais empreendimentos. Para tal, foram utilizados os dois modelos propostos e apresentados no Capítulo 2. Inicialmente, visando a identificar a fonte primária de onde se detectou a oportunidade, foram apresentados os três principais grupos de fontes de oportunidades empreendedoras. Em seguida, visando a aprofundar esta identificação e mapear as possíveis interseções entre os três grupos, foram apresentados abertamente todos os subitens do modelo, permitindo que fossem selecionados todos aqueles associados à detecção da oportunidade. A verificação da coerência entre as respostas destas duas questões pôde validar, em parte, a consistência dos modelos propostos. Em seguida, foi solicitado que o empreendedor identificasse o grau de influência que a rede de contatos e a experiência prévia tiveram neste processo de detecção, através da atribuição de uma nota que variava entre um (baixo) e 5 (alto). Por fim, baseado no modelo proposto do processo de identificação de oportunidades, foram apresentadas as atividades referentes a este processo no momento imediatamente após a identificação propriamente realizada. Assim, solicitou-se que o empreendedor indicasse quais atividades ele efetivamente efetuou. Desta forma pôde-se comparar a relação entre as empresas – distinguidas pela classificação de potencial de sucesso – que cumpriram todo o processo de identificação (avaliação, reavaliação e desenvolvimento) da PUC-Rio-CertificaçãoDigitalNº0310791/CA
  • 12. 68 oportunidade. O objetivo foi avaliar se o cumprimento de todo este processo infere em maiores chances de sucesso do empreendimento. Com relação às entrevistas efetuadas, foi realizado um trabalho de transcrição a partir das gravações, que resultou em um volume significativo de informações a serem analisadas, visto que se tratava de aproximadamente cinco perguntas para cada uma das dez entrevistas. Em média, cada entrevista gerou entre três a cinco páginas de texto, totalizando 41 páginas. Desta forma, a análise dos dados qualitativos envolveu a utilização do software ATLAS TI, visando a realizar a categorização dos conceitos. A partir da categorização estabelecida, foi realizada a análise dos conceitos identificados baseando-se nos resultados obtidos nos questionários. A triangulação destas análises foi efetuada de forma a se obter um conjunto de conclusões relevantes para o estudo. 3.5. Limitações do Método A pesquisa está sujeita a uma série de limitações, que vão desde os tipos de amostragem e os critérios de seleção, até limitações colocadas pelo ambiente mercadológico e empresarial. Na medida em que estas limitações puderam ser identificadas previamente e superadas, as mesmas não invalidaram o estudo e seus objetivos. Inicialmente, a pesquisa sofre uma limitação em função do tipo de amostragem utilizada. Dada a natureza acadêmica, foi utilizada uma amostra de conveniência que não é significativa, do ponto de vista da estatística, para representar a população. Esta amostra se restringe a empresas que não sejam franquias ou subsidiárias de empresas estrangeiras e que possuam, no máximo, 25 anos de existência desde sua fundação. Realizar a distribuição de questionários para uma amostra aleatória de contatos da rede de relacionamentos do pesquisador, sobre um tema genérico de amplo conhecimento, tende a permitir que se obtenha uma quantidade significativa de respondentes. Já no caso desta pesquisa, foi necessário atingir apenas a empreendedores que fundaram suas empresas tendo participado do processo de identificação da oportunidade, e ainda, levando em consideração as restrições impostas pela própria pesquisa. Desta maneira, a etapa de recebimento de questionários foi longa, tendo obtido um resultado considerado satisfatório de mais de 50 respostas válidas. PUC-Rio-CertificaçãoDigitalNº0310791/CA
  • 13. 69 É preciso considerar também que, devido à dificuldade de acesso aos empreendedores de empresas já plenamente estabelecidas e posicionadas no mercado, grande parte da pesquisa esteve confinada a pequenas e algumas médias empresas, em sua grande maioria com menos de dez anos de existência. Fato este que não inviabiliza a análise de potencial de sucesso das empresas, nem tampouco, o estudo relativo ao processo de identificação de oportunidades, visto que esta é uma atividade inerente a qualquer novo empreendimento. A coleta de dados por meio de questionários autopreenchidos e entrevistas semi-estruturadas envolve limitações que vão desde a interpretação e compreensão dos entrevistados sobre as questões apresentadas, até a capacidade de estruturação e orientação do pesquisador no momento das entrevistas. Alguns empreendedores de empresas mais antigas, por terem passado por este processo há muito anos atrás, tiveram certa dificuldade de lembrar dos detalhes específicos desta fase de identificação da oportunidade que originou sua empresa. Isto pôde ser verificado nas entrevistas realizadas com empresas de maior longevidade. Em virtude destes fatores, os resultados e conclusões não podem ser generalizados estatisticamente, isto é, estas conclusões não podem ser estendidas para todo o universo de novas empresas. Entretanto, o conhecimento sobre um grupo de relativa representatividade pode auxiliar a futuros empreendedores que pretendam iniciar seus negócios a partir de oportunidades identificadas. PUC-Rio-CertificaçãoDigitalNº0310791/CA