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LL419 - Seminário Temático em Letras Clássicas
Profa. Dra. Patricia Prata - 10/03/2016
I. A arte intertextual e a literatura latina
1.1. Imitatio: definição, implicações e controvérsias.
a) mimesis e imitatio
- Platão, República X: primeiro a utilizar a palavra mimesis.
- Aristóteles, na Poética, apresenta sua noção de mimesis como uma característica
congênita do ser humano e como a essência das artes (da poesia, escultura, pintura, música
e dança)
“O imitar (∓"∓#"$%&") é congênito no homem (e nisso difere dos outros viventes, pois, de
todos, é ele o mais imitador (∓"∓#%"n'%&%()), e, por imitação (∓"∓#$⊙'+), aprende as
primeiras noções), e os homens se comprazem no imitado (∓"∓#∓&$").” (IV.13, 1448b, 4-
9; trad. Eudoro de Souza)
“A epopéia, a tragédia, assim como a poesia ditirâmbica e a maior parte da aulética e da
citarística, todas são, em geral, imitações (∓"∓)$⊙"+).” (I.2, 1447a, 13-16; id.)
- o poeta imita a vida humana, diferentemente dos que produzem obras que, mesmo
versificadas, tratam de temas como a física e a mediciana:
“Mas, como os imitadores imitam (∓"∓(,)%&" (" ∓"∓(,∓⊙)(") homens que praticam
alguma ação, e estes, necessariamente, são indivíduos de elevada ou de baixa índole
(porque a variedade dos caracteres só se encontra nestas diferenças [e, quanto a caráter,
todos os homens se distinguem pelo vício ou pela virtude]), necessariamente também
sucederá que os poetas imitam homens, piores ou iguais a nós, como fazem os pintores:
Polignoto representava os homens superiores; Pauson, inferiores; Dionísio representava-os
semelhantes a nós” (II.7, 1448a, 1-6; id.)
“Desta maneira, se alguém compuser em verso um tratado de medicina ou de física, esse
será vulgarmente chamado ‘poeta’; na verdade, porém, nada há de comum entre Homero e
Empédocles, a não ser a metrificação: aquele merece o nome de ‘poeta’ (≺("#%#)), e este, o
de ‘fisiólogo’ (≻,$"(ℓ(i()), mais que o de poeta (≺("#%#)).” (I.5, 1447b, 16-20; id.).
- Ainda que mimesis seja considerada primeiramente como a captação direta do mundo real
(para Platão consiste na reprodução da essência da realidade e para Aristóteles na
estilização da mesma) essa noção foi alargada e, por analogia, como comenta Russell
(1979: 4), passou também a caracterizar, em geral na teoria poética, a relação mimética
entre um trabalho literário e outro. É nesse sentido que tal termo é considerado como
correspondente ao termo latino imitatio.
b) Imitatio
- Dionísio de Halicarnasso (séc I a.C.), Tratado da imitação: (ver anexo)
- Cícero (106 a.C.-43 a.C.) impôs limites à imitação: (ver anexo)
- Horácio, em sua Arte Poética (vv. 119-135; 268-269), também faz algumas referências a
tal processo:
Aut famam sequere aut sibi conunientia finge
scriptor. Honoratum si forte reponis Achillem,
impiger, iracundus, inexorabilis, acer
iura neget sibi nata, nihil non arroget armis.
Sit medea ferox inuictaque, flebilis Ino,
perfidus Ixion, Íon uaga, tristis Orestes.
Siquid inexpertum scaenae committis et audes
personam formare nouam, seruetur ad imum
qualis ab incepto processerit et sibi constet.
Difficile est proprie communia dicere; tuque
rectius Iliacum carmen deducis in actus
quam si proferres ignota indictaque primus.
Publica materies priuati iuris erit, si
non circa uilem patulumque moraberis orbem,
nec uerbo uerbum curabis reddere fidus
interpres nec desilies imitator in artum,
unde pedem proferre pudor uetet aut operis lex.
“Segue, ó escritor, a tradição ou imagina caracteres bem apropriados: se acaso repuseres em
cena o glorioso Aquiles, fá-lo activo, colérico, inexorável e rude, que não admita terem sido
criadas leis também para ele e nada se faça que não confie à força das armas. Que Medeia
seja feroz e indomável, Ino chorosa, Ixion pérfido, Io errante e Orestes triste. Mas se algo
de original quiseres introduzir, ousando conceber em cena nova personagem, então que ela
seja conservada até o fim como foi descrita de início e que seja coerente.
É difícil dizer com propriedade o que não pertence à tradição: melhor farás se o carme de
Ílion em actos trasladares em vez de proferires, pela primeira vez, factos inéditos e
desconhecidos.
Matéria a todos pertencente será tua legítima pertença, se não ficares a andar à volta no
caminho trivial, aberto a todos, e tão-pouco procurarás, como servil intérprete, traduzir
palavra por palavra, nem entrarás, como imitador, em quadro muito estreito de onde te
impedirão de sair a timidez e a economia da obra.”
(trad. Rosado Fernandes (1984:67-71)
Vos exemplaria Graeca
nocturna uersate manu, uersate diurna.
“Vós, os modelos gregos/ de noite folheai, folheai de dia.”
Epístolas, 1, 19, 12-34: “ratifica os limites da composição mimética e torna explícita a
necessária invenção de alguma novidade.” (Oliva Neto, 2006, p.164-165)
- Na Institutio Oratoria de Quintiliano (c. 35-95 d.C.), aparece uma lista detalhada dos
autores mais profícuos, acompanhada de uma reflexão geral sobre imitatio:
Neque enim dubitari potest, quin artis pars magna contineatur imitatione. Nam ut inuenire
primum fuit estque praecipuum, sic ea, quae bene inuenta sunt, utile sequi. (Inst. Or., X, 2,
1)
“Nem se pode duvidar que grande parte da arte (retórica) consiste na imitação. De fato, assim como inventar
foi o principal e continua sendo o mais importante, é útil seguir o que foi bem inventado.”
Explicita ainda a insuficiência da mera imitação (Inst. Or., X, 2, 4-7)
- Sêneca, o Velho (c. 50 a.C.-41 d.C.), comenta uma retomada de Virgílio feita por Ovídio:
non subripiendi causa sed palam mutuandi, hoc animo ut uellet agnosci. (Suas. 3, 7)
“Não para surrupiar, mas para tomar emprestado às claras, com a intenção de que houvesse o
reconhecimento.”
- Sêneca (c. 4 d.C-65 d.C.) o filósofo estóico, compartilha da mesma opinião quando diz a
seu discípulo Lucílio:
condicio optima est ultimi: parata uerba inuenit, quae aliter instructa nouam faciem
habent. Nec illis manus inicit tamquam alienis; sunt enim publica. (Epist. Mor. ad Luc., 79,
6)
“A melhor situação é a do último: encontra palavras já prontas, que, construídas de outra forma, adquirem
novo aspecto. E não lança mão delas como de algo alheio, pois são de domínio público.” (trad. Paulo Sérgio
de Vasconcellos
- Pseudo-Longino é um outro autor que nos deixou alguns indícios do que seja tal processo.
Em seu tratado Do sublime, afirma ser a imitatio (em seu texto, em grego, aparece o termo
mimesis) como um elemento essencial da composição poética e retórica. Além disso, o
autor deixa claro que tal procedimento não constitui furto:
"2 - (...) existe, além desses que já indicamos, ainda um outro caminho que leva ao sublime.
Qual é sua qualidade e sua natureza? É a imitação dos grandes escritores e poetas do
passado e com eles o espírito de emulação. E precisamente esse objetivo, caro amigo, nós
devemos conservar firmemente. Pois muitos são transportados por um sopro estranho, da
mesma forma que, segundo se conta, a Pítia, quando se aproxima do tripé; há ali uma fenda
na terra que exala, diz-se, um sopro divino; desde então, feita prenhe da potência divina, ela
imediatamente passa a profetizar por inspiração. Assim da grande natureza dos antigos para
as almas de seus êmulos, como de aberturas sagradas, sobem os eflúvios; penetrados por
seu sopro, mesmo os menos capazes de profetizar se entusiasmam ao mesmo tempo sob o
efeito da grandeza dos outros.
3 - Foi Heródoto o único a tornar-se o mais homérico? Estesícoro antes dele, Arquíloco, e
mais que todos Platão, que dessa fonte homérica fez derivar para si milhares de riachos. (...)
4 - A imitação não é um roubo; mas é como um decalque de belos caracteres, de belas
obras de arte, ou de objetos bem trabalhados. E Platão, parece-me, não teria florescido com
tão belas flores sobre os dogmas da filosofia, nem se teria aventurado tão freqüentemente
pelas florestas poéticas e expressões, se não fosse por Zeus [sic], para disputar o primeiro
lugar, com toda coragem, contra Homero, como um jovem rival contra um homem já
admirado, talvez com mais ardor e como um lutador de lanças, mas não sem proveito! Pois,
segundo Hesíodo, “ela é sã, essa rivalidade para os mortais” (Hes. Opp. 24). E, na verdade,
é um combate e uma coroa de qualidade e das mais dignas de glória, quando, na luta contra
os antigos, mesmo a derrota não é uma desonra."
(Do Subl., XIII; trad.: Filomena Hirata, 1996, 65-66)
- noção de emulação (zelosis em grego; aemulatio em latim - os vocábulos aemulatio e
zelosis denotam o desejo do imitador de se igualar aos seus predecessores ou até mesmo de
superá-los) como complementar à de imitatio.
Russell (1979: 16) resume em cinco princípios o conceito de mimesis, apresentado no
capítulo XIII do tratado de Longino:
(i) The object must be worth imitating.
(ii) The spirit rather than the letter must be reproduced.
(iii) The imitation must be tacitly ackowledged, on the understanding that the informed
reader will recognize and approve the borrowing.
(iv) The borrowing must be ‘made one’s own’, by individual treatment and assimilation to
its new place and purpose.
(v) The imitator must think of himself as competing with his model, even if he knows he
cannot win.
c) Plágio vs. imitatio
Sobre o termo plágio
- O vernáculo plágio, através do latim plagium, provém do grego plágios ou plágion. Na
origem, plágios tem o significado de oblíquo, transversal, tortuoso, ambíguo, astucioso e
doloso. Posteriormente, no direito romano, plagium passou a significar seqüestro,
ocultação, doação, compra e venda de escravo alheio sem autorização do dono, bem como
o ato consciente de manter em servidão um homem livre: "era um crime de corrupção, de
simulação de propriedade, mediado por interesses diversos e realizado de diversas formas,
sempre envolvendo apropriação desonesta, fraudulenta" (Christofe ,1996, 20-21). Embora
diferente, a definição romana de plagium mantém a noção de algo astucioso e doloso do
vernáculo grego plágios, pois a sedução, a indução e o logro fazem parte de tal. Assim, em
latim ou em grego, há um sentido comum, presente ainda no uso atual, apontando para o
que não é (cor)reto. A respeito da etimologia de plagium, observem-se os verbetes:
Plagium: vol d’homme, plagiat. Emprunt du gr. Plágion. De lá: plagiarius (o grifo é meu)
(clas.) qui mancipium uel pecus alienum distrahit seducendo (...); qui inducit pueros et
seducit servos. Le sens de “plagiare” apparait dans Martial I, 53.
[ERNOUT, A. & MEILLET, A. Dictionnaire Etymologique de La Langue Latine. Paris:
Klinksieck, 1951, 905-906]
Plagiarius: 1. Est qui mancipia aliena sollicitat, celat, supprimit, item qui liberum hominem
sciens emit, abducit, inuitum in servitute retinet. 2. qui alieni libri se auctorem praedicat. V.
Marcial.
[FORCELLINI. Lexicon Totius Latinatis, 1940, 727]
- Marcial foi o primeiro a associar o ato de plágio ao roubo de textos escritos
I, 53
Commendo tibi, Quintiane, nostros -
Nostros dicere si tamen libellos
possum, quos recitat tuus poeta -:
Si de seruitio graui queruntur,
Adsertor venias satisque praestes
Et, cum se dominum uocabit ille,
Dicas esse meos manuque missos
Hoc si terque quaterque clamitaris
Impones plagiario pudorem. (o grifo é meu)
[Confio a ti, Quintiano, os nossos -
Se nossos ainda posso chamar
Os livros que recita teu poeta -:
Se se queixam de onerosa servidão,
Vem como defensor e lhes preste toda assistência.
E, quando aquele se disser o senhor deles,
Dize serem meus e manumissos.
Isto, se, ou três ou quatro vezes, gritares,
Imporás ao plagiário pudor.]
Veja também o epigrama I, 54
Una est in nostris tua, Fidentine, libellis
Pagina, sed certa domini signata figura,
Quae tua traducit manifesto carmina furto,
Sic interpositus villo contaminat uncto
Urbica Lingonicus Tyrianthina bardocucullus.
Sic Aretinae violant crystallina testae.
Sic niger, in ripis errat cum forte Caystri,
Inter Ledaeos ridetur corvus olores.
Sic ubi multisona fervet sacer Atthide lucus,
Improba Cecropias offendit pica querelas.
Indice non opus est nostris,nec uindice libris.
Stat contra dicitque tibi tua pagina: “Fur es.” (o grifo é meu)
[Há, em nossos livros, Fidentino, uma única página
Tua, mas com o retrato claramente assinalado de seu dono,
Que acusa teus versos de furto evidente.
Assim, interposta, contamina com seu pêlo ungido
A capa ligônica1 as purpúreas vestes citadinas.
Assim, as arentinas2
bilhas denigrem os vasos de cristal.
Assim, ri-se do negro corvo, quando às vezes erra
Nas margens do Caístro3
, entre os cisnes ledeus4
.
Assim, onde o bosque sagrado se alvoroça com rouxinol multissonoro,
A infame pega ofende as querelas cecrópias5
.
Meus livros não precisam de acusador nem de defensor,
Levanta-se contra ti tua própria página e diz: “És ladrão”.]
1.2. Imitatio e alusão: o caráter da arte intertextual
- O termo imitatio pode dar margem a interpretações errôneas (ser confundido com o ato de plágio)
e compreender/trazer mais o sentido emulativo do que o caráter gerador de sentidos desse jogo
alusivo/intertextual, uma vez que as "imitações" eram vistas como forma de rivalizar com os
predecessores, bem como ornamentos que engrandeciam a obra e homenageavam os autores
considerados dignos de citação.
a) “Arte alusiva”
- Tal expressão foi cunhada por Pasquali em seu artigo intitulado Arte Allusiva, publicado
inicialmente em 1942 (edição disponibilizada, 1968). Pasquali considera o termo alusão mais
propício à caracterização do processo imitativo:
"(...) em poesia culta, douta, eu procuro o que de uns anos para cá não chamo mais reminiscências,
mas alusões, e de bom grado diria evocações e, em certos casos, citações. As reminiscências podem
ser involuntárias; as imitações, o poeta pode desejar que passem despercebidas ao público; as
alusões não produzem o efeito desejado senão sobre um leitor que se recorda claramente do texto ao
qual se refere.” (1968, p. 275)
- Por que a preferência pelo termo alusão?
- isento de qualquer sentido pejorativo: elimina possíveis confusões que possa haver com o uso do
vocábulo imitação: as alusões tiram do jogo intertextual o sentido emulativo, o qual dá mais ênfase
à intenção do autor de se igualar ou superar um modelo para filiar sua obra a uma tradição do que
ao jogo que é posto em funcionamento no momento em que o leitor dele toma consciência.
- elimina o caráter involuntário que carrega o termo reminiscências;
- põe em foco o jogo que se estabelece entre o texto alusivo e seus modelos, o qual, segundo o
filólogo italiano, é produzido intencional e conscientemente pelo autor e só pode entrar em
funcionamento quando as alusões são percebidas pelo leitor capaz de decodificá-las;
- traz para o centro da cena o autor (intencional e consciente), bem como o leitor (leitor-
decodificador, segundo Vasconcellos 2001, p. 28).
-o papel ativo do leitor, bem como do autor, no funcionamento do processo alusivo também fica
evidente na caracterização que Pasquali propõe en passant dos processos de alusão e de evocação.
1
Os lingões são um povo da Gália céltica, hoje região de Langres.
2
Arécio era uma cidade da Etrúria (Itália), hoje Arezzo, na Toscana.
3
Caístro era um rio da Lídia famoso por seus cisnes, hoje é chamado de Karasu.
4
Leda é filha do rei da Etólia, Téstio, e de Eurítemis. Foi desposada por Tíndaro quando esse, expulso de
Lacedémon por Hipocoonte e seus filhos, buscou refúgio na Etólia. Júpiter enamorou-se por Leda e para que
sua conquista tivesse bom êxito transformou-se em cisne. Leda teve quatro filhos, encerrados em dois ovos
divinos. Desses nasceram Pólux e Helena, considerados filhos de Júpiter, e Castor e Clitemnestra, filhos de
Tíndaro. (cf. Commelin, 1955, 302 e Grimal, 1997, 371b-372a).
5
De Atenas, atenienses, Cecrópia é uma cidade de Atenas.
Podemos divisar a definição de ambos os termos pelo comentário feito por Pasquali sobre a
presença do procedimento alusivo não só na literatura como também em todas as artes: um pintor
moderno que coloca, por exemplo, numa paisagem que recorda os grandes impressionistas
franceses, um personagem moderno, nesse momento, alude; um arquiteto, ao construir um edifício
público original alude, mas aquele que percebe que se fez alguma alusão ao desenhá-lo, pode-se
dizer evoca: “a alusão é o meio; a evocação, o fim”. Desse modo, podemos concluir que “a alusão é
um processo que resulta na evocação percebida pelo leitor” (Prata, 2002, p. 33), constatando a
presença fundamental do leitor, e também do autor, nesse processo, uma vez que a alusão é
estabelecida, criada intencionalmente pelo autor.
- Pasquali também considera as alusões um elemento essencial da poesia clássica augustana, mais
que da poesia moderna:
“A poesia augustana é tanto ou mais literária que a poesia moderna. Tal procedimento é nela não
apenas difuso, mas, ouso dizer, essencial.” Para ele, autores como Virgílio e Horácio “pressupõem
que o leitor tenha em mente, nos mínimos detalhes, Homero e Hesíodo, Apolônio e Arato e
Calímaco e quiçá quantos outros alexandrinos, dos Romanos pelo menos Ênio e Lucrécio, mas
também os próprios contemporâneos” (1968, p. 277).
- o autor não salienta em seu artigo, como comenta Vasconcellos, “o aspecto crucial da ‘arte
alusiva’ que é a criação de sentido”, mas mostra-se “ciente da importância do intertexto criado pela
alusão, que não é mero adorno, mas integra a significação” (2001, pp. 30-31 e 29, respectivamente).
Em um breve comentário aos versos 621 e 622 do canto VI da Eneida, o autor afirma que tal
excerto evoca, entre outros, os versos de Vário, conservados nas Saturnais de Macróbio (VI, 1, 39)
e que Virgílio intencionaria que seu leitor percebesse tal alusão:
“Vário por certo tinha em mente Marco Antônio e nele Virgílio terá desejado que pensasse seu
leitor...” (1968, p. 278, os grifos são meus)
b) Arte alusiva e intertextualidade
- o termo alusão acarreta um problema: a intencionalidade do autor.
- o termo intertextualidade foi utilizado pela primeira vez por Kristeva, em seu ensaio "A palavra, o
diálogo e o romance" (in: Introdução à semanálise, 1974), escrito a partir de Problemas da poética
de Dostoiévski e A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François
Rabelais de Mikhail Bakhtin, para caracterizar as noções de dialogismo e polifonia formuladas pelo
escritor russo. Kristeva afirma que Bakhtin foi o primeiro a introduzir na teoria literária a noção de
que
"(...) todo texto se constrói como mosaico de citações, todo texto é a absorção e transformação de
um outro texto. Em lugar da noção de intersubjetividade, instala-se a de intertextualidade e a
linguagem poética lê-se pelo menos como dupla" (1974, p. 64).
- Para Bakhtin o dialogismo é uma característica essencial de toda linguagem, bem como do sujeito;
seria sua condição sine qua non. A noção de dialogismo é complementada pela noção de polifonia,
a qual, para ele, é somente aplicável aos textos literários, que podem ser monofônicos ou
polifônicos. Essa distinção presume que há textos que só trazem um ponto de vista, uma ideologia -
a do autor, e outros que se constituem pela pluralidade, advinda da interação de pontos de vista que
não sejam necessariamente os do autor.
- a intertextualidade descarta o que não se pode alcançar: a intenção do autor.
Referência Bibliográficas
Autores antigos
ARISTÓTELES. A Poética Clássica. Aristóteles, Horácio, Longino. Introdução por
Roberto de Oliveira Brandão; tradução direto do grego e do latim por Jaime Bruna. 2ª
ed. São Paulo, Cultrix, 1985.
______________. Poética. Tradução de Baby Abrão. Coleção Os Pensadores. São Paulo,
Editora Nova Cultural ltda, 1999, pp.34-75.
______________. Arte retórica e Arte Poética. Tradução de Antônio Pinto de Carvalho;
introdução e notas de Jean Voilquin e Jean Capele. Rio de Janeiro, Edições de Ouro,
s.d.
HORACE. Épitres. Texte établi et traduit par François Villeneuve. Paris, Les Belles
Lettres, 1955.
LONGINO. Do Sublime. Tradução Filomena Hirata. São Paulo, Martins Fontes, 1996.
MARTIAL. Les Épigrammes de Martial. Tome Premier - Livres I-VII. Texte étabili, traduit
et annoté par Pierre Richard. Paris, Librairie Garnier Frères, 1931.
PLATÓN. Apologia de Sócrates. Diálogos: "Ion o de la poesia" e "Fedro o de la Belleza".
Traduccion y notas por Patricio de Azcárate. Buenos Aires, Libreria "El Ateneo"
Editorial, 1955, pp.85-189.
PLATÃO. A República. Tradução de Enrico Corvisieri. Coleção Os Pensadores. São Paulo,
Editora Nova Cultural Ltda, 1999.
QUINTILIEN. Institution Oratoire. Livres X-XII. Vol. IV. Texte revu et traduit avec
introduction et notes par Henri Bornecque. Paris, Éditions Garnier Frères, 1954.
Autores Modernos
ALLEN, G. Intertextuality. USA & Canadá, Routledge, 2000.
BAKHTIN, M. Problemas da Poética de Dostoiévski. Tradução de Paulo Bezerra. Rio de Janeiro,
Forense-Universitária, 1981.
BARROS, D. & FIORIN, J. (orgs.). Dialogismo, Polifonia, Intertextualidade. São Paulo, Edusp,
1994.
CHRISTOFE, L. Intertextualidade e Plágio: questões de linguagem e autoria. Tese de
doutorado defendida no Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da UNICAMP,
1996.
KRISTEVA, J. Introdução à Semanálise. Tradução de Lúcia Helena França Ferraz. São Paulo,
Editora Perspectiva, 1974.
OLIVA NETO, J. A. Falo no jardim. Priapéia grega. Priapéia latina. Tradução do grego e
do latim, ensaios introdutórios, notas e iconografia de João Ângelo de Oliva Neto.
Campinas, cotia: Editora da Unicamp, Ateliê Editorial, 2006.
PASQUALI, G. “Arte Allusiva” in: Pagine Stravaganti. Firenze: Sansoni, 1968. V. II.
PRATA, P. O caráter alusivo dos Tristes de Ovídio: uma leitura intertextual do livro I. Dissertação
de Mestrado defendida no IEL/Unicamp em abril de 2002.
RUSSELL, D. A. “De Imitatione” in: Creative Imitation and Latin literature. Organizado
por D. A. West & A. J. Woodman. Cambridge: Cambridge University Press, 1979.
SPINA, S. Introdução à Poética Clássica. São Paulo: FTD, 1967. pp.78-99.
VASCONCELLOS, P. S. de. Efeitos Intertextuais na Eneida de Virgílio. São Paulo,
Humanitas/FFLCH/USP: Fapesp, 2001.

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Imitação e intertextualidade na literatura latina

  • 1. LL419 - Seminário Temático em Letras Clássicas Profa. Dra. Patricia Prata - 10/03/2016 I. A arte intertextual e a literatura latina 1.1. Imitatio: definição, implicações e controvérsias. a) mimesis e imitatio - Platão, República X: primeiro a utilizar a palavra mimesis. - Aristóteles, na Poética, apresenta sua noção de mimesis como uma característica congênita do ser humano e como a essência das artes (da poesia, escultura, pintura, música e dança) “O imitar (∓"∓#"$%&") é congênito no homem (e nisso difere dos outros viventes, pois, de todos, é ele o mais imitador (∓"∓#%"n'%&%()), e, por imitação (∓"∓#$⊙'+), aprende as primeiras noções), e os homens se comprazem no imitado (∓"∓#∓&$").” (IV.13, 1448b, 4- 9; trad. Eudoro de Souza) “A epopéia, a tragédia, assim como a poesia ditirâmbica e a maior parte da aulética e da citarística, todas são, em geral, imitações (∓"∓)$⊙"+).” (I.2, 1447a, 13-16; id.) - o poeta imita a vida humana, diferentemente dos que produzem obras que, mesmo versificadas, tratam de temas como a física e a mediciana: “Mas, como os imitadores imitam (∓"∓(,)%&" (" ∓"∓(,∓⊙)(") homens que praticam alguma ação, e estes, necessariamente, são indivíduos de elevada ou de baixa índole (porque a variedade dos caracteres só se encontra nestas diferenças [e, quanto a caráter, todos os homens se distinguem pelo vício ou pela virtude]), necessariamente também sucederá que os poetas imitam homens, piores ou iguais a nós, como fazem os pintores: Polignoto representava os homens superiores; Pauson, inferiores; Dionísio representava-os semelhantes a nós” (II.7, 1448a, 1-6; id.) “Desta maneira, se alguém compuser em verso um tratado de medicina ou de física, esse será vulgarmente chamado ‘poeta’; na verdade, porém, nada há de comum entre Homero e Empédocles, a não ser a metrificação: aquele merece o nome de ‘poeta’ (≺("#%#)), e este, o de ‘fisiólogo’ (≻,$"(ℓ(i()), mais que o de poeta (≺("#%#)).” (I.5, 1447b, 16-20; id.). - Ainda que mimesis seja considerada primeiramente como a captação direta do mundo real (para Platão consiste na reprodução da essência da realidade e para Aristóteles na estilização da mesma) essa noção foi alargada e, por analogia, como comenta Russell (1979: 4), passou também a caracterizar, em geral na teoria poética, a relação mimética entre um trabalho literário e outro. É nesse sentido que tal termo é considerado como correspondente ao termo latino imitatio.
  • 2. b) Imitatio - Dionísio de Halicarnasso (séc I a.C.), Tratado da imitação: (ver anexo) - Cícero (106 a.C.-43 a.C.) impôs limites à imitação: (ver anexo) - Horácio, em sua Arte Poética (vv. 119-135; 268-269), também faz algumas referências a tal processo: Aut famam sequere aut sibi conunientia finge scriptor. Honoratum si forte reponis Achillem, impiger, iracundus, inexorabilis, acer iura neget sibi nata, nihil non arroget armis. Sit medea ferox inuictaque, flebilis Ino, perfidus Ixion, Íon uaga, tristis Orestes. Siquid inexpertum scaenae committis et audes personam formare nouam, seruetur ad imum qualis ab incepto processerit et sibi constet. Difficile est proprie communia dicere; tuque rectius Iliacum carmen deducis in actus quam si proferres ignota indictaque primus. Publica materies priuati iuris erit, si non circa uilem patulumque moraberis orbem, nec uerbo uerbum curabis reddere fidus interpres nec desilies imitator in artum, unde pedem proferre pudor uetet aut operis lex. “Segue, ó escritor, a tradição ou imagina caracteres bem apropriados: se acaso repuseres em cena o glorioso Aquiles, fá-lo activo, colérico, inexorável e rude, que não admita terem sido criadas leis também para ele e nada se faça que não confie à força das armas. Que Medeia seja feroz e indomável, Ino chorosa, Ixion pérfido, Io errante e Orestes triste. Mas se algo de original quiseres introduzir, ousando conceber em cena nova personagem, então que ela seja conservada até o fim como foi descrita de início e que seja coerente. É difícil dizer com propriedade o que não pertence à tradição: melhor farás se o carme de Ílion em actos trasladares em vez de proferires, pela primeira vez, factos inéditos e desconhecidos. Matéria a todos pertencente será tua legítima pertença, se não ficares a andar à volta no caminho trivial, aberto a todos, e tão-pouco procurarás, como servil intérprete, traduzir palavra por palavra, nem entrarás, como imitador, em quadro muito estreito de onde te impedirão de sair a timidez e a economia da obra.” (trad. Rosado Fernandes (1984:67-71) Vos exemplaria Graeca nocturna uersate manu, uersate diurna. “Vós, os modelos gregos/ de noite folheai, folheai de dia.” Epístolas, 1, 19, 12-34: “ratifica os limites da composição mimética e torna explícita a necessária invenção de alguma novidade.” (Oliva Neto, 2006, p.164-165)
  • 3. - Na Institutio Oratoria de Quintiliano (c. 35-95 d.C.), aparece uma lista detalhada dos autores mais profícuos, acompanhada de uma reflexão geral sobre imitatio: Neque enim dubitari potest, quin artis pars magna contineatur imitatione. Nam ut inuenire primum fuit estque praecipuum, sic ea, quae bene inuenta sunt, utile sequi. (Inst. Or., X, 2, 1) “Nem se pode duvidar que grande parte da arte (retórica) consiste na imitação. De fato, assim como inventar foi o principal e continua sendo o mais importante, é útil seguir o que foi bem inventado.” Explicita ainda a insuficiência da mera imitação (Inst. Or., X, 2, 4-7) - Sêneca, o Velho (c. 50 a.C.-41 d.C.), comenta uma retomada de Virgílio feita por Ovídio: non subripiendi causa sed palam mutuandi, hoc animo ut uellet agnosci. (Suas. 3, 7) “Não para surrupiar, mas para tomar emprestado às claras, com a intenção de que houvesse o reconhecimento.” - Sêneca (c. 4 d.C-65 d.C.) o filósofo estóico, compartilha da mesma opinião quando diz a seu discípulo Lucílio: condicio optima est ultimi: parata uerba inuenit, quae aliter instructa nouam faciem habent. Nec illis manus inicit tamquam alienis; sunt enim publica. (Epist. Mor. ad Luc., 79, 6) “A melhor situação é a do último: encontra palavras já prontas, que, construídas de outra forma, adquirem novo aspecto. E não lança mão delas como de algo alheio, pois são de domínio público.” (trad. Paulo Sérgio de Vasconcellos - Pseudo-Longino é um outro autor que nos deixou alguns indícios do que seja tal processo. Em seu tratado Do sublime, afirma ser a imitatio (em seu texto, em grego, aparece o termo mimesis) como um elemento essencial da composição poética e retórica. Além disso, o autor deixa claro que tal procedimento não constitui furto: "2 - (...) existe, além desses que já indicamos, ainda um outro caminho que leva ao sublime. Qual é sua qualidade e sua natureza? É a imitação dos grandes escritores e poetas do passado e com eles o espírito de emulação. E precisamente esse objetivo, caro amigo, nós devemos conservar firmemente. Pois muitos são transportados por um sopro estranho, da mesma forma que, segundo se conta, a Pítia, quando se aproxima do tripé; há ali uma fenda na terra que exala, diz-se, um sopro divino; desde então, feita prenhe da potência divina, ela imediatamente passa a profetizar por inspiração. Assim da grande natureza dos antigos para as almas de seus êmulos, como de aberturas sagradas, sobem os eflúvios; penetrados por seu sopro, mesmo os menos capazes de profetizar se entusiasmam ao mesmo tempo sob o efeito da grandeza dos outros. 3 - Foi Heródoto o único a tornar-se o mais homérico? Estesícoro antes dele, Arquíloco, e mais que todos Platão, que dessa fonte homérica fez derivar para si milhares de riachos. (...) 4 - A imitação não é um roubo; mas é como um decalque de belos caracteres, de belas obras de arte, ou de objetos bem trabalhados. E Platão, parece-me, não teria florescido com tão belas flores sobre os dogmas da filosofia, nem se teria aventurado tão freqüentemente
  • 4. pelas florestas poéticas e expressões, se não fosse por Zeus [sic], para disputar o primeiro lugar, com toda coragem, contra Homero, como um jovem rival contra um homem já admirado, talvez com mais ardor e como um lutador de lanças, mas não sem proveito! Pois, segundo Hesíodo, “ela é sã, essa rivalidade para os mortais” (Hes. Opp. 24). E, na verdade, é um combate e uma coroa de qualidade e das mais dignas de glória, quando, na luta contra os antigos, mesmo a derrota não é uma desonra." (Do Subl., XIII; trad.: Filomena Hirata, 1996, 65-66) - noção de emulação (zelosis em grego; aemulatio em latim - os vocábulos aemulatio e zelosis denotam o desejo do imitador de se igualar aos seus predecessores ou até mesmo de superá-los) como complementar à de imitatio. Russell (1979: 16) resume em cinco princípios o conceito de mimesis, apresentado no capítulo XIII do tratado de Longino: (i) The object must be worth imitating. (ii) The spirit rather than the letter must be reproduced. (iii) The imitation must be tacitly ackowledged, on the understanding that the informed reader will recognize and approve the borrowing. (iv) The borrowing must be ‘made one’s own’, by individual treatment and assimilation to its new place and purpose. (v) The imitator must think of himself as competing with his model, even if he knows he cannot win. c) Plágio vs. imitatio Sobre o termo plágio - O vernáculo plágio, através do latim plagium, provém do grego plágios ou plágion. Na origem, plágios tem o significado de oblíquo, transversal, tortuoso, ambíguo, astucioso e doloso. Posteriormente, no direito romano, plagium passou a significar seqüestro, ocultação, doação, compra e venda de escravo alheio sem autorização do dono, bem como o ato consciente de manter em servidão um homem livre: "era um crime de corrupção, de simulação de propriedade, mediado por interesses diversos e realizado de diversas formas, sempre envolvendo apropriação desonesta, fraudulenta" (Christofe ,1996, 20-21). Embora diferente, a definição romana de plagium mantém a noção de algo astucioso e doloso do vernáculo grego plágios, pois a sedução, a indução e o logro fazem parte de tal. Assim, em latim ou em grego, há um sentido comum, presente ainda no uso atual, apontando para o que não é (cor)reto. A respeito da etimologia de plagium, observem-se os verbetes: Plagium: vol d’homme, plagiat. Emprunt du gr. Plágion. De lá: plagiarius (o grifo é meu) (clas.) qui mancipium uel pecus alienum distrahit seducendo (...); qui inducit pueros et seducit servos. Le sens de “plagiare” apparait dans Martial I, 53. [ERNOUT, A. & MEILLET, A. Dictionnaire Etymologique de La Langue Latine. Paris: Klinksieck, 1951, 905-906]
  • 5. Plagiarius: 1. Est qui mancipia aliena sollicitat, celat, supprimit, item qui liberum hominem sciens emit, abducit, inuitum in servitute retinet. 2. qui alieni libri se auctorem praedicat. V. Marcial. [FORCELLINI. Lexicon Totius Latinatis, 1940, 727] - Marcial foi o primeiro a associar o ato de plágio ao roubo de textos escritos I, 53 Commendo tibi, Quintiane, nostros - Nostros dicere si tamen libellos possum, quos recitat tuus poeta -: Si de seruitio graui queruntur, Adsertor venias satisque praestes Et, cum se dominum uocabit ille, Dicas esse meos manuque missos Hoc si terque quaterque clamitaris Impones plagiario pudorem. (o grifo é meu) [Confio a ti, Quintiano, os nossos - Se nossos ainda posso chamar Os livros que recita teu poeta -: Se se queixam de onerosa servidão, Vem como defensor e lhes preste toda assistência. E, quando aquele se disser o senhor deles, Dize serem meus e manumissos. Isto, se, ou três ou quatro vezes, gritares, Imporás ao plagiário pudor.] Veja também o epigrama I, 54 Una est in nostris tua, Fidentine, libellis Pagina, sed certa domini signata figura, Quae tua traducit manifesto carmina furto, Sic interpositus villo contaminat uncto Urbica Lingonicus Tyrianthina bardocucullus. Sic Aretinae violant crystallina testae. Sic niger, in ripis errat cum forte Caystri, Inter Ledaeos ridetur corvus olores. Sic ubi multisona fervet sacer Atthide lucus, Improba Cecropias offendit pica querelas. Indice non opus est nostris,nec uindice libris. Stat contra dicitque tibi tua pagina: “Fur es.” (o grifo é meu) [Há, em nossos livros, Fidentino, uma única página Tua, mas com o retrato claramente assinalado de seu dono, Que acusa teus versos de furto evidente. Assim, interposta, contamina com seu pêlo ungido
  • 6. A capa ligônica1 as purpúreas vestes citadinas. Assim, as arentinas2 bilhas denigrem os vasos de cristal. Assim, ri-se do negro corvo, quando às vezes erra Nas margens do Caístro3 , entre os cisnes ledeus4 . Assim, onde o bosque sagrado se alvoroça com rouxinol multissonoro, A infame pega ofende as querelas cecrópias5 . Meus livros não precisam de acusador nem de defensor, Levanta-se contra ti tua própria página e diz: “És ladrão”.] 1.2. Imitatio e alusão: o caráter da arte intertextual - O termo imitatio pode dar margem a interpretações errôneas (ser confundido com o ato de plágio) e compreender/trazer mais o sentido emulativo do que o caráter gerador de sentidos desse jogo alusivo/intertextual, uma vez que as "imitações" eram vistas como forma de rivalizar com os predecessores, bem como ornamentos que engrandeciam a obra e homenageavam os autores considerados dignos de citação. a) “Arte alusiva” - Tal expressão foi cunhada por Pasquali em seu artigo intitulado Arte Allusiva, publicado inicialmente em 1942 (edição disponibilizada, 1968). Pasquali considera o termo alusão mais propício à caracterização do processo imitativo: "(...) em poesia culta, douta, eu procuro o que de uns anos para cá não chamo mais reminiscências, mas alusões, e de bom grado diria evocações e, em certos casos, citações. As reminiscências podem ser involuntárias; as imitações, o poeta pode desejar que passem despercebidas ao público; as alusões não produzem o efeito desejado senão sobre um leitor que se recorda claramente do texto ao qual se refere.” (1968, p. 275) - Por que a preferência pelo termo alusão? - isento de qualquer sentido pejorativo: elimina possíveis confusões que possa haver com o uso do vocábulo imitação: as alusões tiram do jogo intertextual o sentido emulativo, o qual dá mais ênfase à intenção do autor de se igualar ou superar um modelo para filiar sua obra a uma tradição do que ao jogo que é posto em funcionamento no momento em que o leitor dele toma consciência. - elimina o caráter involuntário que carrega o termo reminiscências; - põe em foco o jogo que se estabelece entre o texto alusivo e seus modelos, o qual, segundo o filólogo italiano, é produzido intencional e conscientemente pelo autor e só pode entrar em funcionamento quando as alusões são percebidas pelo leitor capaz de decodificá-las; - traz para o centro da cena o autor (intencional e consciente), bem como o leitor (leitor- decodificador, segundo Vasconcellos 2001, p. 28). -o papel ativo do leitor, bem como do autor, no funcionamento do processo alusivo também fica evidente na caracterização que Pasquali propõe en passant dos processos de alusão e de evocação. 1 Os lingões são um povo da Gália céltica, hoje região de Langres. 2 Arécio era uma cidade da Etrúria (Itália), hoje Arezzo, na Toscana. 3 Caístro era um rio da Lídia famoso por seus cisnes, hoje é chamado de Karasu. 4 Leda é filha do rei da Etólia, Téstio, e de Eurítemis. Foi desposada por Tíndaro quando esse, expulso de Lacedémon por Hipocoonte e seus filhos, buscou refúgio na Etólia. Júpiter enamorou-se por Leda e para que sua conquista tivesse bom êxito transformou-se em cisne. Leda teve quatro filhos, encerrados em dois ovos divinos. Desses nasceram Pólux e Helena, considerados filhos de Júpiter, e Castor e Clitemnestra, filhos de Tíndaro. (cf. Commelin, 1955, 302 e Grimal, 1997, 371b-372a). 5 De Atenas, atenienses, Cecrópia é uma cidade de Atenas.
  • 7. Podemos divisar a definição de ambos os termos pelo comentário feito por Pasquali sobre a presença do procedimento alusivo não só na literatura como também em todas as artes: um pintor moderno que coloca, por exemplo, numa paisagem que recorda os grandes impressionistas franceses, um personagem moderno, nesse momento, alude; um arquiteto, ao construir um edifício público original alude, mas aquele que percebe que se fez alguma alusão ao desenhá-lo, pode-se dizer evoca: “a alusão é o meio; a evocação, o fim”. Desse modo, podemos concluir que “a alusão é um processo que resulta na evocação percebida pelo leitor” (Prata, 2002, p. 33), constatando a presença fundamental do leitor, e também do autor, nesse processo, uma vez que a alusão é estabelecida, criada intencionalmente pelo autor. - Pasquali também considera as alusões um elemento essencial da poesia clássica augustana, mais que da poesia moderna: “A poesia augustana é tanto ou mais literária que a poesia moderna. Tal procedimento é nela não apenas difuso, mas, ouso dizer, essencial.” Para ele, autores como Virgílio e Horácio “pressupõem que o leitor tenha em mente, nos mínimos detalhes, Homero e Hesíodo, Apolônio e Arato e Calímaco e quiçá quantos outros alexandrinos, dos Romanos pelo menos Ênio e Lucrécio, mas também os próprios contemporâneos” (1968, p. 277). - o autor não salienta em seu artigo, como comenta Vasconcellos, “o aspecto crucial da ‘arte alusiva’ que é a criação de sentido”, mas mostra-se “ciente da importância do intertexto criado pela alusão, que não é mero adorno, mas integra a significação” (2001, pp. 30-31 e 29, respectivamente). Em um breve comentário aos versos 621 e 622 do canto VI da Eneida, o autor afirma que tal excerto evoca, entre outros, os versos de Vário, conservados nas Saturnais de Macróbio (VI, 1, 39) e que Virgílio intencionaria que seu leitor percebesse tal alusão: “Vário por certo tinha em mente Marco Antônio e nele Virgílio terá desejado que pensasse seu leitor...” (1968, p. 278, os grifos são meus) b) Arte alusiva e intertextualidade - o termo alusão acarreta um problema: a intencionalidade do autor. - o termo intertextualidade foi utilizado pela primeira vez por Kristeva, em seu ensaio "A palavra, o diálogo e o romance" (in: Introdução à semanálise, 1974), escrito a partir de Problemas da poética de Dostoiévski e A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais de Mikhail Bakhtin, para caracterizar as noções de dialogismo e polifonia formuladas pelo escritor russo. Kristeva afirma que Bakhtin foi o primeiro a introduzir na teoria literária a noção de que "(...) todo texto se constrói como mosaico de citações, todo texto é a absorção e transformação de um outro texto. Em lugar da noção de intersubjetividade, instala-se a de intertextualidade e a linguagem poética lê-se pelo menos como dupla" (1974, p. 64). - Para Bakhtin o dialogismo é uma característica essencial de toda linguagem, bem como do sujeito; seria sua condição sine qua non. A noção de dialogismo é complementada pela noção de polifonia, a qual, para ele, é somente aplicável aos textos literários, que podem ser monofônicos ou polifônicos. Essa distinção presume que há textos que só trazem um ponto de vista, uma ideologia - a do autor, e outros que se constituem pela pluralidade, advinda da interação de pontos de vista que não sejam necessariamente os do autor. - a intertextualidade descarta o que não se pode alcançar: a intenção do autor.
  • 8. Referência Bibliográficas Autores antigos ARISTÓTELES. A Poética Clássica. Aristóteles, Horácio, Longino. Introdução por Roberto de Oliveira Brandão; tradução direto do grego e do latim por Jaime Bruna. 2ª ed. São Paulo, Cultrix, 1985. ______________. Poética. Tradução de Baby Abrão. Coleção Os Pensadores. São Paulo, Editora Nova Cultural ltda, 1999, pp.34-75. ______________. Arte retórica e Arte Poética. Tradução de Antônio Pinto de Carvalho; introdução e notas de Jean Voilquin e Jean Capele. Rio de Janeiro, Edições de Ouro, s.d. HORACE. Épitres. Texte établi et traduit par François Villeneuve. Paris, Les Belles Lettres, 1955. LONGINO. Do Sublime. Tradução Filomena Hirata. São Paulo, Martins Fontes, 1996. MARTIAL. Les Épigrammes de Martial. Tome Premier - Livres I-VII. Texte étabili, traduit et annoté par Pierre Richard. Paris, Librairie Garnier Frères, 1931. PLATÓN. Apologia de Sócrates. Diálogos: "Ion o de la poesia" e "Fedro o de la Belleza". Traduccion y notas por Patricio de Azcárate. Buenos Aires, Libreria "El Ateneo" Editorial, 1955, pp.85-189. PLATÃO. A República. Tradução de Enrico Corvisieri. Coleção Os Pensadores. São Paulo, Editora Nova Cultural Ltda, 1999. QUINTILIEN. Institution Oratoire. Livres X-XII. Vol. IV. Texte revu et traduit avec introduction et notes par Henri Bornecque. Paris, Éditions Garnier Frères, 1954. Autores Modernos ALLEN, G. Intertextuality. USA & Canadá, Routledge, 2000. BAKHTIN, M. Problemas da Poética de Dostoiévski. Tradução de Paulo Bezerra. Rio de Janeiro, Forense-Universitária, 1981. BARROS, D. & FIORIN, J. (orgs.). Dialogismo, Polifonia, Intertextualidade. São Paulo, Edusp, 1994. CHRISTOFE, L. Intertextualidade e Plágio: questões de linguagem e autoria. Tese de doutorado defendida no Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da UNICAMP, 1996. KRISTEVA, J. Introdução à Semanálise. Tradução de Lúcia Helena França Ferraz. São Paulo, Editora Perspectiva, 1974. OLIVA NETO, J. A. Falo no jardim. Priapéia grega. Priapéia latina. Tradução do grego e do latim, ensaios introdutórios, notas e iconografia de João Ângelo de Oliva Neto. Campinas, cotia: Editora da Unicamp, Ateliê Editorial, 2006. PASQUALI, G. “Arte Allusiva” in: Pagine Stravaganti. Firenze: Sansoni, 1968. V. II. PRATA, P. O caráter alusivo dos Tristes de Ovídio: uma leitura intertextual do livro I. Dissertação de Mestrado defendida no IEL/Unicamp em abril de 2002. RUSSELL, D. A. “De Imitatione” in: Creative Imitation and Latin literature. Organizado por D. A. West & A. J. Woodman. Cambridge: Cambridge University Press, 1979. SPINA, S. Introdução à Poética Clássica. São Paulo: FTD, 1967. pp.78-99. VASCONCELLOS, P. S. de. Efeitos Intertextuais na Eneida de Virgílio. São Paulo, Humanitas/FFLCH/USP: Fapesp, 2001.