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Teste de avaliação– Sequência4
Auto da Lusitânia,Gil Vicente
Lê com atenção o excerto do Auto da Lusitânia transcrito.
Lisibea Canseira1
da minha vida
põe esses olhos no chão2
vela-te3
de ser perdida
e nam olhes tam garrida4
quantos vem e quantos vão.
Lusitânia Oh que forte condição
como sois destemperada5
e ciosa6
sem razão.
Lisibea Eu não teria paixão7
se te visse assossegada.
Mas tu olhas pera cá
pera aqui e pera ali
e de cá pera acolá.
Lusitânia Esse olhar que mal me está
se eu olho bem por mi?
Lisibea Oh como é de pouco aviso
dares sempre à cabecinha
e tam prestes8
tens o riso
que quem te vir emproviso9
logo dirá que és doudinha10
.
Lusitânia Mãe, isso é cor de bradar11
e tudo nam funde em nada
que sem rir, ver nem falar
todos me podem chamar
fermosa mal assombrada12
.
Mas nam se pode negar
que o ciúme é mal enfindo13
porque o muito ciar14
às vezes faz acordar
o amor que jaz dormindo.
Lisibea Por mais que brava escumes15
de te amar vem esta dor
que te faço sabedor
que dos mui muitos ciúmes
nace o mui muito amor.
GRUPO I
5
10
15
20
25
30
35
Lusitânia Esse muito é de mau tom
ó mãe como estais errada16
porque o muito nam é nada
quando quer que nam é bom.
O querer17
há de ser são
mui seguro e confiado
isento sem sospeição
doce na conversação
e alegre no cuidado.
Lisibea Já som bem certa e segura
que o castigo é cousa cara18
leixar-te19
quero à ventura
que às vezes o tempo cura
o que a razão nam sara.
Teus olhos são teu perigo
eles te castigarão20
.
Lusitânia Mãe a muita reprensão21
busca mui poucos amigos
e esta é a concrusão.
Eis cá vem um caçador
generoso representa22
e traz ar de gram senhor.
VICENTE, Gil – Compilaçam de todalas
obras de Gil Vicente. INCM, 1984
1. desgraça; 2. põe esses olhos no chão: trabalha; 3. acautela-te; 4. v istosa, alegre; 5. disparatada; 6. ciumenta; 7. Eu
não teria paixão: Eu não sof reria; 8. preparado, rápido; 9. de repente; 10. que és doudinha: que és lev iana;
11. Mãe, isso é cor de bradar: Mãe, isso é v ontade de ralhar; 12. mal assombrada: desagradáv el, mal humorada; 13. que
não tem f im; 14. porque o muito ciar: porque o muito resguardar, dev ido ao ciúme; 15. f erv as (sentido f igurado);
16. enganada; 17. O querer há de ser são / mui seguro e confiado / isento sem sospeição / doce na conversação: o
amor há de ser leal, agradáv el na intimidade e sem inquietações; 18. que o castigo é cousa cara: que a experiência
custa muito a atingir; 19. deixar-te; 20. Teus olhos são teu perigo / eles te castigarão: hás de sof rer muito, por causa
dos teus lindos olhos; 21. repreensão; 22. e é nobre.
Apresenta, de forma bem estruturada, as tuas respostas ao questionário.
1. Justifica o uso do imperativo na fala inicial de Lisibea, atendendo à sua relação com
Lusitânia.
2. Caracteriza o estado de espírito de Lisibea e identifica a(s) razão(ões) que o motiva(m).
3. Comenta a seguinte fala de Lusitânia, tendo em conta o recurso expressivo nela
presente: “Esse olhar que mal me está / se eu olho bem por mi?” (vv. 14-15)
4. Lisibea e Lusitânia manifestam perspetivas diferentes sobre o amor. Explicita-as.
40
45
50
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30
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Faz a leitura cuidada e atenta do poema que se segue.
Elegia do ciúme
A tua morte, que me importa,
se o meu desejo não morreu?
Sonho contigo, virgem morta,
e assim consigo (mas que importa?)
possuir em sonho quem morreu.
Sonho contigo em sobressalto,
não vás fugir-me, como outrora.
E em cada encontro a que não falto
inda me turbo e sobressalto
à tua mínima demora.
Onde estiveste? Onde? Com quem?
— Acordo, lívido, em furor.
Súbito, sei: com mais ninguém,
ó meu amor!, com mais ninguém
repartirás o teu amor.
E se adormeço novamente
vou, tão feliz!, sem azedume
— agradecer-te, suavemente,
a tua morte que consente
tranquilidade ao meu ciúme.
MOURÃO-FERREIRA, David − “Elegia do ciúme”. In Obra
Poética, 1948-1988, 4.a
Ed. Editorial Presença, 2001
Apresenta, de forma bem estruturada,as tuas respostas aos itensque se seguem.
1. O poema principia com uma frase interrogativa (vv. 1-2).
1.1. Explica essa interrogação, relacionando-a com os versosseguintes da primeira
estrofe (vv. 3-5).
2. Analisa o efeito expressivo resultante do uso da primeira pessoa do singular ao longo
do poema.
3. Explicita a relevância da última estrofe.
4. Comenta o título do poema, relacionando com o seu assunto.
Com base na leitura que efetuaste do Auto da Lusitânia, redige um texto de 150 a 280
palavras, em que analises o espaço da representação e o teatro dentro do teatro nessa
peça vicentina.
(Adaptado do Exame Nacional de Literatura Portuguesa, 2018, 1.a
fase)
GRUPO II
GRUPO III
5
10
15
20
Cotações
Questões Cotação
Grupo I Conteúdo
OCL*
Total por questão Total do grupo
Org.**
CL***
1. 12 4 4 20
80 pontos
2. 12 4 4 20
3. 12 4 4 20
4. 12 4 4 20
Grupo II Conteúdo
OCL*
Total por questão Total do grupo
Org.**
CL***
1. 12 4 4 20
80 pontos
2. 12 4 4 20
3. 12 4 4 20
4. 12 4 4 20
Grupo III
Conteúdo
OCL*
Total por questão
40 pontos
Org.** CL***
24 8 8 40
200 pontos
(20 valores)
* Organização e correção linguística
** Coerência na organização das ideias e na estruturação do texto
*** Correção linguística (sintaxe e morfologia; léxico; pontuação; ortografia)
Sugestões de resposta
Grupo I
1. Lisibea está a dar ordens à filha Lusitânia, daí
a utilização de formas verbais no imperativo
(“põe”, “vela-te”) ou com valor de imperativo (“não
olhes”).O tom é, portanto, agressivo,traduzindo a
relação tensa entre mãe e filha.
2. Lisibea sente-se triste e em sofrimento (“Eu não
teria paixão”, v. 9) devido aos muitos e intensos
ciúmes que sente da filha.Os ciúmes explicam-se
pelo muito amor que lhe tem (“de te amar vem esta
dor”, v. 32; “que dos mui muito ciúmes / nace o
mui muito amor.”, vv. 34-35).
3. Às repreensões da mãe, Lusitânia responde,
por meio de uma antítese (mal/bem), afirmando
que o seu comportamento não está errado,já que
considera que está a fazer pela sua vida, isto é, a
pensar em si e no seu futuro.
4. Lisibea consideraque os ciúmes é quemostram
a intensidade do amor (“que dos mui muito ciúmes
/ nace o mui muito amor.”, vv. 34-35) e justificam
a dor, o azedume. Lusitânia, porém, não partilha
desta opinião, considerando que os ciúmes são
um mal sem fim (“o ciúme é mal enfindo”, v. 27) e
que o amor deve estar assente na confiança, na
doçura e na alegria (vv. 40-44).
Grupo II
1. A interrogação inicialdo sujeito poético traduza
sua indiferença perante a morte do ser amado,
uma vez que essa morte não apagouo desejo que
ele sente.Por isso,ele continua a sonhar,e dessa
forma consegue possuir quem morreu.O sonho é
a forma de manter o desejo e a presença do ser
amado vivos.
2. A primeira pessoa do singular, evidente nas
formas verbais (“sonho”, “consigo”, “falto”, “turbo”,
“sobressalto”, “acordo”, “adormeço”) e
pronominais (“meu”, “me”), comunica uma
intensidade dramática ao poema, acentuando a
íntima partilha de sentimentos da parte do sujeito
poético.
3. Na última estrofe, o sujeito poético revela que
só a morte do ser amadolhe trouxe paze acalmou
o seu ciúme (vv. 19-20). A morte impede o ser
amado de estar com alguém e de repartir o seu
amor (vv. 13-15), e, por essa razão, o sujeito
poético sente-se feliz, quando adormece e sonha
com a sua amada.
4. A elegia é um poema de assunto triste ou
doloroso,e este poema trata precisamente de um
assunto dessa natureza: o ciúme. O sujeito
poético começa por dizer que a morte do ser
amado não apagou o seu desejo, e por isso
continua a sonhar com a amada.Mas o sonho traz
consigo o ciúme (segunda estrofe) e faz com que
o sujeito poético acorde pálido e agitado (v. 12).
Só então ganha consciência de que não há razão
para o ciúme,pois a sua amada não estivera (nem
poderia estar) com mais ninguém (vv. 13-14),uma
vez que está morta, e só a morte dela trouxe
tranquilidade ao seu ciúme (vv. 19-20).
Grupo III
Resposta pessoal.
Teatro dentro do teatro

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Teatro dentro do teatro

  • 1. Teste de avaliação– Sequência4 Auto da Lusitânia,Gil Vicente Lê com atenção o excerto do Auto da Lusitânia transcrito. Lisibea Canseira1 da minha vida põe esses olhos no chão2 vela-te3 de ser perdida e nam olhes tam garrida4 quantos vem e quantos vão. Lusitânia Oh que forte condição como sois destemperada5 e ciosa6 sem razão. Lisibea Eu não teria paixão7 se te visse assossegada. Mas tu olhas pera cá pera aqui e pera ali e de cá pera acolá. Lusitânia Esse olhar que mal me está se eu olho bem por mi? Lisibea Oh como é de pouco aviso dares sempre à cabecinha e tam prestes8 tens o riso que quem te vir emproviso9 logo dirá que és doudinha10 . Lusitânia Mãe, isso é cor de bradar11 e tudo nam funde em nada que sem rir, ver nem falar todos me podem chamar fermosa mal assombrada12 . Mas nam se pode negar que o ciúme é mal enfindo13 porque o muito ciar14 às vezes faz acordar o amor que jaz dormindo. Lisibea Por mais que brava escumes15 de te amar vem esta dor que te faço sabedor que dos mui muitos ciúmes nace o mui muito amor. GRUPO I 5 10 15 20 25 30 35
  • 2. Lusitânia Esse muito é de mau tom ó mãe como estais errada16 porque o muito nam é nada quando quer que nam é bom. O querer17 há de ser são mui seguro e confiado isento sem sospeição doce na conversação e alegre no cuidado. Lisibea Já som bem certa e segura que o castigo é cousa cara18 leixar-te19 quero à ventura que às vezes o tempo cura o que a razão nam sara. Teus olhos são teu perigo eles te castigarão20 . Lusitânia Mãe a muita reprensão21 busca mui poucos amigos e esta é a concrusão. Eis cá vem um caçador generoso representa22 e traz ar de gram senhor. VICENTE, Gil – Compilaçam de todalas obras de Gil Vicente. INCM, 1984 1. desgraça; 2. põe esses olhos no chão: trabalha; 3. acautela-te; 4. v istosa, alegre; 5. disparatada; 6. ciumenta; 7. Eu não teria paixão: Eu não sof reria; 8. preparado, rápido; 9. de repente; 10. que és doudinha: que és lev iana; 11. Mãe, isso é cor de bradar: Mãe, isso é v ontade de ralhar; 12. mal assombrada: desagradáv el, mal humorada; 13. que não tem f im; 14. porque o muito ciar: porque o muito resguardar, dev ido ao ciúme; 15. f erv as (sentido f igurado); 16. enganada; 17. O querer há de ser são / mui seguro e confiado / isento sem sospeição / doce na conversação: o amor há de ser leal, agradáv el na intimidade e sem inquietações; 18. que o castigo é cousa cara: que a experiência custa muito a atingir; 19. deixar-te; 20. Teus olhos são teu perigo / eles te castigarão: hás de sof rer muito, por causa dos teus lindos olhos; 21. repreensão; 22. e é nobre. Apresenta, de forma bem estruturada, as tuas respostas ao questionário. 1. Justifica o uso do imperativo na fala inicial de Lisibea, atendendo à sua relação com Lusitânia. 2. Caracteriza o estado de espírito de Lisibea e identifica a(s) razão(ões) que o motiva(m). 3. Comenta a seguinte fala de Lusitânia, tendo em conta o recurso expressivo nela presente: “Esse olhar que mal me está / se eu olho bem por mi?” (vv. 14-15) 4. Lisibea e Lusitânia manifestam perspetivas diferentes sobre o amor. Explicita-as. 40 45 50 55 30 35
  • 3. Faz a leitura cuidada e atenta do poema que se segue. Elegia do ciúme A tua morte, que me importa, se o meu desejo não morreu? Sonho contigo, virgem morta, e assim consigo (mas que importa?) possuir em sonho quem morreu. Sonho contigo em sobressalto, não vás fugir-me, como outrora. E em cada encontro a que não falto inda me turbo e sobressalto à tua mínima demora. Onde estiveste? Onde? Com quem? — Acordo, lívido, em furor. Súbito, sei: com mais ninguém, ó meu amor!, com mais ninguém repartirás o teu amor. E se adormeço novamente vou, tão feliz!, sem azedume — agradecer-te, suavemente, a tua morte que consente tranquilidade ao meu ciúme. MOURÃO-FERREIRA, David − “Elegia do ciúme”. In Obra Poética, 1948-1988, 4.a Ed. Editorial Presença, 2001 Apresenta, de forma bem estruturada,as tuas respostas aos itensque se seguem. 1. O poema principia com uma frase interrogativa (vv. 1-2). 1.1. Explica essa interrogação, relacionando-a com os versosseguintes da primeira estrofe (vv. 3-5). 2. Analisa o efeito expressivo resultante do uso da primeira pessoa do singular ao longo do poema. 3. Explicita a relevância da última estrofe. 4. Comenta o título do poema, relacionando com o seu assunto. Com base na leitura que efetuaste do Auto da Lusitânia, redige um texto de 150 a 280 palavras, em que analises o espaço da representação e o teatro dentro do teatro nessa peça vicentina. (Adaptado do Exame Nacional de Literatura Portuguesa, 2018, 1.a fase) GRUPO II GRUPO III 5 10 15 20
  • 4. Cotações Questões Cotação Grupo I Conteúdo OCL* Total por questão Total do grupo Org.** CL*** 1. 12 4 4 20 80 pontos 2. 12 4 4 20 3. 12 4 4 20 4. 12 4 4 20 Grupo II Conteúdo OCL* Total por questão Total do grupo Org.** CL*** 1. 12 4 4 20 80 pontos 2. 12 4 4 20 3. 12 4 4 20 4. 12 4 4 20 Grupo III Conteúdo OCL* Total por questão 40 pontos Org.** CL*** 24 8 8 40 200 pontos (20 valores) * Organização e correção linguística ** Coerência na organização das ideias e na estruturação do texto *** Correção linguística (sintaxe e morfologia; léxico; pontuação; ortografia) Sugestões de resposta Grupo I 1. Lisibea está a dar ordens à filha Lusitânia, daí a utilização de formas verbais no imperativo (“põe”, “vela-te”) ou com valor de imperativo (“não olhes”).O tom é, portanto, agressivo,traduzindo a relação tensa entre mãe e filha. 2. Lisibea sente-se triste e em sofrimento (“Eu não teria paixão”, v. 9) devido aos muitos e intensos ciúmes que sente da filha.Os ciúmes explicam-se pelo muito amor que lhe tem (“de te amar vem esta dor”, v. 32; “que dos mui muito ciúmes / nace o mui muito amor.”, vv. 34-35). 3. Às repreensões da mãe, Lusitânia responde, por meio de uma antítese (mal/bem), afirmando que o seu comportamento não está errado,já que considera que está a fazer pela sua vida, isto é, a pensar em si e no seu futuro. 4. Lisibea consideraque os ciúmes é quemostram a intensidade do amor (“que dos mui muito ciúmes / nace o mui muito amor.”, vv. 34-35) e justificam a dor, o azedume. Lusitânia, porém, não partilha desta opinião, considerando que os ciúmes são um mal sem fim (“o ciúme é mal enfindo”, v. 27) e que o amor deve estar assente na confiança, na doçura e na alegria (vv. 40-44). Grupo II 1. A interrogação inicialdo sujeito poético traduza sua indiferença perante a morte do ser amado, uma vez que essa morte não apagouo desejo que ele sente.Por isso,ele continua a sonhar,e dessa forma consegue possuir quem morreu.O sonho é a forma de manter o desejo e a presença do ser amado vivos. 2. A primeira pessoa do singular, evidente nas formas verbais (“sonho”, “consigo”, “falto”, “turbo”, “sobressalto”, “acordo”, “adormeço”) e pronominais (“meu”, “me”), comunica uma intensidade dramática ao poema, acentuando a íntima partilha de sentimentos da parte do sujeito poético. 3. Na última estrofe, o sujeito poético revela que só a morte do ser amadolhe trouxe paze acalmou o seu ciúme (vv. 19-20). A morte impede o ser amado de estar com alguém e de repartir o seu amor (vv. 13-15), e, por essa razão, o sujeito poético sente-se feliz, quando adormece e sonha com a sua amada. 4. A elegia é um poema de assunto triste ou doloroso,e este poema trata precisamente de um assunto dessa natureza: o ciúme. O sujeito poético começa por dizer que a morte do ser amado não apagou o seu desejo, e por isso continua a sonhar com a amada.Mas o sonho traz consigo o ciúme (segunda estrofe) e faz com que o sujeito poético acorde pálido e agitado (v. 12). Só então ganha consciência de que não há razão para o ciúme,pois a sua amada não estivera (nem poderia estar) com mais ninguém (vv. 13-14),uma vez que está morta, e só a morte dela trouxe tranquilidade ao seu ciúme (vv. 19-20). Grupo III Resposta pessoal.