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Teorias constitutivas do
autoconhecimento
César Schirmer dos Santos
cesar.santos@ufsm.br
Departamento de Filosofia
Universidade Federal de Santa Maria
2017
Terminologia
Questões lexicais (terminologia)
A priori
Autoconhecimento: de primeira e de terceira pessoas
Factivo/Ostensivo
Necessidade conceitual
Postura intencional (intentional stance)
Transparência
A priori
Propriedade de um estado mental (percepção, crença,
conhecimento) que ou não foi obtida ou justificada via sentidos,
ou foi obtida ou justificada pelo entendimento ou razão pura.
“Todos os homens são mortais.” Não há percepção de todos
(para todo x) passados, presentes e futuros. Portanto,
negativamente, a justificação (da indução) é a priori.
“Se p e p→q, então q.” Justificação positiva pelo esquema
inferencial do modus ponens.
Autoconhecimento de primeira pessoa
Conhecimento dos próprios estados mentais obtido por um
método não disponível aos outros, como por exemplo:
Introspecção (Lycan, Armstrong)
Autoexpressão (o Wittgenstein de P.F. Strawson e Malcolm)
Olhar para fora (Evans, Moran)
Autoconhecimento de terceira pessoa
Conhecimento dos próprios estados mentais obtido por um
método disponível a outros, como por exemplo:
Elaboração via psicanálise (Freud)
Observação do próprio comportamento (Ryle)
Interpretação do próprio comportamento e fala interior
(Abath, Cassam, Carruthers)
Abath, André J. 2014. “Nem tão Racional assim: Externismo, Psicologia e Razões para
Agir.” Sképsis 7 (10): 214–24.
Factivo/Ostensivo
Factivo é o estado mental que só se dá caso seu conteúdo seja
verdadeiro. Se não é verdadeiro, não se dá o estado mental.
Só sei ou conheço se o conteúdo é verdadeiro, mas creio ou
imagino mesmo que o conteúdo seja falso. Crença e imaginação
são estados mentais ostensivos.
Se acho que sei que a Terra é plana, e a Terra não é plana, então
imagino que a Terra é plana, e não sei disso.
Factivo ≠ Factual
Factivo é o estado mental que tem que ter conteúdo verdadeiro
para se dar ou ocorrer.
Factual é uma propriedade das representações nas quais estados
de coisas são figurados.
Necessidade conceitual
Conceitos são feitos de notas, isto é de conceitos.
Se um conceito x tem outro conceito y como seu constituinte,
então aceitar que o conceito x se aplica apropriadamente ao
evento e acarreta que o conceito y também se aplica.
Eis uma questão: Ao descrever S como racional (conceito x),
temos também que descrevê-lo como tendo autoconhecimento
(conceito y)?
Racionalidade
Gordinha (thick): ter estados mentais envolve refletir ativamente
sobre os próprios estados mentais. (Reflexão requer esforço e
envolvimento pessoal, como o Sistema 2 de Kahneman.)
Magrinha (thin): mudar as próprias opiniões frente a evidências
de boa qualidade que as contrariam. Requer acesso, não reflexão.
(Acesso é fácil, está relacionado ao Sistema 1 de Kahneman.)
(cf. Coliva 2016, p. 169–170)
Qual racionalidade se vincula ao
autoconhecimento?
Para Burge, temos racionalidade espessa; portanto, temos
autoconhecimento.
Para Coliva, temos racionalidade exígua, portanto independente
do conhecimento dos próprios estados mentais.
Aprioridade por necessidade conceitual
Necessidade conceitual: Se fizer parte do conceito de ter-um-
estado-mental-do-tipo-ψ (conceito x) o estar-ciente-de-ter-um-
estado-mental-do-tipo-ψ (conceito y), então basta que o
primeiro conceito seja aplicável apropriadamente para que o
segundo conceito seja aplicável apropriadamente.
Aprioridade: Como não é preciso uso ou aval dos sentidos para
tal aplicação conceitual, é a priori.
Postura intencional (intentional stance)
A natureza não busca a sobrevivência do mais forte, mas é útil
apresentá-la, instrumentalmente, como se buscasse.
O capitalismo não busca a própria ruína, mas é útil apresentá-lo
como se buscasse.
O eu não existe, mas é útil descrever humanos como eus.
Eis o instrumentalismo, método de abordagem da realidade
proposto por Daniel Dennett.
Transparência
Método de obtenção de conhecimento do próprio estado mental
pela tomada de posição com respeito ao mundo exterior.
Explicando a metáfora: olhando para fora através de uma
película transparente.
Esquema da transparência (a la Byrne)
p é o caso.
Portanto, ψ que p
O esquema funciona minimamente para uma atitude psicológica
factiva ψ tal como a crença e o conhecimento, mas dificilmente
para sensações, percepções, emoções, memórias ou raciocínios.
Byrne, Alex. 2011. “Transparency, Belief, Intention.” Aristotelian Society
Supplementary Volume 85 (1): 201–21. doi:10.1111/j.1467-8349.2011.00203.x.
Boyle sobre Byrne
“Instead of thinking of the subject as making an inference from P
to I believe P, he can think of the subject as taking a different
sort of step, from believing P to reflectively judging (i.e.
consciously thinking to himself): I believe P. The step, in other
words, will not be an inferential transition between contents, but
a coming to explicit acknowledgment of a condition of which
one is already tacitly aware.” (Boyle 2011, p. 227)
Boyle, Matthew. 2011. “Transparent Self-Knowledge.” Aristotelian Society
Supplementary Volume 85 (1): 223–41. doi:10.1111/j.1467-8349.2011.00204.x.
Constitutivismo
Posições constitutivistas sobre
“autoconhecimento” de primeira pessoa
Origem por constituição (não é nem observacional, nem
inferencial, nem sui generis)
Âmbito: diz respeito a estados mentais que ou se dão à
consciência, ou são transparentes no sentido de Evans e
Moran
É a priori por necessidade conceitual
Origem por constituição
O autoconhecimento de primeira pessoa é constituído (há um
esquema que descreve essa constituição) quando o eu tem certo
tipo de estado mental ψ
Assim sendo, o autoconhecimento de primeira pessoa não é
observacional (contraste com Armstrong e Lycan), inferencial
(contraste com Carruthers e Cassam) ou sui generis (contraste
com expressivismo)
(cf. Coliva 2016, p. 163)
Âmbito, alcance ou escopo
Temos autoconhecimento de primeira pessoa de todas as
atitudes psicológicas ψ que satisfazem o esquema da
constituição.
(Aliás, para os constitutivistas, esta é uma verdade a priori.)
Autoridade da primeira pessoa
Quanto à epistemologia: sem fundamento epistêmico
(groundless)
Quanto ao objeto ou conteúdo: sobre estados que ou se dão à
consciência, ou são transparentes no sentido de Evans e Moran.
A priori por necessidade conceitual.
Certa herança wittgensteiniana
Normalmente, não se questiona autoatribuição
Autoatribuições não são expressões de conhecimento genuíno
A autoridade da primeira pessoa não tem base epistêmica
A base é gramatical (cf. Coliva 2016, p. 144)
Não tomar a gramática de superfície (“sei o que penso”) como
evidência decisiva
(cf. Coliva 2016, p. 164)
Metafísica das autoatribuições
Para certas atitudes ψ, existe o estado mental de primeira ordem
m1 sse existe o estado mental de segunda ordem m2 (que tem o
estado mental de primeira ordem m1 como seu conteúdo).
Para certas atitudes ψ, o estado mental de segunda ordem m2
(que tem o estado mental de primeira ordem m1 como seu
conteúdo) origina o estado mental de primeira ordem m1.
(cf. Coliva 2016, p. 164)
Metafísica a la Barão de Munchhausen?
Talvez não. Acordo com os fatos é
suficiente.
Compare: Décio Krause diz que certos
objetos (as partículas subatômicas) não
respeitam a lei da identidade (a=a). E está
ok, desde que a realidade seja assim.
(Imagem via Wikimedia Commons.)
O esquema da constituição
S acredita que p se e somente se S acredita que acredita que p
(cf. Coliva 2016, p. 164)
S acredita que p S acredita que acredita que p S acredita que p ↔ S acredita que acredita que p
V V V
V F F
F V F
F F V
Leitura da esquerda pra direita
Ponto de partida: S acredita que p.
Ponto de chegada: S acredita que acredita que p.
Essa leitura do esquema de constituição valeria para pessoas
normais.
(cf. Coliva 2016, p. 166)
Leitura da direita pra esquerda
Ponto de partida: S acredita que acredita que p.
Ponto de chegada: S acredita que p.
Esta leitura requer a metafísica Munchhausen.
Crispin Wright
1+1=2. Entendi. Mas, o que significa “mais”?
Um eterno fato platônico? (Mitologia.)
Uma disposição? (Como diferenciá-la de outra?)
Uma interpretação? (Como diferenciá-la de outra?)
Um acordo ou convenção? (Solução cética-sobre-regras.)
Expressão.
(cf. Coliva 2016, p. 175)
Autoverificação em vez de Munchhausen
O mero fato de S acreditar que ela mesma acredita que p torna
verdadeiro o fato que ela acredita que p.
Trata-se de um expressivismo mais sofisticado que os urros e
uivos.
(cf. Coliva 2016, p. 178)
Intenções
Meu dilema moral sartriano: fico em casa cuidando de mamãe ou
me junto à resistência ao fascismo?
Ficarei em casa!
O mero fato d’eu me decidir torna verdadeiro que eu me decidi.
(cf. Coliva 2016, p. 179)
Minimalismo
Autoatribuições de estados mentais são verdadeiras ou falsas
(pois autoverificam-se), mas não representam nada
(instrumentalismo).
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Casos de pouca autoridade: memória
Não basta autoatribuir-se uma memória para lembrar, pois a
fenomenologia da memória já a coloca num espaço das
experiências incertas, nebulosas, apoiadas em evidências tais
como as imagens.
Esse é um espaço do fundamento (ground) epistêmico distinto
do espaço do autoconhecimento de primeira pessoa.
(cf. Coliva 2016, p. 182)

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Teorias constitutivas do autoconhecimento

  • 1. Teorias constitutivas do autoconhecimento César Schirmer dos Santos cesar.santos@ufsm.br Departamento de Filosofia Universidade Federal de Santa Maria 2017
  • 3. Questões lexicais (terminologia) A priori Autoconhecimento: de primeira e de terceira pessoas Factivo/Ostensivo Necessidade conceitual Postura intencional (intentional stance) Transparência
  • 4. A priori Propriedade de um estado mental (percepção, crença, conhecimento) que ou não foi obtida ou justificada via sentidos, ou foi obtida ou justificada pelo entendimento ou razão pura. “Todos os homens são mortais.” Não há percepção de todos (para todo x) passados, presentes e futuros. Portanto, negativamente, a justificação (da indução) é a priori. “Se p e p→q, então q.” Justificação positiva pelo esquema inferencial do modus ponens.
  • 5. Autoconhecimento de primeira pessoa Conhecimento dos próprios estados mentais obtido por um método não disponível aos outros, como por exemplo: Introspecção (Lycan, Armstrong) Autoexpressão (o Wittgenstein de P.F. Strawson e Malcolm) Olhar para fora (Evans, Moran)
  • 6. Autoconhecimento de terceira pessoa Conhecimento dos próprios estados mentais obtido por um método disponível a outros, como por exemplo: Elaboração via psicanálise (Freud) Observação do próprio comportamento (Ryle) Interpretação do próprio comportamento e fala interior (Abath, Cassam, Carruthers) Abath, André J. 2014. “Nem tão Racional assim: Externismo, Psicologia e Razões para Agir.” Sképsis 7 (10): 214–24.
  • 7. Factivo/Ostensivo Factivo é o estado mental que só se dá caso seu conteúdo seja verdadeiro. Se não é verdadeiro, não se dá o estado mental. Só sei ou conheço se o conteúdo é verdadeiro, mas creio ou imagino mesmo que o conteúdo seja falso. Crença e imaginação são estados mentais ostensivos. Se acho que sei que a Terra é plana, e a Terra não é plana, então imagino que a Terra é plana, e não sei disso.
  • 8. Factivo ≠ Factual Factivo é o estado mental que tem que ter conteúdo verdadeiro para se dar ou ocorrer. Factual é uma propriedade das representações nas quais estados de coisas são figurados.
  • 9. Necessidade conceitual Conceitos são feitos de notas, isto é de conceitos. Se um conceito x tem outro conceito y como seu constituinte, então aceitar que o conceito x se aplica apropriadamente ao evento e acarreta que o conceito y também se aplica. Eis uma questão: Ao descrever S como racional (conceito x), temos também que descrevê-lo como tendo autoconhecimento (conceito y)?
  • 10. Racionalidade Gordinha (thick): ter estados mentais envolve refletir ativamente sobre os próprios estados mentais. (Reflexão requer esforço e envolvimento pessoal, como o Sistema 2 de Kahneman.) Magrinha (thin): mudar as próprias opiniões frente a evidências de boa qualidade que as contrariam. Requer acesso, não reflexão. (Acesso é fácil, está relacionado ao Sistema 1 de Kahneman.) (cf. Coliva 2016, p. 169–170)
  • 11. Qual racionalidade se vincula ao autoconhecimento? Para Burge, temos racionalidade espessa; portanto, temos autoconhecimento. Para Coliva, temos racionalidade exígua, portanto independente do conhecimento dos próprios estados mentais.
  • 12. Aprioridade por necessidade conceitual Necessidade conceitual: Se fizer parte do conceito de ter-um- estado-mental-do-tipo-ψ (conceito x) o estar-ciente-de-ter-um- estado-mental-do-tipo-ψ (conceito y), então basta que o primeiro conceito seja aplicável apropriadamente para que o segundo conceito seja aplicável apropriadamente. Aprioridade: Como não é preciso uso ou aval dos sentidos para tal aplicação conceitual, é a priori.
  • 13. Postura intencional (intentional stance) A natureza não busca a sobrevivência do mais forte, mas é útil apresentá-la, instrumentalmente, como se buscasse. O capitalismo não busca a própria ruína, mas é útil apresentá-lo como se buscasse. O eu não existe, mas é útil descrever humanos como eus. Eis o instrumentalismo, método de abordagem da realidade proposto por Daniel Dennett.
  • 14. Transparência Método de obtenção de conhecimento do próprio estado mental pela tomada de posição com respeito ao mundo exterior. Explicando a metáfora: olhando para fora através de uma película transparente.
  • 15. Esquema da transparência (a la Byrne) p é o caso. Portanto, ψ que p O esquema funciona minimamente para uma atitude psicológica factiva ψ tal como a crença e o conhecimento, mas dificilmente para sensações, percepções, emoções, memórias ou raciocínios. Byrne, Alex. 2011. “Transparency, Belief, Intention.” Aristotelian Society Supplementary Volume 85 (1): 201–21. doi:10.1111/j.1467-8349.2011.00203.x.
  • 16. Boyle sobre Byrne “Instead of thinking of the subject as making an inference from P to I believe P, he can think of the subject as taking a different sort of step, from believing P to reflectively judging (i.e. consciously thinking to himself): I believe P. The step, in other words, will not be an inferential transition between contents, but a coming to explicit acknowledgment of a condition of which one is already tacitly aware.” (Boyle 2011, p. 227) Boyle, Matthew. 2011. “Transparent Self-Knowledge.” Aristotelian Society Supplementary Volume 85 (1): 223–41. doi:10.1111/j.1467-8349.2011.00204.x.
  • 18. Posições constitutivistas sobre “autoconhecimento” de primeira pessoa Origem por constituição (não é nem observacional, nem inferencial, nem sui generis) Âmbito: diz respeito a estados mentais que ou se dão à consciência, ou são transparentes no sentido de Evans e Moran É a priori por necessidade conceitual
  • 19. Origem por constituição O autoconhecimento de primeira pessoa é constituído (há um esquema que descreve essa constituição) quando o eu tem certo tipo de estado mental ψ Assim sendo, o autoconhecimento de primeira pessoa não é observacional (contraste com Armstrong e Lycan), inferencial (contraste com Carruthers e Cassam) ou sui generis (contraste com expressivismo) (cf. Coliva 2016, p. 163)
  • 20. Âmbito, alcance ou escopo Temos autoconhecimento de primeira pessoa de todas as atitudes psicológicas ψ que satisfazem o esquema da constituição. (Aliás, para os constitutivistas, esta é uma verdade a priori.)
  • 21. Autoridade da primeira pessoa Quanto à epistemologia: sem fundamento epistêmico (groundless) Quanto ao objeto ou conteúdo: sobre estados que ou se dão à consciência, ou são transparentes no sentido de Evans e Moran. A priori por necessidade conceitual.
  • 22. Certa herança wittgensteiniana Normalmente, não se questiona autoatribuição Autoatribuições não são expressões de conhecimento genuíno A autoridade da primeira pessoa não tem base epistêmica A base é gramatical (cf. Coliva 2016, p. 144) Não tomar a gramática de superfície (“sei o que penso”) como evidência decisiva (cf. Coliva 2016, p. 164)
  • 23. Metafísica das autoatribuições Para certas atitudes ψ, existe o estado mental de primeira ordem m1 sse existe o estado mental de segunda ordem m2 (que tem o estado mental de primeira ordem m1 como seu conteúdo). Para certas atitudes ψ, o estado mental de segunda ordem m2 (que tem o estado mental de primeira ordem m1 como seu conteúdo) origina o estado mental de primeira ordem m1. (cf. Coliva 2016, p. 164)
  • 24. Metafísica a la Barão de Munchhausen? Talvez não. Acordo com os fatos é suficiente. Compare: Décio Krause diz que certos objetos (as partículas subatômicas) não respeitam a lei da identidade (a=a). E está ok, desde que a realidade seja assim. (Imagem via Wikimedia Commons.)
  • 25. O esquema da constituição S acredita que p se e somente se S acredita que acredita que p (cf. Coliva 2016, p. 164) S acredita que p S acredita que acredita que p S acredita que p ↔ S acredita que acredita que p V V V V F F F V F F F V
  • 26. Leitura da esquerda pra direita Ponto de partida: S acredita que p. Ponto de chegada: S acredita que acredita que p. Essa leitura do esquema de constituição valeria para pessoas normais. (cf. Coliva 2016, p. 166)
  • 27. Leitura da direita pra esquerda Ponto de partida: S acredita que acredita que p. Ponto de chegada: S acredita que p. Esta leitura requer a metafísica Munchhausen.
  • 29. 1+1=2. Entendi. Mas, o que significa “mais”? Um eterno fato platônico? (Mitologia.) Uma disposição? (Como diferenciá-la de outra?) Uma interpretação? (Como diferenciá-la de outra?) Um acordo ou convenção? (Solução cética-sobre-regras.) Expressão. (cf. Coliva 2016, p. 175)
  • 30. Autoverificação em vez de Munchhausen O mero fato de S acreditar que ela mesma acredita que p torna verdadeiro o fato que ela acredita que p. Trata-se de um expressivismo mais sofisticado que os urros e uivos. (cf. Coliva 2016, p. 178)
  • 31. Intenções Meu dilema moral sartriano: fico em casa cuidando de mamãe ou me junto à resistência ao fascismo? Ficarei em casa! O mero fato d’eu me decidir torna verdadeiro que eu me decidi. (cf. Coliva 2016, p. 179)
  • 32. Minimalismo Autoatribuições de estados mentais são verdadeiras ou falsas (pois autoverificam-se), mas não representam nada (instrumentalismo). (cf. Coliva 2016, p. 181)
  • 33. Casos de pouca autoridade: memória Não basta autoatribuir-se uma memória para lembrar, pois a fenomenologia da memória já a coloca num espaço das experiências incertas, nebulosas, apoiadas em evidências tais como as imagens. Esse é um espaço do fundamento (ground) epistêmico distinto do espaço do autoconhecimento de primeira pessoa. (cf. Coliva 2016, p. 182)

Notas do Editor

  1. Contra-exemplo de Róbson: quem, frente a uma evidência, a nega. “Não, não é verdade.”