O documento discute a gnosiologia, que trata dos problemas relacionados à fundamentação do conhecimento humano. Aborda as principais reflexões gnosiológicas sobre a natureza, origem e limite do conhecimento. Apresenta as teorias racionalista e empírica sobre a origem do conhecimento, defendendo que este tem origem tanto nos sentidos quanto na razão.
1. Resumode Filosofia
GNOSIOLOGIA- Disciplinafilosóficaque tratadosproblemasrelativosàfundamentaçãodo
conhecimentohumano.
Se a fenomenologiadescreve objetivamenteoconhecimento,agnosiologiaprocura
explicá-loouinterpretá-lo,tarefaemque se refletempressupostosassociadosaos
filósofose àsuaformação.
As principaisreflexõesgnosiológicasorientam-se emfunçãode trêsproblemas:naturezado
conhecimento;origemoufonte de conhecimento;valor, possibilidade oulimite do
conhecimento.
Colocaro problemadaorigemou fonte de conhecimento é tentarsaberse a base originária
das nossasideiassãoas capacidadessensoriais,racionaisouambas.Paraas propostasde
resoluçãodeste problemadeparamo-noscomvarasteorias,dasquaisse destacamo
empirismoe o racionalismo,como tesesopostas,e o apriorismocomo tentativaconciliatória.
Qual a origemdoconhecimento?
R. Decartes – Racionalismo(conhecimentouniversal e necessário);
D.Humme/Locke –empirismo(parte de dadosconcretosdos sentidos);
Kant – apriorismo (defendeque háconhecimentosde tiporacional e de tiposensorial)
O que é o racionalismo?
Única fonte de origemdoconhecimentoé a razão
Universal – todossão detentoresdarazãodo bom senso; necessário–sempre assim.
Modelode interpretaçãoracionalistadoconhecimento - conhecimentomatemático;
conhecimentopredominantemente conceptual e dedutivo;
Tendemparaum dogmatismo metafísico;
Independente de experiência,seguindoassuasprópriasleis;
Todosos juízosque formula,distinguem-se,alémdisso,pelascaracterísticasda necessidade
lógica e da validade universal.Poisbem, quandose interpretae alcançatodo o conhecimento
humanoemrelação a estaformade conhecimento,chega-seaoracionalismo.
Entre osdefensoresdoracionalismodestaca-se Platãoe Descartes.
Platão
o conhecimentonão pode ser consideradoverdadeiro devidoaeste se encontrarque
o mundo de experiênciaestáemconstante mudança;
não podemosconfiarnosdadosfornecidospelos sentidos;
os conteúdoscredíveissópodemprovirde um mundointeligível (imutável,
transcendente);Aíse encontramasideias,que sãoa verdadeirarealidade,e que o
homemjácontemplounuma existênciapré-terrena.Oconhecimentoconsiste na
recordação destasideias.
SegundoDescartes,tantoa experiênciacomoa imaginaçãosãofontesde ideias,masde que
se tem de duvidarporque nãoservemparao Homemconhecer. Asque provêmda
experiência,asideias adventícias,apresentam-se de modo confusoaoespírito.E as que
provêmda imaginação,as ideias factícias,dando-nosaimagemde seresquiméricos (falso),
não correspondemanadade real.Para conhecer,oHomemsó deve confiarnas ideiasinatas
que são origináriasdarazão, fazendoparte da estrutura racional do Homem.Estas são
2. colocadas na alma por Deus e,por isso,são as únicasque se prestama um verdadeiro
conhecimentoporterema garantia divina.
Fazendodaevidênciadas ideiasinatasa base doraciocínio,e servindo-se doprocesso
dedutivo, o Homemchega a todos os conhecimentos,prescindindode qualquercontributoda
experiência.
Racionalismo Cartesiano
Dúvida Cartesiana
Decisãode fazertábua rasa de todos osconhecimentos adquiridosparaconstruirumanova
filosofia.
Discursos do Método
1. Os sentidosenganam-nos
2. Enganamo-nosnosraciocíniosmaissimplesdasmatemáticas
3. Não temoscritériosparadistinguirospensamentosque temosnoestadode vigíliae
quandodormimos.
Meditaçõesda FilosofiaPrimeira
4. Hipótese doDeusenganador
5. Géniomalignoque colocoutodaa sua astúciapara me enganar.
3. Características da dúvida cartesiana
Universal :aplica-se universalmente atudoaquiloque pode ser duvidoso.
Metódica:enquantoestratégia,meioe nãofim, é praticadanão por amor á dúvidamascomo
etapapreliminarnabuscada certezae no caminhodofalsoao verdadeiro,doprovável ao
certo,do duvidosoaoverdadeiro.
Provisória:etapapreliminar,é superadaquandose atinge aprimeiracerteza.
Construtiva:duvidaaté encontraraverdade.
Voluntária:atoda vontade.
Radical:estende-se atodososníveise domíniosdoconhecimentoexcluindoasnormas
religiosase moral provisóriaporque sãonecessáriasàorientaçãodohomemnasociedade.
Diferente dadúvidacética,que é sistemática,definitivae nãoprovisória,pessimistae
não otimista(dizemque nãotemoscapacidade paraterconhecimentodefinitivo)
Identifica-se comadúvidasocráticaporque são metódicas,voluntárias,provisórias,
libertadorase otimistasdadoque visamaconstruçãode um novosaber(queriadar luz
ao conhecimento).
Funçõesda dúvida
Consciencializaçãodafaltade solidezdosfundamentostradicionaisdosabere a
descobertade umnovofundamento(cogito).
Recusado princípiode autoridade.
Afirmaçãoda independênciadarazão.
Fundamentaçãodoconhecimentocientífico.
Operaçõesda razão
O Homemé dotadode razão ou bomsensoe temo poderde distinguiraverdade doerro,
o certo doduvidoso.
Intuiçãoe deduçãosão operaçõesfundamentaisdoespíritoconstrutivodaestrutura
racional do Homem,sãoas viasintelectuaisde acessoaoconhecimento.
Intuição
Espécie de flashe organizativocapaz de descobrirideiasclarase distintas;
Imediata,poisnãoprecisade raciocínio.
É intelectual e diferentedaintuiçãosensível;
Caracteriza-se pelasimplicidade,evidênciae absolutacerteza.
4. Dedução - Passagemde umaintuiçãoa outra intuiçãopelaintuiçãodasuarelaçãoou cadeia
de intuições
Diferençaentre intuiçãoe dedução
A intuiçãoé absolutamenteinstantânea,suacertezaé imediata,enquantonadedução
é derivada.
A deduçãoimplicaumaespécie de movimentoousucessão:
- sinal dalimitaçãodo nossoespírito;
- caráter progressivodonossoconhecimento.
Depoisde analisadaaestruturada razão, sabendoque obom sensoé a coisa maisbem
distribuídacomose justificao erro?
Má condução ou mau uso da razão. AssimDescartesdefende a utilizaçãode ummétodo
universal e fecundoque evite oerro.
Regrasdo método
1ª Evidência–Nunca aceitarcomo verdadeiraqualquercoisasemaconhecerevidentemente
como tal.
Clareza– presençae aventurada ideiaà mente que aconsidera
Distinção – separaçãodas outras ideias.
2ª Análise –docomplexoparao simples(dividircadaumadas dificuldadesemparcelaspara
melhorasresolver)
3ª Síntese – dosimplesparao complexo(conduzirporordemosmeuspensamentosdosmais
simplesparaosmaiscomplexos)
4º enumeração – controloda análise e dasíntese.
Cogito cartesiano e o seu solipsismo
O cogitoserá: * primeiraverdade evidente (clarae distinta);
* critériode verdade (modelode evidência);
* produtode intuição(matemática);
* fundamentodanovaFilosofia.
Classificaçãodasideias:
a) Ideiasadventícias:provenientesdaexperiênciaexternaatravésdosórgãossensoriais;
b) Ideiasfactícias:as que a mente constitui apartirde outrasideias(exemplo –sereia);
c) Ideiasinatas: as que o pensamentopossuiemsi mesmo.Nascemcomoindivíduo.São
elasque vão permitiraconstruçãodos nossosconhecimentos,dadoasuaevidência.
Ideiasmatemáticas;
Ideiasde extensão;
Ideiasque me representaamim;
Ideiasde Deus.
Provasda existênciade Filosofia
5. Da ideiade infinitoàsuacausa: um serinfinito.
Da minhaexistênciacomoserimperfeitoe finitoàsuacausa : um ser perfeitoe
infinito.
Da ideiade serperfeito,àsuaexistência,de outromodonãoseriaperfeito(daideiaá
sua existência).ParaKant,Deusserásempre incognoscível,maspensável.
- Deusgarante das ideiasclarase distintas.
Alcance e fecundidade do«cogito»
a) Mostra que o espíritose conhece melhordoque o corpo;
b) Mostra que o espíritose conhece e se pensasemo corpo;
c) Mostra que há um eu originárioprévioatodasas proposiçõescientíficas;
d) Mostra que mesmoas coisasmateriaispresentesaoespíritoporintermédioda
imaginaçãodãomelhorconhecidaspelainteligênciadoque pelossentidos.
Cogitorevelaosseguintesaspetosnegativos
a) A sua próprialimitaçãooufinitude–o eutem a certezade que existe sóenquanto
pensa.
b) A sua imperfeição –se o espíritohumanofosse perfeitonãoduvidava:eraperfeito.
c) A sua clausura– se cortei com os sentidos,“perdi”ocorpo.
Daí decorre a necessidadede recursoaDeuscomo garante absolutoda unidade
pensar–ser,da relação entre essênciae existência.
Percursocartesiano
Duvido:
Existocomoser pensante;
Pensoa perfeição(ideiainata);
Provasda existênciadaperfeição =Deus.
1. O ser perfeitoé acausa da ideiade perfeiçãonopensamento
2. A perfeiçãoé acausa do ser imperfeitoque apensa
3. A perfeiçãonãoé perfeiçãosemexistência
Então, Deuscomoperfeiçãoexiste.
Atributos:
Eternidade; imortalidade; independência; causa de si;
infinidade; espiritualidade; omnipotência; bondade;
liberdade; veracidade; criador
Funções:
Deusé criadordo mundo(extensãoe movimento) e doHomem(espíritoe corpo).
Deuscriador dasverdadeseternas.
Deusgarantia da verdade doconhecimento,de acordodopensamentocomoser.
Deusgarantia da existênciadomundo
6. Dualismo antropológico e o bissubstancialismo
(o Homem é composto por duas substâncias:)
Res cogitans- (eupensante) Res extensa(extensão)
cogito corpo
Res divina Deus
Substância infinita
A unidade corpo/alma realizada através da glândula pineal, é garantida pela
res divida.
ESQUEMATICAMENTE:
Duvido Eu sei que duvido
Logo:
Eu pensoe existo
Eu sei que Deusexiste
Eu sei que Deusnão pode enganar-me
Então:
Possofundar,emideiasclaras,umaciênciadomundo
Possoextrairdestaciênciaaplicaçõestécnicas.
Portanto:
Homem Senhorda Natureza
7. Empirismo
Fonte ouorigemde conhecimentoé aexperiênciasensível
Não há ideiasinatasoupatrimónio a priori.
A conceçãode mente:tábuarasa.
Os empiristasprocedemdasCiênciasnaturais(observação,usandoaexperiênciacomo
fonte e base de todoo conhecimentohumano)
Tendemparao ceticismometafísico
Derivade factos concretos,recorrendoáevoluçãodopensamentoe doconhecimento
humanos.Primeiro,acriança,começapor ter perceçõesconcretas,depoiscombase
nelasvai formarrepresentaçõesgeraise conceitos.Estasiramnascerorganicamente
da experiência.
Impressões –são maisvivase intensas
Tiposde perceções
Ideias– são menosvivase menosintensas
– são cópiasdas impressões
Empirismo de David Hume
Todo o conhecimentode factosdependedaexperiência;
Todas as nossasideiasderivamdiretaouindiretamente de impressõessensíveis.São
cópiasenfraquecidasdestas.
Uma ideiasótem objetividadese forpossível indicara impressãode que é cópia.
Não podemosfalarde conhecimentoobjetivoanãoser quandoás ideiascorrespondem
impressõessensíveis.Nãopodemosconheceralgo de que não temos impressão
sensível. Logo, o nosso conhecimento do que acontece no mundo, não pode
basear-se em algo que não faça parte do mundo.
Os conhecimentos de questões de facto – do que acontece no mundo –
consistem em descobrir as causas de certos efeitos. Mas a ideia de causa – de
conexão necessária entre fenómenos – não obedece ao princípio da cópia.
Não temos nenhuma impressão sensível dessa conexão, mas unicamente a
conjunção e sucessão temporal de acontecimento.
A ideia de causa é uma crença subjetiva que nos diz como funciona a nossa
mente e não propriamente como funciona o mundo. Resulta de um hábito,
estamos habituados a pensar que como não há efeito sem causa, mal
acontece A, daí resultará necessariamente B.
Acreditar que não há efeito sem causa é uma crença necessária para que a
nossa vida não seja a inquietante e paralisante em expectativa de que nada
será como tem sido. Mas pouco mais é do que um desejo de segurança e
previsibilidade que julgamos corresponder ao modo como as coisas são.
Todo o conhecimento depende da experiência e a esta se limita, mas nenhuma
verdade objetiva podemos alcançar á cerca dos factos.
8. Criticismo Kantiano
(articulação entre sentidos e razão)
Existem duas faculdades de conhecimento:
Sensibilidade (recebe representações; objeto é-nos dado)
Espaço forma
puras tempo
Intuições
Empíricas matéria
Caracteriza-se:
- recetividade;
- passividade (capacidade que tem de receber representações na medida em que é
afetado de alguma maneira)
Entendimento (conhece por meio dessas representações, ou seja, unifica as
impressões da sensibilidade; o objeto é pensado em relação com a
representação da sensibilidade)
- forma – categorias/conceitos
- matéria – intuições da sensibilidade/ empíricas – espacializadas e
temporalizadas
Caracteriza-se:
- espontaneidade
- atividade (capacidade de produzirmos nós mesmos representações)
Conhecimento é constituído por forma + matéria
a posteriori a priori
= =
Depois da experiência anterior e independente
da experiência; permite a
experiência
Sem intuição e conceitos não há conhecimento. Intuição e conceitos separados são
necessários ao conhecimento mas juntos são suficientes.
A nossa natureza implica que a intuição não pode nunca ser senão sensível (sentidos),
quer dizer que contém apenas a maneira como somos afetados pelos objetos,
enquanto o poder de pensar o objeto da intuição sensível é o entendimento. Nenhumas
destas propriedades é preferível á outra. Sem a sensibilidade nenhum objeto nos seria
dado e sem o entendimento nenhum seria pensado.
Tanto os conceitos como a intuição, não podem trocar entre si as suas funções. O
conhecimento apenas pode resultar da sua união.
O que distingue a sensibilidade do entendimento?
A sensibilidade é a forma como somos impressionados pela realidade exterior, ela intui
ou dá o que há para conhecer: os fenómenos. Enquanto que entendimento é através
dele que o objeto é pensado, ou seja, conhece os fenómenos estabelecendo entre eles
relações necessárias: leis.
Todo o nosso conhecimento começa com a experiência mas nem todo deriva dela nem
há conhecimento anterior á experiência.
9. Todo o conhecimento começa com a experiência mas esta não é suficiente para
haver conhecimento porque é necessário dar forma a essa matéria, o que é feito
pela forma.
Criticismo Kantiano – Síntese
a) Kant pretende explicar como é possível o conhecimento (é o seu projeto)
b) Segundo Kant todo o conhecimento começa com a experiência. É a
sensibilidade que nos dá objetos para conhecer. Tudo começa com a
espacialização e temporalização dos dados da intuição empírica.
c) A sensibilidade unicamente sabe que todos os fenómenos acontecem num
dado momento e num certo lugar. Só o entendimento compreende o que um
fenómeno tem a ver com o outro. Só ele pode explicar – mediante o conceito
de causa, forma a priori presente em todo o entendimento humano – a que se
deve determinado acontecimento.
d) Como precisamos de objetos para que haja conhecimento e como só a
sensibilidade nos dá objetos, mesmo que o conhecimento não derive da
experiência começa com ela. Só há conhecimento de objetos empíricos. A
explicação de um fenómeno ou objeto empírico é sempre outro fenómeno.
Sem a experiência não há objetos para conhecer, mas o nosso conhecimento
não é meramente empírico porque nos dá a causa do que acontece.