O documento resume conceitos fundamentais da filosofia de Immanuel Kant, incluindo: (1) Sua teoria do conhecimento que busca conciliar racionalismo e empirismo ao afirmar que a razão fornece a forma do conhecimento enquanto a experiência fornece a matéria; (2) Sua distinção entre fenômenos, objetos da experiência, e númenos, coisas em si que transcendem a experiência; (3) Suas principais obras da fase crítica que analisam o conhecimento, a moral
2. Natan
Filosofia
O que é afinal conhecer?
• Conhecer é representar, cuidadosamente,
o que é exterior à mente.
• No processo de conhecimento, dois
elementos são indispensáveis: o Sujeito e
o Objeto.
• O sujeito é o elemento que conhece e o
objeto é o elemento conhecido.
• Sujeito: Nossa consciência, nossa mente.
• Objeto: A realidade, o mundo e os
fenômenos (e a nossa própria
consciência, quando nós refletimos).
3. Natan
Filosofia
Kant (1724-1804)
• Origem: Königsberg (Prússia Oriental – atual
Kaliningrado, Rússia) (1724-1804)
• Raramente saiu de sua cidade natal, não se
casou e atuou como professor de filosofia na
Universidade local.
• Manteve um estilo de vida simples e
desenvolveu um projeto de filosofia que
buscava salvar os fundamentos de sua fé.
• Contexto de produção: Iluminismo.
• Principais Obras: Crítica da Razão Pura; Crítica
da Razão Prática; O que É Esclarecimento?;
Metafísica dos Costumes.
4. Natan
Filosofia
As duas fases do pensamento kantiano
• Fase pré-crítica:
• Influênciado racionalismo de Leibniz e no
pensamento de Newton.
• Dogmática – posição tradicional de que a
razão pode dar o conhecimento seguro das
causas naturais do mundo.
• Fase crítica:
• Atitude de colocar a razão em um “tribunal”
para saber o que é possível conhecer.
• Influenciada por Hume: o responsável por
acordar Kant do “sonho dogmático”.
• Despertar do sonho dogmático: significa
analisar criticamente as ideias metafísicas
dadas pela razão.
5. Natan
Filosofia
Principais obras da fase crítica
Kant trabalha com três planos
da existência humana:
• Primeiro: conhecimento
científico do mundo material
• Segundo: agir moral
• Terceiro: sentimento do belo
Obras correspondentes a esses planos
- Crítica da Razão Pura: trata do
problema do conhecimento (Teoria do
conhecimento). Existe possibilidade de
conhecimento advir somente da razão?
- Crítica da Razão Prática: trata do
problema do agir moral (ou seja, da ética)
- Crítica do juízo: trata do problema do
sentimento do belo (ou seja, da estética)
6. Natan
Filosofia
Crítica da Razão Pura
• Obra-chave de Kant publicada em 1781.
• Razão = forma de universalidade.
• Razão pura = concepções universais que estabelecem
conhecimento.
• Desenvolve o que chama de Filosofia transcendental: nosso
modo de conhecimento dos objetos.
• Análise das possibilidades do conhecimento.
• Não se pode separar o sujeito do conhecimento (a razão) do
objeto (a realidade) → sempre devem ser analisados a partir
da forma que se relacionam entre si, não podendo ser
compreendidos como autônomos.
Juízos
analíticos
Juízos
sintéticos
Juízos
sintéticos
a priori
7. Natan
Filosofia
A teoria do conhecimento kantiana
OBJETIVO: superar a dicotomia da Revolução
Copernicana da Filosofia entre racionalistas e empiristas
▪ Os racionalistas acreditavam que todo o conhecimento
seguro provinha da razão, que trabalhava com
categorias inatas, a priori (antes da experiência).
▪ Os empiristas acreditavam que todo conhecimento
provinha das sensações, de modo que o homem nasce
como uma tábula rasa, adquirindo suas potências a
posteriori.
SOLUÇÃO: As duas posições, opostas no que tange à
natureza do conhecimento, são, em certo sentido,
conciliadas e superadas pela revolução kantiana.
8. Natan
Filosofia
Para pensar um pouco mais
• O que conduziu Kant à ideia de crítica não foi a rejeição às
ideias metafísicas, mas a consciência da fragilidade dessas
conclusões.
• Ao invés de utilizar a razão para construir um novo sistema
metafísico, Kant irá atacar o problema pela raiz, ou seja, ele irá
se interrogar sobre a capacidade da razão em construir
sistemas metafísicos verdadeiros.
• A pergunta sobre quais são as reais possibilidades da razão e
do conhecimento é o coração da filosofia crítica kantiana.
• Isto é, em vez de questionar como eu conheço os objetos,
perguntou se o próprio conhecimento é possível. Isso é a
chamada filosofia transcendental, aquela que põe a razão no
próprio tribunal da razão. Ou seja, a razão critica a si mesma.
9. Natan
Filosofia
INFLUÊNCIA DOS EMPIRISTAS
▪ Para Kant, o conhecimento é constituído de algo que vem de fora do sujeito.
▪ O que vem de fora do sujeito é a matéria do conhecimento.
▪ Qual o engano dos empiristas? Supor que a estrutura da razão é adquirida por
experiência. Na verdade, a experiência não é causa das ideias, mas é a ocasião
para que a razão, recebendo a matéria da experiência, formule as ideias.
▪ Para Kant, o conhecimento é constituído de algo que já existe no sujeito.
▪ O que já existe no sujeito é a forma do conhecimento.
▪ Qual o engano dos racionalistas? Supor que os conteúdos ou a matéria do
conhecimento são inatos. Não existem ideias inatas, apenas intuições.
INFLUÊNCIA DOS RACIONALISTAS
10. Natan
Filosofia
Conhecimento = matéria + forma
O que é a razão para Kant?
A razão é uma estrutura vazia, uma forma
pura sem conteúdos. Essa estrutura (e não
os conteúdos) é que é universal, a mesma
para todos os seres humanos, em todos os
tempos e lugares. Essa estrutura é inata,
isto é, não é adquirida através da
experiência. Por ser inata e não depender
da experiência para existir, a razão é, do
ponto de vista do conhecimento, anterior à
experiência. Ou, como escreve Kant, a
estrutura da razão é a priori (vem antes da
experiência e não depende dela).
11. Natan
Filosofia
Crítica da Razão Pura
• O conhecimento se dá a partir de uma síntese entre
sensibilidade (experiências) e entendimento
(categorias lógicas) → dedução transcendental.
• Sequência de experiências.
• Reunião dessas sequências = imaginação.
• Aplicação dos conceitos às categorias
correspondentes.
• A sensibilidade nos fornece os dados da experiência, a
imaginação os completa e relaciona e o entendimento
lhes dá unidade conceitual.
• Fenômeno torna-se diferente de Númeno.
12. Natan
Filosofia
Númeno consiste na
realidade última do ser, ou
seja, é a ideia imaterial de
uma coisa, aquilo que ela é
em si mesma e que
ultrapassa a sua
materialidade ou aparência,
não podendo ser
experimentada, mas somente
pensada. O númeno é a
essência, é aquilo que é dado
ao pensamento puro sem
qualquer relação com a
experiência. Como, para Kant,
se algo não pode ser
experimentado, não pode ser
conhecido, o indivíduo, por
não ter acesso a essa
realidade pelos sentidos, não
pode, portanto, conhecê-la.
13. Natan
Filosofia
Em Kant, é como se todos nós
estivéssemos com “óculos”, responsáveis
pela nossa capacidade de conhecer. Eles
encaixam todos os objetos em intuições
(como o tempo e o espaço) e em
categorias diversas (unidade, pluralidade,
causalidade, entre outras).
Não é possível ao homem pensar sem
esses “óculos”. Kant oferece um mapa de
nossas possibilidades de pensar,
mostrando os conceitos e os princípios que
tornam possível o pensamento.
As faculdades da sensibilidade e do entendimento atuam simultaneamente.
Só as faculdades da sensibilidade e do entendimento participam do conhecimento.
A razão só é a capacidade da mente de ordenamento.
14. Natan
Filosofia
Ideias metafísicas
Embora, não possam ser conhecidas,
as ideias metafísicas podem ser
pensadas pela razão.
“A razão humana, num determinado
domínio dos seus conhecimentos,
possui o singular destino de se ver
atormentada por questões que não
pode evitar, pois lhe são impostas pela
sua natureza, mas também não podem
dar respostas por ultrapassarem
completamente a sua possibilidade.”
15. Natan
Filosofia
A filosofia crítica de Kant
• Rearticula a oposição entre dogmatismo e ceticismo.
• Dogmatismo: supõe que a realidade é, que todas as coisas do
mundo possuem uma ordem em si e que, por serem racionais
são passíveis de ser conhecidas pela razão → metafísica existe.
• Ceticismo: afirma que os nossos raciocínios referentes às causas
e efeitos tem origem no costume → metafísica inexistente.
• Coloca a razão na centralidade da discussão filosófica no lugar da
metafísica.
• Para a Filosofia Crítica antes de se saber se podemos ou não
compreender a metafísica é preciso saber como conhecemos e o que
podemos conhecer.
Dogmatismo Ceticismo
16. Natan
Filosofia
(Enem) Esclarecimento é a saída do homem de sua menoridade, da qual ele próprio é
culpado. A menoridade é a incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a
direção de outro indivíduo. O homem é o próprio culpado dessa menoridade se a causa
dela não se encontra na falta de entendimento, mas na falta de decisão e coragem de
servir-se de si mesmo sem a direção de outrem. Tem coragem de fazer uso de teu
próprio entendimento, tal é o lema do esclarecimento. A preguiça e a covardia são as
causas pelas quais uma tão grande parte dos homens, depois que a natureza de há
muito os libertou de uma condição estranha, continuem, no entanto, de bom grado
menores durante toda a vida (KANT, I. Resposta à pergunta: o que é esclarecimento?).
Kant destaca no texto o conceito de Esclarecimento, fundamental para a compreensão
do contexto filosófico da Modernidade. Esclarecimento, no sentido empregado por Kant,
representa:
a) a reivindicação de autonomia da capacidade racional como expressão da maioridade.
b) o exercício da racionalidade como pressuposto menor diante das verdades eternas.
c) a imposição de verdades matemáticas, com caráter objetivo, de forma heterônoma.
d) a compreensão de verdades religiosas que libertam o homem da falta de
entendimento.
e) a emancipação da subjetividade humana de ideologias produzidas pela própria razão.