As crises de 1929 e 2008 nos EUA tiveram origem em bolhas especulativas no mercado imobiliário e falta de regulação do Estado. A crise de 1929 levou à Grande Depressão global de 15 anos, enquanto os efeitos da crise de 2008 devem ser menos devastadores, graças às lições aprendidas e às novas políticas keynesianas. No Brasil, as crises exacerbaram problemas econômicos pré-existentes.
2. As crises norte-americanas de 1929 e 2008 têm
muito em comum na sua origem.
Ambas começaram com o estouro de bolhas
especulativas, que tinham no entro a euforia
consumista da classe média, e cresceram graças
à falta de fiscalização do Estado sobre os
mercados.
Mas os 80 anos que nos separam do crash da
bolsa de NY ensinaram algo a governo e
investidores, e os efeitos desta vez não devem
ser tão devastadores nem duradouros.
3. 1929 - Antecedentes
Impulsionado por um vertiginoso crescimento
econômico, os anos 20 são de euforia nos EUA.
Com juros baixos e empréstimos fartos, o país
dobra a produção industrial e assiste à ascensão
da classe média.
São essas pessoas que se sentem atraídas pela
facilidade para investir em ações. Os títulos
podem ser adquiridos a prazo, com uma entrada
de 10%, e renegociados a partir do pagamento
da primeira parcela. Isso leva os investidores a
assumir cada vez mais dívidas para aumentar
seus portfólios de ações.
4. O estopim e as bolsas
Após atingir suas cotações máximas em
03/09/29, o preço das ações (que mais do que
dobrara desde 1925) começa a cair, ajustando-se
ao valor real das empresas. A venda maciça de
títulos continua até 29/10/29, “A TERÇA-FEIRA
NEGRA”, quando a desvalorização na bolsa de
NY atinge 20,4% - índice que só seria superado
em 1987.
O pânico toma conta, pois milhares de famílias
empenharam todo o patrimônio em ações. Os
mais desesperados jogam-se dos altos prédios
de NY.
5. Conseqüências
O mundo mergulha numa recessão conhecida
como a Grande Depressão, que dura 15 anos.
Empresas vão à bancarrota em profusão, 9 mil
bancos pedem falência. As linhas de crédito
quase desaparecem e a economia real é
fortemente afetada. Milhões perdem seus
empregos (25% da população).
As importações de alimentos e matéria-prima
pelos EUA caem 70%. A produção industrial
encolhe 46%, assim como o PIB, arrastando
economias da América Latina, da Ásia e Europa.
Surgem em todo mundo mecanismos de amparo
social, como seguros-desemprego.
6. Mecanismos de controle
Os governos se limitam a controlar o câmbio e a
moeda. Não há dispositivos de defesa contra
altas e baixas acentuadas no mercado financeiro.
7. Pensamento econômico
No início do século XX, a crença econômica é de
que a oferta pode criar a própria procura. Desde
que se produza, o mercado encontrará uma
forma de se auto-regular. Após o desastre de 29
(no qual o governo não interveio), ganham força
as teorias de John Keynes, que defendia a
intervenção do Estado, com investimentos
pesados em obras públicas para diminuir o
desemprego. Essa política passa a ser adotada a
partir de 1933, com Franklin Roosevelt na
presidência dos EUA.
8. E o Brasil?
O país já vive uma crise com a baixa dos preços
do café (que representa mais de 60% das
exportações) causada por supersafras. Com os
maiores compradores mergulhados na pobreza, a
situação se agrava. Tentativas de controlar os
preços, como a queima do produto, fracassam.
O impacto econômico do Crash de 29 é como
“água no fogo” no antigo sistema econômico,
precipitando a queda da Velha República e o
advento da industrialização do país.
9. 2008 - Antecedentes
Após anos de prosperidade, os EUA vivem um
momento de glória econômica, tendo a classe
média no centro.
Desde o início da década, empréstimos
imobiliários e outros créditos de alto risco
(subprime) são concedidos a juros baixos a
pessoas com historio de maus pagadores.
Bancos vendem esses créditos a outros bancos e
usam o dinheiro para conceder mais
financiamentos.
À medida que os bancos aumentam a oferta de
títulos baseado em hipotecas, as empresas de
crédito imobiliário também engordam suas
10. O estopim e as bolsas
Sem dinheiro para quitar as dívidas, os clientes
começam a dar calotes em março de 2007,
derrubando a Bolsa de NY.
O primeiro susto vem com os prejuízos do Banco
Bear Sterns em fundos de alto risco, anunciados
em junho do ano passado.
O BC norte-americano adota medidas como
injetar dinheiro na economia, ajudar famílias e
reduzir a taxa de juros.
Mas os grandes bancos têm prejuízos
significativos, como o Citigroup em novembro de
2007.
11. O ápice é a quebra do Lehman Brothers,quarto
maior banco de investimentos dos EUA, em 15
de setembro. Neste dia, as principais bolsas do
mundo têm perdas bruscas. Em NY, de 4,42%.
Em SP 7,59%.
Desde então, mais 25 instituições nos EUA e na
Europa quebram, recebem dinheiro público, são
nacionalizadas ou compradas por outras antes de
irem à bancarrota.
12. Conseqüências
As conseqüências da atual crise não devem ser
tão devastadoras como em 1929, e a
recuperação deve vir em dois ou três anos.
O crescimento negativo não deve superar 1% do
PIB.
A contaminação da economia real, no entanto,
ainda é uma incógnita. Os primeiros efeitos são
retração do crédito, que deve frear investimentos
e levar a recessão.
13. Mecanismos de controle
A intervenção ainda é mínima e a liberdade,
excessiva. A falta de fiscalização é apontada
como uma das causas da atual crise.
Por outro lado, o governo tem mais instrumentos
para intervir, e maior compreensão do que é
necessário.
14. Pensamento econômico
Vigora ainda o conceito de livre mercado. A
economia americana se baseia na interferência
mínima do Estado. Foi por isso que o Tesouro
não socorreu o Lehman,e é por isso que o pacote
de ajuda aos bancos foi rejeitado na Câmara dos
Deputados (01 semana depois foi aprovada).
15. E o Brasil?
Resguardado por um sistema financeiro mais
rígido, em que a concessão de empréstimos e
mais criteriosa e exige mais garantias, o Brasil
não corre o mesmo risco dos EUA, mas deve
sentir a retração na importação.
O maior problema deve ser a falta de crédito, já
que várias empresas (especialmente as
exportadoras) fazem empréstimos no exterior.
16. Como a crise afeta a minha
vida?
Viajar para o exterior;
Comprinhas em Libres (ARG) e Rivera (URU);
Investir na bolsa;
Os riscos aumentam;
Produtos importados;
Produtos de informática (+40%);
Roupas (Nike, Adidas) qualquer artigo Made In
“PAÍS SUBDESENVOLVIDO”;
Mercado de trabalho.
Os investimentos são reduzidos (sem contratação,
sem concurso público.