O documento descreve a evolução política e social da Inglaterra entre os séculos XVI e XVII, período marcado por revoluções que transformaram o país de uma monarquia absolutista para uma monarquia parlamentar. A rainha Elizabeth I contribuiu para o crescimento econômico da Inglaterra por meio do mercantilismo e da pirataria. Conflitos entre a monarquia e o Parlamento levaram à guerra civil e à execução de Carlos I, dando poder a Oliver Cromwell, que estabeleceu uma república. A Revol
2. Política e sociedade na Inglaterra do
século XVI
• No século XVI, a monarquia inglesa era
absolutista. Seus governantes tinham um
enorme poder. Esse era o caso, por exemplo,
da rainha Elizabeth I (1558-1602). Adotando
uma política mercantilista e associando-se a
corsários, o governo
de Elizabeth I contribuiu para que a
Inglaterra se tornasse uma grande potência
econômica e naval.
3. COLEÇÃO PARTICULAR. FOTO: BRIDGEMAN IMAGES/KEYSTONE BRASIL
SETEEN - Nesta tela de George Gower de 1588, 0 tamanho de Elizabeth I é a expressão de seu poder.
4. • Política mercantilista:
política econômica
promovida pelo
Estado de incentivo e
proteção ao comércio
e às manufaturas.
• Corsários: piratas que
tinham licença real
(carta de corso) para
a prática da pirataria.
5. No reinado de Elizabeth I e nas décadas
seguintes ocorreu o enriquecimento da
burguesia (comerciantes e donos de
manufaturas), da pequena nobreza rural (gentry,
em inglês) e dos pequenos proprietários rurais
(yeomen, em inglês). Esses grupos sociais
produziam e exportavam alimentos e tecidos de
lã e/ou de algodãopara várias partes do mundo.
No campo, a agricultura de subsistência
cedeu lugar à agricultura comercial; para criar
ovelhas (e extrair a lã), a gentry e os yeomen
cercaram seus domínios, expulsando as famílias
de camponeses que lá viviam. A essa prática
deu-se o nome de cercamento.
6. • Cercamento:
consistia em cercar
as terras de uso
comum, de onde os
camponeses
retiravam sua
subsistência, para
transformá-las em
pastos para a criação
de ovelhas
(produtoras de lã) ou
em áreas de
produção de gêneros
comerciais.
7. • Sem terra onde plantar ou criar, os camponeses vagavam pelas
estradas ou iam para as cidades, sobretudo para Londres, onde se
ofereciam para trabalhar por baixíssimos salários.
8. Monarquia X Parlamento no século XVII
Com a morte de Elizabeth I, seu primo Jaime, rei da Escócia,
assumiu o trono da Inglaterra como Jaime I, dando início à
dinastia Stuart. Durante essa dinastia, ocorreram intensos
conflitos envolvendo diferentes grupos sociais e religiões.
A maior parte da burguesia e a gentry seguiam o puritanismo
e defendiam que cada um deveria agir conforme a Bíblia e a sua
própria consciência, e a Igreja devia ser independente do Estado.
Já a alta nobreza e os reis ingleses praticavam o anglicanismo,
religião na qual o chefe da Igreja é o próprio rei.
O Parlamento inglês também se encontrava dividido: na
Câmara dos Lordes estavam os representantes da alta nobreza, e
na Câmara dos Comuns, os representantes da burguesia e da
gentry.
9. Considerando-se rei por direito divino, Jaime I
tentou impor o anglicanismo a todos os seus súditos. E,
além disso, criou novos impostos e aumentou os
existentes. Mas, como o Parlamento, que tinha um
grande número de puritanos, se opôs a essas medidas,
o rei mandou fechá-lo, revelando assim seu
absolutismo.
Carlos I, sucessor e filho de Jaime I, deu
continuidade à politica absolutista de seu pai:
concedeu monopólios a alguns grupos burgueses,
vendeu cargos públicos e criou novos impostos. Um
desses impostos, ship money, antes pago apenas pelas
portuárias, passou a ser nacional.
10. Carlos I em três posições. Anthony Van Dyck, século XVIII
11. Como a oposição ao seu governo no
Parlamento aumentou, Carlos I invadiu a Câmara
dos Comuns com sua guarda pessoal para
prender os líderes oposicionistas. Avisados de
antemão, estes se retiraram e se uniram às tropas
armadas organizadas para lutar contra o
absolutismo.
Iniciou-se então uma guerra civil (1642-1649)
durante a qual os ingleses estiveram
divididos em dois grandes grupos rivais.
Observe o esquema :
12. Rei
x
Parlamento
Grupos Sociais Alta Nobreza
+
Burguesia monopolista
Burguesia comercial e
manufatureira
+
Gentry
+
Yeomen
Religião Anglicanos ou
católicos
Puritanos ou
presbiterianos
14. • O deputado e líder puritano Oliver Cromwell
remodelou o com base na competência e não
mais por terem nascido em uma família de frente
dele, venceu várias batalhas; os soldados
passaram a ser promovidos com base na
competência e não mais por terem nascido em
uma família de prestígio. Ou seja, o critério de
nascimento foi substituído pelo de merecimento.
Esse novo exército (New Model Army) venceu o
exército do rei na batalha de Naseby (1645), que
pôs fim à luta. O rei Carlos I foi condenado à
morte e executado. A república foi proclamada e
Cromwell assumiu o governo do país.
15. Para refletir
Cromwell disse:
“Prefiro ter um capitão
simples e rústico, que
saiba por que luta e ame
aquilo que sabe, do que
um daqueles a quem
chamas gentis homens e
que não passa disso.”
16. A República de Cromwell
No governo, Cromwell combateu duramente seus
inimigos internos e externos, confiscou as terras dos
aliados do rei e da Igreja Anglicana e vendeu-as para
seus aliados, membros da burguesia e da gentry.
Além disso, visando fortalecer o comércio exterior
inglês, Cromwell promulgou em 1651,leis conhecidas
como Atos de Navegação. Essas leis diziam que
todas as mercadorias que entrassem ou saíssem pelos
portos da Grã-Bretanha (Inglaterra, País de Gales e
Escócia) só podiam ser transportadas em navios
ingleses ou pertencentes aos países produtores.
17. Vista do Rio Tâmisa, de Jan the Elder Griffier, século XVII, Inglaterra. Naquele tempo, Londres era o
centro de um importante núcleo capitalista e a maior cidade da Europa. No comércio pelos mares, perdia
apenas para a Holanda, a maior potência naval da época
18. Os Atos de Navegação favoreceram a acumulação
de capitais por parte da burguesia britânica e
prejudicaram os comerciantes holandeses, que
lucravam com o transporte de produtos negociados
com a Inglaterra. Esse conflito de interesses provocou
uma guerra entre os dois países (1651-1654). A
Holanda foi vencida e a Inglaterra passou a liderar o
comércio nos mares; tornou-se a maior potência naval
daqueles tempos, sendo conhecida a partir de então
como "rainha dos mares".
Cromwell aproveitou-se da guerra contra a Holanda
para ampliar seu poder: tornou seu cargo hereditário
(que passa de pai para filho) e vitalício (para toda a
vida). Por isso, com a sua morte, em 1658, foi sucedido
por seu filho Ricardo.
19. A deposição de Ricardo Cromwell e a
volta da monarquia na Inglaterra
No governo, o filho de Cromwell enfrentou
forte oposição de grupos políticos e religiosos
surgidos durante a Revolução Puritana (1642-
1649). Dois deles se destacaram pela ousadia
de suas propostas: os niveladores e os
cavadores.
20. Principais grupos de oposição ao
governo de Ricardo Cromwell
Niveladores
• o nome niveladores
(levellers) foi dado por seus
adversários: dizia-se que
eles queriam nivelar todos
os homens por baixo, ou
seja, tirar os bens dos ricos
para que
todos fossem pobres e
iguais.
Cavadores
• os diggers, isto é,
"cavadores”, receberam
essenome porque, durante
um ato de protesto,
começaram a capinar as
terras públicas.
21. Niveladores
Os niveladores defendiam:
• a dissolução da Câmara dos Lordes e todo o
poder para a Câmara dos Comuns;
• o direito de voto a todos os homens e a liberdade
de cada um seguir a sua própria religião;
• o fim dos dízimos cobrados pela Igreja Anglicana
e dos monopólios comerciais;
• o direito à propriedade privada e a proteção à
pequena propriedade.
22. cavadores
Os cavadores, por sua vez, defendiam:
• uma reforma agrária radical com o confisco das terras
da Igreja, do governo e dos grandes proprietários;
• a entrega das terras confiscadas aos pobres, para que
eles as cultivassem e ficassem com os frutos de seu
trabalho.
Os cavadores se espelhavam em Jesus Cristo, que,
diziam eles, esteve sempre ao lado dos mais pobres.
A força desses movimentos populares amedrontou o
Parlamento, que decidiu destituir Ricardo Cromwell e
restaurar a monarquia. Em 1660, com Carlos II, filho
do rei decapitado, a dinastia Stuart voltou ao poder
24. A Revolução Gloriosa (1688)
• Carlos Il se declarava rei por direito divino, embora
soubesse que, de fato, era rei por vontade do
parlamento. E, durante todo o seu reinado, tentou
promover a volta do absolutismo. Jaime II (1685-1688),
seu irmão e sucessor, fez o mesmo e, para isso, pediu
apoio a Luís XIV, da França, o rei mais poderoso da
Europa.
• Reagindo a isso, o Palamento,era rei formado em sua
maioria pela burguesia e pela gentry, reuniu tropas para
derrubar o rei Jaime II, que deixou o trono antes que os
soldados chegassem. O Parlamento, então, entregou o
governo da Inglaterra ao genro de Jaime II, o príncipe
holandês Guilherme de Orange.
25. • Esse movimento ficou conhecido como Revolução
Gloriosa, pois o Parlamento venceu a disputa sem
derramamento de sangue. Antes de ser coroado rei,
Guilherme de Orange teve de jurar obediência à
Declaração de Direitos (Bill of Rights), vigente na
Inglaterra até hoje.
Na imagem de 1753,
vemos um membro
do Parlamento lendo
a Declaração dos
Direitos para o
príncipe Guilherme de
Orange e sua esposa
Maria, filha do rei
deposto.
26. O significado da Revolução Gloriosa
• Com a Revolução Gloriosa, a Inglaterra deixava de
ser uma monarquia absolutista e tornava-se uma
monarquia parlamentar. O Parlamento então
passava a ter um grande poder de decisão, e os
ingleses deixavam de ser apenas súditos do rei e
passavam a ser cidadãos, com direitos e deveres.
27. • A Revolução Gloriosa, além disso, favoreceu o
desenvolvimento do capitalismo. A partir de
então, foram tomadas várias medidas favoráveis
ao crescimento das manufaturas, das empresas
rurais e da indústria naval. Tudo isso contribuiu
para a liderança econômica e política da
burguesia inglesa e para a Revolução Industrial.
28. Capitalismo:
• sistema econômico em que predominam a
propriedade privada dos meios de produção -
terras, fábricas, equipamentos etc. -, as relações
assalariadas de trabalho e a produção visando ao
lucro.
29. Referências:
• Boulos Júnior, Alfredo. História sociedade &
cidadania: 8º ano: Ensino Fundamental : anos
finais / Alfredo Boulos Júnior – 4. ed. – São
Paulo: FTD, 2018.