A Revolução Puritana na Inglaterra do século XVII foi marcada por disputas entre o rei Carlos I, que defendia o poder absoluto da monarquia, e o Parlamento, controlado pela burguesia protestante. Isso levou à Guerra Civil entre 1642-1649 e à execução de Carlos I. O período republicano sob Oliver Cromwell foi marcado por uma ditadura militar. A Revolução Gloriosa de 1688 estabeleceu a monarquia constitucional, limitando o poder real em favor do Parlamento.
2. Durante os reinados da dinastia Tudor, a
Inglaterra viveu um grande
desenvolvimento de sua economia. Sob
o comando do rei Henrique VIII e depois,
da rainha Elizabeth I, a burguesia
britânica viveu anos de grande
crescimento econômico.
5. No entanto, os pequenos comerciantes
acabaram sendo prejudicados. As
vantagens da política econômica da
Inglaterra só beneficiavam uma pequena
parte da burguesia que tinha um bom
relacionamento com as autoridades da
época.
6. No campo, a velha economia agrícola
voltada para o abastecimento sofria
grandes transformações. As terras
passaram por um grande processo de
especulação econômica por causa da
necessidade da burguesia por matérias-
primas. Foi nesse período que começou a
política dos cercamentos; que era uma
maneira de aumentar a produção de
matéria-prima(algodão, lã, etc).
7. Os cercamentos eram a apropriação das
terras coletivas e devolutas (terra
devoluta é terra que pertence ao
governo). Com isso, vários camponeses e
pequenos proprietários de terra sofreram
uma terrível perda que os deixou cada
vez mais pobres e acabaram tendo que ir
para a cidade em busca de trabalho.
11. Além disso havia ainda muitos problemas
entre católicos e protestantes que
dividiam a sociedade britânica em mais
uma delicada questão histórica. As
tensões sociais e a situação da
monarquia britânica pioraram quando,
em 1603, a dinastia Stuart assumiu o trono
inglês.
12. A Rainha Elizabeth I nunca se casou nem
teve filhos; portanto, quando morreu em
1603, seu primo Jaime Stuart, rei da
Escócia assumiu o trono da Inglaterra.
Influenciados por uma forte tradição
católica os reis da família Stuart
acabaram alimentando disputas de
caráter econômico e religioso.
16. Dessa forma, começaram as disputas
entre o Parlamento, de visão liberal e
composta por burgueses protestantes; e
o reis da Dinastia Stuart, que eram
católicos e queriam ter autoridade
absoluta.
19. A chegada dos Stuart ao trono significou
uma grande transformação no cenário
político da Inglaterra. Abandonando as
medidas liberais dos Tudor, o rei Jaime I
era a favor do poder absoluto. Além
disso, preferia o catolicismo, porque
acreditava que os católicos eram
favoráveis ao inquestionável poder do rei.
20. Além de enriquecer ainda mais, teve
uma forte influência política e era
independente da aprovação do
Parlamento inglês. No campo religioso
privilegiou os súditos católicos.
21. Em 1625, Jaime I morreu e seu filho Carlos
I assumiu o trono. Durante seu reinado,
Carlos I foi obrigado a convocar o
Parlamento para a aprovação de gastos
com conflitos e guerras.
23. O Parlamento não era favorável a Carlos
I e ele foi pressionado a assinar a Petição
de Direitos. Nesse documento, o rei se
comprometia a prestar contas ao
Parlamento e colocar as questões
financeiras e militares sob o domínio do
parlamento. Indiferente a tais exigências,
o rei preferiu dissolver o Parlamento
britânico.
26. Anos mais tarde, Carlos I resolveu
restabelecer um antigo tributo: o Ship
Money. Esse imposto, que antes era
cobrado em algumas zonas portuárias,
deveria ser cobrado em todo o território
inglês.
27. Tal lei desfavorecia a burguesia, que seria
obrigada a limitar seus lucros para pagar
este imposto. Forçado por uma guerra a
convocar o Parlamento em 1640, o rei
mais uma vez levou à tona o conflito
existente entre a sua autoridade e o
interesse parlamentar.
28. Nesse momento, o Parlamento
radicalizou sua postura exigindo total
controle sobre as questões religiosas e
tributárias. Além disso, reivindicou a
constante convocação das autoridades
parlamentares.
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30. Em resposta, Carlos I ameaçou mais uma
vez acabar com o Parlamento.
Inconformados com a decisão do rei, os
líderes do Parlamento convocaram a
formação de um exército que garantisse
a existência do parlamento britânico. Era
o início da Revolução Puritana.
32. Protegendo-se da reação popular, Carlos
I dirigiu-se à cidade de Oxford para
organizar um exército capaz de
combater as tropas do parlamento.
Dessa forma, estabeleceu-se uma guerra
civil onde as tropas reais enfrentavam as
frentes populares armadas pelo
parlamento.
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36. Esses populares, de maioria puritana
(calvinistas), formaram um grande
exército que via na luta um meio de
superar suas dificuldades econômicas.
Nomeados como integrantes do Exército
de Novo Tipo, esses populares
começaram a participar do processo
revolucionário inglês.
38. Liderados por Oliver Cromwell, os
combatentes revolucionários dividiram-se
em duas facções políticas: os diggers e os
levellers. Os primeiros defendiam uma
reforma agrária espontânea que
garantisse o acesso dos camponeses à
terra.
41. Já o levellers buscavam a total igualdade
jurídica entre os cidadãos e a liberdade
de culto religioso. Dessa maneira, as
camadas populares inglesas se fizeram
presentes no debate político da época.
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43. As vitórias dos exércitos de Cromwell
foram um importante passo para as
conquistas dos ideais democráticos
defendidos pelos diggers e levellers.
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45. No momento em que os mais moderados
arquitetavam a desmobilização do
exército de Novo Tipo, as tropas foram
convocadas a lutarem mais uma vez
contra as tropas da realeza. Nesse
confronto, o rei Carlos I foi capturado e
decapitado, em janeiro de 1649.
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49. Exercendo grande dominação política,
os exércitos decretaram o fim da
monarquia inglesa e a proclamação de
um governo republicano. Nesse novo
governo, os moderados foram excluídos
do parlamento e Oliver Cromwell foi
aclamado como presidente do novo
Conselho de Estado ou Commonwealth.
50. Acumulando poderes políticos em mãos,
Cromwell não atendeu às exigências do
exército que o colocou no poder. Dessa
maneira, criou uma ditadura que excluiu
os populares das instituições políticas.
52. Os primeiros anos de república foram
conturbados, onde tiveram que enfrentar
e sufocar rebeliões lideradas pelos
niveladores que queriam implantar uma
democracia que atendesse aos mais
pobres. Externamente, Cromwell invadiu
a Irlanda e reprimiu uma rebelião contra
seu governo e depois venceu o exército
escocês que invadira a Inglaterra.
53. Cromwell então unificou a Inglaterra, a
Escócia e a Irlanda numa só república e
formou a Comunidade Britânica.
Em 1651, decretou o Ato de Navegação
que determina a comercialização de
mercadorias somente por navios ingleses
ou dos países onde foram produzidas. O
Ato de Navegação impulsionou o
capitalismo inglês e favoreceu a indústria
naval e a burguesia mercantil.
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57. Em 1651 a 1654, a Inglaterra entrou em
conflito com a Holanda por esta ter sido
prejudicada com o Ato de
Navegação.Cromwell ampliou seus
poderes durante a guerra
encomendando uma nova Constituição
que propunha um único Parlamento e
estabelecia o voto censitário.
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62. A Holanda foi derrotada e então a
Inglaterra tornou-se a maior potência
naval do mundo. Em 1658, Cromwell
morreu e passou o poder ao seu filho
Richard.
64. Com a morte de Oliver Cromwell, seu filho
Richard, assumiu o cargo de Lorde
Protetor. Sem o reconhecimento do
exército, foi logo destituído, sendo o
Parlamento convocado para legitimar o
poder dos generais. Com o crescimento
da mobilização das camadas populares,
as elites assustadas, começaram a
articular a restauração da monarquia.
65. • Em 1660, Carlos II, filho de Carlos I, lançou a
chamada "Declaração de Breda", onde
prometeu governar mantendo a tolerância
religiosa e respeitando o Parlamento e as
relações de propriedade existentes. Com
apoio de Luís XIV, o "rei sol" da França, Carlos
II converteu-se publicamente ao catolicismo,
provocando a retomada da luta por parte
do Parlamento, que em 1679 aprovou o
"Habeas Corpus", garantindo aos cidadãos a
segurança frente aos supostos abusos do
governo.
67. Em seguida foi publicado o "Ato de
Exclusão", que impedia qualquer católico
do exercício de funções públicas,
incluindo a de rei. Com a morte de Carlos
II (1685), subiu ao trono seu irmão Jaime II,
que procurou novamente conduzir o país
para o catolicismo, fortalecendo seu
poder, em prejuízo do Parlamento.
69. Durante o reinado de Jaime II, católico,
cresce o descontentamento da alta
burguesia e da nobreza anglicana.
Temendo um governo ditatorial, o
Parlamento inglês propõe a Coroa a
Guilherme de Orange, príncipe holandês
casado com Mary Stuart (filha de Jaime
II).
72. Entrando em acordo secreto com
Guilherme de Orange, príncipe da
Holanda e genro de Jaime II, o
Parlamento se mobilizou contra o rei,
visando entregar-lhe o poder. As tropas
abandonaram Jaime II e em junho de
1688 Guilherme de Orange era feito rei
com o nome de Guilherme III. Este
episódio é conhecido na história como
"Revolução Gloriosa".
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74. Sem derramamento de sangue e
representando um compromisso de
classe entre os grandes proprietários rurais
e a burguesia inglesa, a Revolução
Gloriosa marginalizava o povo além de
mostrar que para acabar com o
absolutismo, não era necessária a
eliminação da figura do rei, desde que
ele aceitasse se submeter às decisões do
Parlamento.
75. Representando a transição política de
uma Monarquia Absolutista para uma
Monarquia Parlamentar, a Revolução
Gloriosa inaugurava a atual política
inglesa onde o poder do rei está
submetido ao Parlamento
76. • O novo rei aceitou a "Declaração de Direitos"
(Bill of Rights) e em 1689 assumiu a Coroa,
marcando o fim do choque entre rei e
Parlamento. Essa declaração eliminava a
censura política e reafirmava o direito
exclusivo do Parlamento em estabelecer
impostos, e o direito de livre apresentação de
petições. Destaca-se ainda a questão militar,
onde o recrutamento e manutenção do
exército somente seriam admitidos com a
aprovação do Parlamento.
78. • Com a Revolução Gloriosa, a burguesia inglesa se
libertava do Estado absolutista, que com seu
permanente intervencionismo era uma barreira
para um mais amplo acúmulo de capital. Dessa
forma a burguesia, aliada a aristocracia rural,
passou a exercer diretamente o poder político
através do Parlamento, caracterizando a
formação de um Estado liberal, adequado ao
desenvolvimento do capitalismo, que junto a
outros fatores, permitirá o pioneirismo inglês na
Revolução Industrial na metade do século XVIII