O documento discute o papel do assistente social na escola pública. Ele apresenta os objetivos da pesquisa de compreender melhor como professores e gestores escolares enxergam a função do assistente social. Os resultados mostraram visões estereotipadas e limitadas do papel do assistente social. A conclusão defende que a inserção de assistentes sociais nas escolas pode ajudar a entender melhor os contextos familiares e sociais dos estudantes e promover uma educação mais inclusiva.
1. O SERVIÇO SOCIAL: VISÕES E PERSPECTIVAS NO COTIDIANO DA ESCOLA
Locimar Massalai
INTRODUÇÃO
É urgente compreender a educação como Política Pública que tem o compromisso de
garantir os direitos sociais. Todavia, há uma necessidade premente de buscar uma
reformulação/ ampliação do conceito de educação tomando-se como parâmetro a perspectiva
de sua produção social e do papel que a escola assume na sociedade. Diante dessa
argumentação, a pesquisa foi norteada pelos seguintes questionamentos: Qual o papel da
escola na atualidade? Que função assume a educação no atual contexto. Dado à complexidade
da realidade da escola e realidade brasileiras, é necessário aprofundar tal relação através de
discussões que retomem a função social da escola e venha aproximar a família do contexto
escolar, pois o sistema de ensino também se constitui em espaço de concretização dos
problemas sociais e é na prática cotidiana das escolas que se configuram diferentes expressões
da questão social afetando a vida de todos que trabalham e configuram este microcosmo:
desemprego, subemprego, fome, violência doméstica, famílias desestruturadas e tantas outras
expressões produzidas por um sistema social injusto e excludente. Neste espaço e dinâmica se
acentuam tanto a necessidade quanto a importância do assistente social na educação, haja
vista que as equipes multidisciplinares devem permear todo o ato pedagógico.
OBJETIVOS
O objetivo da pesquisa é aprofundar a discussão sobre presença dos assistentes sociais
na escola a partir de revisão bibliográfica, observação do cotidiano da escola e entrevista com
professores, e gestores de uma escola pública de Ji-Paraná. Hoje muito se fala de equipes
multidisciplinares de trabalho no atendimento aos cidadãos. Olhando para a realidade das
escolas acredita-se que a presença de um assistente social poderia responder a certos desafios
que escapam da competência dos especialistas educacionais. Pensando nisto perguntamos aos
professores, coordenadores e diretores de uma escola pública de Ji-Paraná, qual o significado
e a importância de um assistente social na escola.
METODOLOGIA
Para que se concretizasse esta pesquisa sob o enfoque da etnografia, utilizamos as
seguintes técnicas: a observação e entrevistas. Optou-se pela observação participante para que
fosse coerente com o todo do trabalho e o tipo de abordagem adotada.
2. RESULTADOS
Os dados revelaram visão estereotipada da função do assistente social, ora se
aproximando mais do que de fato seja o papel deste profissional na sociedade hodierna e na
escola em particular, ora se distanciando, talvez mesmo por falta de conhecimento sobre o
fazer deste profissional. A fala da orientadora foi a que mais se aproximou de uma visão
critica da práxis do assistente social na escola quando ressaltou que a presença do Serviço
Social ajudaria muito na intenção de conhecer a realidade das moradias, o contexto ambiental
e familiar. Percebe-se que a fala dos professores ainda tem ranços de uma visão
conservadora/tradicional do fazer do assistente social.: “Problema de drogas na família, ele
mesmo (o assistente social) poderia encaminhar a uma instituição”. “Problemas de visão, não
pode comprar óculos”. Quando questionada sobre qual seria o papel de um Assistente Social,
uma das professoras falou: “Lembro dos assistentes sociais em hospitais, presídios agora nas
escolas eu nunca vi!”.
CONCLUSÃO
A luta pela inserção dos assistentes sociais nas escolas revela uma tendência que é a de
compreender a educação como ato político, envolvendo os processos sócio-institucionais,
as relações sociais, familiares e comunitárias que embasam a concepção de educação cidadã
capaz de articular as diferentes dimensões da vida social como constitutivas de novas formas
de sociabilidade humana. , nas quais o acesso aos direitos sociais é senão fundamental, mas
crucial no Brasil. Inserir o assistente social nas escolas é muito mais do que simplesmente
fazer constá-los nos quadros das mesmas.
É preciso que este seja capaz de contribuir para que a escola se leia e ajude os sujeitos que
nela estão inseridos, construir coletivamente espaços de paz e de promoção humana a partir de
uma ação interdisciplinar superando a lógica da fragmentação e das ilhas nas quais se
encontra a escola hoje.
3. REFERENCIAIS
1. ANDRÉ de, Marli Eliza D. A. Etnografia da Prática Escolar. 12.ed. Campinas: Papirus,
2005.
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3. GEERTZ, Clifford. A Interpretação das Culturas. Rio de Janeiro: LTC, 1989.
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5. NÉRICI. Imídeo G. Introdução à Orientação Educacional. 5.ed.; São Paulo: Atlas,
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7. VINTER, Robert D.; SARRI, Fallas de Desenvolvimiento en la escuela publica: un
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8. PINHEIRO, Maria Esolina. Serviço Social: infância e juventude desvalidas. São Paulo:
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