[1] A carta argumentativa é um gênero textual que reclama, solicita ou emite uma opinião com intenção persuasiva.
[2] Ela apresenta a estrutura de local e data, vocativo, corpo do texto, despedida e assinatura e utiliza predominantemente o presente do indicativo.
[3] A carta de leitor é um tipo de carta argumentativa que circula em jornais e revistas para que leitores manifestem suas opiniões sobre matérias publicadas.
2. CARTA ARGUMENTATIVA
•É um gênero textual que reclama, solicita ou emite uma
opinião;
•Pertence à ordem do argumentar, com intenção persuasiva;
•Emprega a linguagem comum ou cuidada;
•Utiliza, predominantemente, o presente do indicativo;
•Apresenta a estrutura: local e data, vocativo, corpo do texto,
despedida e assinatura.
3. 12
Geralmente é de opinião (argumentativa), circula em jornais e revistas, impressos ou
eletrônicos, já que o leitor a envia para manifestar seu ponto de vista sobre o que leu. Não
confundi-la com a carta ao leitor (editorial). Ela possibilita o diálogo dos leitores
com a equipe da revista ou do jornal, ou com os demais leitores. É um gênero textual no qual o
leitor geralmente manifesta sua opinião sobre determinada matéria publicada; pertence à ordem
do argumentar; emprega a dissertação como tipologia base. Estrutura-se em: local e data, vocativo,
corpo do texto, despedida e assinatura;
Para fazer uma boa carta do leitor você deve seguir os seguintes passos:
•pressupõe a estrutura básica das cartas argumentativas: Local, data, vocativo; contextualização +
socialização + objetivo da carta + tema. Argumentação + explicação + comprovação; ou
retomada do vocativo + argumentação + comprovação.
•reforçar o objetivo da carta;
•despedida;
•assinatura.
4. Maringá, 26 de outubro de 2014.
Caro Sr. Silva, editor da Revista Veja,
Leio todas as edições de Veja e fiquei desejoso de manifestar minha opinião
depois que li o texto “Palmadinha fora de lei”, de 21 de julho de 2010. Sou professor
do Ensino Fundamental e tenho dois filhos: um de 6 e outro de 3 anos. Considero
injustificáveis qualquer agressão física, por menor que seja, e humilhações feitas
às crianças e adolescentes. Senhor Silva, os que apregoam as palmadas e até
castigos físicos maiores e as humilhações alegam a falta de limites dos filhos na
atualidade.
Mas, caro editor, essa ausência de limites nada tem a ver com falta de
“palmadas” ou “surras”, muito menos gritos ou xingamentos. O problema é que
não há segurança diante do filho e coragem de dizer “não” na hora certa. Além
disso, é preciso ousar abandonar o excesso de afazeres para conviver e conhecer o
filho; assim, as soluções surgem do próprio relacionamento. Acima de tudo, faz-se
necessário amar e respeitar e ensinar os mais novos a proceder da mesma forma.
Se o Estado está preocupado com o assunto, é porque não faltam exemplos de pais
que usam dessas “correções violentas”, inclusive sem o mínimo bom senso.
Parabenizo o senhor por suscitar discussões em torno de tão oportuna temática.
Atenciosamente,
Leitor.
5. 13
É enviada com a finalidade de reclamar solicitar algo (um serviço, um
produto adquirido e que apresenta defeito, entre outros motivos); possui as
mesmas marcações textuais das outras cartas argumentativas. Para se
fazer uma boa carta de reclamação ou de solicitação você deve seguir os
seguintes passos:
•local, data;
•vocativo:
•contextualização (do que se reclama? Sua reclamação se justifica?) +
socialização + objetivo da carta (o que pretende com a carta: trocar o
produto/receber o dinheiro de volta/pedir solução para o problema
apresentado?) + tema;
•argumentação + explicação + comprovação;
•reforço do objetivo da carta;
•despedida;
•assinatura.
6. Paranavaí, 10 de agosto de 2009.
Prezado Sr. Silva,
Eu e minha família somos leitores fiéis da Revista Saúde e queremos
reclamar da edição de 30 de julho de 2009. Embora as sugestões de temperos
para evitar o excesso de sal na alimentação nos tenha sido útil, diante de
tema tão importante em tempos de exageros alimentares, confesso que fiquei
admirado com a ausência de receitas para diminuir o sal. A matéria ficou
incompleta.
A riqueza ilustrativa dos conteúdos da Revista Saúde, Senhor Silva, é
o que me fez, durante os últimos três anos, renovar a assinatura desse veículo
de informação. E, por acreditar no potencial da revista, é que escrevo
reclamando da rapidez com que um assunto tão importante foi tratado. Esse
tipo de receita não é encontrada com muita facilidade, por isso é relevante
que seja apresentado. Meu caro editor, aguardo o retorno da qualidade de sua
revista e agradeço a atenção.
Cordialmente,
Leitor.
7. EXEMPLO DE CARTA DE SOLICITAÇÃO:
Arapongas, 05 de Julho de 2013.
Prezado Sr. Silva,
Como leitor assíduo da revisa Saúde, em primeiro lugar, venho agradecer o
benefício que os artigos publicados vêm proporcionando a minha família. Muitas
das dicas fornecidas, conseguimos colocar em prática e, dessa forma, melhorando
consideravelmente nosso bem estar.
No último número da revista, lemos uma matéria sobre os perigos que o excesso
de sal na alimentação podem provocar à nossa saúde. É fato que já tínhamos
algum conhecimento sobre o assunto, porém, não em detalhes. Como nossa
família está sempre em busca de uma vida mais saudável, desejamos, também,
colocar em prática algumas destas dicas.
Ocorre que, o sal já faz parte de nossas vidas há tempos e não se encontra com
tanta facilidade receitas que não o utilizem. Sendo assim, solicito a gentileza de, se
puderem, publicar receitas de pratos onde possamos substituir o sal por outras
ervas ou condimentos que não prejudiquem nossa saúde.
Atenciosamente,
Leitor.
8. Redija uma CARTA DE SOLICITAÇÃO, em até 15 linhas, ao vereador de
sua cidade, Sr. Eugênio da Câmara, solicitando a proposição de um projeto de lei
que crie programas de descarte e de reciclagem de lixo eletrônico. Você deverá
assinar sua carta usando apenas (sem mais complemento) o nome Cidadão ou
Cidadã.
9.
10. CARTA ABERTA
A carta aberta representa um dos gêneros textuais cuja principal
característica é a argumentação com base em assuntos de interesse
coletivo. Ela tem como principal característica permitir que o
emissor exponha em público suas opiniões ou reivindicações acerca de
um determinado assunto. Tal gênero, por sua vez, difere-se da carta
pessoal, a qual trata de assuntos que dizem respeito somente aos
interlocutores nela envolvidos, ao passo que a carta aberta faz
referência a assuntos cujo interesse é coletivo, normalmente se
referindo a um problema de consenso geral.
11. Dessa forma, a carta aberta pode ser utilizada como forma de protesto
contra esse problema, como alerta, e até mesmo como meio de conscientização
da população ou de alguém com certa influência, como, por exemplo, um
representante de uma entidade ou do governo, acerca da problemática em
questão. É possível afirmar que a carta aberta, além da característica
argumentativa, possui traços persuasivos, uma vez que a intenção de quem a
redige é a de convencer o interlocutor acerca de suas ideias.
Lembre-se que a carta aberta não é um texto muito extenso e sua
linguagem é clara, coesa e está de acordo com as normas gramaticais.
Geralmente são veiculadas nos meios de comunicação (televisão, rádio,
internet, etc.) sendo que os assuntos mais abordados apontam algum problema,
demanda da comunidade, apoio a uma causa, dentre outros.
12. Estrutura: Como fazer uma Carta Aberta?
Para produzir uma carta aberta, devemos estar atentos a seguinte estrutura:
Local e data
Título: geralmente é acrescentado um título que indica a quem será destinada a carta
(comunidade, associação, instituição, organização, entidade, autoridade municipais,
estaduais e nacionais, etc.)
Introdução: tal qual um texto dissertativo, ela apresenta introdução, desenvolvimento
e conclusão. Na introdução, as principais ideias são abordadas pelos destinatários.
Desenvolvimento: segundo a proposta da carta, nesse momento serão apontados os
principais argumentos e pontos de vista referentes ao assunto abordado.
Conclusão: momento de arrematar a ideia e sugerir alguma ação dos interlocutores
ou possível resolução do problema posto em causa. Na conclusão, ocorre o fechamento
da ideia e busca de soluções.
Despedida: com saudações cordiais e assinatura dos remetentes, a despedida finaliza
a carta aberta.
13. EXEMPLO DE CARTA ABERTA:
Paranavaí, 30 de março de 2015.
Carta aberta aos alunos de ensino médio de Paranavaí.
Como alunos de ensino médio, eu e meus colegas de sala de aula temos estudado sobre o bullying e constatado muitos
casos em escolas de Paranavaí. Por isso estou escrevendo esta carta como um manifesto contra o bullying e, inclusive,
contra o cyberbullying. Lemos recentemente, no site da Revista Escola, que quem pratica violência física, verbal ou virtual
a um colega quer mostrar-se superior, poderoso. Mas qual o preço pago por quem faz a violência e por quem a sofre? Aos
alunos que irresponsavelmente fazem essa violência e aos que a fazem com consciência e sadismo, meus pêsames por tão
profunda desumanidade e treino negativo para a convivência social. E, se vocês são as vítimas e se mantêm caladas, sem
pedir ajuda, meu alerta: reajam, busquem auxílio nos professores, direção e pais. Eles vão saber orientá-los.
Para os que pensam que o bullying são apenas brincadeiras exageradas, atenção – especialistas enumeram os problemas
sociais, emocionais e profissionais que suas vítimas podem ter em maior ou menor grau, dependendo da situação. Porém
a boa convivência gera amizades, autoestima, crescimento, evolução de todos os envolvidos. Podemos nos perguntar: que
cultura escolar queremos deixar para a próxima geração?
Já aos estudantes avessos ao bullying, peço maior atenção ao assunto e aos casos que possam ocorrer ao seu redor. Vamos
nos mobilizar e agir em defesa de relacionamentos saudáveis em nossas escolas. E aos que têm praticado algum tipo de
violência aos seus colegas, também convido à reflexão e à mudança dessa prática. Nós todos, alunos do ensino médio de
Paranavaí, podemos ser melhores.
Com cordialidade,
Aluno Consciente.
14.
15. LEGENDA
1 Apresentação do destinatário
2 Apresenta claramente o problema de interesse coletivo (tema)
3 Explicitação do remetente
4 Pista do argumento
5 Tese clara _ assume um ponto de vista
6 Uso de verbos em primeira pessoa do singular
7 Elemento articulador dos discursos
8 Argumento de autoridade
9 Fonte do argumento
10 Marca da interlocução _ destinatários
11 Argumento _ pergunta retórica cujo objetivo é provocar a reflexão do oponente
12 Elemento coesivo
13 Marca da interlocução _destinatários
14 Elemento coesivo
15 Reiteração do tema
16 Previsão do argumento contrário
17 Proposta para os destinatários
16.
17. Comentário:
Esse texto ilustra o bom uso das informações presentes nos textos-fonte na construção dos
argumentos apresentados nessa carta aberta. O equilíbrio entre expor a situação da mobilidade
urbana na cidade referida e utilizar as informações apresentadas nos excertos favorece uma
interlocução propícia ao encaminhamento das reivindicações de melhorias. Do ponto de vista da
organização das informações, o texto explicita o propósito da carta aberta, expõe a situação em que
se encontra a cidade quanto à mobilidade urbana e relata o processo de pesquisa e planejamento na
elaboração de propostas por parte da associação, um dado presente no enunciado (“buscou
informações em textos e documentos variados”). Esse detalhe do enunciado permite compreender
que, a partir da pesquisa, a associação identificou qual seria o principal problema e delineou três
objetivos gerais a serem alcançados por meio das melhorias na mobilidade urbana. As informações
fornecidas nos excertos integram a argumentação, de modo a especificar como os objetivos poderão
ser alcançados. Vale destacar que o autor do texto evita repetir as expressões presentes em cada
excerto oferecido e opta por reconstruir suas principais proposições, deixando evidente grande
capacidade de elaborar paráfrases pertinentes para a linha argumentativa que adota. Além disso, o
texto apresenta as características próprias do gênero e o grau de formalidade adequado, revelado nas
escolhas das palavras e expressões, no modo de estruturar os períodos e na adequação à norma
culta.
18.
19. Comentário:
Neste texto, o candidato interpela as autoridades municipais para a adoção de medidas
de longo prazo, expondo qual seria o propósito de tais medidas: melhorar o sistema viário em
foco. A apresentação da situação desfavorável quanto à mobilidade urbana é realizada em forma
de relato circunstanciado dos problemas enfrentados pelos moradores e da consequente
pesquisa realizada pelos membros da associação que assume as reivindicações. As estratégias
usadas pelo autor refletem na consistência da carta aberta elaborada, que combina exposição,
interpelação e argumentação. Merece destaque o bom uso dos textos-fonte na apresentação de
informações, que extrapola a paráfrase e denota, por parte do autor, capacidade de selecionar e
sintetizar dados importantes para a argumentação em curso, além de originalidade na inserção
de expressões como “uma verdadeira revolução municipal”, para indicar a profundidade das
mudanças necessárias. O texto ainda traz as características essenciais do gênero carta aberta,
tanto em termos de sua organização geral quanto do registro de linguagem usado.
20.
21. Comentário:
As melhorias apresentadas pelo candidato para o problema da mobilidade urbana são,
em última instância, paráfrase dos excertos escolhidos. Nota-se, portanto, que a contribuição
pessoal do candidato é muito discreta, pois está circunscrita a um exemplo dado no excerto: a
aplicação do pedágio urbano à situação particular da cidade de Campinas. Embora o candidato
se identifique como membro de uma associação de moradores, o que indica que ele seguiu parte
das instruções contidas na prova, a figura do interlocutor, as autoridades municipais, não é
contemplada no percurso argumentativo da carta. O enunciador, membro de uma associação, se
dirige aos cidadãos campineiros, como se observa no “caput” do texto e, no último parágrafo,
solicita aos internautas a leitura e a divulgação da carta. Portanto, não realiza a interlocução
solicitada na carta entre a associação de moradores de uma cidade e as autoridades municipais.
22. ANULADA
“A melhor cidade, do ponto de vista da mobilidade, é a que possui mais opções”, conta o
planejador urbano Jeff Risom do Gehl Architects um escritório dinamarquês. Segundo ele Londres
está entre os melhores exemplos práticos dessa ideia aplicada às megas cidades.
A capital inglesa adotou o pedágio urbano em 2003 (alguns estados brasileiros também
adotaram), minimizando o número de automóvel em circulação e gerando uma receita anual que
passou a ser reaplicada em melhorias no seu já considerado sistema de transporte público.
Afinal, o custo da morosidade dos deslocamentos urbanos em alguns estados é muito alto,
mais tem suas vantagens é claro, em algumas estradas da cidade de Campinas-SP existe o pedágio,
alguns acham caro, outros, acham bom pelo fato de manter as rodovias sempre boas.
Evidentemente que não pode reconstruir as cidades, para melhorar, porém são possíveis e
necessárias formação de centralidades urbanas, com a descentralização de equipamentos sociais,
assim modificando-se, os fatores gerados de viagens e diminuindo-se as necessidades de
deslocamento, principalmente motorizados.
23. Comentário:
O texto acima foi anulado, pois o candidato não atendeu às solicitações básicas do
enunciado orientador. Quanto ao gênero, nota-se que o texto não constitui uma carta aberta às
autoridades municipais. O primeiro parágrafo começa com uma citação de um dos excertos sem
estabelecer qualquer tipo de interlocução entre o autor e o leitor da carta. Nos parágrafos
seguintes, o texto não sugere qualquer ação para a melhoria da mobilidade urbana, exceto no nível
da paráfrase, o que é insuficiente para reivindicar e, por consequência, realizar o propósito do
gênero em questão. Por fim, o texto não deixa evidente quem é o enunciador (membro de uma
associação de moradores) tampouco quem é o interlocutor (as autoridades municipais) no
percurso textual. Apenas no terceiro parágrafo, o candidato faz referência a uma grande cidade
(Campinas – SP) e ao alto custo dos pedágios das estradas. Contudo, tais informações estão
desarticuladas em relação aos demais parágrafos da redação.