1. CARTA ABERTA
Uma carta aberta intenciona atingir um grande público-alvo e divulgar amplamente um ponto de vista pessoal. Os objetivos
são variados: denúncia, alerta, defesa, acusação, persuasão etc. É redigida intencionalmente para ser divulgada em meios
de comunicação de massa, como jornais, revistas, rádio, televisão, redes sociais, blogs etc. normalmente fazendo
referência a um problema que interessa a todos e que precisa ser resolvido de forma rápida.
O problema apontado na carta pode ter uma pessoa específica como destinatário, que tenha plenos poderes para
solucionar a questão abordada, mas também pode ser enviada à população. A intenção desse gênero textual é defender
um ponto de vista ante seu destinatário, ao mesmo tempo em que tenta induzir um público maior a endossar um ponto de
vista defendido, portanto, a persuasão é um elemento usado para elaborar a carta aberta.
Exemplos:
Carta aberta
24 de novembro de 2013.
Aos moradores de Santa Bárbara d’ Oeste
A água é um bem divino, que nunca teve seu real
valor. Apesar desse bem ser encontrado em abundância
na terra, apenas uma pequena quantidade é útil para
insumo e consumo dos seres humanos. Este é o ano
internacional de cooperação pela água, e com este
convite pretendemos mostrar a importância da água.
À água que poluímos é oriunda de rios e quando
a utilizamos, esta vai para o esgoto, onde vem a ser
tratada para depois ser devolvida para os rios. Mas qual
o grau de dificuldade do tratamento da água? Para a
maioria das pessoas é apenas entrar suja e sair limpa,
mas não é assim. A água passa por vários processos,
tanto físicos, químicos e biológicos, para poder ser
devolvida aos rios sem prejudicar a natureza e os seres
vivos. Para o consumo, o tratamento é mais intensivo,
pois são adicionados substâncias benéficas aos seus
consumidores, visando garantir a melhor qualidade
possível.
Não damos valor e não utilizamos sabiamente
este bem natural, deixamos de ter atitudes simples como
fechar torneiras na hora de escovar os dentes e lavar
louça, tomar banhos mais curtos visando não jogar este
ouro pelo ralo, pois a água é ouro, sem água não há vida,
sem água não há nada.
Ainda não sofremos com problemas relacionados
com a falta de água em nossa cidade, porém em alguns
lugares do mundo, um copo de água mineral vale mais
do que podem pagar. Mas porque mesmo sendo
divulgado sobre os futuros problemas de escassez de
água em televisões, jornais, revistas, internet etc. as
pessoas ainda a desperdiçam? Acreditamos que por não
nós faltar água, nós desperdiçamos, não nos
preocupamos com a futura falta para as próximas
gerações.
Convidamos vocês cidadãos de Santa Bárbara
d’Oeste para economizar a água e saber usá-la no dia a
dia. Em nossa escola, o 2 B, estará a disposição para
esclarecer as dúvidas sobre a real questão do uso da
água e nos levar à reflexão sobre o tema.
Luan Pessoa, representando o 2B, alunos da Escola
Técnica Estadual Prof. Dr. José Dagnoni
Carta Aberta ao Facebook
Londrina, 23 de março de 2017.
Prezado presidente do Facebook no Brasil,
Diante de reiteradas ocorrências relacionadas à
propagação de informações caluniosas e difamatórias
por meio do Facebook, de modo a envolver pessoas,
empresas e instituições, gostaria de chamar a atenção
para as questões éticas que, certamente, dizem respeito
à atuação dessa empresa no país.
Como é de conhecimento geral, são raríssimas as
restrições dessa rede social acerca da política de
compartilhamento de conteúdo, de tal forma que
informações de fontes duvidosas rapidamente propiciam
situações que vão desde o cyberbullying, passando por
pessoas que são agredidas injustamente, até o boicote a
empresas cujos negócios são amplamente prejudicados.
Não fosse o bastante, algo que contribui para agravar
ainda mais a condição do alvo dessas calúnias é o
fenômeno que se popularizou com o nome de pós-
verdade, ou seja, o caso de uma falácia que, mesmo
desmentida, ganha força de verdade ou, no mínimo,
coloca em dúvida fatos verídicos.
Sendo assim, considero que não basta o
Facebook declarar-se submisso às leis brasileiras e, em
especial, ao Marco Civil da Internet. Acima de tudo, é
necessário haver um esforço maior dessa empresa no
que tange a oferecer um serviço de maior qualidade a
seus usuários. Nesse sentido, é forçoso observar ser
viável a adoção de medidas simples como a
apresentação sistemática de alertas sobre a
responsabilidade do usuário ao postar conteúdos, bem
como a apresentação de informações sobre os
mecanismos legais que viabilizem denúncias ao
ministério público e às autoridades policiais. Outra ação
relevante seria advertir que o Facebook, sempre que
solicitado, contribui com as autoridades, de modo a não
garantir o anonimato a nenhum de seus membros.
Contando com sua sincera colaboração,
Usuário do Facebook
2. Carta aberta
Paranavaí, 30 de março de 2015.
Aos alunos de ensino médio de Paranavaí.
Como alunos de ensino médio, eu e meus colegas
de sala de aula temos estudado sobre o bullying e
constatado muitos casos em escolas de Paranavaí. Por
isso estou escrevendo esta carta como um manifesto
contra o bullying e, inclusive, contra o cyberbullying.
Lemos recentemente, no site da Revista Escola, que
quem pratica violência física, verbal ou virtual a um
colega quer mostrar-se superior, poderoso. Mas qual o
preço pago por quem faz a violência e por quem a sofre?
Aos alunos que irresponsavelmente fazem essa violência
e aos que a fazem com consciência e sadismo, meus
pêsames por tão profunda desumanidade e treino
negativo para a convivência social. E, se vocês são as
vítimas e se mantêm caladas, sem pedir ajuda, meu
alerta: reajam, busquem auxílio nos professores, direção
e pais. Eles vão saber orientá-los.
Para os que pensam que o bullying são apenas
brincadeiras exageradas, atenção – especialistas
enumeram os problemas sociais, emocionais e
profissionais que suas vítimas podem ter em maior ou
menor grau, dependendo da situação. Porém a boa
convivência gera amizades, autoestima, crescimento,
evolução de todos os envolvidos. Podemos nos
perguntar: que cultura escolar queremos deixar para a
próxima geração?
Já aos estudantes avessos ao bullying, peço maior
atenção ao assunto e aos casos que possam ocorrer ao
seu redor. Vamos nos mobilizar e agir em defesa de
relacionamentos saudáveis em nossas escolas. E aos
que têm praticado algum tipo de violência aos seus
colegas, também convido à reflexão e à mudança dessa
prática. Nós todos, alunos do ensino médio de Paranavaí,
podemos ser melhores.
Com cordialidade,
Aluno Consciente.
CARTA ABERTA
Rio de Janeiro, 14 de fevereiro de 2011
À população brasileira,
Há muitos anos as mulheres lutam pelos seus
direitos, e vêm conseguindo inegáveis avanços. Para
que, hoje, possamos votar, trabalhar e usar calças jeans,
muito sutiã teve que ser queimado em praça pública.
Hoje, no auge de nossas independências, somos
diretoras de grandes empresas multinacionais,
engenheiras renomadas, grandes cirurgiãs, artistas, e
ainda somos mães e esposas. Somos o que há de
contemporâneo, de avançado, super heroínas do dia a
dia que se desdobram em mil para atender às nossas
próprias exîgências, e as da sociedade. Ninguem quer,
afinal, menosprezar tanta luta, tanto sacrifício, tanto
tempo querendo provar que podemos ser o que bem
entendermos. Sou mulher e, assim como os meus
deveres, tenho os meus direitos.
No entanto, existe um véu que cobre, ainda, todo
esse avanço. Na grande maioria das vezes, isso é
somente aos nossos olhos. Valorizamos cada conquista,
cada meio centímetro percorrido a caminho da
independência porque ela é nossa. Mas para os homens,
para muitos deles, ainda somos, somente, mulheres.
Seres difíceis de se entender. Ainda apanhamos, é
verdade. Literalmente ou não. Muitas de nós morrem
todos os dias, fruto da violência doméstica, da mão
pesada daquele parceiro que escolhemos para amar.
Morremos, também, de pouquinho em pouquinho com
agressões verbais, descasos, desinteresses. Não é fácil
ser mulher. Mais difícil ainda é lutar pelos nossos direitos,
uma vez que, embora possamos gritar, nossa voz
continua sendo abafada pelo machismo, patriarcalismo,
e pelo preconceito.
Quem por nós? Nós mesmas. Quem contra nós?
Todo resto. Feminismo já é ultrapassado, vitimização
mais ainda. Sutiãs não precisam mais ser queimados. A
sexualidade não precisa mais ser conquistada. Os
direitos a trabalhar e a votar, também não. Isso tudo já foi
alcançado. Acima de tudo, conquistamos o livre-arbítrio.
Escolhemos nossas escolhas. Pelo que lutar agora?
Lutemos pela dignidade reconquistada. Pela
coragem de nos queixarmos dos maus tratos. Pelo fim do
massacre do que nos resta de mais precioso: nosso
feminino, nosso lado que quer gritar, que quer justiça
para aquelas de nós que perdem a vida em represas, em
sítios, em qualquer esquina desse país. Quanto tempo
mais ficaremos esperando? Não proponho feminismo.
Não proponho nenhum tipo de superioridade. Proponho
denúncia, atenção e ajuda mútua. Igualdade. Gênero é
muito mais do que sexo. É atitude.
Atenciosamente,
Uma brasileira.