Este documento fornece um resumo introdutório sobre radiologia odontológica. Explica brevemente a história dos raios-X, protocolos de biossegurança, principais efeitos da radiação na boca e medidas de radioproteção. Também descreve os componentes e tipos de filmes radiográficos utilizados.
3. História do raio - X
• 1901 – Otto Walkoff recebeu prêmio Nobel →
mentor do 1° exame radiográfico
Quem fez a 1° radiografia odontológica
• Edmund Kells → 1° profissional a usar os raios-x
no exame odontológico (mártir da odontologia)
→ Testou os raios-x nele próprio (exame durou
cerca de 25 min – hoje dura segundos) → Teve
seu braço amputado
• Desenvolvimento dos posicionadores
radiográficos
4. Protocolo de
biossegurança
de radiologia
Radioproteção: conjunto de normas a fim de
proteger o paciente e o profissional dos
malefícios causados pela radiação
Risco de infecção cruzada menor na radiologia
(exame não invasivo – sem envolvimento de
tecido submucoso e epitelial)
Objetivo do protocolo: padronizar o uso das
barreiras dos equipamentos e uso de
equipamentos de proteção individual (EPI)
5. Regras básicas
• Lavar as mãos
• EPI completo (óculos opcional)
• Acolhimento do paciente
(explicar o que vai fazer)
• Radioproteção do paciente
(colete de chumbo, por
exemplo)
6. Contaminação cruzada
• Baixo risco
• Maior risco na manipulação do filme
(tocar com a luva em outras
superfícies)
• Uso de EPI completo
7. Procedimentos durante
a sessão
• Lavagem das mãos antes e depois da colocação das luvas
• Utilização de luvas descartáveis em todas as etapas
• Uso de sobreluva
• Uso de EPI completo
8. Procedimentos
relativos ao
equipamento e
ambiente
• Evitar tocar superfícies e equipamentos
com luvas contaminadas
• Desinfecção de instrumentos e
equipamentos com álcool 70% (ou
solução alcoólica de clorexidina (5% de
clorexidina com 70% de ácool)
• Esterilização dos posicionadores e
almofadas de mordida em autoclave
• Emprego de barreiras plásticas no
aparelho de raio-x e nos filmes
• Colocação dos filmes em copos
descartáveis após a exposição (antes,
remover excesso de saliva)
11. Aparelho de raio-X
• Cátodo (polo negativo)
• Ânodo (polo positivo)
• Filamento aquecido do cátodo emite
os elétrons
• Os raios-X são produzidos quando os
elétrons em alta velocidade atingem o
alvo (ânodo)
12. Aparelho de raio-x
• Energia cinética se transforma em
calor (99,8% calor e 0,2% raio-x)
• Propriedades do ânodo:
- Deve ter um alto número atômico
- Elevado ponto de fusão (sólido →
líquido)
- Bom condutor de calor (tungstênio
ou molibdênio)
- Fixo ou rotatório
15. Características do aparelho de raio-x
• Base móvel ou fixa
• Braço articular (movimentar o cabeçote)
• Corpo do aparelho
• Cabeçote (local que fica a ampola de vidro)
• Cilindro (circular ou retangular*)
• Dispositivo sonoro
Obs: cilindro retangular diminui mais os feixes de raio-x.
16. Raio - X
• Frequência = quantidade de ciclos por segundo
• Existe raio-x com comprimento de onda curto e outros longos (quanto menor o
comprimento, maior a penetração do raio)
• Comprimento de onda curto = responsável pelo feixe principal da radiação (feixe útil)
→ alto poder de penetração → contribui para a formação da imagem
17. Raio-x
• Aparelhos atuais: presença de um
diafragma que vai colimar (mirar) o
feixe principal (placa de chumbo) →
permite a passagem apenas dos raios
úteis (os de elevado comprimento de
onda são barrados por um filtro de
alumínio) → fator de proteção para o
paciente
18. Propriedades dos raios-x
• Propagação em linha reta – velocidade de 300.000 km/seg.;
• Feixes divergentes e invisíveis;
• Sensibilizam filmes fotográficos;
• Não sofre influência de ondas eletromagnéticas – diferente de uma ressonância magnética;
• Podem ser refletidos (é absorvido pelo dente), refratados (quando pode passar de ambiente para
outro) ou difundidos;
• Provocam fluorescência em certas substâncias (uso de écrans florescentes);
• São capazes de ionizar os átomos – elétrons livres (instáveis) que podem favorecer a formação de
radicais livres que podem ser deletérios para o organismo.
20. Radiobiologia
• Relatos de pessoas que sofreram mutações, dermatites (sem proteção)
• Efeitos cumulativos
• Danos pelo raio-x:
- Efeito direto: fóton de raio-x ioniza macromoléculas biológicas (ex.: DNA)
- Efeito indireto: radiólise da água → radicais livres (danifica o DNA), hidrogênio
e hidroxila → destruição celular
21. Radiobilogia
• Quanto a taxa de turnover (renovação celular) → a
radiossensibilidade
• Tecidos menos diferenciados → sofrem mais mitoses
→ + radiossensíveis (exceção: linfócitos = bem
diferenciados, mas são muito radiossensíveis)
22. Fatores que modificam a sensibilidade de um tecido
Dose
• Quanto maior a dose, maior o efeito
Frequência de aplicação
• Dose alta de uma só vez = efeito severo; fracionada = efeitos menores (tecido tem
intervalo de tempo livre para se recuperar)
Presença de oxigênio
• Quanto mais oxigênio, maiores os efeitos (+ formação de radicais livres)
23. Classificação dos efeitos biológicos da radiação
Determinísticos
• Sempre há morte da célula
• Sempre ocorre o efeito quando aumentamos a dose
• Existe um limiar dose/efeito → aumento da dose, aumenta o efeito
• Exemplo: mucosite
Estocásticos
• Não apresenta limiar dose/efeito → independentemente da dose o
efeito pode ou não acontecer
• Aumento da dose → aumenta a probabilidade de ter o dano
• Exemplo: neoplasias (câncer), como leucemia; agenesias
Na odontologia as doses são bem abaixo do limiar capaz de produzir os efeitos determinísticos.
26. Mucosite oral por radiação
• Inflamação da mucosa oral – eritema e/ou ulceração
• Complicação oral mais frequente em paciente sob radioterapia
• Geralmente acontece a partir da segunda semana de tratamento
• Dor intensa → Compromete a nutrição e qualidade de vida
• Pode promover infecções
Júnior et al., 2010
27. Principais efeitos da radiação ionizante na
mucosa oral
• Mucosite
• Degeneração das papilas gustativas
• Degeneração do parênquima das glândulas salivares
• Cárie de radiação
• Efeitos estocásticos sobre dentes em desenvolvimento
• Osteoradionecrose
29. Degeneração do parênquima das glândulas
salivares
• Principalmente as maiores
• Diminui a produção de saliva
• Prejudica a formação do bolo alimentar e a fala
• Favorece o surgimento de infecções (como
candidose), úlceras e cárie (cárie de radiação)
30. Cárie de radiação
• Biofilme-dependente!!!
• Radiação reduz a salivação → Perda da
proteção tampão da saliva → facilita e
acelera o desenvolvimento da cárie CASO
OCORRA ACÚMULO DE BIOFILME
• Comum acúmulo de biofilme devido às
dores para escovar e baixa motivação
• Efeito estocástico!
31. Dentes em desenvolvimento
• Destruição do germe dentário (anodontia)
• Malformações dentárias
• Microdontia
• Erupção prematura
• Efeito estocástico!
32. Osteoradionecrose
• Principalmente na mandíbula
• Radiação causa alteração na
vascularização óssea → na existência de
processo infeccioso, pode ocorrer piora
do caso e causar necrose da mandíbula
• Importância do preparo de boca antes da
radioterapia
34. Objetivos da radioproteção
• Prevenir a ocorrência dos efeitos determinísticos;
• Reduzir a probabilidade dos efeitos estocásticos;
• Minimizar a exposição de quem faz o exame e dos pacientes, prevenindo os efeitos.
35. Princípios a serem observados ao
solicitar o raio-x
• Boa justificativa na indicação do exame radiológico → o benefício deve compensar o
dano (proibida toda exposição que não possa ser justificada)
• Otimização da proteção radiológica
• Limitação das doses individuais → fazer tomadas sempre com a dose mínima, desde
que se mantenha a qualidade
• Prevenção de acidentes
Portaria Federal n° 453/98
36. Dose equivalente
• Doses que podem provocar efeitos biológicos
• Unidade de mensuração dos efeitos biológicos das radiações = Medida Sievert (SV) ou
milisievert (mSV)
• Limite de dose ocupacional (50mSV/ano)
• Limite de dose não ocupacional (5mSV/ano)
• Uma radiografia periapical = 0,0002 mSV
37. Medidas para a redução da exposição
• Relacionadas ao paciente: seleção do paciente → Indicação
• Relacionadas ao exame:
- Utilização de filmes ou receptores de imagem mais sensíveis (receptores digitais)
- Uso de protetores de chumbo (mínimo 0,5mm de chumbo → comprimento suficiente
para proteger as gônadas + protetor de tireoide
- Calibração do aparelho de raio-x (fiscalizado pela COVISA e realizado por empresas
especializadas) → bom funcionamento e exames de qualidade
- Uso de posicionadores → evita repetição
39. Medidas para a redução da exposição
• Relacionadas ao operador:
- Uso de barreiras (biombos)
- Não segurar o filme ou cabeçote durante a exposição
- Timer atrás da barreira
- Distância mínima operador-aparelho = 1,80m
- Posição ideal operador-aparelho = atrás do paciente, nunca na frente
- Uso de dosímetro = obrigatórios para radiografias extraorais (a maioria é individual,
mas há aqueles instalados no ambiente)
40. Medidas para a redução da exposição
• Relacionados ao ambiente:
- Paredes com proteção secundária
- Sinalização visível nas portas de acesso (área restrita)
- Símbolo internacional de radiação ionizante
44. Filmes radiográficos
• Para cada tipo de radiografia são
utilizados tipos de filmes diferentes
• Existem filmes mais rápidos do
que outros
• Exame completo radiográfico para
paciente totalmente dentados = 14
ou 16 radiografias periapicais + 4
interproximais
45. Desejável para qualquer radiografia
• Deve mostrar com clareza e com um
bom posicionamento a área de interesse,
que deve estar completa
• Mínimo de distorção (variações de
tamanho) - Posicionadores
Esta
radiografia
periapical está
boa?
46. Filmes radiográficos intraorais
• Vários tipos de tamanhos de filmes – cores diferentes
(relacionadas ao fabricante ou velocidade)
• Adulto e infantil
• Filmes mais rápidos = mais sensíveis → expõem
menos o paciente
• Classificados em A, B, C, D, E, F (ordem crescente
de velocidade/sensibilidade) → menor tempo de
exposição e de revelação
47. Filmes radiográficos intraorais
• Simples (apenas uma película dentro do
invólucro) ou duplo (duas películas – duas
radiografias em uma mesma tomada
radiográfica)
• Radiografias digitais → mais rápidas, menos
radiação, não precisa fazer o processamento
do filme → o filme possui sensores que
manda a imagem formada para o
computador diretamente ou pode colocar em
um scanner para radiografias
48. Filmes radiográficos intraorais
Maiores
• Radiografias
oclusais - 4
Médios
• Interproximais
(mas pode usar o
de periapical na
horizontal) - 3
Menores
• Periapicais – 2
(tamanho padrão)
• Região anterior
da maxila - 1
• Filmes
radiográficos
infantis – 0
50. Filmes radiográficos
• Camada de emulsão com gelatina e haletos
de prata (principalmente brometo de prata)
acima da base → absorve os líquidos do
processamento, facilitando o contato dos
componentes químicos com os sais de prata
(responsáveis pela formação da imagem)
51. Filmes radiográficos
• Recomendado que fiquem acondicionados em ambiente com temperatura entre 10°-
21° → temperaturas > 35° ou <10°= emulsão do filme pode ser danificada
• Armazenamento: evitar calor, umidade, soluções químicas e radiação
53. Processamento radiográfico
• Raios-x podem ionizar ou não os haletos de prata
= a parte do dente que absorva a radiação impede
a ionização de haletos de prata (se ionizasse tudo,
ia ficar tudo claro)
• Elétrons perdidos dos sais de prata = íons de
prata positivos → formam a prata metálica =
imagemradiopaca(fica tudo escuro no
começo → imagem só fica evidente após a fixação
do filme, deixando as zonas mais claras
perceptíveis)
58. Cuidados com a câmara escura
• Limpeza, ficar longe das fontes de radiação e de luminosidade, sempre trocar as
soluções
• Revelador e fixador tampados quando não estiverem em uso (evitar oxidação)
• Trocar revelador e fixador periodicamente (depende da frequência do uso) – pelo
menos a cada 15 dias → revelador é amarelo enquanto novo, mas vai escurecendo
quando vai sendo utilizado; fixador é mais claro
• A água deve ser trocada uma vez ao dia
59. Revelação e
fixação Revelação: reduz os sais de
prata não expostos ao raio x
Fixação: remove os sais de
prata não ionizáveis pelo
raio x = imagens mais claras
60. Radiografia
• Contraste = tons de preto e branco
• Velamento = exposição a outras
fontes luminosas → compromete o
contraste
• Imagens claras: erros no tempo de
exposição, escolha incorreta de
filme, processamento incorreto,
soluções deterioradas ou vencidas
61. Referências
• Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância Sanitária. Portaria SVS/MS N° 453,
de 1 de Junho de 1998.
• JÚNIOR, F. L. S. et al. Mucosite oral induzida por radiação: uso de fatores de
crescimento e de laser. RGO, Rev. gaúch. odontol., v. 58 n. 4, 2010.