O documento discute a importância de micro e pequenas empresas realizarem balanços patrimoniais simples regularmente, mesmo não sendo obrigatório. Explica como elaborar um "balanço gerencial" listando ativos, passivos e patrimônio líquido de forma a acompanhar a evolução financeira da empresa. Também apresenta indicadores como índices de liquidez que podem ser extraídos do balanço para análise da situação financeira.
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A empresa está crescendo? Cadê o balanço?
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A EMPRESA ESTÁ CRESCENDO? CADÊ O BALANÇO?
Ivan Tojal1
Em razão do estatuto da microempresa instituído pela Lei Complementar Federal
123/2006, que estabeleceu tratamento favorecido, simplificado e diferenciado, o
controle contábil desse nível de empreendimento é quase nenhum. Não há
obrigatoriedade, portanto, de fazer o balanço da empresa e, consequentemente, o
empresário não dispõe dessa informação que, se elaborada a cada semestre ou ano,
indica a evolução ou não do patrimônio líquido do empreendimento. Assim, o texto
que segue orienta a elaboração pelo próprio empresário de um balanço simples, aqui
denominado balanço gerencial, que integrará a gestão do negócio.
Conceituação básica
Antes de mais nada, é necessário compreender o que seja o balanço. Segundo o Portal
da Contabilidade, “balanço patrimonial é a demonstração contábil destinada a
evidenciar, qualitativa e quantitativamente, numa determinada data, a posição
patrimonial e financeira da [empresa]”. É constituído por três elementos básicos:
a) Ativo: compreende os bens, direitos e aplicações;
b) Passivo: compreende as obrigações para com terceiros e
c) Patrimônio líquido: são os recursos próprios da empresa, ou seja, é a diferença
entre ativo e passivo.
Em geral, o balanço é elaborado por profissionais habilitados e é apresentado em
forma de tabela com a seguinte configuração:
Balanço patrimonial
Ativo Passivo
Patrimônio líquido
Ativo total Passivo total
No entanto, o próprio microempresário pode elaborar o balanço de seu
empreendimento para aferir especialmente a evolução patrimonial, já que muita
empresa incha, mas não cresce como mostra a comparação dos resumos de balanços
abaixo apresentados:
Balanço patrimonial 31/12/2014
Ativo R$ 100.000,00 Passivo R$ 70.000,00
Patrimônio líquido R$ 30.000,00
Ativo total R$ 100.000,00 Passivo total R$ 100.000,00
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Ivan Tojal é consultor em gestão empresarial.
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Balanço patrimonial 31/12/2015
Ativo R$ 200.000,00 Passivo R$ 170.000,00
Patrimônio líquido R$ 30.000,00
Ativo total R$ 200.000,00 Passivo total R$ 200.000,00
Nesse caso, a empresa operou durante um ano e aumentou seu ativo, entretanto,
também o passivo de tal monta que o patrimônio líquido permaneceu o mesmo. Pode
ocorrer, inclusive, a redução desse último.
Como elaborar, então, esse instrumento tão útil à gestão e avaliação do
empreendimento?
Balanço gerencial, na prática
A denominação balanço gerencial é para deixar claro que não se trata de um balanço
patrimonial formal, elaborado por um contador. Para elaborá-lo, é necessário
estabelecer as rubricas que constituem o ativo e o passivo. Nesse sentido, segue
exemplo adaptado da proposta apresentada pelo Instituto de Desenvolvimento
Empresarial e Treinamento:
1. Contas do ativo
1.1. Ativo circulante: bens e direitos de curto prazo (até três meses)
1.1.1. Disponível:
Caixa: recursos disponíveis no caixa da empresa
Bancos: recursos disponíveis nas contas bancárias da empresa
1.1.2. Créditos:
1.1.2.1. Contas a receber de clientes
A receber
Incobráveis: contas a serem baixadas da carteira porque não há mais
expectativas de recebe-las (é um número negativo)
Descontos: a serem concedidos para receber determinadas contas
(é um número negativo)
1.1.2.2. Outras contas a receber: aluguéis, royalties, etc.
1.1.2.3. Estoques
Valor total: valor apurado no sistema antes dos ajustes
Perdas: perdas identificadas no balanço do estoque e baixadas no
sistema a título de ajuste (é um número negativo)
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1.2. Realizável a longo prazo (mais que três meses)
Conta corrente dos sócios: valores devidos por sócios (empréstimos
da empresa aos sócios)
Contas a receber: todas aquelas com mais de três meses
Aplicações de longo prazo
1.3. Ativo permanente
1.3.1. Imobilizado
Imóveis: valor de aquisição
Instalações: idem
Máquinas e equipamentos: idem
Veículos: idem
Depreciação: é a perda de valor do patrimônio em decorrência do
desgaste natural de sua utilização, conforme estabelecido pela
Instrução Normativa 162/1998 da Secretaria da Receita Federal
(é um número negativo)
Obs.: para efeito de controle patrimonial e apuração da depreciação
recomenda-se a utilização da planilha apresentada no Apêndice A.
1.3.2. Investimentos não operacionais: segundo Cavalcante,
É aquele investimento que, se sacado da base de ativos da empresa, não altera
a sua capacidade de geração de receita.
Os exemplos mais comuns são:
Terrenos, edificações, máquinas, veículos e outros ativos fixos ociosos ou
alugados a terceiros.
Empréstimos concedidos a empresas controladas ou coligadas.
Participações acionárias em outras empresas.
Imobilizações em andamento (ainda não ativadas).
2. Contas do passivo
2.1. Passivo circulante: obrigações de curto prazo (até três meses)
Fornecedores: é o total das contas a pagar a fornecedores
Custo fixo a pagar: custo fixo médio mensal, apurado na planilha de
custos
Outros custos variáveis a pagar: custo variável médio mensal após a
dedução do CMV – custo da mercadoria vendida, também apurado
na planilha de custos
Empréstimos: total de empréstimos contraídos em nome da
empresa
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Obs.: criar uma linha para cada contrato de empréstimo se julgar
adequado
Outros títulos a pagar
Obs.: criar uma linha para cada título se julgar adequado
2.2. Exigível a longo prazo
Conta corrente dos sócios: valores devidos aos sócios (empréstimos
dos sócios à empresa)
Contas a pagar: todas aquelas com mais de três meses
Obs.: criar uma linha para cada título se julgar adequado
Financiamentos
Obs.: criar uma linha para cada contrato se julgar adequado
Para facilitar a adoção dessa ferramenta, o Apêndice B contempla um exemplo
completo elaborado a partir de planilha padronizada. Considerando tratar-se de
instrumento gerencial de comparação, que não atende às normas da ciência contábil,
é importante destacar que os critérios de preenchimento das diversas rubricas devem
ser estabelecidos e mantidos a cada realização.
Indicadores gerenciais
Além do patrimônio líquido, do balanço podem ser extraídos outros importantes
indicadores gerenciais. Dentre esses, destacam-se os índices de liquidez. Segundo
Zanluca, “os índices de liquidez avaliam a capacidade de pagamento da empresa
frente a suas obrigações.
a) Liquidez corrente:
𝑙𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑒𝑧 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 =
𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒
𝑝𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒
Assim:
Liquidez corrente maior que 1,0 indica folga para liquidação das obrigações;
Liquidez corrente menor do que 1,0 é preocupante, já que não haveria recursos
suficientes para quitação das obrigações de curto prazo.
b) Liquidez seca
Esse índice despreza os estoques porque estes não apresentam, em geral, alta
liquidez, ou seja, facilidade de transformação em capital financeiro.
𝑙𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑒𝑧 𝑠𝑒𝑐𝑎 =
𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 − 𝑒𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒𝑠
𝑝𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒
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c) Liquidez imediata
É o mais conservador dentre todos pois considera apenas os recursos disponíveis
(caixa e bancos) diante das obrigações de curto prazo.
𝑙𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑒𝑧 𝑖𝑚𝑒𝑑𝑖𝑎𝑡𝑎 =
𝑑𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛í𝑣𝑒𝑙
𝑝𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒
d) Liquidez geral
Avalia a empresa no longo prazo.
𝑙𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑒𝑧 𝑔𝑒𝑟𝑎𝑙 =
𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 + 𝑟𝑒𝑎𝑙𝑖𝑧á𝑣𝑒𝑙 𝑎 𝑙𝑜𝑛𝑔𝑜 𝑝𝑟𝑎𝑧𝑜
𝑝𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 + 𝑒𝑥𝑖𝑔í𝑣𝑒𝑙 𝑎 𝑙𝑜𝑛𝑔𝑜 𝑝𝑟𝑎𝑧𝑜
Conclusão
O balanço é instrumento fundamental para avaliação do crescimento patrimonial de
qualquer empresa. Assim, mesmo não sendo obrigatório as empresas sob regime
fiscal do Simples, é recomendável que seja elaborado que, mesmo não cumprindo as
boas técnicas contábeis, atende às necessidades da gestão do negócio.
Referências
CAVALCANTE, Francisco. Como analisar economicamente um ativo não operacional.
Disponível em http://www.cavalcanteassociados.com.br/utd/UpToDate405.pdf,
acessado em 30/05/2016.
INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL E TREINAMENTO. CDE – Curso de
desenvolvimento empresarial: módulo finanças. Vila Velha, [200-].
PORTAL DA CONTABILIDADE. Balanço patrimonial. Disponível em
http://www.portaldecontabilidade.com.br/guia/balancopatrimonial.htm, acessado
em 29/05/2016.
ZANLUCA, Jonatan. Cálculo e análise dos índices de liquidez. Disponível em
http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/indices-de-liquidez.htm, acessado
em 30/05/2016.