1. PIMENTA
As pimentas são um grupo de espécies botânicas com características próprias, que produzem frutos
geralmente com sabor picante, se bem que também existam pimentas doces.
A planta é arbustiva, atingindo 120cm de altura, com ampla formação de ramificações laterais, com
possibilidade de se tornar-se perene. Normalmente é autopolinizada, todavia a polinização cruzada
também pode ocorrer. Um interessante estudo, realizado para o Banco de Germoplasma de Hortaliças de
Viçosa (14), identificou as seis espécies mais comuns, no Brasil, especialmente no centro-sul. São as
seguintes, tendo exemplos de nomes cultivares ao lado, segundo outros autores:
- Capsicum frutescens ( Malagueta )
- Capsicum pendulum ( Chifre-de-veado ou Dedo-de-moça )
- Capsicum sinense ( Cheiro ou Bode )
- Capsicum microcarpum ( Macaco )
- Capsicum praetermissum ( Cumari ou Passarinho )
- Capsicum annuum ( pimenta doce Agronômica 11 )
Provavelmente as cultivares mais plantadas, em São Paulo e Minas Gerais, são a chifre-de-veado (Dedo-
de-moça) e a malagueta. Ambas produzem frutos alongados, com 75mm de comprimento e 15 mm de
diâmetro, para a primeira, e 15-35mm de comprimento e 5mm de diâmetro, para a segunda, bem
menores. Tais frutos, quando maduros, são bem vermelhos, de sabor muito picante, sendo utilizados
como condimento. Já as pimentas Macaco, Cheiro (Bode) e Cumari (Passarinho)produzem frutos bem
menores, comercializados em garrafas, com coloração vermelha ou verde.
Há pimentas que não possuem o tradicional sabor picante ou apimentado: são as chamadas pimentas
doces, que pertencem a mesma espécie botânica do pimentão. Dentro de tal grupo observamos o
comportamento da pimenta Godê, em Anápolis, que produz frutos com o formato da antiga saia "godet",
com sabor suave, menos acentuado que o do pimentão. É de produtividade elevada. Tal cultivar em
Minas Gerais, e no Distrito Federal, Pelo que fomos informados.
A cultivar de pimenta doce Agronômica 11 foi desenvolvida em Campinas, tendo boa resistência ao
Mosaico Y e a outras viroses, plantas vigorosas e produtivas. Há linhagens comerciais que apresentam
frutos bem alongados, com18cm de comprimento e 2cm de diâmetro, uniformes, com 54g de peso, em
termos médios. Apresentam ótimo sabor, não picante, são macios, de coloração verde intensa e
brilhante, e boa aceitação comercial (2).
Clima e Época de Plantio:
As pimentas são solonáceas originárias de regiões latino-americanas de clima tipicamente tropical,
sendo mais exigentes que o pimentão, em calor.
Em regiões quentes, centro-sul, pode-se plantar durante o ano todo; em regiões frias, de agosto a
fevereiro, sendo mais praticado o plantio em setembro-novembro. São plantas intolerantes ao frio do
inverno, sendo que as espécies botânicas que produzem frutos menores, de sabor mais picante, são
aquelas, justamente, que exigem temperaturas mais elevadas, para se desenvolverem e produzirem.
2. Solo e Adubação:
As pimenteiras preferem solo areno-argiloso, com pH de 5,5 a 6,8.
A adubação adotada pode ser semelhante àquela já recomendada para o pimentão. Como o ciclo cultural
costuma ser mais longo, a adubação pode ser mais farta (200-300g da fórmula 4-16-8, por planta),
propiciando um período de colheita maior. Igualmente, a freqüência de aplicação das coberturas
nitrogenadas complementares deve ser maior.
Propagação:
A propagação das pimentas é feita pela semeadura em sementeira e transplante diretamente para o local
definitivo, tal como visto para pimentão.
As sementes, para as cultivares mais comuns (Dedo-de-moça e Malagueta) apresentam um número
médio de 200, por grama; o padrão mínimo oficial de germinação é 50%; gastam-se 300 g de sementes,
para o plantio de 1ha, por mudas. Considerando-se ser a pimenteira uma planta semi-perene, de duração
superior de 12 meses, preferem-se espaçamento mais largos, em relação àqueles utilizados em pimentão.
Assim, planta-se a 120-150cm, entre fileiras, por 80-100cm, entre plantas, na fileira.
Tratos Culturais:
São similares àquelas utilizadas em pimentão, porém o tutoramento é desnecessário, pois o caule
lenhoso da pimenta é bem mais resistente, mantendo-se ereto e bem equilibrado pela farta copa - um
perfeito arbusto.
A amontoa também é desnecessária e condenável, por favorecer o ataque de patógenos do solo.
Colheita e Comercialização:
A colheita principia aos 100-150 dias da semeadura, prolongando-se por três meses, ou mais.
É possível obter-se um período de colheita antes do inverno, seguindo-se outro período, logo que a
temperatura se elevar, mais prolongado, de agosto a janeiro. Uma cultura bem cuidada, em bom estado
fitossanitário e nutricional, poderá permanecer um segundo ano no terreno, com produtividade e
qualidade dos frutos razoáveis.
Todavia, a produtividade, no primeiro ano, é sempre maior, e os frutos são melhores, geralmente.
Por tais razões, muitos olericultores do centro-sul preferem renovar suas culturas, anualmente. Colhem-
se os frutos com coloração vermelha ou verde, havendo preferências para ambos os tipos - quando se
trata de pimenta picante. Também há consumidores que apreciam as pimentas doces, colhidas verdes.
A produtividade obtida é muito variável, conforme a espécie e a duração da cultura, obtendo-se de 4 até
10 t/ha, geralmente. Tradicionalmente utilizam-se as caixas tipo "K" para as pimentas maiores, de
coloração vermelha ou verde, de sabor picante ou doce ( apenas verdes ).
O peso líquido da embalagem cheia é de 12-15kg. As medidas dos frutos variam, conforme os mercados
e as espécies, sendo de 6-13cm de comprimento por 8-20mm de diâmetro, comumente. Os frutos
pequenos são comercializados embalados em garrafas, preparadas em molho e vinagre, devendo ser a
coloração uniforme.
Freqüentemente temos observado a comercialização direta, do lericultor ao consumidor, de tais garrafas,
em feiras livres.
3. PIMENTÃO
PIMENTÃO AMARELO
Nome científico - Capsicum annuum L.
Família - Solanaceae
Origem - Latino-Americana
Características da planta
Planta arbustiva, semiperene, mas cultivada como planta anual. Apresenta folhas de coloração verde-
escura e com formato oval-lanceolado. Os frutos são do tipo baga, com formato que varia de cúbico a
piramidal e se encontram, geralmente, em posição, geralmente, em posição pendente.
Características da flor
As flores são hermafroditas e localizam-se isoladamente nas axilas das folhas, sobre pedúnculos curtos.
São pequenas, ao redor de 1 cm de diâmetro, e possuem pétalas brancas.
Época de plantio:
No planalto: setembro a dezembro.
No litoral: março a julho.
Espaçamento: 80 x 40cm.
Sementes necessárias: 300-500g/ha.
Combate à erosão: linhas de nível.
Adubação:
Por planta: 2kg de composto; 250g de superfosfato simples e 20g de cloreto de potássio; em cobertura
75g de sulfato de amônio (aos 10, 25 e 40 dias após o transplante, 1/3 de cada vez).
Tratos culturais:
Capinas, escarificações e amontoa.
Irrigação:
Por infiltração, quando necessária.
Combate à moléstias e pragas:
afídios: Malatol 50-E a 0,20% ou Phosdrin a 0,15%;
ácaros: Kelthane W a 15%;
fungos: Dithane M-45 a 0,20%; Manzate a 0,20%.
Época de colheita:
Cem dias após o plantio e durante 50 dias.
Produção normal:
200.000 frutos/hectare.
Observação: evitar terrenos mal drenados.
4. PIMENTÃO AMARELO
Nome científico: Capsicum annuum
Época de plantio: de março a maio com o pimentão vermelho.
Colheita: 90 dias após o transplantes.
Tempo de colheita: pode produzir por até 12 meses.
Em campo aberto praticamente é inviável seu cultivo.
Produtividade: até 1.500 caixas tipo "K" (12 kg, neste caso) por 1.000 m² de estufa.
Cuidados especiais: manejo equivalente ao do pimentão vermelho. Mas o cuidado com o ponto de
colheita deve ser maior. O fruto deve estar maduro por igual (a coloração amarela indica isso). Aí reside
a principal vantagem sobre seu congênere. O pimentão amarelo praticamente não deixa nenhum
resquício de gosto e não provoca azia. Daí seu ganho de preço no mercado.
Fonte de pesquisa: Revista Globo Rural - Ano 9 - nº. 98 - Dez/1998