O documento resume um estudo que analisou o mecanismo antibacteriano do óleo essencial de orégano (OEO) contra a bactéria Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA). Os resultados mostraram que o OEO pode danificar a membrana celular da bactéria, inibir seu metabolismo respiratório e energético, danificar seu DNA e reduzir a expressão do gene patogênico PVL. Portanto, o OEO tem potencial para tratar infecções causadas por bactérias multirresistent
1. [Orégano 003]
Óleo Essencial: Origanum vulgare
Composto: α-Pineno, canfeno, β-Pineno, mirceno, α-terpineno, ρ-cimeno, cineol, γ-
terpineno, linalol, timol e carvacrol.
Título: Antibacterial mechanism of oregano essential oil
“Mecanismo antibacteriano do óleo essencial de Orégano”.
Autor: Haiying Cui, Chenghui Zhang, Changzhu Li, Lin Lin.
Journal: Industrial Crops and Products
Vol/Issue: 139 (1)
Ano: 2019
DOI: 10.1016/j.indcrop.2019.111498
TAGs: Orégano; mecanismo antibacteriano; infecção; meticilina; Staphylococcus
aureus; material genético; bactéria resistente; anti-inflamatório; antibacteriano;
antioxidante; metabolismo respiratório; metabolismo energético; infecção bacteriana;
Origanum vulgare; in vitro; α-Pineno; canfeno; β-Pineno; mirceno; α-terpineno; ρ-
cimeno; cineol; γ-terpineno; linalol; timol; carvacrol; gene pvl; toxina; fator patogênico;
bactéria multirresistente; MRSA.
Sobre o artigo:
O orégano é uma erva comum amplamente distribuída no Mediterrâneo e na Ásia, e
seu óleo essencial é constituído principalmente pelo carvacrol e timol, que possuem
fortes atividades biológicas, incluído na literatura tradicional e em vários estudos como
anti-inflamatórios, antibacterianos e antioxidantes.
2. No que diz respeito às propriedades antibacterianas, sabe-se que o OE tem um efeito
inibitório em uma variedade de bactérias, possuindo um amplo espectro de
propriedades antibacterianas, atuante com diversos mecanismos.
Nesse sentido, o presente estudo visou analisar o mecanismo antibacteriano do óleo
essencial de orégano (OEO) em bactérias Staphylococcus aureus resistentes à
meticilina, através do metabolismo respiratório, energético e também do material
genético, e, fornece uma base teórica para o desenvolvimento de medidas efetivas
para o tratamento das infecções por esta bactéria.
A metodologia do estudo consistiu em um trabalho in vitro, onde foi realizada uma
análise química dos compostos existentes no OEO, uma avaliação da atividade
antibacteriana e uma análise do mecanismo antibacteriano do OEO contra a bactéria
multirresistente Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA).
Resultados:
1. Composições químicas de OEO
A análise da composição do OEO mostrou a presença de 15 tipos de compostos que
respondem por 96 do conteúdo total, que incluem o α-Pineno (1%), canfeno (0,3%), β-
Pineno (0,2%), mirceno (1,9%), α-terpineno (0,5%), ρ-cimeno (8%), cineol (0,1%), γ-
terpineno (2%), linalol (4%), timol (4%), carvacrol (64%), etil caprato (4%), β-Bi-
saboleno (1,5%), (E) -β-farneseno (0,1%) e ledol (1,8%).
2. Avaliação da atividade antibacteriana
2.1 Análise de “time-kill” de OEO
O valor da concentração inibitória mínima (CIM) e da bactericida mínima (CBM) de
OEO para MRSA foram ambos de 0,4 mg/mL. Após 8 horas de tratamento com OEO, o
número de bactérias no grupo 1/2 CIM foi reduzido em 98%, e no grupo CIM, o número
de bactérias diminuiu 99% em 4 horas. Em resumo, pode-se considerar que o OEO
tem alta atividade antibacteriana contra MRSA.
3. 2.2. Análise de microscopia eletrônica de varredura de MRSA tratada com OEO
O número e a morfologia de MRSA após o tratamento com OEO foram analisados por
microscopia de varredura e pôde-se observar que no grupo de controle, as células
bacterianas foram organizadas intimamente, com uma membrana celular lisa e intacta
e estrutura de parede celular.
Contudo, após o tratamento com OEO, as células bacterianas foram significativamente
reduzidas e parte da superfície das bactérias entrou em colapso e encolheu. Esses
resultados mostram que o OEO pode danificar a membrana celular e apresentar alta
atividade antibacteriana contra MRSA.
Figura 1: (A) Curva de eliminação de tempo de óleo essencial de orégano contra MRSA; (B)
Imagens de SEM de MRSA não tratado e imagens de SEM de MRSA tratado com óleo
essencial de orégano.
3. Mecanismo antibacteriano de OEO contra MRSA
3.1. Análise de microscopia eletrônica de transmissão (MET) de MRSA tratada
com OEO
A morfologia de MRSA antes e depois do tratamento com OEO foi analisada por MET e
as imagens do grupo controle mostraram que a membrana da célula de MRSA era lisa,
a estrutura era firme e uma membrana no processo de divisão bacteriana foi
observada.
4. Já a membrana celular de MRSA do grupo de tratamento OEO foi gravemente
danificada e o conteúdo vazou completamente. Sabendo que a integridade dos
componentes da membrana celular é um fator determinante da sobrevivência
bacteriana, os resultados indicam que OEO pode causar danos fisiológicos às células
MRSA.
Figura 2: (A) Imagens MET de MRSA não tratado; (B) Imagens MET de MRSA tratado com
óleo essencial de orégano.
3.2. Efeito de OEO no metabolismo respiratório oxidativo de MRSA
Muitos agentes antibacterianos podem penetrar nas células bacterianas, inibindo o
suprimento de energia por meio da inibição das vias metabólicas respiratórias dos
microrganismos, causando a morte da bactéria.
Neste estudo, o ácido iodoacético, o ácido malônico e o fosfato trissódico
dodecaidratado são três inibidores respiratórios típicos que inibem o ATC (ciclo do
ácido tricarboxílico), a EMP (via Embden-Meyerhof-Parnas) e a MFH (via do monofato
de hexose) no metabolismo respiratório, respectivamente.
5. A taxa de inibição do inibidor representativo e OEO para MRSA mostrou que o OEO
tem o mesmo efeito inibidor no metabolismo respiratório de MRSA que os três
inibidores típicos, com taxa de inibição de 13%.
A taxa de inibição da sobreposição do OEO e ácido malônico foi a menor (8,22%), o
que significa que o ácido malônico e OEO podem inibir a mesma via metabólica
respiratória. Portanto, OEO pode inibir o metabolismo respiratório de MRSA pela via do
ATC.
3.3. Efeito da OEO no metabolismo energético de MRSA
O conteúdo de ATP em bactérias está relacionado ao metabolismo, liberação,
armazenamento e utilização de energia. No presente estudo, o conteúdo de ATP
diminuiu em 44%, a atividade de Na + K + -ATPase diminuiu em 73%, e a atividade de
Ca2 + -ATPase diminuiu em 47%, indicando que o OEO pode inibir o metabolismo
energético de MRSA.
4. Efeito do OEO no ácido nucleico e no DNA de MRSA
Depois que o agente antibacteriano atua nas células, se a membrana celular estiver
gravemente danificada ou mesmo rompida, o ácido nucleico macromolecular
intracelular vazará para fora da célula. Como observado, o teor de ácido nucleico
extracelular de OEO após MRSA por 3h foi significativamente maior do que o do grupo
de controle.
Sabe-se que a função das moléculas de DNA é armazenar todas as informações
genéticas que determinam a estrutura de todas as proteínas e RNAs de uma espécie.
E em comparação com o grupo de controle, a concentração de DNA intracelular do
grupo de tratamento com o OEO foi significativamente reduzida em 42,%.
5. Efeito de OEO na expressão do gene PVL
Panton-Valentine leucocidina (PVL) é uma citotoxina produzida por MRSA que causa
destruição de leucócitos e necrose do tecido, sendo um importante fator patogênico
6. dessa bactéria multirresistente. Portanto, quando o gene PVL é pouco expresso, a
apoptose pode ser induzida.
No presente estudo, o nível de expressão do gene pvl foi negativamente correlacionado
com a concentração de OEO, onde os níveis de expressão de CIM, 1/2 CIM e 1/4 CIM
foram 24%, 47% e 70%, respectivamente, indicando que o OEO pode reduzir a
produção da toxina PVL produzida por MRSA.
Na prática:
Os pesquisadores demonstraram que o óleo essencial de orégano pode inibir a MRSA
de diversas maneiras: afetando a permeabilidade da membrana celular e causando
danos irreversíveis à membrana celular, inibindo o metabolismo respiratório de MRSA,
afetando os metabólitos e enzimas-chave do ciclo do ATC, e por fim, inibindo a
expressão do importante fator patogênico PVL em MRSA.
Portanto, o OEO pode ser considerado um agente antibacteriano natural eficaz para o
tratamento de infecções causadas por bactérias multirresistentes.