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DISLIPIDEMIAS
PROF. RENATA TORRES ABIB BERTACCO
FACULDADE DE NUTRIÇÃO - UFPEL
Roteiro da aula
• Bioquímica (lipídios) - recapitulação
• Fisiopatologia das dislipidemias
• Atividade 1
• Dietoterapia
• Atividade 2
• Tratamento farmacológico
• Dra Carolina Gomes
2013
O que é dislipidemia?
• Alterações metabólicas no metabolismo de lipídios que repercutem
nos níveis séricos de lipoproteínas (SBC, 2009)
• Deve ser tratada pois é um fator de risco para aterosclerose que pode
levar ao desenvolvimento de DCV.
Bioquímica – metabolismo de lipídios
• Fosfolípides: membranas celulares
• Colesterol: precursor dos hormônios esteroidais, dos ácidos biliares e da
vitamina D, fuidez das membranas
• Triglicérides (TG): formados a partir de três ácidos graxos ligados a uma
molécula de glicerol
• Ácidos graxos (AG):
• Saturados (sem duplas ligações)
• Mono insaturados (1 dupla ligação)
• Poli-insaturados (+ de 1 dupla ligação)
Lipoproteínas
• Permitem a solubilização e o transporte dos lípides: compostas por lípides
e proteínas denominadas apolipoproteínas (Apos)
• Apos:  “identificam” e dão “função” às lipoprtoeínas
• Formação intracelular das partículas lipoproteicas (B100 e B48)
• Ligantes a receptores de membrana (B100 e E)
• Cofatores enzimáticos (CII, CIII e AI)
• Classes de lipoproteínas (conforme a densidade):
• Quilomícrons: Ricas em TG (85%), maiores e menos densas, origem intestinal
• VLDL: Carrega TG (50%) e colesterol (20%) - densidade muito baixa, origem hepática
• IDL : Carrega TG(30%) e colesterol (30%) - Densidade intermediária
• LDL : Ricas em colesterol (50%) e pouco TG (8%), densidade baixa
• HDL: Densidade alta:
• Lipoproteína (a) [Lp(a)], que liga LDL a ApoA
LpA não é utilizada de rotina para avaliação de
risco pra DAC; seus niveis séricos tem forte
relação com a genética (história familiar…).
D= m/v
A massa das Lp são semelhantes, o que varia é
o volume… ou seja:
Volume grande ([TAG]), densidade baixa
TAG
Colesterol – éster
Apos
Colesterol
livre
Estrutura das
lipoproteínas
Fígado
QM
QM
remanes
cente
VLDL IDL LDL HDL
B48
A I
A IV
E
C
B48
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C I
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B100 A I
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C I
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QM
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Periféricos
QM
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Fígado:
TAG r
+ TAG f
+ Col
VLDL
Tec.
Periféricos
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A I
A II
C I
CII
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A II
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LPL
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HDL
A I
A II
C I
CII
CIII
E
E
LDL
receptor de LDL
(endocitose)
Col
LCAT
LCAT
Col livre + LCAT = Col ester
Col
ester
TAG r
Col
ester
identidade
Sinaliza a quebra de TAG pela Lpl (tec adip. e músculo)
Reabsorção hepática
identidade
Se liga em receptores do fígado
LPL = lipase lipoproteica  sintetizada nos tecidos muscular e adipose  presente no endotélio capilar  quebra os TG das Lp
que tiverem ApoCII  libera AG e glycerol  estoque ou energia
Transporte de Lipídios
• TAG da Dieta  QM  recebe do HDL a ApoE e ApoCII distribui
TAG tecidos periféricos  QM remanescente (continu com a apo E e
devolve pro HDL a ApoCII)  fígado (TAG restantes – via receptor d
ApoE)
• No fígado  TAG restantes + Colesterol/TAG sintetizados no fígado 
VLDL  distribui TAG pros tecidos periféricos (LPL) e recebe colesterol
dos tecidos em troca  devolve a Apo CII e doa TG para o HDL 
Forma IDL (só tem Apo E)
• IDL  continua distribuindo TAG e recebendo cholesterol, perde Apo
E pro HDL  LDL  reabsovido no fígado pelo receptor de LDL
(endocitose – pq ele não tem a Apo E)
Transporte de lipídios - HDL
• Possui a ApoA e poucos lipídios (30% cholesterol, 50%proteina)  recolhe
o cholesterol livre dos tecidos periféricos.
• Ela carrega e transfere Apos (E e CII)  pro QM e VLDL
• Possui LCAT  transforma o colesterol livre em ester de colesterol
• Sai do fígado (forma de disco com pouco colesterol)  começa a recolher o
colesterol de tecidos periféricos para esterificá-lo (pela LCAT)  colesterol
“Redondo”  transfere o colesterol esterificado pro VLDL e recebe em
troca TAG (combustível pra LCAT)
• VLDL vai perdendo TAG e ganhando Colesterol  formando LDL 
absorvido pelo fígado e redistribui pros tecidos quando necessário
• Quanto mais LDL e menos HDL  aterosclerose (outra aula!!)
LCAT = lecitina acetil transferase
Via exógena
Lehninger, Principles of Biochemistry
Lipoproteinas e transporte de lipídios
Lehninger, Principles of Biochemistry
Bases fisiopatológicas das
dislipidemias primárias
• Acúmulo de quilomícrons e/ou de VLDL:
• Hipertrigliceridemia
• Decorre da diminuição da hidrólise dos TAGs pela lipase lipoproteica (LPL) ou
do aumento da síntese de VLDL
• Acúmulo de LDL:
• hipercolesterolemia
• Doenças monogênicas: no gene do LDL-R (hipercolesterolemia familiar) ou no
gene da apo B100 (identifica o LDL)
• Hipercolesterolemias poligênicas: mais comuns, interação entre fatores
genéticos e ambientais
AVALIAÇÃO LABORATORIAL
• Coleta de sangue: jejum de 12 horas (TG e LDL)
• Cálculo do (LDL-C): fórmula de Friedewald. (válida se TG <400mg/dL).
• Colesterol total (CT), apo B, apo A-I e HDL-C podem ser coletadas sem
jejum prévio.
• Perfil lipídico deve ser feito em indivíduos com dieta habitual, estado
metabólico e peso estáveis por pelo menos 2 semanas antes da
realização do exame.
• Devem-se evitar ingestão de álcool e atividade física vigorosa nas 72 e
24 horas que antecedem a coleta de sangue, respectivamente.
Valores de referência
Etiologia das dislipidemias
• Primária
• Origem genética e/ou ambiental
• Secundária
Classificação das dislipidemias
• hipercolesterolemia isolada: elevação isolada do LDL-C (≥ 160 mg/dl);
• hipertrigliceridemia isolada: elevação isolada dos TGs (≥ 150 mg/dl) que
reflete o aumento de VLDL, IDL e quilomícrons.
• hiperlipidemia mista: valores aumentados de LDL-C (≥ 160 mg/dl) e TG (≥
150 mg/dl). Nos casos em que TGs ≥ 400 mg/dl, o cálculo do LDL-C pela
fórmula de Friedewald é inadequado, devendo-se, então, considerar a
hiperlipidemia mista quando CT ≥ 200 mg/dl;
• HDL-C baixo: redução do HDL-C (homens < 40 mg/ dl e mulheres < 50
mg/dl) isolada ou em associação a aumento de LDL-C ou de TG.
Etiologia genética
– Hipercolesterolemia familiar (CT>300 e LDL > 200)
– Hipertrigliceridemia familiar (TG > 500)
– Apresentação clínica:
• eventos coronarianos em jovens da mesma família
• Xantomas e xantelasmas
3 ou mais = SM
ATIVIDADE 1
1. Um paciente do sexo masculino apresenta colesterol total de 236 mg/dL, HDL de 30 mg/dL, e triglicerídeos de 160
mg/dL.
1. Através da formula de Friedwald, calcule o LDL:
2. Compare as lipoproteinas aos valores de referência:
3. Classifique a dislipidemia deste paciente:
2. Uma paciente do sexo feminino de 31 anos de idade, apresenta CT = 180 mg/dL, HDL= 40 mg/dL, PA:140/120
mmHg não tratada, fumante e não diabética. Calcule o risco de morte por DCV nos próximos 10 anos. Classifique
este risco.
3. Descreva resumidamente como ocorre o metabolismo dos lipídios e descreva quais tipos de dislipidemia podem ser
desenvolvidas em função de alterações deste metabolismo?
LDL = 236 – 30 – 160/5 = 174
LDL ALTO; CT limítrofe; HDL: baixo; TG: limítrofe
HDL baixo (HDL baixo + LDL ALTO) e hiperlipidemia mista (TG>150 e
LDL>160)
8 pontos; 6,7% de risco; risco intermediário
Dietoterapia
Não está de
acordo com o
guia alimentar!
Dietoterapia
• Em indivíduos de risco aderentes a dieta, a terapia nutricional pode
diminuir de 10-15% da hipercolesterolemia em 45-60 dias. A
hipertrigliceridemia tende a baixar mais rapidamente. (SBC)
Dieta x dislipidemia
• Tipos de gordura da dieta:
• Colesterol (origem animal/ absorção metade/ fontes)
• Ácidos graxos
• Saturados
• Insaturados
• Monoinsaturados
• ômega 9
• Poliinsaturados
• ômega 6
• ômega 3
• Trans
AG saturados de cadeia curta
• Os AGCC são produzidos por bactérias intestinais, principalmente em
resposta a FOS (fruto oligossacarídeos)  proteção da mucosa
intestinal
• Principais:
• Butirato
• Propionato
• Acetato
• Lactato
AG saturados de cadeia média
• Os TG de cadeia média (TCM), contém de 6 a 12 átomos de carbono, e são
encontrados na gordura do coco. (C12:0 – láurico)
• São absorvidos diretamente para a corrente sangüínea e levados para o fígado.
• Não se incorporando significativamente às lipoproteínas para serem
transportados  porém resultam indiretamente no aumento de lipoproteínas
Tholstrup T, Ehnholm C, Jauhiainen M, et al. Effects of medium-chain fatty acids and oleic acid on blood lipids, lipoproteins, glucose, insulin, and
lipid transfer protein activities. Am J Clin Nutr.2004;79(4):564-9.
AG saturados de cadeia longa
• Mirístico (14:0), encontrado no leite e seus
derivados;
• Palmítico (16:0), cujas principais fontes são a
gordura animal e o óleo de palma  Mais
abundante na alimentação
• Esteárico (18:0), presente na gordura do
cacau.
AG saturados
• De maneira geral, a gordura saturada (C12:0 - láurico, C14:0 - mirístico e C16:0 -palmítico)
eleva a concentração plasmática de colesterol, especialmente o
C14:0, enquanto o C18:0 (esteárico) é neutro em seus efeitos sobre o
colesterol.
• Mecanismos propostos para essa alteração
• redução dos receptores de LDL hepáticos;
• maior atividade da ACAT (acilcolesteril-aciltransferase) aumentando a
esterificação do colesterol;
• aumento na quantidade de colesterol esterificado transportado nas LDL
• Permitem maior entrada de colesterol nas partículas de LDL
AG insaturados
• AG insaturados
• Monoinsaturados
• ômega 9 – oleico
• Poliinsaturados
• ômega 6  Pró inflamatório
• linoleico (essencial e precursor dos demais poli)
• Araquidônico
• ômega 3  Anti inflamatório
• Alfalinolênico (ALA) (fonte vegetal)
• Eicosapentaenóico (EPA)
• Docosahexaenóico (DHA) (fonte marinha)
EQUILÍBRIO NA DIETA= w6/w3= 5
AG Trans
• Presentes na gordura da carne e leite de animais
ruminantes
• ↑LDL, ↓HDL
• Formados na fritura dos alimentos e na desodorização
óleos vegetais
• Indústria: sintetizados na hidrogenação óleos vegetais
• Ác. graxo elaídico: isômero do ác. graxo oléico
Atividade 2
• Marque V ou F e justifique:
• ( ) O coco e o abacate possuem colesterol bom por isso podem ser
consumidos livremente na dieta
• ( ) O Ac Graxo Saturado é pior que o trans porque além de elevar o LDL,
ainda diminui o HDL
• ( ) O azeite de oliva é uma excelente fonte de ômega 3
• ( ) A proporção ideal de w6/w3 na dieta é 5
• ( ) o w6 é mais pró inflamatório enquanto o w3 anti inflamatório
• Quais as recomendações nutricionais que você daria ao paciente da
questão 1?
F
F
F
V
V
Tratamento farmacológico na dislipidemia
• Médica convidada: Dra. Carolina Gomes
Referências
Obrigada!
renata.abib@ymail.com
Aula e materiais complementares disponíveis
em:
http://wp.ufpel.edu.br/renataabib/
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  • 1. DISLIPIDEMIAS PROF. RENATA TORRES ABIB BERTACCO FACULDADE DE NUTRIÇÃO - UFPEL
  • 2. Roteiro da aula • Bioquímica (lipídios) - recapitulação • Fisiopatologia das dislipidemias • Atividade 1 • Dietoterapia • Atividade 2 • Tratamento farmacológico • Dra Carolina Gomes
  • 4. O que é dislipidemia? • Alterações metabólicas no metabolismo de lipídios que repercutem nos níveis séricos de lipoproteínas (SBC, 2009) • Deve ser tratada pois é um fator de risco para aterosclerose que pode levar ao desenvolvimento de DCV.
  • 5. Bioquímica – metabolismo de lipídios • Fosfolípides: membranas celulares • Colesterol: precursor dos hormônios esteroidais, dos ácidos biliares e da vitamina D, fuidez das membranas • Triglicérides (TG): formados a partir de três ácidos graxos ligados a uma molécula de glicerol • Ácidos graxos (AG): • Saturados (sem duplas ligações) • Mono insaturados (1 dupla ligação) • Poli-insaturados (+ de 1 dupla ligação)
  • 6. Lipoproteínas • Permitem a solubilização e o transporte dos lípides: compostas por lípides e proteínas denominadas apolipoproteínas (Apos) • Apos:  “identificam” e dão “função” às lipoprtoeínas • Formação intracelular das partículas lipoproteicas (B100 e B48) • Ligantes a receptores de membrana (B100 e E) • Cofatores enzimáticos (CII, CIII e AI) • Classes de lipoproteínas (conforme a densidade): • Quilomícrons: Ricas em TG (85%), maiores e menos densas, origem intestinal • VLDL: Carrega TG (50%) e colesterol (20%) - densidade muito baixa, origem hepática • IDL : Carrega TG(30%) e colesterol (30%) - Densidade intermediária • LDL : Ricas em colesterol (50%) e pouco TG (8%), densidade baixa • HDL: Densidade alta: • Lipoproteína (a) [Lp(a)], que liga LDL a ApoA LpA não é utilizada de rotina para avaliação de risco pra DAC; seus niveis séricos tem forte relação com a genética (história familiar…).
  • 7. D= m/v A massa das Lp são semelhantes, o que varia é o volume… ou seja: Volume grande ([TAG]), densidade baixa TAG Colesterol – éster Apos Colesterol livre Estrutura das lipoproteínas
  • 8.
  • 9. Fígado QM QM remanes cente VLDL IDL LDL HDL B48 A I A IV E C B48 E B100 C III C II E C I B100 E B100 A I A II C I CII CIII E TAG dieta Intestino QM Tec. Periféricos QM r E C C Fígado: TAG r + TAG f + Col VLDL Tec. Periféricos Y Y Y LPL Y TAG Col HDL A I A II C I CII CIII E CII TAG HDL A I A II C I CII CIII E IDL Y LPL TAG TAG Col HDL A I A II C I CII CIII E E LDL receptor de LDL (endocitose) Col LCAT LCAT Col livre + LCAT = Col ester Col ester TAG r Col ester
  • 10. identidade Sinaliza a quebra de TAG pela Lpl (tec adip. e músculo) Reabsorção hepática identidade Se liga em receptores do fígado LPL = lipase lipoproteica  sintetizada nos tecidos muscular e adipose  presente no endotélio capilar  quebra os TG das Lp que tiverem ApoCII  libera AG e glycerol  estoque ou energia
  • 11. Transporte de Lipídios • TAG da Dieta  QM  recebe do HDL a ApoE e ApoCII distribui TAG tecidos periféricos  QM remanescente (continu com a apo E e devolve pro HDL a ApoCII)  fígado (TAG restantes – via receptor d ApoE) • No fígado  TAG restantes + Colesterol/TAG sintetizados no fígado  VLDL  distribui TAG pros tecidos periféricos (LPL) e recebe colesterol dos tecidos em troca  devolve a Apo CII e doa TG para o HDL  Forma IDL (só tem Apo E) • IDL  continua distribuindo TAG e recebendo cholesterol, perde Apo E pro HDL  LDL  reabsovido no fígado pelo receptor de LDL (endocitose – pq ele não tem a Apo E)
  • 12. Transporte de lipídios - HDL • Possui a ApoA e poucos lipídios (30% cholesterol, 50%proteina)  recolhe o cholesterol livre dos tecidos periféricos. • Ela carrega e transfere Apos (E e CII)  pro QM e VLDL • Possui LCAT  transforma o colesterol livre em ester de colesterol • Sai do fígado (forma de disco com pouco colesterol)  começa a recolher o colesterol de tecidos periféricos para esterificá-lo (pela LCAT)  colesterol “Redondo”  transfere o colesterol esterificado pro VLDL e recebe em troca TAG (combustível pra LCAT) • VLDL vai perdendo TAG e ganhando Colesterol  formando LDL  absorvido pelo fígado e redistribui pros tecidos quando necessário • Quanto mais LDL e menos HDL  aterosclerose (outra aula!!) LCAT = lecitina acetil transferase
  • 14. Lipoproteinas e transporte de lipídios Lehninger, Principles of Biochemistry
  • 15.
  • 16. Bases fisiopatológicas das dislipidemias primárias • Acúmulo de quilomícrons e/ou de VLDL: • Hipertrigliceridemia • Decorre da diminuição da hidrólise dos TAGs pela lipase lipoproteica (LPL) ou do aumento da síntese de VLDL • Acúmulo de LDL: • hipercolesterolemia • Doenças monogênicas: no gene do LDL-R (hipercolesterolemia familiar) ou no gene da apo B100 (identifica o LDL) • Hipercolesterolemias poligênicas: mais comuns, interação entre fatores genéticos e ambientais
  • 17. AVALIAÇÃO LABORATORIAL • Coleta de sangue: jejum de 12 horas (TG e LDL) • Cálculo do (LDL-C): fórmula de Friedewald. (válida se TG <400mg/dL). • Colesterol total (CT), apo B, apo A-I e HDL-C podem ser coletadas sem jejum prévio. • Perfil lipídico deve ser feito em indivíduos com dieta habitual, estado metabólico e peso estáveis por pelo menos 2 semanas antes da realização do exame. • Devem-se evitar ingestão de álcool e atividade física vigorosa nas 72 e 24 horas que antecedem a coleta de sangue, respectivamente.
  • 19. Etiologia das dislipidemias • Primária • Origem genética e/ou ambiental • Secundária
  • 20. Classificação das dislipidemias • hipercolesterolemia isolada: elevação isolada do LDL-C (≥ 160 mg/dl); • hipertrigliceridemia isolada: elevação isolada dos TGs (≥ 150 mg/dl) que reflete o aumento de VLDL, IDL e quilomícrons. • hiperlipidemia mista: valores aumentados de LDL-C (≥ 160 mg/dl) e TG (≥ 150 mg/dl). Nos casos em que TGs ≥ 400 mg/dl, o cálculo do LDL-C pela fórmula de Friedewald é inadequado, devendo-se, então, considerar a hiperlipidemia mista quando CT ≥ 200 mg/dl; • HDL-C baixo: redução do HDL-C (homens < 40 mg/ dl e mulheres < 50 mg/dl) isolada ou em associação a aumento de LDL-C ou de TG.
  • 21. Etiologia genética – Hipercolesterolemia familiar (CT>300 e LDL > 200) – Hipertrigliceridemia familiar (TG > 500) – Apresentação clínica: • eventos coronarianos em jovens da mesma família • Xantomas e xantelasmas
  • 22.
  • 23.
  • 24.
  • 25. 3 ou mais = SM
  • 26.
  • 27. ATIVIDADE 1 1. Um paciente do sexo masculino apresenta colesterol total de 236 mg/dL, HDL de 30 mg/dL, e triglicerídeos de 160 mg/dL. 1. Através da formula de Friedwald, calcule o LDL: 2. Compare as lipoproteinas aos valores de referência: 3. Classifique a dislipidemia deste paciente: 2. Uma paciente do sexo feminino de 31 anos de idade, apresenta CT = 180 mg/dL, HDL= 40 mg/dL, PA:140/120 mmHg não tratada, fumante e não diabética. Calcule o risco de morte por DCV nos próximos 10 anos. Classifique este risco. 3. Descreva resumidamente como ocorre o metabolismo dos lipídios e descreva quais tipos de dislipidemia podem ser desenvolvidas em função de alterações deste metabolismo? LDL = 236 – 30 – 160/5 = 174 LDL ALTO; CT limítrofe; HDL: baixo; TG: limítrofe HDL baixo (HDL baixo + LDL ALTO) e hiperlipidemia mista (TG>150 e LDL>160) 8 pontos; 6,7% de risco; risco intermediário
  • 28. Dietoterapia Não está de acordo com o guia alimentar!
  • 29. Dietoterapia • Em indivíduos de risco aderentes a dieta, a terapia nutricional pode diminuir de 10-15% da hipercolesterolemia em 45-60 dias. A hipertrigliceridemia tende a baixar mais rapidamente. (SBC)
  • 30.
  • 31.
  • 32. Dieta x dislipidemia • Tipos de gordura da dieta: • Colesterol (origem animal/ absorção metade/ fontes) • Ácidos graxos • Saturados • Insaturados • Monoinsaturados • ômega 9 • Poliinsaturados • ômega 6 • ômega 3 • Trans
  • 33. AG saturados de cadeia curta • Os AGCC são produzidos por bactérias intestinais, principalmente em resposta a FOS (fruto oligossacarídeos)  proteção da mucosa intestinal • Principais: • Butirato • Propionato • Acetato • Lactato
  • 34. AG saturados de cadeia média • Os TG de cadeia média (TCM), contém de 6 a 12 átomos de carbono, e são encontrados na gordura do coco. (C12:0 – láurico) • São absorvidos diretamente para a corrente sangüínea e levados para o fígado. • Não se incorporando significativamente às lipoproteínas para serem transportados  porém resultam indiretamente no aumento de lipoproteínas Tholstrup T, Ehnholm C, Jauhiainen M, et al. Effects of medium-chain fatty acids and oleic acid on blood lipids, lipoproteins, glucose, insulin, and lipid transfer protein activities. Am J Clin Nutr.2004;79(4):564-9.
  • 35. AG saturados de cadeia longa • Mirístico (14:0), encontrado no leite e seus derivados; • Palmítico (16:0), cujas principais fontes são a gordura animal e o óleo de palma  Mais abundante na alimentação • Esteárico (18:0), presente na gordura do cacau.
  • 36. AG saturados • De maneira geral, a gordura saturada (C12:0 - láurico, C14:0 - mirístico e C16:0 -palmítico) eleva a concentração plasmática de colesterol, especialmente o C14:0, enquanto o C18:0 (esteárico) é neutro em seus efeitos sobre o colesterol. • Mecanismos propostos para essa alteração • redução dos receptores de LDL hepáticos; • maior atividade da ACAT (acilcolesteril-aciltransferase) aumentando a esterificação do colesterol; • aumento na quantidade de colesterol esterificado transportado nas LDL • Permitem maior entrada de colesterol nas partículas de LDL
  • 37. AG insaturados • AG insaturados • Monoinsaturados • ômega 9 – oleico • Poliinsaturados • ômega 6  Pró inflamatório • linoleico (essencial e precursor dos demais poli) • Araquidônico • ômega 3  Anti inflamatório • Alfalinolênico (ALA) (fonte vegetal) • Eicosapentaenóico (EPA) • Docosahexaenóico (DHA) (fonte marinha) EQUILÍBRIO NA DIETA= w6/w3= 5
  • 38.
  • 39.
  • 40.
  • 41.
  • 42.
  • 43. AG Trans • Presentes na gordura da carne e leite de animais ruminantes • ↑LDL, ↓HDL • Formados na fritura dos alimentos e na desodorização óleos vegetais • Indústria: sintetizados na hidrogenação óleos vegetais • Ác. graxo elaídico: isômero do ác. graxo oléico
  • 44. Atividade 2 • Marque V ou F e justifique: • ( ) O coco e o abacate possuem colesterol bom por isso podem ser consumidos livremente na dieta • ( ) O Ac Graxo Saturado é pior que o trans porque além de elevar o LDL, ainda diminui o HDL • ( ) O azeite de oliva é uma excelente fonte de ômega 3 • ( ) A proporção ideal de w6/w3 na dieta é 5 • ( ) o w6 é mais pró inflamatório enquanto o w3 anti inflamatório • Quais as recomendações nutricionais que você daria ao paciente da questão 1? F F F V V
  • 45. Tratamento farmacológico na dislipidemia • Médica convidada: Dra. Carolina Gomes
  • 47. Obrigada! renata.abib@ymail.com Aula e materiais complementares disponíveis em: http://wp.ufpel.edu.br/renataabib/ Próxima aula: artigos dislipidemia