A política econômica está baseada em três pilares: gestão fiscal austera, estabilidade macroeconômica e foco nas exportações. A volatilidade do mercado é compatível com o seu nível de risco
1. Economic Letter
2006 número 1
Pilares Macroeconômicos
Luiz Nelson Porto Araujo
A política econômica está baseada em três pilares: gestão fiscal austera, estabilidade
macroeconômica e foco nas exportações. A volatilidade do mercado é compatível com o seu
nível de risco.
A política econômica do governo está baseada em três pilares fundamentais que – grosso modo, segue
a trajetória adotada pelo país deste a adoção do Plano Real, em 1994: gestão fiscal austera (com busca
de superávits primários), estabilidade da inflação e aumento das exportações. Tais pilares vêm
propiciando resultados visíveis: a estabilidade inflacionária, a gradual queda dos juros, a expansão do
crédito e, em certa medida, um crescimento nos investimentos privados e na geração de empregos no
país.
Por outro lado, sabe-se que existem ajustes estruturais que deveriam ser realizados. São itens
relacionados à: (i) necessidade de queda da dívida pública em relação ao PIB; (ii) redução expressiva
do déficit em conta corrente; (iii) implementação urgente das reformas fiscal/tributária e
administrativa da máquina governamental; (iv) definição clara de uma nova política industrial e (v)
drástica diminuição das desigualdades sociais, principalmente nas áreas de educação e saúde.
Concretizados, esses ajustes poderão representar ao País, de imediato, um crescimento vigoroso
do PIB a partir de 2007, a participação da iniciativa privada como financiadora e executora da
infraestrutura necessária para o desenvolvimento e uma presença ainda maior dos produtos brasileiros
no exterior. A médio e longo prazos, esses ajustes podem significar também uma melhoria da
qualidade da mão-de-obra disponível, a redução da pobreza e da desigualdade social e o foco efetivo
do governo em ações e projetos inclusão da população de baixa renda no mercado de consumo, de
educação e de saúde.
Até o início de 2007, com os três pilares da economia ainda sólidos, é provável que a taxa de
inflação seja ainda mais reduzida. Além disto, calcula-se que as contas públicas deverão, finalmente,
atingir o equilíbrio e o PIB poderá ter crescimento real. Com relação à produtividade das empresas, é
provável que aumente, assim como a competitividade. O ganho da agilidade do Estado e a diminuição
das desigualdades sociais também devem ser sentidas no ano que vem.
Já no âmbito dos negócios o clima é favorável em diversos segmentos da indústria, como
petroquímica, mineração, telecomunicações, papel e varejo. Na área de serviços, o crescimento
esperado está vinculado à oferta de serviços às indústrias. No setor de tecnologia, especificamente,
2. E C O N O M I C L E T T E R
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verifica-se que a expansão de grupos locais tem sido muito relevante, a despeito de multinacionais
dominarem este mercado.
Assim, nesse contexto, com ou sem ajustes, resta aos investidores compreenderem que, em
qualquer cenário, o potencial de crescimento é enorme. O mercado consumidor brasileiro é, com
certeza, um dos maiores do mundo, juntamente com os da China, Índia e Rússia. A possibilidade de se
desenvolverem parcerias e acordos de empresas estrangeiras com grupos nacionais é também
expressiva. O governo tem feito, em certa medida, a gradativa redução das barreiras de importação e
exportação.
Por fim, até este momento, não há o que temer quanto à economia do país. A volatilidade do
mercado brasileiro existe, mas o seu nível de risco é compatível com aquele observado em atividade
produtiva em países em franco desenvolvimento.
Luiz Nelson Porto Araujo, economista, é sócio-diretor da Delta Economics & Finance. Foi Professor do Departamento de
Planejamento e Análise Econômica da EAESP-FGV e da FCECA da Universidade Mackenzie.
As opiniões expressas nesse estudo são de responsabilidade exclusiva do(s) autor(es) e não expressam, necessariamente, a
visão da Delta Economics & Finance.