As perspectivas para 2014 serão balizadas, externamente, pela evolução da crise nas economias mais desenvolvidas, cuja profundidade e efeitos serão mais duradouros do que se imaginava. No Brasil, estas perspectivas ainda serão condicionadas pela credibilidade da política econômica,
especialmente em um ano de eleições majoritárias. Além disso, é importante observar que a experiência brasileira, a partir de 2010, com uma "Nova Matriz Econômica" mostrou-se um fracasso
1. CURRENT ISSUES
Janeiro 2014 volume 14 número 1
Perspectivas Econômicas para 2014
Luiz Nelson Porto Araujo
As perspectivas para 2014 serão balizadas, externamente, pela evolução da crise nas economias
mais desenvolvidas, cuja profundidade e efeitos serão mais duradouros do que se imaginava. No
Brasil, estas perspectivas ainda serão condicionadas pela credibilidade da política econômica,
especialmente em um ano de eleições majoritárias. Além disso, é importante observar que a
experiência brasileira, a partir de 2010, com uma "Nova Matriz Econômica" mostrou-se um fra-
casso.
Introdução
O Brasil é, hoje, a sétima maior economia do
mundo (medida em paridade de poder de
compra), com previsão de ser a quinta antes
do final desta década. É o segundo maior ex-
portador de produtos alimentícios, um dos
maiores produtores de petróleo, minerais e
veículos automotivos. Nossa economia é a
principal referência política e econômica de
toda a América Latina. Nossa estrutura de
governança é cada vez mais sólida e a de-
mocracia fincou raízes no sistema político,
desde o processo de abertura política em
1985. A inclusão social avançou significati-
vamente nas duas últimas décadas, apesar
dos desafios que ainda remanescem para
qualificação da mão de obra e atendimento
das demandas por educação e saúde. Re-
centemente, no âmbito das discussões so-
bre a atual crise econômica, foi promovido a
interlocutor privilegiado no FMI, no G-20 e
em outros fóruns mundiais. Sem dúvida, um
conjunto de atributos que poderiam assegu-
rar um processo sustentado de crescimento
a taxas ao redor de 4,0% ao ano. Para isso,
precisamos superar gargalos estruturais his-
tóricos, através do planejamento público e
privado e de iniciativas republicanas.
As principais economias desenvolvidas e
emergentes, e os seus respectivos mercados
financeiros (em particular, bancário), estão
se recuperando lentamente da crise no mer-
cado hipotecário subprime iniciada nos Esta-
dos Unidos, que rapidamente se transformou
em uma crise de dívida soberana em diver-
sas economias da zona do euro. A dinâmica
econômica dos Estados Unidos, dos países
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da zona do euro, do Japão, da China e da
Índia tem efeitos estruturais, e não apenas
conjunturais, sobre a economia brasileira. As
disparidades econômicas, políticas e sociais
destas economias – fundamentais na estru-
tura de governança mundial – são determi-
nantes da dinâmica e do potencial nacional.
Além disso, o desenvolvimento econômico e
político da América Latina, região onde o
Brasil continua a focar a sua inserção e lide-
rança, traz desafios muito importantes, par-
ticularmente quando se considera a forte de-
terioração no ambiente social, político e eco-
nômico da Argentina e da Venezuela.
Por fim, é importante observar que a experi-
ência brasileira, a partir de 2010, com uma
"Nova Matriz Econômica" mostrou-se um fra-
casso. O abandono do tripé econômico ba-
seado em câmbio flexível, metas de inflação
e superávit primário, somado à condução da
política econômica centrada em medidas
conjunturais, com desistência de aprofundar
as reformas microeconômicas estruturais ne-
cessárias, resultou em aumento generali-
zado no grau de incerteza, com prejuízo so-
bre os investimentos privados e o cresci-
mento do PIB nacional.
As perspectivas para 2014 serão balizadas,
externamente, pela evolução da crise nas
economias mais desenvolvidas, cuja profun-
didade e efeitos serão mais duradouros do
que se imaginava. Apesar disso, já são per-
cebidos sinais da retomada do crescimento
econômico sustentado – geográfica e setori-
almente limitado, é claro – desde o final do
ano passado, mesmo considerando a redu-
ção das perspectivas de crescimento da
China e Índia. No Brasil, estas perspectivas
ainda serão condicionadas pela credibilidade
da política econômica, especialmente em
um ano de eleições majoritárias. É sabido
que esta credibilidade depende, fundamen-
talmente, do reconhecimento de que a esta-
bilidade macroeconômica é condição funda-
mental para o desenvolvimento e a inserção
social de milhões de brasileiros. Esta estabi-
lidade se resume a controle da inflação, dis-
ciplina fiscal e monetária, gestão pública efi-
ciente e programas sociais focalizados na po-
pulação mais carente. É óbvio que interven-
ções pontuais em determinados setores de
atividade e o uso de políticas anticíclicas in-
teligentes devem ser defendidas. No en-
tanto, isto não implica na generalização de
medidas de ajustes descontínuas, populistas
e de baixa eficiência e eficácia – apesar de
todas as pressões políticas em sentido con-
trário.
Estados Unidos, Zona do Euro e
Japão
A recuperação dos Estados Unidos continua,
mas com incertezas decorrentes não apenas
da condução da política macroeconômica –
em particular, a monetária conduzida pelo
Federal Reserve Bank –, mas, também, da
polarização política cada vez mais intensa
entre democratas e republicanos. A oposição
radical liderada por uma minoria ligada ao
movimento Tea Party tem tido sucesso em
restringir significativamente os graus de liber-
dade do Presidente Obama e, apesar do
crescimento do PIB ter sido razoável – até
mesmo superior ao brasileiro – o nível de em-
prego ainda se encontra abaixo do observado
antes da crise do mercado subprime em
2007 e, o mercado imobiliário, apesar de es-
tabilizado ainda se encontra deprimido. Os
principais desafios são: (i) redução do déficit
fiscal, em velocidade controlada, que não li-
mite a continuidade do processo de recupe-
ração e que contemple o aumento da tribu-
tação, (ii) definição sobre a trajetória futura
da política monetária acomodativa, em parti-
cular, da compra de títulos privados e da
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taxa de juros muito próxima de zero, (iii) im-
plantação de políticas de emprego, que im-
peça o atual quadro de desemprego de tor-
nar-se estrutural e (iv) continuidade na im-
plantação do Dodd-Frank Act, de 2010, que
permita aumentar a resiliência do sistema fi-
nanceiro.
As assimetrias entre as economias da zona
do euro, em termos econômicos, políticos,
sociais, geográficos, são imensas. A dinâ-
mica da região é induzida, principalmente,
pelas decisões no eixo Berlim, Bruxelas e Pa-
ris. Apesar das discussões atuais ainda esta-
rem centradas sobre o risco de uma "década
perdida", resultado de uma combinação de
baixo crescimento econômico e deflação, as
projeções atuais indicam uma inflação muito
baixa para os próximos anos (em média, ao
redor de 1,5%), sem indícios de uma defla-
ção geral e com as expectativas muito próxi-
mas do nível considerado como de estabili-
dade pelo Banco Central Europeu. A experi-
ência internacional e, particularmente das
principais economias latino-americanas en-
tre 1980-2000, indica que a melhor prote-
ção contra o risco de uma década perdida é
a implantação de reformas estruturais que
estimulem o consumo privado, aumentem a
lucratividade do investimento e introduzam
novos instrumentos de gestão pública. O de-
safio desta implantação decorre das fortes
demandas sociais e políticas – principal-
mente nas economias mais frágeis e depen-
dentes de transferências, como Espanha,
Grécia e Portugal –, e dos problemas, no
longo prazo, decorrentes de uma taxa de ju-
ros muito baixa.
O Japão, após mais de duas décadas de
baixo crescimento econômico, alterou dras-
ticamente a condução da sua política macro-
econômica. Apesar dos resultados positivos
obtidos desde então, com elevação dos in-
vestimentos e do consumo privado, os riscos
ainda persistem, principalmente devido às
preocupações com os desenvolvimentos
econômicos, sociais e políticos na Zona do
Euro e a redução do crescimento econômico
na China. Os desafios mais importantes são:
(i) consolidação fiscal, que permita a redu-
ção da elevada razão dívida pública/PIB, (ii)
aumento do crescimento potencial, com re-
dução das restrições à contratação de mu-
lheres e idosos, desregulamentação dos se-
tores agrícola e de serviços, (iii) continuação
de uma política monetária "frouxa", com au-
mento da inflação (permitindo a saída de um
histórico deflacionário de longo prazo) e (iv)
manutenção da estabilidade do setor finan-
ceiro, com a continuidade do monitoramento
de riscos sistêmicos (incluindo o risco de ex-
posição à títulos públicos) e melhoria da re-
gulação prudencial (aumento dos requisitos
de capital e melhoria das avaliações de sol-
vência).
Rússia, Índia e China
A Rússia recuperou-se rapidamente da crise
econômica e o hiato do produto, atualmente,
é muito pequeno, com uma taxa de inflação
baixa, mas com perspectivas de aumento. A
política fiscal procíclica que deve ser mantida
por algum tempo, apesar da redução parcial
dos estímulos fiscais, teve efeitos importan-
tes na manutenção das taxas de crescimento
e do emprego, enquanto que a política mo-
netária induziu uma maior flexibilidade na
taxa de câmbio que, por sua vez, contribuiu
para a absorção de choques externos. Os
maiores desafios no curto prazo são: (i) ma-
nutenção da estabilidade macroeconômica e
fortalecimento das políticas e dos instrumen-
tos de gestão pública, (ii) decisão sobre as
incertezas quanto à implantação das refor-
mas estruturais necessárias, (iii) controle do
excesso de demanda doméstica para evitar
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pressões inflacionárias, (iv) retomada dos in-
vestimentos, mediante aperfeiçoamento do
arcabouço institucional e jurídico e (v) super-
visão e aperfeiçoamento do sistema bancá-
rio.
A Índia ainda apresenta uma das maiores ta-
xas de crescimento do mundo, mas, recen-
temente, um conjunto de fatores – incluindo
a evolução dos ajustes macroeconômicos
nas economias mais desenvolvidas e o mo-
roso processo decisório das autoridades pú-
blicas – impactou sobremaneira o nível dos
investimentos. Os principais desafios neste
momento, são: (i) conter a desvalorização da
rúpia, atingida pela saída de investidores es-
trangeiros, (ii) conter a inflação em alta, de-
corrente do crescimento dos gastos do go-
verno e dos preços dos alimentos, (iii) refor-
mar o sistema bancário, para induzir a en-
trada de novos concorrentes, (iv) fortalecer a
credibilidade do Banco Central Indiano, que
não é independente, (v) retomar o nível dos
investimentos e (vi) manter o processo de in-
clusão social (mais de 30% da população in-
diana vive abaixo do nível de pobreza definido
pelo governo). Estes desafios são ainda mais
relevantes quando se considera uma matriz
econômica com quatro grandes problemas
estruturais: (i) aumento do custo de mão de
obra, que prejudica a competitividade das
empresas, (ii) leis trabalhistas arcaicas, que
limitam a expansão dos investimentos, (iii)
infraestrutura precária, que eleva os custos
logísticos e também prejudica a produtivi-
dade e (iv) elevados déficits no balanço de
pagamento em conta corrente – atualmente
financiado pela entrada de capital externo –,
que pressiona a taxa de câmbio.
A China cresceu rapidamente ao longo dos
últimos trinta anos. Entre 1978 e 2012, a
taxa de crescimento do PIB real foi, em mé-
dia, de 10,0% ao ano, resultando em um au-
mento de mais de 20 vezes do nível de pro-
dução. A reestruturação da economia mun-
dial em decorrência da crise iniciada em
2007 nos Estados Unidos, bem como os
ajustes internos, implicou em um "pouso" su-
ave, com perspectiva de crescimento abaixo
de 8,0% nos próximos anos. Em outubro
deste ano, o 18° Congresso Nacional, anun-
ciou uma nova geração de líderes que deve
conduzir a segunda maior economia do
mundo. Logo em seguida, em 12 de novem-
bro, foi aprovada pelo 3° Plenário do 18° Co-
mitê Central do Partido Comunista Chinês
uma Resolução referente aos "Principais Te-
mas no Aprofundamento das Reformas", or-
ganizado em 16 capítulos, abarcando um
amplo espectro de questões, dentre outras:
ideológicas, instituições econômicas, siste-
mas de mercado, funções públicas, reformas
estruturais e sociais, inovação, ecologia, go-
vernança e defesa. Os principais desafios
são: (i) os riscos associados ao mercado
imobiliário, ao sistema financeiro e às finan-
ças públicas locais, (ii) o rebalanceamento
da economia em direção ao consumo do-
méstico, (iii) a inserção na matriz econômica
da população rural, com menores restrições
à migração do campo para as cidades, (iv) o
posicionamento da moeda chinesa como
meio de pagamento e de reserva no mercado
financeiro internacional.
América Latina
As disparidades entre os países da América
Latina são imensas. A região é formada por
21 países, ocupando uma área de 21 mi-
lhões de km2
(14,1% da superfície terrestre)
e quase 600 milhões de habitantes. O Brasil,
colonizado por portugueses, difere significa-
tivamente na língua e nas tradições culturais
desta região, e responde por aproximada-
mente 40,0% da área total e 35,0% da po-
pulação.
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Em 2014, o PIB da América Latina deve cres-
cer menos do que o observado em 2013
(3,0%), o que sugere a manutenção dos pro-
blemas que implicaram na desaceleração
econômica da região desde 2011. Apesar
disso, podem ser observadas diferenças im-
portantes na taxa de crescimento do PIB das
principais economias desta região, sendo
este crescimento determinado, principal-
mente, pela demanda interna, sobretudo do
consumo. As perspectivas para 2014 são de
manutenção do atual nível de crescimento. A
região deve apresentar uma pequena redu-
ção da taxa de desemprego, causada não
pelo atendimento da demanda, mas sim pela
queda da oferta de trabalho, com perspecti-
vas também de manutenção do atual pata-
mar de emprego em 2014. Os investimen-
tos, como proporção do PIB, ainda são bai-
xos e concentrados, geralmente, em setores
exportadores e com baixo efeito multiplica-
dor.
Frente ao menor dinamismo do crescimento
e à deterioração do setor externo, as metas
da política fiscal na região se flexibilizaram, o
que na maioria dos países foi possível graças
às condições favoráveis de acesso a financi-
amento, com taxas de juros historicamente
baixas. O gasto público (como proporção do
PIB) aumentou moderadamente na maioria
dos países, incluindo um maior gasto em ca-
pital, com exceção do Brasil e do México.
Houve alguma deterioração das contas fis-
cais em vários países exportadores de hidro-
carbonetos, principalmente por um maior au-
mento de seu gasto público e, no caso dos
exportadores de minerais e metais, devido a
uma redução das receitas fiscais associadas
a preços menos favoráveis de seus produtos
de exportação.
Em um estudo recente, o FMI concluiu que,
apesar dos riscos, a expectativa é que os di-
recionadores externos continuem a fomentar
o crescimento da América Latina. Com a per-
sistência da política monetária dos Estados
Unidos, não são esperadas elevações rele-
vantes e rápidas da taxa de juros, o que con-
tribui para a manutenção favorável das con-
dições de financiamento externo. O dina-
mismo da demanda das economias emer-
gentes e da Ásia, assim com a recuperação
gradual das economias da zona do euro, de-
vem manter os preços relativos das matérias
primas, o que beneficia os países exportado-
res. No entanto, dada a possibilidade de al-
teração no ambiente global o principal desa-
fio para a maioria dos países desta região é
aproveitar o atual momento e estabelecer as
condições necessárias para a construção de
uma base sólida que assegure o crescimento
sustentado no futuro próximo.
Segundo o "Balanço Preliminar das Econo-
mias da América Latina e do Caribe", elabo-
rado pela Cepal, as perspectivas para a re-
gião em 2014 serão as seguintes: (i) a maior
demanda externa e um crescimento mo-
desto do consumo devem contribuir para a
recuperação do crescimento da América La-
tina e do Caribe, (ii) as exportações devem
aumentar, mas com a persistência de al-
guma vulnerabilidade do setor externo, (iii) a
política fiscal enfrentará maiores desafios e
a monetária, cambial e macro prudencial, na
maioria dos países, devem manter as mes-
mas tendências observadas no período mais
recente, (iv) o cenário global deve trazer
oportunidades e ameaças para toda a região.
Em síntese, a análise da dinâmica econô-
mica, política e social desta região no perí-
odo recente permite diversas conclusões,
sendo a primeira a existência de assimetrias
imensas entre os países que formam esta re-
gião. Segunda, apenas algumas economias
fizeram a "lição de casa" em termos de for-
mulação e condução de políticas macroeco-
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nômicas que buscam assegurar o cresci-
mento sustentado, sobressaindo-se o Brasil,
o Chile, o México e, mais recentemente, a
Colômbia e o Peru. Terceira, o crescimento
do PIB regional depende diretamente da di-
nâmica das economias mais desenvolvidas,
além da China e Índia, e está baseado es-
sencialmente em setores exportadores de
matérias primas, com baixo nível de inovação
e participação em cadeias globais de supri-
mento. Quarta, as políticas públicas, em
muitos países, tiverem sucesso em reduzir as
disparidades sociais e induzir um processo
de inclusão social, resultando em queda da
concentração da renda. Quinta, o mercado
de trabalho da região ainda é formado por
mão de obra pouco qualificada, sendo que
as condições da oferta e demanda por edu-
cação (básica e superior) são, em sua maior
parte, pouco universalizadas. Sexta, a oferta
de infraestrutura de saúde, energia, trans-
porte, comunicações, abastecimento de
água e saneamento é bastante precária, par-
ticularmente nas economias mais pobres e
em áreas rurais, implicando em baixa produ-
tividade das empresas, condições precárias
de bem-estar social, perdas de produção e
má-alocação de recursos escassos. Sétima,
o regime democrático – definido em função
de: (i) eleições limpas, livres, pluripartidárias
e periódicas com direito à alternância para o
Executivo e o Legislativo, (ii) direitos políticos
extensos para a maioria adulta da população
iii) Estado de Direito, onde o aparato institu-
cional tem como objetivo principal garantir
direitos individuais e manter o estado laico e
iv) controle dos civis sobre os militares –
ainda é precário na maioria dos países. Mais
ainda, o populismo econômico e político em
alguns países, especialmente na Argentina,
Bolívia, Equador e Venezuela, retoma uma vi-
são de poder ultrapassada, mas reformatada
no ideal "bolivariano", de inspiração do ex-
presidente Hugo Chávez. Por fim, o fracasso
da Rodada de Doha – que prejudicou o
avanço das negociações multilaterais de co-
mércio e induziu a retomada dos tratados bi-
laterais de comércio – abriu novas oportuni-
dades não apenas para o comércio entre os
países desta região, mas, também, entre
eles e outras economias. Em particular, di-
versas iniciativas bilaterais estão em discus-
são sendo a mais importante a "Aliança do
Pacífico", um bloco comercial latino-ameri-
cano criado em junho de 2012 que agrega
Chile, Colômbia, México e Peru. Estes países
representam aproximadamente 35,0% do
PIB da América Latina e exportações totais
superiores à 50,0% mais do que o Mercosul
(principal bloco econômico da América La-
tina).
Brasil
Desde a adoção do Plano Real, em 1994, se
discute o crescimento sustentado da econo-
mia brasileira. A pergunta que se coloca é:
as próximas décadas podem ser tão positivas
em termos de crescimento quanto os "trinta
anos de ouro" (1950-1980)? Esta pergunta
é ainda mais pertinente quando se sabe que
o Brasil, como outras economias emergen-
tes, depara-se com uma série de desafios
econômicos, políticos e sociais de natureza
estrutural. Estes desafios estão diretamente
relacionados com a nossa história, a sua in-
serção no sistema mundial de governança e
os gargalos e disparidades econômicas e so-
ciais que, há séculos, definem a nossa soci-
edade. A identificação destes desafios é ta-
refa muito mais simples do que a decisão po-
lítica e a alocação de recursos – físicos e fi-
nanceiros – para a sua superação.
Em síntese, o principal problema estrutural
do Brasil é assegurar taxas de crescimento
ao redor de 4,0% ao ano. Como se sabe,
esta taxa resulta da soma do crescimento do
emprego e do crescimento do produto por
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trabalhador. Agora, como a taxa de cresci-
mento da população economicamente ativa
está em queda e, como a maior parcela da
população já está empregada, não existe
muito espaço para o crescimento do em-
prego exceder o crescimento do PIB. Assim,
nas próximas décadas este crescimento deve
decorrer do aumento do produto por traba-
lhador, ou seja, da produtividade do trabalho.
A formação bruta de capital fixo (investi-
mento bruto) é um dos principais componen-
tes da demanda. Um dos efeitos positivos do
investimento é aumentar a capacidade ins-
talada da economia, o que permite um cres-
cimento mais acelerado sem pressões infla-
cionárias. O Brasil ainda não conseguiu as-
segurar as condições necessárias para o au-
mento dos investimentos como proporção do
PIB. As razões são inúmeras: (i) arcabouço
regulatório instável, sujeito à influência polí-
tica, com má gestão e baixa segurança jurí-
dica para atrair novos investimentos, (ii) pro-
blemas na execução do Programa de Acele-
ração do Crescimento (PAC), anunciado em
22/01/2007, com atrasos no cronograma de
várias obras que decorreram, principal-
mente, de problemas de gestão e de ações
judiciais (desapropriação, licenciamento am-
biental, leilões de concessão, etc.) contra
obras do Programa. O resultado foi o pe-
queno efeito multiplicador destes investi-
mentos, (iii) mercado financeiro de longo
prazo ainda muito incipiente, sendo o BNDES
o agente mais importante na manutenção
dos níveis de investimento, ou seja, com pa-
pel estratégico significativo no financiamento
da infraestrutura nacional e (iv) a percepção
do investidor – principalmente o estrangeiro
– sobre o estado da economia e as perspec-
tivas de crescimento são "bombardeadas"
por iniciativas de políticas públicas incongru-
entes e até mesmo ingênuas.
Em maio de 2009, a FIFA anunciou que 12
cidades brasileiras iriam sediar a Copa do
Mundo de 2014, o que implica hospedar 32
equipes e suas comitivas durante um mês e
criar estrutura para a realização de partidas
que serão transmitidas para todo do mundo,
no maior evento midiático do planeta (es-
tima-se que durante a Copa de 2014 cerca
de três bilhões de telespectadores assistam
às transmissões). A infraestrutura, junta-
mente com a segurança, são os maiores de-
safios para o sucesso deste evento. Os mai-
ores gastos com infraestrutura nas cidades
sede compreendem: (i) reforma e construção
de estádios/vilas olímpicas e (ii) obras em ae-
roportos, portos, rodovias, hospitais e siste-
mas de telecomunicações. O balanço atual
dos investimentos necessários para a reali-
zação da Copa indica que, apesar do crono-
grama de conclusão das arenas estar atra-
sado, todas elas estarão concluídas até o
prazo final estabelecido pela FIFA. No en-
tanto, a matriz de responsabilidade com os
Estados inicialmente proposta pelo governo
federal não será cumprida, com apenas a re-
modelação dos aeroportos concluída. O
maior fracasso está nos projetos de mobili-
dade urbana que foram considerados neces-
sários e que, atualmente, estão na sua mai-
oria descartados. Por fim, é importante ob-
servar que a experiência internacional mostra
que os efeitos econômicos ex post associa-
dos a este evento são muito inferiores à ex-
pectativa ex ante. De fato, os multiplicadores
de emprego e renda, os benefícios espera-
dos com novos equipamentos de transporte
e comunicação (e de infraestrutura em ge-
ral), as externalidades positivas e, em última
instância, o aumento do PIB, são muito infe-
riores à expectativa inicial. Assim, não se es-
pera qualquer ganho relevante no cresci-
mento do PIB em 2014 decorrente da Copa.
Todo processo de desenvolvimento econô-
mico sustentado exige uma taxa de inflação
baixa e pouco volátil. A conjugação de pro-
dução, investimento e geração de emprego
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com inflação elevada só existe no mundo da
fantasia. Não existe, na moderna teoria e
boa prática econômica, qualquer argumento
plausível para que a taxa de inflação seja ele-
vada. Pior ainda, o aumento da taxa de infla-
ção penaliza não apenas as decisões de in-
vestimento como também – e principalmente
– a população mais carente do país. O com-
portamento da taxa de inflação em 2014
deve continuar a exigir atenção da autori-
dade monetária, apesar das pressões asso-
ciadas ao ciclo econômico-político.
A trajetória da taxa Selic a partir de 2011,
após uma experimentação desastrada no
âmbito da "nova matriz econômica", retomou
à faixa de dois dígitos, que deve ser mantida
em 2014. A redução significativa desta taxa
foi baseada em um diagnóstico equivocado
da sua fundamentação, em uma tentativa de
experimentação fundamentada em uma vi-
são político-ideológica há muito ultrapassada
e, por fim, em uma análise superficial dos
potenciais efeitos multiplicadores que pode-
ria ter sobre a geração de emprego, renda e
investimento. Conjugada com a condução de
uma política fiscal errônea e muito distinta
(adoção de contabilidade criativa, redução
da meta de superávit primário, expansão das
despesas, desonerações tributárias) daquela
que prevaleceu nas duas administrações an-
teriores, o resultado não poderia ser sido di-
ferente – a menos que o compromisso com
a meta de inflação fosse abandonado, reti-
rando a âncora das expectativas inflacioná-
rias do País.
No setor externo, o saldo da balança comer-
cial continua muito ruim por diversos moti-
vos, não apenas de ordem externa, mas,
principalmente, de ordem interna associado
ao custo Brasil. A conta de serviços deve
manter seu déficit estrutural, dadas as des-
pesas com o pagamento de empréstimos ex-
ternos, as remessas de lucros e dividendos,
o turismo e os fretes e seguros. O cresci-
mento da atividade econômica e a manuten-
ção da taxa de câmbio são variáveis explica-
tivas importantes do saldo desta conta. O
saldo em transações correntes (que, do
ponto de vista econômico, corresponde ao
excesso do consumo e investimento sobre o
produto, ou o excesso dos investimentos so-
bre poupança doméstica e, do ponto de vista
contábil, é o excesso importações sobre as
exportações de bens e serviços) continua ne-
gativo e, pior, crescente em relação ao PIB.
Com o acirramento da crise cambial, em se-
tembro de 2008, o real iniciou um processo
acelerado de valorização (juntamente com
uma maior volatilidade). Os resultados até
este momento indicam que o Real foi a mo-
eda que mais se valorizou no mundo e a mo-
eda mais volátil dentre um conjunto de paí-
ses das Américas (Argentina, Bolívia, Chile,
Colômbia, Estados Unidos, México, Peru e
Venezuela). O resultado do balanço de paga-
mentos (e, principalmente, da balança co-
mercial), o calendário eleitoral do próximo
ano e a provável redução do rating do Brasil
(com a perda do grau de investimento) pelas
agências internacionais de avaliação de
risco, devem definir a taxa de câmbio
R$/US$ em 2014. Por fim, é importante ob-
servar que, desde 2002 e até 2010, com os
saldos comerciais em crescimento e a esta-
bilidade nos mercados internacionais, as re-
servas internacionais do Brasil cresceram
substancialmente e superaram US$ 360 bi-
lhões.
Por fim, a dinâmica econômica, em 2014,
ainda será impactada: (i) pelo calendário
eleitoral, com a eleição para Presidente da
República, governadores e membros do le-
gislativo, impactando a condução macroeco-
nômica (juros, inflação e finanças públicas),
(ii) pela Copa mundial de futebol, com a re-
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dução da atividade econômica e dos garga-
los logísticos esperados, (iii) por manifesta-
ções de protesto popular por segmentos so-
ciais e políticos, que terão na Copa uma vi-
trine para as mais diversas manifestações,
muitas delas em continuidade àquelas ob-
servadas em 2013 e (iv) pela evolução do
ambiente econômico, político e social na Ar-
gentina (eleição presidencial prevista para
outubro de 2015) e na Venezuela, com a ex-
pectativa de acirramento das posições radi-
cais dos governantes atuais.
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Taxa de crescimento do PIB real (% a.a.)
2008 2009 2010 2011 2012 2013E 2014E
Estados Unidos -0,3 -2,8 2,5 1,8 2,8 1,6 2,6
Zona do Euro 0,4 -4,4 2,0 1,5 -0,6 -0,4 1,0
Japão -1,0 -5,5 4,7 -0,6 2,0 2,0 1,2
Fonte: FMI – World Economic Outlook – out 2013.
Taxa de inflação – preços ao consumidor (% a.a.)
2008 2009 2010 2011 2012 2013E 2014E
Estados Unidos 3,8 -0,3 1,6 3,1 2,1 1,4 1,5
Zona do Euro 3,3 0,3 1,6 2,7 2,5 1,5 1,5
Japão 1,4 -1,3 -0,7 -0,3 0,0 0,0 2,9
Fonte: FMI – World Economic Outlook – out 2013.
Saldo em transações correntes (% do PIB)
2008 2009 2010 2011 2012 2013E 2014E
Estados Unidos -4,6 -2,6 -3,0 -2,9 -2,7 -2,7 -2,8
Zona do Euro -0,7 0,2 0,6 0,7 1,9 2,3 2,5
Japão 3,3 2,9 3,7 2,0 1,0 1,2 1,7
Fonte: FMI – World Economic Outlook – out 2013.
Taxa de crescimento do PIB real (% a.a.)
2008 2009 2010 2011 2012 2013E 2014E
Rússia 5,2 -7,8 4,5 4,3 3,4 1,5 3,0
Índia 3,9 8,5 10,5 6,3 3,2 3,8 5,1
China 9,6 9,2 10,4 9,3 7,7 7,6 7,3
Fonte: FMI – World Economic Outlook – out 2013.
Taxa de inflação – preços ao consumidor (% a.a.)
2008 2009 2010 2011 2012 2013E 2014E
Rússia 14,1 11,7 6,9 8,4 5,1 6,7 5,7
Índia 9,1 12,4 10,4 8,4 10,4 10,9 8,9
China 5,9 -0,7 3,3 5,4 2,6 2,7 3,0
Fonte: FMI – World Economic Outlook – out 2013.
Saldo em transações correntes (% do PIB)
2008 2009 2010 2011 2012 2013E 2014E
Rússia 6,3 4,1 4,4 4,1 3,7 2,9 2,3
Índia -2,3 -2,8 -2,7 -4,2 -4,8 -4,4 -3,8
China 9,3 4,9 4,0 1,9 2,3 2,5 2,7
Fonte: FMI – World Economic Outlook – out 2013.
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Taxa de crescimento do PIB real (% a.a.)
2008 2009 2010 2011 2012 2013E 2014E
Argentina 6,8 0,9 9,2 8,9 1,9 3,5 2,8
Bolívia 6,1 3,4 4,1 5,2 5,2 5,4 5,0
Brasil 5,2 -0,3 7,5 2,7 0,9 2,5 2,5
Chile 3,1 -0,9 5,7 5,8 5,6 4,4 4,5
Colômbia 3,5 1,7 4,0 6,6 4,0 3,7 4,2
Equador 6,4 0,6 3,0 7,8 5,1 4,0 4,0
México 1,2 -4,5 5,1 4,0 3,6 1,2 3,0
Paraguai 6,4 -4,0 13,1 4,3 -1,2 12,0 4,6
Peru 9,8 0,9 8,8 6,8 6,3 5,4 5,7
Uruguai 7,2 2,2 8,9 6,5 3,9 3,5 3,3
Venezuela 5,3 -3,2 -1,5 4,2 5,6 1,0 1,7
Fonte: FMI – World Economic Outlook – out 2013.
Taxa de inflação – preços ao consumidor (% a.a.)
2008 2009 2010 2011 2012 2013E 2014E
Argentina 8,6 6,3 10,5 9,8 10,0 10,5 11,4
Bolívia 14,0 3,3 2,5 9,9 4,5 4,8 4,1
Brasil 5,7 4,9 5,0 6,6 5,4 6,3 5,8
Chile 8,7 1,5 1,4 3,3 3,0 1,7 3,0
Colômbia 7,0 4,2 2,3 3,4 3,2 2,2 3,0
Equador 8,4 5,2 3,6 4,5 5,1 2,8 2,4
México 5,1 5,3 4,2 3,4 4,1 3,6 3,0
Paraguai 10,2 2,6 4,7 8,3 3,7 3,2 4,6
Peru 5,8 2,9 1,5 3,4 3,7 2,8 2,5
Uruguai 7,9 7,1 6,7 8,1 8,1 8,5 8,6
Venezuela 30,4 27,1 28,2 26,1 21,1 37,9 38,0
Fonte: FMI – World Economic Outlook – out 2013.
Saldo em transações correntes (% do PIB)
2008 2009 2010 2011 2012 2013E 2014E
Argentina 1,8 2,5 0,3 -0,6 0,0 -0,8 -0,8
Bolívia 11,9 4,3 3,9 0,3 7,8 4,2 3,1
Brasil -1,7 -1,5 -2,2 -2,1 -2,4 -3,4 -3,2
Chile -3,2 2,0 1,5 -1,3 -3,5 -4,6 -4,0
Colômbia -2,9 -2,1 -3,1 -2,9 -3,2 -3,2 -3,2
Equador 2,8 0,5 -2,4 -0,3 -0,2 -1,1 -1,4
México -1,8 -0,9 -0,3 -1,0 -1,2 -1,3 -1,5
Paraguai 1,0 3,2 -0,3 1,2 0,4 0,5 -0,2
Peru -4,2 -0,6 -2,5 -1,9 -3,6 -4,9 -5,1
Uruguai -5,7 -1,3 -1,9 -2,9 -5,4 -4,9 -4,1
Venezuela 10,2 0,7 3,0 7,7 2,9 2,8 2,2
Fonte: FMI – World Economic Outlook – out 2013.
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Avaliação das principais economias da América Latina
Política Economia Social Competitividade Doing business
Argentina muito ruim ruim ruim ruim muito ruim
Bolívia neutro neutro muito ruim muito ruim muito ruim
Brasil muito bom bom ruim ruim ruim
Chile muito bom bom bom bom muito bom
Colômbia neutro neutro muito ruim ruim muito bom
Equador neutro neutro muito ruim ruim ruim
México bom bom neutro neutro muito bom
Paraguai neutro neutro neutro muito ruim ruim
Peru bom neutro muito ruim ruim muito bom
Uruguai neutro neutro ruim muito ruim ruim
Venezuela muito ruim muito ruim muito ruim ruim muito ruim
Fonte: com base em informações compiladas pelas Nações Unidas, Fundo Monetário Internacional e Comissão Eco-
nômica para a América Latina e o Caribe; análise Delta Economics & Finance.
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Oportunidades e ameaças em 2014
Oportunidades Ameaças
Parcerias público-priva-
das
- gargalos na infraestrutura física e social
- conclusão dos editais de rodovias, ferro-
vias e portos
- definição do modelo de negócio para os
aeroportos regionais
- abertura de novas fronteiras, especial-
mente na área de saúde, educação e se-
gurança
- atrasos derivados de erros nos editais
encontrados pelo TCU
- viés político-ideológico do governo em
ano eleitoral, restringindo os novos ativos
ofertados
- insuficiência operacional para definição
de modelos de negócio, novas fronteiras
e elaboração de editais
- restrições impostas pela lei eleitoral no
calendário de ofertas públicas
Pré-sal - adensamento da cadeia de fornecedo-
res
- entrada de empresas estrangeiras, com
novas tecnologias e alianças estratégicas
com empresas brasileiras
- restrições à entrada de empresas es-
trangeiras associadas, principalmente, à
exigência de conteúdo nacional
- atraso nos investimentos, decorrente da
insuficiência de recursos financeiros e hu-
manos por parte da Petrobras
Concessões públicas - gargalos na infraestrutura física e social - viés político-ideológico do governo em
ano eleitoral, restringindo os novos ativos
ofertados
- restrições impostas pela lei eleitoral no
calendário de ofertas públicas
Mercado doméstico - redução da taxa de inflação
- controle das contas públicas, com fixa-
ção do nível do superávit primário e das
despesas necessárias para a manutenção
do grau de investimento
- manutenção do nível de emprego renda
- manutenção do nível de consumo, com
redução da inadimplência
- aumento dos investimentos públicos e
privados
- aumento da inflação
- deterioração da posição fiscal, com
perda do grau de investimento
- aumento do nível de desemprego, com
queda da renda agregada
- queda do consumo decorrente do au-
mento da inadimplência
- queda dos investimentos públicos e pri-
vados devido à volatilidade da política
econômica, redução do volume de crédito
e incerteza regulatória
Mercado internacional - estabilização das economias da zona do
euro
- retomada do crescimento do Japão
- manutenção da recuperação econômica
dos Estados Unidos, com redução da po-
larização entre democratas e republica-
nos, e afrouxamento suave da política
monetária
- pouso suave da China e Índia
- manutenção dos fluxos internacionais
de capitais, com elevação lenta da taxa
de juros nos mercados globais
- deterioração das economias mais frá-
geis da zona do euro (especialmente, Es-
panha, Grécia e Portugal), contaminando
outras economias (em particular, a Itália)
- fracasso da política de afrouxamento
monetário no Japão, com manutenção da
deflação e pequenas taxas de cresci-
mento econômico
- acirramento da polarização política nos
Estados Unidos, recuperação mais lenta
do emprego e da produção e precipitação
da alteração da política monetária
- pouso forçado da China e Índica, decor-
rente da deterioração nos respectivos
mercados internos
- queda abrupta dos fluxos internacionais
de capitais, decorrente do diferencial de
juros, da volatilidade cambial crescente,
da deterioração das principais economias
e de incertezas políticas
Fonte: Delta Economics & Finance.