SOCIAL REVOLUTIONS, THEIR TRIGGERS FACTORS AND CURRENT BRAZIL
Brasil sem rumo
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BRASIL: PAÍS SEM RUMO
Fernando Alcoforado*
O Brasil apresenta no momento declínio no crescimento econômico com tendência à
estagflação, aumento das taxas de inflação, elevadíssima carga tributária, endividamento
crescente da máquina pública, precariedade da infraestrutura de transporte e energia,
falência dos serviços públicos de educação e saúde, ameaça de desindustrialização,
gargalo logístico, queda vertiginosa na balança comercial e alto índice de corrupção.
Tudo isto acontece como resultado da incompetência do governo federal que não tem
sido capaz de delinear um plano estratégico para o desenvolvimento do Brasil.
O Brasil apresenta problemas também no campo da inovação que não se desenvolve
plenamente no País porque depende do falido sistema de educação do País incapacitado
de gerar conhecimento. Os últimos dados do Fórum Econômico Mundial colocam o
Brasil nas piores posições na questão educacional em escala mundial. Devido à
deficiência do sistema de educação do Brasil, as empresas brasileiras como Natura,
Vale, Embraer entre outras que efetivamente desenvolvem inovação buscam nas
grandes universidades americanas como o MIT conhecimento, pesquisas e pessoal para
atender a esta demanda.
A falta de visão estratégica e a incompetência gerencial são as principais marcas dos
governos brasileiros na história recente do Brasil. O Brasil opera como um “Titanic”
indo em direção ao “iceberg” da depressão sem que seus comandantes tomem as
devidas providências para evitar o desastre. O Brasil vem sendo governado há dezenas
de anos por gente incompetente, sem visão estratégica e sem perspectiva efetiva de
crescimento sustentável para o País. A incapacidade do governo se manifesta não
apenas na solução dos problemas da atualidade, mas, sobretudo por comprometer o
futuro da nação.
Para superar os problemas atuais do Brasil e promover seu desenvolvimento nos
próximos anos urge a elaboração de um plano estratégico de desenvolvimento para o
Brasil contemplando a adoção pelo governo brasileiro de uma nova política econômica,
centrada no incentivo à industrialização substitutiva de importações, passando-se a
produzir no Brasil o que é importado do exterior. O objetivo seria reduzir os gastos do
país em divisas com importações contribuindo, desta forma, para reduzir os déficits que
já estão ocorrendo na balança comercial e no balanço de pagamentos em conta corrente,
além de incrementar a geração de emprego e renda no mercado interno.
A ênfase no mercado interno é absolutamente necessária porque o Brasil não poderá
continuar dependente das receitas de exportação, especialmente da China que está
apresentando desaceleração no seu crescimento. O Brasil não pode continuar
dependente do mercado externo porque a crise econômica e financeira mundial não terá
solução a curto e médio prazos. A economia mundial se encontra em recessão e
caminha para a depressão. A saída do estado de depressão para o de retomada só
ocorrerá a longo prazo, se tomarmos por base a experiência das depressões de 1873 e
1929. O comércio exterior do Brasil será profundamente afetado nos próximos anos.
Nessas circunstâncias, urge a elaboração de um plano de desenvolvimento para o Brasil
fortemente apoiado no mercado interno.
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Um fato indiscutível é que, no Brasil, enquanto cresce o consumo das famílias e os
gastos do governo, o País está poupando cada vez menos com o comprometimento da
expansão dos investimentos. Na história econômica do Brasil do pós-guerra até o
presente momento, o dilema de como aumentar a taxa de poupança para o País crescer
mais rápido sempre foi resolvido pelos diversos governos com o uso de poupança
externa com a atração do investimento estrangeiro direto e a obtenção de financiamento
internacional, do que resultou o aumento do endividamento externo e da dependência
externa do País. Nunca houve por parte do governo brasileiro uma verdadeira
preocupação nem com a formação de poupança pública, nem com a criação de
incentivos para elevar a poupança privada interna.
Para aumentar a poupança do setor público, o que o governo precisa fazer é, de um lado,
renegociar ou suspender o pagamento do serviço da dívida pública interna por um
determinado período de tempo e, de outro, fazer com que seus gastos correntes sejam
reduzidos ou cresçam menos do que o Produto Interno Bruto (PIB) para dispor de
recursos para a realização de investimentos públicos, sobretudo na deficiente
infraestrutura econômica (energia, transportes e comunicações) e social (educação,
saúde, habitação e saneamento básico). Dessa forma, seriam criadas as condições para
que o setor público possa investir e se financiar com recursos próprios, e não com
endividamento externo como ocorre atualmente.
Para o governo federal fazer com que seus gastos correntes sejam reduzidos ou cresçam
menos do que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, é imprescindível a realização de
uma profunda reforma administrativa que racionalize a gestão pública no País
eliminando desperdícios e a reduzindo os custos do serviço público. Apenas realizando
a reforma do Estado e da Administração Pública no Brasil será possível reduzir a carga
tributária beneficiando empresas e trabalhadores. A capacidade futura do Estado
brasileiro de investir na expansão da economia e de executar programas na área social
depende, em grande medida, da reestruturação administrativa que seja nele processada
começando pela redução drástica do número de ministérios e de cargos comissionados.
Sobre o combate à inflação, é preciso ressaltar que ela está voltando por culpa do
governo e não dos empresários e consumidores. Empresas e trabalhadores brasileiros
são produtivos. Quem é improdutivo é o Governo. A inflação hoje no Brasil é
decorrente muito mais da falta de produtividade da administração governamental do que
da falta de produtividade das empresas. A realização de uma profunda reforma
administrativa do Estado brasileiro poderia contribuir para o combate à inflação com a
eliminação de desperdícios e a redução de custos do serviço público. Cabe, portanto, ao
povo brasileiro pressionar os atuais governantes para realizar as mudanças necessárias
com o avanço dos movimentos de massa ou substituí-los nas próximas eleições para
reverter a lamentável situação atual do País e dar um rumo para o Brasil que
corresponda aos interesses da população.
*Fernando Alcoforado, 73, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional
pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico,
planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos
livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem
Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000),
Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de
Barcelona, http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento
(Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos
Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the
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Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller
Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe
Planetária (P&A Gráfica e Editora, Salvador, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e
combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011) e
Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), entre
outros.S