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       AGROTÓXICO NO BRASIL – USO E IMPACTOS AO MEIO AMBIENTE E A
                                      SAÚDE PÚBLICA


                                                                       João Siqueira da Mata       1




                                                                       Rafael Lopes Ferreira 2


                                           RESUMO
Com a chamada revolução verde houve a massificação do uso dos agrotóxicos no
Brasil e a produção agrícola passou por grandes transformações. A política de
créditos agrícolas deu ênfase aos produtos de exportações. Pacotes tecnológicos
ligados aos financiamentos agrícolas obrigavam os agricultores a usar determinadas
tecnologias e entre elas estavam os agrotóxicos que tinha como objetivo proteger as
culturas contra pragas e doenças. O uso de agrotóxicos foi estimulada sem a
preocupação prévia de orientar os agricultores sobre o risco para a sua saúde, meio
ambiente e para o consumidor de forma a criar entre os agricultores um falso
conceito que os produtos aplicados são praticamente inofensivo para o meio
ambiente e a saúde do ser humano. O Brasil se tornou o maior consumidor de
agrotóxicos do planeta e uma das conseqüências disto sãos os resíduos nos
alimentos que tem sido motivos de debates e estudos dos especialistas que alertam
sobre o perigo destes compostos químicos para a saúde e ao meio ambiente. Cada
vez mais surgem estudos que faz a associação dos agrotóxicos com doenças como
câncer, má formação congênitas, mal de Parkinson, depressão, suicídios,
diminuição da capacidade de aprendizagem em crianças, ataques cardíacos,
problemas mentais e outros de ordem comportamentais e que não existem limite
diário aceitável de ingestão dessas substâncias. O presente trabalho constitui de
uma pesquisa de caráter bibliográfico sobre a evolução do uso dos agrotóxicos no
Brasil e os impactos dessas substâncias para a saúde do agricultor, consumidor e
meio ambiente.


    Palavra chave: Agrotóxicos. Meio Ambiente. Saúde Pública. Intoxicação. Resíduos.


1.0 INTRODUÇÃO


         Desde 2008, o Brasil é o pais que mais usa agrotóxico no planeta, chegando
em 2009, a marca de mais um bilhão de litros de agrotóxicos aplicados, dando o
equivalente a uma consumo médio de 5,2 Kg de agrotóxico por habitantes
(LONDRES, 2011), mas se olharmos mais especificamente para o Mato Grosso, o
estado consome 150 milhões de litros de agrotóxicos por ano, dando o equivalente
1
 Graduado em gestão ambiental pela Universidade Norte do Paraná e realizando pós em gestão
ambiental e desenvolvimento sustentável FATEC/FACINTER.
2
 Gestor Ambiental (Faculdades Integradas Camões / PR), Especialista em Biotecnologia (Pontifícia
Universidade Católica do Paraná (PUC/PR)), orientador de TCC do Centro Universitário Internacional
Uninter..
2

a 50 litros por habitante (Osava, 2011) e se aproximarmos ainda mais os dados, a
cidade de Lucas de Rio Verde – MT, a exposição média anual de agrotóxicos por
morador, chega a 136 litros por habitante - conforme notícia veiculado no portal
VIOMUNDO (Azenha 2001).
      Segundo (Augusto et all 2012) enquanto na cultura da soja a concentração
de uso de ingrediente ativo de fungicida foi de 0,5 litros por hectare para hortaliça foi
de quatro a oito litros por hectare em média, ou seja, podendo chegar entre 8 a 16
vezes mais agrotóxicos por hectare do que o utilizado na cultura da soja.
      Defensores do uso de agrotóxicos, dizem que eles são seguros e que os
resíduos são mínimos e não há evidências que podem fazer mal a saúde – mas em
contrapartida, cada vez aparecem mais trabalhos científicos relacionando o uso de
agrotóxicos com doenças como câncer, má formação congênitas, mal de Parkinson,
depressão, suicídios, diminuição da capacidade de aprendizagem em crianças,
ataques cardíacos, problemas mentais e outros de ordem comportamentais e que
não existem limite diário aceitável de ingestão dessas substâncias, colocando com
isto em questionamento o limite diário aceitável de ingestão desses produtos, o que
gera uma dúvida muito grande na sociedade já que no último levantamento feito pela
ANVISA (ANVISA, 2011), 28% dos alimentos foram considerados insatisfatório e
35% satisfatório mas com resíduos; além da contaminação da água e até mesmo do
leite materno como foi demonstrado por uma pesquisa que mostrou em Lucas do
Rio Verde – MT que 100% das amostras do leite materno estavam contaminadas
por pelos menos um agrotóxico, (Azenha 2001).


2.0 METODOLOGIA


      O presente estudo consiste em uma pesquisa bibliográfica feitas na internet
de artigos científicos publicados na página da SciELO - Scientific Electronic Library
Online, da ANVISA, ABRASCO- Associação Brasileira de Saúde Coletiva, Toxnet –
Toxicologia Ocupacional, FIOCRUZ, biblioteca digital da UNICAMP, Google
Acadêmico e livros relacionados e notícias jornalísticas.
      A pesquisa bibliográfica desenvolveu-se nas seguintes etapas: escolha do
tema; levantamento bibliográfico preliminar; formulação do problema; buscas de
fontes; leitura e organização do material; organização do assunto e redação do
3

artigo.
          Na busca de fontes foram selecionados trabalhos brasileiros e estrangeiros e
utilizou-se cinco descritores principais: agrotóxico, impactos aos meio ambiente e a
saúde pública, intoxicação por agrotóxico e resíduos nos alimentos. Localizaram-se
trabalhos publicados entre 1962 e 2012. Analisaram-se os artigos a partir dos
resumos e também quando necessários na íntegra.


3.0 RESULTADOS E DISCUSSÕES

          A agricultura é praticada pela humanidade há mais de 10 000 mil anos e o
uso intensivo de agrotóxicos iniciou após a segunda guerra mundial, onde as
indústrias químicas fabricantes de venenos usados como armas químicas ganharam
grandes impulsos, ao encontrar na agricultura um novo mercado com a utilização de
produtos químicos para o controle de pragas e doenças nas culturas.

           A introdução dos agrotóxicos no Brasil não ocorreu porque os produtores
rurais estavam perdendo suas lavouras por pragas, doenças e ervas daninhas e
solicitaram da assistência técnica e pesquisa uma solução para amenizar seus
problemas, na verdade, foi uma tecnologia imposta pelo mercado externo e
introduzida pela assistência oficial do estado com a propaganda de ser uma
alternativa para aumentar a produção e facilitar as atividades do campo.
          Junto com os agrotóxicos também veio o incentivo aos agricultores familiares
a abandonar a semente tradicional que há anos eles mesmos selecionavam e
plantavam pela semente híbrida – preconizada como mais produtiva.
          Em pouco tempo o agricultor substituíram suas sementes adaptadas ao meio
de cultivos por sementes melhoradas que nem sempre estava adaptada a realidade
sócia cultural do produtor e essas sementes para expressar suas produtividades
exigiam o uso crescente de insumos o que foi levando o agricultor a uma
dependência de insumos e sementes.
                   A política de crédito adotado pelo governo brasileiro foi bastante
decisiva e ao mesmo momento impositivo para que o novo modelo de produção
fosse implantado conforme podemos observar abaixo:


                        Desde a década de 70, exatamente no ano de 1976, o governo criou um
                        plano nacional de defensivos agrícolas. Dentro do modelo da Revolução
                        Verde os países produtores desses agroquímicos pressionaram os
4

                     governos, através das agências internacionais, para facilitar a entrada desse
                     pacote tecnológico. Em 1976, o Brasil criou uma lei do plano nacional de
                     defensivos agrícolas na qual condiciona o crédito rural ao uso de
                     agrotóxicos. Assim, parte desse recurso captado deveria ser utilizada em
                     compra de agrotóxicos, que eles chamavam, com um eufemismo, de
                     defensivos agrícolas. Então, com isso, os agricultores foram praticamente
                     obrigados a adquirir esse pacote tecnológico ( GIRALDO, 2011).


      Corraborando a citação anterior (FLORES, 2004) vai mais além ao mostrar a
irresponsabilidade do governo brasileiro ao ceder as pressões internacional e obrigar
os agricultores a adotar tecnologias desnecessária que não condizia com a realidade
e necessidade da agricultura.


                        No Brasil, a partir de 1970, a produção agrícola sofreu grandes
                     transformações. A política de estímulo do crédito agrícola, associada às
                     novas tecnologias, impulsionou várias culturas, principalmente destinadas à
                     exportação. Pacotes tecnológicos ligados ao financiamento bancário
                     obrigavam os agricultores a adquirir insumos e equipamentos, muitas vezes
                     desnecessários. Entre os insumos, estavam os pesticidas, que eram
                     recomendados para o controle de pragas e doenças, como método de
                     resguardar o potencial produtivo das culturas. Esse método obrigava
                     aplicações sistemáticas de pesticidas, mesmo sem ocorrência das pragas,
                     resultando em pulverizações excessivas e desnecessárias (RUEGG et al.,
                     1991 apud Flores et all 2004 pág. 113).


      Segundo (Londres, 2010) a isenções fiscais e tributárias que são concedidas
até hoje ao comercio de agrotóxicos, onde o governo federal concede redução de
60% da alíquota de cobrança de ICMS(Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
serviços) a todos os agrotóxicos e a isenção completa da cobrança de IPI (Imposto
sobre Produtos Industrializados) aos agrotóxicos fabricados a partir de uma lista de
dezenas de ingredientes ativos e também a isenção da cobrança de PIS/PASEP
(Programa de Integração Social/ Programa de Formação do Patrimônio do Servidor)
e de COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) a
“defensivos agropecuários classificados na posição 38.08 da NCM (Nomenclatura
Comum do Mercosul)         que compreende produtos diversos como fungicida e
inseticida e herbicidas e juntamente com outras isenções estaduais como o estado
do Ceará onde a isenção ICMS, IPI, COFINS e PIS/PASEP para atividades
envolvendo agrotóxicos chega a 100% tem sido passos importantes a expansão do
uso de agrotóxicos no Brasil.
      O resultado da política agrícola adotada desde 1970 proporcionou o avanço
do agronegócio que concentra a terra e exige cada vez mais altas quantidades de
produtos químicos para garantir a produção em escala industrial e o resultado foi
5

que enquanto em âmbito mundial o mercado de agrotóxicos cresceu 93% e no
Brasil chegou a 190% conforme um dossiê divulgado pela Associação Brasileira de
Saúde Coletiva – ABRASCO (Carneiro, 2012) e segundo o Sindicato Nacional da
Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (SINDAG, 2011) esse crescimento foi de
200%,      tornando o país o maior consumidor de agrotóxicos do planeta,
ultrapassando os Estados Unidos e chegando em 2009 a marca de mais um bilhão
de litros de agrotóxicos aplicados dando o equivalente a uma consumo médio de
5,2 Kg de agrotóxico por habitantes (LONDRES 2011).
        Segundo o dossiê da Associação Brasileira de Saúde Coletiva - ABRASCO
“dos 50 agrotóxicos mais utilizados nas lavouras de nosso país, 22 são proibidos na
União Européia” (CARNEIRO et al, 2012 apud AUGUSTO et al, 2012, p. 17),
tornando o Brasil, o maior consumidor de agrotóxicos já banidos no exterior.
        Para atingir o objetivo que é o controle da praga e ou doenças várias
pulverizações são realizadas, porém uma parte atinge o organismo alvo, outra atinge
as plantas e o solo e outras evaporam para o ambiente e para procurar quantificar
isto que normalmente é denominado por deriva técnica a Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA)             realizou um trabalho        para quantificar os
desperdícios que ocorrem durante as pulverizações (CHAIM, 2003) em culturas
rasteiras e foi observado em estádio inicial da cultura do feijão que apenas 12% do
ingrediente ativo atinge a planta e 73% o solo e 15% evapora para o meio ambiente
dando uma perda de 88% e no geral uma média de 37% dos agrotóxicos aplicados
retidos nas plantas e 24,8 % vai para o ar e áreas vizinhas e 38% vai para o solo,
ocorrendo uma perda media de 63% do produto aplicado.


                      Por ser uma aplicação com pulverizador de barras, onde os bicos passam
                      entre 40 e 50 cm sobre o topo das plantas, para a cultura do feijão podem
                      apresentar-se como uma aberração. Entretanto as condições de
                      temperatura, umidade relativa e velocidade do vento, associados com a
                      densidade foliar da cultura são provavelmente os fatores que mais
                      contribuem nas perdas por deriva . (CHAIM, 2003 pág. 310)


        O agrotóxico que não atinge o alvo não terá o efeito esperado e representa
uma perda agronômica e uma fonte de contaminação ambiental e segundo ainda
(Chaim, 2003) para compensar as perdas a dosagem dos agrotóxicos são
superestimadas.
        Conforme (Augusto et all 2012) podemos notar que para realizar o controle de
determinado inseto ou moléstia é realizado intencionalmente uma contaminação
6

ambiental muito grande, já que não existe tecnologia desenvolvida que possa atingir
apenas o alvo, porque na prática o hospedeiro e a praga objeto de controle – seja
um inseto, fungo, uma erva se confundem não dando para individualizar e o
agricultor ataca todo o conjunto lavoura-praga com o agrotóxico na intenção de
atingir o alvo.
       Uma vez inserido no ambiente o agrotóxico até ser desativado ou degradado
passa por um caminho bastante complexo e segundo ( Spadotto, 2003 pág 11) " o
destino de agrotóxicos no ambiente é governado por processos de retenção (sorção,
absorção), de transformação (degradação química e biológica) e de transporte
(deriva, volatilização, lixiviação e carreamento superficial), e por interações desses
processos”
       Quais são os efeito ambientais adversos dos resíduos dos agrotóxicos que
atinge as plantas, solo, água o trabalhador rural e os consumidores através dos
alimentos contaminados e a atmosfera?


                      Além dos perigos que representam aos seres humanos nos aspectos
                      ocupacionais, alimentares e de saúde pública, sabe-se que os resíduos de
                      agrotóxicos no ambiente podem provocar efeitos ecológicos indesejáveis,
                      como a alteração da dinâmica biológica natural pela pressão de seleção
                      exercida sobre os organismos, e ter como conseqüência mudanças
                      na função do ecossistema (SPADOTTO et all, 2010. pág. 7)


                  3.1 Plantas


       O agrotóxico ao atingir a planta tem como objetivo protegê-la contra ação do
patógeno     ou inseto – mas porém, este mesmo agrotóxico pode                  favorecer o
aparecimento de novas doenças e pragas.
    O pesquisador francês (Chaboussou, 1980) em sua obra – plantas doentes pelo
uso de agrotóxicos, mostra inúmeros trabalhos realizados por ele e outros
pesquisadores, onde comprova o aparecimento de muitas doenças e                       pragas
associado ao uso de determinados agrotóxicos. Nessa obra o pesquisador procura
demonstrar que o aparecimento de muitas pragas e doenças não pode ser explicado
apenas pela destruição de seus inimigos naturais como normalmente é colocado; e
por analogia da mesma forma que determinadas afecções no ser humano pode ser
desencadeado      pelo uso determinados medicamentos em patologia vegetal o
mesmo pode ocorrer em relação ao uso de agrotóxicos que podem ter uma
incidência positiva no desenvolvimento de várias doenças fúngicas, viróticas e
7

bacteriana e na multiplicação de pulgões, ácaros, lepidópteros e outros.


                     Tudo se passa como se, por sua ação nefasta sobre o metabolismo da
                     planta, os agrotóxicos rompessem a sua resistência natural.O agrotóxico –
                     mesmo não provocando queimaduras ou fenômenos de fito toxicidade
                     aparentes – pode mostrar-se tóxico para a planta, com todas as
                     conseqüências que isto pode causar sobre a resistência a seus agressores,
                     sejam eles fungos, bactérias, insetos ou mesmo vírus. (CHABOUSSOU,
                     1980, p.34 e 35).


      Segundo (Yamada, 2007, pág 52) o herbicida “glifosato afeta a nutrição
mineral das plantas, além de torná-la mais suscetível as doenças”                 e o mesmo
observou Cakmak (2007, p.5) em regiões com uso extensivo do glifosato :


                     Reduções no crescimento e na produtividade das culturas; aumento nos
                     problemas de doenças; aumento no uso de inseticidas e fungicidas; inibição
                     da fixação biológica de nitrogênio; aumento no uso de fertilizantes foliares
                     com micronutrientes; sintomas de deficiências de micronutrientes.


               3.2 Solo e água.


       Como foi demonstrado em trabalho realizado (Chaim, 2003) estudo feito com
cultura rasteira e dependendo da fase da cultura há uma variação de 14 a 73% do
agrotóxico que é perdido para o solo e qual é a conseqüência disto?
      O pesquisador (Chaim 2003, p. 294) vem corroborar o que já foi levantado por
(Chaboussou 1980) e outros pesquisadores:


                     A contaminação do solo tem provocado grandes variações nas populações
                     de organismos não-alvo, principalmente aqueles que degradam a matéria
                     orgânica e melhoram a fertilidade. Muitas vezes, essas perdas são
                     responsáveis por desequilíbrios favoráveis ao aparecimento de novas
                     pragas e doenças. O solo contaminado pode ser levado pelas águas de
                     chuva para rios, açudes e lagos, colocando em risco não só aquelas
                     populações que vivem nesses sistemas, mas também as espécies que
                     utilizam essa água para sua sobrevivência, como os animais e o próprio
                     homem.


      O pesquisador francês (Chaboussou,1980) cita como conseqüência que
quando a maioria desses compostos entra no ecossistema do solo, podem afetar os
processos de decomposição. Também coloca que os fungicidas sistêmicos inibem
certos organismos saprófitas do solo e as micorrizas e aponta que o uso
prolongando de fungicidas cúpricos leva a esterilização do solo e a destruição das
minhocas pelos ditiocarbamatos e os inseticidas especialmente os clorados “têm
8

uma influência     inibidora sobre a atividade dos fungos (especialmente os
actinomicetos) e bactérias que participam da amonificação, e sobre os nitrobacter
que participam da transformação dos nitritos em nitratos”( CHABOUSSOU, 1980,
p.129).
      O pesquisador (Spadotto et all , 2003) também assinala impactos bastante
relevantes que essas substâncias podem provocar nos microorganismos presente
no solo que são sensíveis aos agrotóxicos, impactando todo o equilíbrio,
biodiversidade e a quantidade total desses organismo tão necessário para
manutenção da fertilidade e saúde do conjunto solo e plantas:
      Chaboussou (1980, p. 129 ) ainda coloca:


                     O conjunto desses trabalhos mostra que todos os agrotóxicos incorporados
                     ao solo, seja intencionalmente para desinfecção, não intencionalmente,
                     após tratamentos de controle de insetos ou fungos ou tratamentos
                     herbicidas, são capazes de afetar a fisiologia da planta através de sua
                     nutrição. Os herbicidas parecem os mais perigosos, devido a sua dupla
                     ação: efeito direto no momento do tratamento, ainda que subletal, em
                     relação à planta e ação indireta, pela inibição da nitrificação ou da
                     amonificação, conseqüente à destruição dos microrganismos do solo.


      Uma das conseqüências da contaminação do solo poder ser também a
contaminação da água porque o solo contaminado pode ser levado pela água das
chuvas para rios, lagos, e o contaminante presente no solo pode chegar até mesmo
a fonte subterrânea de água através das áreas de recarga pela águas superficiais e
também pela lixiviação.
      Um estudo realizado pelo de Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão
Preto (Daerp) em parceria com um grupo de pesquisadores publicado no portal
(Eco Debate, 2011) detectou a presença de traços de dois agrotóxicos usados
comumente na cana cana-de-açúcar no Aquífero Guarani no município de Ribeirão
Preto e Rio Pardo- SP. Apesar das substâncias encontradas estarem abaixo do
limite considerado perigoso, pesquisadores alertam que se nada for feito a tendência
é piorar e comprometer o abastecimento de água.
      Outro estudo        coordenado pela Universidade de Campinas (Unicamp)
coordenada pelo Instituto Nacional de Ciências e Tecnologias Analíticas Avançadas
(INCTAA) publicado no jornal (Gazeta do Povo, 2012) mostrou que a água potável
de 16 capitais brasileira apresentam contaminação como cafeína, agrotóxicos e
laxante.
9

      Em pesquisas realizadas no Mato Grosso no município de Campo Verde e
Lucas do Rio Verde divulgado pela (TV Brasil, 2011), o médico especialista em
saúde pública Vanderlei      Pignati, encontrou com sua equipe contaminação por
agrotóxico no ar, sangue das pessoas, animais, leite materno e até na chuva e
constatou que 80% dos poços artesianos artesiano estão contaminados com 3 a 12
tipos de agrotóxicos diferentes.
      A mesma reportagem mostrou um estudo realizado pela Universidade Federal
do Ceará, na cidade Limoeiro do Norte, onde foi constatado a presença de 12 tipos
diferentes de agrotóxicos, em um canal derivado do rio Jaguaribe que abastece
uma comunidade que utiliza a água para irrigação e consumo. Foi constatado
também que as reservas subterrâneas também sofrem contaminações, conforme
relatório da companhia de gerenciamento dos recursos hídricos do estado do Ceará,
que mostrou que foram encontrados resíduos de agrotóxicos no aqüífero Jandaíra.


                3.2 - Atmosfera
      Como visto anteriormente no momento da aplicação até 35% do agrotóxico
pode se perder para a atmosfera e o produto depois de aplicado ele continua se
perdendo para a atmosfera através da volatização.
      São várias conseqüências da perda dos agrotóxicos para a atmosfera                         e
podemos destacar entres elas a diminuição e desaparecimento                        das abelhas
observado em varias parte do mundo.


                     As abelhas polinizam mais de 70, entre 100, culturas que fornecem 90% de
                     alimentos do mundo. Entre frutas e vegetais, estão, por exemplo, as maçãs,
                     laranjas, morangos, cebolas e cenouras. O declínio na população de
                     abelhas tem efeitos devastadores para a segurança alimentar e é meio de
                     subsistência dos agricultores. Além disso, pode afetar o valor nutricional e a
                     variedade de nossos alimentos (ECODEBATE, 2012)


                 3.4 – Trabalhadores Rurais


      Segundo o dossiê da Associação Brasileira de Saúde Coletiva – ABRASCO
parte 2 (Augusto, 2012) os sistemas de informações no país ainda não retratam a
real situação das    intoxicações agudas e crônicas em virtude da acentuada
subnotificação. Nenhum deles tem respondido adequadamente como instrumento de
vigilância deste tipo de agravo havendo para os casos agudos um sub-registro muito
1

grande e os casos crônicos não são captados por nenhum                      dos sistema       de
informação.
       O Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) registrou 2.071
casos de intoxicação por agrotóxicos de uso agrícola, em 2007 e 3.466 casos em
2001, um aumento de de 67.3%. O Sistema Nacional de Informações Tóxico-
Farmacológicas (Sinitox), por sua vez, registrou em 2009 -                    5253 casos de
intoxicação por agrotóxicos de uso agrícola com um total de 188 óbitos .
          O Ministério da Saúde estima que, anualmente, existam mais de 400 mil
pessoas contaminadas por agrotóxicos, com cerca de 4 mil mortes por ano no Brasil.
       Estima-se que para cada caso registrado de intoxicação por agrotóxico
ocorrem outros 50 sem notificação, ou com notificação errônea.
       Os EPIs por mais eficientes que sejam, podem reduz a exposição do
trabalhador ao produto químico, mas não elimina totalmente a exposição ao agente
químico e pesquisadores já alertam “na maioria das vezes, parece que os EPIs
agrícolas não conseguem evitar a contaminação, o acidente ou a lesão” (VEIGA et
al., 2007. p.9).
          Discutiu-se ainda a possibilidade dos EPIs apresentarem lacunas funcionais
no projeto (VEIGA, 2007), no que diz respeito a sua permeabilidade, conforto
térmico, máscaras e protetores faciais que embaçam com a respiração e outros
acessórios que não foram projetados para uso integrado e que nos casos analisados
além de não neutralizar a insalubridade aumentam a probabilidade de contaminação
dos trabalhadores em algumas atividades.

       Corraborando o foi colocado por (Veiga, 2007) o médico do trabalho e doutor
em toxicologia Wanderlei Pignati em entrevista ao Portal Viomundo (AZENHA, 2011)
coloca:


                       O uso seguro do agrotóxico é altamente questionável. Pode ser seguro para
                       o trabalhador, isso se ele usar todos os EPI. Mesmo assim, tem toda uma
                       questão da eficiência e eficácia desses EPI. Sou também médico do
                       trabalho e a gente vê isso. A eficiência e eficácia do EPI é de 90%, se [os
                       trabalhadores] usarem máscara com o filtro químico adequado. E o resto do
                       vestimento? Agrotóxico penetra até pelo olho! Pela mucosa, pela pele.
                       Então teria que ter até um cilindro de oxigênio para respirar igual a um
                       astronauta. O filtro pega 80% ou 90% dos tipos de agrotóxico. Hoje, você
                       tem mais de 600 tipos de princípios ativos e são 1.500 tipos de produtos
                       formulados. Tem agrotóxicos novos com moléculas muito pequenas que
                       passam pelo filtro. Então, com toda a proteção ideal, você protege o
                       trabalhador. Mas, e o ambiente?
1

      Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal do Ceará divulgada no
programa Globo Rural (edição 26 agosto 2012), mostra um estudo que esta
procurando detectar precocemente indicio de câncer em trabalhadores rurais através
da análise do DNA das células da medula óssea.
      De nove amostras analisadas, seis apresentaram alterações que chamaram
atenção dos pesquisadores, porque estas alterações acostumam aparecer em caso
de leucemia aguda e apesar da alteração ser apenas em uma das 20 células
analisadas, o agricultor não esta ainda doente - mas tem o primeiro passo para o
desenvolvimento de câncer, mas se o trabalhador continuar por mais alguns anos
com a exposição aos agrotóxicos possivelmente vai desenvolver uma doença na
medula óssea - alerta o pesquisador.
      Outra pesquisa que acompanhou 108 viticultores (RuralBr 2011) de várias
localidades de Caxias do Sul –RS, nos anos de 2001 e 2002,         realizada pela
Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS) e Universidade de Caxias do Sul (UCS) analisou as células dos viticultores
e foram detectadas lesões no DNA de todos os produtores em um nível seis vezes
maiores em relação ao um grupo de pessoas não expostas aos agrotóxicos.
      Segundo a bióloga e geneticista Juliana da Silva, os danos na célula pode
acumular no sistema de uma pessoa e causar doenças como câncer e alzheimer.
      Estudo realizado (Bedor, 2008),        que objetivou estudar o potencial
carcinogênico dos agrotóxicos utilizados na fruticultura do Vale do São Francisco,
revelou que para os agrotóxicos mais utilizados, 87% possuem potencial
carcinógenos e 7% são potencialmente pré – carcinógenos, indicando uma evidente
situação de vulnerabilidade para o câncer.
      Estudo realizado na região sul de Minas Gerais (Silvia, 2008) aponta para
uma relação entre cânceres hematológicos e a utilização de agrotóxicos. São
classificados como cânceres hematológicos os linfomas, as leucemias e o mieloma
múltiplo e conclusão que se chegou é que os trabalhadores que declararam ter tido
exposição a agrotóxicos apresentaram um risco de quase quatro vezes maior para o
desenvolvimento desse tipo de câncer em relação àqueles que não declararam
exposição.


              3.5- Resíduos de agrotóxicos em alimentos
1

      A ANVISA iniciou em 2001 um Programa de Análise de Resíduos de
Agrotóxicos em Alimentos (PARA) com o objetivo de avaliar os níveis de resíduos
de agrotóxicos nos alimentos que chegam á mesa do consumidor. O PARA
monitorou em 2010 (ANVISA,2001) dezoito alimentos: abacaxi, alface, arroz, batata,
beterraba, cebola, cenoura, couve, feijão, laranja, maçã, mamão, manga, morango,
pepino, pimentão, repolho e tomate . Dos 400 ingredientes ativos registrados foram
pesquisados 235 e o glifosato um dos mais utilizados não foi incluído na pesquisa.
       A figura 01 e anexo 1, apresenta a distribuição dos resíduos de agrotóxicos
nas 2.488 amostras analisadas. Em 37% delas, não foram detectados resíduos; 35%
apresentaram resíduos abaixo do limite máximo de resíduo (LMR) estabelecido; e
28% foram consideradas insatisfatórias por apresentarem resíduos de produtos não
autorizados ou, autorizados, mas acima do LMR.
       O cultivo do pimentão é o caso mais preocupante, com quase 92% das
amostras com níveis de agrotóxicos acima do recomendado pela Organização
Mundial da Saúde (OMS) – figura 2 e anexo 2.
      Analisando os dados da figura 1 podemos observar notar que 63% das
amostras estão contaminadas por agrotóxicos – sendo que 28% apresentaram
ingredientes ativos não autorizados para aquela cultura e/ou ultrapassaram os
limites máximos de resíduos e 35% apresentaram contaminação por agrotóxicos,
porém dentro destes limites.
      Os 37% das amostras que não apresentaram resíduos foram para os 235
ingredientes ativos que foram analisados     e não significa que estes alimentos
estejam realmente livre dos demais – em torno de 400, o que deixa o quadro mais
preocupante ainda do ponto de vista da saúde pública.
      No quadro 1     ANEXO 3-       podemos observar uma relação dos principais
ingredientes ativos pesquisados e um resumo dos problemas relacionados e na
terceira coluna pode-se observar que muitos desses produtos que são usados
livremente no Brasil são proibidos em outros países pela sua reconhecida        alta
toxicidade ao meio ambiente e a saúde pública.
      O problema maior         acerca desses dados é que existe muita incerteza
científica ligado na definição do limite máximo de ingestão diária de resíduos como
podemos observar a seguir no questionamento feito pela Associação Brasileira de
Saúde coletiva – ABRASCO.
1

                      A avaliação dos impactos dos agrotóxicos na saúde decorrente do consumo
                      de alimentos produzidos com a utilização de agrotóxicos é realizada
                      fundamentalmente com base em estudos experimentais animais, nos quais
                      o principal indicador é a ingestão diária aceitável - IDA. Parte-se da crença
                      de que o organismo humano pode ingerir inalar ou absorver certa
                      quantidade diária, sem que isso tenha consequência para sua saúde. O IDA
                      deriva de outro conceito a dose letal de 50% de morte de cobaias expostas
                      (DL50). Trata-se de um indicador de toxicidade que significa que a metade
                      da população de cobaias no estudo morre ao ser submetido a uma
                      determinada concentração de agrotóxico. Mediante uma abstração
                      matemática, esse número é extrapolado para os humanos. Assim se busca
                      um valor aceitável de exposição humana. Esses indicadores não têm
                      sustentabilidade científica quando queremos tratar de proteção da saúde.
                      Trata-se na realidade de uma forma reducionista do uso da toxicologia para
                      sustentar o uso de veneno, criando álibis cientificistas para dificultar o
                      entendimento da determinação das intoxicações humanas especialmente as
                      crônicas, decorrentes das exposições combinadas, por baixas doses e de
                      longa duração (Carneiro, 2012, pág 47).


       O Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional – CONSEA,
também questiona a metodologia adotada para definir os limites de ingestão diária
ao não considerar muitos outras fatores importantes para a segurança da saúde das
pessoas como coexposições, idade, sexo, nutrição, situações fisiológicas, genética ,
condições de trabalho, condições de vida e além do que o organismo humano não
se comporta de uma forma idêntica como se fosse uma máquina:


                      Outro aspecto importante, que traz preocupação para o Consea, é o fato de
                      que as metodologias utilizadas pelo governo para definir os limites da
                      Ingestão Diária Aceitável (IDA) de agrotóxicos levam em consideração um
                      “indivíduo médio de 60 kg”, menosprezando, portanto, o impacto dessas
                      substâncias sobre grupos mais vulneráveis como idosos e crianças, entre
                      outros. Além disso, esse conceito, que deveria ser um parâmetro para
                      garantir a saúde da população exposta a alimentos com agrotóxicos, não
                      considera os efeitos da combinação de vários agrotóxicos ingeridos em uma
                      mesma refeição ou ao longo do mesmo dia (CONSEA, 2012 pág. 24).


       Corraborando o texto acima Wanderlei Pignati doutor em Saúde Pública e
professor da Universidade Federal de Mato Grosso em entrevista a revista Galileu
também questiona os limites de Ingestão Diária Aceitável pois os sistemas de
resposta do organismo humano não são iguais e isso não é considerado e além do
que esses limites variam de acordo com o país o que coloca em xeque o rigor
científico que deveria ter ao estipular os limites de ingestão diária.


                      Existe hoje a determinação de um limite máximo de resíduo por alimento.
                      Esse limite não deveria existir, é absurdo. Cada pessoa tem uma
                      sensibilidade diferente aos produtos. Sabe como esse limite é determinado?
                      A partir da média da sensibilidade das pessoas, são medidas arbitrárias. No
                      Brasil, por exemplo, um quilo de soja pode ter 10 miligramas de glifosato
1

                     [princípio ativo de um agrotóxico famoso]. Nos EUA o limite é de 5 mg, na
                     Argentina 5 mg, mas na Europa é 0,2 mg (REVISTA GALILEU, 2010).



      No Seminário de Enfrentamento aos Impactos dos Agrotóxicos na Saúde
Humana e no Ambiente, Karen Friedrich, pesquisadora do Instituto Nacional de
Controle de Qualidade em Saúde também questionou o limite de ingestão diária
permitida de agrotóxicos:


                     (...) a ingestão diária aceitável de agrotóxicos nos alimentos segue um
                     modelo linear de dose e efeito, mas esse paradigma é rompido pelos
                     carcinógenos genotóxicos presentes no defensivo agrícola, para os quais
                     não existe limite seguro. Segundo Karen, estudos recentes têm comprovado
                     que a exposição humana a baixas doses de agrotóxicos causa
                     desregulação endócrina e imunotoxidade. A desregulação endócrina gera
                     efeitos como alterações nas funções hormonais, responsáveis pelos
                     processos       neurocomportamentais,       reprodutivos,   nas     funções
                     cardiovasculares, renais, intestinais, neurológicas e imunológicas. No caso
                     da imunotoxidade, disse ela, podem ocorrer reações alérgicas e de
                     hipersensibilidade ou imunossupressão, tornando as pessoas mais
                     suscetíveis ao aparecimento de tumores ou à infecção por patógenos. Os
                     períodos mais críticos são o pré-natal e pós-natal, quando se desenvolvem
                     o sistema nervoso, endócrino e imunológico (Informe ENSP, 2012).


      A documentarista Marie-Monique Robin em seu filme – o veneno nosso de
cada dia em notícia veiculada no portal - (Em Pratos Limpos, 2011) denuncia:


                     (...) apenas 10% das substâncias que estão presentes no nosso dia-a-dia
                     foram testadas. E mesmo assim, esses testes sempre foram feitos com forte
                     influência dos fabricantes. Representantes da indústria química chegaram a
                     dizer que seu “o livro envenena a indústria química” (Em Pratos Limpos,
                     2011)



      Ela ainda vai além ao mostrar como são frágeis as bases científicas que dão
sustentação ao seu uso para fins agrícolas ou de saúde pública.

                     Ingestão diária aceitável – IDA – é um valor numérico, medido em mg/kg,
                     que determina a quantidade que se pode consumir de uma substância
                     durante todos os dias, com segurança, por toda a vida.[1] Na prática, para
                     os agrotóxicos por exemplo, determina qual limite máximo de resíduo
                     aceitável em um alimento. Era de se esperar que este índice fosse
                     calculado com um alto grau de rigor científico, para que em nenhum
                     momento colocasse a vida dos consumidores em risco ( Em Pratos Limpos ,
                     2011) .
1

        Marie-Monique nos mostra justamente o contrário:

                        No mesmo estilo investigador de “O Mundo Segundo a Monsanto”, a
                       diretora percorre centros de pesquisa e agências reguladoras em vários
                       países tentando descobrir como este índice é definido. E ela não deixa
                       dúvidas: através de estudos científicos pagos pelas empresas, e com a
                       ajuda diretores de agências reguladoras com ligações com a indústria, os
                       próprios fabricantes das substâncias é que definem o nível aceitável (Em
                       Pratos Limpos , 2011).


         Infelizmente a ingestão diária aceitável que deveria ser do mais alto rigor
científico como podemos observar nas revisões acima, acaba sendo mais um critério
que varia de acordo com os critérios e interesse da indústria como podemos ver no
exemplo abaixo:


                       Antes de a soja transgênica aparecer “oficialmente” no mercado brasileiro, o
                       limite máximo do agrotóxico glifosato aceitável pela Agência Nacional de
                       Vigilância Sanitária (ANVISA) passível de presença em soja, era de 0,2
                       miligrama por quilo de grão. No período próximo a liberação do cultivo de
                       soja transgênica no Brasil, a ANVISA, pressionada pela indústria dos
                       agrotóxicos, decidiu aumentar o índice aceitável de glifosato presente no
                       grão em 50 vezes, ou seja, de até 10 miligramas de glifosato por quilo de
                       grãos de soja transgênica (FREITAS, edição 116).


       Para piorar ainda o que já é ruim além dos questionamentos relacionados aos
limites diários existe outro agravante que podemos observar ao analisar a figura 2,
que vem ser a ingestão de diversos alimentos que contenham resíduos diferentes ou
até mesmo um alimento que contenha resíduos de vários pesticidas, quais seriam as
possíveis consequência dessa sobre-exposição?
       Um estudo realizado na Universidade de Aston – Inglaterra , procurou estudar
o efeito isolado e o efeito combinado, sobre células de nosso sistema nervoso
central, de três fungicidas encontrados com frequência nas prateleiras de hortifrúti: o
pirimetanil, o ciprodinil e o fludioxonil.


                       Resultado: os danos infligidos às células são até vinte ou trinta vezes mais
                       graves quando os pesticidas são associados. “Substâncias que são
                       conhecidas por não afetarem a reprodução humana e o sistema nervoso e
                       não serem cancerígenas, combinadas possuem efeitos inesperados”,
                       resume um dos autores do estudo, o biólogo molecular Claude Reiss, ex-
                       diretor de pesquisa do CNRS e presidente da associação Antidote
                       Europe.“Observamos o agravamento de três tipos de impactos”, detalha o
                       pesquisador francês: “A viabilidade das células é degradada; as
                       mitocôndrias, que são as ‘baterias’ das células, não conseguem mais
                       alimentá-las com energia, o que desencadeia a apoptose, ou seja, a
                       autodestruição das células; por fim, as células são submetidas a um stress
                       oxidante muito poderoso, possivelmente cancerígeno e que pode levar a
                       efeitos em cascata”.
1

                    Entre as possíveis consequências de tais agressões sobre as células, os
                    pesquisadores citam o risco de uma vulnerabilidade crescente a doenças
                    neurodegenerativas como o Mal de Alzheimer, de Parkinson ou a esclerose
                    múltipla. “Nosso estudo aborda um pequeno número de substâncias,
                    trazendo mais perguntas do que respostas, mas esses efeitos foram
                    evidenciados em doses muito pequenas, concentrações próximas às
                    encontradas em nossos alimentos”, observa o professor Coleman
                    (EcoDebate 2012).


                A saúde pública acaba pagando um preço muito caro pela adoção
desse sistema de produção que incentiva o uso de agrotóxicos e disponibiliza
poucos recursos e incentivos para pesquisa e desenvolvimento de alternativas para
uma agricultura menos tóxica e que tenho como principio o respeito a vida, a saúde
e ao meio ambiente e como as conseqüências desse modelo acaba sendo uma
externalidade difusa que aliada ao pouco interesse das indústrias que dominam o
setor produtivo e     influenciam os órgão governamentais faz com que as
conseqüências passem despercebidas pela sociedade pouco atenta.


                    Os serviços e os profissionais de saúde nunca foram e não estão
                    devidamente capacitados para diagnosticar os efeitos relacionados com a
                    exposição aos agrotóxicos, tais como, as neuropatias, a imunotoxicidade, as
                    alterações endócrinas, os efeitos sobre o sistema reprodutor, sobre o
                    desenvolvimento e crescimento e na produção de neoplasias, entre outros
                    efeitos negativos. Sem esses diagnósticos, não se evidenciam as
                    enfermidades vinculadas aos agrotóxicos, e essas se ocultam, em favor dos
                    interesses de mercado (Carneiro, 2012, pág. 49).



                6.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS


      O uso mais racional dos agrotóxicos em que não fosse permitido nenhum
resíduo   e as alternativas aos agrotóxicos como a agroecologia              pode ser uma
importante ferramenta de gestão ambiental e desenvolvimento sustentável na
agricultura com impactos positivos ao meio ambiente e á saúde do produtor e
consumidor.
      Barreiras políticas são os maiores empecilhos para o desenvolvimento de
uma agricultura mais limpa e que poderá ser rompida à medida que a sociedade se
interar das conseqüências dos problemas relacionados ao meio ambiente e a saúde
como um todo.
1

  REFERÊNCIAS


ANVISA - Agência Nacionalde Vigilância Sanitária. Programa de análise de
resíduos de agrotóxicos em alimentos (PARA). Relatório de atividade 2010.
Disponível                                                                 em:
<http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/b380fe004965d38ab6abf74ed75891ae/
Relat%C3%B3rio+PARA+2010+-+Vers%C3%A3o+Final.pdf?MOD=AJPERES>.
Acesso em: 16 setembro de 2012.

Augusto, L G S.; Carneiro, F F; Pignati, W; Rigotto, R M; Friedrich, K; Faria, N M X.
Búrigo, A.C.; Freitas, V.M.T.; Guiducci Filho, E. Dossiê ABRASCO – Um alerta
sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde. ABRASCO, Rio de Janeiro, junho
de 2012. 2ª Parte. 135p.

AZENHA, M. Exclusivo: A pesquisadora que descobriu veneno no leite
materno.VIOMUNDO,              2011.          Disponível         em:         <
http://www.viomundo.com.br/denuncias/exclusivo-a-pesquisadora-que-descobriu-
veneno-no-leite-materno.html> Acesso em : 01julho de 2012.

AZENHA, M. Wanderlei Pignati. Até 13 metais pesados, 13 solventes e 22
agrotóxicos e 6 desinfetante na água que você bebe. VIOMUNDO. Disponível
em: < http://www.viomundo.com.br/entrevistas/wanderlei-pignati-dinheiro-para-a-
vigilancia-de-boi-e-soja-tem-para-a-saude-do-homem-nao.html > Acesso em : 11
setembro de 2012.

BEDOR, C. N. G. Estudo do potencial carcinogênico dos agrotóxicos
empregados na fruticultura e sua implicação para a vigilância da saúde. 2008.
Tese (Doutorado em Saúde Pública) – Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães,
Recife, 2008.

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agosto 2012.
2




                                          ANEXO 1


           Figura1 -




                 Figura 1 - Distribuição das amostras segundo a presença ou a ausência de
resíduos de agrotóxicos. Fonte: ANVISA, 2011
2




                                            ANEXO 2




                Figura 2 – Amostras de alimentos com resíduos de agrotóxicos.


Fonte: ANVISA, 2011
2




                                        ANEXO 3

Quadro 2       - podemos observar uma relação dos principais ingredientes ativos
pesquisados no PARA e um resumo dos problemas relacionados e na terceira
coluna pode-se observar que muitos desses produtos que são usados livremente no
Brasil são proibidos em outros países pela sua reconhecida alta toxicidade ao meio
ambiente e a saúde pública.


Agrotóxicos        Problemas relacionados (*)                                      Proibido         ou
                                                                                   restrito
Abamectina         Toxicidade aguda e suspeita de toxicidade reprodutiva do IA     Comunidade
                   e de seus metabólitos                                           Européia          -
                                                                                   proibido
Acefato            Neurotoxicidade, suspeita de carcinogenicidade e de             Comunidade
                   toxicidade reprodutiva e a necessidade de revisar a Ingestão    Européia-
                   Diária Aceitável.                                               proibido
Carbendazim        Aberrações cromossômicas, desregulação endócrina do
                   sistema reprodutivo masculino de ratos.

Carbofurano        Alta toxicidade aguda, suspeita de desregulação endócrina       Comunidade
                                                                                   Européia,
                                                                                   Estados Unidos-
                                                                                   proibido
Cihexatina         Alta toxicidade aguda, suspeita de carcinogenicidade para       Comunidade
                   seres humanos, toxicidade reprodutiva e neurotoxicidade         Européia, Japão,
                                                                                   Estados Unidos,
                                                                                   Canadá-
                                                                                   proíbido.    Uso
                                                                                   exclusivo    para
                                                                                   citrus no Brasil ,
                                                                                   2010
Clorotanolil       carcinógeno  não-genotóxico,        embriotoxicidade     em
                   camundongos.
Endossulfam        Alta toxicidade aguda, suspeita de desregulação endócrina e     Comunidade
                   toxicidade reprodutiva.                                         Européia-
                   Efeitos genotóxicos, pois induzem quebras na fita de DNA,       proíbido,    Índia
                   troca entre cromátides irmãs e aumento na freqüência de         (autorizada só a
                   micronúcleos.                                                   produção) A ser
                   pode afetar o sistema endócrino e o metabolismo orgânico,       proibido no Brasil
                   através de sua atividade nas glândulas hipófise, tireóide,      a partir julho de
                   supra-renais, mamas, ovários e testículos, provocando efeitos   2013
                   no metabolismo do organismo, alterando a produção de
2

                     hormônios, entre outros, do crescimento (GH), prolactina
                     (PRL), adrenocorticotrófico (ACTH), estimulante da tireóide
                     (TSH), folículo estimulante (FSH), luteinizante (LH),
                     triiodotironina (T3), tiroxina (T4), hormônios sexuais. Pode
                     também causa atrofia testicular, hiperplasia da paratireóide,
                     aumento de peso da glândula pituitária e do útero (redução
                     da fertilidade feminina por endometriose , redução da
                     fertilidade masculina com prejuízo da produção de
                     espermatozóides, a qualidade do sêmen e a motilidade dos
                     espermatozóides em roedores .
                     Imunossupressor em baixas doses, causando a diminuição
                     na produção de anticorpos humorais, na resposta de
                     imunidade celular: diminuição da função dos macrófagos e
                     decréscimo de níveis séricos de IgG e indução da morte de
                     células T natural killer, as quais atuam na supressão tumoral,
                     de forma que o endossulfam agiria no desenvolvimento de
                     tumores.

Forato               Alta toxicidade aguda e neurotoxicidade                          Comunidade
                     imunosupressor       em     camundongos     em       doses       Européia,
                     correspondentes à exposição ocupacional humana O forato          Estados Unidos-
                     provoca aberrações cromossômicas in vivo em células da           proibido
                     medula óssea de ratos, como troca entre cromátides, quebra
                     e deleção, clastogenicidade, aumento de recombinação
                     (SCE) em células de linfócitos humanas e indução de
                     micronúcleos
Fosmete              Neurotoxicidade                                                  Comunidade
                                                                                      Européia-
                                                                                      proibido
Glifosato            Casos de intoxicação, solicitação de revisão da Ingesta Diária   Revisão         da
                     Aceitável (IDA) por parte de empresa registrante,                Ingesta      Diária
                     necessidade de controle de impurezas presentes no produto        Aceitável (IDA)
                     técnico e possíveis efeitos toxicológicos adversos.
                     Desregulador endócrino, infertilidade.
Lactofem             Carcinogênico para humanos                                       Comunidade
                                                                                      Européia-
                                                                                      proibido
Metamidofós          Alta toxicidade aguda e neurotoxicidade. pronunciado efeito      Comunidade
                     imunosupressor, diminui ainda a proliferação dos linfócitos T    Européia, China,
                     do timo e a capacidade de formar anticorpos.                     Índia- proibido. A
                                                                                      ser proibido no
                                                                                      Brasil a partir
                                                                                      julho de 2012
Organofos-           Neurotóxico, desregulador do eixo hormonal da tireóide,
forados              alterações histopatológicas de testículos diminuição da
                     contagem de espermatozóides e da fertilidade, depressão,
                     inibidor irreversível da
                     acetilcolinesterase
Paraquate            Alta toxicidade aguda e toxicidade                               Comunidade
                                                                                      Européia-
                                                                                      proibido
Parationa Metílica   Neurotoxicidade, suspeita de desregulação endócrina,             Com. Européia,
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2

                    neutrófilos humanos diminuição de IL-2 e diminuição da
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Piretróide          Mortes neonatais e malformações congênitas, potencial
                    mutagênico e genotóxico, aberrações cromossômicas,
                    indução de micronúcleos, alterações de espermatozóides,
                    mutações letais dominantes, trocas de cromátides irmãs,
                    distúrbios neurocomportamentais e hormonais.
Procloraz           desregulador endócrino, diminuindo a produção e síntese de
                    hormônios corticosteróides e sexuais masculinos e femininos
                    e prejudica diversas funções fisiológicas, como a fertilidade
                    masculina, o metabolismo de nutrientes e a regulação do
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                    reprodutiva. Tem efeitos sobre a reprodução e provoca a não       Européia-
                    disjunção cromossômica em diferentes tipos de células.            proibido.
                    considerado um desregulador endócrino pela agência federal
                    de meio-ambiente da Alemanha pois provoca vários efeitos          Proibido      no
                    no sistema reprodutivo, como diminuição do número de              Brasil     desde
                    espermatozóides, do volume de líquido seminal, da                 2010.
                    motilidade e viabilidade de espermatozóides e de perdas
                    embrionárias, anormalidades fetais, diminuição do número de
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Fonte: Dossiê ABRASCO parte 1 – (Carneiro et all, 2012)

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Agrotóxicos no brasil uso e impactos ao meio ambiente e a saúde pública dez 12

  • 1. 1 AGROTÓXICO NO BRASIL – USO E IMPACTOS AO MEIO AMBIENTE E A SAÚDE PÚBLICA João Siqueira da Mata 1 Rafael Lopes Ferreira 2 RESUMO Com a chamada revolução verde houve a massificação do uso dos agrotóxicos no Brasil e a produção agrícola passou por grandes transformações. A política de créditos agrícolas deu ênfase aos produtos de exportações. Pacotes tecnológicos ligados aos financiamentos agrícolas obrigavam os agricultores a usar determinadas tecnologias e entre elas estavam os agrotóxicos que tinha como objetivo proteger as culturas contra pragas e doenças. O uso de agrotóxicos foi estimulada sem a preocupação prévia de orientar os agricultores sobre o risco para a sua saúde, meio ambiente e para o consumidor de forma a criar entre os agricultores um falso conceito que os produtos aplicados são praticamente inofensivo para o meio ambiente e a saúde do ser humano. O Brasil se tornou o maior consumidor de agrotóxicos do planeta e uma das conseqüências disto sãos os resíduos nos alimentos que tem sido motivos de debates e estudos dos especialistas que alertam sobre o perigo destes compostos químicos para a saúde e ao meio ambiente. Cada vez mais surgem estudos que faz a associação dos agrotóxicos com doenças como câncer, má formação congênitas, mal de Parkinson, depressão, suicídios, diminuição da capacidade de aprendizagem em crianças, ataques cardíacos, problemas mentais e outros de ordem comportamentais e que não existem limite diário aceitável de ingestão dessas substâncias. O presente trabalho constitui de uma pesquisa de caráter bibliográfico sobre a evolução do uso dos agrotóxicos no Brasil e os impactos dessas substâncias para a saúde do agricultor, consumidor e meio ambiente. Palavra chave: Agrotóxicos. Meio Ambiente. Saúde Pública. Intoxicação. Resíduos. 1.0 INTRODUÇÃO Desde 2008, o Brasil é o pais que mais usa agrotóxico no planeta, chegando em 2009, a marca de mais um bilhão de litros de agrotóxicos aplicados, dando o equivalente a uma consumo médio de 5,2 Kg de agrotóxico por habitantes (LONDRES, 2011), mas se olharmos mais especificamente para o Mato Grosso, o estado consome 150 milhões de litros de agrotóxicos por ano, dando o equivalente 1 Graduado em gestão ambiental pela Universidade Norte do Paraná e realizando pós em gestão ambiental e desenvolvimento sustentável FATEC/FACINTER. 2 Gestor Ambiental (Faculdades Integradas Camões / PR), Especialista em Biotecnologia (Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC/PR)), orientador de TCC do Centro Universitário Internacional Uninter..
  • 2. 2 a 50 litros por habitante (Osava, 2011) e se aproximarmos ainda mais os dados, a cidade de Lucas de Rio Verde – MT, a exposição média anual de agrotóxicos por morador, chega a 136 litros por habitante - conforme notícia veiculado no portal VIOMUNDO (Azenha 2001). Segundo (Augusto et all 2012) enquanto na cultura da soja a concentração de uso de ingrediente ativo de fungicida foi de 0,5 litros por hectare para hortaliça foi de quatro a oito litros por hectare em média, ou seja, podendo chegar entre 8 a 16 vezes mais agrotóxicos por hectare do que o utilizado na cultura da soja. Defensores do uso de agrotóxicos, dizem que eles são seguros e que os resíduos são mínimos e não há evidências que podem fazer mal a saúde – mas em contrapartida, cada vez aparecem mais trabalhos científicos relacionando o uso de agrotóxicos com doenças como câncer, má formação congênitas, mal de Parkinson, depressão, suicídios, diminuição da capacidade de aprendizagem em crianças, ataques cardíacos, problemas mentais e outros de ordem comportamentais e que não existem limite diário aceitável de ingestão dessas substâncias, colocando com isto em questionamento o limite diário aceitável de ingestão desses produtos, o que gera uma dúvida muito grande na sociedade já que no último levantamento feito pela ANVISA (ANVISA, 2011), 28% dos alimentos foram considerados insatisfatório e 35% satisfatório mas com resíduos; além da contaminação da água e até mesmo do leite materno como foi demonstrado por uma pesquisa que mostrou em Lucas do Rio Verde – MT que 100% das amostras do leite materno estavam contaminadas por pelos menos um agrotóxico, (Azenha 2001). 2.0 METODOLOGIA O presente estudo consiste em uma pesquisa bibliográfica feitas na internet de artigos científicos publicados na página da SciELO - Scientific Electronic Library Online, da ANVISA, ABRASCO- Associação Brasileira de Saúde Coletiva, Toxnet – Toxicologia Ocupacional, FIOCRUZ, biblioteca digital da UNICAMP, Google Acadêmico e livros relacionados e notícias jornalísticas. A pesquisa bibliográfica desenvolveu-se nas seguintes etapas: escolha do tema; levantamento bibliográfico preliminar; formulação do problema; buscas de fontes; leitura e organização do material; organização do assunto e redação do
  • 3. 3 artigo. Na busca de fontes foram selecionados trabalhos brasileiros e estrangeiros e utilizou-se cinco descritores principais: agrotóxico, impactos aos meio ambiente e a saúde pública, intoxicação por agrotóxico e resíduos nos alimentos. Localizaram-se trabalhos publicados entre 1962 e 2012. Analisaram-se os artigos a partir dos resumos e também quando necessários na íntegra. 3.0 RESULTADOS E DISCUSSÕES A agricultura é praticada pela humanidade há mais de 10 000 mil anos e o uso intensivo de agrotóxicos iniciou após a segunda guerra mundial, onde as indústrias químicas fabricantes de venenos usados como armas químicas ganharam grandes impulsos, ao encontrar na agricultura um novo mercado com a utilização de produtos químicos para o controle de pragas e doenças nas culturas. A introdução dos agrotóxicos no Brasil não ocorreu porque os produtores rurais estavam perdendo suas lavouras por pragas, doenças e ervas daninhas e solicitaram da assistência técnica e pesquisa uma solução para amenizar seus problemas, na verdade, foi uma tecnologia imposta pelo mercado externo e introduzida pela assistência oficial do estado com a propaganda de ser uma alternativa para aumentar a produção e facilitar as atividades do campo. Junto com os agrotóxicos também veio o incentivo aos agricultores familiares a abandonar a semente tradicional que há anos eles mesmos selecionavam e plantavam pela semente híbrida – preconizada como mais produtiva. Em pouco tempo o agricultor substituíram suas sementes adaptadas ao meio de cultivos por sementes melhoradas que nem sempre estava adaptada a realidade sócia cultural do produtor e essas sementes para expressar suas produtividades exigiam o uso crescente de insumos o que foi levando o agricultor a uma dependência de insumos e sementes. A política de crédito adotado pelo governo brasileiro foi bastante decisiva e ao mesmo momento impositivo para que o novo modelo de produção fosse implantado conforme podemos observar abaixo: Desde a década de 70, exatamente no ano de 1976, o governo criou um plano nacional de defensivos agrícolas. Dentro do modelo da Revolução Verde os países produtores desses agroquímicos pressionaram os
  • 4. 4 governos, através das agências internacionais, para facilitar a entrada desse pacote tecnológico. Em 1976, o Brasil criou uma lei do plano nacional de defensivos agrícolas na qual condiciona o crédito rural ao uso de agrotóxicos. Assim, parte desse recurso captado deveria ser utilizada em compra de agrotóxicos, que eles chamavam, com um eufemismo, de defensivos agrícolas. Então, com isso, os agricultores foram praticamente obrigados a adquirir esse pacote tecnológico ( GIRALDO, 2011). Corraborando a citação anterior (FLORES, 2004) vai mais além ao mostrar a irresponsabilidade do governo brasileiro ao ceder as pressões internacional e obrigar os agricultores a adotar tecnologias desnecessária que não condizia com a realidade e necessidade da agricultura. No Brasil, a partir de 1970, a produção agrícola sofreu grandes transformações. A política de estímulo do crédito agrícola, associada às novas tecnologias, impulsionou várias culturas, principalmente destinadas à exportação. Pacotes tecnológicos ligados ao financiamento bancário obrigavam os agricultores a adquirir insumos e equipamentos, muitas vezes desnecessários. Entre os insumos, estavam os pesticidas, que eram recomendados para o controle de pragas e doenças, como método de resguardar o potencial produtivo das culturas. Esse método obrigava aplicações sistemáticas de pesticidas, mesmo sem ocorrência das pragas, resultando em pulverizações excessivas e desnecessárias (RUEGG et al., 1991 apud Flores et all 2004 pág. 113). Segundo (Londres, 2010) a isenções fiscais e tributárias que são concedidas até hoje ao comercio de agrotóxicos, onde o governo federal concede redução de 60% da alíquota de cobrança de ICMS(Imposto sobre Circulação de Mercadorias e serviços) a todos os agrotóxicos e a isenção completa da cobrança de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) aos agrotóxicos fabricados a partir de uma lista de dezenas de ingredientes ativos e também a isenção da cobrança de PIS/PASEP (Programa de Integração Social/ Programa de Formação do Patrimônio do Servidor) e de COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) a “defensivos agropecuários classificados na posição 38.08 da NCM (Nomenclatura Comum do Mercosul) que compreende produtos diversos como fungicida e inseticida e herbicidas e juntamente com outras isenções estaduais como o estado do Ceará onde a isenção ICMS, IPI, COFINS e PIS/PASEP para atividades envolvendo agrotóxicos chega a 100% tem sido passos importantes a expansão do uso de agrotóxicos no Brasil. O resultado da política agrícola adotada desde 1970 proporcionou o avanço do agronegócio que concentra a terra e exige cada vez mais altas quantidades de produtos químicos para garantir a produção em escala industrial e o resultado foi
  • 5. 5 que enquanto em âmbito mundial o mercado de agrotóxicos cresceu 93% e no Brasil chegou a 190% conforme um dossiê divulgado pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva – ABRASCO (Carneiro, 2012) e segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (SINDAG, 2011) esse crescimento foi de 200%, tornando o país o maior consumidor de agrotóxicos do planeta, ultrapassando os Estados Unidos e chegando em 2009 a marca de mais um bilhão de litros de agrotóxicos aplicados dando o equivalente a uma consumo médio de 5,2 Kg de agrotóxico por habitantes (LONDRES 2011). Segundo o dossiê da Associação Brasileira de Saúde Coletiva - ABRASCO “dos 50 agrotóxicos mais utilizados nas lavouras de nosso país, 22 são proibidos na União Européia” (CARNEIRO et al, 2012 apud AUGUSTO et al, 2012, p. 17), tornando o Brasil, o maior consumidor de agrotóxicos já banidos no exterior. Para atingir o objetivo que é o controle da praga e ou doenças várias pulverizações são realizadas, porém uma parte atinge o organismo alvo, outra atinge as plantas e o solo e outras evaporam para o ambiente e para procurar quantificar isto que normalmente é denominado por deriva técnica a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) realizou um trabalho para quantificar os desperdícios que ocorrem durante as pulverizações (CHAIM, 2003) em culturas rasteiras e foi observado em estádio inicial da cultura do feijão que apenas 12% do ingrediente ativo atinge a planta e 73% o solo e 15% evapora para o meio ambiente dando uma perda de 88% e no geral uma média de 37% dos agrotóxicos aplicados retidos nas plantas e 24,8 % vai para o ar e áreas vizinhas e 38% vai para o solo, ocorrendo uma perda media de 63% do produto aplicado. Por ser uma aplicação com pulverizador de barras, onde os bicos passam entre 40 e 50 cm sobre o topo das plantas, para a cultura do feijão podem apresentar-se como uma aberração. Entretanto as condições de temperatura, umidade relativa e velocidade do vento, associados com a densidade foliar da cultura são provavelmente os fatores que mais contribuem nas perdas por deriva . (CHAIM, 2003 pág. 310) O agrotóxico que não atinge o alvo não terá o efeito esperado e representa uma perda agronômica e uma fonte de contaminação ambiental e segundo ainda (Chaim, 2003) para compensar as perdas a dosagem dos agrotóxicos são superestimadas. Conforme (Augusto et all 2012) podemos notar que para realizar o controle de determinado inseto ou moléstia é realizado intencionalmente uma contaminação
  • 6. 6 ambiental muito grande, já que não existe tecnologia desenvolvida que possa atingir apenas o alvo, porque na prática o hospedeiro e a praga objeto de controle – seja um inseto, fungo, uma erva se confundem não dando para individualizar e o agricultor ataca todo o conjunto lavoura-praga com o agrotóxico na intenção de atingir o alvo. Uma vez inserido no ambiente o agrotóxico até ser desativado ou degradado passa por um caminho bastante complexo e segundo ( Spadotto, 2003 pág 11) " o destino de agrotóxicos no ambiente é governado por processos de retenção (sorção, absorção), de transformação (degradação química e biológica) e de transporte (deriva, volatilização, lixiviação e carreamento superficial), e por interações desses processos” Quais são os efeito ambientais adversos dos resíduos dos agrotóxicos que atinge as plantas, solo, água o trabalhador rural e os consumidores através dos alimentos contaminados e a atmosfera? Além dos perigos que representam aos seres humanos nos aspectos ocupacionais, alimentares e de saúde pública, sabe-se que os resíduos de agrotóxicos no ambiente podem provocar efeitos ecológicos indesejáveis, como a alteração da dinâmica biológica natural pela pressão de seleção exercida sobre os organismos, e ter como conseqüência mudanças na função do ecossistema (SPADOTTO et all, 2010. pág. 7) 3.1 Plantas O agrotóxico ao atingir a planta tem como objetivo protegê-la contra ação do patógeno ou inseto – mas porém, este mesmo agrotóxico pode favorecer o aparecimento de novas doenças e pragas. O pesquisador francês (Chaboussou, 1980) em sua obra – plantas doentes pelo uso de agrotóxicos, mostra inúmeros trabalhos realizados por ele e outros pesquisadores, onde comprova o aparecimento de muitas doenças e pragas associado ao uso de determinados agrotóxicos. Nessa obra o pesquisador procura demonstrar que o aparecimento de muitas pragas e doenças não pode ser explicado apenas pela destruição de seus inimigos naturais como normalmente é colocado; e por analogia da mesma forma que determinadas afecções no ser humano pode ser desencadeado pelo uso determinados medicamentos em patologia vegetal o mesmo pode ocorrer em relação ao uso de agrotóxicos que podem ter uma incidência positiva no desenvolvimento de várias doenças fúngicas, viróticas e
  • 7. 7 bacteriana e na multiplicação de pulgões, ácaros, lepidópteros e outros. Tudo se passa como se, por sua ação nefasta sobre o metabolismo da planta, os agrotóxicos rompessem a sua resistência natural.O agrotóxico – mesmo não provocando queimaduras ou fenômenos de fito toxicidade aparentes – pode mostrar-se tóxico para a planta, com todas as conseqüências que isto pode causar sobre a resistência a seus agressores, sejam eles fungos, bactérias, insetos ou mesmo vírus. (CHABOUSSOU, 1980, p.34 e 35). Segundo (Yamada, 2007, pág 52) o herbicida “glifosato afeta a nutrição mineral das plantas, além de torná-la mais suscetível as doenças” e o mesmo observou Cakmak (2007, p.5) em regiões com uso extensivo do glifosato : Reduções no crescimento e na produtividade das culturas; aumento nos problemas de doenças; aumento no uso de inseticidas e fungicidas; inibição da fixação biológica de nitrogênio; aumento no uso de fertilizantes foliares com micronutrientes; sintomas de deficiências de micronutrientes. 3.2 Solo e água. Como foi demonstrado em trabalho realizado (Chaim, 2003) estudo feito com cultura rasteira e dependendo da fase da cultura há uma variação de 14 a 73% do agrotóxico que é perdido para o solo e qual é a conseqüência disto? O pesquisador (Chaim 2003, p. 294) vem corroborar o que já foi levantado por (Chaboussou 1980) e outros pesquisadores: A contaminação do solo tem provocado grandes variações nas populações de organismos não-alvo, principalmente aqueles que degradam a matéria orgânica e melhoram a fertilidade. Muitas vezes, essas perdas são responsáveis por desequilíbrios favoráveis ao aparecimento de novas pragas e doenças. O solo contaminado pode ser levado pelas águas de chuva para rios, açudes e lagos, colocando em risco não só aquelas populações que vivem nesses sistemas, mas também as espécies que utilizam essa água para sua sobrevivência, como os animais e o próprio homem. O pesquisador francês (Chaboussou,1980) cita como conseqüência que quando a maioria desses compostos entra no ecossistema do solo, podem afetar os processos de decomposição. Também coloca que os fungicidas sistêmicos inibem certos organismos saprófitas do solo e as micorrizas e aponta que o uso prolongando de fungicidas cúpricos leva a esterilização do solo e a destruição das minhocas pelos ditiocarbamatos e os inseticidas especialmente os clorados “têm
  • 8. 8 uma influência inibidora sobre a atividade dos fungos (especialmente os actinomicetos) e bactérias que participam da amonificação, e sobre os nitrobacter que participam da transformação dos nitritos em nitratos”( CHABOUSSOU, 1980, p.129). O pesquisador (Spadotto et all , 2003) também assinala impactos bastante relevantes que essas substâncias podem provocar nos microorganismos presente no solo que são sensíveis aos agrotóxicos, impactando todo o equilíbrio, biodiversidade e a quantidade total desses organismo tão necessário para manutenção da fertilidade e saúde do conjunto solo e plantas: Chaboussou (1980, p. 129 ) ainda coloca: O conjunto desses trabalhos mostra que todos os agrotóxicos incorporados ao solo, seja intencionalmente para desinfecção, não intencionalmente, após tratamentos de controle de insetos ou fungos ou tratamentos herbicidas, são capazes de afetar a fisiologia da planta através de sua nutrição. Os herbicidas parecem os mais perigosos, devido a sua dupla ação: efeito direto no momento do tratamento, ainda que subletal, em relação à planta e ação indireta, pela inibição da nitrificação ou da amonificação, conseqüente à destruição dos microrganismos do solo. Uma das conseqüências da contaminação do solo poder ser também a contaminação da água porque o solo contaminado pode ser levado pela água das chuvas para rios, lagos, e o contaminante presente no solo pode chegar até mesmo a fonte subterrânea de água através das áreas de recarga pela águas superficiais e também pela lixiviação. Um estudo realizado pelo de Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto (Daerp) em parceria com um grupo de pesquisadores publicado no portal (Eco Debate, 2011) detectou a presença de traços de dois agrotóxicos usados comumente na cana cana-de-açúcar no Aquífero Guarani no município de Ribeirão Preto e Rio Pardo- SP. Apesar das substâncias encontradas estarem abaixo do limite considerado perigoso, pesquisadores alertam que se nada for feito a tendência é piorar e comprometer o abastecimento de água. Outro estudo coordenado pela Universidade de Campinas (Unicamp) coordenada pelo Instituto Nacional de Ciências e Tecnologias Analíticas Avançadas (INCTAA) publicado no jornal (Gazeta do Povo, 2012) mostrou que a água potável de 16 capitais brasileira apresentam contaminação como cafeína, agrotóxicos e laxante.
  • 9. 9 Em pesquisas realizadas no Mato Grosso no município de Campo Verde e Lucas do Rio Verde divulgado pela (TV Brasil, 2011), o médico especialista em saúde pública Vanderlei Pignati, encontrou com sua equipe contaminação por agrotóxico no ar, sangue das pessoas, animais, leite materno e até na chuva e constatou que 80% dos poços artesianos artesiano estão contaminados com 3 a 12 tipos de agrotóxicos diferentes. A mesma reportagem mostrou um estudo realizado pela Universidade Federal do Ceará, na cidade Limoeiro do Norte, onde foi constatado a presença de 12 tipos diferentes de agrotóxicos, em um canal derivado do rio Jaguaribe que abastece uma comunidade que utiliza a água para irrigação e consumo. Foi constatado também que as reservas subterrâneas também sofrem contaminações, conforme relatório da companhia de gerenciamento dos recursos hídricos do estado do Ceará, que mostrou que foram encontrados resíduos de agrotóxicos no aqüífero Jandaíra. 3.2 - Atmosfera Como visto anteriormente no momento da aplicação até 35% do agrotóxico pode se perder para a atmosfera e o produto depois de aplicado ele continua se perdendo para a atmosfera através da volatização. São várias conseqüências da perda dos agrotóxicos para a atmosfera e podemos destacar entres elas a diminuição e desaparecimento das abelhas observado em varias parte do mundo. As abelhas polinizam mais de 70, entre 100, culturas que fornecem 90% de alimentos do mundo. Entre frutas e vegetais, estão, por exemplo, as maçãs, laranjas, morangos, cebolas e cenouras. O declínio na população de abelhas tem efeitos devastadores para a segurança alimentar e é meio de subsistência dos agricultores. Além disso, pode afetar o valor nutricional e a variedade de nossos alimentos (ECODEBATE, 2012) 3.4 – Trabalhadores Rurais Segundo o dossiê da Associação Brasileira de Saúde Coletiva – ABRASCO parte 2 (Augusto, 2012) os sistemas de informações no país ainda não retratam a real situação das intoxicações agudas e crônicas em virtude da acentuada subnotificação. Nenhum deles tem respondido adequadamente como instrumento de vigilância deste tipo de agravo havendo para os casos agudos um sub-registro muito
  • 10. 1 grande e os casos crônicos não são captados por nenhum dos sistema de informação. O Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) registrou 2.071 casos de intoxicação por agrotóxicos de uso agrícola, em 2007 e 3.466 casos em 2001, um aumento de de 67.3%. O Sistema Nacional de Informações Tóxico- Farmacológicas (Sinitox), por sua vez, registrou em 2009 - 5253 casos de intoxicação por agrotóxicos de uso agrícola com um total de 188 óbitos . O Ministério da Saúde estima que, anualmente, existam mais de 400 mil pessoas contaminadas por agrotóxicos, com cerca de 4 mil mortes por ano no Brasil. Estima-se que para cada caso registrado de intoxicação por agrotóxico ocorrem outros 50 sem notificação, ou com notificação errônea. Os EPIs por mais eficientes que sejam, podem reduz a exposição do trabalhador ao produto químico, mas não elimina totalmente a exposição ao agente químico e pesquisadores já alertam “na maioria das vezes, parece que os EPIs agrícolas não conseguem evitar a contaminação, o acidente ou a lesão” (VEIGA et al., 2007. p.9). Discutiu-se ainda a possibilidade dos EPIs apresentarem lacunas funcionais no projeto (VEIGA, 2007), no que diz respeito a sua permeabilidade, conforto térmico, máscaras e protetores faciais que embaçam com a respiração e outros acessórios que não foram projetados para uso integrado e que nos casos analisados além de não neutralizar a insalubridade aumentam a probabilidade de contaminação dos trabalhadores em algumas atividades. Corraborando o foi colocado por (Veiga, 2007) o médico do trabalho e doutor em toxicologia Wanderlei Pignati em entrevista ao Portal Viomundo (AZENHA, 2011) coloca: O uso seguro do agrotóxico é altamente questionável. Pode ser seguro para o trabalhador, isso se ele usar todos os EPI. Mesmo assim, tem toda uma questão da eficiência e eficácia desses EPI. Sou também médico do trabalho e a gente vê isso. A eficiência e eficácia do EPI é de 90%, se [os trabalhadores] usarem máscara com o filtro químico adequado. E o resto do vestimento? Agrotóxico penetra até pelo olho! Pela mucosa, pela pele. Então teria que ter até um cilindro de oxigênio para respirar igual a um astronauta. O filtro pega 80% ou 90% dos tipos de agrotóxico. Hoje, você tem mais de 600 tipos de princípios ativos e são 1.500 tipos de produtos formulados. Tem agrotóxicos novos com moléculas muito pequenas que passam pelo filtro. Então, com toda a proteção ideal, você protege o trabalhador. Mas, e o ambiente?
  • 11. 1 Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal do Ceará divulgada no programa Globo Rural (edição 26 agosto 2012), mostra um estudo que esta procurando detectar precocemente indicio de câncer em trabalhadores rurais através da análise do DNA das células da medula óssea. De nove amostras analisadas, seis apresentaram alterações que chamaram atenção dos pesquisadores, porque estas alterações acostumam aparecer em caso de leucemia aguda e apesar da alteração ser apenas em uma das 20 células analisadas, o agricultor não esta ainda doente - mas tem o primeiro passo para o desenvolvimento de câncer, mas se o trabalhador continuar por mais alguns anos com a exposição aos agrotóxicos possivelmente vai desenvolver uma doença na medula óssea - alerta o pesquisador. Outra pesquisa que acompanhou 108 viticultores (RuralBr 2011) de várias localidades de Caxias do Sul –RS, nos anos de 2001 e 2002, realizada pela Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Universidade de Caxias do Sul (UCS) analisou as células dos viticultores e foram detectadas lesões no DNA de todos os produtores em um nível seis vezes maiores em relação ao um grupo de pessoas não expostas aos agrotóxicos. Segundo a bióloga e geneticista Juliana da Silva, os danos na célula pode acumular no sistema de uma pessoa e causar doenças como câncer e alzheimer. Estudo realizado (Bedor, 2008), que objetivou estudar o potencial carcinogênico dos agrotóxicos utilizados na fruticultura do Vale do São Francisco, revelou que para os agrotóxicos mais utilizados, 87% possuem potencial carcinógenos e 7% são potencialmente pré – carcinógenos, indicando uma evidente situação de vulnerabilidade para o câncer. Estudo realizado na região sul de Minas Gerais (Silvia, 2008) aponta para uma relação entre cânceres hematológicos e a utilização de agrotóxicos. São classificados como cânceres hematológicos os linfomas, as leucemias e o mieloma múltiplo e conclusão que se chegou é que os trabalhadores que declararam ter tido exposição a agrotóxicos apresentaram um risco de quase quatro vezes maior para o desenvolvimento desse tipo de câncer em relação àqueles que não declararam exposição. 3.5- Resíduos de agrotóxicos em alimentos
  • 12. 1 A ANVISA iniciou em 2001 um Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA) com o objetivo de avaliar os níveis de resíduos de agrotóxicos nos alimentos que chegam á mesa do consumidor. O PARA monitorou em 2010 (ANVISA,2001) dezoito alimentos: abacaxi, alface, arroz, batata, beterraba, cebola, cenoura, couve, feijão, laranja, maçã, mamão, manga, morango, pepino, pimentão, repolho e tomate . Dos 400 ingredientes ativos registrados foram pesquisados 235 e o glifosato um dos mais utilizados não foi incluído na pesquisa. A figura 01 e anexo 1, apresenta a distribuição dos resíduos de agrotóxicos nas 2.488 amostras analisadas. Em 37% delas, não foram detectados resíduos; 35% apresentaram resíduos abaixo do limite máximo de resíduo (LMR) estabelecido; e 28% foram consideradas insatisfatórias por apresentarem resíduos de produtos não autorizados ou, autorizados, mas acima do LMR. O cultivo do pimentão é o caso mais preocupante, com quase 92% das amostras com níveis de agrotóxicos acima do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) – figura 2 e anexo 2. Analisando os dados da figura 1 podemos observar notar que 63% das amostras estão contaminadas por agrotóxicos – sendo que 28% apresentaram ingredientes ativos não autorizados para aquela cultura e/ou ultrapassaram os limites máximos de resíduos e 35% apresentaram contaminação por agrotóxicos, porém dentro destes limites. Os 37% das amostras que não apresentaram resíduos foram para os 235 ingredientes ativos que foram analisados e não significa que estes alimentos estejam realmente livre dos demais – em torno de 400, o que deixa o quadro mais preocupante ainda do ponto de vista da saúde pública. No quadro 1 ANEXO 3- podemos observar uma relação dos principais ingredientes ativos pesquisados e um resumo dos problemas relacionados e na terceira coluna pode-se observar que muitos desses produtos que são usados livremente no Brasil são proibidos em outros países pela sua reconhecida alta toxicidade ao meio ambiente e a saúde pública. O problema maior acerca desses dados é que existe muita incerteza científica ligado na definição do limite máximo de ingestão diária de resíduos como podemos observar a seguir no questionamento feito pela Associação Brasileira de Saúde coletiva – ABRASCO.
  • 13. 1 A avaliação dos impactos dos agrotóxicos na saúde decorrente do consumo de alimentos produzidos com a utilização de agrotóxicos é realizada fundamentalmente com base em estudos experimentais animais, nos quais o principal indicador é a ingestão diária aceitável - IDA. Parte-se da crença de que o organismo humano pode ingerir inalar ou absorver certa quantidade diária, sem que isso tenha consequência para sua saúde. O IDA deriva de outro conceito a dose letal de 50% de morte de cobaias expostas (DL50). Trata-se de um indicador de toxicidade que significa que a metade da população de cobaias no estudo morre ao ser submetido a uma determinada concentração de agrotóxico. Mediante uma abstração matemática, esse número é extrapolado para os humanos. Assim se busca um valor aceitável de exposição humana. Esses indicadores não têm sustentabilidade científica quando queremos tratar de proteção da saúde. Trata-se na realidade de uma forma reducionista do uso da toxicologia para sustentar o uso de veneno, criando álibis cientificistas para dificultar o entendimento da determinação das intoxicações humanas especialmente as crônicas, decorrentes das exposições combinadas, por baixas doses e de longa duração (Carneiro, 2012, pág 47). O Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional – CONSEA, também questiona a metodologia adotada para definir os limites de ingestão diária ao não considerar muitos outras fatores importantes para a segurança da saúde das pessoas como coexposições, idade, sexo, nutrição, situações fisiológicas, genética , condições de trabalho, condições de vida e além do que o organismo humano não se comporta de uma forma idêntica como se fosse uma máquina: Outro aspecto importante, que traz preocupação para o Consea, é o fato de que as metodologias utilizadas pelo governo para definir os limites da Ingestão Diária Aceitável (IDA) de agrotóxicos levam em consideração um “indivíduo médio de 60 kg”, menosprezando, portanto, o impacto dessas substâncias sobre grupos mais vulneráveis como idosos e crianças, entre outros. Além disso, esse conceito, que deveria ser um parâmetro para garantir a saúde da população exposta a alimentos com agrotóxicos, não considera os efeitos da combinação de vários agrotóxicos ingeridos em uma mesma refeição ou ao longo do mesmo dia (CONSEA, 2012 pág. 24). Corraborando o texto acima Wanderlei Pignati doutor em Saúde Pública e professor da Universidade Federal de Mato Grosso em entrevista a revista Galileu também questiona os limites de Ingestão Diária Aceitável pois os sistemas de resposta do organismo humano não são iguais e isso não é considerado e além do que esses limites variam de acordo com o país o que coloca em xeque o rigor científico que deveria ter ao estipular os limites de ingestão diária. Existe hoje a determinação de um limite máximo de resíduo por alimento. Esse limite não deveria existir, é absurdo. Cada pessoa tem uma sensibilidade diferente aos produtos. Sabe como esse limite é determinado? A partir da média da sensibilidade das pessoas, são medidas arbitrárias. No Brasil, por exemplo, um quilo de soja pode ter 10 miligramas de glifosato
  • 14. 1 [princípio ativo de um agrotóxico famoso]. Nos EUA o limite é de 5 mg, na Argentina 5 mg, mas na Europa é 0,2 mg (REVISTA GALILEU, 2010). No Seminário de Enfrentamento aos Impactos dos Agrotóxicos na Saúde Humana e no Ambiente, Karen Friedrich, pesquisadora do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde também questionou o limite de ingestão diária permitida de agrotóxicos: (...) a ingestão diária aceitável de agrotóxicos nos alimentos segue um modelo linear de dose e efeito, mas esse paradigma é rompido pelos carcinógenos genotóxicos presentes no defensivo agrícola, para os quais não existe limite seguro. Segundo Karen, estudos recentes têm comprovado que a exposição humana a baixas doses de agrotóxicos causa desregulação endócrina e imunotoxidade. A desregulação endócrina gera efeitos como alterações nas funções hormonais, responsáveis pelos processos neurocomportamentais, reprodutivos, nas funções cardiovasculares, renais, intestinais, neurológicas e imunológicas. No caso da imunotoxidade, disse ela, podem ocorrer reações alérgicas e de hipersensibilidade ou imunossupressão, tornando as pessoas mais suscetíveis ao aparecimento de tumores ou à infecção por patógenos. Os períodos mais críticos são o pré-natal e pós-natal, quando se desenvolvem o sistema nervoso, endócrino e imunológico (Informe ENSP, 2012). A documentarista Marie-Monique Robin em seu filme – o veneno nosso de cada dia em notícia veiculada no portal - (Em Pratos Limpos, 2011) denuncia: (...) apenas 10% das substâncias que estão presentes no nosso dia-a-dia foram testadas. E mesmo assim, esses testes sempre foram feitos com forte influência dos fabricantes. Representantes da indústria química chegaram a dizer que seu “o livro envenena a indústria química” (Em Pratos Limpos, 2011) Ela ainda vai além ao mostrar como são frágeis as bases científicas que dão sustentação ao seu uso para fins agrícolas ou de saúde pública. Ingestão diária aceitável – IDA – é um valor numérico, medido em mg/kg, que determina a quantidade que se pode consumir de uma substância durante todos os dias, com segurança, por toda a vida.[1] Na prática, para os agrotóxicos por exemplo, determina qual limite máximo de resíduo aceitável em um alimento. Era de se esperar que este índice fosse calculado com um alto grau de rigor científico, para que em nenhum momento colocasse a vida dos consumidores em risco ( Em Pratos Limpos , 2011) .
  • 15. 1 Marie-Monique nos mostra justamente o contrário: No mesmo estilo investigador de “O Mundo Segundo a Monsanto”, a diretora percorre centros de pesquisa e agências reguladoras em vários países tentando descobrir como este índice é definido. E ela não deixa dúvidas: através de estudos científicos pagos pelas empresas, e com a ajuda diretores de agências reguladoras com ligações com a indústria, os próprios fabricantes das substâncias é que definem o nível aceitável (Em Pratos Limpos , 2011). Infelizmente a ingestão diária aceitável que deveria ser do mais alto rigor científico como podemos observar nas revisões acima, acaba sendo mais um critério que varia de acordo com os critérios e interesse da indústria como podemos ver no exemplo abaixo: Antes de a soja transgênica aparecer “oficialmente” no mercado brasileiro, o limite máximo do agrotóxico glifosato aceitável pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) passível de presença em soja, era de 0,2 miligrama por quilo de grão. No período próximo a liberação do cultivo de soja transgênica no Brasil, a ANVISA, pressionada pela indústria dos agrotóxicos, decidiu aumentar o índice aceitável de glifosato presente no grão em 50 vezes, ou seja, de até 10 miligramas de glifosato por quilo de grãos de soja transgênica (FREITAS, edição 116). Para piorar ainda o que já é ruim além dos questionamentos relacionados aos limites diários existe outro agravante que podemos observar ao analisar a figura 2, que vem ser a ingestão de diversos alimentos que contenham resíduos diferentes ou até mesmo um alimento que contenha resíduos de vários pesticidas, quais seriam as possíveis consequência dessa sobre-exposição? Um estudo realizado na Universidade de Aston – Inglaterra , procurou estudar o efeito isolado e o efeito combinado, sobre células de nosso sistema nervoso central, de três fungicidas encontrados com frequência nas prateleiras de hortifrúti: o pirimetanil, o ciprodinil e o fludioxonil. Resultado: os danos infligidos às células são até vinte ou trinta vezes mais graves quando os pesticidas são associados. “Substâncias que são conhecidas por não afetarem a reprodução humana e o sistema nervoso e não serem cancerígenas, combinadas possuem efeitos inesperados”, resume um dos autores do estudo, o biólogo molecular Claude Reiss, ex- diretor de pesquisa do CNRS e presidente da associação Antidote Europe.“Observamos o agravamento de três tipos de impactos”, detalha o pesquisador francês: “A viabilidade das células é degradada; as mitocôndrias, que são as ‘baterias’ das células, não conseguem mais alimentá-las com energia, o que desencadeia a apoptose, ou seja, a autodestruição das células; por fim, as células são submetidas a um stress oxidante muito poderoso, possivelmente cancerígeno e que pode levar a efeitos em cascata”.
  • 16. 1 Entre as possíveis consequências de tais agressões sobre as células, os pesquisadores citam o risco de uma vulnerabilidade crescente a doenças neurodegenerativas como o Mal de Alzheimer, de Parkinson ou a esclerose múltipla. “Nosso estudo aborda um pequeno número de substâncias, trazendo mais perguntas do que respostas, mas esses efeitos foram evidenciados em doses muito pequenas, concentrações próximas às encontradas em nossos alimentos”, observa o professor Coleman (EcoDebate 2012). A saúde pública acaba pagando um preço muito caro pela adoção desse sistema de produção que incentiva o uso de agrotóxicos e disponibiliza poucos recursos e incentivos para pesquisa e desenvolvimento de alternativas para uma agricultura menos tóxica e que tenho como principio o respeito a vida, a saúde e ao meio ambiente e como as conseqüências desse modelo acaba sendo uma externalidade difusa que aliada ao pouco interesse das indústrias que dominam o setor produtivo e influenciam os órgão governamentais faz com que as conseqüências passem despercebidas pela sociedade pouco atenta. Os serviços e os profissionais de saúde nunca foram e não estão devidamente capacitados para diagnosticar os efeitos relacionados com a exposição aos agrotóxicos, tais como, as neuropatias, a imunotoxicidade, as alterações endócrinas, os efeitos sobre o sistema reprodutor, sobre o desenvolvimento e crescimento e na produção de neoplasias, entre outros efeitos negativos. Sem esses diagnósticos, não se evidenciam as enfermidades vinculadas aos agrotóxicos, e essas se ocultam, em favor dos interesses de mercado (Carneiro, 2012, pág. 49). 6.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS O uso mais racional dos agrotóxicos em que não fosse permitido nenhum resíduo e as alternativas aos agrotóxicos como a agroecologia pode ser uma importante ferramenta de gestão ambiental e desenvolvimento sustentável na agricultura com impactos positivos ao meio ambiente e á saúde do produtor e consumidor. Barreiras políticas são os maiores empecilhos para o desenvolvimento de uma agricultura mais limpa e que poderá ser rompida à medida que a sociedade se interar das conseqüências dos problemas relacionados ao meio ambiente e a saúde como um todo.
  • 17. 1 REFERÊNCIAS ANVISA - Agência Nacionalde Vigilância Sanitária. Programa de análise de resíduos de agrotóxicos em alimentos (PARA). Relatório de atividade 2010. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/b380fe004965d38ab6abf74ed75891ae/ Relat%C3%B3rio+PARA+2010+-+Vers%C3%A3o+Final.pdf?MOD=AJPERES>. Acesso em: 16 setembro de 2012. Augusto, L G S.; Carneiro, F F; Pignati, W; Rigotto, R M; Friedrich, K; Faria, N M X. Búrigo, A.C.; Freitas, V.M.T.; Guiducci Filho, E. Dossiê ABRASCO – Um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde. ABRASCO, Rio de Janeiro, junho de 2012. 2ª Parte. 135p. AZENHA, M. Exclusivo: A pesquisadora que descobriu veneno no leite materno.VIOMUNDO, 2011. Disponível em: < http://www.viomundo.com.br/denuncias/exclusivo-a-pesquisadora-que-descobriu- veneno-no-leite-materno.html> Acesso em : 01julho de 2012. AZENHA, M. Wanderlei Pignati. Até 13 metais pesados, 13 solventes e 22 agrotóxicos e 6 desinfetante na água que você bebe. VIOMUNDO. Disponível em: < http://www.viomundo.com.br/entrevistas/wanderlei-pignati-dinheiro-para-a- vigilancia-de-boi-e-soja-tem-para-a-saude-do-homem-nao.html > Acesso em : 11 setembro de 2012. BEDOR, C. N. G. Estudo do potencial carcinogênico dos agrotóxicos empregados na fruticultura e sua implicação para a vigilância da saúde. 2008. Tese (Doutorado em Saúde Pública) – Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães, Recife, 2008. Carneiro FF, Pignati W, Rigotto RM, Augusto LGS, Rizollo A, Muller NM, Alexandre VP, Friedrich K, Mello MSC. Dossiê ABRASCO: um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde. Rio de Janeiro: ABRASCO; 2012. 1ª Parte. 98 p CAKMAK, Ismail. Efeitos do glifosato na nutrição de micronutrientes de plantas. Informações Agronômicas, número 119. Setem/2007. In: Problema de nutrição e de doenças de plantas na agricultura moderna: ameaças á sustentabilidade? 2007, Piracicaba. Disponível em: < http://www.ipni.org.br/ppiweb/brazil.nsf/87cb8a98bf72572b8525693e0053ea70/d20fb 44d85259bf7032572530062870e/$FILE/Page1-17-119.pdf> Acesso em: 05 agosto 2012. Chaboussou, Francis. Plantas doentes pelo uso de agrotóxicos.. Editora Expressão Popular. 2006. São Paulo – SP. 326 p. CHAIM, A. Tecnologia de aplicação de agrotóxicos: fatores que afetam a eficiência e o impacto ambiental. In: Silva CMMS, Fay EF. Agrotóxicos & Ambiente. Brasília: Embrapa; 2004. p. 289-317.
  • 18. 1 CONSEA - Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional . Os impactos dos agrotóxicos na segurança alimentar e nutricional: contribuições do Consea. Disponível em: < http://www4.planalto.gov.br/consea/noticias/imagens- 1/mesa-de-controversias-sobre-agrotoxicos/caderno-da-mesa-de-controversias- sobre-agrotoxicos> Acesso em: 29 setembro de 2012 Eco Debate, 2011: estudo mostra que o aqüífero guarani está contaminado por agrotóxicos. Disponível em: < http://www.ecodebate.com.br/2011/05/19/estudo- mostra-que-o-aquifero-guarani-esta-contaminado-por-agrotoxicos/> acesso em: 15 agosto 2011. Eco Debate, 2012. agrotóxicos neonicotinóides: a Bayer continua matando abelhas em todo planeta. Disponível em: < http://www.ecodebate.com.br/2011/05/19/estudo-mostra-que-o-aquifero-guarani- esta-contaminado-por-agrotoxicos/> acesso em: 09 setembro 2012. Eco Debate, 2012. “Coquete” de agrotóxicos ingeridos no consumo de frutas e verduras pode causar Alzheimer e mal de Parkinson. Disponível em: < http://www.ecodebate.com.br/2012/08/10/coquetel-de-agrotoxicos-ingerido-no- consumo-de-frutas-e-verduras-pode-causar-alzheimer-e-parkinson/> 2012/08/10. Acesso em: 30 setembro de 2012. Em Pratos Limpos, 2011. Marie-Monique Robin lança seu novo filme na Fiocruz Disponível em: <http://pratoslimpos.org.br/?p=3136> Acesso em: 29 setembro 2012. FLORES, Araceli Verônica; RIBEIRO, Joselito Nardy; NEVES, Antonio Augusto; QUEIROZ , Eliana Lopes Ribeiro. Organoclorados: um problema de saúde pública. Ambiente & Sociedade – Vol. VII nº. 2 jul./dez. 2004. Disponível em: Acesso em: 05 de Agosto 2012 FREITAS, Ronaldo dos Santos. RevistaEco 21. Edição 116. O glifosato nosso de cada dia nos daí nos hoje... Disponível em: http://www.eco21.com.br/textos/textos.asp?ID=1376>. Acesso em: 30 setembro 2012. Gazeta do Povo, 2012. Estudo acha cafeína na água. Disponível em:< http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml? id=1273206&tit=Estudo-acha-cafeina-na-agua> acesso em: 15 agosto de 2012 Globo Rural, 2012. Uso de agrotóxicos oferece riscos á saúde e ao meio ambiente, alerta pesquisa. Disponível em: < http://g1.globo.com/economia/globo- rural/videos/t/edicoes/v/uso-de-agrotoxicos-oferece-riscos-a-saude-e-ao-meio- ambiente-alerta-pesquisa/2106562/> Acesso em: 01 de outubro 2012. GIRALDO, LIA. Há muitas evidências de danos dos agrotóxicos à saúde. FIOCRUZ, 2011. Disponível em: < http://www.fiocruz.br/ccs/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=3850&sid=3> Acesso
  • 19. 1 em: 15 de julho de 2012. Informe ENSP, 2012. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca. Seminário discute os agrotóxicos e os impactos na saúde pública. Disponível em:< http://www.ensp.fiocruz.br/portal-ensp/informe/site/materia/detalhe/30423>. Acesso em: 29 setembro de 2012. Jornal Globo. A Silenciosa praga das lavouras do Rio. Regiões agrícolas com forte uso de agrotóxicos têm mais suicídios e mortes por câncer. Disponível em:< http://oglobo.globo.com/rio20/a-silenciosa-praga-das-lavouras-no-estado-do-rio- 5104694> Acesso em: 23 setembro 2012 LONDRES, F. Agrotóxicos no Brasil: um guia para a ação e defesa da vida. Rio de Janeiro: AS-PTA. Assessoria e serviços a projetos em agricultura alternativa,2010. 190 p.: il., 23cm. OSAVA, M. A ameaça do veneno que chega do campo. Envolverde Jornalismo e Sustentabilidade. Disponível em: <http://envolverde.com.br/noticias/a-ameaca-do- veneno-que-chega-do-campo/>. Acesso em: 03 de julho de 2012. Revista GALILEU, 2010. Entenda porque o Brasil é o maior consumidor de agrotóxico do mundo. Disponível em: :< http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI150920-17770,00- ENTENDA+POR+QUE+O+BRASIL+E+O+MAIOR+CONSUMIDOR+DE+AGROTOXI COS+DO+MUNDO.html>. Acesso em: 01 de outubro de 2012. RuralBr, 2011. Exposição a agrotóxicos pode causar alterações no DNA, mostra pesquisa. Disponível em: <http://agricultura.ruralbr.com.br/noticia/2011/09/exposicao-a-agrotoxicos-pode- causar-alteracoes-no-dna-mostra-pesquisa-3501392.html>. Acesso em: 13 setembro de 2012. SINDAG, 2011. Sindicato Nacional das Indústrias de Defensivos Agrícolas. Venda de defensivos bate recorde no Brasil. Disponível em <http://www.sindag.com.br/noticia.php?News_ID=2143>. Acesso em: 22 julho de 2012. SILVA, Jandira Maciel da. Cânceres hematológicos na Região Sul de Minas Gerais Tese ( Doutorado para obtenção do título de Doutor em Saúde Coletiva, área de concentração em Saúde Coletiva). Campinas, SP : [s.n.], 2008. Disponível em:< http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=000431760&fd=y> Acesso em: 15 setembro de 2012. SPADOTTO, Claudio Aparecido; JUNIOR, Rômulo Penna Scorsa; DORES, Eliana Freire Gaspar de Carvalho: GEBLER,Luciano; MORAES, Diego Augusto de Campos. Fundamentos e aplicações da modelagem ambiental de agrotóxicos /, Campinas: Embrapa Monitoramento por Satélite, 2010. Disponível em: < http://pt.scribd.com/doc/64852171/Fundamentos-e-aplicacoes-da-modelagem- ambiental-de-agrotoxicos>. Acesso em 12 agosto de 2012.
  • 20. 2 SPADOTTO, Claudio Aparecido; GOMES, Marco Antonio F. ; LUCHINI, Luis Carlos; ANDREA, Mara M. de[. Monitoramento do risco ambiental de agrotóxicos: princípios e recomendações. Jaguariúna: Embrapa Meio Ambiente, 2004. 29 p.-- (Embrapa Meio Ambiente. Documentos, 42). Disponível em : <http://www.cnpma.embrapa.br/download/documentos_42.pdf> Acesso em 12 agosto 2012. TV Brasil, 2001. Agrotóxicos no Brasil (2/4) – Caminhos da Reportagem. Disponível em < http://www.youtube.com/watch?v=bcwWfJ8- o1A&feature=player_embedded#!> Acesso em: 15 agosto 2012 VEIGA, Marcelo Motta; DUARTE, Francisco José de Castro Moura; MEIRELLES, Luiz Antonio; GARRIGOU, Alain; BALDI, Isabelle; A contaminação por agrotóxicos e os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) . Rev. bras. Saúde ocup., São Paulo, 32 (116): 57-68, 2007. Disponível em: <http://www.fundacentro.gov.br/rbso/BancoAnexos/RBSO%20116%20Ensaio %20Agrot%C3%B3xicos%20e%20EPIs.pdf>. Acesso em: 10 outubro de 2012. YAMADA, Tsuioshi. Problema de nutrição e de doenças de plantas na agricultura moderna: ameaças á sustentabilidade? Informações Agronômicas, número 119. Setem/2007. In: Problema de nutrição e de doenças de plantas na agricultura moderna: ameaças á sustentabilidade? 2007, Piracicaba. Disponível em: < http://www.ipni.org.br/ppiweb/pbrazil.nsf/ $webindex/article=D826B8320325738C004F297D29CED08F> Acesso em: 05 agosto 2012.
  • 21. 2 ANEXO 1 Figura1 - Figura 1 - Distribuição das amostras segundo a presença ou a ausência de resíduos de agrotóxicos. Fonte: ANVISA, 2011
  • 22. 2 ANEXO 2 Figura 2 – Amostras de alimentos com resíduos de agrotóxicos. Fonte: ANVISA, 2011
  • 23. 2 ANEXO 3 Quadro 2 - podemos observar uma relação dos principais ingredientes ativos pesquisados no PARA e um resumo dos problemas relacionados e na terceira coluna pode-se observar que muitos desses produtos que são usados livremente no Brasil são proibidos em outros países pela sua reconhecida alta toxicidade ao meio ambiente e a saúde pública. Agrotóxicos Problemas relacionados (*) Proibido ou restrito Abamectina Toxicidade aguda e suspeita de toxicidade reprodutiva do IA Comunidade e de seus metabólitos Européia - proibido Acefato Neurotoxicidade, suspeita de carcinogenicidade e de Comunidade toxicidade reprodutiva e a necessidade de revisar a Ingestão Européia- Diária Aceitável. proibido Carbendazim Aberrações cromossômicas, desregulação endócrina do sistema reprodutivo masculino de ratos. Carbofurano Alta toxicidade aguda, suspeita de desregulação endócrina Comunidade Européia, Estados Unidos- proibido Cihexatina Alta toxicidade aguda, suspeita de carcinogenicidade para Comunidade seres humanos, toxicidade reprodutiva e neurotoxicidade Européia, Japão, Estados Unidos, Canadá- proíbido. Uso exclusivo para citrus no Brasil , 2010 Clorotanolil carcinógeno não-genotóxico, embriotoxicidade em camundongos. Endossulfam Alta toxicidade aguda, suspeita de desregulação endócrina e Comunidade toxicidade reprodutiva. Européia- Efeitos genotóxicos, pois induzem quebras na fita de DNA, proíbido, Índia troca entre cromátides irmãs e aumento na freqüência de (autorizada só a micronúcleos. produção) A ser pode afetar o sistema endócrino e o metabolismo orgânico, proibido no Brasil através de sua atividade nas glândulas hipófise, tireóide, a partir julho de supra-renais, mamas, ovários e testículos, provocando efeitos 2013 no metabolismo do organismo, alterando a produção de
  • 24. 2 hormônios, entre outros, do crescimento (GH), prolactina (PRL), adrenocorticotrófico (ACTH), estimulante da tireóide (TSH), folículo estimulante (FSH), luteinizante (LH), triiodotironina (T3), tiroxina (T4), hormônios sexuais. Pode também causa atrofia testicular, hiperplasia da paratireóide, aumento de peso da glândula pituitária e do útero (redução da fertilidade feminina por endometriose , redução da fertilidade masculina com prejuízo da produção de espermatozóides, a qualidade do sêmen e a motilidade dos espermatozóides em roedores . Imunossupressor em baixas doses, causando a diminuição na produção de anticorpos humorais, na resposta de imunidade celular: diminuição da função dos macrófagos e decréscimo de níveis séricos de IgG e indução da morte de células T natural killer, as quais atuam na supressão tumoral, de forma que o endossulfam agiria no desenvolvimento de tumores. Forato Alta toxicidade aguda e neurotoxicidade Comunidade imunosupressor em camundongos em doses Européia, correspondentes à exposição ocupacional humana O forato Estados Unidos- provoca aberrações cromossômicas in vivo em células da proibido medula óssea de ratos, como troca entre cromátides, quebra e deleção, clastogenicidade, aumento de recombinação (SCE) em células de linfócitos humanas e indução de micronúcleos Fosmete Neurotoxicidade Comunidade Européia- proibido Glifosato Casos de intoxicação, solicitação de revisão da Ingesta Diária Revisão da Aceitável (IDA) por parte de empresa registrante, Ingesta Diária necessidade de controle de impurezas presentes no produto Aceitável (IDA) técnico e possíveis efeitos toxicológicos adversos. Desregulador endócrino, infertilidade. Lactofem Carcinogênico para humanos Comunidade Européia- proibido Metamidofós Alta toxicidade aguda e neurotoxicidade. pronunciado efeito Comunidade imunosupressor, diminui ainda a proliferação dos linfócitos T Européia, China, do timo e a capacidade de formar anticorpos. Índia- proibido. A ser proibido no Brasil a partir julho de 2012 Organofos- Neurotóxico, desregulador do eixo hormonal da tireóide, forados alterações histopatológicas de testículos diminuição da contagem de espermatozóides e da fertilidade, depressão, inibidor irreversível da acetilcolinesterase Paraquate Alta toxicidade aguda e toxicidade Comunidade Européia- proibido Parationa Metílica Neurotoxicidade, suspeita de desregulação endócrina, Com. Européia, mutagenicidade e carcinogenicidade. Mutação nos testes de China- proibido Ames e aberrações cromossômicas e quebras de DNA em amostras biológicas de seres humanos expostos. Desregulador endócrino, uma vez que induz a hiperglicemia e hipoinsulinemia em ratos e aumento da atividade de aromatase, enzima responsável pela conversão dos hormônios andrógenos em estrógenos. Diminuição da proliferação de linfócitos T, inibição da quimiotaxia de
  • 25. 2 neutrófilos humanos diminuição de IL-2 e diminuição da produção de anticorpos . Piretróide Mortes neonatais e malformações congênitas, potencial mutagênico e genotóxico, aberrações cromossômicas, indução de micronúcleos, alterações de espermatozóides, mutações letais dominantes, trocas de cromátides irmãs, distúrbios neurocomportamentais e hormonais. Procloraz desregulador endócrino, diminuindo a produção e síntese de hormônios corticosteróides e sexuais masculinos e femininos e prejudica diversas funções fisiológicas, como a fertilidade masculina, o metabolismo de nutrientes e a regulação do sistema imunológico, malformações fetais em ratos Tebuconazol Provoca alteração na função reprodutiva de ratos, alterando outros parâmetros como a síntese de hormônios e causando a feminilização dos machos expostos durante a gestação e lactação e o desenvolvimento neuronal. Tiram Estudos demonstram mutagenicidade, toxicidade reprodutiva Estados Unidos- e suspeita de desregulação endócrina proibido Triclorfom Neurotoxicidade, potencial carcinogênico e toxicidade Comunidade reprodutiva. Tem efeitos sobre a reprodução e provoca a não Européia- disjunção cromossômica em diferentes tipos de células. proibido. considerado um desregulador endócrino pela agência federal de meio-ambiente da Alemanha pois provoca vários efeitos Proibido no no sistema reprodutivo, como diminuição do número de Brasil desde espermatozóides, do volume de líquido seminal, da 2010. motilidade e viabilidade de espermatozóides e de perdas embrionárias, anormalidades fetais, diminuição do número de fetos vivos, taxas de gravidez, ausência de folículos primários alterações estruturais na tireóide e adrenais em ratos. Elevada capacidade de causar efeitos neurotóxicos como a síndrome colinérgica, a polineuropatia retardada, a esterase neuropática e a síndrome intermediária em seres humanos. Fonte: Dossiê ABRASCO parte 1 – (Carneiro et all, 2012)