Aula sobre Pé Diabético, Cuidads Gerais, artropatia de Charcot, Diabetes Mellitus e Tratamentos.
Professor: Dr. Brunno Rosique
Cirurgião Plástico
UNIRV
Pé Diabético: Manual Completo Sobre Prevenção e Tratamento
1.
2. Pé Diabético
• Manual do Pé Diabético – Ministério da Saúde 2016
• Dr. Brunno Rosique
3. Introdução
• O Pé Diabético está entre as complicações mais frequentes do
Diabetes Mellitus (DM) e suas consequências podem ser dramáticas
para a vida do indivíduo, desde feridas crônicas e infecçõesaté
amputações de membros inferiores.
• O exame periódico dos pés propicia a identificação precoce e o
tratamento oportuno das alterações encontradas, possibilitando
assim a prevenção de um número expressivo de complicações do Pé
Diabético.
• 5% dos usuários com diagnóstico de DM há menos de dez anos e
5,8% dos usuários com diagnóstico de DM há mais de dez anos
apresentam feridas nos pés. A amputação de membros ocorre em
0,7% e 2,4% desses usuários, respectivamente, um percentual
bastante significativo, considerando a amputação uma complicação
irreversível com implicações físicas, mentais e sociais extremas.
• Mais de 120 milhões de pessoas no mundo sofrem de diabetes
mellitus e muitos destes indivíduos apresentam úlceras nos pés, o
que pode eventualmente incorrer em uma amputação
4. Avaliação do Pé Diabético
• O Diabetes Mellitus (DM) é um problema de saúde comum na
população brasileira e sua prevalência – que, no ano de 2013, em
duas pesquisas nacionais, alcançou as marcas de 6,9%.
• Entre as complicações crônicas do DM, a ulceração e a amputação
de extremidades – complicações estas do Pé Diabético – são
algumas das mais graves e de maior impacto socioeconômico,
sendo, infelizmente, ainda frequentes na nossa população.
• Pessoas com DM apresentam uma incidência anual de úlceras nos
pés de 2% e um risco de 25% em desenvolvê-las ao longo da vida.
• Aproximadamente 20% das internações de indivíduos com DM são
decorrentes de lesões nos membros inferiores.
Complicações do Pé Diabético são responsáveis por 40% a 70% do
total de amputações não traumáticas de membros inferiores na
população geral.
• 85% das amputações de membros inferiores em pessoas com DM
são precedidas de ulcerações, sendo os seus principais fatores de
risco a neuropatia periférica, as deformidades no pé e os
traumatismos.
5. Definição
Presença de infecção, ulceração e/ou destruição de tecidos
profundos associados a anormalidades neurológicas e a vários graus
de doença vascular periférica em pessoas com DM em membros
inferiores.
• Pode ser classificado, segundo sua etiopatogenia, em:
• Neuropático 60% ( perda progressiva da sensibilidade :
formigamentos e a sensação de queimação, diminuição da
sensibilidade pode apresentar-se como lesões traumáticas
indolores ou a partir de relatos, como perder o sapato sem se
notar)
• Vascular 20% (Isquêmico: Claudicação intermitente e/ou dor à
elevação do membro. Palidez à elevação do membro inferior. À
palpação, o pé apresenta-se frio, podendo haver ausência dos
pulsos tibial posterior e pedioso dorsal .
• Misto (neurovascular ou neuroisquêmico).
6. Atenção Básica
Avaliação do paciente com DM e orientações educacionais
Higiene
Traumas locais
Corte de unhas
Onicomicoses
Onicocriptoses
7. Prevenção
• Um número significativo de estudos tem provado que a taxa de
amputação pode ser reduzida em mais de 50% se as seguintes
estratégias forem implementadas:
• lnspeção regular dos pés e calçados durante as visitas clínicas do
paciente.
• Tratamento preventivo para os pés e com os calçados para
pacientes com pé em alto risco, ou seja, quiropodia*, cuidados com
os calçados, educação.
• Abordagem multifatorial e multidisciplinar de lesões já
estabelecidas.
• Diagnóstico precoce de doença vascular periférica e intervenção
vascular.
• Acompanhamento contínuo dos pacientes com úlceras prévias nos
pés.
• Registro de amputações e úlceras.
8. Epidemiologia
• Aproximadamente 40 a 60% de todas as amputações não
traumáticas dos membros inferiores são realizadas em
pacientes com diabetes.
• 85% das amputações dos membros inferiores relacionadas ao
diabetes são precedidas de uma úlcera no pé.
• Quatro entre cinco úlceras em indivíduos diabéticos são
precipitadas por trauma externo.
• A prevalência de uma úlcera nos pés é de 4 a 10% da
população diabética.
9. Fisiopatologia
• As lesões do pé diabético freqüentemente resultam de uma combinação
entre dois ou mais fatores de risco ocorrendo concomitantemente.
• Na neuropatia diabética periférica, todas as fibras, sensitivas, motoras e
autonômicas,são afetadas.
• A neuropatia sensitiva está associada à perda da sensibilidade dolorosa,
percepção da pressão, temperatura e da propiocepção.
• Devido à perda dessas modalidades, os estímulos para percepção de
ferimentos ou traumas estão diminuídos ou nem são perceptíveis, o que
pode resultar em ulceração.
• Geralmente, admite-se que a neuropatia motora acarrete atrofia e
enfraquecimento dos músculos intrínsecos do pé, resultando em
deformidades, em flexão dos dedos e em um padrão anormal da
marcha.
• As deformidades resultarão em áreas de major pressão, como, por
exemplo, sob as cabeças dos metatarsos e dos dedos. A neuropatia
autonômica conduz a redução ou à total ausência da secreção
sudorípara, levando ao ressecamento da pele, com rachaduras e
fissuras. Além disso, há um aumento do fluxo sangüíneo, através dos
shunts artério-venosos, resultando em um pé quente, algumas vezes
10. Fisiopatologia
• A doença vascular periférica (DVP), geralmente em combinação com
traumas leves ou danos triviais, pode resultar em uma úlcera
dolorosa, puramente isquêmica.
• É possível que a redução no fluxo sangüíneo na pele, devido à
doença macrovascular, torne a vascularização mais sensível à
oclusão durante períodos de elevada pressão biomecânica na pele. É
improvável, no entanto, que a doença microvascular oclusiva
constitua uma causa direta da ulceração. A microangiopatia
• desempenha um papel importante na patogênese das úlceras do pé
diabético; é um espessamento da membrana basal e o edema
endotelial nos capilares, porém não causa bloqueio.
• Deve-se acrescentar que as artérias distais são responsáveis pelo
suprimento arterial dos pododáctilos. Edemas relativamente leves,
causados, por exemplo, por traumas, trombose séptica ou infecção
podem resultar em uma oclusão total das artérias distais já
comprometidas, levando à gangrena do pododáctilo
11.
12. Neuropatia Diabética
• A neuropatia diabética é definida como "a presença de sintomas
e/ou sinais de disfunção dos nervos periféricos em pessoas com
diabetes, após a exclusão de outras causas“
• Os sintomas da neuropatia periférica incluem dores em queimação,
pontadas, parestesia, sensações de frio e calor nos pés, hiperestesia;
todos esses sintomas tendem a uma exacerbação noturna.
• Os sinais incluem a redução da sensibilidade à dor, à vibração e à
temperatura, hipotrofia dos pequenos músculos interósseos,
ausência de sudorese e distensão das veias dorsais dos pés.
• Estes dois últimos sintomas são evidências de disfunção autonômica
envolvendo fibras dos nervos simpáticos; como resultado, há
aumento dos shunts artério-venosos, tornando o pé quente. Assim
sendo, um pé quente, porém insensível, representa, de fato, o pé em
alto risco.
• Dedos em Garra, Dedos em Martelo
14. Doença Vascular Periférica
• Responsável pela insuficiência arterial é o fator mais importante
relacionado à evolução de uma úlcera no pé.
- Em pacientes diabéticos, a ateroesclerose e a esclerose da média são
as causas mais comuns da doença arterial.
A ateroesclerose causa isquemia pelo estreitamento e oclusão dos
vasos.
A esclerose da média (esclerose de Moenckeberg) é a calcificação da
camada média produzindo um conduto rígido sem, no entanto, invadir
o lúmen arterial.
• Os sintomas na fase final são dor em repouso, particularmente à
noite, e ulceração ou gangrena.
• Há, assim, quatro estágios, segundo Fontaine:
• Estágio 1: doença arterial oclusiva sem sintomas clínicos
• Estágio 2: claudicação intermitente
• Estágio 3: dor isquêmica em repouso
• Estágio 4: ulceração ou gangrena
15. • O diagnóstico é clínico, realizado através da avaliação de alterações
neurológicas, vasculares e mecânicas que permitem avaliar
classificar o pé de acordo com o risco de ocorrência de úlceras
Diagnóstico
18. Clínica
Pesquisar Infecção : Clinica + Cultura
• Em úlceras crônicas (mais de 4 semanas), faz-se necessário avaliação de
imagem para investigação de possível acometimento ósseo, principalmente nas
lesões plantares e dos dedos.
20. Artropatia de Chacot
• Situação de deformidade ósteo-articular, em geral dolorosa à mobilização, que
ocorre nas articulações do pé e tornozelo, associada à insensibilidade.
• A incidência varia de 0,1 a 5% em portadores de DM
• A fisiopatologia não está completamente definida; sabe-se, no entanto que
existe grande destruição óssea e atividade inflamatória intensa, à falta de
tratamento evolui com ulceração e elevados índices de amputação.
• Clinicamente é dividida em três fases: aguda, intermediária e crônica de acordo
com a intensidade do processo inflamatório
• O tratamento é imobilização com gesso de contato total ou até a fase crônica
quando se avalia se o pé poderá ser acomodado em calçado, ou se existe a
necessidade de cirurgia para retirada de proeminência óssea (risco de ulcera).
21. Orientações educacionais básicas para
cuidados dos pés
• Examinar os pés diariamente. Se necessário, pedir ajuda a familiar ou usar
espelho.
• Avisar o médico se tiver calos, rachaduras, alterações de cor ou úlceras.
• Vestir sempre meias limpas, preferencialmente de lã, algodão, sem elástico.
• Calçar sapatos que não apertem, de couro macio ou tecido. Não usar sapatos
sem meias.
• Sapatos novos devem ser usados aos poucos. Usar inicialmente, em casa, por
algumas horas por dia.
• Nunca andar descalço, mesmo em casa.
• Lavar os pés diariamente, com água morna e sabão neutro. Evitar água quente.
Secar bem os pés, especialmente entre os dedos.
• Após lavar os pés, usar um creme hidratante. Não usar entre os dedos.
• Cortar as unhas de forma reta, horizontalmente.
• Não remover calos ou unhas encravadas em casa; procurar equipe de saúde
para orientação.