O documento discute a teoria da burocracia de Max Weber, seu surgimento no início do século XX e suas principais características, como a divisão racional do trabalho, normas legais e hierarquia de autoridade. Também aborda vantagens como eficiência, e desvantagens como rigidez e excesso de formalismo. Por fim, analisa como a burocracia é vista atualmente, com críticas à inflexibilidade de sua estrutura.
2. Teoria
Estruturalista
- Surgimento
O primeiro grande estudo sistemático sobre a burocracia foi
feito pelo sociólogo alemão Max Weber (1864-1920), no início
do século XX, alcançando grande influência na administração por
volta dos anos 1940. Para Weber, a burocracia é o modelo
predominante de organização nas modernas sociedades
industriais. Ela ganha terreno nessas sociedades a partir do
capitalismo e da formação do Estado moderno, quando as
organizações atingiram uma escala mais ampla e complexa,
gerando novas exigências administrativas (MOTTA;
VASCONCELOS, 2006).
3. Teoria da
Burocracia -
Surgimento
De um lado, as empresas capitalistas
consolidadas a partir da Revolução Industrial
enfrentavam o desafio de administrar um grande
número de pessoas, tarefas complexas e um sistema
de produção em constante evolução tecnológica.
Isso vai tornando cada vez mais necessária a
existência de profissionais especializados,
recrutados e selecionados com base em critérios
técnicos, tendo condutas definidas por regras
formais, além de um corpo administrativo capaz
de intermediar a relação entre patrões e
empregados
4. Teoria da
Burocracia -
Surgimento
Por outro lado, o Estado gradativamente deixa
de ter sua autoridade fundamentada em
princípios religiosos, passando a se organizar
cada vez mais a partir de instrumentos racionais e
legais. Os governantes deixam de ser vistos
como representantes de um poder divino, de
costumes ou de tradições sagradas, para se
tornar autoridades ocupantes de cargos que
possuem um poder limitado pelas leis do país
5. Teoria da
Burocracia -
Surgimento
Em outras palavras, a sociedade moderna foi se
estruturando cada vez mais em torno de
organizações formais de diversos tipos, como
exércitos, sindicatos, escolas, partidos políticos,
agências governamentais e grandes empresas, que
não podiam mais dispensar o uso das técnicas
burocráticas.
6. Teoria da
Burocracia -
Características
Divisão racional do trabalho: o trabalho é organizado de
modo que as atividades necessárias ao alcance dos
objetivos organizacionais sejam precisamente definidas e
distribuídas entre os participantes, de modo que cada um
tenha sua área de competência.
7. Teoria da
Burocracia -
Características
Normas legais: os direitos e obrigações dos participantes,
os parêmetros de conduta e os padrões técnicos de
execução das tarefas são claramente estabelecidos nas
normas, de modo que todos conheçam os procedimentos
corretos na organização e haja uniformidade de atuação.
As normas na burocracia têm um caráter legal, isto é,
podem ser impostas aos subordinados por aqueles que
têm autoridade para isso.
8. Teoria da
Burocracia -
Características
Hierarquia da autoridade: a cadeia de comano deve estar
bem definida na organização, delimtando a esfera de
autoridade de cada ocupante dos cargos, de modo a evitar
desorientação e o conflito de ordens. A hierarqui de
autoridade, além de distribuir o poder na organização, é
um importante instrument de controle ao garantir a
aplicação das normas.
9. Teoria da
Burocracia -
Características
Formalização: os procedimentos administrativos e as
normas que regulam tarefas e condutas são geralmente
registrados em documentos oficiais, como códigos,
estatutos, contratos, manuais, que são devidamente
aquivados pela organização. As comunicações importantes
entre os participantes seguem a mesma regra e costumam
ser devidamente registradas em correspondências,
formulários e requerimentos, deferenciados-se dos boatos,
rumores e outras formas de comunicação espontânea
feitas no dia a dia da organização.
10. Teoria da
Burocracia -
Características
Profissionalização: os funcionários são treinados para se
tornarem especialistas em sua área de atuação, podendo
desenvolver uma carreira com base no seu
profisionalismo. Assim, o funcionário é contratado para
funções específicas; é selecionado, nomeado, promovido
ou demitido por superior hierárquico e recebe uma
remuneração correspondente ao cargo que ocupa.
11. Teoria da
Burocracia -
Características
Impessoalidade nas relações: a seleção e a
promoção de funcionários na organização são feitas
a partir de critérios de competência (meritrocacia) e
não por favoritismo ou por preferências pessoais. Da
mesma forma, o tratamento dispensado ao público
é igualitário, na medida em que é baseado na
aplicação uniforma das normas estabelecidas, sem a
ocorrência de provilégios pessoais ou de parentesco
12. Teoria da
Burocracia -
Características
Separação entre propriedade e administração: os
administradores são incubidos de gerir a
organização como especialistas, na medida em que
possuam competência para isso. Administram a
organização em nome dos proprietários. O mesmo
ocorre com os funcionários, na medida em que
desempenham suas funções utilizando recursos e
materiais da organização que também não lhes
pertence.
13. Teoria da Burocracia
O sentido geral deste modelo de organização aponta a disciplina, a rotina
e a padronização. Em uma burocracia, cada participante sabe qual é a
sua tarefa, como executá-la e qual é sua capacidade de comando sobre
os outros. Desse modo, a burocracia tende a evitar conflitos, trazendo a
ordem para a organização. Ou seja:
A burocracia é uma estrutura social racionalmente organizada!
Assim, podemos dizer que uma das principais consequências da burocracia
é a previsibilidade, pois as ações e os procedimentos já estão previamente
definidos pelas normas e a hierarquia pode ser utilizada para garantir o
seu cumprimento.
14. Teoria da
Burocracia -
Vantagens
“A razão decisiva para o progresso da organização
burocrática foi sempre a superioridade puramente
técnica sobre qualquer outra forma de organização.
O mecanismo burocrático, plenamente
desenvolvido, compara-se a outras organizações
exatamente da mesma forma pela qual a máquina
se compara aos modos não - mecânicos de
produção. Precisão, velocidade, clareza,
conhecimento dos arquivos, continuidade, discrição,
unidade, subordinação rigorosa, redução do atrito e
dos custos de material e pessoal são levados ao
ponto ótimo na administração rigorosamente
burocrática (...) a burocracia treinada é superior em
todos esses pontos”(WEBER, 1982[1920], p. 249)
15. Teoria da
Burocracia -
Desvantagens
Superconformidade à normas: o funcionário
burocrático tende a interiorizar as regras e apegar-
se de modo exagerado aos regulamentos, sofrendo
uma espécie de myopia que o leva a considerer a
manutenção da regra mais importante do que
qualquer outra finalidade de organização. Perde – se
a iniciativa, criatividade e flexibilidade. O funcionário
tende a limitar o atendimento do público a formas
padronixzadas, frustando os que apresentam
problemas particulares e pessoais.
16. Teoria da
Burocracia -
Desvantagens
Excesso de formalismo: a necessidade de
documentar as comunicações e procedimentos, a
fim de tudo comprovar, gera o excess de
documentação e as vias adicionais de formulários,
sem as quais nada funciona, como se o mero
registro fosse a principal finalidade da organização.
A solução de qualquer problema, seja do cliente ou
da organização fica emperrada
17. Teoria da
Burocracia -
Desvantagens
Rigidez no processo decisório: o princípio da
delimitação de esferar de autoridade determina que
o poder de decisão esteja nas mãos de quem ocupa
determinada posição hierárquica, o que,
infelizmente, nem sempre coincide com o
conhecimento ou disponibilidade que são
necessários à soução dos problemas.
18. Teoria da
Burocracia -
Desvantagens
Despersonalização dos relacionamentos: como a
ênfase burocrátia recai sobre a racionalidade e a
eficiência, as pessoas sentem que não são nada mais
do que números para as organizações, que tendem
a desprezar aspectos individuais e pessoais
19. Teoria da
Burocracia -
Desvantagens
Despersonalização dos relacionamentos: na
burocracia, o funcionário obtém domínio sobre as
rotinas e procedimentos, com base no
conhecimento e na prática diária das normas e
regulamentos. Assim, qualquer possibilidade de
alteração desses padrões de funcionamento é
recebida como uma ameação à segurança adquirida
no desempenho da função.
20. Teoria da
Burocracia –
Hoje em dia
O problema é que padrões burocráticos engessados,
como a hierarquia excessivamente rígida e
centralizada e a inflexibilidade na aplicação das
regras, geralmente ocasionam problemas
considerados fatais em um ambiente de mudanças:
lentidão nas decisões e nos processos
administrativos, resistência a mudanças e
incapacidade de prestar atendimento personalizado.
É justamente por conta dessas disfunções que a
palavra “burocracia” acabou virando, no senso
comum, sinônimo de demora e de incompetência
administrativa.
22. Teoria da
Burocracia –
Hoje em dia
Os críticos da burocracia têm razão em suas
ponderações, afinal, o modelo burocrático, assim como
ocorria nas teorias anteriores, não englobava o
ambiente externo da organização. Por isso, as
dificuldades em relação ao engessamento de sua
estrutura e a incapacidade de enxergar novas
demandas vindas do mercado.
Além disso, no que diz respeito ao ambiente interno, a
burocracia deixa de lado qualquer aspecto que não seja
formal na organização. As interações humanas que não
sejam previstas pelas normas que regem os cargos e as
funções não recebem qualquer atenção na Teoria da
Burocracia.
Estudiosos que fizeram a crítica do modelo burocrático
de Weber, como Merton, Selznick e Gouldner,
acabaram formando uma nova escola de pensamento,
a Abordagem Estruturalista.