Este documento aborda a temática da violência contra idosos. Discute conceitos como velhice, gerontologia e maus-tratos, e fornece estatísticas sobre o envelhecimento populacional em Portugal. Aponta que a violência contra idosos pode ocorrer de forma física, psicológica, financeira, sexual ou por negligência, sendo os agressores frequentemente membros da família do idoso. Conclui que a violência não se resume a agressão física e geralmente é cometida por cuidadores e familia
2. INTRODUÇÃO
Este trabalho foi realizado no âmbito da
disciplina de Gerontologia Clínica e tem
como objectivo fundamental abordar a
temática da violência na terceira idade.
São feitas ainda algumas referências a
aspectos em torno do tema central
como: a velhice, os papéis do idoso, a
gerontologia e geriatria…
3. A VELHICE – O que é?
É uma etapa da vida de um
indivíduo ;
Varia consoante a cultura e o
desenvolvimento da sociedade
em que vive;
Alguns problemas de saúde começam a ser
mais frequentes e, outros, incomuns nas
fases de vida anteriores, começam a
aparecer.
4. IDOSO - Papéis
As representações do papel do idoso têm-
se mostrado diferentes na sociedade
actual;
A representação da velhice como processo
de perdas, tem sofrido uma
inversão, sendo essa etapa valorizada e
privilegiada tendo em vista as novas
conquistas em busca de:
Prazer
Satisfação
Realização pessoal
5. A VELHICE - Estatísticas
Dados da OMS (Organização
Mundial de Saúde)
em 2025 1,2 biliões de
pessoas com mais de 60
anos, sendo que os “muito”
idosos (com 80 ou mais anos)
constituem o grupo de maior
crescimento; a maior parte
dessas pessoas
(aproximadamente 75%) vive
nos países desenvolvidos.
6. A VELHICE - Estatísticas
Dados do INE (Instituto Nacional de
Estatística):
entre 1960 e 1998 o envelhecimento da
população portuguesa traduziu-se por um
decréscimo de 35,1% na população jovem
(entre os 0 e os 14 anos). Em 2001, a
proporção de idosos em Portugal (16,4%)
ultrapassou, pela primeira vez, a proporção de
jovens (16,0%): a relação era de 103 idosos
para cada 100 jovens;
para este rácio contribuiu muito o peso da
população feminina – em 2001 havia 122
mulheres idosas para cada 100 mulheres
jovens.
7. A VELHICE - Previsões
Estima-se que, em 2020, os idosos
passarão a representar 18,1% da
população e os jovens 16,1%;
Por seu turno, os idosos com mais de 75
anos representarão 7,7% da população;
Num futuro muito próximo, existirão muito
mais idosos acima dos 85 anos, sendo
maior a probabilidade de ocorrência de
situações de dependência e de maus
tratos.
9. GERONTOLOGIA
Surgiu no século XX;
ger(o)n (= velho) e log(o) + ia (= estudo)
“Estudo da velhice”
Conceito introduzido por Élie
Metchnikoff, em 1903, e significa o estudo
científico do processo de envelhecimento
de todas as coisas vivas e dos múltiplos
problemas que envolvem a pessoa idosa.
10. GERONTOLOGIA
“Hoje é considerada
como a ciência que
estuda o processo de
envelhecimento dos
seres vivos:
vegetais, animais e o
Homem.” (Costa &
Terra, 2006, p.22)
12. VIOLÊNCIA NA 3ª IDADE
Os idosos são vítimas dos mais
diversos tipos de violência: insultos e
agressões físicas praticadas por
familiares e cuidadores (violência
doméstica), maus-tratos em transportes
ou instituições públicas e privadas e as
decorrentes de políticas
socioeconómicas que reforçam as
desigualdades presentes na sociedade
(violência social).
13. MAUS TRATOS A IDOSOS
• Uso intencional da força física ou do poder, real ou em
OMS ameaça, contra si próprio, contra outra pessoa, ou contra um
grupo ou uma comunidade, que resulte ou tenha grande
probabilidade de resultar em lesão, morte, dano
psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação
Fernandes • Comportamento destrutivo, dirigido a um adulto idoso, que ocorre
num contexto de confiança e cuja frequência (única ou regular)
não só provoca sofrimento físico, psicológico e emocional, como
(1998) representa uma séria violação dos direitos humanos
Rede Internacional
para a Prevenção • É um acto (único ou repetido) ou omissão que cause dano ou
aflição e que se produz em qualquer relação na qual exista
dos Maus Tratos expectativa de confiança. Tal acto refere-se a abusos
físicos, psicológicos, sexuais, abandono, negligências, abusos
contra o idoso financeiros e auto-negligência
(1995)
14. MAUS TRATOS A IDOSOS
Algumas pesquisas realizadas, por exemplo, na
Austrália, no Canadá, na Inglaterra e na Irlanda do Norte
concluíram que a proporção de pessoas idosas que sofrem
maus tratos oscila entre os 3% e os 10%.
No Canadá 55% dos casos denunciados eram de
abandono, 15% de maltrato físico e 12% de exploração
económica.
Nos Estados Unidos da América, o Nacional Center on
Elder Abuse registou, entre 1986 e 1996, um aumento dos
casos de maltrato de idosos declarados pelos serviços
estatais de protecção à pessoa idosa na ordem dos 150%.
Entre os agressores contavam-se os filhos adultos
(37%), os cônjuges (13%) e, por último, outros membros da
família (11%). No mesmo país, um estudo realizado em
contextos institucionais, durante um ano, concluiu que 36%
do pessoal de enfermagem tinha tido um incidente de
maltrato físico, 81% tinha observado situações de abuso
psicológico e 40% abusou verbalmente de um idoso
residente.
16. Violência Familiar vs Violência
Doméstica
A violência familiar implica a existência
de laços de
parentesco, ocorre, portanto, ligada ao
laço familiar, dentro ou fora do domicílio
da vítima;
A violência doméstica implica a
proximidade do agressor para com a
vítima, não exactamente ligada a laços
de parentesco, podendo, portanto, ser
exercida por pessoas que compartilhem
o espaço doméstico do idoso, como
empregados, visitantes
17. MAUS TRATOS A IDOSOS
Tais definições servem
para ilustrar que o
agressor do idoso é, na
maioria das
vezes, alguém próximo
do mesmo; a
dependência, seja ela
de qualquer um ou de
ambos os lados, é um
factor que aumenta o
risco de violência
18. CARACTERÍSTICAS E
FACTORES DO AGRESSOR
Mora com a vítima;
É financeiramente dependente dela;
Abusa de álcool e drogas;
Vínculos familiares desestruturados;
Pouca comunicação e afecto;
Isolamento social dos familiares da pessoa de idade
avançada;
O idoso ter sido ou ser uma pessoa agressiva nas
relações com os seus familiares;
Antecedentes de violência familiar;
Os cuidadores terem sido vítimas de violência
doméstica, padecerem de depressão ou de qualquer
tipo de sofrimento mental ou psiquiátrico
20. MANIFESTAÇÕES
Maus-tratos físicos: uso da força física para compelir
os idosos a fazerem o que não desejam, para feri-
lo, provocar-lhes dor, incapacidade ou morte.
Maus-tratos psicológicos: agressões verbais ou
gestuais com o objectivo de aterrorizar os
idosos, humilhá-los, restringir sua liberdade ou isolá-
los do convívio social.
Abuso financeiro ou material: exploração imprópria
ou ilegal dos idosos ou uso não consentido por eles
dos seus recursos financeiros e patrimoniais.
21. MANIFESTAÇÕES
Abuso sexual: refere-se ao acto ou jogo sexual de
carácter homo ou hetero relacional, utilizando pessoas
idosas. Visam obter excitação, relação sexual ou
práticas eróticas por meio de aliciamento, violência
física ou ameaças.
Negligência: recusa ou omissão de cuidados devidos
e necessários aos idosos por parte dos responsáveis
familiares ou institucionais. Geralmente, manifesta-se
associada a outros abusos que geram lesões e
traumas físicos, emocionais e sociais, em
particular, para os que se encontram em situação de
múltipla dependência ou incapacidade.
22. MANIFESTAÇÕES
Abandono: ausência ou deserção dos
responsáveis
governamentais, institucionais ou
familiares de prestarem socorro a uma
pessoa idosa que necessite de protecção.
Auto-abandono ou auto-negligência:
conduta de uma pessoa idosa que ameace
a sua própria saúde ou segurança, com
recusa ou fracasso de prover a si próprio o
cuidado adequado
23. OUTRAS FORMAS DE
VIOLÊNCIA
Violência estrutural:
desigualdade
social, pobreza, miséria e
discriminação.
Violência institucional:
sobretudo nas instituições
públicas de prestação de
serviços.
24. PAPEL DOS
PROFISSIONAIS
Promover a saúde dos idosos;
Prevenir as doenças, sequelas
e complicações e a manutenção
da capacidade funcional do
idoso;
Preservar a independência e
autonomia da pessoa idosa;
Identificar a ocorrência de
violência;
Elaboração de estratégias de
intervenção adequadas;
Intervir no ambiente familiar.
25. AVALIAÇÃO
Exame Físico
Deve conter um exame minucioso do
aspecto geral (limpeza, higiene e
roupas), peles e membranas mucosas
(verificar se há lesões
cutâneas, hematomas, úlceras de
pressão), cabeça, pescoço e tronco
(hematomas, lacerações, cortes), extremida
des, exame de estado mental
26. AVALIAÇÃO
História-clínica, social e
familiar
Procurar entrevistar e
examinar o idoso em
situação de
privacidade, sem a
presença do seu
cuidador, familiar ou
profissional;
Explicar ao cuidador ou
acompanhante que ele
também será entrevistado
logo após, pois essa é a
rotina do serviço (a história
do possível agressor
também é muito
importante).
27. CONCLUSÃO
Conclui-se que, ao contrário do que
geralmente se pensa, a violência não é
sinónimo de agressão física – existem vários
tipos de violência que podem causar danos no
indivíduo. Isto transpõe-se ao caso da
violência na terceira idade.
Além disso a violência na terceira idade é, na
maior parte dos casos, um acto cometido e
omitido por parte dos familiares do idoso.
Hoje em dia esta problemática é cada vez
mais reconhecida na sociedade e existem
cada vez mais técnicos a intervirem nestes
casos.