Este documento descreve um projeto de formação de professores para o uso de tablets na sala de aula desenvolvido na Escola de Educação Básica Feevale. O projeto visa promover a alfabetização digital dos professores, aprofundar seu conhecimento sobre as tecnologias e incentivar a criação de conteúdos com os tablets, seguindo as diretrizes da UNESCO. Os resultados iniciais indicam avanços na proposta curricular para integrar os tablets.
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Formação de professores para uso de tablets na sala de aula
1.
4º
Prêmio
Inovação
em
Educação
–
SINEPE-‐RS
O
PROCESSO
DE
FORMAÇÃO
DE
PROFESSORES
PARA
O
USO
DOS
TABLETS
NA
SALA
DE
AULA:
da
alfabetização
digital
a
criação
de
conhecimento
Escola
de
Educação
Básica
Feevale
–
Escola
de
Aplicação
Categoria:
Gestão
Pedagógica
Novo
Hamburgo,
agosto
de
2013.
2.
1
O
PROCESSO
DE
FORMAÇÃO
DE
PROFESSORES
PARA
O
USO
DOS
TABLETS
NA
SALA
DE
AULA:
da
alfabetização
digital
a
criação
de
conhecimento
Estudos
apontam
que
há
um
descompasso
entre
o
potencial
das
tecnologias
digitais
no
contexto
educativo
e
o
seu
uso
efetivo
para
impulsionar
os
processos
de
ensino
e
de
aprendizagem
(CONOLE,
2013).
Também
pesquisas
nacionais
mostram,
que
apesar
de
todo
o
investimento
realizado
para
a
introdução
das
tecnologias
da
informação
e
comunicação
(TIC)
na
educação,
o
uso
efetivo
do
computador
e
da
Internet
pelos
professores,
nas
atividades
com
os
alunos,
ainda
se
caracteriza
como
um
grande
desafio.
Dentre
as
maiores
dificuldades
destacam-‐se
problemas
de
infraestrutura
e
a
necessidade
de
formação
de
professores
(TIC
EDUCAÇÃO
2011,
2012).
O
Projeto
de
Padrões
de
Competência
em
TIC
para
Professores,
desenvolvido
pela
UNESCO,
tem
por
objetivo
apresentar
diretrizes
que
possam
orientar
e
impulsionar
novas
práticas
educativas
combinando
habilidades
em
TIC
com
inovações
em
pedagogia,
currículo
e
organização
escolar.
A
proposta
da
UNESCO
contempla
três
abordagens
complementares:
alfabetização
digital,
aprofundamento
do
conhecimento
e
criação
de
conhecimento
(UNESCO,
2009).
Este
trabalho
apresenta
um
relato
de
experiência
envolvendo
a
proposta
de
formação
de
professores
para
uso
dos
tablets
na
sala
de
aula,
desenvolvida
no
âmbito
do
projeto
Educanet,
na
Escola
de
Educação
Básica
–
Escola
de
Aplicação
Feevale/RS.
Resultados
parciais
apontam
para
um
avanço
na
proposta
curricular,
contemplando
os
tablets
como
artefatos
tecnológicos
digitais.
3.
1.1
Apresentação
da
instituição
educacional
Em
27
de
fevereiro
de
1989
foi
criada
a
Escola
de
2º
Grau
Feevale,
para
o
funcionamento
dos
cursos
de
Formação
Técnica
de
Desenhista
de
Calçados
e
Acessórios,
de
Contabilidade
e
de
2º
Grau
como
formação
geral,
oferecendo
à
comunidade
um
trabalho
de
inserção
na
região
do
Vale
do
Sinos.
Nessa
ocasião,
a
Federação
de
Estabelecimentos
de
Ensino
Superior
–
Feevale
–
justificava
a
criação
desta
escola
como
sendo
um
espaço
de
aplicação
para
os
acadêmicos
dos
cursos
de
Pedagogia,
de
Educação
Física
e
de
Educação
Artística,
possibilitando,
também,
os
estágios
exigidos
por
esses
cursos,
que
eram
os
oferecidos
na
época.
O
ano
letivo
de
1989
iniciou
no
dia
1º
de
março,
com
uma
equipe
de
14
professores,
para
atender
a
117
alunos
matriculados.
Uma
das
atividades
daquele
ano
foi
a
fundação
do
Grêmio
Estudantil,
no
dia
19
de
junho.
Em
28
de
janeiro
de
1994,
surgiu,
por
iniciativa
de
um
grupo
de
pais,
a
Escola
de
1º
Grau,
tendo
iniciado
com
uma
turma
de
Jardim
de
Infância
e
outra
de
6ª
série,
conforme
Projeto
de
Implantação
Gradativa
de
Séries.
Nessa
trajetória,
muitas
modificações
e
melhorias
aconteceram,
como
a
integralidade
da
educação
básica,
a
implementação
de
novos
cursos
técnicos,
muitos
investimentos
na
criação
de
novos
laboratórios,
projetos
interdisciplinares,
organização
curricular
por
ciclos
e
oferecimento
de
várias
atividades
no
turno
inverso,
desde
práticas
esportivas
a
oficinas
no
currículo
ampliado,
assim
como
a
mudança
do
nome
da
escola.
A
Escola
de
Educação
Básica
Feevale
–
Escola
de
Aplicação
passou
a
ter
essa
denominação
em
2003,
atendendo
não
só
a
exigências
legais,
mas,
também,
inserindo-‐se
na
indissossiabilidade
entre
Ensino,
Pesquisa
e
Extensão
da
Feevale.
Atualmente,
a
Escola
de
Educação
Básica
Feevale
–
Escola
de
Aplicação
conta
com
uma
equipe
pedagógica
completa,
com
orientadoras
e
supervisoras,
organização
colegiada,
toda
a
infraestrutura
do
Campus
I,
equipe
de
agentes
patrimoniais,
bem
como
estreita
parceria
junto
ao
Instituto
de
Ciências
Humanas,
Letras
e
Artes
(ICHLA)
e
aos
demais
Institutos
da
Feevale.
Conta,
também,
com
a
Associação
de
Pais
e
Professores
(APP),
que,
ao
longo
desse
tempo,
vem
contribuindo
com
o
crescimento
e
a
valorização
do
trabalho
desenvolvido
na
escola,
promovendo
eventos
e
aproximando
pais/mães,
professores(as)
e
alunos(as).
4.
A
escola
tem
como
missão
“oportunizar
ao
educando
a
construção
do
conhecimento,
proporcionando
a
continuidade
e
a
conclusão
da
educação
básica,
a
partir
de
um
ensino
inovador,
tendo
a
pesquisa
como
princípio
educativo,
respeitando
os
tempos
de
aprendizagem
dos
sujeitos,
visando
à
formação
de
cidadãos
éticos
e
críticos”.
A
partir
de
uma
concepção
sociointeracionista,
a
Escola
de
Educação
Básica
Feevale
-‐
Escola
de
Aplicação
compreende
a
educação
como
construção
coletiva
permanente,
baseada
nos
princípios
de
convivência,
solidariedade,
justiça,
respeito,
valorização
da
vida
na
diversidade
e
na
busca
do
conhecimento.
Nessa
perspectiva,
utiliza-‐se
de
uma
metodologia
cooperativa
e
participativa,
que
contribua
na
construção
da
autonomia.
1.2
Cenário,
relevância
e
viabilidade
A
Escola
de
Aplicação
tem
como
proposta
pedagógica
o
uso
das
tecnologias
da
informação
e
comunicação
(TIC)
de
forma
integrada
às
atividades
curriculares,
baseada
em
uma
perspectiva
que
busca
articular
o
trabalho
docente
às
atividades
de
aprendizagem
realizadas
em
laboratório
de
informática.
Desde
2012
a
Escola
de
Aplicação
Feevale
mantém
o
projeto
EDUCANET,
que
tem
por
objetivo
oportunizar
diferentes
espaços
de
interação
para
impulsionar
práticas
educativas
inovadoras
com
o
uso
das
tecnologias
da
informação
e
comunicação.
Destacam-‐se
como
objetivos
específicos
do
projeto:
-‐
oportunizar,
aos
professores,
experiências
no
uso
de
diferentes
tecnologias
da
informação
e
comunicação
no
contexto
educativo;
-‐
selecionar
aplicativos
para
dispositivos
móveis
que
possam
ser
utilizados
em
projetos
educativos;
-‐
selecionar
e
analisar
ferramentas
web
com
potencial
para
uso
na
sala
de
aula.
O
projeto
EDUCANET
foi
contemplado
no
3º
Prêmio
Inovação
em
Educação
–
SINEPE-‐
RS
(categoria
Bronze
–
área
fim).
O
relatório
apresentou
o
histórico
do
projeto,
que
iniciou
articulado
com
a
proposta
de
formação
de
professores
da
Universidade
Feevale
e
intitulado
Coruja
Digital,
mas
que
depois
focou
no
uso
das
TIC
na
Escola
de
Aplicação
Feevale,
especialmente
as
experiências
no
uso
da
Sala
Conectada
e
das
primeiras
experiências
no
uso
dos
tablets
na
educação,
passando
a
se
chamar
Educanet.
5.
Para
o
4º
Prêmio
Inovação
em
Educação
-‐
SINEPE-‐RS
a
Escola
de
Aplicação
Feevale
compartilha
um
recorte
das
atividades
desenvolvidas
no
projeto
Educanet,
apresentando
um
relato
de
experiência
envolvendo
a
proposta
de
formação
de
professores
para
uso
dos
tablets
na
sala
de
aula,
sob
a
perspectiva
da
gestão
pedagógica.
A
utilização
dos
tablets
na
educação
iniciou
em
2012,
quando
a
escola
adquiriu
20
iPads,
que
atualmente
são
utilizados
na
educação
infantil
e
nos
anos
iniciais
do
ensino
fundamental.
O
uso
dos
dispositivos
móveis
no
contexto
educativo,
como
os
tablets,
se
apoia
no
modelo
um
a
um
(1:1,
1-‐1
ou
1
a
1).
Esse
modelo
sugere
que
cada
aluno
tenha
o
seu
dispositivo
portátil
digital,
geralmente
com
acesso
à
Internet.
Estudos
apontam
que
o
uso
de
dispositivos
1:1
na
sala
de
aula
maximiza
as
oportunidades
de
aprendizagem
(iPads
for
Learning,
2012).
Severín
e
Capota
(2011)
apresentam
uma
reflexão
destacando
três
aspectos
problemáticos
desta
definição.
Do
ponto
de
vista
educacional,
destacam-‐se
dois
aspectos:
a)
o
modelo
1:1
centra
a
discussão
na
relação
do
aluno
e
seu
dispositivo
digital
e
não
na
essência
da
experiência,
que
envolve
a
forma
como
o
aluno
aproveita
o
dispositivo
para
mediar
a
aprendizagem;
b)
o
modelo
destaca
as
vantagens
de
cada
aluno
administrar
o
seu
dispositivo,
não
abordando
outras
possibilidades
que
impulsionem
o
uso
compartilhado
e
colaborativo
destas
tecnologias.
Do
ponto
de
vista
tecnológico,
Severin
e
Capota
(2011)
destacam
que,
como
os
alunos
já
vêm
utilizando
diferentes
dispositivos
pessoais
digitais,
como
notebooks,
celulares
e
tablets,
e
articulando
diferentes
experiências
coordenadas
em
diferentes
plataformas,
a
noção
de
um
dispositivo
por
aluno
pode
se
tornar
anacrônica
em
pouco
tempo.
Assim,
Severin
e
Capota
(2011)
propõem
um
modo
diferente
de
entender
o
modelo
1:1.
Conforme
os
autores,
em
lugar
de
focar
a
relação
entre
aluno
e
dispositivo,
o
modelo
1:1
deveria
ser
entendido
como
a
relação
entre
um
aluno
e
sua
aprendizagem,
conforme
tabela
1.
Tabela 1: Modelo 1:1 (Fonte: Severín e Capota, 2011, p. 36)
1
:
1
Dispositivo
digital
è
Uma
criança
Uma
criança
è
Aprendizagem
6.
Nessa
perspectiva,
o
modelo
1:1
refere-‐se
a
relação
de
cada
estudante
e
sua
aprendizagem,
que
acontece
formalmente
na
escola,
mas
que
pode
acontecer,
também,
em
diferentes
tempos
e
lugares.
Assim,
entende-‐se
a
educação
como
um
processo
que
se
desenvolve
de
forma
ubíqua
e
permanente
(SEVERIN,
CAPOTA,
2011).
Moreira
(2011)
também
discute
o
modelo
1:1,
destacando
que
este
não
pode
se
caracterizar
exclusivamente
pelo
fato
de
disponibilizar
equipamentos
a
professores
e
alunos.
O
autor
concorda
que
a
disponibilidade
de
tecnologia
é
necessária,
mas
não
é
garantia
de
mudanças
automáticas
na
prática
de
ensino
e
em
inovações
pedagógicas.
Neste
estudo,
assume-‐se
que
as
mudanças
nos
processos
de
ensinar
e
de
aprender
não
acontecem
simplesmente
com
a
inserção
de
novos
dispositivos
tecnológicos,
mas
é
necessário
reconfigurar
as
práticas
pedagógicas. Entretanto,
práticas
pedagógicas
inovadoras
exigem
competências
específicas
dos
professores.
Conforme
a
Unesco
(2009,
p.1),
“os
professores
na
ativa
precisam
adquirir
a
competência
que
lhes
permitirá
proporcionar
a
seus
alunos
oportunidades
de
aprendizagem
com
apoio
da
tecnologia”
(UNESCO,
2009,
p.1).
Portanto,
além
de
disponibilizar
os
tablets
para
uso
na
sala
de
aula
é
importante
oportunizar,
aos
professores,
espaços
de
formação
específicos,
a
fim
de
conhecer
o
dispositivo
e
refletir
sobre
as
possibilidades
pedagógicas
no
contexto
da
sala
de
aula.
Vários
desafios
foram
encontrados
ao
longo
do
processo:
a)
organizar
tempo
para
a
formação
dos
professores;
b)
organizar
os
tablets
para
uso
compartilhado,
uma
vez
que
a
escola
possui
20
equipamentos
e
algumas
turmas
têm
em
torno
de
30
alunos;
c)
selecionar
aplicativos
adequados
para
uso,
de
acordo
com
os
objetivos
educativos;
d)
desenvolver
propostas
pedagógicas
inovadoras
com
o
uso
dos
tablets.
2
Envolvimento
com
os
públicos
de
interesse
O
projeto
envolve
professores
e
alunos
da
educação
infantil
e
anos
iniciais
do
ensino
fundamental.
Atualmente
a
escola
conta
com
02
turmas
de
educação
infantil
e
06
turmas
nos
anos
iniciais
do
ensino
fundamental,
totalizando
177
alunos
e
09
professores
titulares
(na
terceira
etapa
do
segundo
ciclo/quinto
ano
há
bidocência).
Além
desses,
08
professores
especialistas
7.
dão
aulas
de
Inglês,
Espanhol,
Arte,
Música,
Informática
e
Educação
Física
para
as
turmas,
desde
a
educação
Infantil
até
o
última
etapa
do
segundo
ciclo/quinto
ano).
Até
o
momento
apenas
os
professores
titulares
participaram
do
processo
de
formação
de
professores.
A
formação
dos
professores
para
uso
dos
tablets
aconteceu
com
base
na
proposta
Padrões
de
Competência
em
TIC
para
Professores,
desenvolvido
pela
UNESCO
(2009).
Todos
os
professores
das
turmas
envolvidos
no
projeto
foram
acompanhados
de
forma
individual
e/ou
em
pequenos
grupos
para
estudos
sobre
o
uso
dos
tablets
na
sala
de
aula.
professores.
O
processo
de
formação
está
detalhado
na
seção
3.
3
Gestão
do
projeto
A
equipe
gestora
do
projeto
é
composta
por
quatro
integrantes:
a)
a
diretora
da
Escola
de
Aplicação1
e
a
diretora
do
Instituto
de
Ciências
Humanas
Letras
e
Artes2
,
responsáveis
pela
gestão
administrativa;
b)
um
professor
do
curso
Técnico
em
Informática3
e
uma
professora-‐doutora
do
Grupo
de
Pesquisa
em
Informática
na
Educação4
,
vinculada
ao
Programa
de
Pós-‐Graduação
em
Diversidade
e
Inclusão,
responsáveis
pela
formação
de
professores.
A
equipe
trabalha
em
parceria
com
a
coordenação
pedagógica
da
escola,
que
auxilia
a
organizar
os
encontros
de
formação.
3.1
Metodologia
A
metodologia
proposta
para
o
projeto
segue
as
orientações
do
documento
Padrões
de
Competência
em
TIC
para
Professores,
desenvolvido
pela
UNESCO
(2009),
que
tem
por
objetivo
apresentar
diretrizes
que
possam
orientar
e
impulsionar
novas
práticas
educativas
combinando
habilidades
em
TIC
com
inovações
em
pedagogia,
currículo
e
organização
escolar.
1
Profa.
Me.
Lovani
Volver
2
Profa.
Dra.
Cristina
Ennes
da
Silva
3
Prof.
Esp.
Elias
Wallauer
4
Profa.
Dra.
Patrícia
B.
Scherer
Bassani
8.
Dessa
forma,
entende-‐se
que
a
efetiva
utilização
das
TIC
no
contexto
educativo
perpassa
pelo
processo
de
formação
dos
professores.
A
proposta
da
UNESCO
(2009),
embasada
nos
quatro
pilares
da
aprendizagem
(aprender
a
conviver,
aprender
a
saber,
aprender
a
fazer,
aprender
a
ser),
compreende
a
aprendizagem
como
um
processo
contínuo
ao
longo
da
vida,
e
delineia
novas
metas
de
aprendizagem
e
participação
em
uma
sociedade
de
aprendizagem,
com
base
na
construção
e
compartilhamento
de
conhecimento.
A
proposta
contempla
três
abordagens
complementares:
alfabetização
digital,
aprofundamento
do
conhecimento
e
criação
do
conhecimento
(figura
1).
A
primeira
abordagem
envolve
a
alfabetização
digital
do
professor,
para
que
ele
possa
integrar
o
uso
das
TIC
ao
currículo
escolar
padrão,
à
pedagogia
e
às
estruturas
de
sala
de
aula.
Entende-‐se
que
os
professores
devem
saber
como,
onde
e
quando
usar
(ou
não
usar)
a
tecnologia
para
as
atividades
educativas
em
sala
de
aula,
atividades
de
gestão
ou
para
formação
profissional
do
próprio
docente.
Na
Escola
de
Aplicação,
conforme
dito
anteriormente,
o
uso
do
computador
na
educação
já
é
uma
realidade,
mas
as
atividades
são
centralizadas
em
laboratório
de
informática.
Percebe-‐se
o
desafio
de
oportunizar
aos
professores
o
conhecimento
e
a
experiência
em
novos
espaços
de
interação,
que
possam
oportunizar
diferentes
práticas
educativas
com
o
uso
das
TIC.
Portanto,
este
processo
de
alfabetização
digital
envolve
um
movimento
de
(re)aprender
novas
possibilidades
de
uso
do
computador
sob
a
perspectiva
da
mobilidade.
Esta
etapa
de
formação,
que
ocorreu
no
primeiro
semestre
de
2012,
envolveu
as
seguintes
atividades:
Figura 1 – Proposta para o processo de formação de professores (UNESCO, 2009)
9.
a)
organização
dos
recursos
tecnológicos
(configurações
gerais,
estudo
sobre
o
funcionamento
dos
tablets,
especialmente
a
parte
de
gerenciamento
de
aplicativos);
b)
seleção
de
aplicativos
pela
equipe
de
gestão;
c)
formação
dos
professores
para
uso
dos
iPads;
d)
seleção
de
aplicativos
pelos
professores;
e)
primeiras
experiências
de
uso
de
iPads
com
alunos
da
educação
infantil
e
anos
iniciais
do
ensino
fundamental.
Conforme
pode-‐se
perceber,
inicialmente
a
equipe
de
formação
organizou
os
dispositivos
e
instalou
alguns
aplicativos,
especialmente
de
raciocínio
lógico
e
alfabetização.
Depois,
os
professores
foram
envolvidos
no
processo
de
formação
e
também
de
seleção
de
novos
aplicativos.
Nesta
primeira
fase
de
uso
dos
iPads
as
atividades
com
alunos
envolveram
entretenimento
e
uso
de
aplicativos
diversos,
para
reforço
escolar.
Atividades
de
entretenimento
foram
realizadas
nas
primeiras
vezes,
para
fazer
um
levantamento
do
conhecimento
dos
alunos
sobre
os
dispositivos
e,
também,
para
possibilitar
aos
professores
a
familiarização
com
a
dinâmica
de
uso
dos
iPads
na
sala
de
aula.
Estas
primeiras
atividades
foram
acompanhadas
pelos
professores
participantes
da
gestão
do
projeto.
A
segunda
abordagem
proposta
pela
UNESCO
(2009)
envolve
o
aprofundamento
do
conhecimento.
Nesta
etapa
as
mudanças
devem
ser
amplas
e
ter
mais
impacto
sobre
a
aprendizagem,
oportunizando
habilidades
para
experienciar
e
utilizar
metodologias
e
tecnologias
mais
sofisticadas,
impulsionando
mudanças
no
currículo.
Esta
etapa
foi
desenvolvida
durante
o
segundo
semestre
de
2012.
As
atividades
desenvolvidas
envolveram:
a)
reuniões
individuais
com
professores,
para
analisar
aplicativos
adequados
aos
conteúdos
escolares;
b)
seleção
de
novos
aplicativos
que
pudessem
integrar
o
planejamento.
Nesta
segunda
fase
de
uso
dos
iPads
os
professores
começaram
a
utilizar
os
tablets
na
sala
de
aula
sem
acompanhamento
da
equipe
de
formação.
As
atividades
propostas
aos
alunos
envolveram
o
uso
de
aplicativos
para
reforço
aos
conteúdos
escolares
em
desenvolvimento.
Portanto,
as
atividades
propostas
neste
etapa,
aos
alunos,
buscaram
uma
articulação
entre
os
10.
aplicativos
e
a
proposta
de
aula,
mas
ainda
as
atividades
estavam
muito
centradas
nos
aplicativos.
Ao
longo
deste
primeiro
semestre
do
ano
de
2013
novos
professores
assumiram
turmas
envolvidas
na
proposta
de
uso
dos
tablets
e
estes
professores
passaram
pelo
mesmo
processo
de
formação.
Importante
destacar
que
em
2013/01,
uma
parceria
com
os
projetos
de
pesquisa
Ensinar
e
aprender
em/na
rede5
e
Aprendizagem
com
Mobilidade6
,
desenvolvidos
junto
ao
Programa
de
Pós-‐Graduação
em
Diversidade
e
Inclusão
da
Universidade
Feevale,
possibilitou
ampliar
o
acervo
de
aplicativos
instalados
para
uso
na
Escola
de
Aplicação.
Os
projetos
envolvem
o
estudo
do
uso
dos
tablets
na
educação
em
diferentes
contextos
(educação
formal
e
informal).
Também
em
2013/01
percebeu-‐se
a
necessidade
de
organizar
os
aplicativos
existentes
nos
tablets
e
instalar
aplicativos
diferenciados,
que
possibilitem
maior
participação
dos
alunos,
por
meio
da
inserção
de
vídeos,
imagens,
comentários
e
áudio,
a
fim
de
orientar
as
atividades
da
terceira
etapa
de
formação
de
professores.
A
terceira
e
mais
complexa
das
abordagens
é
a
de
criação
de
conhecimento,
uma
vez
que
nessa
modalidade
o
“currículo
ultrapassa
as
fronteiras
das
disciplinas
escolares,
com
a
inclusão
das
habilidades
provenientes
das
demandas
do
século
XXI
em
direção
a
um
novo
conhecimento
que
envolve
o
aprendizado
por
toda
a
vida
–
a
habilidade
de
colaborar,
comunicar,
criar,
inovar
e
pensar
de
forma
crítica”
(UNESCO,
2009).
Entende-‐se
que
esta
abordagem
se
aproxima
de
uma
proposta
que
entende
os
tablets
como
artefatos
culturais.
Um
artefato
cultural
pode
ser
entendido
como
qualquer
objeto
produzido,
que
possui
um
significado
e
transmite
informações
sobre
o
sujeito
e
sua
cultura.
Desta
forma,
esses
artefatos,
carregados
de
significado,
representam
modos
de
ser
e
de
estar
para
os
sujeitos
e
seu
meio
social.
5
O
projeto
“Ensinar
e
aprender
em/na
rede:
a
arquitetura
de
participação
da
web
2.0
no
contexto
da
educação
presencial”,
contemplado
no
edital
MCTI/CNPq/MEC/CAPES
No
18/2012
e
coordenado
pela
Profa.
Dra.
Patrícia
B.
Scherer
Bassani
(Feevale),
foca
no
uso
dos
tablets
para
impulsionar
a
aprendizagem
colaborativa
nos
anos
finais
do
ensino
fundamental.
O
público-‐alvo
são
professores
e
alunos
da
Escola
de
Aplicação
Feevale.
6
O
projeto
“Aprendizagem
com
Mobilidade:
análise
do
impacto
do
uso
das
tecnologias
móveis
no
processo
de
ensino
e
aprendizagem
em
crianças
e
adolescentes
com
necessidade
de
tratamento
oncológico”,
contemplado
no
edital
MCTI/CNPq/MEC/CAPES
Nº
07/2011
e
coordenado
pela
Profa.
Dra.
Débora
Barbosa
(Feevale),
foca
na
utilização
das
tecnologias
móveis
nos
processos
de
ensino-‐aprendizagem
de
alunos
em
tratamento
oncológico.
11.
Segundo
Lemos
(2010),
as
tecnologias
móveis
e
sem
fio
estão
transformando
a
relação
entre
as
pessoas
e
os
espaços
urbanos
em
que
elas
vivem,
criando
novas
formas
de
mobilidade.
Entende-‐se
que
a
possibilidade
de
o
sujeito
levar
consigo
o
objeto
de
estudo,
ou
de
poder
acessá-‐lo
de
qualquer
lugar,
potencializa
o
uso
de
dispositivos
móveis
na
educação.
Desse
modo,
os
dispositivos
móveis
tipo
tablets
podem
ser
vistos
na
perspectiva
de
artefatos
culturais,
assumindo
um
enfoque
desde
uma
perspectiva
de
utilização
pedagógica.
Portanto,
a
etapa
de
criação
do
conhecimento,
que
iniciará
no
segundo
semestre
de
2013,
busca
explorar
práticas
pedagógicas
com
o
uso
dos
tablets
na
perspectiva
de
artefato
cultural
digital.
Nesta
perspectiva,
busca-‐se
superar
a
ênfase
nos
aplicativos
e
oportunizar
atividades
efetivamente
integradas
aos
conteúdos
e
ao
dia-‐a-‐dia
dos
alunos.
As
atividades
de
formação
de
professores
nesta
etapa
envolvem:
a)
reunião
geral
para
explicitar
e
discutir
a
proposta
de
uso
dos
tablets
sob
a
perspectiva
de
artefato
cultural
digital;
b)
encontros
individuais
com
os
professores
para
planejamento
das
atividades;
c)
acompanhamento
dos
professores
da
equipe
de
formação
nas
atividades
com
os
alunos,
caso
necessário.
Algumas
propostas
para
uso
dos
tablets
incluem:
a)
articulação
entre
diferentes
espaços:
laboratório
de
informática,
sala
de
aula
e
ambiente
aberto;
b)
utilização
de
aplicativos
que
possibilitem
a
criação
de
conteúdos,
como
caderno
digital,
mapa
conceitual,
entre
outros;
c)
possibilidade
de
articular
diferentes
mídias:
áudio,
imagem
e
vídeo.
Assim,
entende-‐se
que
a
efetiva
utilização
dos
tablets
no
contexto
educativo
perpassa
por
um
processo
de
formação
docente
que
envolva
tanto
a
apropriação
individual
dos
dispositivos
móveis,
quando
a
compreensão
do
potencial
do
modelo
1:1
para
o
desenvolvimento
de
práticas
pedagógicas
inovadoras.
12.
3.2
Estratégias
A
tabela
1
apresenta
as
estratégias
de
desenvolvimento
das
atividades
envolvendo
os
tablets
na
sala
de
aula.
Tabela 1 - Tablets na sala de aula
Semestre
Atividade
Detalhamento
2012/01
Apropriação
tecnológica
Atividade
realizada
pela
equipe
gestora
Seleção
de
aplicativos
Seleção
e
análise
de
aplicativos,
para
subsidiar
o
início
das
atividades
com
tablets
e
iniciar
processo
de
formação
de
professores.
Formação
de
professores
(etapa
1-‐
alfabetização
digital)
Curso
de
formação
de
professores
para
a
apropriação
no
uso
dos
tablets
e
aplicativos
Seleção
e
análise
de
aplicativos
Atividade
realizada
ao
longo
do
processo
de
formação
com
os
professores
envolvidos
no
projeto
Primeiras
experiências
no
uso
dos
tablets
Apresentação
dos
tablets
aos
alunos
e
acompanhamento
da
aula
junto
com
a
professora
2012/02
Formação
de
professores
(etapa
2
–
aprofundamento
do
conhecimento)
Reuniões
para
discussão
e
planejamento
sobre
o
uso
dos
tablets
na
sala
de
aula
(em
grupo
e
individual)
Seleção
e
análise
de
aplicativos
Seleção
e
análise
de
aplicativos
que
possam
integrar
o
planejamento
Tablets
na
sala
de
aula
Efetivo
uso
dos
tablets
na
sala
de
aula,
realizado
pelos
professores
(sem
acompanhamento
da
equipe
de
formação)
Divulgação
do
projeto
Apresentação
de
trabalho
no
Seminário
Internacional
de
Educação
(SIE
2012
–
Feevale)
Desenvolvimento
de
aplicativos
Primeiras
experiências
em
andamento,
mediante
parceria
com
os
cursos
da
Computação.
2013/01
Formação
de
professores
(professores
novos)
Espaço
de
formação
para
professores
novos
na
escola,
para
a
apropriação
no
uso
dos
tablets
e
aplicativos.
Instalação
de
novos
aplicativos
Parceria
com
projeto
de
pesquisa
“Aprendizagem
com
Mobilidade”.
Seleção
e
análise
de
aplicativos
Seleção
de
análise
de
aplicativos
que
possam
orientar
as
13.
Semestre
Atividade
Detalhamento
atividades
da
terceira
etapa
de
formação
de
professores
(etapa
3
–
criação
do
conhecimento)
2013/02
Formação
de
professores
(etapa
3
–
criação
do
conhecimento)
a)
reunião
geral
para
explicitar
e
discutir
a
proposta
de
uso
dos
tablets
sob
a
perspectiva
de
artefato
cultural
digital;
b)
encontros
individuais
com
os
professores
para
planejamento
das
atividades;
c)
acompanhamento
dos
professores
da
equipe
de
formação
nas
atividades
com
os
alunos,
caso
necessário.
Divulgação
do
projeto
-‐
Mesa-‐redonda
no
Encontro
Nacional
de
Língua
e
Literatura
2013
(ENALLI/Feevale)
em
agosto;
-‐
Artigo
aceito
para
apresentação
no
5
o
Simpósio
Hipertexto
e
Tecnologias
na
Educação,
em
novembro.
3.3
Recursos
Para
a
realização
deste
projeto
os
seguintes
recursos
foram
utilizados:
a)
Recursos
materiais:
-‐
Tablets:
20
iPads.
b)
Recursos
humanos:
-‐
16h
de
atividades
semanais,
divididas
em
dois
professores
responsáveis
pelo
processo
de
formação.
c)
Recursos
financeiros:
o
projeto
tem
apoio
financeiro
da
Feevale.
3.4
Aspectos
inovadores
relacionados
à
prática
Destacam-‐se
os
seguintes
aspectos
inovadores
relacionados
à
prática
proposta:
a)
os
dispositivos
móveis
do
tipo
tablets
são
uma
tecnologia
recente
e
há
poucos
estudos
sobre
o
seu
uso
na
educação;
b)
a
parceria
com
Programa
de
Pós-‐Graduação
em
Diversidade
e
Inclusão
da
Universidade
Feevale,
por
meio
dos
pesquisadores
do
Grupo
de
Pesquisa
em
Informática
na
14.
Educação,
constitui
importante
articulação
para
fortalecer
teoricamente
a
proposta
e
compartilhar
resultados;
c)
o
processo
de
formação
de
professores,
teoricamente
embasado
na
proposta
da
UNESCO
(2009),
respeita
a
organização
escolar,
especialmente
no
que
se
refere
ao
tempo
destinado
à
formação.
Além
disso,
oportuniza
que
o
processo
de
formação
de
professores
seja
complementado
na
prática,
por
meio
do
acompanhamento,
pela
equipe
de
gestão,
das
intervenções
em
sala
de
aula.
4
Resultados
alcançados
Considerando
os
aspectos
quantitativos,
todos
os
professores
titulares
da
educação
infantil
e
anos
iniciais
do
ensino
fundamental
participaram
do
processo
de
formação
e
estão
utilizando
os
iPads
na
sala
de
aula
(09
professores
titulares).
Em
relação
aos
aspectos
qualitativos,
destaca-‐se:
a)
os
professores
da
educação
infantil
e
dos
anos
iniciais
do
ensino
fundamental
estão
utilizando
os
tablets
no
contexto
educativo,
de
forma
autônoma;
b)
o
uso
dos
tablets
enfoca,
principalmente,
atividades
centradas
nos
aplicativos;
os
tablets
ainda
são
utilizados
para
atividades
de
reforço
escolar;
c)
os
professores
estão
familiarizados
com
as
possibilidades
dos
tablets
e
começam
sugerir
novas
possibilidades
de
aplicativos
para
instalação.
Entretanto,
novas
possibilidades
estão
delineadas
para
2013/02,
visando
aplicar
uma
proposta
de
uso
dos
tablets
na
educação
considerando-‐os
como
artefatos
digitais:
a)
explorar
novos
aplicativos
que
permitam
a
integração
de
mídias;
b)
explorar
e
experienciar
atividades
em
diferentes
espaços;
c)
explorar
a
articulação
de
atividades
em
diferentes
dispositivos,
como
desktops,
notebooks
e
smartphones.
Além
disso,
é
importante
ampliar
o
processo
de
formação
para
incluir
os
08
professores
especialistas.
15.
5
Considerações
finais
A
partir
da
experiência
documentada
neste
projeto,
entende-‐se
que
a
proposta
de
formação
de
professores
adotada
está
oportunizando
diferentes
práticas
pedagógicas,
envolvendo
o
uso
de
dispositivos
móveis,
tipo
tablets.
Importante
destacar
que
o
processo
de
formação
de
professores
realizado
com
base
na
proposta
da
Unesco
(2009)
mostrou-‐se
um
importante
balizador
das
atividades
propostas.
O
processo
de
formação,
que
teve
início
com
a
alfabetização
digital
dos
professores,
seguiu
com
o
a
fase
de
aprofundamento
do
conhecimento,
onde
as
novas
práticas
estão
sendo
integradas
de
forma
articulada
ao
currículo,
e
agora
encontra-‐se
na
fase
de
criação
do
conhecimento,
onde
novas
e
diferentes
perspectivas
irão
ser
exploradas
e
experienciadas.
Entretanto,
percebe-‐se
que
ainda
são
vários
os
desafios,
a
fim
de
consolidar
a
prática
docente
em
novos
espaços
de
interação,
especialmente
o
tempo
destinado
para
a
formação
dos
professores
e
o
seu
envolvimento
no
processo
de
seleção
e
análise
de
aplicativos.
Entende-‐se
que
este
trabalho
em
desenvolvimento
na
Escola
de
Aplicação
da
Feevale
constitui
importante
referência
para
escolas
que
planejam
a
inserção
dos
dispositivos
móveis
no
contexto
educativo.
Referências
CONOLE,
Grainne.
Designing
for
learning
in
an
open
world.
UK:
Springer,
2013.
iPads
for
Learning.
Disponível
em:
<http://www.ipadsforeducation.vic.edu.au/>
Acesso
em:
mar,
2012.
MOREIRA,
Manuel
A.
Los
efectos
del
modelo
1:1
en
el
cambio
educativo
en
las
escuelas:
evidencias
y
desafíos
para
las
políticas
iberoamericanas.
Revista
iberoamericana
de
educación.
n.º
56
(2011),
pp.
49-‐74
SEVERÍN,
Eugenio,
CAPOTA,
Christine
Capota.
La
computación
uno
a
uno:
nuevas
perspectivas.
Revista
iberoamericana
de
educación.
n.º
56
(2011),
pp.
31-‐48.
TIC
EDUCAÇÃO
2011.
Pesquisa
sobre
o
uso
das
tecnologias
de
informação
e
comunicação
no
Brasil.
São
Paulo:
Comitê
Gestor
da
Internet
no
Brasil,
2012.
UNESCO.
Padrões
de
Competência
em
TIC
para
Professores.
2009.