Este documento resume os principais processos e conceitos da cognição social e das relações interpessoais. Discute tópicos como impressões sociais, expectativas, atitudes, representações sociais, influência social através da normalização e conformismo, relações entre indivíduos como atração, agressão e intimidade, e relações entre grupos incluindo estereótipos e preconceitos.
GUIA DE APRENDIZAGEM 2024 9º A - História 1 BI.doc
Resumo relações interpessoais
1. Resumo
Jorge Barbosa
Disciplina: PSICOLOGIA
Temas: Relações Interpessoais
Assuntos: Processos fundamentais de cognição
social; Processos de influência entre
indivíduos; Processos de relação entre
indivíduos e grupos.
Data: Março 2012
Factores Fundamentais da Cognição Social
• A cognição apresenta uma dimensão social, na medida em que um grande número de pessoas partilha uma
série considerável de noções comuns.
• A cognição social abarca um conjunto de processos
de conhecimento e relacionação com os outros, dos
quais se destacam as impressões, as expectativas, as
atitudes e as representações.
• As impressões sociais são noções criadas no contacto
com as pessoas, e que nos fornecem um quadro
interpretativo para julgarmos o que elas são e como
se comportam.
• As impressões sociais facilitam a categorização das
pessoas, ou seja, a sua inclusão em determinadas
classes ou categorias.
• O conhecimento das pessoas e a sua categorização
organizam-se em torno de traços centrais, que
constituem uma espécie de directriz ou padrão de caracteres que dá sentido a outros que se lhe subordinam.
• As expectativas são atitudes psicoafectivas que, em face de certos indícios, conduzem as pessoas a
antecipações de determinadas ocorrências sociais.
• Asch refere-se ao “efeito de primazia” para designar o papel das primeiras impressões que, à semelhança dos
traços centrais, condicionam as cognições posteriores.
• As atitude são predisposições adquiridas e relativamente estáveis que levam as pessoas a reagir de modo positivo
ou negativo perante objectos de natureza social.
• As atitudes resultam de uma crença ou elemento intelectual que, em conjugação com o elemento emocional,
gera um elemento comportamental que consiste numa predisposição ou intenção de fazer alguma coisa.
• Festinger designa por dissonância cognitiva a situação de inconsistência psicológica verificada nos casos em que
o elemento intelectual colide com o emocional, determinando um conflito de actuação.
• Representações sociais são formas de conhecimento de objectos e fenómenos sociais complexos, elaboradas
com objectivos práticos, e que contribuem para a constituição de uma realidade comum a várias pessoas.
• Designam-se por sociais porque são forjadas na comunicação ou interacção entre pessoas, são partilhadas por
elas e são uma espécie de programa de acção para a comunidade.
• Na base das representações sociais situam-se dois processos: a objectivação e a ancoragem.
JB
ESMGA, 2010
Web: http://jbarbo.com.pt/moodle
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• A objectivação é a forma como se organizam os elementos da representação e o percurso que efectuam até
exprimirem uma realidade pensada ou tida como real.
• A ancoragem consiste em invocar noções conhecidas, para se compreenderem melhor certos conceitos e se agir
de acordo com eles.
• No seu conjunto, a cognição social é um processo que se organiza com a socialização, tendo como principais
agentes a família, a escola, os pares, bem como todos os demais grupos em que o indivíduo se vai integrando.
• Os meios de comunicação social constituem-se como agentes que, pelas suas características peculiares, entram
em competição com os elementos educativos na formação e mudança de atitudes.
Processos de influência entre indivíduos
• Os principais processos de influências interpessoais são a normalização, o conformismo e a obediência.
• Tanto a nível individual como colectivo, os seres humanos manifestam tendência para organizar os dados da
experiência segundo normas sociais existentes ou a encontrar.
• Normas sociais são escalas de referência que definem os comportamentos e as atitudes permitidos ou
condenáveis numa determinada comunidade.
• A normalização é o estabelecimento de normas sociais com base na influência recíproca dos elementos de um
grupos social, hesitantes relativamente a modos de pensar e agir.
• A adaptação aos outros implica uma atitude social
conformista, o que quer dizer que a adaptação
implica a aceitação das normas sociais vigentes.
• Designa-se por conformismo a tendência das pessoas
para aceitar as normas, isto é, para aproximarem as
suas atitudes e condutas das dos outros elementos do
grupo.
• O grau de conformismo de uma pessoa depende de
factores como a confiança em si próprio, a
unanimidade de opiniões dos elementos do grupo e o
contacto visual.
• A obediência é a tendência das pessoas para se
submeterem a ordens ditadas por outrem e para as
cumprir.
• Os factores que interferem na obediência podem
relacionar-se com a pessoa que dá as ordens ou com
aquela que as cumpre.
• Em relação ao ordenante, a obediência é facilitada
se for uma pessoa atraente, merecer credibilidade e
possuir capacidades de liderança e de autoridade.
• O desejo de agradar e de ser aceite são factores associados às pessoas que obedecem, contribuindo para
incrementar a tendência a obedecer.
• A autoconfiança da pessoa que obedece contribui para diminuir essa tendência.
• A organização social assenta numa boa dose de conformismo e de obediência por parte dos seus membros
constituintes.
• Contudo, inconformismo e desobediência não são necessariamente negativos, sendo tidos como factores de
progresso social, quando alteram costumes sem sentido ou quando são respostas a ordens injustas e inexequíveis.
• O inconformismo considera-se ainda de modo positivo quando se reflecte em avanço científico-tecnológico e
revoluciona de modo favorável o campo das ideias e da arte.
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Processos de relação entre indivíduos e grupos
• Entre indivíduos e grupos desenham-se relações sociais de atracção, agressão e intimidade.
• A atracção entre seres humanos é um processo que implica um conjunto de sentimentos positivos, que criam o
desejo de aproximação entre eles.
• Proximidade física, afinidades pessoais e culturais,
boa aparência, desejo de afiliação e reciprocidade
de sentimentos são factores que facilitam a
atracção interpessoal.
• Considera-se agressão qualquer comportamento
físico ou verbal realizado por um indivíduo com a
intenção de provocar sofrimento, dor ou prejuízo a
pessoas, a objectos ou a si mesmo.
• Além de poder ser desencadeada por outras
situações, a agressividade tem na aprendizagem
social, na frustração e no efeito cumulativo de
contrariedades os seus principais factores.
• A intimidade é um estado de proximidade
emocional entre pessoas caracterizado por uma
comunicação estabelecida com autenticidade e
sem qualquer intenção de manipular.
• O amor é o caso de intimidade por excelência,
podendo revestir-se de vários cambiantes: maternal,
paternal, filial, fraternal, romântico, apaixonado,
amistoso, amor ao próximo, etc.
• Para além da afeição e do respeito, características próprias do gostar, o amor exige vinculação ou apego ao
outro, preocupação e responsabilização por ele e ainda intimidade ou comunicação profunda e empática.
• Kelley considera haver três tipos de amor: o passional, caracterizado pela necessidade do outro; o pragmático,
pela confiança e tolerância; o altruísta, pela preocupação e cuidado.
• Sternberg apresenta uma classificação de modelos de amor mais alargada, dependendo cada um deles da
presença ou ausência dos factores intimidade, paixão e compromisso.
• Na relação entre indivíduos e grupos são vulgares os estereótipos, resultantes da categorização social, os
preconceitos, derivados da visão estereotipada da sociedade, e ainda os fenómenos de discriminação,
manifestações visíveis dos preconceitos.
• Os estereótipos são crenças rígidas e simplificadas acerca de pessoas ou de grupos, resultantes de uma
generalização abusiva e muitas vezes inexacta e resistente a nova informação.
• Os estereótipos fixam-se e mantêm-se nos grupos, dado serem “verdades” facilmente corroboradas, possuírem
elevado poder cognitivo e preditivo e serem uma espécie de hábitos sociais na coesão do grupo e na integração
dos indivíduos.
• Preconceitos são atitudes favoráveis ou desfavoráveis em relação a uma pessoa, atribuindo-lhe caracteres do
grupo a que pertence, mas sem que se tenha informação suficiente a seu respeito.
• Os preconceitos encontram-se normalmente carregados de hostilidade, que na prática se traduz em atitudes
discriminatórias lançadas contra minorias, geradoras de instabilidade e de conflitos sociais.
• Sherif considera que a origem dos conflitos sociais reside no antagonismo de interesses, hipótese bastante
plausível, em virtude de albergar outros conceitos, como os de privação, frustração, preconceito ou “bode
expiatório”.
• Os conflitos sociais não manifestam apenas aspectos negativos, podendo ser considerados como uma forma de
demarcar com nitidez as fronteiras grupais e de manter e reforçar a identidade dos grupos envolvidos.
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• O contacto entre os grupos, processo apontado como forma de solucionar conflitos intergrupais, parece não dar
os resultados esperados, ampliando as hostilidades e reforçando os sentimentos do endogrupo em oposição ao
exogrupo.
• Sherif propõe, como forma de resolução, os objectivos supra-ordenados, que são finalidades que convêm a
ambos os grupos, mas que só podem ser atingidas através da colaboração de ambos.
• Uma outra forma de resolver conflitos é a negociação, processo através do qual, à custa de cedências e
exigências de ambas as partes, procura alcançar uma plataforma de entendimento.
• Promovendo os contactos, propondo objectivos supra-ordenados ou realizando negociações, a finalidade visada
é a criação de condições propícias à integração, evitando formas de discriminação e exclusão social.