1. O documento apresenta a Matriz Integrativa de Craig, que organiza sete tradições teóricas da comunicação de forma a colocá-las em diálogo, ao invés de tratá-las de forma isolada.
2. A matriz parte de uma perspectiva pragmática e reflexiva, entendendo que a forma como estudamos comunicação influencia como nos comunicamos e vice-versa.
3. As sete tradições apresentadas são: retórica, semiótica, fenomenológica, cibernética, sociopsicológica, sociocultural e crítica
2. GP Comunicação Pública & Comunicação Política (PPGCOM / ECA USP)
MATRIZ METATEÓRICA DE TRADIÇÕES
Matriz
metateórica
Integrativa
Tradições em
interação
mútua
Problema da
comunicação
em cada
tradição
Sete tradições
+ oitavo
paradigma
Construída sob a perspectiva de
teorização prática
3. A matriz com as sete tradições organiza um conjunto
amplo de teorias disponíveis para os estudos em
comunicação, colocando em contato posturas
absolutamente dispersas nas pesquisas – exatamente
o que dificulta a formação de um campo
propriamente dito em comunicação.
Estrutura da obra: contextualização da corrente, textos
seminais representativos em ordem cronológica e
perspectivas possíveis
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MATRIZ METATEÓRICA DE TRADIÇÕES
4. • A organização da matriz parte de uma
perspectiva pragmática e reflexiva,
contrariamente a uma perspectiva que
oponha teoria e prática.
• A forma como estudamos comunicação está
enraizada nas formas como a compreendemos
no dia-a-dia, interferindo na forma como
comunicamos e vice-versa.
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MATRIZ METATEÓRICA DE TRADIÇÕES
6. 1. São apresentados na ordem cronológica em que foram
hegemônicos nos estudos em comunicação.
2. Contudo, cada tradição atravessa o tempo, a depender
das releituras possíveis de seus princípios centrais em
função dos desafios práticos de cada momento histórico.
3. Isso nos leva a repensar a importância do contexto em
que cada tradição é desenvolvida e é atualizada ou se
torna “útil” para avaliar questões próprias de cada tempo.
4. As sete tradições são: retórica; semiótica;
fenomenológica; cibernética; sociopsicológica;
sociocultural; e crítica.
5. Oitavo paradigma: pragmatista, proposto por Russil e
aceito por Craig.
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AS TRADIÇÕES (PARADIGMAS)
7. 1. O livro não é um guia que contém um
“cardápio” organizado de tradições teóricas a
seguir.
2. Entendê-lo assim poderia levar o pesquisador
a um isolamento em uma corrente escolhida,
escapando da abordagem dialética e
dialógica proposta.
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AS TRADIÇÕES NÃO CONSTITUEM UM MANUAL
8. 1. parte de uma interação (imanente) entre teoria e
metadiscurso da vida comum;
2. a lógica da teorização prática (em sua posição de se
engajar na comunicação diante dos problemas,
interpretando a realidade e propondo soluções);
3. a apresentação (condensando as diferentes linhas
explicativas disponíveis na academia) de tradições que
dialogam entre si;
4. a necessidade de uma postura reflexiva sobre as tradições
em que cada pesquisador se insere, questionando sua
capacidade de oferecer respostas aos problemas objetivos
e, assim, enriquecendo a própria tradição.
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PRINCÍPIOS PARA COMPREENDER A MATRIZ
9. Os autores propõem quatro princípios para o estudo/construção de cada
teoria. O pesquisador pode se situar tentando se identificar em cada um
desses princípios.
1) ontologia – ideias sobre a natureza do fenômeno (comunicacional). Isto
passa pela ideia de ser humano. Em outras palavras, qual é sua natureza
(do humano e da comunicação) e como se manifesta?;
2) epistemologia – ideias sobre o que é conhecimento, que relação
mantém com o mundo real. Como eu alcanço conhecimento sobre esse
fenômeno (apenas de forma interpretativa, teórica ou por meio de
estudos empíricos)?
3) praxeologia – como uma teoria pode ser proposta e usada? Quais são os
critérios que uma dada comunidade utiliza para validar teorias?;
4) axiologia – domínio dos valores. como a teoria usada pode contribuir
para a sociedade e como, mais especificamente, meu estudo pode
contribuir para as interações humanas / para a convivência real? Há
expectativas normativas (dever servir como modelo para algo
específico).
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LOCALIZAÇÃO DE SI MESMO NA MATRIZ
10. Teorias científicas
empiricistas
• Teoria universalista
• Busca causalidade
• Objetivo: predição e
controle (do fenômeno
comunicacional)
• Neutralidade
instrumental
• Método científico
• Ex. Teorias da persuasão
–aumentar a efetividade
persuasiva manipulando
os processos sociais e
psicológicos que
possibilitam a persuasão
Hermenêutica-
interpretativa
• Teoria local e
interpretativa
• Busca compreender
• A ação social é
ontologicamente
diferente dos fenômenos
naturais
• Neutralidade impossível
• Metodol. etnográfica,
histórica
• Ex. Átomos e flores fazem
coisas lindas mas
somente os humanos
geram significados
Teorias críticas
• Teoria como matriz
prévia
• Assume postura não
neutra
• Busca crítica ideológica
• Objetivo: transformar
relações de poder
• Rejeita a neutralidade
instrumental
cientificista
• Metodol. Análise crítica
do discurso
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COMO TEORIA E PRÁTICA ESTÃO CONECTADAS?
11. Teorias pragmáticas
• Teoria local
• Busca identificar a utilidade local
• Neutralidade impossível
• Objetivo: teorização fundamentada
• Teorizações são ampliações formalizadas do bom-senso e solução de problemas do dia-a-dia
• Metodol. Fundamentada, qualitativa
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COMO TEORIA E PRÁTICA ESTÃO CONECTADAS?
12. É da conversação que consensos poderão surgir
para se encontrar um núcleo problemático a
ser explorado como campo. Para Craig, isso
deve ser feito constituindo-se uma disciplina
prática.
• Princípio 1 – Modelo constitutivo de
comunicação
• Princípio 2 – Teoria da comunicação como
metadiscurso
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A COMUNICAÇÃO COMO CAMPO
13. Para a constituição de uma metateoria
comunicacional, a entrada deve ser pela
comunicação. É o que Braga chama de
“desentranhar o comunicacional”.
A comunicação deve ser vista como processo, e
não como “coisa” (Craig, Braga)
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A COMUNICAÇÃO COMO CAMPO
14. 1) porque a comunicação evoluiu historicamente e deve agora ser interpretada num sentido mais
amplo do que apenas o viés da transmissão de informação;
2) porque a relação entre teorias da comunicação e a cultura é reflexiva (RECURSIVA, uma incide
na outra)– não há espaço para isso no modelo transmissional;
3) porque esta reflexividade implica numa missão política (que não sirva apenas ao
conhecimento especializado, como ocorre com o modelo transmissional);
4) a comunicação é uma disciplina intelectualmente legítima, tanto quando outras (a psicologia,
a lingüística etc) – mas eis aqui a “comunicação desentranhada” como teoria e como
metodologia: (a comunicação explicada desde uma perspectiva comunicacional)
a comunicação é em si mesmo um processo social constitutivo que explica todos esses outros
fatores (p. 68);
5) um modelo constitutivo permite reconstituir as erosões culturais, ampliando demandas de
inclusão e participação, o que o modelo transmissional não prevê;
6) o modelo não é excludente em relação às teorias usadas (considerando que a comunicação
pode ser interpretada de tão diferentes formas e não apenas a partir de uma leitura
transmissional);
7) a teoria comunicacional ganha mais coerência quando é tratada como um metadiscursco (o
que a torna mais ampla, diversa e inclusiva).
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RAZÕES PARA ENTENDER COMUNICAÇÃO COMO PROCESSO
15. 1) Campo da comunicação como um fórum para as diferentes perspectivas.
2) Ligando-as ou fornecendo-lhes um terreno comum, estaria o viés da teoria prática,
que parte do metadiscurso prático para teorizá-lo, buscando compreender o real e
transformá-lo.
• Para tanto, é preciso partir do real, mas “beber das fontes teóricas” que auxiliam
nessa reconstrução formal.
• Por outro lado, é preciso partir do real sem entrincheirá-lo numa só perspectiva
normativa.
Aqui está um grande desafio para as teorias baseadas tanto na empiria quando nos
preceitos normativos.
Teorizar: expansão formal do senso comum e práticas cotidianas.
Tradições: caminhos históricos, estáveis mas permeáveis e em interação com outros
caminhos
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TEORIA DA COMUNICAÇÃO COMO METADISCURSO