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Controladoria II                                                                            Prof. Moreira 




                        ORÇAMENTO EMPRESARIAL

1) A CONCEITUAÇÃO DO ORÇAMENTO 

1.1) Introdução 

Uma  das  etapas  do  processo  de  planejamento  caracteriza‐se  pela  necessidade  de  planejar  o 
curto prazo, ou seja, as ações para o próximo exercício. Denominamos esta etapa de Programa‐
ção,  uma  vez  que  consiste  na  elaboração  de  planos  operacionais  de  produção  e  vendas  e  na 
mensuração econômico‐financeira desses planos. 
 
A  função  da  Controladoria  nesta  etapa  do  processo  de  gestão  tem  como  elemento  central  o 
plano orçamentário, o qual se caracteriza exatamente por ser um plano de curto prazo e envol‐
ve a quantificação dos elementos necessários para o processo de comprar, produzir, e vender 
e, subseqüentemente, a mensuração econômica de todos esses elementos e suas resultantes. 
 
É extremamente necessário o orçamento para o próximo exercício, com todo o grau de detalhe 
que é necessário. Para os demais exercícios futuros, pode‐se utilizar dos conceitos de projeção, 
considerando dados mais sintetizados, sem envolver todos os setores da empresa, e elaborado 
apenas pela área de Controladoria. 
      
1.2) Definição 
 
Tem  sido  generalizado,  em  nosso  meio,  o  uso  dos  termos  e  expressões  “orçamento”,  “plano 
orçamentário”,  “controle  orçamentário”,  “administração  e  controle  orçamentário”,  “budget”, 
etc. São palavras soltas tiradas das traduções ou de artigos de diferentes autores, mas que pro‐
curam indicar um assunto: o “orçamento”. Que é orçamento? 
 
      “um plano financeiro que serve para estimativa e controle das operações futuras.” 
 
Essa  definição  indica  a  existência  de  finalidades  diversas  para  a  elaboração  dos  orçamentos. 
Podem‐se observar de pronto duas funções principais do orçamento. A primeira função é fun‐
cionar  como  um  plano  que  engloba  os  fatores  futuros  da  operação  e  os  exprime  em  termos 
econômico‐financeiros, para que sobre eles possa atuar a segunda função – o controle. 
 
“o orçamento empresarial pode ser definido como um plano coordenado de ações financeiras 
                                      para a empresa executar.” 
 

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Embora focalizem o mesmo alvo – ou seja, o plano financeiro da empresa – alguns autores já 
abordam o lado da política financeira da empresa como um todo, visando a atingir o alvo final. 
Subentende‐se que a tarefa de fixar o alvo para medir as realizações não se localiza apenas na 
etapa do seu controle, conforme estes autores esclarecem logo em seguida, ao expor caracte‐
rísticas de um orçamento devidamente aplicado. Para eles, esse plano: 
 
1. Abrange todas as operações da empresa. 
2. Relaciona a receita das vendas, no seu total e por seções, aos custos e despesas correspon‐
     dentes. 
3. Estabelece operações predeterminadas e objetivos financeiros predeterminados; olha para 
     o futuro; e não se restringe simplesmente a uma comparação entre os resultados reais e o 
     padrão. 
 
Conforme  o  item  3,  o  orçamento  não  se  limita  apenas  à  fase  de  controle,  que  se  caracteriza 
pela comparação entre o realizado e o orçado, mas olha sempre à frente, com a finalidade de 
sondar as possibilidades futuras, visando ao estabelecimento de objetivos. 
 
A gestão orçamentária se apóia em previsões, função das condições internas e externas da em‐
presa. A partir dessas previsões, os responsáveis pela empresa recebem atribuições – progra‐
mas e meios – para um período limitado em valor e em quantidade. 
 
Em períodos regulares, é efetuado um confronto entre esses orçamentos e as realizações, a fim 
de realçar as diferenças que se verificam. As explicações dessas defasagens constituem o con‐
trole. 
 
Na primeira parte dessa definição, estão focalizados os dois aspectos que atuam diretamente 
na elaboração do orçamento: as condições internas, como a produção, o potencial de venda, o 
processo administrativo, a solidez financeira, etc. Tais conhecimentos são decisivos para a de‐
terminação da política global da empresa. 
 
Nessa  definição,  estão  abordados  também  os  conceitos  da  responsabilidade  e  da  autoridade 
dos executivos no desempenho de suas funções. 
 
O orçamento não deve ser imposto, mas aceito, de comum acordo, por todos aqueles que as‐
sumem a responsabilidade por atingir determinado alvo. Daí se deduz que o fator psicológico 
desempenha importante papel na execução do plano orçamentário. De conformidade com as 
linhas referidas, o orçamento empresarial consiste, essencialmente, em um plano de trabalho 
coordenado, e no controle desse plano. Tanto um como o outro possuem variadas maneiras de 
ação. 
 



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1.3) O objetivo da empresa 
 
No mundo dos negócios de hoje, dá‐se à conservação do lucro ênfase diferentemente da que 
lhe era dada no passado. 
 
O lucro que toda empresa moderna procura continua a ser o resultado favorável ao fim de cada 
período  de  atividade  –  conciliável,  entretanto,  com  o  bem‐estar  da  coletividade,  mediante  o 
atendimento das necessidades desta. 
 
Em sentido amplo, a organização empresarial é uma instituição econômica. Ela é criada princi‐
palmente para fornecer ao público os bens ou serviços necessitados ou desejados. 
 
Esse objetivo é fundamental. Aos olhos dos clientes, e de uma perspectiva econômica, não há 
outro motivo para a existência da empresa que os serviços que ela presta. Se esse objetivo da 
prestação não for alcançado, a organização acabará definhando ou morrendo. 
 
Para atingir esse objetivo, a empresa moderna tem as vistas voltadas para o aperfeiçoamento. 
Através de intensos programas de pesquisas, a produção e a comercialização têm recebido me‐
lhoramentos contínuos. Também a administração financeira tem melhorado dia a dia. Outrora, 
as empresas contentavam‐se com métodos rudimentares de registro. Hoje em dia, dados e in‐
formações  diversos  fluem  ao  encontro  do  desejo  do  empresário,  prestando‐lhe  grande  ajuda 
nas tomadas de decisões. As estatísticas referentes ao passado já não satisfazem à curiosidade 
nem às necessidades dos homens de empresa, que procuram investigar as possibilidades futu‐
ras para traçar metas. Daí nasceu a técnica da previsão micro econômica, comumente chamada 
no seu sentido financeiro, “Orçamento Empresarial”. 
 
1.4)  Princípios Gerais 

Os princípios gerais para a estruturação do plano orçamentário são: 
 
   • Orientação  para  objetivos:  O  orçamento  deve  se  direcionar  para  que  os  objetivos  da 
       empresa e dos setores específicos sejam atingidos eficiente e eficazmente. 
   • Envolvimento dos gestores: Todos os gestores responsáveis por um orçamento especí‐
       fico  devem  participar  ativamente  dos  processos  de  planejamento  e  controle,  para  ob‐
       termos o seu comprometimento. 
   • Comunicação integral: Compatibilização entre o sistema de informações, o processo de 
       decisões e a estrutura organizacional. 
   • Expectativas realísticas: Para que o sistema seja motivador, deve apresentar objetivos 
       gerais e específicos, que sejam desafiadores, dentro da melhor visão da empresa, mas 
       passíveis de serem cumpridos. 


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    • Aplicação flexível: O sistema orçamentário não é um instrumento de dominação. O va‐
      lor do sistema está no processo de produzir os planos, e não nos planos em si. Assim, o 
      sistema deve permitir correções, ajustes, revisões de valores e planos. 
    • Reconhecimento  dos  esforços  individuais  e  de  grupos:  O  sistema  orçamentário  é  um 
      dos principais instrumentos de avaliação de desempenho etc. 
 
1.5) Orçamento Participativo × Ditatorial 

O  orçamento  deve  necessariamente  ter  o  envolvimento  dos  gestores  com  responsabilidade 
sobre  peças  orçamentárias.  Portanto,  um  processo  de  orçamento  de  cima  para  baixo  (top 
down), de forma impositiva, sem nenhuma participação dos gestores – gestores estes que leva‐
rão a cabo os objetivos e o cumprimento das metas operacionais –, tende a produzir resultados 
inferiores do que sob outra proposta de condução do sistema orçamentário. 
 
Por outro lado, o processo orçamentário conduzido de forma totalmente democrática (bottom 
up) traz também os problemas inerentes a esta política de condução de negócios. Existe a pos‐
sibilidade  de  que  os  desejos,  necessidades  e  objetivos  setoriais  não  estejam,  num  primeiro 
momento, coerentes com os objetivos maiores da organização. Não é incomum nesse procedi‐
mento que alguns gestores, menos pragmáticos, estipulem metas e objetivos exagerados, tanto 
no lado de incremento como de redução do volume de atividades etc. 
 
Em  termos  de  tempo  de  execução  do  plano  orçamentário,  o  modelo  ditatorial  é  muito  mais 
rápido, pois poucas pessoas fazem parte do processo de planejamento e mensuração dos pro‐
gramas.  O  orçamento  totalmente  democrático,  por  outro  lado,  despende  muito  mais  tempo, 
pois envolve um número razoável de idas e vindas dos papéis de cálculo dos pré‐orçamentos. 
 
Ambas as posturas, de forma extremada, fatalmente levarão a problemas de comprometimen‐
to,  motivação,  coordenação  de  objetivos  e  até,  talvez,  incorreção  na  mensuração  dos  planos 
setoriais e gerais. 
 
Assim, em algum momento poderá haver necessidade de se tomar uma decisão. E em uma or‐
ganização,  o  processo  de  decisão  segue  a  estrutura  hierárquica  e  sempre  conduzirá  a  que  al‐
gum gestor, no subir da pirâmide organizacional, tenha de tomar uma decisão que, eventual‐
mente, possa estar em desacordo com o subordinado imediatamente inferior. 
 
Dessa forma, o sistema orçamentário oscilará entre esses dois extremos: democracia participa‐
tiva  e  processo  impositivo.  Entretanto,  é  importante  que  ele  contenha  o  máximo  possível  de 
democracia e participação para o comprometimento dos gestores setoriais, porém deve reser‐
var aos responsáveis dos escalões mais altos a possibilidade de ajustes dos objetivos setoriais 
aos objetivos maiores do empreendimento, através de procedimentos algo mandatórios. 
 

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1.6) Validade do Orçamento 

Mais recentemente, tem‐se visto críticas ao processo orçamentário centradas basicamente nos 
seguintes pontos: 
 
• Ferramental ineficiente para o processo de gestão e frustração com os resultados obtidos 
    no processo. 
• O orçamento engessa em demasia a empresa (o plano tem de ser seguido a qualquer cus‐
    to!), impedindo a criatividade e o empreendimento dos gestores setoriais, provocando con‐
    formismo, medo e/ou insatisfação. 
• Impossibilidade de utilização deste ferramental em situações de crônica variação de preços. 
• Extrema dificuldade de obtenção de dados quantitativos para as previsões e volatilidade do 
    futuro. 
• Altamente consumidor de tempo e recursos e criação em excesso de rotinas contábeis. 
• Falta de cultura orçamentária. 
• Utilização de tecnologias de informação inadequadas etc. 
 
Entendemos que esses pontos levantados são importantes para os responsáveis pela conduta 
do sistema e do processo orçamentário, mas não invalidam, de maneira alguma, este ferramen‐
tal de Controladoria. A teoria contábil, a teoria da decisão, os métodos quantitativos já desen‐
volvidos, a tecnologia existente etc. há muito têm dado as soluções para a maioria dessas ques‐
tões. 
 
O  plano  orçamentário,  como  qualquer  outro  ferramental  de  Controladoria  é  um  exercício  de 
aprendizado permanente e só pode ser desenvolvido e atingir um grau de utilização eficaz se 
praticado. Os problemas ou dificuldades surgem do processo e devem ser analisadas e, em se‐
guida, encontradas as soluções, nem que não sejam as ideais para o momento. 
 
O orçamento, que contém a mensuração econômica dos planos operacionais da empresa, sem‐
pre  é  necessário  para  o  processo  de  planejamento,  execução  e  controle.  As  frustrações  que 
acontecem são frutos de planos orçamentários não desenvolvidos corretamente, desde a falta 
de objetivos claros, de uma clara definição de responsabilidades, da competência para obten‐
ção dos dados, dos procedimentos de mensuração etc. 
 
1.7) As Vantagens do Sistema Orçamentário 
 
São  muitas as  vantagens  que  a  implantação  de  um  sistema  de  orçamento  pode  trazer  para  a 
empresa. Tais vantagens ultrapassam, às vezes, o domínio financeiro que lhe é próprio. 
 
Do ponto de vista do planejamento, o sistema orçamentário movimenta o ambiente, pois cons‐
cientiza o dever de cada funcionário, chefe ou subalterno. 

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Do ponto de vista do controle, o sistema orçamentário incute no espírito de cada funcionário a 
noção  do  custo,  da  economia  e  do  lucro,  através  de  normas  internas  que  têm  por  finalidade 
principal evitar desperdícios para maior rentabilidade. 
 
O planejamento do lucro estimula o aparecimento, na organização interna, de uma atmosfera 
de consciência em relação ao lucro, de consciência em relação ao custo, e de parcimônia. Como 
todos  os  supervisores  e  gerentes  da  empresa  são  obrigados  a  participar  do  desenvolvimento 
desse plano de lucro e a explicar as divergências que se verificam entre o desempenho real e os 
objetivos orçados, eles precisam ter consciência dos fatores que levam à boa e à má “perfor‐
mance”. Essa consciência gera a consciência em relação ao lucro, e dá ímpeto à procura de o‐
portunidade para o lucro. 
 
Do ponto de vista da análise, o sistema de orçamento permite determinar os pontos vulnerá‐
veis da empresa, para medidas saneadoras, e seus pontos favoráveis, para um maior aprovei‐
tamento. A comparação entre o presente e o passado e entre o real e o estimado permite en‐
contrar a causa de inúmeros fatos financeiros, conhecimento útil para os dirigentes tomarem 
decisões. 
 
Do  ponto  de  vista  psicológico,  nada  é  mais  atuante  do  que  o  fato  de  todos  os  empregados, 
mesmo os mais humildes, sentirem sua participação direta em um plano de trabalho que en‐
volve toda a organização, sem distinção entre os graus hierárquicos. 
 
Em síntese, essas vantagens podem ser assim resumidas: 
 
• O  uso  mais  racional  dos  recursos  próprios,  seja  para  o  investimento  no  imobilizado,  seja 
    para o financiamento do ativo circulante. 
• A moderação nos planos de despesas, pois qualquer gasto substancial é ponderado sob o 
    prisma de sua rentabilidade em termos do lucro final. 
• A determinação da responsabilidade definitiva para cada função da empresa. 
• A coordenação entre todos os setores da empresa, pois seu alvo comum é o lucro a ser a‐
    tingido conforme o orçamento. 
• A  combinação  de  forma  fria  e  impessoal,  dos  melhores  julgamentos  dos  diversos  setores 
    responsáveis pelo resultado empresarial. A avaliação de tais julgamentos oferece uma base 
    para melhores decisões, evitando, assim, otimismo excessivo ou pessimismo exagerado. 
• Pelo seu mecanismo de operação, o orçamento serve de válvula de segurança para a admi‐
    nistração. Através de comparações entre estimativas e realizações, localizam‐se os pontos 
    frágeis do mecanismo empresarial. O orçamento indica, portanto, o caminho que a empresa 
    deve percorrer para alcançar maior desenvolvimento com maior segurança. 
• Além  de  permitir  o  uso  mais  racional  dos  recursos  próprios,  o  orçamento  regulariza  tam‐
    bém o uso dos recursos de terceiros, dentro dos limites do lucro projetado. 


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•   O orçamento é um ferramental poderoso para a avaliação dos resultados das políticas de 
    vendas, de produção e financeira da empresa. 
•   Os estudos e análises diversos da potencialidade do mercado, da receptividade do produto, 
    dos métodos de comercialização e manufatura, que constituem passos normais do processo 
    orçamentário, permitem o descortino de meios e modos de reforçar ou ampliar mais ainda 
    novos horizontes para as atividades da empresa. 
•   Também no plano do custo fabril, o processo orçamentário exige, inexoravelmente, a aten‐
    ção da administração ao uso mais econômico da mão‐de‐obra, das matérias primas e de ou‐
    tros elementos dos custos. 
•   Como resultante de várias provisões setoriais, a posição de caixa, uma das peças fundamen‐
    tais do orçamento, fornece informações sobre quando e quanto numerário será necessário, 
    e se de origem interna ou externa. Tais estimativas só podem ser obtidas com o uso siste‐
    mático do orçamento. 
•   O  orçamento  estabelece  um  alvo  a  atingir,  ao  mesmo  tempo  em  que  oferece  meios  para 
    aferir se o desempenho alcançado está próximo ou distante desse alvo. Constitui em si um 
    teste da habilidade do administrador, no tocante à sua atuação em relação ao estimado. 
•   As empresas que possuem sistema orçamentário em bom funcionamento gozam sempre de 
    maior prestígio junto às fontes externas de financiamento bem como junto aos investido‐
    res. 
•   Como condição primordial do próprio processo de trabalho, o orçamento requer que a ad‐
    ministração se fortaleça, mediante o aperfeiçoamento contínuo do seu sistema de registro, 
    análises e relatórios, indispensável à tomada de decisões. 
 
1.8)  Os Requisitos do Orçamento 
 
Para obter as vantagens que o sistema orçamentário oferece, há requisitos óbvios: 
 
• O apoio da cúpula administrativa – condição fundamental, devido aos atritos que normal‐
   mente surgem no processo de controle. “Se se deseja um orçamento bem sucedido, é abso‐
   lutamente  necessário  que  cada  um  dos  membros  da  direção,  a  começar  pelo  Presidente, 
   lhe dê apoio completo. O ímpeto e o rumo precisam partir da própria cúpula.” 
• Uma organização adequada – básica, no tocante à responsabilidade e à autoridade, para o 
   controle  efetivo.  Sem  uma  organização  definitiva,  não  será  possível  determinar  quem  é  o 
   responsável por determinada situação deficitária. Essa impossibilidade invalida a premissa 
   de que o orçamento empresarial tem por objetivo eliminar desperdícios. 
• Um sistema de contabilização racional – que permita as análises e comparações necessá‐
   rias, nos pormenores devidos. Essas normas contábeis servem também de base para o pla‐
   nejamento  financeiro.  Sem  essa  base  comum,  a  contabilidade  poderá  registrar  fatos  reais 
   que não correspondam aos estimados, o que falseará as comparações posteriores e condu‐
   zirá a decisões errôneas. 


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•   Um  sistema  orçamentário  adequado  ‐  Cada  empresa  tem  suas  necessidades  específicas, 
    decorrentes  da  natureza  de  suas  atividades.  Para  obter  resultados  favoráveis,  ela  precisa 
    possuir  um  sistema  de  trabalho  definido,  capaz  de  oferecer‐lhe  meios  mais  seguros  para 
    seu controle. 
 
Conforme mencionado, o funcionamento de um sistema orçamentário depende de vários fato‐
res, alguns de natureza técnica e outros de natureza psicológica. Apesar dos inúmeros benefí‐
cios que podem propiciar à empresa, sua implantação requer medidas cautelosas. 
 
A gestão orçamentária é uma técnica difícil de manejar e custosa de executar. Não se compre‐
ende um esforço desses, na empresa, senão com base em motivos  bem precisos e em inten‐
ções bem determinadas. 
 
1.9)  As Limitações do Orçamento 
 
Apesar das ponderações feitas sobre os aspectos positivos do orçamento, entende‐se que nem 
sempre a implantação do sistema orçamentário levará, necessariamente, a empresa a ser bem 
sucedida. Quem pretender adotar tal processo de trabalho deverá estar perfeitamente ciente 
das  possibilidades  tanto  de  êxito  como  de  malogro.  Tudo  depende  da  habilidade  do  técnico, 
das condições em que se encontra a empresa e o elemento humano necessário. Qualquer pla‐
no orçamentário, portanto, por melhor que seja, tem suas limitações. 
 
Em primeiro lugar, todo orçamento baseia‐se em estimativas. Por mais acuradas, estas repre‐
sentam  apenas  tentativas  de  acerto.  A  previsão  econômica  não  é  uma  ciência  exata.  O  fator 
“homem” tem papel preponderante em sua determinação. Os impulsos emocionais da massa 
consumidora  podem  alterar  radicalmente  a  tendência  das  vendas  de  determinado  setor.  Em 
certos casos, é impossível determinar com segurança o rumo dos negócios, devido às suas alte‐
rações  constantes.  Dessa  maneira,  reconhece‐se  que  a  qualidade  de  um  orçamento  depende 
do grau de acerto das suas previsões relativas aos fatores básicos. 
 
Em  segundo  lugar,  muitos  empresários  exageram  as  propriedades  da  prática  orçamentária, 
tomando‐a como panacéia para todos os males e supondo que sua aplicação dispensa a atua‐
ção dos administradores. A crença de que o plano orçamentário possa transformar prejuízo em 
lucro do dia para a noite só fará desapontar os mal informados sobre a utilidade desse processo 
de trabalho. 
 
Em terceiro lugar, a aplicação do sistema orçamentário é prejudicada pela atitude preconcebida 
de muitos homens de empresa, no sentido de que: 
 
• As  condições  do  mercado  são  tão  fluidas  e  incertas,  qualquer  estimativa  a  seu  respeito  é 
    trabalho inútil; 
• O mais importante é vender, controle orçamentário é luxo que só acarretará mais despesas; 
                                                                                                       8
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•   Há  duas  gerações  nossa  empresa  experimenta  altas  e  baixas  de  todo  tipo,  mesmo  assim 
    conseguimos sobreviver e crescer sem orçamento: por quê, agora, orçamento? 
 
No que diz respeito à primeira observação, sobre as condições instáveis do mercado, menciona‐
se apenas que uma das características do orçamento é a flexibilidade, isto é, mesmo quando a 
situação do mercado muda drasticamente em relação à situação do plano original, a empresa 
tem  meios  para  ajustar‐se  a  novas  conjunturas.  Daí  a  razão  porque  muitas  empresas  adotam 
concomitantemente, orçamento anual e previsão trimestral. 
 
Quanto ao aspecto de que quanto mais a empresa vende, melhor, portanto ela deve concentrar 
toda sua atenção na comercialização dos seus produtos, observa‐se que a crença generalizada 
de que as empresas devem procurar vender o máximo possível, na suposição de que seus lu‐
cros  serão  proporcionais  às  vendas, tem  lógica aparente,  mas  nem  sempre é  respaldada  pela 
prática. Há circunstâncias em que, no cômputo total, a empresa é lucrativa, mas se suas ativi‐
dades forem desdobradas por linhas de produtos, certos setores poderão mostrar‐se extrema‐
mente  deficientes.  O  processo  orçamentário  permite  visualizar  de  perto  a  evolução  de  cada 
linha de produto, não apenas em confronto com seu passado, mas também com os planos pre‐
estabelecidos, frutos de cuidadosos estudos e indagações. 
 
Finalmente, a terceira observação, sobre a capacidade de sobreviver sem sistema de orçamen‐
to, refletia, até há pouco, o pensamento de nossos homens de empresa. Felizmente, essa men‐
talidade está mudando. É óbvio que, uma vez melhorados seus métodos de trabalho, a empre‐
sa conseguirá, certamente, uma solidez que lhe dará maior possibilidade de sobreviver em um 
mundo cada dia mais competitivo. 
 
1.10)  Os motivos porque o Orçamento Falha 
 
Em muitas circunstâncias, o plano orçamentário enfrenta inúmeras dificuldades, seja na fase da 
implantação,  seja  no  estágio  da  consolidação.  Via  de  regra,  tais  dificuldades  resultam  dos  se‐
guintes erros: 
 
• Estrutura organizacional inadequada; 
• Sistema ineficaz de registro contábil; 
• Falta de um sistema de custos definido; 
• Falta de apoio efetivo da cúpula administrativa; 
• Expectativa grande demais em relação ao novo processo de trabalho; 
• Implantação muito apressada; 
• Supervisão e administração deficientes; 
• Expectativa prematura de resultados; 
• Falta da cooperação necessária; 
• Falta de êxito na análise dos resultados e na apuração das causas das variações; 

                                                                                                         9
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•   Falta de dados históricos; 
•   Papelada excessiva ou detalhes excessivos; 
•   Período de projeção longo demais; 
•   Falta de definição do processo de elaboração do orçamento; 
•   Falta de flexibilidade suficiente na reformulação das estimativas; 
•   Pesquisa de mercado mal feita; 
•   Falta de entrosamento entre os planos fabris e os de comercialização; 
•   Técnica insipiente de previsão; 
•   Falta  de  definição  dos  fatores  macroeconômicos  que  tenham  influência  direta  nos  planos 
    empresariais; 
•   Falta de decisões globais e definidas sobre as políticas de preços, salários, despesas, etc. 
 
1.11)  O Orçamento e as Empresas Brasileiras 
 
Historicamente considerando, o uso efetivo dos princípios orçamentários como elementos de 
controle constitui fenômeno recente. Iniciou‐se na década de 20, nos Estados Unidos. Nos anos 
que se seguiram a 1930, a aplicação do orçamento empresarial tomou grande impulso, com o 
aparecimento  do  movimento  científico  de  administração  empresarial.  Já  em  1941,  aproxima‐
damente 50% das empresas norte‐americanas usavam, de uma ou de outra forma, o sistema de 
controle orçamentário. Em 1958, pesquisa efetuada no ambiente empresarial norte‐americano 
revelou que, das 424 companhias entrevistadas, 404 – ou seja, 95% ‐ aplicavam o sistema or‐
çamentário para seu controle financeiro global. Hoje em dia, o controle orçamentário é quase 
uma “norma de vida” das empresas norte‐americanas. 
 
No Brasil, devido ao estágio atual do desenvolvimento do país, um número cada vez maior de 
empresas  começa  a  considerar  o  controle  orçamentário  como  um  dos  meios  para  alcançar 
maior rentabilidade. Essa nova mentalidade está formando‐se principalmente em decorrência 
da junção de circunstâncias que, de forma indireta, obrigam os empresários a produzir melhor 
e mais barato, sob pena de exclusão do mercado pela concorrência. Antes, o mercado era do 
vendedor, mas agora começa a ser do comprador. Até a pouco, o empresário concentrava toda 
sua atenção na produção e comercialização, relegando o controle financeiro para segundo pla‐
no. 
 
A falta de uma técnica própria constitui, em segundo lugar, uma das maiores dificuldades para 
executar a tarefa de preencher essa lacuna dentro do padrão moderno da administração em‐
presarial. Não são raros os casos em que os métodos para esse campo de trabalho são trazidos 
das  empresas  estrangeiras  que  operam  no  país.  Acontece  que,  em  geral,  a  preocupação  pri‐
mordial  dessas  empresas  é  de  planejar  e  controlar  suas  operações  com  base  nas  moedas  de 
origem. O padrão de desempenho é avaliado com base em reajustes, de acordo com as práticas 
e  conveniências  de  cada  empresa.  Esse  o  motivo  porque  a  simples  imitação  desses  métodos 
tem apresentado pouco proveito. 

                                                                                                   10
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De  outro  lado,  tem  sido  escassa  a  literatura  nacional  no  campo  do  planejamento  e  controle 
financeiro das empresas, apesar de terem aumentado substancialmente, nos últimos tempos, 
as traduções de obras estrangeiras. Dada a grande diversidade entre a situação do nosso país e 
a dos países para os quais tais livros foram escritos, o aproveitamento dessas traduções, aqui, 
tem sido bem reduzido. Conforme os entendidos na matéria, o modelo econômico brasileiro é 
sui generis, pois seus problemas e soluções têm características absolutamente próprias. 
 
No  Brasil,  inúmeros  são  os  estudos  relativos  aos  diferentes  controles  administrativos,  porém, 
nenhum deles especificamente, se dedica ao problema do Orçamento Empresarial. Assim, para 
o estudo dos problemas inerentes a seus tipos, sua implementação e acompanhamento e sua 
relação com os demais controles da empresa, o leitor brasileiro e mesmo sul‐americano se acha 
obrigado  a  recorrer  à  literatura  em  língua  inglesa,  francesa  e  alemã.  Esta  literatura,  apresen‐
tando concepções mundialmente aceitas, tem, às vezes, valor duvidoso e mesmo perigoso, pois 
procura  atender  às  condições  particulares  da  empresa,  em  face  de  uma  empresa  econômica 
nacional que em muito, se não em todo, difere da particular economia brasileira. 
 




                                                                                                        11

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  • 1. Controladoria II  Prof. Moreira  ORÇAMENTO EMPRESARIAL 1) A CONCEITUAÇÃO DO ORÇAMENTO  1.1) Introdução  Uma  das  etapas  do  processo  de  planejamento  caracteriza‐se  pela  necessidade  de  planejar  o  curto prazo, ou seja, as ações para o próximo exercício. Denominamos esta etapa de Programa‐ ção,  uma  vez  que  consiste  na  elaboração  de  planos  operacionais  de  produção  e  vendas  e  na  mensuração econômico‐financeira desses planos.    A  função  da  Controladoria  nesta  etapa  do  processo  de  gestão  tem  como  elemento  central  o  plano orçamentário, o qual se caracteriza exatamente por ser um plano de curto prazo e envol‐ ve a quantificação dos elementos necessários para o processo de comprar, produzir, e vender  e, subseqüentemente, a mensuração econômica de todos esses elementos e suas resultantes.    É extremamente necessário o orçamento para o próximo exercício, com todo o grau de detalhe  que é necessário. Para os demais exercícios futuros, pode‐se utilizar dos conceitos de projeção,  considerando dados mais sintetizados, sem envolver todos os setores da empresa, e elaborado  apenas pela área de Controladoria.    1.2) Definição    Tem  sido  generalizado,  em  nosso  meio,  o  uso  dos  termos  e  expressões  “orçamento”,  “plano  orçamentário”,  “controle  orçamentário”,  “administração  e  controle  orçamentário”,  “budget”,  etc. São palavras soltas tiradas das traduções ou de artigos de diferentes autores, mas que pro‐ curam indicar um assunto: o “orçamento”. Que é orçamento?    “um plano financeiro que serve para estimativa e controle das operações futuras.”    Essa  definição  indica  a  existência  de  finalidades  diversas  para  a  elaboração  dos  orçamentos.  Podem‐se observar de pronto duas funções principais do orçamento. A primeira função é fun‐ cionar  como  um  plano  que  engloba  os  fatores  futuros  da  operação  e  os  exprime  em  termos  econômico‐financeiros, para que sobre eles possa atuar a segunda função – o controle.    “o orçamento empresarial pode ser definido como um plano coordenado de ações financeiras  para a empresa executar.”    1
  • 2. Controladoria II  Prof. Moreira  Embora focalizem o mesmo alvo – ou seja, o plano financeiro da empresa – alguns autores já  abordam o lado da política financeira da empresa como um todo, visando a atingir o alvo final.  Subentende‐se que a tarefa de fixar o alvo para medir as realizações não se localiza apenas na  etapa do seu controle, conforme estes autores esclarecem logo em seguida, ao expor caracte‐ rísticas de um orçamento devidamente aplicado. Para eles, esse plano:    1. Abrange todas as operações da empresa.  2. Relaciona a receita das vendas, no seu total e por seções, aos custos e despesas correspon‐ dentes.  3. Estabelece operações predeterminadas e objetivos financeiros predeterminados; olha para  o futuro; e não se restringe simplesmente a uma comparação entre os resultados reais e o  padrão.    Conforme  o  item  3,  o  orçamento  não  se  limita  apenas  à  fase  de  controle,  que  se  caracteriza  pela comparação entre o realizado e o orçado, mas olha sempre à frente, com a finalidade de  sondar as possibilidades futuras, visando ao estabelecimento de objetivos.    A gestão orçamentária se apóia em previsões, função das condições internas e externas da em‐ presa. A partir dessas previsões, os responsáveis pela empresa recebem atribuições – progra‐ mas e meios – para um período limitado em valor e em quantidade.    Em períodos regulares, é efetuado um confronto entre esses orçamentos e as realizações, a fim  de realçar as diferenças que se verificam. As explicações dessas defasagens constituem o con‐ trole.    Na primeira parte dessa definição, estão focalizados os dois aspectos que atuam diretamente  na elaboração do orçamento: as condições internas, como a produção, o potencial de venda, o  processo administrativo, a solidez financeira, etc. Tais conhecimentos são decisivos para a de‐ terminação da política global da empresa.    Nessa  definição,  estão  abordados  também  os  conceitos  da  responsabilidade  e  da  autoridade  dos executivos no desempenho de suas funções.    O orçamento não deve ser imposto, mas aceito, de comum acordo, por todos aqueles que as‐ sumem a responsabilidade por atingir determinado alvo. Daí se deduz que o fator psicológico  desempenha importante papel na execução do plano orçamentário. De conformidade com as  linhas referidas, o orçamento empresarial consiste, essencialmente, em um plano de trabalho  coordenado, e no controle desse plano. Tanto um como o outro possuem variadas maneiras de  ação.    2
  • 3. Controladoria II  Prof. Moreira    1.3) O objetivo da empresa    No mundo dos negócios de hoje, dá‐se à conservação do lucro ênfase diferentemente da que  lhe era dada no passado.    O lucro que toda empresa moderna procura continua a ser o resultado favorável ao fim de cada  período  de  atividade  –  conciliável,  entretanto,  com  o  bem‐estar  da  coletividade,  mediante  o  atendimento das necessidades desta.    Em sentido amplo, a organização empresarial é uma instituição econômica. Ela é criada princi‐ palmente para fornecer ao público os bens ou serviços necessitados ou desejados.    Esse objetivo é fundamental. Aos olhos dos clientes, e de uma perspectiva econômica, não há  outro motivo para a existência da empresa que os serviços que ela presta. Se esse objetivo da  prestação não for alcançado, a organização acabará definhando ou morrendo.    Para atingir esse objetivo, a empresa moderna tem as vistas voltadas para o aperfeiçoamento.  Através de intensos programas de pesquisas, a produção e a comercialização têm recebido me‐ lhoramentos contínuos. Também a administração financeira tem melhorado dia a dia. Outrora,  as empresas contentavam‐se com métodos rudimentares de registro. Hoje em dia, dados e in‐ formações  diversos  fluem  ao  encontro  do  desejo  do  empresário,  prestando‐lhe  grande  ajuda  nas tomadas de decisões. As estatísticas referentes ao passado já não satisfazem à curiosidade  nem às necessidades dos homens de empresa, que procuram investigar as possibilidades futu‐ ras para traçar metas. Daí nasceu a técnica da previsão micro econômica, comumente chamada  no seu sentido financeiro, “Orçamento Empresarial”.    1.4)  Princípios Gerais  Os princípios gerais para a estruturação do plano orçamentário são:    • Orientação  para  objetivos:  O  orçamento  deve  se  direcionar  para  que  os  objetivos  da  empresa e dos setores específicos sejam atingidos eficiente e eficazmente.  • Envolvimento dos gestores: Todos os gestores responsáveis por um orçamento especí‐ fico  devem  participar  ativamente  dos  processos  de  planejamento  e  controle,  para  ob‐ termos o seu comprometimento.  • Comunicação integral: Compatibilização entre o sistema de informações, o processo de  decisões e a estrutura organizacional.  • Expectativas realísticas: Para que o sistema seja motivador, deve apresentar objetivos  gerais e específicos, que sejam desafiadores, dentro da melhor visão da empresa, mas  passíveis de serem cumpridos.  3
  • 4. Controladoria II  Prof. Moreira  • Aplicação flexível: O sistema orçamentário não é um instrumento de dominação. O va‐ lor do sistema está no processo de produzir os planos, e não nos planos em si. Assim, o  sistema deve permitir correções, ajustes, revisões de valores e planos.  • Reconhecimento  dos  esforços  individuais  e  de  grupos:  O  sistema  orçamentário  é  um  dos principais instrumentos de avaliação de desempenho etc.    1.5) Orçamento Participativo × Ditatorial  O  orçamento  deve  necessariamente  ter  o  envolvimento  dos  gestores  com  responsabilidade  sobre  peças  orçamentárias.  Portanto,  um  processo  de  orçamento  de  cima  para  baixo  (top  down), de forma impositiva, sem nenhuma participação dos gestores – gestores estes que leva‐ rão a cabo os objetivos e o cumprimento das metas operacionais –, tende a produzir resultados  inferiores do que sob outra proposta de condução do sistema orçamentário.    Por outro lado, o processo orçamentário conduzido de forma totalmente democrática (bottom  up) traz também os problemas inerentes a esta política de condução de negócios. Existe a pos‐ sibilidade  de  que  os  desejos,  necessidades  e  objetivos  setoriais  não  estejam,  num  primeiro  momento, coerentes com os objetivos maiores da organização. Não é incomum nesse procedi‐ mento que alguns gestores, menos pragmáticos, estipulem metas e objetivos exagerados, tanto  no lado de incremento como de redução do volume de atividades etc.    Em  termos  de  tempo  de  execução  do  plano  orçamentário,  o  modelo  ditatorial  é  muito  mais  rápido, pois poucas pessoas fazem parte do processo de planejamento e mensuração dos pro‐ gramas.  O  orçamento  totalmente  democrático,  por  outro  lado,  despende  muito  mais  tempo,  pois envolve um número razoável de idas e vindas dos papéis de cálculo dos pré‐orçamentos.    Ambas as posturas, de forma extremada, fatalmente levarão a problemas de comprometimen‐ to,  motivação,  coordenação  de  objetivos  e  até,  talvez,  incorreção  na  mensuração  dos  planos  setoriais e gerais.    Assim, em algum momento poderá haver necessidade de se tomar uma decisão. E em uma or‐ ganização,  o  processo  de  decisão  segue  a  estrutura  hierárquica  e  sempre  conduzirá  a  que  al‐ gum gestor, no subir da pirâmide organizacional, tenha de tomar uma decisão que, eventual‐ mente, possa estar em desacordo com o subordinado imediatamente inferior.    Dessa forma, o sistema orçamentário oscilará entre esses dois extremos: democracia participa‐ tiva  e  processo  impositivo.  Entretanto,  é  importante  que  ele  contenha  o  máximo  possível  de  democracia e participação para o comprometimento dos gestores setoriais, porém deve reser‐ var aos responsáveis dos escalões mais altos a possibilidade de ajustes dos objetivos setoriais  aos objetivos maiores do empreendimento, através de procedimentos algo mandatórios.    4
  • 5. Controladoria II  Prof. Moreira  1.6) Validade do Orçamento  Mais recentemente, tem‐se visto críticas ao processo orçamentário centradas basicamente nos  seguintes pontos:    • Ferramental ineficiente para o processo de gestão e frustração com os resultados obtidos  no processo.  • O orçamento engessa em demasia a empresa (o plano tem de ser seguido a qualquer cus‐ to!), impedindo a criatividade e o empreendimento dos gestores setoriais, provocando con‐ formismo, medo e/ou insatisfação.  • Impossibilidade de utilização deste ferramental em situações de crônica variação de preços.  • Extrema dificuldade de obtenção de dados quantitativos para as previsões e volatilidade do  futuro.  • Altamente consumidor de tempo e recursos e criação em excesso de rotinas contábeis.  • Falta de cultura orçamentária.  • Utilização de tecnologias de informação inadequadas etc.    Entendemos que esses pontos levantados são importantes para os responsáveis pela conduta  do sistema e do processo orçamentário, mas não invalidam, de maneira alguma, este ferramen‐ tal de Controladoria. A teoria contábil, a teoria da decisão, os métodos quantitativos já desen‐ volvidos, a tecnologia existente etc. há muito têm dado as soluções para a maioria dessas ques‐ tões.    O  plano  orçamentário,  como  qualquer  outro  ferramental  de  Controladoria  é  um  exercício  de  aprendizado permanente e só pode ser desenvolvido e atingir um grau de utilização eficaz se  praticado. Os problemas ou dificuldades surgem do processo e devem ser analisadas e, em se‐ guida, encontradas as soluções, nem que não sejam as ideais para o momento.    O orçamento, que contém a mensuração econômica dos planos operacionais da empresa, sem‐ pre  é  necessário  para  o  processo  de  planejamento,  execução  e  controle.  As  frustrações  que  acontecem são frutos de planos orçamentários não desenvolvidos corretamente, desde a falta  de objetivos claros, de uma clara definição de responsabilidades, da competência para obten‐ ção dos dados, dos procedimentos de mensuração etc.    1.7) As Vantagens do Sistema Orçamentário    São  muitas as  vantagens  que  a  implantação  de  um  sistema  de  orçamento  pode  trazer  para  a  empresa. Tais vantagens ultrapassam, às vezes, o domínio financeiro que lhe é próprio.    Do ponto de vista do planejamento, o sistema orçamentário movimenta o ambiente, pois cons‐ cientiza o dever de cada funcionário, chefe ou subalterno.  5
  • 6. Controladoria II  Prof. Moreira  Do ponto de vista do controle, o sistema orçamentário incute no espírito de cada funcionário a  noção  do  custo,  da  economia  e  do  lucro,  através  de  normas  internas  que  têm  por  finalidade  principal evitar desperdícios para maior rentabilidade.    O planejamento do lucro estimula o aparecimento, na organização interna, de uma atmosfera  de consciência em relação ao lucro, de consciência em relação ao custo, e de parcimônia. Como  todos  os  supervisores  e  gerentes  da  empresa  são  obrigados  a  participar  do  desenvolvimento  desse plano de lucro e a explicar as divergências que se verificam entre o desempenho real e os  objetivos orçados, eles precisam ter consciência dos fatores que levam à boa e à má “perfor‐ mance”. Essa consciência gera a consciência em relação ao lucro, e dá ímpeto à procura de o‐ portunidade para o lucro.    Do ponto de vista da análise, o sistema de orçamento permite determinar os pontos vulnerá‐ veis da empresa, para medidas saneadoras, e seus pontos favoráveis, para um maior aprovei‐ tamento. A comparação entre o presente e o passado e entre o real e o estimado permite en‐ contrar a causa de inúmeros fatos financeiros, conhecimento útil para os dirigentes tomarem  decisões.    Do  ponto  de  vista  psicológico,  nada  é  mais  atuante  do  que  o  fato  de  todos  os  empregados,  mesmo os mais humildes, sentirem sua participação direta em um plano de trabalho que en‐ volve toda a organização, sem distinção entre os graus hierárquicos.    Em síntese, essas vantagens podem ser assim resumidas:    • O  uso  mais  racional  dos  recursos  próprios,  seja  para  o  investimento  no  imobilizado,  seja  para o financiamento do ativo circulante.  • A moderação nos planos de despesas, pois qualquer gasto substancial é ponderado sob o  prisma de sua rentabilidade em termos do lucro final.  • A determinação da responsabilidade definitiva para cada função da empresa.  • A coordenação entre todos os setores da empresa, pois seu alvo comum é o lucro a ser a‐ tingido conforme o orçamento.  • A  combinação  de  forma  fria  e  impessoal,  dos  melhores  julgamentos  dos  diversos  setores  responsáveis pelo resultado empresarial. A avaliação de tais julgamentos oferece uma base  para melhores decisões, evitando, assim, otimismo excessivo ou pessimismo exagerado.  • Pelo seu mecanismo de operação, o orçamento serve de válvula de segurança para a admi‐ nistração. Através de comparações entre estimativas e realizações, localizam‐se os pontos  frágeis do mecanismo empresarial. O orçamento indica, portanto, o caminho que a empresa  deve percorrer para alcançar maior desenvolvimento com maior segurança.  • Além  de  permitir  o  uso  mais  racional  dos  recursos  próprios,  o  orçamento  regulariza  tam‐ bém o uso dos recursos de terceiros, dentro dos limites do lucro projetado.  6
  • 7. Controladoria II  Prof. Moreira  • O orçamento é um ferramental poderoso para a avaliação dos resultados das políticas de  vendas, de produção e financeira da empresa.  • Os estudos e análises diversos da potencialidade do mercado, da receptividade do produto,  dos métodos de comercialização e manufatura, que constituem passos normais do processo  orçamentário, permitem o descortino de meios e modos de reforçar ou ampliar mais ainda  novos horizontes para as atividades da empresa.  • Também no plano do custo fabril, o processo orçamentário exige, inexoravelmente, a aten‐ ção da administração ao uso mais econômico da mão‐de‐obra, das matérias primas e de ou‐ tros elementos dos custos.  • Como resultante de várias provisões setoriais, a posição de caixa, uma das peças fundamen‐ tais do orçamento, fornece informações sobre quando e quanto numerário será necessário,  e se de origem interna ou externa. Tais estimativas só podem ser obtidas com o uso siste‐ mático do orçamento.  • O  orçamento  estabelece  um  alvo  a  atingir,  ao  mesmo  tempo  em  que  oferece  meios  para  aferir se o desempenho alcançado está próximo ou distante desse alvo. Constitui em si um  teste da habilidade do administrador, no tocante à sua atuação em relação ao estimado.  • As empresas que possuem sistema orçamentário em bom funcionamento gozam sempre de  maior prestígio junto às fontes externas de financiamento bem como junto aos investido‐ res.  • Como condição primordial do próprio processo de trabalho, o orçamento requer que a ad‐ ministração se fortaleça, mediante o aperfeiçoamento contínuo do seu sistema de registro,  análises e relatórios, indispensável à tomada de decisões.    1.8)  Os Requisitos do Orçamento    Para obter as vantagens que o sistema orçamentário oferece, há requisitos óbvios:    • O apoio da cúpula administrativa – condição fundamental, devido aos atritos que normal‐ mente surgem no processo de controle. “Se se deseja um orçamento bem sucedido, é abso‐ lutamente  necessário  que  cada  um  dos  membros  da  direção,  a  começar  pelo  Presidente,  lhe dê apoio completo. O ímpeto e o rumo precisam partir da própria cúpula.”  • Uma organização adequada – básica, no tocante à responsabilidade e à autoridade, para o  controle  efetivo.  Sem  uma  organização  definitiva,  não  será  possível  determinar  quem  é  o  responsável por determinada situação deficitária. Essa impossibilidade invalida a premissa  de que o orçamento empresarial tem por objetivo eliminar desperdícios.  • Um sistema de contabilização racional – que permita as análises e comparações necessá‐ rias, nos pormenores devidos. Essas normas contábeis servem também de base para o pla‐ nejamento  financeiro.  Sem  essa  base  comum,  a  contabilidade  poderá  registrar  fatos  reais  que não correspondam aos estimados, o que falseará as comparações posteriores e condu‐ zirá a decisões errôneas.  7
  • 8. Controladoria II  Prof. Moreira  • Um  sistema  orçamentário  adequado  ‐  Cada  empresa  tem  suas  necessidades  específicas,  decorrentes  da  natureza  de  suas  atividades.  Para  obter  resultados  favoráveis,  ela  precisa  possuir  um  sistema  de  trabalho  definido,  capaz  de  oferecer‐lhe  meios  mais  seguros  para  seu controle.    Conforme mencionado, o funcionamento de um sistema orçamentário depende de vários fato‐ res, alguns de natureza técnica e outros de natureza psicológica. Apesar dos inúmeros benefí‐ cios que podem propiciar à empresa, sua implantação requer medidas cautelosas.    A gestão orçamentária é uma técnica difícil de manejar e custosa de executar. Não se compre‐ ende um esforço desses, na empresa, senão com base em motivos  bem precisos e em inten‐ ções bem determinadas.    1.9)  As Limitações do Orçamento    Apesar das ponderações feitas sobre os aspectos positivos do orçamento, entende‐se que nem  sempre a implantação do sistema orçamentário levará, necessariamente, a empresa a ser bem  sucedida. Quem pretender adotar tal processo de trabalho deverá estar perfeitamente ciente  das  possibilidades  tanto  de  êxito  como  de  malogro.  Tudo  depende  da  habilidade  do  técnico,  das condições em que se encontra a empresa e o elemento humano necessário. Qualquer pla‐ no orçamentário, portanto, por melhor que seja, tem suas limitações.    Em primeiro lugar, todo orçamento baseia‐se em estimativas. Por mais acuradas, estas repre‐ sentam  apenas  tentativas  de  acerto.  A  previsão  econômica  não  é  uma  ciência  exata.  O  fator  “homem” tem papel preponderante em sua determinação. Os impulsos emocionais da massa  consumidora  podem  alterar  radicalmente  a  tendência  das  vendas  de  determinado  setor.  Em  certos casos, é impossível determinar com segurança o rumo dos negócios, devido às suas alte‐ rações  constantes.  Dessa  maneira,  reconhece‐se  que  a  qualidade  de  um  orçamento  depende  do grau de acerto das suas previsões relativas aos fatores básicos.    Em  segundo  lugar,  muitos  empresários  exageram  as  propriedades  da  prática  orçamentária,  tomando‐a como panacéia para todos os males e supondo que sua aplicação dispensa a atua‐ ção dos administradores. A crença de que o plano orçamentário possa transformar prejuízo em  lucro do dia para a noite só fará desapontar os mal informados sobre a utilidade desse processo  de trabalho.    Em terceiro lugar, a aplicação do sistema orçamentário é prejudicada pela atitude preconcebida  de muitos homens de empresa, no sentido de que:    • As  condições  do  mercado  são  tão  fluidas  e  incertas,  qualquer  estimativa  a  seu  respeito  é  trabalho inútil;  • O mais importante é vender, controle orçamentário é luxo que só acarretará mais despesas;  8
  • 9. Controladoria II  Prof. Moreira  • Há  duas  gerações  nossa  empresa  experimenta  altas  e  baixas  de  todo  tipo,  mesmo  assim  conseguimos sobreviver e crescer sem orçamento: por quê, agora, orçamento?    No que diz respeito à primeira observação, sobre as condições instáveis do mercado, menciona‐ se apenas que uma das características do orçamento é a flexibilidade, isto é, mesmo quando a  situação do mercado muda drasticamente em relação à situação do plano original, a empresa  tem  meios  para  ajustar‐se  a  novas  conjunturas.  Daí  a  razão  porque  muitas  empresas  adotam  concomitantemente, orçamento anual e previsão trimestral.    Quanto ao aspecto de que quanto mais a empresa vende, melhor, portanto ela deve concentrar  toda sua atenção na comercialização dos seus produtos, observa‐se que a crença generalizada  de que as empresas devem procurar vender o máximo possível, na suposição de que seus lu‐ cros  serão  proporcionais  às  vendas, tem  lógica aparente,  mas  nem  sempre é  respaldada  pela  prática. Há circunstâncias em que, no cômputo total, a empresa é lucrativa, mas se suas ativi‐ dades forem desdobradas por linhas de produtos, certos setores poderão mostrar‐se extrema‐ mente  deficientes.  O  processo  orçamentário  permite  visualizar  de  perto  a  evolução  de  cada  linha de produto, não apenas em confronto com seu passado, mas também com os planos pre‐ estabelecidos, frutos de cuidadosos estudos e indagações.    Finalmente, a terceira observação, sobre a capacidade de sobreviver sem sistema de orçamen‐ to, refletia, até há pouco, o pensamento de nossos homens de empresa. Felizmente, essa men‐ talidade está mudando. É óbvio que, uma vez melhorados seus métodos de trabalho, a empre‐ sa conseguirá, certamente, uma solidez que lhe dará maior possibilidade de sobreviver em um  mundo cada dia mais competitivo.    1.10)  Os motivos porque o Orçamento Falha    Em muitas circunstâncias, o plano orçamentário enfrenta inúmeras dificuldades, seja na fase da  implantação,  seja  no  estágio  da  consolidação.  Via  de  regra,  tais  dificuldades  resultam  dos  se‐ guintes erros:    • Estrutura organizacional inadequada;  • Sistema ineficaz de registro contábil;  • Falta de um sistema de custos definido;  • Falta de apoio efetivo da cúpula administrativa;  • Expectativa grande demais em relação ao novo processo de trabalho;  • Implantação muito apressada;  • Supervisão e administração deficientes;  • Expectativa prematura de resultados;  • Falta da cooperação necessária;  • Falta de êxito na análise dos resultados e na apuração das causas das variações;  9
  • 10. Controladoria II  Prof. Moreira  • Falta de dados históricos;  • Papelada excessiva ou detalhes excessivos;  • Período de projeção longo demais;  • Falta de definição do processo de elaboração do orçamento;  • Falta de flexibilidade suficiente na reformulação das estimativas;  • Pesquisa de mercado mal feita;  • Falta de entrosamento entre os planos fabris e os de comercialização;  • Técnica insipiente de previsão;  • Falta  de  definição  dos  fatores  macroeconômicos  que  tenham  influência  direta  nos  planos  empresariais;  • Falta de decisões globais e definidas sobre as políticas de preços, salários, despesas, etc.    1.11)  O Orçamento e as Empresas Brasileiras    Historicamente considerando, o uso efetivo dos princípios orçamentários como elementos de  controle constitui fenômeno recente. Iniciou‐se na década de 20, nos Estados Unidos. Nos anos  que se seguiram a 1930, a aplicação do orçamento empresarial tomou grande impulso, com o  aparecimento  do  movimento  científico  de  administração  empresarial.  Já  em  1941,  aproxima‐ damente 50% das empresas norte‐americanas usavam, de uma ou de outra forma, o sistema de  controle orçamentário. Em 1958, pesquisa efetuada no ambiente empresarial norte‐americano  revelou que, das 424 companhias entrevistadas, 404 – ou seja, 95% ‐ aplicavam o sistema or‐ çamentário para seu controle financeiro global. Hoje em dia, o controle orçamentário é quase  uma “norma de vida” das empresas norte‐americanas.    No Brasil, devido ao estágio atual do desenvolvimento do país, um número cada vez maior de  empresas  começa  a  considerar  o  controle  orçamentário  como  um  dos  meios  para  alcançar  maior rentabilidade. Essa nova mentalidade está formando‐se principalmente em decorrência  da junção de circunstâncias que, de forma indireta, obrigam os empresários a produzir melhor  e mais barato, sob pena de exclusão do mercado pela concorrência. Antes, o mercado era do  vendedor, mas agora começa a ser do comprador. Até a pouco, o empresário concentrava toda  sua atenção na produção e comercialização, relegando o controle financeiro para segundo pla‐ no.    A falta de uma técnica própria constitui, em segundo lugar, uma das maiores dificuldades para  executar a tarefa de preencher essa lacuna dentro do padrão moderno da administração em‐ presarial. Não são raros os casos em que os métodos para esse campo de trabalho são trazidos  das  empresas  estrangeiras  que  operam  no  país.  Acontece  que,  em  geral,  a  preocupação  pri‐ mordial  dessas  empresas  é  de  planejar  e  controlar  suas  operações  com  base  nas  moedas  de  origem. O padrão de desempenho é avaliado com base em reajustes, de acordo com as práticas  e  conveniências  de  cada  empresa.  Esse  o  motivo  porque  a  simples  imitação  desses  métodos  tem apresentado pouco proveito.  10
  • 11. Controladoria II  Prof. Moreira    De  outro  lado,  tem  sido  escassa  a  literatura  nacional  no  campo  do  planejamento  e  controle  financeiro das empresas, apesar de terem aumentado substancialmente, nos últimos tempos,  as traduções de obras estrangeiras. Dada a grande diversidade entre a situação do nosso país e  a dos países para os quais tais livros foram escritos, o aproveitamento dessas traduções, aqui,  tem sido bem reduzido. Conforme os entendidos na matéria, o modelo econômico brasileiro é  sui generis, pois seus problemas e soluções têm características absolutamente próprias.    No  Brasil,  inúmeros  são  os  estudos  relativos  aos  diferentes  controles  administrativos,  porém,  nenhum deles especificamente, se dedica ao problema do Orçamento Empresarial. Assim, para  o estudo dos problemas inerentes a seus tipos, sua implementação e acompanhamento e sua  relação com os demais controles da empresa, o leitor brasileiro e mesmo sul‐americano se acha  obrigado  a  recorrer  à  literatura  em  língua  inglesa,  francesa  e  alemã.  Esta  literatura,  apresen‐ tando concepções mundialmente aceitas, tem, às vezes, valor duvidoso e mesmo perigoso, pois  procura  atender  às  condições  particulares  da  empresa,  em  face  de  uma  empresa  econômica  nacional que em muito, se não em todo, difere da particular economia brasileira.    11