1. 1
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII
SENHOR DO BONFIM – BA
LICENCIATURA DE PEDAGOGIA
EURIDES CARNEIRO DE ARAÚJO SILVA
REFLEXÕES SOBRE A VIOLÊNCIA NO ÂMBITO ESCOLAR
SENHOR DO BONFIM
2010
2. 2
EURIDES CARNEIRO DE ARAÚJO SILVA
REFLEXÕES SOBRE A VIOLÊNCIA NO ÂMBITO ESCOLAR
Trabalho monográfico apresentado como pré-
requisito para conclusão do curso de Licenciatura
Plena com Habilitação em Pedagogia Docência e
Gestão de Processos Educativos, pelo
Departamento de Educação do Campus VII,
Senhor do Bonfim - BA.
Orientador: Professor Ozelito Souza Cruz
SENHOR DO BONFIM
2010
3. 3
EURIDES CARNEIRO DE ARAÚJO SILVA
REFLEXÕES SOBRE A VIOLÊNCIA NO ÂMBITO ESCOLAR
Aprovada_______de___________2010
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________
Banca Examinadora
_______________________________________
Banca Examinadora
_______________________________________
Profº Ozelito Souza Cruz
Orientador
4. 4
A Santíssima Trindade, por constantemente me proteger e
apontar os caminhos da minha existência.
Aos meus amáveis pais Clarindo e Ana que com muito
sacrifício e coragem me educaram, demais familiares pela força
e contribuição.
As minhas filhas Bellaty, Emanuela, Clara, motivo maior da
minha persistência.
Ao meu esposo Manoel, pela compreensão, apoio e
companheirismo.
Pela amizade recíproca dos queridos amigos Adilberto Curaçá
(in memorium), Antonio Rudival, Neide, Vilma, Maisa, jane,
Robson, Mônica e Mayara.
5. 5
AGRADECIMENTOS
Em especial à Universidade do Estado da Bahia UNEB, Campus VII, que ao longo
destes quatro anos me acolheu, oferecendo ambientes apropriados para a
construção de conhecimentos.
À direção, na pessoa do Sr. José Bites de Carvalho e a Srª. Maria Celeste Souza de
Castro pela oportunidade e receptividade que disponibilizam a todos os educandos
que por aqui passaram neste período de 2006-2010.
À todos os (as) educadores (as) que durante esta graduação me conduziram pelos
caminhos do conhecimento da cientificidade, tenho certeza que todos me
acrescentaram algo em meu crescimento intelectual.
Dentre todos ressalto alguns que foram fundamentais para a minha formação:
Ozelito, Pascoal, Maisa, Lílian, Ana Maria, Suzana, Romilson, Simone.
Ao meu orientador professor Ozelito Cruz, pelo empenho, dedicação e por contribuir
enormemente para a realização desta pesquisa.
Aos demais funcionários do campus VII, que com competência e responsabilidade
desenvolvem tão bem o seu trabalho. Em especial a equipe da biblioteca, da
secretaria acadêmica,do setor de equipamentos, os vigilantes, os faxineiros, enfim a
todos aqueles que se empenham em fazer da UNEB um campus melhor.
6. 6
A violência é para nós, em principio, uma
questão que não se deve ser afastada.É
vital perguntarmos: o que é que se está
dizendo com isso? O que fazer desta força
que com freqüência destrói? A violência
não é estranha ao desejo. Em vez de
deixá-la nas margens, ou de nos
desviarmos dela confusamente, convém
tratá-la.
Claire Colombier
7. 7
RESUMO
O presente trabalho monográfico, reflexões sobre a violência no âmbito
escolar, se propõe a identificar como as professoras da Escola Estadual Nossa
Senhora Auxiliadora compreendem a violência manifestada por seus alunos. Os
suportes teóricos utilizados para embasar esta pesquisa foram estudos
desenvolvidos junto a autores como: Abramovay (2002), Colombier (1989), Foulcoult
(2009), Xavier (2002), Silva (2004), D‟Antola (1989) dentre outros, com o intuito de
fundamentar epistemologicamente a pesquisa, colaborando desta maneira para uma
reflexão crítica nesse estudo sobre violência no âmbito escolar, obtendo assim, uma
melhor constatação dos fatos. A metodologia teve um enfoque qualitativo, com os
seguintes instrumentos: observação participante para obtermos um contato direto
com o contexto observado; o questionário fechado no intuito de traçar o perfil das
professoras o questionário aberto para identificar a compreensão dos sujeitos sobre
a violência manifestada por seus alunos. A partir da análise dos questionários, da
observação, foi possível identificarmos que as professoras da Escola Estadual
Nossa Senhora Auxiliadora compreendem a violência manifestada por seus alunos
de várias maneiras, a violência é um ato prejudicial para quem é vitima; que as
conversas, aconselhamentos, orientação diminui a violência na escola;
compreendem o diálogo como meio para resolver as violências causadas por os
alunos; apontam a parceria dos pais com a escola para a diminuição da violência no
processo ensino-aprendizagem, objetivando a formação de cidadãos críticos e
participativos na tessitura de suas histórias e de sua cultura. Como considerações
finais, enfatizamos que a escola não pode abrir mão de sua árdua tarefa de educar
frente à violência manifestada por seus alunos, também a relevante parceria entre a
escola e a família buscando com os alunos uma atuação no campo da prevenção
da violência.
Palavras-chaves: compreensão, professor, Violência no espaço escolar, alunos.
8. 8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Percentual em relação à faixa etária.
Figura 2 - Percentual em relação ao tempo de atuação no magistério.
Figura 3 - Percentual em relação a área de formação.
Figura 4 - Percentual em relação ao tipo de violência mais freqüente.
Figura 5 - Percentual em relação ao fator responsável pela indisciplina e violência na
sala de aula.
Figura 6 - Percentual em relação se já presenciou cenas de violência na escola.
Figura 7 - Percentual em relação se sofreu violência por parte de alunos? Qual o
tipo?
Figura 8 - Percentual em relação onde é mais freqüente cenas de violência?
Figura 9 – Percentual em relação ao comportamento dos professores com os
alunos.
9. 9
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 11
CAPÍTULO I............................................................................................................. 13
1.1.A problemática da violência na sociedade e sua presença no âmbito
escolar .................................................................................................................... 13
CAPITULO II- QUADRO TEÓRICO ......................................................................... 19
2.1. Compreensão.. ................................................................................................ 19
2.2. Professor ........................................................................................................ 21
2.3. Violência no espaço escolar .......................................................................... 24
2.4. Aluno ................................................................................................................ 27
CAPÍTULO III - METODOLOGIA ............................................................................ 31
3.1. Tipo de pesquisa ............................................................................................ 31
3.2. Lócus .............................................................................................................. 32
3.3. Sujeitos envolvidos ........................................................................................ 32
3.4. Instrumento de coleta de dados .................................................................... 32
3.4.1. Observação Participante ............................................................................ 33
3.4.2. Questionário fechado e aberto ................................................................... 33
3.5. Etapas ............................................................................................................. 33
CAPÍTULO IV - ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS ............................... 35
4.1. Resultado do questionário fechado: o perfil dos sujeitos .......................... 35
4.1.1. Faixa etária .................................................................................................. 35
4.1.2. Quanto ao tempo de atuação no magistério ............................................. 36
4.1.3. Quanto a área de formação ....................................................................... 37
4.1.4. Tipo de violência mais freqüente ............................................................... 38
4.1.5. Principal fator responsável pela indisciplina e violência na sala de aula 39
10. 10
4.1.6.Se já presenciou cenas de violência na escola ......................................... 41
4.1.7.Se sofreu violência por parte de alunos? Qual o tipo? .............................. 42
4.1.8.Onde é mais freqüente cenas de violência? ............................................... 43
4.1.9.Comportamento dos professores com os alunos ..................................... 44
4.2. Resultados do questionário aberto .............................................................. 46
4.2.1.Compreendem a violência como um ato prejudicial .................................. 46
4.2.2.Compreendem que as conversas, aconselhamentos, orientação
diminuem a violência na escola. ........................................................................... 48
4.2.3.Compreendem o diálogo como meio para resolver as violências causadas
por os alunos. ........................................................................................................ 50
4.2.4.Compreendem que a parceria dos pais com a escola para a diminuição da
violência ................................................................................................................. 52
4.2.5.Compreendem a falta de acompanhamento familiar como fator prejudicial.
............................................................................................................................. .......54
CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 57
REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 60
APÊNDICES ........................................................................................................... 64
Questionário/professor ..... ................................................................................... 65
11. 11
INTRODUÇÃO
Este trabalho monográfico, se propõe a identificar como as professoras da
Escola Estadual Nossa Senhora Auxiliadora compreendem a violência manifestada
por seus alunos. Esta pesquisa foi realizada na instituição citada, localizada na
Cidade de Campo Formoso – BA.
Tem como título, reflexões sobre a violência no âmbito escolar, reflete sobre a
violência na escola bem como as conseqüências desta problemática. O que motivou
a escolha deste tema foi ter um contato com a questão da violência principalmente
aquela praticada por alunos que ainda são crianças e adolescentes, pois trabalhei
no período de 2006 à 2009 como Conselheira Tutelar na cidade de Campo Formoso
e constantemente estava lhe dando com situações de violência envolvendo o público
citado.
Também por observar o fato da violência ser tão freqüente nas escolas,
afetando o ensino e a aprendizagem dos professores e alunos. Diante do exposto
Tornou-se importante discutir as compreensões que os professores tem sobre a
violência e analisar os meios que as professoras junto a escola vem desenvolvendo
para diminuir a violência presente no âmbito escolar com vista a construir
metodologias e atividades contínuas de construção da paz, visando atender os
anseios da comunidade escolar.
Do ponto de vista sócio-educacional, acredita-se que esta pesquisa terá
relevância, pois possibilita aos leitores, uma reflexão sobre a violência na escola e
os comportamentos dos educandos, analisando os fatores que interferem nas suas
atitudes e na construção da disciplina, chegando a um consenso de suas causas e
esboçar meios de combater este mal tão desnecessário. O presente estudo está
estruturado em quatro capítulos assim delineados:
O primeiro capitulo é composto pela explicitação das inquietações que
motivaram a pesquisa, a problematização que envolve a questão da violência nas
12. 12
escolas, onde damos ênfase também aos objetivos e a importância da referida
pesquisa.
No segundo capítulo apresentamos os aportes teóricos onde fazemos uma
discussão sobre a compreensão, professores, violência no espaço escolar, alunos.
Para tanto dialogamos com autores que fazem reflexões sobre o tema da violência
no âmbito escolar, tais como Silva (2004), que na sua obra vem expor temas como
ética, indisciplina e violência nas escolas. Colombier (1989) que mostra o panorama
da violência na escola, Freire (1996) enfatiza idéias sobre as práticas dos
professores(as) Fleuri (2008) traz reflexões sobre experiências educacionais e a
indisciplina e rebeldia na escola.
No terceiro capítulo, amparados em autores, buscamos utilizar a metodologia
adequada à apropriação dos objetivos pré-definidos, expomos o tipo de pesquisa, o
lócus, as etapas e os sujeitos da pesquisa que foram as professoras da Escola
Estadual Nossa Senhora Auxiliadora.
No quarto capítulo apresentamos a análise e interpretação dos resultados,
utilizamos o questionário fechado no intuito de traçar o perfil das professoras o
questionário aberto para identificar a compreensão dos sujeitos sobre a violência
manifestada por seus alunos e a observação participante para obtermos um contato
direto com o contexto observado.
Por fim, nas considerações finais enfatizamos que a escola não pode abrir
mão de sua árdua tarefa de educar frente à violência manifestada por seus alunos,
também a relevante parceria entre a escola e a família buscando com os alunos
uma atuação no campo da prevenção da violência.
Esperamos também que essa pesquisa possa favorecer a todos que a ela
tiverem acesso, maior compreensão quanto a violência no espaço escolar, que
possa contribuir para a prática docente e servir de subsídio para futuras pesquisas
na área. Acreditamos estar com este trabalho somando esforços aos demais já
realizados e aos que ainda virão.
13. 13
CAPITULO I
1.1. A problemática da violência na sociedade e sua presença no âmbito escolar
A humanidade sempre viveu em conflitos desde pequenas intrigas, agressão
verbal, irreparáveis guerras entre as nações, a exemplo da I e II Guerra Mundial que
foram devastadoras. Ao longo da história percebemos que são constantes os
massacres, torturas, suplícios e outras formas de violências físicas, simbólicas e
psicológicas.
No caso do Brasil para que houvesse a ocupação das terras Brasileiras pelos
portugueses no século XV, As comunidades indígenas e os negros sofreram
diversos tipos de violência, às condições de vida eram desumanas, sofreram
massacres e a imposição de uma crença religiosa que os alienava. Costa (1994 p.
76) afirma que:
Podemos entender como violência aquela situação em que o individuo foi
submetido a uma coerção e um desprazer absolutamente desnecessário
ao crescimento, desenvolvimento e manutenção de seu bem estar
enquanto ser psíquico.
Estas ações de imposição e autoritarismo por parte dos portugueses tinham
um objetivo que era conseguir “domesticá-los” para terem mão-de-obra fácil.
Quando não conseguiam usavam a violência submetendo-os a uma situação de
constrangimento. A sociedade brasileira carrega um ranço de autoritarismo que se
originou neste período de escravidão dos índios e negros.
A política elitista e paternalista dos governos que se sucederam a esse
período, fez com que a maior parte da população brasileira não alcance uma vida
digna e encontre-se, ainda hoje, excluída das decisões que determinam os rumos da
vida social. De acordo com Pedrão (2009,p.162), essas pessoas são vítimas de
todos os tipos de violência e negação de seus direitos, quando afirma que:
14. 14
O uso do poder se apóia sempre em uma base ideológica, mesmo quando
ela não está organizada em um corpo doutrinário. O que se entende
geralmente como populismo é um manejo individualista do potencial de
poder político da sociedade urbanizada.
Com base na afirmação do autor e fazendo uma referência ao tema deste
estudo percebemos que a violência vem sendo gerada pelo sistema que domina a
sociedade, legitimado por uma ideologia neoliberal que defende a classe elitista.
Pode também, dentre outras fatores, ser decorrente da ignorância que os
cidadãos têm sobre seus direitos, pois se percebe que há em nosso país muitas
pessoas a mercê da miséria (fome, desemprego, doenças, falta de terra para
trabalhar e moradia adequada) e em sua maioria não sabem onde e como
reivindicar seus direitos, que geralmente tem raízes econômicas, sociais e culturais.
Os pobres são vítimas diretas desta problemática, por que além da pobreza
existem outros processos de desigualdade social, onde uns tem mais que outros.
Vivemos numa sociedade complexa e heterogênea, organizada e estruturada
política e economicamente pela lógica do neoliberalismo, modelo econômico que se
tornou cada vez mais determinante na vida diária dos indivíduos. Nessa situação,
muitos acabam em desespero e se direcionam ao mundo do crime, sendo
multiplicadores da violência. Como cita Xavier (2006, p.41):
É justamente pelo fortalecimento do neoliberalismo, visualizado através do
acentuado crescimento das desigualdades sociais e da exclusão da maioria
da população brasileira da participação nos bens e serviços produzidos pelo
coletivo. Se torna importante reconhecer essas ações como elementos
desencadeadores de novas expressões de violência.
Como percebemos o modelo neoliberal vem contestar a noção de direitos e
igualdade, pois os direitos humanos, sociais, políticos, econômicos e culturais
fundamentam o objetivo de formação para a cidadania, que organiza a sociedade.
No entanto, a intolerância, a não aceitação das diferenças, a rejeição ao outro são
procedimentos e comportamentos cada vez mais explícitos e hostis que estão
ameaçando a nossa sobrevivência.
Nota-se que a violência está sempre associada à idéia de poder, à
possibilidade de imposição da vontade do agressor, sobre o agredido, pois vivemos
em uma sociedade que parece ser natural uns terem direitos e outros não. Como
15. 15
aborda Gentili (1996, p.114): “É natural que uns sejam ricos e outros pobres, pois foi
à natureza que assim o quis, não havendo responsabilidade das instituições sociais
e nem do Estado em administrar e mediar os conflitos sociais”.
A falta de respeito para com os cidadãos brasileiros vem ocorrendo através
de gerações em relação às crianças, jovens, adultos e idosos dos diferentes
contextos sócio-culturais, passando a incluir a violência como um valor
consensualmente aceito, não encontrando na sociedade representada por seus
órgãos competentes uma mobilização no sentido de amenizar os problemas e
tensões sociais que acabam gerando a violência.
Neste cenário de sociedade encontram-se os estudantes que em sua maioria
não aceitam regras e princípios de convivência democráticos e pacíficos, tanto na
escola como na vida diária, para eles é normal situações de conflitos e confronto
físico. Esta realidade requer da escola a criação de um projeto pedagógico que
contemple a identidade e subjetividade dos seus educandos, orientando-os para a
construção de limites sociais e pessoais.
No sistema educacional, a violência está presente desde o período colonial,
onde existiam os Colégios Jesuítas com repressões e castigos a quem
desobedecesse às leis da instituição. Os Colégios Internos tinham a sua disciplina
rígida e opressora, dessa forma também fazia exercer a agressividade física como o
uso da palmatória e castigos impostos, pois para os mestres a disciplina seria fator
primordial à aprendizagem.
Esses comportamentos emitidos nos colégios incentivam a competitividade,
agressividade e a violência, pois quem bate ensina a bater. De acordo com
Colombier (1989, p.82):
A violência do sistema escolar, que tritura adultos e alunos, só pode ser
freada pela violência da lei e da palavra. A pedagogia institucional procura
não fazer mal. Mas isso não significa que ela seja inofensiva. Posto contra a
parede, cada um pode decidir ou não a pagar o preço do seu desejo.
Segundo Ariès (1973) no século XVIII e XIX a disciplina e o estudo eram
considerados necessários para a ascensão social. Também a escola usufruía de
normas bem explicitas baseadas em um sentimento da moral inquestionável, ao
16. 16
menos pela grande maioria das pessoas, naquela época as práticas pedagógicas
eram planejadas a partir do objetivo que perpetuasse essa moral.
Segundo o mesmo autor no século XXI houve a fragilização das instituições
como família, escola, igreja e sociedade em geral, levando as pessoas a não
valorizar os princípios éticos e morais, pois não se estuda para adquirir o
conhecimento, mas para ter um “futuro melhor”.
Foucault (1978) afirma que modelos institucionais que limitam
demasiadamente a criança inibindo e modelando excessivamente seus
comportamentos espontâneos demonstram não suportar as exigências do seu
processo de desenvolvimento. Já Guimarães (1990,p.17), atenta para a relevância
da escola quando cita que:
(...) a instituição escolar não pode ser vista apenas como reprodutora das
experiências de opressão de violência, de conflitos, advindos do plano
macroestrutural. É importante argumentar que apesar dos mecanismos de
reprodução social e cultural, as escolas também reproduzem sua própria
violência e indisciplina.
Mediante a disciplina rígida, a violência vem se descortinando e ficando mais
explicita. Como se percebe, o contexto escolar vem sendo marcado por alunos
agressivos e hostis, pais inseguros e tensos, comunidades exigindo
posicionamentos, professores mal remunerados e insatisfeitos, muitas vezes
destituídos de autoridade. Sendo assim, a violência na escola, tanto decorre da
violência social, como de ações que surgem do ambiente pedagógico, pois vivemos
numa sociedade que exerce sobre as pessoas o poder de dominação e opressão.
Por isso, é fundamental entender que a criança (menino ou menina), e as
formas de crueldade, maus-tratos e exclusão que ambos podem ser submetidos são
tão variados quanto às culturas e os ambientes nos quais eles vivem e crescem e
por essa razão, a tarefa de protegê-los e educá-los para a paz só começou.
Medeiros (2006, p.15) cita que:
A escola é uma instituição direcionada ao ensino que, como outras, é um
importante espaço de socialização, possibilita o encontro de jovens de
díspares culturas e com tendências à busca e a experimentação, facilita o
confronto com a autoridade do saber, o que implica poder e domínio.
17. 17
O cenário de crise moral, ética e espiritual que se manifesta na sociedade
pós-moderna, acabam tendo repercussão dentro da escola. O sistema educacional
está inserido dentro de um sistema maior, onde os problemas morais éticos
manifestados dentro da escola enquanto instituição, é na realidade, reflexo do que
está no seu entorno.
O consenso se daria no sentido de desenvolver uma intervenção que
represente contraponto a esta realidade, que esteja condicionado ao envolvimento
dos professores, famílias e sociedade no processo educacional, dentro de uma
dimensão humanista, conscientizadora e efetiva.
Portanto, como diz Fleuri (2008,p.56) “A problematização é, propriamente o
ato de reflexão-ação pelo qual se percebe e se assume os problemas que o mundo
apresenta...nas relações dos seres humanos entre si e com a natureza”. Em comum
acordo com a fala do autor o nosso problema de pesquisa surge da nossa vivencia,
por morar em um município que tem um alto índice de diversas formas de violência
digo isso por que acompanho diariamente o jornal que passa na emissora 98 FM
Emissora de rádio da cidade de Campo Formoso que está sempre fazendo um
levantamento de fatos violentos ocorridos na referida cidade.
Também por que trabalhei no período de 2006 a 2009 como Conselheira
Tutelar na cidade de Campo Formoso onde constantemente estava lhe dando com
situações de violência envolvendo crianças, adolescentes. Onde recebíamos todos
os dias familiares angustiados a procura de solução para a rebeldia, desobediência
e violência praticadas por seus filhos.
Eram constantes também recebermos convites por parte de diretores(as) de
escolas para efetuar palestras e debates sobre violência e indisciplina com o objetivo
de tentar conter as ações dos seus alunos. Já houve algumas vezes de sermos
solicitados as presas pois haviam alunos armados, em confronto físico com os
outros, ou por estar levando drogas para a instituição escolar. Por observar esses
fatos da violência ser tão freqüente nas escolas do município de Campo Formoso, e
especificamente no nosso lócus de pesquisa com base nesses argumentos é que
fomos motivados a construção desta pesquisa.
18. 18
De acordo com Barros (1990,p.76), “a maior vantagem do uso da observação
em pesquisa está relacionada à possibilidade de se obter a informação na
ocorrência espontânea do fato.” Também faço referência a fala de Fleuri (2008,
p.58) onde este cita que “o educador que pretenda compreender os temas de um
grupo precisa, estabelecer uma relação dialógica com seus componentes. A partir
desse dialogo, o grupo pode ir explicitando seus problemas e sentindo-se desafiado
por eles”.
Portanto a escolha desta instituição foi devido ter lecionado por três meses na
Escola Estadual Nossa Senhora Auxiliadora e ainda pelas observações que
realizamos para a construção desta pesquisa. observamos durante este período na
referida instituição atitudes de violência e indisciplina como confrontos físicos,
agressões verbais, morais aos colegas, professores, funcionários; depredação do
espaço físico e de materiais didáticos. Notamos também uma preocupação por parte
da diretora e demais funcionários para resolver este problema. Diante destas
abordagens surge a seguinte questão: Quais as compreensões que as professoras
da Escola Estadual Nossa Senhora Auxiliadora tem em relação à violência
manifestada por seus alunos?
A relevância dessa pesquisa consiste, na contribuição que a mesma poderá
trazer no debate desta temática que vem sendo fonte de estudo para pesquisadores
(as). Acreditamos que a reflexão em torno desse assunto possibilite uma maior
compreensão sobre a violência no âmbito escolar, praticada por alunos e os
problemas vinculados a estes comportamentos.
Esperamos ainda que esta pesquisa possa contribuir a partir das reflexões
sobre a violência no âmbito escolar promovendo de forma sistemática uma possível
mudança, que venha melhorar a relação ensino-aprendizagem. Pois a violência no
âmbito escolar precisa ser freada e cabe a todos os interessados levantar esta
bandeira de luta.
Torna-se importante discutir as compreensões que os professores tem sobre
a violência e identificar os meios que as professoras junto a escola vem
desenvolvendo para diminuir a violência com vista a construir metodologias e
atividades contínuas de construção da paz, visando atender os anseios da
19. 19
comunidade escolar. Assim essa pesquisa tem como objetivo: identificar como as
professoras da Escola Estadual Nossa Senhora Auxiliadora compreendem a
violência manifestada por seus alunos.
CAPÍTULO II
2. QUADRO TEÓRICO
Após a abordagem da problemática objetivamos identificar como as
professoras da Escola Estadual Nossa Senhora Auxiliadora compreendem a
violência manifestada por seus alunos. Que será desenvolvido a partir da articulação
dos seguintes conceitos chaves e eixos norteadores: compreensão, professor,
Violência no espaço escolar, alunos. Assim, inicialmente refletiremos sobre o
conceito chave compreensão.
2.1. Compreensão
A compreensão é o modo de entender e perceber um conjunto de
características gerais que formam um conceito. A compreensão é definida por
Japiassú (2008,p.49), como “um mundo de conhecimento predominantemente
interpretativo, por oposição ao modo propriamente científico, que é o da explicação”.
pode ser definida como um modelo de conhecimento interpretativo, explicativo. O
Autor continua a citar que
As ciências da natureza se prestam à explicação, enquanto as”ciências
humanas” se prestam à compreensão. Enquanto a explicação detectam as
relações que ligam os fenômenos entre si, a compreensão procede a uma
apreensão imediata e intima da essência de um fato humano, isto é, seu
sentido.
Nesta perspectiva Morin (2001, p.95 ) afirma que “a compreensão intelectual
passa pela inteligibilidade e pela explicação”. Neste sentido o autor aborda duas
formas de compreensão que é a intelectual ou objetiva e a outra a humana e
intersubjetiva; falando que a explicação é bem entendida e necessária para a
20. 20
compreensão intelectual ou objetiva. Já a compreensão humana vai além da
explicação, pois:
(...) comporta um conhecimento de sujeito a sujeito. Por conseguinte, se
vejo uma criança chorando, vou compreendê-la, não por medir o grau de
salinidade de suas lágrimas, mas por buscar em mim minhas aflições
infantis, identificando-a comigo e identificando-me com ela. O outro não
apenas é percebido objetivamente, é percebido como outro sujeito com o
qual nos identificamos e que identificando conosco, o ego alter, que se torna
o alter ego.
De acordo com a visão de Morin, a compreensão leva o sujeito a identificar-se
em suas significações intencionais de modo a obter um conhecimento íntimo da
essência de um fato humano, isto é, seu verdadeiro sentido.
Sendo assim, entender as compreensões que os professores têm em relação
à violência na escola, significa situá-las dentro da dinâmica das relações sociais,
dessa forma não pode os professores perceber a violência como mero elemento
dessas relações, e sim conseqüência das determinações sociais, culturais e
econômicas do contexto histórico no qual estão inseridos os sujeitos do processo
escolar, que neste caso seria os alunos, no sentido de levarem a violência para
escola.
Ainda na perspectiva de legitimação de compreensão como ponto de
articulação entre o ser humano e o meio, no intuito ou possibilidade de
compreender, aprender incessantemente com o outro e consigo mesmo objetivando
assim a plenitude humana encontramos subsidio em Morin, (2001,p.104) quando
afirma:
A compreensão é ao mesmo tempo meio e fim da comunicação humana. O
planeta necessita, em todos os sentidos de compreensão mútua. Dada a
importância da educação para a compreensão, em todos os níveis
educativos e em todas as idades, o desenvolvimento da compreensão
necessita da reforma planetária das mentalidades esta deve ser a tarefa do
educador do futuro.
Com tão grande responsabilidade os professores devem se trabalhar para
saírem do papel de disciplinadores e assumir seu ofício de despertar, de provocar,
de questionar e de se questionar, percebendo que a violência na escola está ligada
21. 21
a fatores sociais que os alunos trazem consigo do mundo onde vivem, sua
comunidade, grupo de amigos e especificamente a educação que recebem dentro
da família, que segundo os professores é o alicerce, a base de formação da
personalidade e atitudes dos indivíduos. Segundo Alencar, (2001,p.34),
Assim como a história o ser humano é uma possibilidade, ninguém nasce
bandido, violento, ninguém nasce santo. Ninguém nasce sequer humano,
no entanto no sentido cultural da palavra: humano como um ser dotado de
inteligência, a que, se atribui racionalidade, subjetividade e, por isso, até
certa superioridade (será?) em relação aos demais seres vivos. Melhor do
que falar em natureza humana, portanto é falar em condição humana.
Somos filhos do tempo, da cultura e... dos processos educativos que as
sociedades criam e recriam. „‟húmus‟‟ que podem fecundar ou apodrecer.
Entretanto, é preciso compreender a relevante função da escola no sentido de
formação do ser humano inserido em sua realidade e o papel do homem enquanto
agente das mudanças no mundo. Por isso, Japiassú (2008,p.98), cita que a
compreensão é um movimento dialético do conhecimento “que explica o ato por sua
significação terminal, ... a nossa compreensão do outro se faz necessariamente por
fins”. A seguir, serão detalhados alguns conceitos sobre professor.
2.2. Professor
Compreendemos professor como um agente de extrema relevância no
desenvolvimento dos processos educativos, com a incumbência de mediar o
conhecimento, capaz de transformar e desmistificar conceitos prévios, possibilitando
a construção de cidadãos críticos, reflexivos e elucidados capazes de romper as
barreiras impostas pela classe dominante, vislumbrando dessa forma, a
conscientização e emancipação política e social, norteando-se por uma pedagogia
que preza uma educação de qualidade desvinculada dos paradigmas elitistas. Como
denota Silva (2004, p.106) a função do professor atualmente é de mediador.
A função do professor hoje é a de auxiliar as crianças e os adolescentes
nos seus respectivos processos de construção de conhecimento, visando,
em última análise, ao desenvolvimento cognitivo, afetivo e moral de tais
indivíduos. Espera-se, com isto, que eles possam ser capazes e façam uso
de estruturas operatório-formais, sejam equilibradas emocionalmente e
moralmente autônomos.
Educar para a ética e a cidadania deve ser um desafio para os educadores,
pois ela é fundamental para a formação de um individuo. É preciso que os
22. 22
educadores se libertem de amarras buscando aumentar suas potencialidades de
auto-realização e de participação ativa na construção de conhecimentos.
Nesse contexto de concepção sobre o papel do professor na construção do
conhecimento buscamos contribuição em Gadotti (1991,p.32), onde o mesmo cita
que: o educador, o filosofo, o pedagogo, o artista, o político tem e tiveram
historicamente um papel eminentemente crítico. O papel de inquietar, de incomodar,
de perturbar(...). Portanto, sua tarefa é de quem incomoda, de quem ativa conflitos
para sua superação”.
O professor é gente que vêm de lugares, culturas e famílias diferentes, com
seus valores e princípios próprios, que trabalha numa determinada instituição
escolar. Nessa perspectiva o professor é agente transformador, tem em suas mãos
um grande potencial que, usado com equidade provocará mudanças significativas
no contexto social e cultural dos sujeitos envolvidos nos preceitos educacionais e
conseqüentemente comunitários.
O professor é aquele que ensina uma ciência, uma arte, uma técnica, uma
disciplina é um mestre, um formador de opinião, aquele que socializa o
conhecimento. É aquele que intervêm para promover a interação na sala de aula.
Direciona a ação pedagógica dando significados ao processo educativo. De forma
geral Menegolla (1989 p.25) declara que:
O professor é a pessoa que demonstra a grande habilidade de interpretar;
ele não simplesmente repete, mas dá uma nova visão do fato. Faz
interferências que não são evidentes, mas possíveis. Deduz aquilo que não
aparece, mas que está escondido, procurando clarear, do escrito, escreve o
não escrito; do falado, fala o não falado. Vê as coisas de forma diferente,
em tudo descobre o novo.
Para alcançar os seus objetivos o professor precisa refletir criticamente em
relação a sua prática, fazendo análises periódicas a respeito de todo o conjunto de
técnicas utilizadas em suas aulas com a finalidade de direcionar o educando ao
conhecimento.
23. 23
Partindo de tais visões os professores, deverão a partir da sala de aula
compreender as possibilidades de transformação buscando um caminho
complementar, que, implica a revisão do processo de planejamento de suas
atividades educacionais. A partir daí, será possível entender como tais processos
dependendo do modo como foram compreendidos, podem trazer contribuição para o
processo de ensino aprendizagem.
É importante que vejamos o trabalho do professor como mediação que
possibilita uma reflexão a cerca dessas compreensões e de uma análise, na
perspectiva de construir um trabalho que vá repercutir de forma positiva na vida e no
jeito de agir dos sujeitos envolvidos no sistema escolar que esteja entrelaçado de
metodologias que contemplem a paz o respeito ao próximo.
Concebe-nos diante disso que é às diferentes formas como os alunos vêm
reorganizando-se na sociedade que os professores terão de se adaptar e também,
que as compreensões de violência na escola por parte de tais profissionais, precisa
serem revistas, pois não é um fenômeno isolado, mas existe todo um ciclo que
norteiam para tais atitudes por parte dos alunos.
Portanto, os professores devem estar atentos quanto as compreensões
diversas e às vezes errôneas a acerca da violência na escola, pelo fato de que as
vezes adota posturas de afastamento, o que conseqüentemente leva ao
desconhecimento das relações que norteiam a postura dos sujeitos em relação à
violência na escola. Uma grande maioria leva em conta fatores isolados, adotando
conceitos comuns, sem maiores considerações; e/ou não têm interesse de
investigarem o que realmente há por trás da violência na escola, o que leva a um
descaso e uma falácia de que tudo vai mal, mas não se sabe porque.
É necessário que os professores sejam sensíveis o suficiente para
reconhecer nos alunos que lida diariamente não somente o nome, mas sua família
seu contexto sócio cultural, sua história de vida, seus costumes suas crenças, para
poder perceber elementos que influenciam para a manifestação de violência no
âmbito escolar e saber como intervir adotando atividades que contemplem esta
24. 24
questão. Diante do contexto abordado, discutiremos a seguir sobre violência no
espaço escolar.
2.3. Violência no espaço escolar
No sistema educacional a violência está presente desde o período colonial
onde existiam os Colégios Jesuítas com repressões e castigos a quem
desobedecesse as leis da instituição. Os colégios internos ou internatos tinham a
sua disciplina rígida e opressiva, dessa forma também fazia exercer a agressividade
física como o uso da palmatória e castigos impostos, pois para os mestres a
disciplina seria fator primordial à aprendizagem.
É possível perceber que a escola, por um lado, é um dos locais de
representação de violência, seja ela moral, física, simbólica verbal. Há também
discriminações sexuais, étnica, econômica, etc. Por outro lado são também visíveis
suas possibilidades como espaço eficaz, tanto de socialização, construção e
ressiginificação das identidades dos alunos e especialmente de recontextualização
de determinações sociais e políticas, probabilidades estas que se concretizam por
meio do trabalho escolar. Além disso, o aluno de maneira geral demonstra gostar da
escola e de seus professores, depositando neles confiança.
Para entendermos o fenômeno da violência buscamos a sua conceituação em
Ferreira (1986,p.364) onde ele traz a definição de violência como sendo: “Qualidade
de violento, ato violento, ato de violentar, jur. Constrangimento físico ou moral, uso
da força; coação”.
Nesta mesma concepção Japiassú (2008,p.278), define violência como
sendo, “todo ato exercido com bastante força contra um obstáculo. Comportamento
de uma pessoa agindo de modo constrangedor contra outra pessoa, que considera
um estorvo à realização de seus desejos”. Levando em consideração estas
definições, pontuamos que a violência está sempre ligada ao uso da força da coação
de um individuo sobre outro. Medeiros (2006,p.140) acrescenta ainda que:
25. 25
A violência é um fenômeno que independe da minha vontade e do meu
controle. Ela é vista e percebida como algo que me atinge, vem de fora, sua
origem é externa a mim. Muito embora a ameaça e a agressão verbal sejam
denunciadas e apontadas como manifestação psicológicas de violência, a
ação física e/ou corporal aparece como componente principal da violência.
Como afirma o autor a violência é algo que parte de um outro individuo sobre
algo ou alguém que se tenta atingir com o intuito de prejudicar. Percebemos também
através da fala do autor que a violência física é uma das principais formas de
manifestação de violência.
Buscamos também apoio teórico em Parolim (2003,p.99) quando ele nos diz
que é necessário que se tenha claro que a violência na escola não pode ser
analisada como um fenômeno isolado, parte que é de um processo mais amplo, que
extrapola os limites da unidade escolar, pois implica uma série de fatores que dizem
respeito ao contexto social como um todo. O consenso se dá no sentido de que se
desenvolva uma intervenção que represente contraponto à violência. Seu sucesso,
porém, estaria condicionado ao envolvimento dos professores e das famílias, das
comunidades e das escolas neste processo.
Ainda que este conjunto de fatores seja reflexo de contextos sociais mais
amplos, a violência na escola torna-se um problema grave, merecedor de atenção e
de investimentos, no campo da intervenção e da pesquisa. É preciso atuar de
maneira eficaz, tanto em suas causas primarias quanto em seus efeitos.
A escola é, como se vê, campo de conflitos, em que confrontos entre
diferentes agentes se manifestam e, apesar da retórica da participação do aluno
assim como de seus pais e dos moradores do entorno escolar, bem como de
representações populares e sindicais, esta, na pratica, é restrita, é ambiente de
manifestações de comportamentos diversos.
Neste ambiente alguns alunos apresentam um comportamento agressivo,
intolerante, apático e de baixa auto-estima. Um fator apontado para esse
comportamento é algumas família nas quais os pais dedicam pouco tempo à sua
educação e como resultado, esses jovens apresentariam dificuldades no
relacionamento com o outro; comprometendo sua noção de civilidade e
companheirismo. É neste momento que os educadores além de cumprir a sua
26. 26
função de educar ainda tem que ser um pouco mães e pais transmitindo aos alunos
valores que seriam próprios dos genitores. Como afirma Gentili e Alencar (2001
p.111).
Educadoras são parteiras do futuro! Devem estar armadas de paciência,
serenidade, conhecimento e compreensão das mudanças do mundo, que
não acontecem fora das vontades dominantes da sociedade. O educador
tem a delicada tarefa de investigar a mina que é cada pessoa, com sua
preciosidade escondida.
Todavia, o papel da escola é construir um novo olhar sobre esta temática e
buscar respostas com vistas a sensibilizar a comunidade familiar e escolar para uma
parceria de laços concretos. Diante disso trazemos uma importante contribuição de
Silva (2004,p.150) quando ele cita: “A indisciplina e a violência nas escolas seria
produto do fato de os alunos não terem como valor central em suas personalidades
o respeito ao outro. Em decorrência, os professores e os demais colegas não seriam
objetos do olhar de tais indivíduos”.
Ainda, Abramavay (2002,p.112), associar-se-ia, a violência nas escolas há
três dimensões sócio-organizacionais distintas.
Em primeiro lugar, à degradação no ambiente escolar, isto é, à grande
dificuldade de gestão das escolas, resultando em estruturas deficientes. Em
segundo, a uma violência que se origina de fora para dentro das escolas,
que as torna sitiadas e manifesta-se por intermédio da penetração das
gangues, do tráfico de drogas e da visibilidade crescente da exclusão social
na comunidade escolar. Em terceiro, relaciona-se a um componente interno
das escolas, específico de cada estabelecimento.
Pontuamos que para os alunos a falta de diálogo, respeito mútuo, justiça
social, a não aceitação das diferenças se misturam com frustração de que a escola
não é o modelo para realização de seus desejos, estes fatores levam os mesmos a
darem respostas condizentes com agressividade. Quando não possuem espaços
para resolver seus conflitos, deixam suas marcas através de rabiscos nas paredes,
depredação do patrimônio escolar, quando não agridem verbal e fisicamente seus
colegas e demais funcionários da escola.
Com evidencia em Colombier (1989,p. 26): “a violência sempre existiu e irá
existir, mas devemos nos preparar para enfrentá-la” (...), o medo da autoridade
evoluiu, mas para nós a urgência se situa nas respostas que temos de dar”. Entre as
organizações e instituições que podem estar dando respostas às “violências”,
27. 27
encontra-se a escola que acolhe crianças, adolescentes e adultos com costumes,
crenças religiosas, visões de mundo diferentes. Por tanto, é necessário sensibilizar
educadores e alunos para o combate à violência em suas diversas manifestações.
Para Ataíde (2004,p.24) “a violência nas escolas parece ser um fato
complicado”; é possível que em curto prazo não seja tomada medidas a ponto de
resolver esse problema, será um desafio conviver com esta realidade, no entanto
pode-se ensaiar um espaço escolar melhor abrindo vagas para um novo agir onde
se propagam à esperança o respeito e a dignidade abrindo caminhos para pensar,
questionar, e construir meios de resolução desta problemática que envolve a
família. Escola, sociedade. A seguir abordaremos o conceito chave aluno.
2.4. Aluno
Considerando que a educação é um fenômeno social e universal, sendo uma
atividade humana necessária à existência e ao funcionamento de todas as
sociedades, cada uma delas procura cuidar da formação dos indivíduos, auxiliar no
desenvolvimento de suas capacidades físicas e espirituais, preparando-os para a
participação ativa e transformadora nas várias instâncias da vida social.
Com base nestas considerações é que trazemos a definição de alunos
através de Ferreira (1986,p.23) onde o mesmo cita que: “Alunos são pessoa que
recebe instrução e/ou educação de mestres, em estabelecimento de ensino ou
particularmente; pessoa que estuda”. Sobre a definição de alunos nos reportamos
também a Oliveira, (1962,p.10) onde o autor define aluno como sendo:
O aluno é quem aprende, ou digamos quem deve aprender. É para ele que
existe a escola, que deve adaptar-se a ele, encarando-o como um ser
humano em crescimento com todas as suas capacidades e limitações,
peculiaridades, interesses, reações e impulsos. Assim deve ser de início,
pois o ideal é que haja uma perfeita interação entre aluno e escola, cada um
dando o melhor de si para plena execução do interesse comum: a
educação.
Diante desta definição percebemos que a educação é de fundamental
importância para a formação de um cidadão crítico e consciente, ela não apenas
integra o individuo no meio social, mas também lhe proporciona uma autonomia.
Como afirma Freire(1996,p.72) “mulheres e homens, somos os únicos seres que
28. 28
social e historicamente, nos tornamos capazes de aprender. Por isso, somos os
únicos em que aprender é uma aventura criadora. Aprender para nós se faz sem
abertura ao risco e a aventura do espírito”.
Ximenes (2000,p.24), nessa mesma visão entende que aluno é aquele que
recebe instrução ou educação de mestre(s), discípulo, educando, estudante.
Nesta perspectiva Fleuri (2008) diz que o educador, nesse sentido, é um
sujeito que se insere num processo educativo e interage com outros sujeitos,
dedicando particular atenção às relações e aos contextos que vão se criando, de
modo a contribuir para a elaboração dos sentidos que os sujeitos constroem e
reconstroem. A relação educativa não se faz pela a ação de um sujeito para outro,
mas pela articulação, da ação de um agente com a ação de outro sujeito, cada um
com base em processos autônomos.
Amparados nas reflexões anteriores percebemos que é na escola que se
constroem as aprendizagens, esta se constitui como um espaço social onde os
sujeitos constroem historicamente uma realidade marcada por singularidade, que a
tornam rica em experiências e ensinamentos. Freire(1996,p.95) acrescenta ainda
que:”A prática docente não há sem a discente é uma prática inteira. O ensino dos
conteúdos implica o testemunho ético do professor. A boniteza da prática docente se
compõe do anseio vivo de competência do docente e dos discentes e de seu sonho
ético”.
Como citou o autor não há professor sem alunos e vice versa para a
construção dos conhecimentos destes seres é preciso um ambiente adequado ao
ensino aprendizagem sendo este ambiente a sala de aula. Portanto buscamos apoio
teórico em Zabala (1998,p.53) onde o autor cita:
(...) a aula se configura como um microssistema definido por determinados
espaços uma organização social, certas relações interativas, uma forma de
distribuir o tempo, um determinado uso de recursos didáticos, etc., onde os
processos educativos se explicam, o que acontece na aula só pode ser
examinado na própria interação de todos os elementos que nela entrevem.
29. 29
Com esta reflexão percebemos que é na sala de aula que os alunos e
professores passam a maior parte do tempo, enquanto se encontra na escola é
preciso que atenda a determinados requisitos que irão interferir sobre o seu
rendimento escolar cabe ao professor orientar o desenvolvimento da criança em
função das oportunidades e solicitações da vida coletiva, pois a escola não é uma
instituição apenas destinada ao ensino deve funcionar como um centro irradiador e
multiplicador de ações educativas que são desenvolvidas à medida que surgem as
necessidades e as possibilidades. Colombier (1989,p.90), cita que o sucesso para
uma educação eficaz está em como o professor conduz suas práticas pedagógicas.
O ponto não está colocado no professor, dotado ou não de um certo número
de qualidades especificas que assegurarão ou não o sucesso do
empreendimento educativo, mas no dispositivo que o professor coloca em
funcionamento nos confrontos que este dispositivo permite: entre o aluno e
os diferentes domínios do saber e do saber fazer, entre os alunos e entre o
professor e os alunos.
A estreita relação entre professor e aluno tem momentos de alegria e
confronto, estas singularidades fazem parte desta convivência que requer muito
amor e dedicação. Não se pode educar verdadeiramente um aluno se não oferecer a
ele o saber somado aos valores da cidadania. Freire(1996) propõe aos educadores:
“um trabalho pedagógico que, a partir do conhecimento que o aluno traz, que é uma
expressão da classe social à qual os educandos pertencem, haja uma superação do
mesmo. O que se propõe é que o conhecimento com o qual se trabalha na escola
seja relevante e significativo para a formação do educando.
A escola e seus profissionais formam um universo capaz de propiciar o
desenvolvimento do aluno, bem como criar condições para que ocorram
aprendizagens significativas e interações. Cada sujeito apresenta um universo
próprio, sendo relevante respeitar esta singularidade.
Mas para Freire (1996,p.72) é necessário acima de tudo ter alegria nesta
interação. “Há uma relação entre a alegria necessária à atividade educativa e a
esperança. A esperança de que professor e alunos juntos podemos aprender,
ensinar inquietar-nos, produzir e juntos igualmente resistir aos obstáculos à nossa
alegria”.
30. 30
É necessário que os professores sejam sensíveis o suficiente para conhecer
os alunos que lida diariamente não saber somente o nome mas sua família seu
contexto sócio cultural, sua história de vida. O cotidiano escolar deverá ser não
apenas local de recorrência da conduta humana, mas como espaço de criação. Pois,
a escola representa os projetos de vida dos alunos. É um espaço onde, estes se
reúnem, estabelecem e compartilham códigos de comportamento, iniciam namoros e
desenvolvem relacionamentos amorosos, etc.
31. 31
CAPÍTULO III
METODOLOGIA
Entendendo que em todo ato de pesquisa é necessário contextualizar a
realidade na qual está inserido o público alvo da pesquisa, para possibilitar uma
visão mais abrangente da problemática e das relações múltiplas que se estabelecem
sobre determinada realidade. Com base nisso, será identificado o tipo de pesquisa,
seqüencialmente o lócus, os sujeitos, os instrumentos de coleta de dados e as
etapas da pesquisa.
Segundo Demo (1999,p.128) “pesquisa é um diálogo critico e criativo com a
realidade, culminando na elaboração própria e na capacidade de interação de
“aprender a aprender”.
3.1. Tipo de pesquisa
O presente estudo está respaldado na pesquisa qualitativa, busca através das
observações e dos questionários aberto e fechado, identificar como as professoras
da Escola Estadual Nossa Senhora Auxiliadora compreendem a violência
manifestada por seus alunos.
Recorremos a essa abordagem de pesquisa qualitativa com respaldo em
Ludke e André (1986), justificada pelo fato de que ela responde de forma discreta a
liberdade do pesquisando, permitindo envolvimento ou inserção pessoal, intelectual
ou social, também por compreender que a mesma utiliza abordagem sociológica
para discutir valores, expectativas e concepções. Assim Ludke e André (1986,p.11),
deixam claro que:
... a pesquisa qualitativa supõe o contato direto e prolongado do
pesquisador com o ambiente e a situação que sendo investigada via de
regra através do trabalho intenso de campo, o material obtido nessa
pesquisa rico em descrições de pessoas, situações e acontecimentos.
Nesse sentido este tipo de pesquisa é relevante, pois permite a interação do
pesquisador com a realidade pesquisada, possibilitando configurar uma maior
32. 32
compreensão do objeto de pesquisa, a partir de análises do cotidiano que sempre
revela as relações que empregam ao seu entorno. Sendo todos os dados da
pesquisa de extrema relevância, na qual o pesquisador deve ter uma atenção
especial ao maior número de elementos presentes nas situações de estudo.
3.2. Lócus
O lócus é a unidade fundamental onde se desenvolve a pesquisa, onde o
pesquisador encontra as informações necessárias para refletir sobre o problema de
pesquisa. Com essa compreensão, a presente pesquisa foi realizada na Escola
Estadual Nossa Senhora Auxiliadora, situada na Praça Travessa Senhor do Bonfim,
nº 200, centro, Campo Formoso - BA. Atende 384 alunos de 5ª a 8ª série no turno
matutino e vespertino e a EJA (Educação de Jovens e Adultos) no noturno. A escola
dispõe de uma equipe constituída de 10 professores, uma diretora, vice-diretora e
quatro funcionários para a realização de serviços gerais. A estrutura física da escola
constitui-se de 06 salas, uma diretoria, uma pequena biblioteca, 03 banheiros, para
ambos os sexos e um para os demais funcionários, uma cantina, um depósito, um
pátio, dispõe de um espaço grande para lazer, onde futuramente se pretende
construir uma quadra esportiva.
3.3. Sujeitos envolvidos
Buscando identificar como as professoras da Escola Estadual Nossa Senhora
Auxiliadora compreendem a violência manifestada por seus alunos, elegeu-se como
sujeitos da pesquisa 10 professoras que atuam na referida escola, nos turnos
matutino e vespertino. Fator que contribuiu de forma significativa para a
concretização da pesquisa e o alcance dos objetivos.
3.4. Instrumento de coleta de dados
Nesse estudo, para identificar como as professoras da Escola Estadual Nossa
Senhora Auxiliadora compreendem a violência manifestada por seus alunos,
utilizamos os seguintes instrumentos: a observação participante, questionários
fechado e aberto, que foram aplicados, buscando responder o nosso objetivo.
33. 33
3.4.1. Observação Participante
Utilizarei a observação participante como método de captar expressões e
atitudes cotidianas que demonstrem elementos da violência no âmbito escolar. Ela é
relevante por que aplicamos atentamente os sentidos a um objeto para adquirir dele
um conhecimento claro e preciso portanto se torna imprescindível. De acordo com
Barros (1990,p.76) “a maior vantagem do uso da observação em pesquisa está
relacionada à possibilidade de se obter a informação na ocorrência espontânea do
fato”.
3.4.2. Questionário fechado e aberto
Optamos por estes instrumentos por entender que o questionário é a forma
mais usada para coletar dados, pois segundo Lakatos (1991,p.88):
O mesmo possibilita medir com exatidão o que se deseja, além de ser
menos dispendioso e mais abrangente, nos permite de acordo com a
situação, possibilitando- nos coletar informações e respostas mais reais,
limitando-nos em sua extensão e finalidade.
Para Andrade (1999,p.131) “perguntas fechadas são aquelas que indicam três
ou quatro opções de resposta ou se limitam à resposta afirmativa ou negativa e já
trazem espaços destinados à marcação da escolha.” Também sobre questionário
aberto, Andrade (1999,p.130-131), afirma que: “é o conjunto de perguntas que o
informante responde, sem necessidade da presença do pesquisador.”
Uma das razões de usar questões fechadas e abertas é que elas permitem
avaliar melhor as atitudes para análise das questões levantadas e contribuem para
que os sujeitos estabeleçam relações entre as respostas. Estes questionários são
relevantes para a pesquisa proposta, porque possibilitam a coleta dos dados gerais
dos sujeitos e suas compreensões a cerca do tema abordado.
3.5. Etapas
Para execução efetiva da pesquisa em, julho, agosto, setembro de 2009
efetuamos um estágio remunerado onde estivemos em contato com os alunos e
percebemos a problemática da violência na instituição, em novembro do mesmo ano
34. 34
fomos até a diretoria da instituição pesquisada, com a finalidade de apresentar a
pesquisa, seu objetivo, bem como coletar os dados sobre o assunto pesquisado,
com a autorização da diretora fizemos uma observação participante de duas
semanas do dia 09-14 e de 16-20/11/2009 para melhor constatação do objeto
pesquisado.
De posse desses dados manteve-se contato com os professores, dentro de
um universo amostral - 10 sujeitos, entregando aos mesmos os questionários
previamente elaborados, tendo-se estipulado um prazo de cinco dias úteis para a
devolução dos mesmos. Todos os professores devolveram os questionários,
procedendo-se ai a categorização, organizando os dados que se referiam aos
mesmos aspectos, diante de critérios pré definidos. Segundo Franco (2003, p.51):
Formular categorias, em análise de conteúdo, é via de regra, um processo
longo, difícil e desafiante. Mesmo quando o problema está claramente
definido e as hipóteses( explicitas ou implícitas) satisfatoriamente
delineadas, a criação das categorias de análise exige grande esforço por
parte do pesquisador.
A contribuição dos sujeitos foi de grande relevância, uma vez que as
respostas permitiram uma interpretação clara sobre as compreensões das
professoras do ensino fundamental da Escola Estadual Nossa Senhora Auxiliadora.
35. 35
CAPÍTULO IV
ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS
Diante da necessidade de identificar como as professoras da Escola Estadual
Nossa Senhora Auxiliadora compreendem a violência manifestada por seus alunos,
apresenta-se aqui os resultados da investigação realizada, a partir da análise dos
dados coletados a saber; observação, questionários fechado e aberto a fim de
garantir melhor entendimento e também para esclarecer mais precisamente o
significado de uma resposta optar-se-á em empregar o questionário como suporte à
coleta de dados. Ressaltamos a importância que a análise dos dados tem na
consolidação de um procedimento de pesquisa, pois sem ele seria impossível
alcançar os nossos objetivos.
4.1. RESULTADO DO QUESTIONÁRIO FECHADO: O PERFIL DOS SUJEITOS
Como resultado do questionário fechado, aplicado para conhecimento do perfil
dos sujeitos pesquisados que são todas do sexo feminino, foram levantados os
seguinte resultados:
4.1.1. Faixa Etária
Fonte: Questionário fechado aplicado com os sujeito da pesquisa
36. 36
No que se refere à faixa etária das professoras pesquisadas, conforme o
gráfico acima; na referida escola não tem nenhuma professora com menos de 30
anos, quatro estão entre 30 e 40 anos e seis delas tem mais de 40 anos, conclui-se
portanto, que as professoras do ensino fundamental, da referida escola possuem um
relativo grau de amadurecimento especialmente no que se refere à idade.
4.1.2. Tempo de atuação no magistério.
Fonte: Questionário fechado aplicado com os sujeitos da pesquisa.
Constatou-se que 10 % dos entrevistados tem menos de 05 anos de atuação
como educadoras; 20 % tem entre 10 e 15 anos, enquanto 70 % tem mais de 15
anos de trabalho como professoras. A observação do gráfico nos leva a perceber
que há uma experiência considerável na prática educativa, visto que a grande
maioria já atua no magistério, em especial no ensino fundamental há mais de cinco
anos, o que nos possibilita afirmar que há entre os docentes um bom nível de
conhecimento sobre sua profissão e da prática em sala de aula.
Nesse sentido nos reportamos a Ghendin (2002,p.175), quando afirma que:
“A experiência docente é espaço gerador e produtor de conhecimentos, mas isso
não é possível sem uma sistematização que passa por uma postura crítica do
educador sobre as suas próprias experiências.” As experiências vivenciadas pelas
37. 37
professoras no local de trabalho possibilitam refletir sobre suas próprias ações
pedagógicas, fazendo-as sujeitos da sua própria formação.
Para nos tornar educadores temos que estar abertos a novos conhecimentos,
pois na nossa prática diária em sala de aula aprendemos muito com nossos alunos.
mesmo como educadores temos que nos considerar aprendizes. Como dizia Freire
(1996,p.23-24)” ensinar inexiste sem aprender e vice-versa e foi aprendendo
socialmente que, historicamente mulheres e homens descobriram que era possível
ensinar”.
4.1.3. Formação Acadêmica
10% Magistério
10% 30% Pedagogia
Espec. em Geografia
10% Espec. em Psicopedagogia
Espec. Metod. Líingua Portuguesa
40%
Fonte: Questionário fechado aplicado com os sujeitos da pesquisa.
Quanto a formação, constatou-se, que das 10 professoras pesquisadas, já
existe um percentual significativo daquelas que possuem uma especialização ou
graduação, demonstrando assim, uma atenção e maior investimento na continuidade
da formação.
Das 10 professoras pesquisadas, 03 delas concluíram o ensino médio em
Magistério, 04 se graduaram no curso de Pedagogia, uma fez especialização no
curso de Geografia e Meio Ambiente; outra especialização no curso de
Psicopedagogia, e a última professora se especializou em Metodologia da Língua
Portuguesa.
Os resultados, com relação ao nível de formação, demonstram um avanço
para a educação do ensino fundamental, já que este acolhe alunos que já são
38. 38
adolescentes e estes cobram dos(as) professores (as) maior conhecimento e
domínio dos conteúdos que serão ensinados. Os resultados demonstram que as
professoras estão em uma crescente busca de uma formação e qualificação
profissional compreendem que devem estar, preparados para atenderem demandas
sócio-educativas do tipo informal, não-formal e formal, decorrente de atos sociais,
novas tecnologias, mudanças nos ritmos de vida, mudanças profissionais. Freire
(1996,p.65) fala da responsabilidade que tem os(as) professores(as) para com a
formação dos alunos.
A responsabilidade do professor, de que às vezes não nos damos conta, é
sempre grande. A natureza mesma de sua pratica eminentemente
formadora, sublinha a maneira como a realiza. Sua presença na sala é de
tal maneira exemplar que nenhum professor ou professora escapa ao juízo
que dele ou dela fazem os alunos.
Pensar a formação das professoras do ensino fundamental, requer pensar o
sentido da educação, buscando com base na reflexão critica, discutir as
compreensões que foram socialmente atribuídas a essa modalidade de ensino. Por
esse motivo o professor deverá ser um dos profissionais que buscam sempre estar a
par das novidades, ser amigo e usar as tecnologias a favor da sua prática diária ou o
aluno, não encontrando nada de interessante nas aulas e não podendo ir embora
para não ter faltas, torna-se inquieto ou simplesmente se cala no seu canto gerando
assim a indisciplina, tanto ativa como passiva.
4.1.4. Tipo de violência mais freqüente
Fonte: Questionário fechado aplicado com os sujeitos da pesquisa.
39. 39
Com relação a esta questão, 90% das professoras pesquisadas,
responderam que o tipo de violência mais freqüente é a violência verbal, enquanto
que 10 % responderam violência psicológica.
Compreendemos que a violência tem representado um grande problema na
cotidianidade da população, principalmente nas grandes cidades não sendo
diferentes em espaços escolares, ela está presente em situações que se observa a
negação da relação social através da comunicação. É definida por Amoretti (
1992,p.41) como ato que “determina dano físico, moral ou psicológica através da
força ou da coação, exerce opressão e tirania contra a vontade e a liberdade do
outro”.
A violência verbal e psicológica mesmo não trazendo agressão física, atingem
a moral de quem a sofreu. Estas situações provocam um mal estar para todos os
envolvidos, deixando os inseguros Medeiros 2006 cita que sem desconsiderar o
medo da violência física, o professor parece sentir-se mais agredido com o insulto
verbal do que com outras atitudes de desrespeito. Abramovay (2002) apud Charlot
(1997,p.83) nessa mesma visão classificou a violência como:
I) a- golpes, ferimentos, violência sexual, roubos, crimes, vandalismo; II)
incivilidades – humilhações, palavras grosseiras, falta de respeito; III)
violência simbólica ou institucional – falta de sentido em permanecer na
escola por tantos anos; vêem o ensino como um desprazer, que obriga o
jovem a aprender matérias e conteúdos alheios aos seus interesses.
Aranha (1996,p.35) vem dizer que a violência simbólica “é exercida pelo
poder de imposição das idéias transmitidas por meio da comunicação cultural, da
doutrinação política e religiosa, das práticas esportivas, da educação escolar”
Desse modo, percebe-se que a instituição escolar vem enfrentando
mudanças com as dificuldades cotidianas, que provêm tanto dos problemas internos
como das diversas manifestações de violência, quanto da efetiva desorganização da
ordem social, que se expressa mediante fenômenos exteriores à escola, como a
exclusão social, desestruturação e falta de acompanhamento da família.
4.1. 5. Fator responsável pela indisciplina e violência na sala de aula
40. 40
Fonte: Questionário fechado aplicado com os sujeitos da pesquisa.
Quanto aos fatores responsáveis pela indisciplina e violência na escola, as
professoras em sua maioria marcaram mais de uma resposta. Diante deste fato
organizamos suas respostas da seguinte maneira 6% apontam como fator a
defasagem, 37% consideram a falta de orientação dos pais como fator que influência
bastante as manifestações de violência na escola, 38% consideram a carência
afetiva dos alunos como fator que atrapalha o ensino aprendizagem; 13% apontam
que é devido ao número excessivo de alunos, uma das professora que corresponde
a 6% respondeu como fator uma disciplina rígida.
Com base nas respostas das professoras os fatores que causam a violência
na escola estão ligadas tanto a fatores externos como falta de orientação dos pais a
carência afetiva dos alunos como também fatores que estão ligados a escola como
disciplina rígida, e número excessivo de alunos. Acreditamos que se a própria
instituição revisse a sua metodologia de trabalho esses dois últimos fatores seriam
superados enquanto que os dois primeiros não estão ao alcance da escola. Para
Parolim (2003, p.99) a violência na escola é um fenômeno que não está isolado:
É necessário que se tenha claro que a violência na escola não pode ser
analisada como um fenômeno isolado parte que é um processo mais amplo
que extrapola os limites da unidade escolar, pois implica uma série de
fatores que dizem respeito ao contexto social como um todo.
A construção de uma visão crítica sobre esse fenômeno mostra-se
fundamental, na medida em que permeia todas as relações sociais, em que são
profundamente afetados os membros da comunidade escolar, como, alunos,
41. 41
professores, diretores e pais. Colombier (1989, p.101) cita que é preciso responder
as ações de violência de forma diferente percebendo o que o aluno quer expressar.
responder a violência através de uma pedagogia do desejo é ver nela outra
coisa além dos atos destrutivos através dos quais ela se manifesta... é
procurar o que permitirá passar desta violência selvagem para um
comportamento socialmente aceitável, sem com isso sufocar a energia que
esta violência subentende.
O grupo planejador da escola deve estar atento a promover relações de troca,
de esforços partilhados na construção de soluções comuns, para o alcance dos
objetivos coletivos. Valorizando estas aprendizagens para que sejam úteis aos
estudantes que irão recebê-las, durante o tempo em que estarão na escola, pois
cada um traz consigo opiniões e visões diversificadas. Sobre isso Xavier (2006,
p.56) traz uma contribuição.
Percebe-se também a necessidade de incorporar de forma mais
substancial, saberes emergentes e contemporâneos no currículo escolar,
bem como de ver uma maior revitalização dos saberes de áreas de
conhecimento... buscar maior articulação e dialogo inter disciplinar entre as
áreas de conhecimento a partir da proposta dos complexos temáticos.
Xavier nos lembra que é de suma importância estar modificando sempre a
nossa pratica de ensino construindo de forma dinâmica o sentido da prática coletiva
a partir e em função das necessidades e desafios que emergem na vida da
comunidade escolar sem dúvida este seria um dos caminhos para a revitalização do
conhecimento.
Alves, (1993,p.59) atenta para a função relevante que o professor deve ter
para poder perceber estas singularidades que requer a pratica educativa. “Professor
é aquele que educa que realiza seu trabalho com o intuito de mudar a sociedade,
pois possui ideologia e se torna insubstituível fazendo diferença na sociedade”.
4.1. 6. Se já presenciou cenas de violência na escola
42. 42
Fonte: Questionário fechado aplicado com os sujeitos da pesquisa.
Ao serem indagados sobre se já presenciaram cenas de violência na escola,
30% das professoras foram unânimes ao responderem que este fenômeno é
presente no âmbito escolar, enquanto 70% afirmaram que vezes percebem outras
vezes não.
No ambiente escolar alguns alunos apresentam comportamento agressivo,
intolerante, apático e de baixa auto-estima. Um fator apontado para esse
comportamento, é explicado por Silva (2004,p.131) onde cita que: Os alunos seriam
indisciplinados e violentos por que desconhecem a utilidade das regras morais de
que elas servem para regular as relações entre as pessoas.
Em comum acordo Colombier (1989, p.12) acrescenta ainda que a violência
juvenil não é a soma de delitos que o Código Civil descreveria com precisão. Eles
estão na escola para aprender a sua função. A sua violência é a procura de um
estilo de uma supervalorização ostensiva, que parece caminhar em sentido oposto
ao esperado.
Mas é preciso conter as formas de violência manifestadas por os alunos ou
dar a ela um destino, a violência e suas causas que, com toda a razão, tanto
preocupam, possibilitam demonstrar os recursos da pedagogia institucional.
4.1.7. Se sofreu violência por parte de alunos? Qual o tipo?
43. 43
33%
Verbal
67%
Física
Fonte:Questionário fechado aplicado com os sujeitos da pesquisa.
A observação do gráfico nos leva a perceber que das dez professoras
questionadas 06 delas já sofreu violência por parte de alunos, enquanto que 04
responderam que nunca sofreram violência por parte de alunos. Das 06 professoras
que sofreram violências 67% foram verbal e 33% física. Visto que na
contemporaneidade o professor já não é visto mais como alguém superior que era
profundamente respeitado e acreditado.
Neste sentido nos reportamos a D‟Antola (1989,p.53) ao afirmar que “... a
possibilidade da perda da autoridade assusta os professores, os quais temem que
relações horizontais entre professor e aluno provoquem uma inversão nas relações
de poder da escola e que os alunos se coloquem como dominadores.” Para que não
venha ocorrer este problema é preciso construir diariamente a disciplina, respeito
mútuo, cremos que a contribuição de alguns fatores, entre eles: incentivo a
autonomia e as interações entre professor e alunos serão fundamentais.
Mesmo que a violência contra as professoras não se expresse em grandes
números e apesar de não ser na escola que ocorrem os eventos mais violentos da
sociedade, ainda assim, esse é um problema preocupante. Seja pelas
conseqüências que diretamente atingem as pessoas envolvidas ou pelos fatos que
contribuem para rupturas com a idéia da escola como lugar de conhecimento, de
formação do ser e da educação. É preciso novas reflexões sobre as manifestações
de violência dentro do espaço escolar, que possam contribuir para a efetivação de
uma educação mais comprometida e emancipatória.
4.1.8. Onde é mais freqüente cenas de violência?
44. 44
Fonte: Questionário fechado aplicado com os sujeitos da pesquisa.
Em relação à questão, onde era mais freqüente cenas de violência, as 10
professoras responderam da seguinte forma 04 responderam que é mais freqüente
no pátio, 02 responderam que é dentro da sala de aula, e 04 responderam que é nos
corredores.
Nesse sentido nos reportamos a Abramovay (2002,p.125), ao afirmar que “A
escola não seria mais representada como um lugar seguro de integração social, de
socialização, não é mais um espaço resguardado; ao contrário, tornou-se cenário de
ocorrências violentas. Acrescenta ainda que a violência que crianças e adolescentes
exercem, é antes de tudo o que o seu meio exerce sobre eles”.
As agressões que recebemos no nosso dia-a-dia define o alto índice de
violência nos setores sociais, fazendo com que os valores e virtudes sejam
simultaneamente substituídos, considerando que muitas vezes este meio social
exerce influências sobre as crianças e adolescentes e em contrapartida eles
reproduzem comportamentos violentos.
Os profissionais da escola acolhem crianças, adolescentes e adultos com
costumes, crenças religiosas, visões de mundo diferentes, portanto, precisam
sensibilizar educadores e alunos para o combate à violência em suas diversas
manifestações.
4.1.9. Comportamento dos professores com os alunos
45. 45
Fonte: Questionário fechado aplicado com os sujeitos da pesquisa.
Para este questionamento as professoras marcaram em mais de uma
alternativa, obtendo o seguinte resultado: 50% das entrevistadas responderam que
tentam manter um relacionamento amigável, 33% procuram ser comunicativas e 17
% responderam que são compreensivas. De acordo com esta constatação trago
aqui uma fala de Freire (1996,p.122) onde este cita como os professores devem
estar agindo com seus alunos.
É obvio que não posso me bater fisicamente com um jovem... nem por isso,
porém, devo amesquinhar-me diante de seu desrespeito e de seu agravo, é
preciso que, assumindo com gravidade a minha impotência na relação de
poder entre mim e ele, fique sublinhada sua covardia. É necessário que ele
saiba que eu sei que sua falta de valor ético o inferioriza.
O autor cita que ao invés do professor confrontar o aluno é preciso mostrá-lo
que o seu comportamento o diminui e o inferioriza. É importante valorizar as
relações professor-aluno. Desta forma o educador com o educando e não sobre ele,
conseguirão a superação de atos indesejáveis e conquistarão o respeito. Na visão
de Vasconcellos (2000), “o respeito ao outro, passa pela construção do respeito para
consigo mesmo.”
Reis (2003.p.19) vem contribuir com esse discurso quando fala que: nós
professores precisamos ter consciência do nosso papel nessa história e reconhecer
que no cenário das salas de aulas, tecemos tramas que entrelaça questões sociais,
econômicas, políticas e pedagógicas. Portanto, a nossa função e a educação não
46. 46
são neutras. No cotidiano escolar sustentamos a estrutura social vigente, reforçando
o autoritarismo; ou contribuindo para transformar o que está imposto/legitimado.
4.2. Resultados do questionário aberto
A partir da análise do questionário aberto aplicado às professoras da Escola
Estadual Nossa Senhora Auxiliadora, conseguimos identificar as compreensões que
as professoras da Escola Estadual Nossa Senhora Auxiliadora tem sobre a violência
manifestada por seus alunos.
Então, podemos identificar as compreensões que as professoras têm sobre a
violência manifestada por seus alunos no espaço escolar como:
4.2.1. Compreendem a violência como Ato prejudicial
Sobre essa temática pode-se perceber que nos turnos matutinos e
vespertinos da Escola Estadual Nossa Senhora Auxiliadora, 05 das professoras
questionadas compreendem a violência como um ato prejudicial para quem a sofre.
Sobre isso o P8 enfatiza que:
Violência é todo tipo de comportamento que causa dano a uma pessoa, ser
vivo (planta ou animal) ou objeto.
A professora pontua que a violência traz prejuízos não só para os seres
humanos, mas também para qualquer outro ser e muitas vezes prejuízos
irreparáveis. Ao fazer essa afirmação, a professora reforça o que nos afirmou
Colombier (1989,p.140) “reconhecer a violência sob todas as suas formas, usá-la em
beneficio do grupo, é aceitar viver na precariedade. Em nenhum caso os
comportamentos são normalizados.” A violência não pode ser encarada como algo
normalizado independente de quem a sofre seja a fauna ou a flora ou o patrimônio
publico. O que podemos fazer é combater essas práticas.
___________________________________
8
Termo utilizado para preservação a identidade dos sujeitos da pesquisa, utilizamos a letra P seguida dos
numerais arábicos para identificar os sujeitos pesquisados.
47. 47
A P5 entende que a violência é:
“É todo e qualquer tipo de intimidação pessoal, quer seja verbal, física ou
psicológica.”
A P5 em suas palavras ressalta que a violência é também uma intimidação
que pode ser verbal, física ou psicológica. Na sua concepção, a violência é algo que
ultrapassa os limites da sensatez, da razão.
Nesse sentido, a professora concorda com Medeiros (2006,p.161), quando
ela cita que “a violência pode ser vista como incapacidade humana em manter
diálogos, estabelecer contratos, fazer trocas, enfim, construir laços de
reciprocidades.”
A compreensão da professora revela os tipos de violência mais comuns que
afligem a sociedade contemporânea e que realmente quando alguém vem praticar
um dos tipos citados acima nem sempre está consciente do que está fazendo,
geralmente o seu raciocínio ou suas emoções estão alteradas. Neste sentido Silva
(2005.p.27) vem nos dizer que:
Compreender não é a mesma coisa que descobrir um principio que
regulamenta um acontecimento, ou penetrar um pensamento objetivo e
racional, mas quer dizer chegar a síntese característica peculiar do
comportamento dos indivíduos diante dos outros, diante da natureza, diante
do tempo, diante do texto.
Compreende-se que as professoras têm uma compreensão de violência
pautada em ações que estas vêm diariamente em sua convivência social. As demais
professoras deram respostas semelhantes para a mesma questão, afirmando que:
“Violência é todo ato que extrapola os limites morais. Ações desagradáveis
que marcam a vida de quem a pratica e de quem sofre agressão”. (P2)
“É quando o espaço do outro é invadido e ele se sente ameaçado.” (P10)
“Violência é todo ato praticado com a intenção de prejudicar alguém.” (P4)
Ressaltando a compreensão da P2, P4, P10, nos reportamos mais uma vez a
Medeiros (2006,p.142), quando diz que “De modo geral, o que parece subsidiar o
48. 48
sentido da violência é o sentimento de violação da propriedade privada, mesmo
quando essa propriedade reside unicamente na posse e/ou integridade da pessoa.”
Para a autora a violência é entendida como algo que atinge a integridade do
ser humano, que lhe causa ameaça. Além das compreensões feitas sobre violência,
as professoras evidenciam também outra compreensão sobre o assunto, que
passaremos a apresentar agora.
4.2.2. Compreendem que as conversas, aconselhamentos, orientação diminui
a violência na escola.
As sugestões para diminuir a violência nas escolas e melhorar a situação
atual dadas pelas professoras demonstraram um leque de possibilidades que dá
uma visão do dinamismo desse processo. Algumas advogam também a punição dos
estudantes que tumultuam a convivência no espaço escolar com atos de violência
como forma de adverti-los. Nessa categoria das 10 professoras questionadas seis
delas compreendem que a parceria com a família seria fundamental, percebemos
esta afirmação em suas falas, quando citam que:
“A parceria com a família, presença e participação dos mesmos com o
ambiente escolar.” (P1)
“Creio na parceria escola-família-comunidade.” (P4)
“A conversa com o „agressor‟ e com o seu responsável legal para que ele
melhore o seu comportamento.” (P5)
Com essa compreensão, é importante perceber que as professoras optaram
por unanimidade que a integração escola, família e sociedade poderão ser um meio
viável para auxiliar na problemática da violência no âmbito escolar.
É notório que a família exerce importante papel na educação dos filhos e se a
família não vai bem, conseqüentemente influencia nos comportamentos dos filhos
que irão estar na escola fora dos padrões da ética escolar. Mas Silva (2004,p.160)
faz um contraponto a esta idéia ao citar que: “Não adianta ficar culpando a família
49. 49
pelas condutas indisciplinadas dos alunos. Estaremos com tal atitude, fugindo de
nossas responsabilidades: afinal, assim como os pais, também somos educadores.”
Nesta perspectiva o autor demonstra que a responsabilidade com os
educandos é de todas as instituições, escola, comunidade, família.
A P2 e P6 salientam que o aconselhamento é outro fator que pode ajudar:
“Orientação constante junto aos alunos. Observar e aconselhar mostrando
sempre o modo certo que eles devem agir.” (P2)
“Conversas, aconselhamentos, ou até mesmo punições.” (P6)
Além da orientação e aconselhamento, a P6 citou punições como sugestão
para diminuir a violência dos alunos, mas o educador deve estar atento, pois com
respaldo em Silva (2004,p.154):
Não se pode esquecer que as soluções para a diminuição de tais
fenômenos extrapolam a competência da instituição escolar... A instituição
educativa é portanto, reflexo da sociedade em que vivemos, com os seus
problemas e com a sua beleza.
Nessa mesma visão Piaget (1932/1994,p.169) salienta que o valor de uma
punição não é mais medido pela sua severidade. O essencial é fazer ao culpado
alguma coisa análoga à que ele mesmo fez, de maneira que compreenda o alcance
de seus atos, ou, ainda, puni-lo pela conseqüência material direta de sua falta, onde
isto é possível.
Diante do que citou os autores temos que criar novas formas de ver o
problema gerado pelos alunos, pois às vezes a função da punição não tem sido
resolver o problema do aluno mas as vezes da escola; ressaltamos que neste
momento a participação dos professores em contribuir para resolver a questão é
fundamental.
Com o objetivo de identificar as compreensões que as professoras da Escola
Estadual Nossa Senhora Auxiliadora tem sobre a violência manifestada por seus
alunos. Passaremos a apresentar também outra compreensão evidenciada pelas
professoras.
50. 50
4.2.3.Compreendem o diálogo como o meio para resolver as violências
causadas por os alunos.
Podemos avaliar através das falas de 07 professoras, que o diálogo é sem
dúvida um meio viável para resolver situações de conflito entre os alunos no espaço
escolar, pois estes usam esse meio tão valioso para apaziguar conflitos entre os
alunos, para tirar dúvidas e até como conselheiros já que tem uma vivencia e
experiência de vida maior que os alunos.
No período de estagio que realizamos na Escola Nossa Senhora Auxiliadora
percebemos que nas reuniões os professores eram estimulados a usar bem o
diálogo como resolução de conflitos entre os alunos observamos assim que a
instituição utiliza o currículo para resolverproblemas que vão surgindo diariamente.
Kerr (1968, p.16) vem definir currículo como “Toda a aprendizagem planejada e
guiada pela escola seja ela ministrada em grupos ou individualmente dentro ou fora
da escola.”
O grupo planejador do currículo escolar deve estar atento a promover
relações de troca, de esforços partilhados na construção de soluções comuns, para
o alcance dos objetivos coletivos. Valorizando estas aprendizagens para que sejam
úteis aos estudantes que irão recebê-las, durante o tempo em que estarão na
escola, pois Para Freire (1996), o papel do educador não é apenas de ensinar os
conteúdos, mas também fazer com que os alunos desenvolvam uma consciência em
tudo o que lhe é transmitido dentro e fora da sala de aula.
Diante dessas colocações as professoras procuram intervir dessa forma:
“Tentar conversar, apaziguar de alguma forma.” (P6)
“Tento dialogar, mostrando que o ato do aluno não está correto, sugerindo
ações que levem a paz.” (P2)
Nesta perspectiva, as professoras demonstram a forma mais sensata de
resolver tais comportamentos, pois é preciso sensibilizá-los que a escola é espaço
de socialização e local onde se busca conhecimento e educação e não palco de