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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB
      DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII




            JOSEMAR CÉSAR DA SILVA




DISCUTINDO A VIOLÊNCIA NO AMBIENTE ESCOLAR: UM
 ESTUDO NO COLÉGIO ESTADUAL RÔMULO GALVÃO.




               SENHOR DO BONFIM
                     2010
JOSEMAR CÉSAR DA SILVA




DISCUTINDO A VIOLÊNCIA NO AMBIENTE ESCOLAR: UM
 ESTUDO NO COLÉGIO ESTADUAL RÔMULO GALVÃO.




                   Monografia apresentada à Universidade do
                   Estado da Bahia - UNEB, como requisito
                   parcial para obtenção do título de licenciado
                   em Pedagogia.

                   Orientador:   Profº.   Romilson   Moreira   do
                   Carmo




               SENHOR DO BONFIM
                     2010
JOSEMAR CÉSAR DA SILVA




DISCUTINDO A VIOLÊNCIA NO AMBIENTE ESCOLAR: UM
 ESTUDO NO COLÉGIO ESTADUAL RÔMULO GALVÃO.




                BANCA EXAMINADORA:




      ___________________________________________
                     AVALIADOR (A)




      ___________________________________________
                     AVALIADOR (A)




      ___________________________________________
         PROFº. ROMILSON MOREIRA DO CARMO
                     ORIENTADOR
“Quem conhece a violência e quem
sabe de onde veio? A violência das
escolas é a mesma das ruas, do
trabalho, é a mesma de dentro de
casa”.
                            SILVA
Dedico esta monografia especialmente a DEUS,
por ter me iluminado e conduzido pelos caminhos
do SABER.

Aos meus pais exemplo de dedicação e amor.

Ao meu filho, com quem deixei de brincar para
estudar

Aos colegas pela compreensão e cumplicidade.

 A todo que de forma direta e indireta contribuíram
comigo nesta caminhada.
AGRADECIMENTOS



      As dificuldades existem para serem vencidas; os caminhos existem para
serem percorridos; as vitórias existem para serem conquistadas; As honrarias
existem para serem recebidas!


      Por ter vencido dificuldades, ter percorrido caminhos, ter conquistado vitórias
e estar recebendo agora as honrarias, agradeço:




AO MEU ORIENTADOR, por ter aberto os meus caminhos;

UNEB, pelo Curso oferecido.
RESUMO




A violência escolar é uma realidade em todo o mundo. Alunos e professores são
ameaçados, agredidos e mortos, os prédios escolares são alvos de depredação,
arrombamentos e furtos. Esta situação é preocupante e de difícil solução. Diante
desse quadro surgiu o interesse em realizar o presente estudo com o intuito de fazer
uma abordagem sobre a violência na escola, suas possíveis causas e suas
conseqüências, investigando as percepções dos professores do Ensino
Fundamental I e II, lotados no Colégio Estadual Rômulo Galvão, sobre este
problema tão complexo e de difícil solução. Nesse contexto utilizou-se como
instrumento para coleta de dados um questionário aberto semi-estruturado, para
investigar a percepção dos professores sobre a vioência escolar. Foi constatado
que no colégio objeto de estudo a violência sempre acontece. Os docentes tentam
coibir os atos violentos com advertência, suspensões e até com expulsão do aluno.
.

PALAVRAS CHAVES: Violência. Violência escolar e Professor.
ABSTRAC


School violence is a reality throughout the world. Students and teachers are
threatened, beaten or killed, the school buildings are targets for vandalism, burglary
and theft. This situation is worrying and difficult to solve. Given this situation led us to
conduct this study in order to make an approach to school violence, its possible
causes and consequences, investigating the perceptions of teachers in Middle
School, crowded in the State College Romulo Galvão, on this problem as complex
and difficult solution. In this context it was used as a tool for collecting data a semi-
structured questionnaire that was administered to 11 teachers crowded in that
school, to investigate their perceptions of school violence. Data collection took place
from November 20 to 02 December 2009 and found that the school subject of study,
violence is always the case. Teachers punish violent acts with warnings, suspensions
and even expulsion of the student.

KEY WORDS: Violence. School violence, Teacher.
SUMÁRIO



INTRODUÇÃO ..........................................................................................................14
CAPÍTULO I ..............................................................................................................16
   1. PROBLEMATIZANDO A VIOLÊNCIA................................................................16
CAPÍTULO II .............................................................................................................19
   2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .........................................................................19
      2.1 Violência nas sociedades humanas .............................................................19
      2.1.1 Uma reflexão sobre os tipos de violência..................................................25
      2.2 A violência no espaço escolar ......................................................................26
      2.3 O professor e a violência escolar .................................................................31
CAPÍTULO III ............................................................................................................33
   3. PROCESSOS METODOLÓGICOS ...................................................................33
      3.1 Pesquisa utilizada ........................................................................................33
      3.2 O ambiente investigado................................................................................34
      3.3 Os participantes da pesquisa .......................................................................35
      3.4 Os instrumentos utilizados ...........................................................................36
      3.5 A coleta de dados.........................................................................................36
CAPÍTULO IV............................................................................................................38
   4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS .....................................................38
      4.1 O posicionamento dos entrevistados ...........................................................38
      4.1.1 Definição de violência na escola ...............................................................40
      4.1.2 Com relação às causas da violência escolar ............................................41
      4.1.3 Ocorrência de atos violentos no Colégio Estadual Rômulo Galvão ..........43
      4.1.4 Natureza dos atos violentos e os atores envolvidos nesses atos. ............44
      4.1.5 Com relação às maiores dificuldades que os professores sentem em
      harmonizar a convivência entre os alunos. ........................................................45
      4.1.6 Com relação às medidas tomadas pelo professor diante dos atos violentos
      cometidos pelos alunos......................................................................................46
CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................48
REFERÊNCIAS.........................................................................................................50
12



                                   LISTA DE FIGURAS



Figura 01: Causas da violência nas escolas.............................................................42
Figura 02: Ocorrência de atos violentos....................................................................43
Figura 03: natureza dos atos violentos......................................................................44
Figura 04: Punições aplicadas.................................................................................. 47
13


                                            LISTA DE TABELAS


Tabela 01: Dificuldades.........................................................................................45
14




                                 INTRODUÇÃO


            A violência escolar é um fenômeno que vem ganhando proporções
consideráveis nas últimas décadas. Sabe-se que as causas que desencadeiam esse
fenômeno são de natureza diversas, entre as quais destaca-se as desigualdades
sociais, a desestruturação das famílias e a inversão de valores, decorrente do
modelo neoliberal que valoriza o ter em detrimento do ser, o que dificulta a
convivência entre os homens.


            A escola é uma instituição cujo papel é proporcionar aos alunos a
formação humana e capacitação, assegurando-lhes o desenvolvimento dos seus
potenciais, é o lugar por excelência de preparo para o futuro e para a vida. Sabendo
que a violência escolar é hoje uma realidade incontestável, esta configura-se um
grave problema social.


            Diante do exposto se faz mister uma análise do supracitado fenómeno,
considerando suas causas e consequências na sociedade, buscando também
descobrir os meios e possibilidades para solucionar ou amenizar o referido
problema.


      Desta forma, o presente estudo foi estruturado em diversas partes, a saber:
      Inicialmente, construiu-se uma breve abordagem sobre a violência nas
sociedades e também nas escolas; nesta parte consta ainda a relevância do estudo
sobre a violência no ambiente escolar, a justificativa que gerou a escolha desse
tema, as questões norteadoras e os objetivos que se quis alcançar;


      A segunda parte discorre sobre a violência, a violência nas sociedades
humanas, suas causas, seus tipos, a violência no espaço escolar, o professor e a
violência nas escolas.
15


      Na terceira parte são enumeradas as etapas que foram percorridas no
decorrer do presente estudo: pesquisa utilizada, ambiente investigado, instrumentos
e sujeitos da pesquisa e a coleta dos dados.

      A quarta parte mostra os dados obtidos através da aplicação do questionário
e os analisa, confrontando-os com os dizeres dos teóricos consultados. Finalmente,
em um último momento, são feitas as considerações finais acerca de tudo que foi
lido e investigado, e onde se faz observações gerais acerca do problema levantado.
16




                                   CAPÍTULO I



1. PROBLEMATIZANDO A VIOLÊNCIA


      Alguns estudiosos afirmam que a violência não é nata, ela é adquirida através
do meio ambiente em que se vive, salvo se houver algum tipo de doença patológica.
Freud ao estudar o comportamento do homem, assevera que ele tem dentro de si
uma ânsia de ódio e destruição. Segundo Colombier, Mangel e Perdriault (1999) o
potencial biológico da agressão existe no ser humano, ele sustenta, mas esse
potencial mudou bastante durante a evolução


      A violência no animal é o resultado do instinto de conservação e ele só a usa
para buscar seu alimento, lutar pelo seu território, disputar uma fêmea ou ainda,
para se defender quando se sente ameaçado. Por ser um animal, o homem também
usa a violência, só que ele extrapola os limites.


      Atualmente a violência tem crescido vertiginosamente e é a principal causa
das mortes de pessoas com todas as idades. Conforme Colombier, Mangel e
Perdriault (1999, p. 36) um relatório divulgado pela Organização Mundial de Saúde
(OMS) afirma que: “violência mata mais de 1,6 milhões de pessoas no mundo a
cada ano. Esse relatório mostra ainda que a violência responde por 14% das mortes
de homens e 7% das mortes de mulheres”.


      No Brasil, a violência também tem sido crescente nas últimas décadas, sendo
a sociedade brasileira uma das mais violentas do mundo. Há violência nas ruas
(assaltos, seqüestros), nas residências, nas escolas e ninguém sabe explicar porque
tem aumentado tanto. Assim, ela já faz parte do cotidiano do homem e a escola não
escapa dela também. Nas escolas sempre houve violência mas não nas proporções
em que se encontra agora. A complexidade da questão provém de um conjunto de
17


fatores que contribuem com diversas intensidades para o quadro dramático da
educação pública brasileira e baiana, em particular.


      A violência pode ser uma reação conseqüente a um sentimento de ameaça
ou de falência da capacidade psíquica em suportar o conjunto de pressões internas
e externas a que se está submetido, afirma Levisky (1997). Essas pressões seriam a
pobreza, desemprego, destruição da família, falta de perspectiva de vida em virtude
de políticas sociais ineficazes. Todas essas pressões explicariam a onda de crimes
que assolam a sociedade dos centros urbanos .


      A competição na sociedade capitalista é uma constante e há disputas
permanentes em quase todas as dimensões de vida cotidiana. Essa é a cultura de
uma sociedade perversa que propõe a perversão como uma conseqüência lógica de
sua forma de ser e aceita a violência como um fato natural. A violência então se
espalha em todos os setores da sociedade humana, nos lares, nas empresas, nas
ruas e até nas escolas.


      Os homens não nascem naturalmente maus, a sociedade é que os
transforma, já afirmava Rosseau (MONTAGU, 1998). Esta parece ser uma verdade
pois de fato, nenhum ser humano nasce violente, ou criminoso, o seu destino será
traçado após a nascença. Tudo indica que seu comportamento é fruto do ambiente a
que está exposto, ambiente este que pode tornar o homem um ser violento ou não.


      A violência acompanha as sociedades desde o mundo antigo quando se via
os confrontos belicosos entre as nações. As conquistas das terras eram
fundamentadas em violência e por muito tempo a história foi um conjunto de
narrativas sobre reis e generais, sendo que os fatos decisivos da história acabam
por coincidir com as grandes batalhas.


    Este problema social se encontra em todos os setores da sociedade inclusive
nas escolas onde em sua maior parte, é protagonizada pelos jovens, que se
agrupam, formando sub-culturas, sub-grupos, formando gangues. Conforme salienta
De Certeau (1995, p. 89):
18


                    Os jovens são os grandes consumidores dos meios informáticos e
                    audiovisuais, como a internet, computador, televisão e música. A
                    televisão é um dos meios que mais violência difunde e a criança ou o
                    jovem é o sujeito passivo que mais a consome. Muitos jovens
                    constroem as suas personalidades de acordo com o que observam,
                    com uma total ausência de discernimento do que é certo ou errado.


      A violência na escola tem crescido tanto nos últimos tempos que os
envolvidos na educação já estão perdendo as rédeas da situação e parecem não
saber que medidas tomar para sanar esse problema. O seu crescimento nas escolas
também tem suscitado as mais diversas opiniões sobre as causas, sendo citadas a
influência má do meio social, a falta de amor e educação familiar que forma jovens
desequilibrados.


      O que se vê atualmente no espaço escolar é o freqüente comportamento
agressivo e violento da população estudantil, apesar dos novos parâmetros
pedagógicos que pregam a não punição visando transformar atos agressivos em
novos saberes educativos, mas nem assim, os alunos estão se tornando mais
dóceis. É por isso que se faz necessário realizar um estudo sobre a violência nas
escolas e a percepção dos educadores sobre este problema social.

      A relevância social deste estudo deve-se ao fato de que a violência tem se
instalado dentro das escolas, onde existem as humilhações e as agressões físicas e
morais sofridas pelos alunos por parte de seus colegas e até de alguns professores.
Diante dessas ponderações e da relevância social desse tema, demonstrou-se
interesse em realizar este estudo sobre a violência no espaço escolar, analisando
suas causas e conseqüências. Assim, o presente estudo busca entender as causas
e conseqüências da violência no contexto escolar.


      Pergunta-se: Qual a percepção que os professores do Colégio Estadual
Rômulo Galvão têm da violência?


      Objetivou-se então com este trabalho, investigar as percepções dos
professores do Ensino Fundamental I e II, lotados no Colégio Estadual Rômulo
Galvão, sobre o problema da violência, problema este tão complexo e de difícil
solução.
19



                                 CAPÍTULO II




2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA


      Diante do problema exposto e procurando entender o porquê da violência nas
escolas, buscou-se aportes teóricos para fundamentar e nortear esta discussão.
Nesta perspectiva, a problemática e o objetivo permitem eleger as seguintes
palavras chaves: Violência, Violência escolar, Professor.



2.1 Violência nas sociedades humanas


      A palavra “violência” é descrita nos dicionários como uma ação que se faz
com o uso da força bruta. É definida também como tirania, coação, crueldade e
força. Como salienta Montagu (1998, p. 16) “desde sempre o homem exerceu e foi
alvo de violência”. Cite-se os gladiadores no coliseu lutando até morrer para deleite
da platéia, o episódio do holocausto e as guerras que sempre estiveram presentes
na história da humanidade. Os monarcas egípcios praticavam a mutilação, a tortura
e a morte dos adversários aprisionados e isso era motivo de glória e de exaltação.
Assim, eles praticavam a essência do sadismo, a paixão pelo controle ilimitado e
divinal, sobre os homens e todo o universo social.


      O comportamento que causa dano a outra pessoa, a um ser vivo e que nega
autonomia, integridade física ou psicológica, chama-se violência, afirma Girard
(1990). Este termo deriva do latim violentia que significa aplicação de força, vigor,
contra qualquer coisa ou ente. Para Montagu (1998) ela é a transgressão da ordem
e das regras sociais, o atentado direto, verbal ou físico contra a pessoa cuja vida,
saúde e integridade física ou liberdade individual correm perigo a partir da ação de
outros.


      Segundo Girard (1990) quando Freud fala sobre a violência diz que o homem
tem uma predisposição inata e nasce e cresce em sociedade violenta. Já Durkeim
20


diz que o homem se torna violento em virtude da densidade demográfica, do
desenvolvimento econômico, social e cultural de uma sociedade, que fomentam as
desigualdades e consequentemente os desvios aos valores morais. Entretanto,
Santos (1999) salienta que a agressividade é sobretudo uma manifestação do
modelo social e não um traço isolado de um comportamento individual ou particular.


      A violência parece estar arraigada à sociedade, pois está presente, implícita
ou explicitamente, na maioria das produções das sociedades. Ela apresenta parte
das contradições efetivadas por um modelo de desenvolvimento constituído nos
países subdesenvolvidos, ineficaz, de produzir um modelo de desenvolvimento
econômico que suporte significativamente frações de sociedade com melhoria de
sua capacidade de desenvolvimento.


                    Por causa do livre arbítrio o homem torna-se um agressor e é
                    justamente por meio de sua agressividade que ele construiu e
                    constrói a sua história. É por meio da agressividade que o homem
                    descobriu a grandeza da paz e a importância do perdão, no entanto,
                    os genocídios, as guerras e a destruição de povos e culturas inteiras
                    mostram que ao longo da história humana, essa mesma
                    agressividade também viabilizou propósitos destrutivos (DE
                    CERTEAU, 1995, p. 88).


    Após a segunda guerra mundial a desigualdade entre os indivíduos aumentou
significativamente e a competitividade também cresceu, pois nesses tempos atuais
se defende o aumento cada vez maior da produtividade nas atividades humanas.
Quem produz mais consegue mais, consegue se situar melhor neste mundo
capitalista e, para produzir mais, o homem passa por cima de todos os valores
éticos, tornando-se competitivamente agressivo. Como ressalta Xavier (2002, p. 41):


                    É justamente pelo fortalecimento do neoliberalismo, visualizado
                    através do acentuado crescimento das desigualdades sociais e da
                    exclusão da maioria da população brasileira da participação nos bens
                    e serviços produzidos pelo coletivo, que se torna importante
                    reconhecer essas ações como elementos desencadeadores de
                    novas expressões de violência.


      Nessa era da tecnologia as mudanças são uma constante e esse processo de
mutabilidade acaba gerando uma ausência na construção dos valores éticos entre
os indivíduos. Assim, esse movimento de mudanças tem provocado um processo de
21


ausência de valores sociais agregadores e gerado um vazio que vem sendo
preenchido pela violência, afirma Xavier (2002).


                      A mudança conceitual dos valores vem ocorrendo através de
                      gerações na sociedade brasileira, em relação a crianças, jovens,
                      adultos e idosos dos diferentes conceitos socioculturais, passando a
                      incluir a violência como um valor consensualmente aceito. Para
                      alguns grupos, a violência está associada a uma forma de
                      reconhecimento e poder em determinado grupo social, acentuando o
                      sentimento de pertencimento, virilidade e masculinidade (XAVIER,
                      2002, p. 42).


      Assim como nos tempos antigos, atualmente continuam ocorrendo guerras
entre os homens e estas, são as expressões máximas da violência humana. Cite-se
as guerras no Afeganistão e os conflitos entre Árabes e Judeus, no Oriente Médio,
ressalta Rossi (2004). Percebe-se então que a violência, sob as mais diversas
formas de apresentação, transformou-se no foco central de atenção da sociedade
atual, sendo a grande obsessão da sociedade global e gerando uma preocupação
com a busca da segurança. Atualmente a procura intensa pelas drogas, a incidência
de crimes hediondos, a decadência cultural e moral aliada ao descaso com os
valores éticos, acontecem endemicamente nas sociedades em todo o mundo. Estes
são atos violentos.


                      A história contemporânea, nacional e internacional, está semeada de
                      acontecimentos violentos. Realmente novas são as formas inusitadas
                      e destemidas com que a violência se apresenta atualmente entre
                      nós, com conseqüências imprevisíveis. Se a natureza e as
                      dimensões reais do fenômeno da violência ainda não estão
                      suficientemente esclarecidas, são bem conhecidas já as
                      transformações que ele vem produzindo nos hábitos e práticas
                      sociais das pessoas e nas virtudes que as fundamentam. O vírus da
                      violência penetra nos poros do tecido social, ameaçando a saúde
                      moral das instituições nacionais (MONTAGU, 1998, p. 16).


      Vive-se em um mundo marcado pela violência de pessoas movidas pelo ódio,
pelo rancor e pela sede de vingança e essa violência gera destruições materiais e
espirituais. A busca pelo poder prega o lucro acima de tudo, esquecendo-se dos
valores morais e espirituais. Acontece que o homem não é apenas matéria, ele é
também espírito e não deve agir como uma máquina. Quando ele passa a agir
22


apenas como matéria, ignora seus sentimentos e age como como os animais,
disputando seu terreno com violência (FROMM, 1997).


       Atualmente, com a política revolucionária da tecnologia, surge um movimento
de mudanças de valores, hábitos, costumes, códigos de ética e de conduta. Essas
mudanças vêm provocando “um processo de ausência de valores sociais
agregadores e gerado um vazio que vem sendo preenchido pela violência, ao se
substituir a autoridade pela força”, afirma Xavier (2002, p. 41).


       Acredita-se que a violência que assola as sociedades e o planeta é
conseqüência das injustiças e preconceitos que tornam difíceis as relações entre os
homens. “Muitas vezes, a violência ocorre pelo desemprego, desigualdade social,
fome e analfabetismo. Isso tudo levas as pessoas desesperadas a cometerem atos
violentos, como roubar, praticar assaltos à mão armada […]” (ATAIDE, 2004, p. 104).
No combate à violência, afirma Ataide (2004), é necessário que se busque a
superação da pobreza, da injustiça e da desigualdade social, pois só existe paz
quando existe justiça social.


       Esse problema social cresceu tanto nos últimos tempos que parece não ter
mais como ser detido, ou ao menos, ser amenizado por meio da ação policial ou da
justiça. Percebe-se que quanto mais se aumenta o efetivo policial, mais a
criminalidade aumenta. Quanto mais se constroem presídios, mais eles ficam
abarrotados. Quanto mais se julgam processos, mais eles são acumulados nas
prateleiras.


       Tudo parece indicar que o padrão de referência do mundo atual é o quadro de
violências, que tem se tornado corriqueiro e um ítem obrigatório na visão atual. “A
imoralidade da cultura da violência consiste na disseminação de sistemas morais
particularizados e irredutíveis a ideais comuns, condição prévia para que qualquer
atitude criminosa possa ser justificada e legítima”, afirma Freire Costa (1993, p. 84).


                      […] o agir violento e alguns dos discursos que o analisam tornam-se
                      tautológicos: as pressões são violentas porque a sociedade é
                      violenta; as pessoas são reativas pela necessidade de se defender
                      contra a violência; cresce a impunidade porque a sociedade é
23


                       violenta; a sociedade é violenta porque cresce a impunidade; etc.
                       (ROCHA, 1999, p. 5).


      Os atos violentos, nos dias de hoje, atingem a vida e a integridade das
pessoas e é motivo de grande preocupação por parte da sociedade. Essas
transgressões da ordem e das regras sociais atentam diretamente contra o cidadão,
cuja vida, saúde, liberdade individual e integridade física, são ameaçadas a partir da
ação de outros cidadãos.

      Os      indivíduos   violentos   geralmente são dotados      de   alto   grau   de
agressividade, que é o comportamento adaptativo intenso, ou seja , o indivíduo
violento tem dificuldade de se relacionar com o próximo e de estabelecer limites,
porque estes às vezes não foram construídos no âmbito familiar, ressalta GIRARD
(1990). Diz-se que uma pessoa é violenta quando possui padrões de educação
contrários às normas de convivência e respeito para com o outro. Esses padrões
podem ter sido formados a partir da influência de grupos de referência de valores,
de crenças e de formas de comportamento.


      Os fatores que contribuem para que os alunos manifestem violência nas
escola são vários e diversos. Os mais relevantes parecem ser a desigualdade social,
o ambiente familiar desestruturado, a indisciplina escolar, a influência de grupos e de
formas de comportamento, a competitividade (ZALUAR, 1992).


      O fator da desigualdade social, possível geradora da violência, desendadeia
atos violentos. A necessidade e a carência das condições mínimas de sobrevivência,
acaba embrutecendo o indivíduo, tornando-o violento. Por se sentir inferior aos
demais e de estar em uma posição inferior na sociedade, esse indivíduo passa a ter
uma atitude de ódio em relação aos privilegiados economicamente e, esse ódio gera
atos violentos contra a sociedade que não lhe dá oportunidade igual aos demais
indivíduos.


      No mundo capitalista o pai e a mãe se preocupam mais em trabalhar para
adquirir bens materiais para seus filhos, pois o atual modelo econômico neoliberal
valoriza mais o ter que o ser. Neste contexto, negligenciam valores como afetividade
e aproximação com seus filhos, deixando-os carentes de atenção. Não dão limites a
24


seus filhos, não têm tempo para verificar se as regras estabelecidas no lar, são
seguida pelos filhos. Desta forma, os filhos se governam, não aprendem a respeitar
o semelhante e criam suas próprias regras. Assim:


                        Inúmeras situações de violência a que muitas crianças e jovens
                        estão expostos no ambiente familiar podem representar, justamente
                        uma fragilização e negação das relações de ascendência dos adultos
                        sobre as crianças. Decorrente daí, ressentimento ed sentimento de
                        impotência podem gerar agressão e violência (XAVIER, 2002, p. 78).


          A indisciplina escolar traduz-se por uma forma de desobediência insolente às
normas da escola e do professor. Ela conduz os alunos a praticarem atos violentos
pois ela abrange a falta de limites, de respeitos às regras, aos valores e aos
professores. Os alunos indisciplinados não respeitam regras, não obedecem as
ordens, não respeitam o patrimônio escolar. A indisciplina escolar se traduz em
desrespeito, para com o colega, para com o professor, para com a própria instituição
escolar (depredação das instalações). Esse tipo de indisciplina é consequência da
falta de limites e da ausência de valores que a família não impôs (AQUINO, 1996).


          A influência dos grupos ou de comportamentos acontece quando o aluno
busca respostas para sua identidade e é nesse momento que ele se junta às
gangues, no intuito de resolver suas inquietações. Especialmente, quando a família
e a escola não estimulam valores como solidariedade, companheirismo, respeito e
tolerância, é que os jovens se sentem “empurrados” para se juntarem a grupos que
lhes dão mais atenção que a sua família, e é nesse momento que mora o perigo,
pois alguns desses grupos são gangues que não respeitam nenhuma regra da
sociedade em que vivem.


     Werthein (2000) aponta como sendo a principal causa da violência, o ambiente
familiar. Para este autor a decadência do ambiente familiar ocorre em virtude da
violência doméstica, do alcoolismo, da tóxico-dependência, da promiscuidade, da
desagregação dos casais, da ausência de valores éticos, da permissividade e da
demissão do papel educativo dos pais. “Normalmente, os indivíduos que vivem estas
problemáticas familiares são sujeitos e alvos de violência”, ressalta Werthein (2000,
p. 15).
25


2.1.1 Uma reflexão sobre os tipos de violência



      As agressões sofridas pelo ser humano acontecem sob diversas formas e em
todos os lugares. Para se ter uma idéia, a violência acontece desde que se nasce,
ou seja nos primeiros anos de vida e o que é pior, através das pessoas da própria
família. Um exemplo é a violência praticada contra os bebês no próprio lar, através
das canções de ninar como “Boi da cara preta”, “A cuca vem pegar”, “O cravo brigou
com a rosa”, “Atirei o pau no gato” e outras mais. Nas letras dessas canções prega-
se o medo, a vingança e a agressão física, que leva à criança o temor, a desavença,
a agressividade.

                     Os Contos de Fadas, elaborados incialmente para formação de
                     valores, são cheios de símbolos fálicos, desajustes, famílias
                     incompletas (viúvas, órfãs, madrastas), perdas, violentando a pureza
                     da criança, que deveria se comprazer no maravilhoso, na magia do
                     bem possível, para que introjestasse sentimentos positivos que a
                     levariam à fase adulta com maior chance de ser uma pessoa boa
                     (FREUD, 1997, p. 23).


      A violência pode se manifestar tanto através de ofensas físicas como
psicológicas. A violência física acontece através do uso da força, com o objetivo
claro de ferir, deixando marcas evidentes. São comuns murros e tapas, agressões
com diversos objetos e queimaduras causadas por objetos ou líquidos quentes. A
violência psicológica ocorre através da rejeição, depreciação, discriminação,
desrespeito e atos humilhantes. Apesar de não deixar marcas evidentes (físicas)
provoca problemas interiores para o resto da vida.


      A violência psicológica também chamada de agressão emocional, pode
desencadear graves estados psicológicos e emocionais e ser mais prejudicial que a
violência física. “É uma violência que não deixa marcas corporais visíveis, mas
emocionalmente provoca cicatrizes para toda a vida”, salienta Freud (1997, p. 12).

                   Estão incluidas como violência psicológia a mobilização emocional da
                   vítima para satisfazer a necessidade de atenção e a agressão
                   dissimulada, em que o agressor tenta fazer com que a vítima se sinta
                   inferior, dependente e culpada. São também atos violentos
                   psicológicos, a atitude de oposição e aversão, em que o agressor toma
                   certas atitudes com o intuito de provocar ou menosprezar a vítima, e
                   as ameaças de mortes (BARRETO, 2002, p. 38).
26


      Outro tipo de violência é a verbal que normalmente é manifestada através de
ofensas morais (insultos) e depreciações como também através do silêncio. Existe
ainda a violência sexual, na qual a vítima é obrigada a praticar atos sexuais contra
sua vontade. A negligência também é um tipo de violência.



2.2 A violência no espaço escolar



      A escola é um ambiente que proporciona o acesso ao exercício da cidadania,
como também pode ser um mecanismo de exclusão social. Ela é o espaço onde
crianças e jovens se encontram, compartilham códigos de comportamento, recebem
informações e expressam suas dúvidas. Entretanto, ela também é um espaço onde
a violência se manifesta de diversas formas.


      O que seria então violência escolar? Para Abramovay (2002) violência escolar
é toda ação praticada, isolada ou em grupo, dentro das instituições de ensino, com a
participação dos alunos ou dos demais envolvidos na educação (diretores,
professores e funcionários. Entre os tipos violentos praticados na escola, destacam-
se a violência física, verbal, simbólica e o Bullying (CHARLOT, 2002). A violência
física é o uso da força, provocando lesões através da força física e do uso de armas.
A violência verbal é quando ocorrem situações de opressão, humilhação,
xingamentos e palavras de baixo Calão. Violência simbólica são atitudes e condutas
discriminatórias e o Bullying que é uma manifestação de ofensas verbais, apelidos
ofensivos e depreciativos, humilhações, exclusão e discriminação.


      O tipo de violência que acontece nas escolas chamado Bullying, é o que usa
o poder para intimidar ou perseguir pessoas indefesas. Assim:


                     Bullying vem do inglês bully e significa usar a superioridade física
                     para intimidar alguém. É o tipo de comportamento agressivo, cruel,
                     intencional e repetitivo inerente às relações interpessoais. As vítimas
                     são os indivíduos considerados mais fracos e frágeis, transformados
                     em objeto de diversão e prazer por meio de “brincadeiras” maldosas
                     e intimidadoras (CONSTANTINI, 2004, p. 19).
27


      A    violência    escolar,    esse     problema      educacional,     tem    crescido
assustadoramente em todo o mundo. Sempre veiculam na mídia notícias de
estudantes mortos na sala de aula por colegas, professores agredidos e até
assassinados por alunos, vigilantes escolares agredidos, funcionários da escola em
pânico crescente. Esse quadro de violência vem aumentando cada vez mais.


                       Por ser a violência um problema da sociedade como um todo,
                       particularmente quando atinge determinados patamares de
                       intensidade, ela repercute logicamente no meio escolar, de várias
                       maneiras e por várias razões. As várias maneiras se sintetizam nos
                       seguintes cenários: atos de violência e/ou de vandalismo contra a
                       escola e seus integrantes, perpetrados por agentes externos a ela;
                       atos de violência na escola, seja praticados por agentes internos a
                       ela, seja pela presença em seu interior de agentes externos; e, enfim,
                       atos explícitos ou implícitos de violência praticados pela escola ou
                       seus dirigentes (PINO, 2007, p. 13).


      Esse é um fenômeno preocupante porque atinge de forma direta os alunos
em formação e contribui para romper com a idéia de que a escola é um local de
formação do ser humano e da educação como um todo, de que a escola é o lugar de
formação da ética e valores humanos. Acontece porém, que a escola é, em certo
sentido, “uma espécie de caixa de ressonância das turbulências sociais que ocorrem
nos diferentes meios sociais de onde procedem seus integrantes”, ressalta Pino
(2007, p. 13).


      A violência parece já ter se tornado parte do cotidiano escolar em todo o
mundo, pois sempre se ouve nos noticiários as agressões sofridas no interior das
escolas. Estas, que sempre foram representadas como um lugar seguro de
integração social, de socialização, não é mais um espaço resguardado, ao contrário,
tornou-se cenário de ocorrências violentas. Quando a violência se instala em uma
determinada escola, o ensino-aprendizagem fica afetado porque a qualidade das
aulas diminui e como conseqüência os alunos não sentem vontade de ir à escola.


      As causas desse problema social ainda não estão suficientemente explicadas,
podendo ser de ordem familiar, social ou afetiva. Colombier, Mangel e Perdriault
(1999) argumentam que a violência na escola pode ser gerada pela insatisfação
pessoal, pelo mito do progresso social, pela felicidade individual ou pela segregação.
28


Na visão desses autores a violência nas escolas se expressa quando os códigos
culturais não são compreendidos, quando os alunos não são escutados, quando as
relações de confiança são quase inexistentes, quando os envolvidos na educação se
sentem desrespeitados, ameaçados e humilhados.

      A violência no ambiente escolar traz terríveis conseqüências tanto para o
professor como para o aluno. Além de conseqüências pessoais e danos físicos,
provoca   traumas,       sentimentos   de   medo   e   insegurança,   prejudicando    o
desenvolvimento pessoal. Guimarães (1998) informa que entre as diversas
manifestações de violência, que são trazidas para as escolas, as mais graves são o
tráfico de drogas e as gangues. Estas são formadas por grupos de amigos ou por
grupos de traficantes.


      As manifestações de atos violentos nas escolas salienta Santos (1999),
ocorrem através de golpes, ferimentos, violência sexual, roubos, crimes, vandalismo;
humilhações, palavras grosseiras, falta de respeito. Portanto, atos violentos não são
apenas agressões físicas, mas também agressões verbais, como por exemplo,
agredir por meio de palavras e atitudes, que acabam por magoar alguém. Estas, não
machucam o físico, mas a alma, o ego, o interior do ser humano.


      O espaço escolar é invadido pela violência cuja manifestação vai desde
informações de cartazes com: “não haverá merenda porque não tem água” ou “não
haverá merenda por causa da indisciplina”, até a seqüência de assassinatos dentro
da escola. É uma construção social de uma sociedade perversa que propõe a
perversão como uma conseqüência lógica de sua forma de ser. A exclusão dá
resposta de modo mais brutal, mas também o mais ineficaz: não produz rebeldia
organizada em projetos de transformação social, mas de uma forma agressiva de
inclusão pela via da violência no mundo da violência (SANTOS, 2001)


                     Força, coerção e dano em relação ao outro, enquanto atos de
                     excesso, presentes nas relações de poder – seja no nível macro, do
                     Estado, seja no nível micro, entre os grupos sociais –, vêm a
                     configurar a violência social contemporânea. A violência seria a
                     relação social de excesso de poder que impede o reconhecimento do
                     outro – pessoa, classe, gênero ou raça – mediante o uso da força ou
                     da coerção, provocando algum tipo de dano, configurando o oposto
29


                     das possibilidades da     sociedade democrática contemporânea
                     (SANTOS,1999, p. 13).


      Hoje se considera que qualquer ato, atitudes e conflitos entre professores e
alunos e entre os alunos e seus colegas, são considerados indisciplina escolar.
Neste contexto, problemas que antes eram considerados indisciplina, passaram a
serem vistos como violência escolar. Deste modo, condutas autoritárias ou
repressivas da escola, até então vistas como problemas pedagógicos ou de gestão
educacional, são redefinidos como problemas de violência escolar. Essa violência
expressa as crescentes fraturas em instituições socializadoras como a família e a
escola (SANTOS,1999).


      A qualidade do ensino fica diminuída quando ocorre a violência na escola pois
esta gera indisciplina, torna os alunos inseguros, desmotivados, agressivos. Além
disso desperta nos professores o medo, angústia e estresse. Prejudica a relação
entre o professor e o aluno, entre o aluno e a escola. Enfim, tumultua todo o
processo de ensino-aprendizagem.


      Geralmente os agentes de atos violentos na escola são os alunos e os
membros de gangues, que se infiltram para poder traficarem drogas. Estes praticam
predominantemente a violência física que é manifestada através de confronto
corporal ou armado e, para eles, tudo é motivo para brigar, ou seja, a ofensa física é
o diálogo que eles usam. Normalmente, as escolas situadas nas periferias das
grandes cidades são as mais violentas e talvez isso aconteça por causa das
desigualdades sociais e da pobreza que reina nas periferias e nas favelas. Nesse
contexto, Colombier, Mangel e Perdriault (1999) salientam que a violência que os
alunos exercem , é antes de tudo, a que seu meio exerce sobre eles, pois a criança
reflete na escola as frustrações do seu dia a dia.


      Os tipos de violência praticados na escola, de acordo com Colombier, Mangel
e Perdriault (1999), são a violência física (bater, matar, estuprar, roubar, assaltar,
tiroteio), violência contra o patrimônio (destruição do mobiliário e do prédio) e
violência simbólica (humilhações, desinteresse, desvalorização do aluno). Para esse
autor, os fatores que levam o aluno a praticar atos violentos são a desigualdade
30


social e a influência de grupos e de valores. A desigualdade social, segundo Barreto
(2002), embrutece as pessoas e desperta o ódio. A influência de grupos e de valores
motiva o aluno a cometer crimes, a querer levar vantagem em tudo, a ser intolerante.
          “É dentro das gangues que os jovens alunos provam sua audácia, desafiam o
medo da morte e da prisão. É uma subcultura criminosa marcada pela violência”
(ZALUAR, 1992, p.27). Nessas gangues há fartura de drogas, de bebidas alcoólicas,
e de armas de fogo, que seduzem os jovens carentes.


          É nesse momento de sedução que o professor deve estar presente,
orientando e advertindo seu aluno sobre os perigos e as conseqüências de participar
dos grupos alienados. Ele, o professor, possui um relevante papel social nesse
sentido, uma vez que o ambiente escolar deixou de ser um lugar seguro, tornando-
se um grave problema social. Assim, o educador é um profissional que pode agir na
prevenção e resolução dos problemas de violência, podendo atuar de diferentes
formas, ou seja, com a família, com o aluno, no meio onde se registem focos de
violência e mesmo na escola como elemento mediador. Como salienta Petrus (1997,
p. 27):
                       Os setores sociais em desequilíbrio são campos de ação do
                       educador são e este tem duas funções que são: desenvolver e
                       promover a qualidade de vida de todos os cidadãos, adotar e aplicar
                       estratégias de prevenção das causas dos desequilíbrios sociais.
                       Apesar das relações entre educação social e marginalização serem
                       evidentes, com a marginalização não se esgota o âmbito da
                       educação social.


          Como se pode perceber, o trabalho do educador é prevenir e intervir em
situações de desvio ou risco, de forma a criar mudanças qualitativas. Deverá exercer
intencionalmente influências positivas nos alunos. Através de sua ação educativa ele
pode exercer influência sobre o alunado e estes, ao assimilarem e recriarem essas
influências, tornam-se capazes de estabelecer uma relação ativa e transformadora
com a sociedade (ENGUITA, 1989). A escola e seus professores formam um
universo capaz de propiciar o desenvolvimento do aluno, bem como criar condições
para que ocorram aprendizagens significativas.
31


2.3 O professor e a violência escolar



      A violência nas escolas é uma realidade incontestável e lastimável. Em todo o
mundo surgem ocorrências de agressões no espaço escolar, sejam entre os alunos
ou entre alunos e professor. Diante desse quadro os professores sentem-se
perplexos e impotentes, pois na maioria das vezes, não sabem como agir ou
prevenir os conflitos que surgem no cotidiano dos estabelecimentos de ensino.


      Acontece que os docentes foram preparados para ministrar conhecimentos e
educar os alunos e não para servir de mediador em conflitos, armados ou não. São
poucos os educadores que fizeram cursos de psicopedagoga para lidar com alunos
problemáticos, portanto, não se pode cobrar deles uma postura que não possuem.


      Essa situação é muito grave uma vez que, a escola é o local por excelência
onde o aluno tem possibilidades de vivenciar formas construtivas de interação,
adquirindo um saber que propicie as condições para o exercício da cidadania,
ressalta Charlot (2002).


      O professor enfrenta muitas dificuldades para administrar a violência que
atualmente existe nas escolas, pois para os alunos ser violento é absolutamente
normal. A violência vivenciada nas ruas e nos lares é reproduzida nas escolas pelos
alunos. O docente está sofrendo um processo de desumanização, ninguem respeita
mais a sua dignidade nem a sua autoridade. Para muitos alunos ele é apenas um
empregado do Governo que é pago para lhes ensinar.


      “O professor é visto por muitos alunos como incapaz, e agem como se
soubessem mais do que ele, reclamam do ensino, desrespeitam-no, discutem com
ele de igual para igual e o intimidam com ameaças até físicas” (SANTOS, 1999, p.
38). Diante desse quadro, crescem os problemas de saúde dos professores, tais
como, depressão, stress, esgotamento mental, síndrome do pânico. Os atestados
médicos são rotineiros no cotidiano escolar, o que configura uma situação alarmante
na área educacional, por que os docentes estão com medo, com pavor de entrar em
uma sala de aula e enfrentar alunos agressivos. Como se pode perceber a violência
na escola reflete a violência que impera na sociedade.
32


      São cobradas dos professores, ações que visem minizar ou erradicar a
violência dentro das escolas, pois todos acham que eles têm um papel fundamental
na indisciplina de seus alunos. No entanto, o professor não pode ser
responsabilizado pelos atos violentos dos alunos, por que não foi na escola que eles
aprenderam a ser agressivos.


      Aquino (1998) defende a idéia de que o professor é o responsável em
apresentar o mundo ao aluno, contribuindo para preservar sua bagagem cultural,
instruindo-os quanto aos conhecimentos acumulados e, contribuindo para a
transformação das novas gerações, inclusive no que se refere ao comportamento
agressivo.

      Acredita-se que as ações educativas do professor poderão auxiliar a mudar o
comportamento dos alunos, na medida em que possibilitam o alívio de tensões de
uma forma socialmente aceitável, abrindo espaço para a tomada de consciência das
implicações e conseqüências dos atos violentos.
33



                                   CAPÍTULO III



3. PROCESSOS METODOLÓGICOS


      Este capítulo cita as etapas percorridas no desenrolar da presente pesquisa,
ou seja, o tipo de pesquisa utilizada, o lócus estudado, os sujeitos envolvidos,
instrumentos utilizados e os procedimentos durante a coleta de dados.


      Entende-se por metodologia o processo pelo qual se pode alcançar um fim
determinado como afirma Minayo (2003): ”a metodologia inclui as concepções
teóricas de abordagem, o conjunto de técnicas que possibilitam a construção da
realidade e o sopro divino do potencial criativo do investigador”.


      Partindo deste pressuposto e levando em consideração as opções teóricas, a
questão norteadora, e principalmente, a complexidade do fato abordado, se elegeu o
método qualitativo para desenvolver a investigação.




3.1 Pesquisa utilizada



      Com relação ao tipo de pesquisa, foi utilizada a pesquisa qualitativa porque
são usadas quando se busca percepções e entendimento sobre a natureza geral de
uma questão, abrindo espaços para a interpretação do fato. O método qualitativo
muito usado nas pesquisas educacionais nas ultimas décadas, tem como
característica investigar o significado que os envolvidos dão ao assunto pesquisado.
Segundo Bodgam e Biklen (1994, p. 18) a pesquisa qualitativa pretende:


                     […] melhor compreender o comportamento e a experiência humana
                     eles procuram entender o processo pelo qual as pessoas constroem
                     significados e descrevem o que são aqueles significados. Usam
                     observações empíricas porque é com os eventos concretos do
                     comportamento humano que os investigadores podem pensar mas
                     clara e profundamente sobre a condição humana.
34




      Castro (2006, p. 109.) também se posiciona sobre a pesquisa qualitativa
afirmando que:

                      Uma pesquisa qualitativa permitiria explorar as profundidades do
                      comportamento humano de forma mais criativa e percuciente.
                      Defendo que, a pesquisa qualitativa é indissociável neste estudo,
                      visto que, as representações sociais dos agentes de pesquisa não se
                      demonstram em processos básicos, lineares e, jamais poderão ser
                      expressos em números, visto que a abordagem qualitativa analisa o
                      individuo em sua totalidade levando em consideração as suas
                      subjetividades.


      Quanto aos procedimentos técnicos foi utilizado um levantamento:de dados
que é a interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer.
Procede-se à “solicitação de informações a um grupo significativo de pessoas
acerca do problema estudado para, em seguida, mediante análise quantitativa,
obterem-se as conclusões correspondentes aos dados coletados”, ressalta Triviños
(1987, p. 21).



3.2 O ambiente investigado



      Lócus de Pesquisa propicia ao pesquisador uma vivência que traz interação
entre o pesquisador e o sujeito, proporcionando ao pesquisador uma abertura para
investigar, dialogar, a fim de perceber o fenômeno pesquisado. Deste modo
elegemos como lócus o Colégio Estadual Rômulo Galvão, situado na Av Roberto
Santos, Centro, Senhor do Bonfim Bahia. A escolha da referida escola justifica-se
por ser uma instituição que acomoda um grande número de alunos e professores
com realidade diversificada, oriundo de várias partes da cidade e município,
contendo um histórico significativo de violência no seu interior.


      O lócus é o espaço onde se consegue informações sobre o objeto
pesquisado, o lócus, de fato proporciona uma abertura para atender as indagações
do pesquisador, é nesse ambiente que os sujeitos expressam e dão legitimidade as
suas representações, demonstrando seus sentidos e subjetividade.
35


       Este colégio possui 21 salas sendo 10 salas de aula, 01 sala de informática,
01 sala de ciências, 01 biblioteca, 01 Secretaria, 01 sala de mecanografia, 01 sala
de Diretoria, 01 sala de professores, 01 sala de vídeo, 01 sala para cozinha e 2
depósitos; possui 2 pátios sendo 1 coberto e outro sem cobertura, 8 sanitários sendo
6 para os alunos (masculinos e femininos), 1 para os professores e outro para a
Diretoria.
       Quanto ao quadro de funcionários, é composto por 30 professores, 01
Diretora, 02 vice-diretoras e 01 Coordenadora, 01 merendeira, 1 secretária, 1
funcionária para serviços gerais. O colégio é frequentado por 479 alunos do Ensino
Fundamental I e II, distribuídos nos três turnos: matutino, vespertino e noturno. Este
colégio foi escolhido em virtude da disponibilidade dos professores em participar da
pesquisa.



3.3 Os participantes da pesquisa



       Como foi utilizada a pesquisa qualitativa, não se pretendeu generalizar as
informações, nem houve uma preocupação em projetar os resultados para
população, pois neste tipo de pesquisa geralmente aborda-se pequenos grupos de
entrevistados. Neste contexto, da população de 30 professores, escolheu-se uma
amostra de 11 professores, que participaram deste estudo e lecionam no colégio
acima citado, nas séries do Ensino Fundamental I e II. A escolha desses professores
aconteceu por causa da disponibilidade de em participarem da pesquisa, bem como
da boa vontade demonstrada por cada um deles.


       Nas questões que investigam o perfil dos entrevistados, foi apurado que 20%
deles possuem apenas formação inicial (Magistério), 50% está em processo de
graduação e 30% possui nível superior. Dos onze sujeitos pesquisados todos eram
mulheres, fato já captado pelo senso comum, pois o exercício da docência vem
sendo uma profissão basicamente feminina. Santos(2008, p. 1) afirma que:


                     Há um antigo discurso “natural” a inclinação das mulheres para a
                     docência. Afirmava-se que elas tinham aptidão para profissão
                     docente, pois essa passa a ser vista como extensão do lar. Assim,
36


                     essa profissão passa a adquirir características marcantemente
                     femininas, tais como, fragilidade, afetividade, paciência, doação, etc.


      Há algum tempo atrás, salienta Rabelo (2009), era significativa a presença do
sexo masculino na docência, fato este que começou a diminuir em virtude de um
salário com valor muito baixo, o que desestimulou os homens. As mulheres, ao
contrário, não se importavam com a remuneração baixa e passaram a ocupar cada
vez mais as docências nas escolas.



3.4 Os instrumentos utilizados



      Foi realizada a observação participante, posteriormente uma entrevista semi-
estruturada e a elaboração de um questionário misto, visando identificar o a
percepção dos professores sobre a violência. Nas pesquisas do tipo qualitativo, os
dados são colhidos por meio de questionário estruturado com perguntas claras e
objetivas, já que devem garantir a uniformidade de entendimento dos entrevistados e
conseqüentemente a padronização dos resultados.


      O questionário aberto é um instrumento de coleta de dados constituído por
uma série ordenada de perguntas que devem ser respondidas por escrito e sem a
presença do investigador. Assim:


                     [...] os pesquisados se sentem mais livres para exprimir opiniões que
                     temem ser desaprovados ou que podem colocá-los em dificuldades,
                     menos pressões para uma resposta imediata, o pesquisado pode
                     pensar com calma (GOLDEMBERG, 2000, pp. 87-88).



3.5 A coleta de dados



      Esta é uma das etapas mais importantes de qualquer estudo e deve ser
criteriosa e autêntica. Para Ludke e Menga (1986, p. 45):


                     Analisar os dados qualitativos significa “trabalhar” todo material
                     obtido durante a pesquisa, ou seja, os relatos de observação, as
                     transcrições da entrevista, as análises de documentos e as demais
37


                     informações disponíveis. A tarefa de análise implica, num primeiro
                     momento, a organização de todo o material, dividindo-o em partes,
                     relacionando essas partes e procurando identificar nele tendências e
                     padrões relevantes. Num segundo momento essas tendências e
                     padrões são avaliados, buscando-se relações e interferências num
                     nível de abstração mais elevado.


       Procedeu-se então a análise dos resultados obtidos, análises estas, que
foram realizadas a partir das questões respondidas pelos professores que
indicassem a sua percepção acerca da violência na escola. As falas das
entrevistadas foram colocadas na íntegra, respeitando-se o seu posicionamento. Por
último, os resultados analisados foram colocados em gráficos para serem melhor
compreendidos.
38




                                       CAPÍTULO IV



4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS


       De acordo com os dados obtidos através da aplicação dos questionários,
pôde-se constatar resultados acerca do que pensam os professores do Colégio
Estadual Romulo Galvão sobre a questão da violência escolar, bem como a
problemática da violência no referido colégio.


       A coleta de dados é uma etapa das mais importantes em um estudo de
campo. De acordo com Goldemberg (2000, p. 19) a coleta de dados é “o ponto que
exige muita sensibilidade para que se aproveite o máximo possível dos dados
coletados e da teoria estudada”. Veja-se então os resultados, abaixo citados.



4.1 O posicionamento dos entrevistados



       Todas as professoras que participaram da pesquisa responderam que se
preocupam com a violência que existe nas escolas, por que o espaço escolar é o
local onde se educa e se prepara para a vida, não devendo existir neste espaço um
lugar para a violência e sim, para a formação de atitudes. Eis o disse uma delas:


                        Porque a escola é o lugar por excelência, onde há formação para a
                        vida, para o futuro. E como fica essa formação marcada pela
                        violência?(PA1).



       Realmente, a escola é uma instituição cujo papel é o de proporcionar aos
alunos, a formação humana e a capacitação, assegurando-lhes o desenvolvimento
de seus potenciais. Ela é um lugar de conhecimentos. “É especialmente na escola

1
 Utilizaremos a consoante P maiúscula, seguida de letra em ordem alfabética, para assegurar e
ocultar a identidade dos sujeitos da pesquisa.
39


que esses sujeitos aprendem, pela convivência, a construir mundos possíveis,
pautados em relações éticas de prestígio do outro em sua legitimidade” (SOUZA,
2002, p. 184).


      Outras professoras disseram que a violência é preocupante porque
desequilibra o ambiente escolar e o respeito entre os envolvidos no processo de
ensino/aprendizagem.


                     Porque acaba gerando rivalidades entre as turmas, dificultando o
                     desempenho nas aulas e a integração entre os alunos, o que acaba
                     afetando os professores e causando redução no desenvolvimento
                     das aulas. (PE).


                     Porque é notório na escola as diversas formas de violência. Medidas
                     urgentes devem ser tomadas em conjunto, ou seja, escola,
                     comunidade e políticos (PB).


      Estes resultados são corroborados por Sposito (1998) quando ele salienta
que a escola, como instituição que faz parte da sociedade, sofre os reflexos dos
fatores de violência manifestados dentro da sala de aula, comprometendo o
aprendizado e as relações interpessoais.


      Mais outras professoras disseram que a violência na escola é preocupante
porque retrata a violência que existe nas sociedades em geral:


                     A escola reflete a sociedade. Vivemos uma época em que a mídia
                     reproduz a violência e isto aparece também na escola. (PC).


                     Não só na escola, mas em todos os segmentos da sociedade, a
                     violência é preocupante. A violência gera violência e tem que ser
                     coibida. Entretanto, é preciso que seja feito um trabalho de
                     reestruturação das famílias, que é a base de tudo (PD).


      Realmente, como disseram as entrevistadas acima, a violência escolar é um
fato de grande preocupação, pois ela reflete a sociedade em que se vive. Uma vez
que o espaço escolar é um local de formação como pode haver nele um clima de
violência? Acontece que os alunos aprendem a ser violentos fora da escola e
quando entram no espaço escolar, continuam a praticar a violência a que estão
acostumados.
40



       A escola reproduz os conceitos e ações de outros contextos institucionais,
como as sociedades, a família, a mídia. Esses conceitos e ações se refletem no
interior das relações escolares, ressalta Marques (1997). Atualmente, uma grande
parte dos alunos vão para a escola armados e, como salienta Colombier, Mangel e
Perdriault (1999, p. 15):


                       Muitos alunos da rede pública de ensino já viram uma arma de fogo
                       dentro da unidade escolar, já viram armas brancas como canivete e
                       punhal e isso é muito preocupante, pois já foram também ameaçados
                       de alguma forma.


       Nos últimos tempos é cada vez mais frequente os professores apreenderem
nas salas de aula pedaços de pau, canivetes, revólveres e drogas. Principalmente
as drogas, que são consumidas ou vendidas dentro das escolas, conduzem a atos
violentos, preocupando os envolvidos na educação, que se sentem impotentes
diante desse quadro.



4.1.1 Definição de violência na escola



       Quando se pediu às professoras que definissem violência escolar, houve um
consenso nas respostas obtidas, pois todas disseram que violência escolar é todo
ato de vandalismo, de agressão física e verbal, de discriminação por parte dos
alunos e também dos professores. Uma das entrevistadas afirmou que violência
escolar é a violação dos direitos humanos.


                       Atos de vandalismo, agressão física e verbal (PA).

                       É quando se perde o respeito entre o professor e o aluno, pois o
                       aluno de hoje perdeu a noção do limite (PB).

                        São as ameaças, agressões verbais, discriminação de raça, cor,
                       opção sexual, agressões de ordem psicológica (PC).

                        Violência na escola     é   tudo   que   agride     física,   moral    e
                       psicologicamente (PD).


                       É a conseqüência da falta de estrutura das famílias, da perda de
                       autoridade dos pais. Quando um adolescente não respeita sua
                       família, não vai respeitar o professor e daí, surge a violência (PE).
41




      Concordando com as repostas acima, Sposito (2001, p. 60) afirma que
“Violência é todo ato que implica a ruptura de um anexo social pelo uso da força.
Nega-se assim, a possibilidade da relação social que se instala pela comunicação,
pelo uso da palavra, pelo diálogo e pelo conflito”.


      Violência é então, toda e qualquer ação que prejudique o bem-estar, a
integridade física, psicológica ou a liberdade e o direito ao pleno desenvolvimento de
um cidadão. É ainda, a omissão em defender os semelhantes.



4.1.2 Com relação às causas da violência escolar


      Com relação a esta questão (Figura 1), a maioria (73%) das entrevistadas
mencionou como causas a família desestruturada, ausência de educação doméstica
e regras e valores sociais deturpados. Outras (18%) mencionaram como causas da
violência escolar as injustiças sociais e o modelo errado de modernidade e
naturalização da violência. Outras (9%) ainda citaram a necessidade de auto-
afirmação.


      As causas da violência, portanto, são diversas como o abandono, os maus
tratos e a negligência da família, as injustiças sociais que geram as desigualdades
entre as pessoas e a naturalização da violência que já é encarada como algo
normal. Sobre esse fato Sposito (2001) se posiciona ressaltando que a violência
praticada por adolescentes na escola pode ser um indicativo concreto de protesto
contra os valores transmitidos nessa instituição, os quais não respondem as suas
expectativas e necessidades concretas.
42



                                                           Sem educação
                                                           doméstica, familia
                 9%                                        desestruturada e regras
                                                           e valores sociais
 18%                                                       deturpados
                                                           Injustiças sociais e
                                                           modelo errado de
                                                           modernidade e
                                                           naturalização da
                                                           violência
                                                           Necessidade de
                                             73%
                                                           autoafirmação



Figura 1. Causas da violência na escola 1
Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos da pesquisa



       Para Zaluar (1992) as causas da violência na escola podem ser a
desmotivação, punições injustas, professores crispados pelas políticas educativas e
a visão negativa que os alunos têm da escola. Uma outra causa da violência na
escola são os alunos problemáticos que não querem nada da escola e estão lá
apenas porque são forçados pela família a frequentar as aulas. Pode ser também a
permissividade com que a escola aceita determinadas formas de violência que, por
isso, acabam naturalmente incorporadas ao cotidiano escolar (GUIMARÃES, 1996).


       A violência na escola poder ser decorrente também do ambiente anti-social
que se encontra em vários estabelecimentos públicos de ensino como: sujos,
cercados de grades como se fossem um presídio, feios e de baixa qualidade de
ensino, sem nenhuma sedução para o aluno.


       Um outro fator que gera violência na escola é a indisciplina escolar, que é
resultante da falta de educação doméstica, pois quando os pais não ditam as regras
básicas de convivência social, estão dando a entender que tudo é permitido,
inclusive o desrespeito ao semelhante. Assim, alunos indisciplinados e mal
educados agridem colegas e atormentam os professores, que não conseguem
controlá-los na sala de aula. Nesse contexto, o respeito pelo professor passou a ser
algo raro nas escolas em geral. Como consequência de todo esse processo, o aluno
tende a se afastar da escola, a ter medo de frequentá-la pois não se reconhece nela
. A violência provoca então a evasão escolar, dentre outras.
43


4.1.3 Ocorrência de atos violentos no Colégio Estadual Rômulo Galvão



       Os atos violentos (Figura 2) na escola pesquisada, segundo (82%) das
professoras que participaram da pesquisa, ocorrem freqüentemente. Entretanto, as
demais (18%) professoras disseram não ocorrer nenhuma violência no referido
colégio. As que afirmaram não ocorrer atos violentos na escola ora pesquisada,
informaram ainda que nunca presenciaram estes atos, mas já tomaram
conhecimento através de outros docentes que eles aconteciam com serta
frequência. Como se pode perceber a violência é uma realidade também no local de
estudo, o que permite a constatação da existência real da problemática no universo
selecionado.


          18%




                                                                      SIM   NÃO




                                           82%



Figura 2. Ocorrência de atos violentos
Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos da pesquisa


       A pesquisa reafirma o que diz Benevides (1996), quando afirma que esta
realidade está estampada até nos grandes estabelecimentos de ensino, o que
comprova que a sociedade está ficando cada vez mais violenta. Nos depoimentos
dos sujeitos da pesquisa ficou evidente que a violência é cada vez mais praticada no
interior das escolas.


       Quanto às docentes que disseram não ocorrer atos violentos na escola,
parece que elas não atentaram para o fato de que violência na escola não é apenas
aquela praticada contra os alunos, mas também às agressões dirigidas ao prédio
onde funciona a escola, tais como depredação e deteorização do patrimônio escolar,
invasões, roubos e destruições, como ressaltam Spósito (1994) e Barreto (2002).
Neste sentido Spósito (2001, p. 37) salienta que:
44



                         […] é possível que este tipo de violência se manifeste como uma
                         forma de protesto escolar e também como expressão de crítica aos
                         serviços prestados, à impossibilidade do uso de suas dependências
                         para recreação, ou até mesmo, como forma de revide em relação às
                         agressões vividas no cotidiano da escola.


       Geralmente para os educadores a violência se evidencia, de forma mais clara,
na relação entre os alunos. Os professores parecem não perceber que atitudes
violentas também são aquelas dirigidas contra a instituição escolar, dirigidas pelos
professores, diretores e coordenadores pedagógicos contra os alunos e vice-versa.
É como se os professores, diretores e coordenadores pedagógicos fossem isentos
de práticas violentas.



4.1.4 Natureza dos atos violentos e os atores envolvidos nesses atos.



       Perguntou-se às professoras que responderam afirmativamente à questão
anterior sobre a natureza dos atos violentos cometidos pelos alunos. A maioria delas
(45%) respondeu que são de natureza verbal, 33% afirmou ser de natureza física,
enquanto 22% diz ser de natureza física, psicológica e verbal.

                                                                     Natureza verbal
         22%

                                                45%
                                                                     Natureza física



                                                                     Natureza fisica,
         33%                                                         verbal e
                                                                     psicológica


Figura 3. Natureza dos atos violentos
Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos da pesquisa


       Santos (2001) explica que violência física é quando ocorre um dano por meio
de força física com algum tipo de arma ou instrumento que possa causar lesões.
Violência psicológica inclui toda ação ou omissão que causa ou visa a causar dano à
auto-estima, à identidade ou ao desenvolvimento da pessoa. Esta é a forma mais
subjetiva, embora seja muito freqüente a associação com agressões corporais,
45


deixando   profundas    marcas       no   desenvolvimento   do    indivíduo,   podendo
comprometer toda a vida mental.

      Os resultados apontaram que a natureza da violência que mais ocorre é a
agressão verbal, embora todos os tipos mencionados (verbal, física e física,
psicológica e verbal) tenham sido citados por uma grande parte dos professores. É
interessante destacar que atitudes como apelidos, racismo, discriminação, e outras
atitudes que ocorrem nas relações sociais, são de natureza verbal e psicológica.

      Quando se fala em violência pensa-se logo em ataques físicos, mas ela se
manifesta também através de insultos, ameaças, comentários de duplo sentido. Há
pouca diferença entre o uso hostil das palavras e um ataque físico, afirma          De
Certeau (1995). Quem agride verbalmente também fere moralmente e isso é pior
que uma agressão física.



4.1.5 Com relação às maiores dificuldades que os professores sentem em
harmonizar a convivência entre os alunos.


      Os professores informaram que as dificuldades (Tabela 1) em manter a
harmonia entre os alunos são as mais variadas. Citaram (5%) ausência de familiares
na escola, falta de respeito (20%), diferenças sociais (20%), falta de estrutura
escolar (25%) e descontrole emocional dos alunos (30%), dentre outras.

Tabela 1. Dificuldades citadas pelos professores do C. E. Rômulo Galvão.
        Dificuldades                                  Percentual de entrevistados
Falta de respeito ao semelhante                                  20%
Ausência de apoio dos pais ou responsáveis                       5%
Falta de estrutura escolar                                       25%
Diferenças sociais entre os alunos                               20%
Falta de controle emocional dos alunos                           30%




      Considerando-se que a violência é a expressão do sentimento intolerável de
fúria, que se projeta através do corpo em atos e reações, torna-se muito difícil de ser
46


controlada. O aluno é um ser social que se relaciona com seus semelhantes e os
conflitos dessa convivência é muito comum, principalmente na sociedade permissiva
atual.


         Acredita-se que uma das maiores dificuldades em controlar a violência na
escola é o aspecto cultural que é um grande catalisador do comportamento humano.
Principalmente entre os alunos do sexo masculino, a reação a uma provocação é
obrigatória pois a cultura apregoa que não revidar a uma ofensa é covardia e
ninguém quer ser covarde.


         Para Matos e Carvalhosa (2001) em uma sociedade que valoriza a violência
através da exposição pública nos meios de entretenimento que apresentam a
violência como algo honroso e típico da auto-estima masculina, é quase impossível
manter a paz entre os alunos nas escolas. Além disso, a falta de educação
doméstica, que não impõe limites aos atos das crianças, acaba por torná-las adultos
sem freio, achando que podem tudo.



4.1.6 Com relação às medidas tomadas pelo professor diante dos atos
violentos cometidos pelos alunos.



         Diante dos atos violentos praticados pelos seus alunos (Figura 4), a maioria
(64%) das professoras afirmaram que dão uma advertência e em seguida
comunicam aos pais. Outras (27%) professoras informaram que inicialmente
comunicam aos pais e depois dão uma advertência e uma suspensão. As demais
(9%) entrevistadas disseram que comunicam aos pais, advertem, suspendem o
aluno para em seguida expulsá-lo da escola, ou seja, aplicam todas as penalidades
previstas no código escolar, dependendo do caso.


         Os achados acima são corroborados por Ataide (2004) quando afirmam que a
melhor forma de prevenir a violência é garantir a punição dos atores do ato violento,
pois os indivíduos pensarão duas vezes antes de praticarem algum ato violento e
farão tudo para evitar as conseqüências legais das suas atitudes. Entretanto, Pino
(2007) é contra a aplicação de punições afirmando que quanto mais se pune, mais o
47


ódio e a violência se desenvolverão, além de aumentar o sentimento de exclusão e
revolta contra a sociedade.

                  9%                                          Aplicam advertência e
                                                              comunicam aos pais

 27%
                                                              Comunicam aos pais,
                                                              advertem e suspendem o
                                                              aluno
                                                 64%          Aplicam todas as punições:
                                                              advertem, suspendem e
                                                              expulsam o aluno



Figura 4. Punições aplicadas
Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos da pesquisa




       Nos casos das ocorrências citadas acima, a mais utilizada pelos professores
é a advertência, que, acredita-se, não provoca sentimentos de exclusão nem de
revolta. Para controlar os ímpetos violentos dos alunos todas as punições são
válidas porque se assim não for, a violência tomará conta do espaço escolar mais do
que já está.


       As violações dos direitos humanos, especialmente as que atingem a vida e a
integridade física dos indivíduos, deve ser punida com rigor. Será que o aumento da
violência nas escolas não é uma conseqüência da impunidade, da proteção ao
menor dada através do Estatuto da criança e do adolescente?


       Segundo Pino (2007) alguns estudos atestam que após a criação desse
estatuto, o índice de violência e agressões na escola aumentou pois os
adolescentes se sentem amparados pela Lei e não respeitam mestres e colegas.
Quando praticam algum ato violento, os adolescentes dizem em seguida que
ninguém pode revidar suas ofensas: “Cuidado! Eu sou menor! Olhe o Estatuto do
Adolescente!”. Percebe-se então que eles se sentem autorizados a praticar
agressões e violência, pois não podem ser punidos nem ofendidos.
48



                                CONSIDERAÇÕES FINAIS


      Todas as professoras foram enfáticas em afirmar que se preocupam demais
com o problema da violência nas escolas em todo o mundo, porque se a escola é o
espaço de desenvolvimento das habilidades do aluno como poderá lidar com essa
problemática da violência?


      Compreendemos assim, diante dos discursos dos sujeitos pesquisados que
os fatores que levam o aluno a praticar atos violentos, são na sua maioria reflexos
da educação de uma sociedade desigual onde quase todos os valores foram
deturpados e não esta baseada no respeito da pessoa humana


      Os achados na pesquisa permitiram constatar a presença concreta do
fenômeno em questão, embora em níveis bem inferiores aos alardeados pela mídia.
Pelo discurso dos sujeitos entrevistados, percebeu-se que a maioria dos atos
violentos são de natureza verbal, embora hajam também agressões físicas entre
alunos e depredação do patrimônio escolar.


      Portanto, grande parte das violências apontadas se enquadram mais no grupo
das incivilidades, dos conflitos ou das micro violências, como salienta Santos (2001).


      Quanto    à   definição    de   violência   escolar   percebemos   que    houve
unilateralidade das Informações, pois os docentes apontam como atos violentos os
vandalismos contra o patrimônio escolar, as agressões físicas e verbais, a violação
dos direitos humanos, as discriminações, dentre outras.


      Os procedimentos adotados pelos professores para coibir as praticas de
violências registrados na escola em que atuam são considerados legais, e vão
desde de reuniões com os pais, que quase sempre ficam prejudicados pela ausência
destes, ou pelo entendimento de que a educação é tarefa exclusiva da escola, até
medidas extremas como a expulsão
49


      Assim sendo, a relevância social e pedagógica da presente pesquisa,
concentra-se na sua contribuição para o desenvolvimento de conhecimentos sobre a
violência na escola, mostrando dados que poderão servir para minimizar essa
problemática, bem como incitar outros questionamentos sobre a forma de capacitar
os professores para lidar com esse problema.

      Este estudo merece ser continuado e aperfeiçoado, através da inclusão de
discussões e reflexões sobre a violência escolar, sobretudo aquelas que já se
tornaram rotineiras como a dilapidação do patrimônio e as agressões verbais,
vivenciadas pelos discentes e docentes, pois, somente assim a escola poderá
cumprir o seu papel de contribuir para o desenvolvimento da cultura da paz,
ajudando a construir ações que visem a promoção dos valores de respeito,
fraternidade e de convivência pacífica, condição essencial para o enfrentamento de
problemáticas sociais como a presença da violência na escola.
50




                              REFERÊNCIAS


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Janeiro: Ed. Garamond , 1999, p. 73.

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conhecimento. São Paulo: Summus, 1996.

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Sociedade. Trad: Ana Paula de Viveiros. Portugal: Instituto Piaget, 2004, p. 16.

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2006.

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futuro. São Paulo, Editora Abril, 12 de mai,1993, p.83-89.

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51


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52


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97022001000100008&script=sci_arttext> Acesso em 06 out 2009.

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1999, p. 13 – 38.

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Paulo, v. 104, p. 58-75, 1998.

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Brasil. Revista da Faculdade de Educação da USP – Educação e Pesquisa, São
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qualitativa em educação. São Paulo: Atlas , 1987, p. 21.

XAVIER, M. L. M. Disciplina na escola: enfrentamentos e reflexões. Porto Alegre:
Mediação, 2002, p. 41-42 -78.

WERTHEIN, J. Juventude, Violência e Cidadania. Brasília, UNESCO, 2000, p. 15.

ZALUAR, A. Violência e educação. São Paulo, Cortez editora, 1992.
53




APÊNDICES
54


QUESTIONÁRIO APLICADO AOS PROFESSORES DO COLÉGIO ESTADUAL
ROMULO GALVÃO, SENHOR DO BONFIM – BAHIA.



       Professor, a violência na escola pode assumir diversas formas, como por
exemplo. xingamentos, discriminação sobre raça ou cor, agressões fisicas,
ameaças, humilhações. Nesse contexto, contamos com sua colaboração no sentido
de nos prestar alguns esclarecimentos sobre a violência na escola.


Professor:


1. Você acha que a violência na escola é preocupante? Justifique.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________


2. Para você, o que é violência na escola?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________


3. Na sua opinião, quais as causas da violência escolar?
[ ] Ausência de educação doméstica
[ ] Família desestruturada
[ ] Necessidade de auto afirmação
[ ] Modelo errado de modernidade e naturalização da violência
[ ] Regras e valores sociais deturpados
[ ] Injustiças sociais


4. Ocorrem atos de violência no interior desta escola?


[ ] SIM                    [ ] NÃO


5. Qual a natureza desses atos de violência e quais os atores envolvidos?
[ ] Física           [ ] Psicológica         [ ] Verbal
55


[ ] Verbal e física     [ ] Verbal e psicológica


6. Quais as maiores dificuldades encontradas pelos professores para que os
alunos tenham uma convivência escolar harmônica ?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________


7. Como você tenta punir os atos de violência cometidos por seus alunos?
[ ] Advertência         [ ] Suspensão              [ ] Expulsão


[ ] Comunica aos pais         [ ] Transferência para outra escola

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  • 1. UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII JOSEMAR CÉSAR DA SILVA DISCUTINDO A VIOLÊNCIA NO AMBIENTE ESCOLAR: UM ESTUDO NO COLÉGIO ESTADUAL RÔMULO GALVÃO. SENHOR DO BONFIM 2010
  • 2. JOSEMAR CÉSAR DA SILVA DISCUTINDO A VIOLÊNCIA NO AMBIENTE ESCOLAR: UM ESTUDO NO COLÉGIO ESTADUAL RÔMULO GALVÃO. Monografia apresentada à Universidade do Estado da Bahia - UNEB, como requisito parcial para obtenção do título de licenciado em Pedagogia. Orientador: Profº. Romilson Moreira do Carmo SENHOR DO BONFIM 2010
  • 3. JOSEMAR CÉSAR DA SILVA DISCUTINDO A VIOLÊNCIA NO AMBIENTE ESCOLAR: UM ESTUDO NO COLÉGIO ESTADUAL RÔMULO GALVÃO. BANCA EXAMINADORA: ___________________________________________ AVALIADOR (A) ___________________________________________ AVALIADOR (A) ___________________________________________ PROFº. ROMILSON MOREIRA DO CARMO ORIENTADOR
  • 4. “Quem conhece a violência e quem sabe de onde veio? A violência das escolas é a mesma das ruas, do trabalho, é a mesma de dentro de casa”. SILVA
  • 5. Dedico esta monografia especialmente a DEUS, por ter me iluminado e conduzido pelos caminhos do SABER. Aos meus pais exemplo de dedicação e amor. Ao meu filho, com quem deixei de brincar para estudar Aos colegas pela compreensão e cumplicidade. A todo que de forma direta e indireta contribuíram comigo nesta caminhada.
  • 6. AGRADECIMENTOS As dificuldades existem para serem vencidas; os caminhos existem para serem percorridos; as vitórias existem para serem conquistadas; As honrarias existem para serem recebidas! Por ter vencido dificuldades, ter percorrido caminhos, ter conquistado vitórias e estar recebendo agora as honrarias, agradeço: AO MEU ORIENTADOR, por ter aberto os meus caminhos; UNEB, pelo Curso oferecido.
  • 7. RESUMO A violência escolar é uma realidade em todo o mundo. Alunos e professores são ameaçados, agredidos e mortos, os prédios escolares são alvos de depredação, arrombamentos e furtos. Esta situação é preocupante e de difícil solução. Diante desse quadro surgiu o interesse em realizar o presente estudo com o intuito de fazer uma abordagem sobre a violência na escola, suas possíveis causas e suas conseqüências, investigando as percepções dos professores do Ensino Fundamental I e II, lotados no Colégio Estadual Rômulo Galvão, sobre este problema tão complexo e de difícil solução. Nesse contexto utilizou-se como instrumento para coleta de dados um questionário aberto semi-estruturado, para investigar a percepção dos professores sobre a vioência escolar. Foi constatado que no colégio objeto de estudo a violência sempre acontece. Os docentes tentam coibir os atos violentos com advertência, suspensões e até com expulsão do aluno. . PALAVRAS CHAVES: Violência. Violência escolar e Professor.
  • 8. ABSTRAC School violence is a reality throughout the world. Students and teachers are threatened, beaten or killed, the school buildings are targets for vandalism, burglary and theft. This situation is worrying and difficult to solve. Given this situation led us to conduct this study in order to make an approach to school violence, its possible causes and consequences, investigating the perceptions of teachers in Middle School, crowded in the State College Romulo Galvão, on this problem as complex and difficult solution. In this context it was used as a tool for collecting data a semi- structured questionnaire that was administered to 11 teachers crowded in that school, to investigate their perceptions of school violence. Data collection took place from November 20 to 02 December 2009 and found that the school subject of study, violence is always the case. Teachers punish violent acts with warnings, suspensions and even expulsion of the student. KEY WORDS: Violence. School violence, Teacher.
  • 9. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ..........................................................................................................14 CAPÍTULO I ..............................................................................................................16 1. PROBLEMATIZANDO A VIOLÊNCIA................................................................16 CAPÍTULO II .............................................................................................................19 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .........................................................................19 2.1 Violência nas sociedades humanas .............................................................19 2.1.1 Uma reflexão sobre os tipos de violência..................................................25 2.2 A violência no espaço escolar ......................................................................26 2.3 O professor e a violência escolar .................................................................31 CAPÍTULO III ............................................................................................................33 3. PROCESSOS METODOLÓGICOS ...................................................................33 3.1 Pesquisa utilizada ........................................................................................33 3.2 O ambiente investigado................................................................................34 3.3 Os participantes da pesquisa .......................................................................35 3.4 Os instrumentos utilizados ...........................................................................36 3.5 A coleta de dados.........................................................................................36 CAPÍTULO IV............................................................................................................38 4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS .....................................................38 4.1 O posicionamento dos entrevistados ...........................................................38 4.1.1 Definição de violência na escola ...............................................................40 4.1.2 Com relação às causas da violência escolar ............................................41 4.1.3 Ocorrência de atos violentos no Colégio Estadual Rômulo Galvão ..........43 4.1.4 Natureza dos atos violentos e os atores envolvidos nesses atos. ............44 4.1.5 Com relação às maiores dificuldades que os professores sentem em harmonizar a convivência entre os alunos. ........................................................45 4.1.6 Com relação às medidas tomadas pelo professor diante dos atos violentos cometidos pelos alunos......................................................................................46 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................48 REFERÊNCIAS.........................................................................................................50
  • 10. 12 LISTA DE FIGURAS Figura 01: Causas da violência nas escolas.............................................................42 Figura 02: Ocorrência de atos violentos....................................................................43 Figura 03: natureza dos atos violentos......................................................................44 Figura 04: Punições aplicadas.................................................................................. 47
  • 11. 13 LISTA DE TABELAS Tabela 01: Dificuldades.........................................................................................45
  • 12. 14 INTRODUÇÃO A violência escolar é um fenômeno que vem ganhando proporções consideráveis nas últimas décadas. Sabe-se que as causas que desencadeiam esse fenômeno são de natureza diversas, entre as quais destaca-se as desigualdades sociais, a desestruturação das famílias e a inversão de valores, decorrente do modelo neoliberal que valoriza o ter em detrimento do ser, o que dificulta a convivência entre os homens. A escola é uma instituição cujo papel é proporcionar aos alunos a formação humana e capacitação, assegurando-lhes o desenvolvimento dos seus potenciais, é o lugar por excelência de preparo para o futuro e para a vida. Sabendo que a violência escolar é hoje uma realidade incontestável, esta configura-se um grave problema social. Diante do exposto se faz mister uma análise do supracitado fenómeno, considerando suas causas e consequências na sociedade, buscando também descobrir os meios e possibilidades para solucionar ou amenizar o referido problema. Desta forma, o presente estudo foi estruturado em diversas partes, a saber: Inicialmente, construiu-se uma breve abordagem sobre a violência nas sociedades e também nas escolas; nesta parte consta ainda a relevância do estudo sobre a violência no ambiente escolar, a justificativa que gerou a escolha desse tema, as questões norteadoras e os objetivos que se quis alcançar; A segunda parte discorre sobre a violência, a violência nas sociedades humanas, suas causas, seus tipos, a violência no espaço escolar, o professor e a violência nas escolas.
  • 13. 15 Na terceira parte são enumeradas as etapas que foram percorridas no decorrer do presente estudo: pesquisa utilizada, ambiente investigado, instrumentos e sujeitos da pesquisa e a coleta dos dados. A quarta parte mostra os dados obtidos através da aplicação do questionário e os analisa, confrontando-os com os dizeres dos teóricos consultados. Finalmente, em um último momento, são feitas as considerações finais acerca de tudo que foi lido e investigado, e onde se faz observações gerais acerca do problema levantado.
  • 14. 16 CAPÍTULO I 1. PROBLEMATIZANDO A VIOLÊNCIA Alguns estudiosos afirmam que a violência não é nata, ela é adquirida através do meio ambiente em que se vive, salvo se houver algum tipo de doença patológica. Freud ao estudar o comportamento do homem, assevera que ele tem dentro de si uma ânsia de ódio e destruição. Segundo Colombier, Mangel e Perdriault (1999) o potencial biológico da agressão existe no ser humano, ele sustenta, mas esse potencial mudou bastante durante a evolução A violência no animal é o resultado do instinto de conservação e ele só a usa para buscar seu alimento, lutar pelo seu território, disputar uma fêmea ou ainda, para se defender quando se sente ameaçado. Por ser um animal, o homem também usa a violência, só que ele extrapola os limites. Atualmente a violência tem crescido vertiginosamente e é a principal causa das mortes de pessoas com todas as idades. Conforme Colombier, Mangel e Perdriault (1999, p. 36) um relatório divulgado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que: “violência mata mais de 1,6 milhões de pessoas no mundo a cada ano. Esse relatório mostra ainda que a violência responde por 14% das mortes de homens e 7% das mortes de mulheres”. No Brasil, a violência também tem sido crescente nas últimas décadas, sendo a sociedade brasileira uma das mais violentas do mundo. Há violência nas ruas (assaltos, seqüestros), nas residências, nas escolas e ninguém sabe explicar porque tem aumentado tanto. Assim, ela já faz parte do cotidiano do homem e a escola não escapa dela também. Nas escolas sempre houve violência mas não nas proporções em que se encontra agora. A complexidade da questão provém de um conjunto de
  • 15. 17 fatores que contribuem com diversas intensidades para o quadro dramático da educação pública brasileira e baiana, em particular. A violência pode ser uma reação conseqüente a um sentimento de ameaça ou de falência da capacidade psíquica em suportar o conjunto de pressões internas e externas a que se está submetido, afirma Levisky (1997). Essas pressões seriam a pobreza, desemprego, destruição da família, falta de perspectiva de vida em virtude de políticas sociais ineficazes. Todas essas pressões explicariam a onda de crimes que assolam a sociedade dos centros urbanos . A competição na sociedade capitalista é uma constante e há disputas permanentes em quase todas as dimensões de vida cotidiana. Essa é a cultura de uma sociedade perversa que propõe a perversão como uma conseqüência lógica de sua forma de ser e aceita a violência como um fato natural. A violência então se espalha em todos os setores da sociedade humana, nos lares, nas empresas, nas ruas e até nas escolas. Os homens não nascem naturalmente maus, a sociedade é que os transforma, já afirmava Rosseau (MONTAGU, 1998). Esta parece ser uma verdade pois de fato, nenhum ser humano nasce violente, ou criminoso, o seu destino será traçado após a nascença. Tudo indica que seu comportamento é fruto do ambiente a que está exposto, ambiente este que pode tornar o homem um ser violento ou não. A violência acompanha as sociedades desde o mundo antigo quando se via os confrontos belicosos entre as nações. As conquistas das terras eram fundamentadas em violência e por muito tempo a história foi um conjunto de narrativas sobre reis e generais, sendo que os fatos decisivos da história acabam por coincidir com as grandes batalhas. Este problema social se encontra em todos os setores da sociedade inclusive nas escolas onde em sua maior parte, é protagonizada pelos jovens, que se agrupam, formando sub-culturas, sub-grupos, formando gangues. Conforme salienta De Certeau (1995, p. 89):
  • 16. 18 Os jovens são os grandes consumidores dos meios informáticos e audiovisuais, como a internet, computador, televisão e música. A televisão é um dos meios que mais violência difunde e a criança ou o jovem é o sujeito passivo que mais a consome. Muitos jovens constroem as suas personalidades de acordo com o que observam, com uma total ausência de discernimento do que é certo ou errado. A violência na escola tem crescido tanto nos últimos tempos que os envolvidos na educação já estão perdendo as rédeas da situação e parecem não saber que medidas tomar para sanar esse problema. O seu crescimento nas escolas também tem suscitado as mais diversas opiniões sobre as causas, sendo citadas a influência má do meio social, a falta de amor e educação familiar que forma jovens desequilibrados. O que se vê atualmente no espaço escolar é o freqüente comportamento agressivo e violento da população estudantil, apesar dos novos parâmetros pedagógicos que pregam a não punição visando transformar atos agressivos em novos saberes educativos, mas nem assim, os alunos estão se tornando mais dóceis. É por isso que se faz necessário realizar um estudo sobre a violência nas escolas e a percepção dos educadores sobre este problema social. A relevância social deste estudo deve-se ao fato de que a violência tem se instalado dentro das escolas, onde existem as humilhações e as agressões físicas e morais sofridas pelos alunos por parte de seus colegas e até de alguns professores. Diante dessas ponderações e da relevância social desse tema, demonstrou-se interesse em realizar este estudo sobre a violência no espaço escolar, analisando suas causas e conseqüências. Assim, o presente estudo busca entender as causas e conseqüências da violência no contexto escolar. Pergunta-se: Qual a percepção que os professores do Colégio Estadual Rômulo Galvão têm da violência? Objetivou-se então com este trabalho, investigar as percepções dos professores do Ensino Fundamental I e II, lotados no Colégio Estadual Rômulo Galvão, sobre o problema da violência, problema este tão complexo e de difícil solução.
  • 17. 19 CAPÍTULO II 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Diante do problema exposto e procurando entender o porquê da violência nas escolas, buscou-se aportes teóricos para fundamentar e nortear esta discussão. Nesta perspectiva, a problemática e o objetivo permitem eleger as seguintes palavras chaves: Violência, Violência escolar, Professor. 2.1 Violência nas sociedades humanas A palavra “violência” é descrita nos dicionários como uma ação que se faz com o uso da força bruta. É definida também como tirania, coação, crueldade e força. Como salienta Montagu (1998, p. 16) “desde sempre o homem exerceu e foi alvo de violência”. Cite-se os gladiadores no coliseu lutando até morrer para deleite da platéia, o episódio do holocausto e as guerras que sempre estiveram presentes na história da humanidade. Os monarcas egípcios praticavam a mutilação, a tortura e a morte dos adversários aprisionados e isso era motivo de glória e de exaltação. Assim, eles praticavam a essência do sadismo, a paixão pelo controle ilimitado e divinal, sobre os homens e todo o universo social. O comportamento que causa dano a outra pessoa, a um ser vivo e que nega autonomia, integridade física ou psicológica, chama-se violência, afirma Girard (1990). Este termo deriva do latim violentia que significa aplicação de força, vigor, contra qualquer coisa ou ente. Para Montagu (1998) ela é a transgressão da ordem e das regras sociais, o atentado direto, verbal ou físico contra a pessoa cuja vida, saúde e integridade física ou liberdade individual correm perigo a partir da ação de outros. Segundo Girard (1990) quando Freud fala sobre a violência diz que o homem tem uma predisposição inata e nasce e cresce em sociedade violenta. Já Durkeim
  • 18. 20 diz que o homem se torna violento em virtude da densidade demográfica, do desenvolvimento econômico, social e cultural de uma sociedade, que fomentam as desigualdades e consequentemente os desvios aos valores morais. Entretanto, Santos (1999) salienta que a agressividade é sobretudo uma manifestação do modelo social e não um traço isolado de um comportamento individual ou particular. A violência parece estar arraigada à sociedade, pois está presente, implícita ou explicitamente, na maioria das produções das sociedades. Ela apresenta parte das contradições efetivadas por um modelo de desenvolvimento constituído nos países subdesenvolvidos, ineficaz, de produzir um modelo de desenvolvimento econômico que suporte significativamente frações de sociedade com melhoria de sua capacidade de desenvolvimento. Por causa do livre arbítrio o homem torna-se um agressor e é justamente por meio de sua agressividade que ele construiu e constrói a sua história. É por meio da agressividade que o homem descobriu a grandeza da paz e a importância do perdão, no entanto, os genocídios, as guerras e a destruição de povos e culturas inteiras mostram que ao longo da história humana, essa mesma agressividade também viabilizou propósitos destrutivos (DE CERTEAU, 1995, p. 88). Após a segunda guerra mundial a desigualdade entre os indivíduos aumentou significativamente e a competitividade também cresceu, pois nesses tempos atuais se defende o aumento cada vez maior da produtividade nas atividades humanas. Quem produz mais consegue mais, consegue se situar melhor neste mundo capitalista e, para produzir mais, o homem passa por cima de todos os valores éticos, tornando-se competitivamente agressivo. Como ressalta Xavier (2002, p. 41): É justamente pelo fortalecimento do neoliberalismo, visualizado através do acentuado crescimento das desigualdades sociais e da exclusão da maioria da população brasileira da participação nos bens e serviços produzidos pelo coletivo, que se torna importante reconhecer essas ações como elementos desencadeadores de novas expressões de violência. Nessa era da tecnologia as mudanças são uma constante e esse processo de mutabilidade acaba gerando uma ausência na construção dos valores éticos entre os indivíduos. Assim, esse movimento de mudanças tem provocado um processo de
  • 19. 21 ausência de valores sociais agregadores e gerado um vazio que vem sendo preenchido pela violência, afirma Xavier (2002). A mudança conceitual dos valores vem ocorrendo através de gerações na sociedade brasileira, em relação a crianças, jovens, adultos e idosos dos diferentes conceitos socioculturais, passando a incluir a violência como um valor consensualmente aceito. Para alguns grupos, a violência está associada a uma forma de reconhecimento e poder em determinado grupo social, acentuando o sentimento de pertencimento, virilidade e masculinidade (XAVIER, 2002, p. 42). Assim como nos tempos antigos, atualmente continuam ocorrendo guerras entre os homens e estas, são as expressões máximas da violência humana. Cite-se as guerras no Afeganistão e os conflitos entre Árabes e Judeus, no Oriente Médio, ressalta Rossi (2004). Percebe-se então que a violência, sob as mais diversas formas de apresentação, transformou-se no foco central de atenção da sociedade atual, sendo a grande obsessão da sociedade global e gerando uma preocupação com a busca da segurança. Atualmente a procura intensa pelas drogas, a incidência de crimes hediondos, a decadência cultural e moral aliada ao descaso com os valores éticos, acontecem endemicamente nas sociedades em todo o mundo. Estes são atos violentos. A história contemporânea, nacional e internacional, está semeada de acontecimentos violentos. Realmente novas são as formas inusitadas e destemidas com que a violência se apresenta atualmente entre nós, com conseqüências imprevisíveis. Se a natureza e as dimensões reais do fenômeno da violência ainda não estão suficientemente esclarecidas, são bem conhecidas já as transformações que ele vem produzindo nos hábitos e práticas sociais das pessoas e nas virtudes que as fundamentam. O vírus da violência penetra nos poros do tecido social, ameaçando a saúde moral das instituições nacionais (MONTAGU, 1998, p. 16). Vive-se em um mundo marcado pela violência de pessoas movidas pelo ódio, pelo rancor e pela sede de vingança e essa violência gera destruições materiais e espirituais. A busca pelo poder prega o lucro acima de tudo, esquecendo-se dos valores morais e espirituais. Acontece que o homem não é apenas matéria, ele é também espírito e não deve agir como uma máquina. Quando ele passa a agir
  • 20. 22 apenas como matéria, ignora seus sentimentos e age como como os animais, disputando seu terreno com violência (FROMM, 1997). Atualmente, com a política revolucionária da tecnologia, surge um movimento de mudanças de valores, hábitos, costumes, códigos de ética e de conduta. Essas mudanças vêm provocando “um processo de ausência de valores sociais agregadores e gerado um vazio que vem sendo preenchido pela violência, ao se substituir a autoridade pela força”, afirma Xavier (2002, p. 41). Acredita-se que a violência que assola as sociedades e o planeta é conseqüência das injustiças e preconceitos que tornam difíceis as relações entre os homens. “Muitas vezes, a violência ocorre pelo desemprego, desigualdade social, fome e analfabetismo. Isso tudo levas as pessoas desesperadas a cometerem atos violentos, como roubar, praticar assaltos à mão armada […]” (ATAIDE, 2004, p. 104). No combate à violência, afirma Ataide (2004), é necessário que se busque a superação da pobreza, da injustiça e da desigualdade social, pois só existe paz quando existe justiça social. Esse problema social cresceu tanto nos últimos tempos que parece não ter mais como ser detido, ou ao menos, ser amenizado por meio da ação policial ou da justiça. Percebe-se que quanto mais se aumenta o efetivo policial, mais a criminalidade aumenta. Quanto mais se constroem presídios, mais eles ficam abarrotados. Quanto mais se julgam processos, mais eles são acumulados nas prateleiras. Tudo parece indicar que o padrão de referência do mundo atual é o quadro de violências, que tem se tornado corriqueiro e um ítem obrigatório na visão atual. “A imoralidade da cultura da violência consiste na disseminação de sistemas morais particularizados e irredutíveis a ideais comuns, condição prévia para que qualquer atitude criminosa possa ser justificada e legítima”, afirma Freire Costa (1993, p. 84). […] o agir violento e alguns dos discursos que o analisam tornam-se tautológicos: as pressões são violentas porque a sociedade é violenta; as pessoas são reativas pela necessidade de se defender contra a violência; cresce a impunidade porque a sociedade é
  • 21. 23 violenta; a sociedade é violenta porque cresce a impunidade; etc. (ROCHA, 1999, p. 5). Os atos violentos, nos dias de hoje, atingem a vida e a integridade das pessoas e é motivo de grande preocupação por parte da sociedade. Essas transgressões da ordem e das regras sociais atentam diretamente contra o cidadão, cuja vida, saúde, liberdade individual e integridade física, são ameaçadas a partir da ação de outros cidadãos. Os indivíduos violentos geralmente são dotados de alto grau de agressividade, que é o comportamento adaptativo intenso, ou seja , o indivíduo violento tem dificuldade de se relacionar com o próximo e de estabelecer limites, porque estes às vezes não foram construídos no âmbito familiar, ressalta GIRARD (1990). Diz-se que uma pessoa é violenta quando possui padrões de educação contrários às normas de convivência e respeito para com o outro. Esses padrões podem ter sido formados a partir da influência de grupos de referência de valores, de crenças e de formas de comportamento. Os fatores que contribuem para que os alunos manifestem violência nas escola são vários e diversos. Os mais relevantes parecem ser a desigualdade social, o ambiente familiar desestruturado, a indisciplina escolar, a influência de grupos e de formas de comportamento, a competitividade (ZALUAR, 1992). O fator da desigualdade social, possível geradora da violência, desendadeia atos violentos. A necessidade e a carência das condições mínimas de sobrevivência, acaba embrutecendo o indivíduo, tornando-o violento. Por se sentir inferior aos demais e de estar em uma posição inferior na sociedade, esse indivíduo passa a ter uma atitude de ódio em relação aos privilegiados economicamente e, esse ódio gera atos violentos contra a sociedade que não lhe dá oportunidade igual aos demais indivíduos. No mundo capitalista o pai e a mãe se preocupam mais em trabalhar para adquirir bens materiais para seus filhos, pois o atual modelo econômico neoliberal valoriza mais o ter que o ser. Neste contexto, negligenciam valores como afetividade e aproximação com seus filhos, deixando-os carentes de atenção. Não dão limites a
  • 22. 24 seus filhos, não têm tempo para verificar se as regras estabelecidas no lar, são seguida pelos filhos. Desta forma, os filhos se governam, não aprendem a respeitar o semelhante e criam suas próprias regras. Assim: Inúmeras situações de violência a que muitas crianças e jovens estão expostos no ambiente familiar podem representar, justamente uma fragilização e negação das relações de ascendência dos adultos sobre as crianças. Decorrente daí, ressentimento ed sentimento de impotência podem gerar agressão e violência (XAVIER, 2002, p. 78). A indisciplina escolar traduz-se por uma forma de desobediência insolente às normas da escola e do professor. Ela conduz os alunos a praticarem atos violentos pois ela abrange a falta de limites, de respeitos às regras, aos valores e aos professores. Os alunos indisciplinados não respeitam regras, não obedecem as ordens, não respeitam o patrimônio escolar. A indisciplina escolar se traduz em desrespeito, para com o colega, para com o professor, para com a própria instituição escolar (depredação das instalações). Esse tipo de indisciplina é consequência da falta de limites e da ausência de valores que a família não impôs (AQUINO, 1996). A influência dos grupos ou de comportamentos acontece quando o aluno busca respostas para sua identidade e é nesse momento que ele se junta às gangues, no intuito de resolver suas inquietações. Especialmente, quando a família e a escola não estimulam valores como solidariedade, companheirismo, respeito e tolerância, é que os jovens se sentem “empurrados” para se juntarem a grupos que lhes dão mais atenção que a sua família, e é nesse momento que mora o perigo, pois alguns desses grupos são gangues que não respeitam nenhuma regra da sociedade em que vivem. Werthein (2000) aponta como sendo a principal causa da violência, o ambiente familiar. Para este autor a decadência do ambiente familiar ocorre em virtude da violência doméstica, do alcoolismo, da tóxico-dependência, da promiscuidade, da desagregação dos casais, da ausência de valores éticos, da permissividade e da demissão do papel educativo dos pais. “Normalmente, os indivíduos que vivem estas problemáticas familiares são sujeitos e alvos de violência”, ressalta Werthein (2000, p. 15).
  • 23. 25 2.1.1 Uma reflexão sobre os tipos de violência As agressões sofridas pelo ser humano acontecem sob diversas formas e em todos os lugares. Para se ter uma idéia, a violência acontece desde que se nasce, ou seja nos primeiros anos de vida e o que é pior, através das pessoas da própria família. Um exemplo é a violência praticada contra os bebês no próprio lar, através das canções de ninar como “Boi da cara preta”, “A cuca vem pegar”, “O cravo brigou com a rosa”, “Atirei o pau no gato” e outras mais. Nas letras dessas canções prega- se o medo, a vingança e a agressão física, que leva à criança o temor, a desavença, a agressividade. Os Contos de Fadas, elaborados incialmente para formação de valores, são cheios de símbolos fálicos, desajustes, famílias incompletas (viúvas, órfãs, madrastas), perdas, violentando a pureza da criança, que deveria se comprazer no maravilhoso, na magia do bem possível, para que introjestasse sentimentos positivos que a levariam à fase adulta com maior chance de ser uma pessoa boa (FREUD, 1997, p. 23). A violência pode se manifestar tanto através de ofensas físicas como psicológicas. A violência física acontece através do uso da força, com o objetivo claro de ferir, deixando marcas evidentes. São comuns murros e tapas, agressões com diversos objetos e queimaduras causadas por objetos ou líquidos quentes. A violência psicológica ocorre através da rejeição, depreciação, discriminação, desrespeito e atos humilhantes. Apesar de não deixar marcas evidentes (físicas) provoca problemas interiores para o resto da vida. A violência psicológica também chamada de agressão emocional, pode desencadear graves estados psicológicos e emocionais e ser mais prejudicial que a violência física. “É uma violência que não deixa marcas corporais visíveis, mas emocionalmente provoca cicatrizes para toda a vida”, salienta Freud (1997, p. 12). Estão incluidas como violência psicológia a mobilização emocional da vítima para satisfazer a necessidade de atenção e a agressão dissimulada, em que o agressor tenta fazer com que a vítima se sinta inferior, dependente e culpada. São também atos violentos psicológicos, a atitude de oposição e aversão, em que o agressor toma certas atitudes com o intuito de provocar ou menosprezar a vítima, e as ameaças de mortes (BARRETO, 2002, p. 38).
  • 24. 26 Outro tipo de violência é a verbal que normalmente é manifestada através de ofensas morais (insultos) e depreciações como também através do silêncio. Existe ainda a violência sexual, na qual a vítima é obrigada a praticar atos sexuais contra sua vontade. A negligência também é um tipo de violência. 2.2 A violência no espaço escolar A escola é um ambiente que proporciona o acesso ao exercício da cidadania, como também pode ser um mecanismo de exclusão social. Ela é o espaço onde crianças e jovens se encontram, compartilham códigos de comportamento, recebem informações e expressam suas dúvidas. Entretanto, ela também é um espaço onde a violência se manifesta de diversas formas. O que seria então violência escolar? Para Abramovay (2002) violência escolar é toda ação praticada, isolada ou em grupo, dentro das instituições de ensino, com a participação dos alunos ou dos demais envolvidos na educação (diretores, professores e funcionários. Entre os tipos violentos praticados na escola, destacam- se a violência física, verbal, simbólica e o Bullying (CHARLOT, 2002). A violência física é o uso da força, provocando lesões através da força física e do uso de armas. A violência verbal é quando ocorrem situações de opressão, humilhação, xingamentos e palavras de baixo Calão. Violência simbólica são atitudes e condutas discriminatórias e o Bullying que é uma manifestação de ofensas verbais, apelidos ofensivos e depreciativos, humilhações, exclusão e discriminação. O tipo de violência que acontece nas escolas chamado Bullying, é o que usa o poder para intimidar ou perseguir pessoas indefesas. Assim: Bullying vem do inglês bully e significa usar a superioridade física para intimidar alguém. É o tipo de comportamento agressivo, cruel, intencional e repetitivo inerente às relações interpessoais. As vítimas são os indivíduos considerados mais fracos e frágeis, transformados em objeto de diversão e prazer por meio de “brincadeiras” maldosas e intimidadoras (CONSTANTINI, 2004, p. 19).
  • 25. 27 A violência escolar, esse problema educacional, tem crescido assustadoramente em todo o mundo. Sempre veiculam na mídia notícias de estudantes mortos na sala de aula por colegas, professores agredidos e até assassinados por alunos, vigilantes escolares agredidos, funcionários da escola em pânico crescente. Esse quadro de violência vem aumentando cada vez mais. Por ser a violência um problema da sociedade como um todo, particularmente quando atinge determinados patamares de intensidade, ela repercute logicamente no meio escolar, de várias maneiras e por várias razões. As várias maneiras se sintetizam nos seguintes cenários: atos de violência e/ou de vandalismo contra a escola e seus integrantes, perpetrados por agentes externos a ela; atos de violência na escola, seja praticados por agentes internos a ela, seja pela presença em seu interior de agentes externos; e, enfim, atos explícitos ou implícitos de violência praticados pela escola ou seus dirigentes (PINO, 2007, p. 13). Esse é um fenômeno preocupante porque atinge de forma direta os alunos em formação e contribui para romper com a idéia de que a escola é um local de formação do ser humano e da educação como um todo, de que a escola é o lugar de formação da ética e valores humanos. Acontece porém, que a escola é, em certo sentido, “uma espécie de caixa de ressonância das turbulências sociais que ocorrem nos diferentes meios sociais de onde procedem seus integrantes”, ressalta Pino (2007, p. 13). A violência parece já ter se tornado parte do cotidiano escolar em todo o mundo, pois sempre se ouve nos noticiários as agressões sofridas no interior das escolas. Estas, que sempre foram representadas como um lugar seguro de integração social, de socialização, não é mais um espaço resguardado, ao contrário, tornou-se cenário de ocorrências violentas. Quando a violência se instala em uma determinada escola, o ensino-aprendizagem fica afetado porque a qualidade das aulas diminui e como conseqüência os alunos não sentem vontade de ir à escola. As causas desse problema social ainda não estão suficientemente explicadas, podendo ser de ordem familiar, social ou afetiva. Colombier, Mangel e Perdriault (1999) argumentam que a violência na escola pode ser gerada pela insatisfação pessoal, pelo mito do progresso social, pela felicidade individual ou pela segregação.
  • 26. 28 Na visão desses autores a violência nas escolas se expressa quando os códigos culturais não são compreendidos, quando os alunos não são escutados, quando as relações de confiança são quase inexistentes, quando os envolvidos na educação se sentem desrespeitados, ameaçados e humilhados. A violência no ambiente escolar traz terríveis conseqüências tanto para o professor como para o aluno. Além de conseqüências pessoais e danos físicos, provoca traumas, sentimentos de medo e insegurança, prejudicando o desenvolvimento pessoal. Guimarães (1998) informa que entre as diversas manifestações de violência, que são trazidas para as escolas, as mais graves são o tráfico de drogas e as gangues. Estas são formadas por grupos de amigos ou por grupos de traficantes. As manifestações de atos violentos nas escolas salienta Santos (1999), ocorrem através de golpes, ferimentos, violência sexual, roubos, crimes, vandalismo; humilhações, palavras grosseiras, falta de respeito. Portanto, atos violentos não são apenas agressões físicas, mas também agressões verbais, como por exemplo, agredir por meio de palavras e atitudes, que acabam por magoar alguém. Estas, não machucam o físico, mas a alma, o ego, o interior do ser humano. O espaço escolar é invadido pela violência cuja manifestação vai desde informações de cartazes com: “não haverá merenda porque não tem água” ou “não haverá merenda por causa da indisciplina”, até a seqüência de assassinatos dentro da escola. É uma construção social de uma sociedade perversa que propõe a perversão como uma conseqüência lógica de sua forma de ser. A exclusão dá resposta de modo mais brutal, mas também o mais ineficaz: não produz rebeldia organizada em projetos de transformação social, mas de uma forma agressiva de inclusão pela via da violência no mundo da violência (SANTOS, 2001) Força, coerção e dano em relação ao outro, enquanto atos de excesso, presentes nas relações de poder – seja no nível macro, do Estado, seja no nível micro, entre os grupos sociais –, vêm a configurar a violência social contemporânea. A violência seria a relação social de excesso de poder que impede o reconhecimento do outro – pessoa, classe, gênero ou raça – mediante o uso da força ou da coerção, provocando algum tipo de dano, configurando o oposto
  • 27. 29 das possibilidades da sociedade democrática contemporânea (SANTOS,1999, p. 13). Hoje se considera que qualquer ato, atitudes e conflitos entre professores e alunos e entre os alunos e seus colegas, são considerados indisciplina escolar. Neste contexto, problemas que antes eram considerados indisciplina, passaram a serem vistos como violência escolar. Deste modo, condutas autoritárias ou repressivas da escola, até então vistas como problemas pedagógicos ou de gestão educacional, são redefinidos como problemas de violência escolar. Essa violência expressa as crescentes fraturas em instituições socializadoras como a família e a escola (SANTOS,1999). A qualidade do ensino fica diminuída quando ocorre a violência na escola pois esta gera indisciplina, torna os alunos inseguros, desmotivados, agressivos. Além disso desperta nos professores o medo, angústia e estresse. Prejudica a relação entre o professor e o aluno, entre o aluno e a escola. Enfim, tumultua todo o processo de ensino-aprendizagem. Geralmente os agentes de atos violentos na escola são os alunos e os membros de gangues, que se infiltram para poder traficarem drogas. Estes praticam predominantemente a violência física que é manifestada através de confronto corporal ou armado e, para eles, tudo é motivo para brigar, ou seja, a ofensa física é o diálogo que eles usam. Normalmente, as escolas situadas nas periferias das grandes cidades são as mais violentas e talvez isso aconteça por causa das desigualdades sociais e da pobreza que reina nas periferias e nas favelas. Nesse contexto, Colombier, Mangel e Perdriault (1999) salientam que a violência que os alunos exercem , é antes de tudo, a que seu meio exerce sobre eles, pois a criança reflete na escola as frustrações do seu dia a dia. Os tipos de violência praticados na escola, de acordo com Colombier, Mangel e Perdriault (1999), são a violência física (bater, matar, estuprar, roubar, assaltar, tiroteio), violência contra o patrimônio (destruição do mobiliário e do prédio) e violência simbólica (humilhações, desinteresse, desvalorização do aluno). Para esse autor, os fatores que levam o aluno a praticar atos violentos são a desigualdade
  • 28. 30 social e a influência de grupos e de valores. A desigualdade social, segundo Barreto (2002), embrutece as pessoas e desperta o ódio. A influência de grupos e de valores motiva o aluno a cometer crimes, a querer levar vantagem em tudo, a ser intolerante. “É dentro das gangues que os jovens alunos provam sua audácia, desafiam o medo da morte e da prisão. É uma subcultura criminosa marcada pela violência” (ZALUAR, 1992, p.27). Nessas gangues há fartura de drogas, de bebidas alcoólicas, e de armas de fogo, que seduzem os jovens carentes. É nesse momento de sedução que o professor deve estar presente, orientando e advertindo seu aluno sobre os perigos e as conseqüências de participar dos grupos alienados. Ele, o professor, possui um relevante papel social nesse sentido, uma vez que o ambiente escolar deixou de ser um lugar seguro, tornando- se um grave problema social. Assim, o educador é um profissional que pode agir na prevenção e resolução dos problemas de violência, podendo atuar de diferentes formas, ou seja, com a família, com o aluno, no meio onde se registem focos de violência e mesmo na escola como elemento mediador. Como salienta Petrus (1997, p. 27): Os setores sociais em desequilíbrio são campos de ação do educador são e este tem duas funções que são: desenvolver e promover a qualidade de vida de todos os cidadãos, adotar e aplicar estratégias de prevenção das causas dos desequilíbrios sociais. Apesar das relações entre educação social e marginalização serem evidentes, com a marginalização não se esgota o âmbito da educação social. Como se pode perceber, o trabalho do educador é prevenir e intervir em situações de desvio ou risco, de forma a criar mudanças qualitativas. Deverá exercer intencionalmente influências positivas nos alunos. Através de sua ação educativa ele pode exercer influência sobre o alunado e estes, ao assimilarem e recriarem essas influências, tornam-se capazes de estabelecer uma relação ativa e transformadora com a sociedade (ENGUITA, 1989). A escola e seus professores formam um universo capaz de propiciar o desenvolvimento do aluno, bem como criar condições para que ocorram aprendizagens significativas.
  • 29. 31 2.3 O professor e a violência escolar A violência nas escolas é uma realidade incontestável e lastimável. Em todo o mundo surgem ocorrências de agressões no espaço escolar, sejam entre os alunos ou entre alunos e professor. Diante desse quadro os professores sentem-se perplexos e impotentes, pois na maioria das vezes, não sabem como agir ou prevenir os conflitos que surgem no cotidiano dos estabelecimentos de ensino. Acontece que os docentes foram preparados para ministrar conhecimentos e educar os alunos e não para servir de mediador em conflitos, armados ou não. São poucos os educadores que fizeram cursos de psicopedagoga para lidar com alunos problemáticos, portanto, não se pode cobrar deles uma postura que não possuem. Essa situação é muito grave uma vez que, a escola é o local por excelência onde o aluno tem possibilidades de vivenciar formas construtivas de interação, adquirindo um saber que propicie as condições para o exercício da cidadania, ressalta Charlot (2002). O professor enfrenta muitas dificuldades para administrar a violência que atualmente existe nas escolas, pois para os alunos ser violento é absolutamente normal. A violência vivenciada nas ruas e nos lares é reproduzida nas escolas pelos alunos. O docente está sofrendo um processo de desumanização, ninguem respeita mais a sua dignidade nem a sua autoridade. Para muitos alunos ele é apenas um empregado do Governo que é pago para lhes ensinar. “O professor é visto por muitos alunos como incapaz, e agem como se soubessem mais do que ele, reclamam do ensino, desrespeitam-no, discutem com ele de igual para igual e o intimidam com ameaças até físicas” (SANTOS, 1999, p. 38). Diante desse quadro, crescem os problemas de saúde dos professores, tais como, depressão, stress, esgotamento mental, síndrome do pânico. Os atestados médicos são rotineiros no cotidiano escolar, o que configura uma situação alarmante na área educacional, por que os docentes estão com medo, com pavor de entrar em uma sala de aula e enfrentar alunos agressivos. Como se pode perceber a violência na escola reflete a violência que impera na sociedade.
  • 30. 32 São cobradas dos professores, ações que visem minizar ou erradicar a violência dentro das escolas, pois todos acham que eles têm um papel fundamental na indisciplina de seus alunos. No entanto, o professor não pode ser responsabilizado pelos atos violentos dos alunos, por que não foi na escola que eles aprenderam a ser agressivos. Aquino (1998) defende a idéia de que o professor é o responsável em apresentar o mundo ao aluno, contribuindo para preservar sua bagagem cultural, instruindo-os quanto aos conhecimentos acumulados e, contribuindo para a transformação das novas gerações, inclusive no que se refere ao comportamento agressivo. Acredita-se que as ações educativas do professor poderão auxiliar a mudar o comportamento dos alunos, na medida em que possibilitam o alívio de tensões de uma forma socialmente aceitável, abrindo espaço para a tomada de consciência das implicações e conseqüências dos atos violentos.
  • 31. 33 CAPÍTULO III 3. PROCESSOS METODOLÓGICOS Este capítulo cita as etapas percorridas no desenrolar da presente pesquisa, ou seja, o tipo de pesquisa utilizada, o lócus estudado, os sujeitos envolvidos, instrumentos utilizados e os procedimentos durante a coleta de dados. Entende-se por metodologia o processo pelo qual se pode alcançar um fim determinado como afirma Minayo (2003): ”a metodologia inclui as concepções teóricas de abordagem, o conjunto de técnicas que possibilitam a construção da realidade e o sopro divino do potencial criativo do investigador”. Partindo deste pressuposto e levando em consideração as opções teóricas, a questão norteadora, e principalmente, a complexidade do fato abordado, se elegeu o método qualitativo para desenvolver a investigação. 3.1 Pesquisa utilizada Com relação ao tipo de pesquisa, foi utilizada a pesquisa qualitativa porque são usadas quando se busca percepções e entendimento sobre a natureza geral de uma questão, abrindo espaços para a interpretação do fato. O método qualitativo muito usado nas pesquisas educacionais nas ultimas décadas, tem como característica investigar o significado que os envolvidos dão ao assunto pesquisado. Segundo Bodgam e Biklen (1994, p. 18) a pesquisa qualitativa pretende: […] melhor compreender o comportamento e a experiência humana eles procuram entender o processo pelo qual as pessoas constroem significados e descrevem o que são aqueles significados. Usam observações empíricas porque é com os eventos concretos do comportamento humano que os investigadores podem pensar mas clara e profundamente sobre a condição humana.
  • 32. 34 Castro (2006, p. 109.) também se posiciona sobre a pesquisa qualitativa afirmando que: Uma pesquisa qualitativa permitiria explorar as profundidades do comportamento humano de forma mais criativa e percuciente. Defendo que, a pesquisa qualitativa é indissociável neste estudo, visto que, as representações sociais dos agentes de pesquisa não se demonstram em processos básicos, lineares e, jamais poderão ser expressos em números, visto que a abordagem qualitativa analisa o individuo em sua totalidade levando em consideração as suas subjetividades. Quanto aos procedimentos técnicos foi utilizado um levantamento:de dados que é a interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. Procede-se à “solicitação de informações a um grupo significativo de pessoas acerca do problema estudado para, em seguida, mediante análise quantitativa, obterem-se as conclusões correspondentes aos dados coletados”, ressalta Triviños (1987, p. 21). 3.2 O ambiente investigado Lócus de Pesquisa propicia ao pesquisador uma vivência que traz interação entre o pesquisador e o sujeito, proporcionando ao pesquisador uma abertura para investigar, dialogar, a fim de perceber o fenômeno pesquisado. Deste modo elegemos como lócus o Colégio Estadual Rômulo Galvão, situado na Av Roberto Santos, Centro, Senhor do Bonfim Bahia. A escolha da referida escola justifica-se por ser uma instituição que acomoda um grande número de alunos e professores com realidade diversificada, oriundo de várias partes da cidade e município, contendo um histórico significativo de violência no seu interior. O lócus é o espaço onde se consegue informações sobre o objeto pesquisado, o lócus, de fato proporciona uma abertura para atender as indagações do pesquisador, é nesse ambiente que os sujeitos expressam e dão legitimidade as suas representações, demonstrando seus sentidos e subjetividade.
  • 33. 35 Este colégio possui 21 salas sendo 10 salas de aula, 01 sala de informática, 01 sala de ciências, 01 biblioteca, 01 Secretaria, 01 sala de mecanografia, 01 sala de Diretoria, 01 sala de professores, 01 sala de vídeo, 01 sala para cozinha e 2 depósitos; possui 2 pátios sendo 1 coberto e outro sem cobertura, 8 sanitários sendo 6 para os alunos (masculinos e femininos), 1 para os professores e outro para a Diretoria. Quanto ao quadro de funcionários, é composto por 30 professores, 01 Diretora, 02 vice-diretoras e 01 Coordenadora, 01 merendeira, 1 secretária, 1 funcionária para serviços gerais. O colégio é frequentado por 479 alunos do Ensino Fundamental I e II, distribuídos nos três turnos: matutino, vespertino e noturno. Este colégio foi escolhido em virtude da disponibilidade dos professores em participar da pesquisa. 3.3 Os participantes da pesquisa Como foi utilizada a pesquisa qualitativa, não se pretendeu generalizar as informações, nem houve uma preocupação em projetar os resultados para população, pois neste tipo de pesquisa geralmente aborda-se pequenos grupos de entrevistados. Neste contexto, da população de 30 professores, escolheu-se uma amostra de 11 professores, que participaram deste estudo e lecionam no colégio acima citado, nas séries do Ensino Fundamental I e II. A escolha desses professores aconteceu por causa da disponibilidade de em participarem da pesquisa, bem como da boa vontade demonstrada por cada um deles. Nas questões que investigam o perfil dos entrevistados, foi apurado que 20% deles possuem apenas formação inicial (Magistério), 50% está em processo de graduação e 30% possui nível superior. Dos onze sujeitos pesquisados todos eram mulheres, fato já captado pelo senso comum, pois o exercício da docência vem sendo uma profissão basicamente feminina. Santos(2008, p. 1) afirma que: Há um antigo discurso “natural” a inclinação das mulheres para a docência. Afirmava-se que elas tinham aptidão para profissão docente, pois essa passa a ser vista como extensão do lar. Assim,
  • 34. 36 essa profissão passa a adquirir características marcantemente femininas, tais como, fragilidade, afetividade, paciência, doação, etc. Há algum tempo atrás, salienta Rabelo (2009), era significativa a presença do sexo masculino na docência, fato este que começou a diminuir em virtude de um salário com valor muito baixo, o que desestimulou os homens. As mulheres, ao contrário, não se importavam com a remuneração baixa e passaram a ocupar cada vez mais as docências nas escolas. 3.4 Os instrumentos utilizados Foi realizada a observação participante, posteriormente uma entrevista semi- estruturada e a elaboração de um questionário misto, visando identificar o a percepção dos professores sobre a violência. Nas pesquisas do tipo qualitativo, os dados são colhidos por meio de questionário estruturado com perguntas claras e objetivas, já que devem garantir a uniformidade de entendimento dos entrevistados e conseqüentemente a padronização dos resultados. O questionário aberto é um instrumento de coleta de dados constituído por uma série ordenada de perguntas que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do investigador. Assim: [...] os pesquisados se sentem mais livres para exprimir opiniões que temem ser desaprovados ou que podem colocá-los em dificuldades, menos pressões para uma resposta imediata, o pesquisado pode pensar com calma (GOLDEMBERG, 2000, pp. 87-88). 3.5 A coleta de dados Esta é uma das etapas mais importantes de qualquer estudo e deve ser criteriosa e autêntica. Para Ludke e Menga (1986, p. 45): Analisar os dados qualitativos significa “trabalhar” todo material obtido durante a pesquisa, ou seja, os relatos de observação, as transcrições da entrevista, as análises de documentos e as demais
  • 35. 37 informações disponíveis. A tarefa de análise implica, num primeiro momento, a organização de todo o material, dividindo-o em partes, relacionando essas partes e procurando identificar nele tendências e padrões relevantes. Num segundo momento essas tendências e padrões são avaliados, buscando-se relações e interferências num nível de abstração mais elevado. Procedeu-se então a análise dos resultados obtidos, análises estas, que foram realizadas a partir das questões respondidas pelos professores que indicassem a sua percepção acerca da violência na escola. As falas das entrevistadas foram colocadas na íntegra, respeitando-se o seu posicionamento. Por último, os resultados analisados foram colocados em gráficos para serem melhor compreendidos.
  • 36. 38 CAPÍTULO IV 4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS De acordo com os dados obtidos através da aplicação dos questionários, pôde-se constatar resultados acerca do que pensam os professores do Colégio Estadual Romulo Galvão sobre a questão da violência escolar, bem como a problemática da violência no referido colégio. A coleta de dados é uma etapa das mais importantes em um estudo de campo. De acordo com Goldemberg (2000, p. 19) a coleta de dados é “o ponto que exige muita sensibilidade para que se aproveite o máximo possível dos dados coletados e da teoria estudada”. Veja-se então os resultados, abaixo citados. 4.1 O posicionamento dos entrevistados Todas as professoras que participaram da pesquisa responderam que se preocupam com a violência que existe nas escolas, por que o espaço escolar é o local onde se educa e se prepara para a vida, não devendo existir neste espaço um lugar para a violência e sim, para a formação de atitudes. Eis o disse uma delas: Porque a escola é o lugar por excelência, onde há formação para a vida, para o futuro. E como fica essa formação marcada pela violência?(PA1). Realmente, a escola é uma instituição cujo papel é o de proporcionar aos alunos, a formação humana e a capacitação, assegurando-lhes o desenvolvimento de seus potenciais. Ela é um lugar de conhecimentos. “É especialmente na escola 1 Utilizaremos a consoante P maiúscula, seguida de letra em ordem alfabética, para assegurar e ocultar a identidade dos sujeitos da pesquisa.
  • 37. 39 que esses sujeitos aprendem, pela convivência, a construir mundos possíveis, pautados em relações éticas de prestígio do outro em sua legitimidade” (SOUZA, 2002, p. 184). Outras professoras disseram que a violência é preocupante porque desequilibra o ambiente escolar e o respeito entre os envolvidos no processo de ensino/aprendizagem. Porque acaba gerando rivalidades entre as turmas, dificultando o desempenho nas aulas e a integração entre os alunos, o que acaba afetando os professores e causando redução no desenvolvimento das aulas. (PE). Porque é notório na escola as diversas formas de violência. Medidas urgentes devem ser tomadas em conjunto, ou seja, escola, comunidade e políticos (PB). Estes resultados são corroborados por Sposito (1998) quando ele salienta que a escola, como instituição que faz parte da sociedade, sofre os reflexos dos fatores de violência manifestados dentro da sala de aula, comprometendo o aprendizado e as relações interpessoais. Mais outras professoras disseram que a violência na escola é preocupante porque retrata a violência que existe nas sociedades em geral: A escola reflete a sociedade. Vivemos uma época em que a mídia reproduz a violência e isto aparece também na escola. (PC). Não só na escola, mas em todos os segmentos da sociedade, a violência é preocupante. A violência gera violência e tem que ser coibida. Entretanto, é preciso que seja feito um trabalho de reestruturação das famílias, que é a base de tudo (PD). Realmente, como disseram as entrevistadas acima, a violência escolar é um fato de grande preocupação, pois ela reflete a sociedade em que se vive. Uma vez que o espaço escolar é um local de formação como pode haver nele um clima de violência? Acontece que os alunos aprendem a ser violentos fora da escola e quando entram no espaço escolar, continuam a praticar a violência a que estão acostumados.
  • 38. 40 A escola reproduz os conceitos e ações de outros contextos institucionais, como as sociedades, a família, a mídia. Esses conceitos e ações se refletem no interior das relações escolares, ressalta Marques (1997). Atualmente, uma grande parte dos alunos vão para a escola armados e, como salienta Colombier, Mangel e Perdriault (1999, p. 15): Muitos alunos da rede pública de ensino já viram uma arma de fogo dentro da unidade escolar, já viram armas brancas como canivete e punhal e isso é muito preocupante, pois já foram também ameaçados de alguma forma. Nos últimos tempos é cada vez mais frequente os professores apreenderem nas salas de aula pedaços de pau, canivetes, revólveres e drogas. Principalmente as drogas, que são consumidas ou vendidas dentro das escolas, conduzem a atos violentos, preocupando os envolvidos na educação, que se sentem impotentes diante desse quadro. 4.1.1 Definição de violência na escola Quando se pediu às professoras que definissem violência escolar, houve um consenso nas respostas obtidas, pois todas disseram que violência escolar é todo ato de vandalismo, de agressão física e verbal, de discriminação por parte dos alunos e também dos professores. Uma das entrevistadas afirmou que violência escolar é a violação dos direitos humanos. Atos de vandalismo, agressão física e verbal (PA). É quando se perde o respeito entre o professor e o aluno, pois o aluno de hoje perdeu a noção do limite (PB). São as ameaças, agressões verbais, discriminação de raça, cor, opção sexual, agressões de ordem psicológica (PC). Violência na escola é tudo que agride física, moral e psicologicamente (PD). É a conseqüência da falta de estrutura das famílias, da perda de autoridade dos pais. Quando um adolescente não respeita sua família, não vai respeitar o professor e daí, surge a violência (PE).
  • 39. 41 Concordando com as repostas acima, Sposito (2001, p. 60) afirma que “Violência é todo ato que implica a ruptura de um anexo social pelo uso da força. Nega-se assim, a possibilidade da relação social que se instala pela comunicação, pelo uso da palavra, pelo diálogo e pelo conflito”. Violência é então, toda e qualquer ação que prejudique o bem-estar, a integridade física, psicológica ou a liberdade e o direito ao pleno desenvolvimento de um cidadão. É ainda, a omissão em defender os semelhantes. 4.1.2 Com relação às causas da violência escolar Com relação a esta questão (Figura 1), a maioria (73%) das entrevistadas mencionou como causas a família desestruturada, ausência de educação doméstica e regras e valores sociais deturpados. Outras (18%) mencionaram como causas da violência escolar as injustiças sociais e o modelo errado de modernidade e naturalização da violência. Outras (9%) ainda citaram a necessidade de auto- afirmação. As causas da violência, portanto, são diversas como o abandono, os maus tratos e a negligência da família, as injustiças sociais que geram as desigualdades entre as pessoas e a naturalização da violência que já é encarada como algo normal. Sobre esse fato Sposito (2001) se posiciona ressaltando que a violência praticada por adolescentes na escola pode ser um indicativo concreto de protesto contra os valores transmitidos nessa instituição, os quais não respondem as suas expectativas e necessidades concretas.
  • 40. 42 Sem educação doméstica, familia 9% desestruturada e regras e valores sociais 18% deturpados Injustiças sociais e modelo errado de modernidade e naturalização da violência Necessidade de 73% autoafirmação Figura 1. Causas da violência na escola 1 Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos da pesquisa Para Zaluar (1992) as causas da violência na escola podem ser a desmotivação, punições injustas, professores crispados pelas políticas educativas e a visão negativa que os alunos têm da escola. Uma outra causa da violência na escola são os alunos problemáticos que não querem nada da escola e estão lá apenas porque são forçados pela família a frequentar as aulas. Pode ser também a permissividade com que a escola aceita determinadas formas de violência que, por isso, acabam naturalmente incorporadas ao cotidiano escolar (GUIMARÃES, 1996). A violência na escola poder ser decorrente também do ambiente anti-social que se encontra em vários estabelecimentos públicos de ensino como: sujos, cercados de grades como se fossem um presídio, feios e de baixa qualidade de ensino, sem nenhuma sedução para o aluno. Um outro fator que gera violência na escola é a indisciplina escolar, que é resultante da falta de educação doméstica, pois quando os pais não ditam as regras básicas de convivência social, estão dando a entender que tudo é permitido, inclusive o desrespeito ao semelhante. Assim, alunos indisciplinados e mal educados agridem colegas e atormentam os professores, que não conseguem controlá-los na sala de aula. Nesse contexto, o respeito pelo professor passou a ser algo raro nas escolas em geral. Como consequência de todo esse processo, o aluno tende a se afastar da escola, a ter medo de frequentá-la pois não se reconhece nela . A violência provoca então a evasão escolar, dentre outras.
  • 41. 43 4.1.3 Ocorrência de atos violentos no Colégio Estadual Rômulo Galvão Os atos violentos (Figura 2) na escola pesquisada, segundo (82%) das professoras que participaram da pesquisa, ocorrem freqüentemente. Entretanto, as demais (18%) professoras disseram não ocorrer nenhuma violência no referido colégio. As que afirmaram não ocorrer atos violentos na escola ora pesquisada, informaram ainda que nunca presenciaram estes atos, mas já tomaram conhecimento através de outros docentes que eles aconteciam com serta frequência. Como se pode perceber a violência é uma realidade também no local de estudo, o que permite a constatação da existência real da problemática no universo selecionado. 18% SIM NÃO 82% Figura 2. Ocorrência de atos violentos Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos da pesquisa A pesquisa reafirma o que diz Benevides (1996), quando afirma que esta realidade está estampada até nos grandes estabelecimentos de ensino, o que comprova que a sociedade está ficando cada vez mais violenta. Nos depoimentos dos sujeitos da pesquisa ficou evidente que a violência é cada vez mais praticada no interior das escolas. Quanto às docentes que disseram não ocorrer atos violentos na escola, parece que elas não atentaram para o fato de que violência na escola não é apenas aquela praticada contra os alunos, mas também às agressões dirigidas ao prédio onde funciona a escola, tais como depredação e deteorização do patrimônio escolar, invasões, roubos e destruições, como ressaltam Spósito (1994) e Barreto (2002). Neste sentido Spósito (2001, p. 37) salienta que:
  • 42. 44 […] é possível que este tipo de violência se manifeste como uma forma de protesto escolar e também como expressão de crítica aos serviços prestados, à impossibilidade do uso de suas dependências para recreação, ou até mesmo, como forma de revide em relação às agressões vividas no cotidiano da escola. Geralmente para os educadores a violência se evidencia, de forma mais clara, na relação entre os alunos. Os professores parecem não perceber que atitudes violentas também são aquelas dirigidas contra a instituição escolar, dirigidas pelos professores, diretores e coordenadores pedagógicos contra os alunos e vice-versa. É como se os professores, diretores e coordenadores pedagógicos fossem isentos de práticas violentas. 4.1.4 Natureza dos atos violentos e os atores envolvidos nesses atos. Perguntou-se às professoras que responderam afirmativamente à questão anterior sobre a natureza dos atos violentos cometidos pelos alunos. A maioria delas (45%) respondeu que são de natureza verbal, 33% afirmou ser de natureza física, enquanto 22% diz ser de natureza física, psicológica e verbal. Natureza verbal 22% 45% Natureza física Natureza fisica, 33% verbal e psicológica Figura 3. Natureza dos atos violentos Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos da pesquisa Santos (2001) explica que violência física é quando ocorre um dano por meio de força física com algum tipo de arma ou instrumento que possa causar lesões. Violência psicológica inclui toda ação ou omissão que causa ou visa a causar dano à auto-estima, à identidade ou ao desenvolvimento da pessoa. Esta é a forma mais subjetiva, embora seja muito freqüente a associação com agressões corporais,
  • 43. 45 deixando profundas marcas no desenvolvimento do indivíduo, podendo comprometer toda a vida mental. Os resultados apontaram que a natureza da violência que mais ocorre é a agressão verbal, embora todos os tipos mencionados (verbal, física e física, psicológica e verbal) tenham sido citados por uma grande parte dos professores. É interessante destacar que atitudes como apelidos, racismo, discriminação, e outras atitudes que ocorrem nas relações sociais, são de natureza verbal e psicológica. Quando se fala em violência pensa-se logo em ataques físicos, mas ela se manifesta também através de insultos, ameaças, comentários de duplo sentido. Há pouca diferença entre o uso hostil das palavras e um ataque físico, afirma De Certeau (1995). Quem agride verbalmente também fere moralmente e isso é pior que uma agressão física. 4.1.5 Com relação às maiores dificuldades que os professores sentem em harmonizar a convivência entre os alunos. Os professores informaram que as dificuldades (Tabela 1) em manter a harmonia entre os alunos são as mais variadas. Citaram (5%) ausência de familiares na escola, falta de respeito (20%), diferenças sociais (20%), falta de estrutura escolar (25%) e descontrole emocional dos alunos (30%), dentre outras. Tabela 1. Dificuldades citadas pelos professores do C. E. Rômulo Galvão. Dificuldades Percentual de entrevistados Falta de respeito ao semelhante 20% Ausência de apoio dos pais ou responsáveis 5% Falta de estrutura escolar 25% Diferenças sociais entre os alunos 20% Falta de controle emocional dos alunos 30% Considerando-se que a violência é a expressão do sentimento intolerável de fúria, que se projeta através do corpo em atos e reações, torna-se muito difícil de ser
  • 44. 46 controlada. O aluno é um ser social que se relaciona com seus semelhantes e os conflitos dessa convivência é muito comum, principalmente na sociedade permissiva atual. Acredita-se que uma das maiores dificuldades em controlar a violência na escola é o aspecto cultural que é um grande catalisador do comportamento humano. Principalmente entre os alunos do sexo masculino, a reação a uma provocação é obrigatória pois a cultura apregoa que não revidar a uma ofensa é covardia e ninguém quer ser covarde. Para Matos e Carvalhosa (2001) em uma sociedade que valoriza a violência através da exposição pública nos meios de entretenimento que apresentam a violência como algo honroso e típico da auto-estima masculina, é quase impossível manter a paz entre os alunos nas escolas. Além disso, a falta de educação doméstica, que não impõe limites aos atos das crianças, acaba por torná-las adultos sem freio, achando que podem tudo. 4.1.6 Com relação às medidas tomadas pelo professor diante dos atos violentos cometidos pelos alunos. Diante dos atos violentos praticados pelos seus alunos (Figura 4), a maioria (64%) das professoras afirmaram que dão uma advertência e em seguida comunicam aos pais. Outras (27%) professoras informaram que inicialmente comunicam aos pais e depois dão uma advertência e uma suspensão. As demais (9%) entrevistadas disseram que comunicam aos pais, advertem, suspendem o aluno para em seguida expulsá-lo da escola, ou seja, aplicam todas as penalidades previstas no código escolar, dependendo do caso. Os achados acima são corroborados por Ataide (2004) quando afirmam que a melhor forma de prevenir a violência é garantir a punição dos atores do ato violento, pois os indivíduos pensarão duas vezes antes de praticarem algum ato violento e farão tudo para evitar as conseqüências legais das suas atitudes. Entretanto, Pino (2007) é contra a aplicação de punições afirmando que quanto mais se pune, mais o
  • 45. 47 ódio e a violência se desenvolverão, além de aumentar o sentimento de exclusão e revolta contra a sociedade. 9% Aplicam advertência e comunicam aos pais 27% Comunicam aos pais, advertem e suspendem o aluno 64% Aplicam todas as punições: advertem, suspendem e expulsam o aluno Figura 4. Punições aplicadas Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos da pesquisa Nos casos das ocorrências citadas acima, a mais utilizada pelos professores é a advertência, que, acredita-se, não provoca sentimentos de exclusão nem de revolta. Para controlar os ímpetos violentos dos alunos todas as punições são válidas porque se assim não for, a violência tomará conta do espaço escolar mais do que já está. As violações dos direitos humanos, especialmente as que atingem a vida e a integridade física dos indivíduos, deve ser punida com rigor. Será que o aumento da violência nas escolas não é uma conseqüência da impunidade, da proteção ao menor dada através do Estatuto da criança e do adolescente? Segundo Pino (2007) alguns estudos atestam que após a criação desse estatuto, o índice de violência e agressões na escola aumentou pois os adolescentes se sentem amparados pela Lei e não respeitam mestres e colegas. Quando praticam algum ato violento, os adolescentes dizem em seguida que ninguém pode revidar suas ofensas: “Cuidado! Eu sou menor! Olhe o Estatuto do Adolescente!”. Percebe-se então que eles se sentem autorizados a praticar agressões e violência, pois não podem ser punidos nem ofendidos.
  • 46. 48 CONSIDERAÇÕES FINAIS Todas as professoras foram enfáticas em afirmar que se preocupam demais com o problema da violência nas escolas em todo o mundo, porque se a escola é o espaço de desenvolvimento das habilidades do aluno como poderá lidar com essa problemática da violência? Compreendemos assim, diante dos discursos dos sujeitos pesquisados que os fatores que levam o aluno a praticar atos violentos, são na sua maioria reflexos da educação de uma sociedade desigual onde quase todos os valores foram deturpados e não esta baseada no respeito da pessoa humana Os achados na pesquisa permitiram constatar a presença concreta do fenômeno em questão, embora em níveis bem inferiores aos alardeados pela mídia. Pelo discurso dos sujeitos entrevistados, percebeu-se que a maioria dos atos violentos são de natureza verbal, embora hajam também agressões físicas entre alunos e depredação do patrimônio escolar. Portanto, grande parte das violências apontadas se enquadram mais no grupo das incivilidades, dos conflitos ou das micro violências, como salienta Santos (2001). Quanto à definição de violência escolar percebemos que houve unilateralidade das Informações, pois os docentes apontam como atos violentos os vandalismos contra o patrimônio escolar, as agressões físicas e verbais, a violação dos direitos humanos, as discriminações, dentre outras. Os procedimentos adotados pelos professores para coibir as praticas de violências registrados na escola em que atuam são considerados legais, e vão desde de reuniões com os pais, que quase sempre ficam prejudicados pela ausência destes, ou pelo entendimento de que a educação é tarefa exclusiva da escola, até medidas extremas como a expulsão
  • 47. 49 Assim sendo, a relevância social e pedagógica da presente pesquisa, concentra-se na sua contribuição para o desenvolvimento de conhecimentos sobre a violência na escola, mostrando dados que poderão servir para minimizar essa problemática, bem como incitar outros questionamentos sobre a forma de capacitar os professores para lidar com esse problema. Este estudo merece ser continuado e aperfeiçoado, através da inclusão de discussões e reflexões sobre a violência escolar, sobretudo aquelas que já se tornaram rotineiras como a dilapidação do patrimônio e as agressões verbais, vivenciadas pelos discentes e docentes, pois, somente assim a escola poderá cumprir o seu papel de contribuir para o desenvolvimento da cultura da paz, ajudando a construir ações que visem a promoção dos valores de respeito, fraternidade e de convivência pacífica, condição essencial para o enfrentamento de problemáticas sociais como a presença da violência na escola.
  • 48. 50 REFERÊNCIAS ABRAMOVAY, M. et al. - Guangues , galeras, chegados e rappers. Rio de Janeiro: Ed. Garamond , 1999, p. 73. ABRAMOVAY, M.; RUA, M.G. Violência nas escolas. São Paulo: Ed.Unesco, 2002. AQUINO, J. R. G. A desordem na relação professor-aluno: indisciplina, moralidade e conhecimento. São Paulo: Summus, 1996. ATAIDE, Y. D. B. Professores e alunos construindo uma cultura de paz. Salvador: Editora da UNEB, 2004, p. 104- 165. BARRETO, M. Violência, saúde, trabalho: Uma jornada de humilhações. São Paulo: EDUC, 2002, p. 38. BAUDRILLARD, J.; MORIN, E. A Violência do Mundo. Coleção: Epistemologia e Sociedade. Trad: Ana Paula de Viveiros. Portugal: Instituto Piaget, 2004, p. 16. BENEVIDES, M. V. A Violência é Coisa Nossa. Rio de Janeiro: Vozes, 1996. BODGAM, R.; BIKLEN, S. Investigação qualitativa em educação: uma introdução à teoria e aos métodos. Porto: Editora Porto, 1994. CASTRO, C. M. A Prática da Pesquisa. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. CHARLOT, B. A violência na escola: como os sociólogos franceses abordam essa questão. Sociologias, Porto Alegre, v. ano 4, n. jul-dez, p. 432-442, 2002. COLOMBIER,C.; MANGEL,G.; PERDRIAULT, M. A violência na escola. São Paulo: Ed.Summus,1999, p. 15. CONSTANTINI, A. Bullying: como combatê-lo? Trad. de Eugênio Vinci de Moraes. São Paulo: Itália Nova Editora, 2004, p. 19. DE CERTEAU, M. A linguagem da violência. Campinas, Papirus, 1995, p.87-97. ENGUITA, M. A face oculta da escola. Porto alegre: Artes Médicas,1989. FREIRE COSTA, J. O medo social. In: Revista Veja 25 anos: reflexões para o futuro. São Paulo, Editora Abril, 12 de mai,1993, p.83-89. FREUD, A. Infância normal e patológica (determinantes do desenvolvimento). 4. ed. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara, 1997, p. 12-23.
  • 49. 51 FROMM, E. O coração do homem: seu gênio para o bem e para o mal. Trad. de Otavio Alves Velho. 4. ed. São Paulo: ZAHAR EDITORES, 1997. LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E.D.A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: Pedagógica e Universitária, 1986, p. 45. LEVISKY, D. L. Adolescência e violência: aspectos do processo de identificação do adolescente na sociedade contemporânea e suas relações com a violência. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. GIRARD, R. A violência e o sagrado. São Paulo, Paz e Terra/Unesp, 1990. GOLDENBERG, M. A arte de pesquisar: como fazer pesquisa qualitativa em ciências sociais. Rio de Janeiro: Ed. Record, 2000, pp. 87-88. GUIMARÃES, E. Escola, Galeras e Narcotráfico. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 1998. MARQUES, M. A. B. Violência física e psicológica contra crianças na idade escolar. Bragança Paulista, São Paulo: Universidade São Francisco, 1997. MATOS, M.; CARVALHOSA, S. F. A violência na escola: vítimas, provocadores e outros. Lisboa: Faculdade de Motricidade Humana, 2001. MINAYO, M.C. de S. (Org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 22. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2003. MONTAGU, A. A natureza da agressividade humana. Rio de Janeiro: Zahar, 1998, p. 16. PETRUS, R. A. (Coord.). Pedagogia Social. Barcelona: Editora Ariel Educación, 1997, p. 27. PINO, A. Violência, educação e sociedade: um olhar sobre o Brasil contemporâneo. Rev. Educação e Sociedade. vol. 28, n. 100, Campinas, Oct. 2007 pp. 10-14. RABELO, A. O. A figura masculina na docência do ensino primário: um “corpo estranho” no quotidiano das escolas públicas primárias do Rio de Janeiro - Brasil e Aveiro-Portugal. Revista HISTEDBR On-line, Campinas, n.33, p. 302, mar 2009. ROCHA, R. L. M. Uma cultura da violência na cidade? Rupturas, estetizações e reordenações. São Paulo em Perspectiva. v. 13, n. 3, São Paulo,, jul/set, 1999, pp. 5-7. ROSSI, L. A. S. Cultura militar e de violência no mundo antigo - Israel, Assíria, Babilônia, Pérsia e Grécia. São Paulo: Editora:Annablume, 2004. SANTOS, J. V. T. A violência na escola. conflitualidade social e ações civilizatórias. Educação e Pesquisa, v. 27, n. 1, São Paulo, Jan/jun, 2001, pp. 9-13.
  • 50. 52 Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1517- 97022001000100008&script=sci_arttext> Acesso em 06 out 2009. ______________. Violências em tempo de Globalização. São Paulo: Hucitec, 1999, p. 13 – 38. SPOSITO, M. P. A Instituição escolar e a violência. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 104, p. 58-75, 1998. _____________ Um breve balanço da pesquisa sobre violência escolar no Brasil. Revista da Faculdade de Educação da USP – Educação e Pesquisa, São Paulo, n. 1, 2001, p. 37-60. SOUZA, A, M. B. Violência e fracasso escolar: a negação do outro como legítimo outro. Ponto de Vista. Florianópolis, n. 3/4, p. 179-188, 2002. TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas , 1987, p. 21. XAVIER, M. L. M. Disciplina na escola: enfrentamentos e reflexões. Porto Alegre: Mediação, 2002, p. 41-42 -78. WERTHEIN, J. Juventude, Violência e Cidadania. Brasília, UNESCO, 2000, p. 15. ZALUAR, A. Violência e educação. São Paulo, Cortez editora, 1992.
  • 52. 54 QUESTIONÁRIO APLICADO AOS PROFESSORES DO COLÉGIO ESTADUAL ROMULO GALVÃO, SENHOR DO BONFIM – BAHIA. Professor, a violência na escola pode assumir diversas formas, como por exemplo. xingamentos, discriminação sobre raça ou cor, agressões fisicas, ameaças, humilhações. Nesse contexto, contamos com sua colaboração no sentido de nos prestar alguns esclarecimentos sobre a violência na escola. Professor: 1. Você acha que a violência na escola é preocupante? Justifique. ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 2. Para você, o que é violência na escola? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 3. Na sua opinião, quais as causas da violência escolar? [ ] Ausência de educação doméstica [ ] Família desestruturada [ ] Necessidade de auto afirmação [ ] Modelo errado de modernidade e naturalização da violência [ ] Regras e valores sociais deturpados [ ] Injustiças sociais 4. Ocorrem atos de violência no interior desta escola? [ ] SIM [ ] NÃO 5. Qual a natureza desses atos de violência e quais os atores envolvidos? [ ] Física [ ] Psicológica [ ] Verbal
  • 53. 55 [ ] Verbal e física [ ] Verbal e psicológica 6. Quais as maiores dificuldades encontradas pelos professores para que os alunos tenham uma convivência escolar harmônica ? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 7. Como você tenta punir os atos de violência cometidos por seus alunos? [ ] Advertência [ ] Suspensão [ ] Expulsão [ ] Comunica aos pais [ ] Transferência para outra escola