1. UMA BREVE VISÃO SOBRE A PSICOMOTRICIDADE
Luciane de Medeiros Mignone
Psicomotricidade é uma ciência profilática, educativa e
reeducativa. É a relação recíproca entre a parte motora, emocional e
psicológica. Existem dois tipos de psicomotricidade: psicomotricidade
clínica, na qual trabalha-se a unidade do ser psicossocial e suas
relações com o meio; e a psicomotricidade educacional, na qual
trabalha-se a motricidade e suas relações com a escrita e a fala.
Quando corpo e mente estão equilibrados, o lado psicomotor não
apresentará falhas.
2. O desenvolvimento Psicomotor se inicia a partir da concepção.
As emoções constituem o primeiro sistema de comunicação da criança
com a mãe. Essa comunicação é traduzida por impulsos motores. Ao
nascer, a criança ainda não domina os movimentos do corpo. Portanto,
caracteriza um estágio psicomotor fragmentado a caminho de uma
unificação, integração e desenvolvimento. A mãe ou quem cuida da
criança tem uma importância fundamental no desenvolvimento da sua
noção corporal, pois é por intermédio do outro que ela se constrói
pouco a pouco. Quando se pula uma etapa do desenvolvimento
psicomotor, como o engatinhar, a criança tende a apresentar um
bloqueio psicomotor, podendo chegar a troca de letras na escrita ou
fala, por exemplo. O desenvolvimento psicomotor é o preparatório para
a fase da alfabetização
A
psicomotricidade
estimula
o
Esquema
Corporal,
a
Lateralidade, a Estrutura Espacial, a Orientação Temporal e as
Percepções. Todas essas partes estão interligadas e compõem o
Esquema Corporal.
Essa relação das partes do esquema corporal é amadurecida
com o ato de brincar, da prática do esporte e de todos os exercícios
ligados às percepções e estimulações cognitivas. A criança se
desenvolve corretamente com essas percepções sendo estimuladas no
decorrer da infância e que interferirão na parte cognitiva. Tudo está
interligado,
esses
intercâmbios
facilitarão
no
desenvolvimento
psicomotor do ser humano.
Quando ocorrem defasagens psicomotoras, a criança se revela
muitas vezes imatura, com falta de atenção, hiperativa, com problema
de fala e/ou escrita, por exemplo. Para superar essas defasagens, a
3. criança deve ser moldada e lapidada através do simples ato de brincar,
de praticar esporte, aprender música etc.
De todos os esportes, a natação é provavelmente o melhor
para o desenvolvimento psicomotor corporal. Isso porque esse esporte
oferece movimentos coordenados de braços e pernas, além da
respiração e movimento de cabeça. Acredita-se que é um esporte
completo, pois trabalha-se também o ritmo corporal. Mas há aqueles
exercícios que estão ligados à coordenação motora fina, que são os
que demandam movimentos de detalhes com as mãos, revelados na
grafia e pintura, por exemplo. Quando a criança estuda música, ela
desenvolve as percepções auditiva, visual, rítmica e trabalha a
atenção. Os estudos de piano, por exemplo, permitem que a criança
desenvolva a percepção visual, a partir da leitura de partitura.
Também os estudos de piano estimulam a atenção, isso ocorre porque
a criança se empenha na leitura das notas musicais, além de ajudar no
desenvolvimento das percepções auditiva, rítmica e coordenação
motora fina. Brincar, dançar, aprender música e nadar são
necessários para o desenvolvimento infantil. Mais tarde, este ser se
tornará adulto e irá agradecer.
Psicomotricidade é a ciência que estuda o desenvolvimento do
ser humano como um todo, o ser que necessita estar íntegro, inteiro,
para viver satisfatoriamente a sua plenitude no seu dia a dia .
4. O
ATO
DE
BRINCAR
A criança se desenvolve brincando. Quando se brinca,
desenvolve-se a relação com outra criança, o ser social, o ser
emocional
e
também
o
esquema
corporal,
como
foi
dito
anteriormente, o qual envolve as percepções (visual, rítmica,
auditiva e tátil), a lateralidade (direita e esquerda), a orientação
espacial (em cima, embaixo, a frente e atrás etc), a temporal
(ontem, hoje, e amanhã). Nada mais sensato para uma criança, em
termos de psicomotricidade, do que vê-la brincando e se
relacionando
psicomotor
com
surge
as
com
outras
a
crianças.
atividade
O
lúdica,
desenvolvimento
tanto
quanto
o
5. desenvolvimento emocional ou relacional. A simplicidade é a base
para uma criança crescer bem e feliz. Por meio da brincadeira a
criança restaura a alegria, o estado emocional e a leva para um
estado de equilíbrio.
Existe uma ONG na área psicomotora que se chama
“Brincar é Viver”. Este projeto foi criado por uma equipe da UERJ e
é dirigido pelos mestres da psicomotricidade, Prof. Dr. Eduardo Costa
e pela Profa. Henriette S. e Mello, a partir de projeto de extensão,
coordenado por eles, na Faculdade de Educação da UERJ (1998 - 2013),
atuando no HUPE, HEMORIO e INCA. No HUPE, o trabalho é
executado na pediatria do Hospital Pedro Ernesto e a idéia é
permitir que a criança hospitalizada possa brincar, como uma
espécie de recreação hospitalar, usando jogos e brinquedos. Desta
forma, é criado um ambiente de alegria, um bem estar, que favorece
o processo de cura por intermédio da brincadeira. Este projeto é um
dos mais bonitos já vistos na área, se não for o mais.
[http://www.youtube.com/watch?v=hR-ZzlTgnas].
A brincadeira permite a cura, tanto física quanto emocional,
além de reequilibrar a criança quando tem alguma defasagem
psicomotora. É a execução da transpsicomotricidade. Portanto, a
criança deverá fazer uso da brincadeira como um meio restaurador
e tentar explorar ao máximo as variadas formas de brincar. Não se
esquecendo de que existe o caráter profilático, que evita um
problema psicomotor futuro com o simples ato de brincar.