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E.E. CEL. OSCAR PRADOS
CURSO NORMAL – PÓS-MÉDIO
PSICOMOTRICIDADE
PROFESSORA: LETICIA SAYURI MIURA
APOSTILA DE PSICOMOTRICIDADE INFANTIL – TEORIA E PRÁTICA
CONCEITUANDO A PSICOMOTRICIDADE
Ernest Dupré, em 1907, introduziu a psicomotricidade no contexto científico, enunciando a
lei que surgiu do seu trabalho. Em 1909, surgiu o termo psicomotricidade, quando Dupré introduziu
os primeiros estudos sobre a debilidade motora nos débeis mentais. (SABOYA, 1995)
Para Negrine (1995), a psicomotricidade origina-se do termo psyché, que significa alma, e
do verbo latino moto, que significa agitar fortemente.
A Sociedade Brasileira de Psicomotricidade a conceitua como sendo uma ciência que estuda
o homem através do seu movimento nas diversas relações, tendo como objeto de estudo o corpo e a
sua expressão dinâmica. A Psicomotricidade se dá a partir da articulação movimento/ corpo/ relação.
Diante do somatório de forças que atuam no corpo - choros, medos, alegrias, tristezas, etc. - a
criança estrutura suas marcas, buscando qualificar seus afetos e elaborar as suas idéias.
Constituindo-se como pessoa.
Diversos autores apresentaram conceitos relacionados a psicomotricidade. De acordo com
Vayer (1986), a educação psicomotora é uma ação pedagógica e psicológica que utiliza os meios da
educação física com o fim de normalizar ou melhorar o comportamento da criança. Segundo Coste
(1978), é a ciência encruzilhada, na qual se cruzam e se encontram múltiplos pontos de vista
biológicos, psicológicos, psicanalíticos, sociológicos e lingüísticos.
Saboya (1995) define a psicomotricidade como uma ciência que tem por objetivo o estudo
do homem, através do seu corpo em movimento, nas relações com seu mundo interno e seu mundo
externo. Para Ajuriaguerra (1970), é a ciência do pensamento através do corpo preciso, econômico e
harmonioso. Já Barreto (2000) afirma que é a integração do indivíduo, utilizando, para isso, o
movimento e levando em consideração os aspectos relacionais ou afetivos, cognitivos e motrizes. É
a educação pelo movimento consciente, visando melhorar a eficiência e diminuir o gasto energético.
A psicomotricidade é atualmente concebida como a integração superior da motricidade,
produto de uma relação inteligível entre a criança e o meio. (LIMA; BARBOSA, 2007).
A Psicomotricidade contribui de maneira expressiva para a formação e estruturação do
esquema corporal e tem como objetivo principal incentivar a prática do movimento em todas as
etapas da vida de uma criança. Por meio das atividades, as crianças, além de se divertirem, criam,
interpretam e se relacionam com o mundo em que vivem. Por isso, cada vez mais os educadores
recomendam que os jogos e as brincadeiras ocupem um lugar de destaque no programa escolar desde
a Educação Infantil. (LIMA; BARBOSA, 2007)
Segundo Barreto (2000, p. 1), “O desenvolvimento psicomotor é de suma importância na
prevenção de problemas da aprendizagem e na reeducação do tônus, da postura, da direcionalidade,
da lateralidade e do ritmo”.
A abordagem da Psicomotricidade permite a compreensão da forma como a criança toma
consciência do seu corpo e das possibilidades de se expressar por meio dele. A educação
psicomotora, para ser trabalhada, necessita que sejam utilizadas as funções motoras, perceptivas,
cognitivas, afetivas e sócio-motoras, pois assim a criança explora o ambiente, realiza experiências
concretas e é capaz de tomar consciência de si mesma e do mundo que a cerca. (LIMA; BARBOSA,
2007)
1.2) A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Andréia Beatriz da Silva*
Patrícia Ferreira Bianchini Borges** (* Professora da Educação Infantil na Rede Pública
Municipal de Uberaba (MG), graduada em Pedagogia pelo Centro de Ensino Superior de Uberaba
(CESUBE).
** Assistente de Alunos do Centro Federal de Educação Tecnológica de Uberaba (CEFET-
Uberaba), graduada em Letras pela Universidade de Uberaba (UNIUBE) e especialista em Estudos
Lingüísticos: Fundamentos para o Ensino e Pesquisa pela Universidade Federal de Uberlândia
(UFU). 2
INTRODUÇÃO
O processo de aprendizagem é um processo complexo que envolve sistemas e habilidades
diversas, inclusive as motoras. Na maioria das crianças que passam por dificuldades de
aprendizagem, a causa do problema não está localizado no período escolar em que se encontram no
nível das bases, ou seja, nas estruturas de desenvolvimento. Assim sendo, é imprescindível que a
criança, durante o período pré-escolar, antes de iniciar a sistematização do processo de alfabetização,
adquira determinados conceitos que irão permitir e facilitar a aprendizagem da leitura e da escrita.
Esses conceitos ou habilidades básicas são condições mínimas necessárias para uma boa
aprendizagem, e constituem a estrutura da educação psicomotora.
O desenvolvimento psicomotor requer o auxílio constante do professor através da
estimulação; portanto não é um trabalho exclusivo do professor de Educação Física, e sim de todos
profissionais envolvidos no processo ensino-aprendizagem. Na Educação Infantil, a função
primordial do professor não é alfabetizar, devendo também estimular as funções psicomotoras
necessárias ao aprendizado formal.
Os principais aspectos a serem destacados são: esquema corporal, lateralidade, organização
espacial e estruturação temporal. Além desses aspectos citados, é importante trabalhar as percepções
e atividades pré-escritas.
Um esquema corporal mal constituído resultará em uma criança que não coordena bem seus
movimentos, veste-se ou despe-se com lentidão, as habilidades manuais lhe são difíceis, a caligrafia
é feia, sua leitura é inexpressiva, não harmoniosa. (MORAIS, 2002)
Quando a lateralidade de uma criança não está bem estabelecida, a mesma demonstra
problemas de ordem espacial, não percebe a diferença entre seu lado dominante e o outro, não
aprende a utilizar corretamente os termos direita e esquerda, apresenta dificuldade em seguir a
direção gráfica da leitura e da escrita, não consegue reconhecer a ordem em um quadro, entre outros
transtornos. (MORAIS, 2002)
Problemas na organização espacial acarretarão dificuldades em distinguir letras que se
diferem por pequenos detalhes, como “b” com “p”, “n” com “u”, “12” com “21” (direita e esquerda,
para cima e para baixo, antes e depois), tromba constantemente nos objetos, não organiza bem seus
materiais de uso pessoal nem seu caderno; não respeita margens nem escreve adequadamente sobre
as linhas.
Uma criança com a estruturação temporal pouco desenvolvida pode não perceber intervalos
de tempo, não percebe o antes e o depois, não prevê o tempo que gastará para realizar uma atividade,
demorando muito tempo nela e deixando, portanto, de realizar outras.
Esses são alguns aspectos que se podem observar em crianças que não desenvolveram
adequadamente suas habilidades psicomotoras. Verifica-se a necessidade de estimulá-la
adequadamente desde a mais tenra idade, tendo sempre claros, os objetivos a serem alcançados e os
objetivos das atividades propostas; o relacionamento afetivo professor/aluno, o jogo prazeroso e a
elevação da auto-estima são também aspectos de extrema relevância.
Partindo da concepção que a psicomotricidade na Educação Infantil é importante, devemos
valorizá-la e trabalhar com as crianças no sentido de efetivar o seu verdadeiro significado.
De acordo com Quirós (1992, apud ELMAN; BARTH; UNCHALO, 1992, p.12) “a
motricidade é a faculdade de realizar movimentos e a psicomotricidade é a educação de movimentos
que procura melhor utilização das capacidades psíquicas”.
Dessa forma, entende-se que a motricidade e a psicomotricidade são interligadas e ambas
desenvolvem os movimentos físicos e mentais, procurando educar o próprio
corpo, sendo a psicomotricidade uma ação em que se desenvolvem todas as áreas do
conhecimento.
Na busca de concepções que fundamentem este trabalho, podemos destacar as seguintes
colocações:
Compreendendo a sua importância para o desenvolvimento, o movimento humano, portando
é mais do que simples deslocamento do corpo; no espaço. Constitui-se em uma linguagem que
permite as crianças agirem sobre o meio físico e atuarem sobre o ambiente humano, mobilizando as
pessoas por meio de seu teor expressivo. (BRASIL, 1998, p. 5)
Assim sendo, percebe-se que a psicomotricidade é uma ciência fundamental no
desenvolvimento da criança, em que a mesma deve ser estimulada sempre para que se possa ter uma
formação integral, uma vez que o movimento para a criança significa muito mais que mexer com o
corpo: é uma forma de expressão e socialização de idéias, ou até mesmo a oportunidade de
desabafar, de soltar as suas emoções, vivenciar sensações e descobrir o mundo.
Para Quirós (1992, apud ELMAN; BARTH; UNCHALO, 1992, p.12),
Nos movimentos serão expressos sentimentos de prazer, frustração, desagrado, euforia,
como dimensão de um estado emocional, reconstruindo, assim, uma memória afetiva desde os gestos
iniciais da criança, na medida em que melhor o indivíduo domina seu corpo e sentimentos.
Gradativamente ele irá conduzir-se com mais segurança no seu meio ambiente, e desta forma
movimentar-se adequadamente dentro de todo um processo educativo.
Nesse sentido, o desenvolvimento psicomotor torna-se muito importante na vida da criança
porque, partindo da descoberta que ela faz do seu corpo, dos movimentos e de tudo que está ao seu
redor, consegue conquistar e organizar seu espaço, desenvolver sua percepção auditiva e suas
emoções, aprendendo aos poucos a coordená-las. (PONCHIELLI, 2003)
Segundo Conceição (1984, apud MORAIS, 2002, p. 2),
compreende-se desenvolvimento como a interação existente entre o pensamento consciente
ou não, e o movimento efetuado pelos músculos com ajuda do sistema nervoso. [...] Os músculos
trabalham juntos na educação psicomotora do indivíduo, fazendo com que ele evolua.
Com base nesses autores, podemos afirmar que, para alcançarmos um bom desenvolvimento
psicomotor da criança as atividades precisam ser bem elaboradas e executadas de maneira a
proporcionar-lhe prazer ao realizá-las.
Nessa perspectiva, faz-se necessário a presença de um especialista em Educação Física que
realize um trabalho conjunto com o professor que atua na sala de aula, durante a permanência do
aluno na escola. A Psicomotricidade nada mais é que se relacionar através da ação, como um meio
de tomada de consciência que une o ser corpo, a mente e o espírito. A Psicomotricidade está
associada à afetividade e à personalidade, já que o indivíduo utiliza seu corpo para demonstrar o que
sente. (LIMA; BARBOSA, 2007)
1.3) AS ÁREAS DA PSICOMOTRICIDADE
Para fins didáticos subdividiremos a psicomotricidade em áreas que, embora citadas
isoladamente, agirão quase sempre vinculadas umas às outras; entenderemos por "Prática
Psicomotora" todas as atividades que visam estimular as várias áreas que mencionaremos a seguir:
1.3 a)ÁREAS PSICOMOTORAS
COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
A linguagem é função de expressão e comunicação do pensamento e função de socialização.
Permite ao indivíduo trocar experiências e atuar - verbal e gestualmente - no mundo.
Por ser a linguagem verbal intimamente dependente da articulação e da respiração, incluem-
se nesta área os exercícios fono articulatórios e respiratórios.
PERCEPÇÃO
Percepção é a capacidade de reconhecer e compreender estímulos recebidos. A percepção
está ligada à atenção, à consciência e a memória.
Os estímulos que chegam até nós provocam uma sensação que possibilita a percepção e a
discriminação. Primeiramente sentimos, através dos sentidos: tato, visão, audição, olfato e
degustação. Em seguida, percebemos, realizamos uma mediação entre o sentir e o pensar. E, por fim,
discriminamos - reconhecemos as diferenças e semelhanças entre estímulos e percepções. A
discriminação é que nos permite saber, por exemplo, o que é verde e o que é azul, e a diferença entre
o 1 e o 7.
As atividades propostas para esta área devem auxiliar o desenvolvimento da percepção e da
discriminação.
COORDENAÇÃO
A coordenação motora é mais ou menos instintiva e ligada ao desenvolvimento físico.
Entendida como a união harmoniosa de movimentos, a coordenação supõe integridade e maturação
do sistema nervoso.
Subdividiremos a coordenação motora em coordenação dinâmica global ou geral,
visomanual ou fina e visual.
A coordenação dinâmica global envolve movimentos amplos com todo o corpo (cabeça,
ombros, braços, pernas, pés, tornozelos, quadris etc.) e desse modo 'coloca grupos musculares
diferentes em ação simultânea, com vistas à execução de movimentos voluntários mais ou menos
complexos".
A coordenação visomanual engloba movimentos dos pequenos músculos em harmonia, na execução
de atividades utilizando dedos, mãos e pulsos.
A coordenação visual refere-se a movimentos específicos com os olhos nas mais variadas
direções.
As atividades psicomotoras propostas para a área de coordenação estão subdivididas nessas três
áreas.
ORIENTAÇÃO
A orientação ou estruturação espacial/temporal é importante no processo de adaptação do
indivíduo ao ambiente, já que todo corpo, animado ou inanimado, ocupa necessariamente um espaço
em um dado momento.
A orientação espacial e temporal corresponde à organização intelectual do meio e está ligada
à consciência, à memória a às experiências vivenciadas pelo indivíduo.
CONHECIMENTO CORPORAL E LATERALIDADE
A criança percebe seu próprio corpo por meio de todos os sentidos. Seu corpo ocupa um
espaço no ambiente em função do tempo, capta imagens, recebe sons, sente cheiros e sabores, dor e
calor, movimenta-se. A entidade corpo é centro, o referencial. A noção do corpo está no centro do
sentimento de mais ou menos disponibilidade e adaptação que temos de nosso corpo e está no centro
da relação entre o vivido e o universo. É nosso espelho afetivo-somático ante uma imagem de nós
mesmos, do outro e dos objetos.
O esquema corporal, da maneira como se constrói e se elabora no decorrer da evolução da
criança, não tem nada a ver com uma tomada de consciência sucessiva de elementos distintos, os
quais, como num quebra-cabeça, iriam pouco a pouco encaixar-se uns aos outros para compor um
corpo completo a partir de um corpo desmembrado. O esquema corporal revela-se gradativamente à
criança da mesma forma que uma fotografia revelada na câmara escura mostra-se pouco a pouco
para o observador, tomando contorno, forma e coloração cada vez mais nítidos. A elaboração e o
estabelecimento deste esquema parecem ocorrer relativamente cedo, uma vez que a evolução está
praticamente terminada por volta dos quatro ou cinco anos. Isto é, ao lado da construção de um
corpo 'objetivo', estruturado e representado como um objeto físico, cujos limites podem ser traçados
a qualquer momento, existe uma experiência precoce, global e inconsciente do esquema corporal,
que vai pesar muito no desenvolvimento ulterior da imagem e da representação de si.
O conceito corporal, que é o conhecimento intelectual sobre partes e funções; e o esquema
corporal, que em nossa mente regula a posição dos músculos e partes do corpo. O esquema corporal
é inconsciente e se modifica com o tempo.
Quando tratamos de conhecimento corporal, inserimos a lateralidade, já que é a bússola de
nosso corpo e assim possibilita nossa situação no ambiente. A lateralidade diz respeito à percepção
dos lados direito e esquerdo e da atividade desigual de cada um desses lados visto que sua distinção
será manifestada ao longo do desenvolvimento da experiência.
Perceber que o corpo possui dois lados e que um é mais utilizado do que o outro é o início
da discriminação entre a esquerda e direita. De início, a criança não distingue os dois lados do corpo;
num segundo momento, ela compreende que os dois braços encontram-se um em cada lado de seu
corpo, embora ignore que sejam "direito" e "esquerdo". Aos cinco anos, aprende a diferenciar uma
mão da outra e um pé do outro. Em seguida, passa a distinguir um olho do outro. Aos seis anos, a
criança tem noção de suas extremidades direita e esquerda e noção dos órgãos pares, apontando sua
localização em cada lado de seu corpo (ouvidos, sobrancelhas, mamilos, etc.). Aos sete anos, sabe
com precisão quais são as partes direita e esquerda de seu corpo.
As atividades psicomotoras auxiliam a criança a adquirir boa noção de espaço e lateralidade
e boa orientação com relação a seu corpo, aos objetos, às pessoas e aos sinais gráficos.
Alguns estudiosos preferem tratar a questão da lateralidade como parte da orientação
espacial e não como parte do conhecimento corporal.
HABILIDADES CONCEITUAIS
A matemática pode ser considerada uma linguagem cuja função é expressar relações de
quantidade, espaço, tamanho, ordem, distância, etc.
A medida em que brinca com formas, quebra-cabeças, caixas ou panelas, a criança adquire
uma visão dos conceitos pré-simbólicos de tamanho, número e forma. Ela enfia contas no barbante
ou coloca figuras em quadros e aprende sobre seqüência e ordem; aprende frases: acabou, não mais,
muito, o que amplia suas idéias de quantidade.
A criança progride na medida do conhecimento lógico-matemático, pela coordenação das
relações que anteriormente estabeleceu entre os objetos. Para que se construa o conhecimento físico
(referente a cor, peso, etc.), a criança necessita ter um sistema de referência lógico-matemático que
lhe possibilite relacionar novas observações com o conhecimento já existente; por exemplo: para
perceber que um peixe é vermelho, ela necessita um esquema classificatório para distinguir o
vermelho de todas as outras cores e outro esquema classificatório para distinguir o peixe de todos os
demais objetos que conhece.
HABILIDADES PSICOMOTORAS E PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO
As habilidades psicomotoras são essenciais ao bom desempenho no processo de
alfabetização. A aprendizagem da leitura e da escrita exige habilidades tais como:
• dominância manual já estabelecida (área de lateralidade);
• conhecimento numérico suficiente para saber, por exemplo, quantas voltas existem nas letras m e
n, ou quantas sílabas formam uma palavra (área de habilidades conceituais);
• movimentação dos olhos da esquerda para a direita, domínio de movimentos delicados adequados à
escrita, acompanhamento das linhas de uma página com os olhos ou os dedos, preensão adequada
para segurar lápis e papel e para folhear (área de coordenação visual e manual);
• discriminação de sons (área de percepção auditiva);
• adequação da escrita às dimensões do papel, reconhecimento das diferenças dos pares b/d, q/d, p/q
etc., orientação da leitura e da escrita da esquerda para a direita, manutenção da proporção de altura
e largura das letras, manutenção de espaço entre as palavras e escrita orientada pelas pautas (áreas de
percepção visual, orientação espacial, lateralidade, habilidades conceituais);
• pronúncia adequada de vogais, consoantes, sílabas, palavras (área de comunicação e expressão);
• noção de linearidade da disposição sucessiva de letras, sílabas e palavras (área de orientação
têmporo-espacial);
• capacidade de decompor palavras em sílabas e letras (análise);
• possibilidade de reunir letras e sílabas para formar novas palavras (síntese).
ESQUEMA CORPORAL
Conhecimento intuitivo imediato que a criança tem do próprio corpo, conhecimento capaz
de gerar as possibilidades de atuação da criança sobre as partes do seu corpo, sobre o mundo exterior
e sobre os objetos que a cercam.
Exercício 1 : Reconhecendo as partes essenciais do corpo - O profissional diz os nomes das
seguintes partes do corpo: cabeça, peito, barriga, braços, pernas, pés, explorando uma parte por vez.
A criança mostra em si mesma a parte mencionada pelo profissional, respeitando o nome que
designa. Primeiramente o trabalho deverá ser realizado de olhos abertos, e a seguir de olhos
fechados.
Olhos abertos: Aprendizado.
Olhos fechados: Quando dominar as partes do corpo.
Exercício 2: A criança deverá reconhecer também as partes do rosto: nariz, olhos, boca,
queixo, sombrancelhas, cílios, trabalhar também com os dedos com a mão apoiada sobre a mesa a
criança deverá apresentar o pulso, o dedo maior e o dedo menor, os nomes dos dedos são ensinados
a criança pedindo que ela levante um a um dizendo os respectivos nomes dos dedos.
Exercício 3: Trabalhar com os olhos - Em pé ou sentado a criança acompanha com os olhos
sem mexer a cabeça, a trajetória de um objeto que se desloca no espaço.
Exercício 4: Sentir os rins - Deitada com as pernas estendidas e as mãos sobre os rins a
criança dobra os joelhos e encosta-os no peito. Comentar com a criança que a parte do corpo que se
apoia com força sobre suas mãos chama-se rins.
Exercício 5: Automatizando a noção de direita e esquerda
Conhecendo a direita e a esquerda do próprio corpo mostrar a criança qual é a sua mão direita e qual
é a sua mão esquerda. Dominando este conceito, realizar o exercício em etapas:
- fechar com força a mão direita;
- depois a esquerda;
- Levantar o braço direito;
- depois o esquerdo;
- bater o pé esquerdo;
- depois o direito;
- mostrar o olho direito;
- depois o esquerdo;
- mostrar a orelha direita;
- depois a esquerda;
- levantar a perna esquerda;
- depois a direita.
Trabalhar com os olhos abertos, e quando a criança estiver dominando o exercício trabalhar
com os olhos fechados.
Exercício 6: Localizando elementos na sala de aula. A criança deverá dizer de que lado está
a porta, a janela, a mesa da sala de aula, etc. em relação a si mesma. Durante a realização do
exercício, não deixar a criança cruzar os braços, pois isso dificulta sua orientação espacial.
COORDENAÇÃO ÓCULO-MANUAL
A finalidade dos exercícios de coordenação óculo-manual têm como finalidade o domínio
do campo visual, associada a motricidade fina das mãos.
Exercício - Realizar este jogo em duas etapas:
A criança bate a bola no chão, apanhando-a inicialmente com as duas mãos, e depois ora com
a mão direita, ora com a mão esquerda. No início a criança deverá trabalhar livremente. Numa
segunda etapa o professor determinará previamente com qual das mãos a criança deverá apanhar a
bola.
A criança joga a bola para o alto com as duas mãos, apanhando-a com as duas mãos também.
Em seguida, joga a bola para o alto com uma só mão, apanhando-a com uma só mão também.
Variar o uso das mãos. Ora com a direita ora com a esquerda.
Jogo de Pontaria no Chão - Desenhar um círculo no chão ou utilizar um arco. As crianças deverão
jogar a bola dentro do círculo. Aumentar gradativametne a distância. Variar jogando a bola na frente,
atrás, do lado esquerdo, do lado direito do círculo.
COORDENAÇÃO DINÂMICA GERAL
Estes exercícios possuem a função de equilíbrio que é a base essencial da coordenação
dinâmica geral que possuem a finalidade de melhorar o comando nervoso, a precisão motora e o
controle global dos deslocamentos do corpo no tempo e no espaço. Constituem-se de exercícios de
marchas e saltos. Apresentamos exercícios em que a criança a nível de experiências vividas,
manipula conceitos espaciais importantes para o seu preparo para a alfabetização.
Os conceitos espaciais: direita, esquerda, atrás, na frente, entre, perto, longe, maior, menor;
são vivenciados através de movimentos específicos. A partir daí propomos exercícios com maior
intensidade. Se coloca a medição de um raciocínio, de uma reflexão sobre os dados vivenciados no
primeiro nível. Dessa forma permite a criança passar para a etapa de estruturação temporal requerida
para o aprendizado da leitura e da escrita.
Exercício: Andando, saltando e equilibrando-se.
1. Andando de cabeça erguida
A criança anda com um objeto sobre a cabeça ( pode ser um livro de capa dura). Dominada esta
etapa a criança para, levanta uma perna formando um angulo de noventa graus e coloca-se
lentamente no chão. O mesmo trabalho deverá ser feito com a outra perna.
2. Quem alcança ?
O professor segura um objeto a uma determinada altura (pode ser um lápis, uma bola ) a criança
deverá saltar para alcança-lo . Inicialmente fazer o exercício em pé, depois de cócoras.
MOTRICIDADE FINA DAS MÃOS E DOS DEDOS
Os exercícios de motricidade fina são muito importantes para a criança, na medida em que
educam é gesto requerido para a escrita, evitando a apreensão e a prisão inadequados que tanto
prejudicam o grafismo, tornando o ato de escrever uma experiência aversiva a criança.
CUIDANDO DAS MÃOS
Exercício de Motricidade Fina :
Trabalhando só com os braços - Este exercício tem como objetivo desenvolver a independência
segmentar do braço em relação ao tronco, o que beneficia e facilita o trabalho da mão no ato de
escrever. Apresentamos uma série de gráficos (traçados) que o professor deverá reproduzir em
tamanho grande no quadro de giz ou programá-los em cartões. As crianças por sua vez deverão
reproduzí-los com gestos executados no ar.
AMASSANDO A MASSA
Fazendo Bolas de Massa - O professor distribui a classe bolas de massa de tamanhos
variados (usar massa para modelar) sentada, com o cotovelo apoiado sobre a carteira, a mão para o
alto, a criança aperta as bolas de massa com força, amassando-as. Orientar a criança para que
trabalhe com dois dedos por vez. Trabalhar primeiro uma das mãos, depois com a outra e,
finalmente, com as duas juntas.
Fazendo as bolas de massa - Realizar o mesmo trabalho do exercício anterior, neste caso, porém a
massa é apresentada em forma de disco, com a qual a criança deverá fazer uma bola.
Estruturação Espaço-Temporal
A noção de espaço não é inata, ela resulta de uma construção proveniente das vivências
motoras, assim como a estruturação temporal.
Para lidar com sinais e símbolos o cérebro tem que se organizar primeiro com as
informações tônicas e táteis. Primeiro ele processa informação proveniente de seu corpo para depois
processar informação originada fora de seu corpo. Portanto, a estruturação espaço -temporal depende
do grau de integração e organização dos fatores psicomotores anteriores.
A estruturação espaço-temporal é uma superestrutura, pois resulta da integração de duas
estruturações distintas que têm seu desenvolvimento próprio (estrutura espacial e estrutura
temporal), as duas especificamente relacionadas com diferentes modalidades sensoriais, a visual e a
auditiva, respectivamente.
Segundo Piaget, na gênese da inteligência o conceito de espaço vem antes do conceito de
tempo. É a través da translação do movimento no espaço que obtemos o conhecimento da distância a
que nos encontramos do objeto ou da distância percorrida no espaço. Transformamos o
conhecimento do corpo em conhecimento do espaço, primeiro intuitivamente depois lógica e
conceitualmente.
A criança precisa aprender a interpretar as informações sensoriais em termos de espaço e
construir conceitos espaciais em termos sensoriais e motores. Ela só pode desenvolver um mundo
espacial estável depois de aprender a interpretar as informações vestibulares, proprioceptivas e
exteroceptivas em termos de espaço, ou seja, ter interiorizado o conceito de localização corporal.
A estruturação temporal é mais elaborada em si do que a estruturação espacial, porque
transcende a estimulação sensorial imediata. O cérebro elabora sistemas funcionais de acordo com a
dimensão do tempo, joga com as experiências anteriores, adapta-se às condições presentes e prediz e
antecipa o futuro.
A preservação destes sistemas ilustra a complexa organização temporal que o cérebro
necessita para preparar suas atividades. Através da estruturação temporal a criança tem consciência
da sua ação, o seu passado conhecido e atualizado, o presente experimentado e o futuro
desconhecido é antecipado. Essa estrutura de organização é determinante para todos os processo de
aprendizagem. A noção do tempo é uma noção de controle e de organização em níveis da atividade e
da cognitividade.
A estruturação temporal condiciona toda a integração sensorial anterior porque preside todas
as formas de análise de estímulos, decodificando-os segundo uma ordem, sem a qual a significação
não é atingida. A dimensão temporal não só fornece a localização dos acontecimentos no tempo,
como fornece a preservação das relações entre os acontecimentos.
Resumindo estruturação espacial e temporal são fundamentos psicomotores básicos da
aprendizagem e da função cognitiva, pois nos fornecem as bases do pensamento relacional, a
capacidade de ordenação e de organização, a capacidade de processamento simultâneo e
sequencializado da informação, a capacidade de retenção, reaudiorização e revisualização,
rechamadas do passado de integração do presente e preparação do futuro, além de outras
capacidades como: representação, quantificação e categorização.
Lateralidade
Constitui o reconhecimento de direita-esquerda, traduzindo um poder disccriminativo e
verbalizado que a criança tem de seu corpo como um universo espacial interiorizado e socialmente
mediado.
O reconhecimento direita-esquerda é um fator integrado à noção do corpo, mas que fornece
dados ao nível da lateralização simbólica. Envolve uma função de decodificação verbal da noção
simbólica do hemicorpo e da conscientização da linha média do corpo.
A criança localiza a si própria antes de se localizar no espaço, depois localiza os objetos em
relação a si própria para posteriormente localizar cada objeto sem precisar referi-los corporalmente.
Entre seis e sete anos deve ocorrer a simbolização direita e esquerda, caso contrário pode
haver dificuldade para ler, pois é através da percepção direita/esquerda que haverá a discriminação,
por exemplo, do valor do numeral estando à direita ou à esquerda.
A criança para aprender, necessita de uma noção de corpo interiormente conscientizada dos
dois lados do seu corpo e das suas diferenças e posições relativas. Não basta ter aprendido que um
lado é direito e o outro é esquerdo, é preciso manter as relações entre ambos de forma controlada e
discriminada. Estas relações não são inatas, necessitam ser aprendida como sistemas funcionais
complexos. Nomear os lados do corpo diferenciá-los intra e extra-corporalmente é condição de
orientação do espaço que é vital para a organização perceptiva e para as aprendizagens simbólicas
mais complexas.
As aprendizagens perceptivas são construídas a partir das aprendizagens motoras, o mesmo
é dizer que as aprendizagens cognitivas são construídas a partir de aprendizagens psicomotoras.
2.0 )ESTIMULAÇAO MOTORA PRECOCE
Em nenhuma fase do ser humano o desenvolvimento motor vai ser tão rápido como o de 0 a
1 ano e 8 meses. Portanto, este é o período em que o bebê ainda terá maiores possibilidades de se
normalizar sem se defasar no seu desenvolvimento.
Independente da perspectiva adotada, mais biológica ou social, são muitas as evidências de
que crianças pré-termo estão sob maior risco para apresentar atraso perceptual, motor e cognitivo,
associado ou não a problemas de comportamento e déficit de atenção. Ao se pensar em lesão
cerebral que ocorreu pré, peri ou pós natal tem que se pensar, ao mesmo tempo, em intervenção
precoce nas áreas sensório-motoras para atingir o mais rápido possível um desenvolvimento que
ainda está com toda a sua plasticidade e capacidade de receber as sensações normais e integrá-las.
Pensava-se que o SNC era imutável após o seu desenvolvimento. Com a descoberta da
neuroplasticidade sabe-se que as conexões sinápticas são modificadas pela demanda funcional.
Como substrato da aprendizagem do indivíduo em sua interação com o ambiente, pode-se perceber a
importância da criança experimentar movimentos e posturas normais desde seu nascimento,
favorecendo a sua habilitação; caso contrário se esta criança começar a realizar movimentos e
posturas anormais durante seu desenvolvimento, estará aprendendo a interagir com o mundo em
padrões anormais, reforçando circuitos neuronais de comportamentos anormais, dificultando e
limitando sua qualidade de vida.
Quanto mais tarde a criança iniciar o plano de normalização, mais defasado estará o seu
desenvolvimento motor, juntamente com a perda na área sensorial, refletindo na perda da noção
espacial, esquema corporal, percepção, que poderá contribuir com a falta de atenção ou dificuldades
cognitivas. O tratamento por meio do conceito neuroevolutivo (Bobath) foi originalmente
desenvolvido pelos Bobath na Inglaterra no início da década de 1940 para o tratamento de
indivíduos com fisiopatologias do SNC. Esse método foi descrito como um conceito de vida e, como
tal, continuou a evoluir com o passar dos anos.
O tratamento pelo desenvolvimento neurológico, como planejado por Bobath, usa o
manuseio para inibir respostas anormais enquanto facilita reações automáticas. O manuseio
proporciona experiências sensoriais e motoras normais que darão base para o desenvolvimento
motor. Com as abordagens sensório-motoras, estímulos sensoriais específicos são administrados
para estimular uma resposta comportamental ou motora desejada. Técnicas de integração sensorial
algumas vezes são incorporadas nos programas sensório-motores. A intervenção sensório-motora
pode ser aplicada a bebês de alto risco de várias maneiras, por exemplo, o rolamento linear em uma
bola pequena para estimular o sistema vestibular e promover um estado de alerta. Estímulos
proprioceptivos e táteis profundos poderão promover um comportamento calmo e auto regulatório.
As atividades lúdicas são um meio para atingir os objetivos terapêuticos. A brincadeira
original não é como tirar férias da vida; é vida. O terapeuta e a criança estão sempre crescendo e
mudando. A brincadeira original não se baseia no medo, mas em uma relação de confiança com a
vida. Como um amiguinho, o terapeuta se junta a criança de tal forma que ambos sentem-se amados,
respeitados e ansiosos por explorar. As habilidades necessárias para a brincadeira serão a
curiosidade, confiança, resistência, vigilância.
A arte de normalizar o tônus é brincar com ele. Se o tônus é baixo, trazê-lo para um tônus
mais alto e normalizado; se o tônus é alto, trazê-lo para o tônus mais baixo e normalizado. Assim
que obtiver um tônus mais normalizado, é necessário dar-se a reação de equilíbrio. São essas reações
de equilíbrio, rotação, tirar da linha média, que vão manter o tônus normalizado e fazer com que o
cérebro integre essas reações e mantém o tônus.
Antes que a criança chegue é necessário planejar como utilizar o ambiente e os brinquedos
para trabalhar no sentido das metas de desenvolvimento da criança. É importante ter pelo menos um
plano de reserva para a seção de fisioterapia, pois a criança pode não querer realizar atividade
proposta.
O uso criativo do equipamento e dos brinquedos é uma habilidade muito importante. Um
adjunto à flexibilidade é aprender a usar o ambiente como instrumento de fisioterapia. Uma grande
motivação para as crianças pequenas são irmãos, pais e avós. A família pode conseguir que a criança
faça alguma coisa que o terapeuta não consegue. Também sabem o tipo de brincadeira que a criança
gosta e podem incorporar jogos familiares às sessões. A música também pode ser de grande
motivação; pode ser de fundo, para incrementar a atmosfera da sessão de fisioterapia, usada como
meio para as rotinas de exercícios, tocada em um gravador acionado por botões para incentivar
movimentos específicos.
Estudo comparativo sobre desempenho perceptual e motor em crianças em idade escolar que
nasceram pré-termo e a termo mostrou diferenças significativas de desempenho entre os dois grupos
em quase todos os testes. Chama a atenção para a importância do acompanhamento que deve ser
dado do desenvolvimento de recém-nascidos pré-termo, principalmente os nascidos abaixo da 34º
semana de gestação e com menos de 1500g, até a idade escolar. Uma recomendação pertinente,
frente aos dados apresentados, é que além de programas de detecção precoce de seqüelas
neuromotoras, crianças com história de prematuridade e que não apresentam quadro neurológico
evidente, deveriam ser encaminhados a programas de intervenção precoce.
Em análise sobre o desenvolvimento cognitivo de crianças nascidas com muito baixo peso
na idade pré-escolar, constatou-se um funcionamento intelectual limítrofe no momento da avaliação,
indicando possível dificuldade escolar, reforçando a necessidade de se promover estimulação
adequada à criança.
É muito importante fazer um plano de tratamento, visualizando-se o bebê com o que se
apresenta, e como será se não for possível normalizá-lo, para que se trabalhe muito mais nas suas
dificuldades e que, pelo bom posicionamento, a normalização adquirida na terapia ou pelo manuseio
adequado dado pela mãe (que deve ser bem orientada) perdure por mais tempo. Essa é a idéia
fundamental da intervenção precoce: normalizar o tônus e permitir que, pela plasticidade, estas
sensações normais sejam absorvidas e que sejam mantidas pelo maior tempo possível, para que as
sensações anormais sejam colocadas em segundo plano, fazendo com que o cérebro só integre as
sensações normais e depois as use para sempre.
De nada adianta o bebê ir diariamente à sessão de terapia e depois passar o resto do dia em
posturas que não favoreçam esta normalização. É muito mais vantajoso um bebê ir uma a duas vezes
por semana na terapia onde a mãe é sempre orientada e assiste o tratamento. Ela é a grande força
para a normalização de um bebê pequeno, e por isso ela deve ser respeitada, conquistada e amada
pelo terapeuta.
ANEXO I
Aprendizagem e Educação Psicomotora:
O ingresso da criança no ambiente educacional alia-se de forma direta e efetiva na
descoberta e vivência de um novo mundo, onde se espera paralelamente a aquisição de
conhecimento progressivo, passando de um sistema de restrita organização para outro preciso e
codificado. A relação transferencial entre escola e aluno é essencial para que cada um obtenha seu
objetivo: o da escola, de ensinar, o do escolar de aprender.
A criança que freqüenta a escola infantil tem seu desenvolvimento influenciado, por uma
ação educativa exterior a família, pois é cada vez maior o número de crianças que freqüentam a
escola desde de bebê e nela permanecem até 8 horas diárias. Portanto é grande a responsabilidade da
escola, especificamente dos professores, acerca do desenvolvimento geral da criança.
Muitos problemas apresentados pela criança no início da segunda infância, ou seja, nas
primeiras séries, podem originar-se neste período anterior da Educação Infantil.
As descobertas científicas comprovam que existe influência genética no desenvolvimento
cerebral, mas também afirmam que as experiências na infância ajudam a formar a arquitetura
cerebral com reflexos na vida adulta.
Ao nascer a criança tem 100 bilhões de células cerebrais (neurônios ativos), a maioria
aguarda conexões (sinapses) através de estímulos externos (sensoriais). Aos três anos a produção
dessas células nervosas aumenta chegando a um quatrilhão, o dobro encontrado em média no adulto.
Isto acontece porque o cérebro para se tornar mais eficaz apaga as conexões que não são muito
usadas, por isso os estímulos recebidos na primeira infância são tão importantes, porque criam e
fortalecem as sinapses, 90% das sinapses ocorrem até os três anos de idade.
A pré-escola tem um papel fundamental na evolução da criança, pois é nessa fase de grande
vivência corporal que se estabelecem e são fortalecidas as sinapses contribuindo para um
desenvolvimento neuropsicomotor adequado para um bom desempenho na vida escolar, profissional
e afetiva social.
A educação nos primeiros anos de vida deve levar em consideração as exigências básicas da
criança naquele período específico, permitindo a ela vivenciar experiências que valerão para o seu
aprendizado. A Educação Psicomotora deveria estar presente nos projetos pedagógicos da Educação
Infantil, porque privilegia o ato físico influenciando a atitude mental ensinando a criança a escutar,
interpretar, imaginar, organizar, representar, passar da idéia ao ato, do abstrato ao concreto, bases
imprescindíveis da aprendizagem formal.
O sucesso escolar depende da qualidade do desenvolvimento global da criança, e em grande
parte do desenvolvimento psicomotor que está associado ao processo de maturação do Sistema
Nervoso Central.
Perturbações de Desenvolvimento na Aprendizagem
O Processo de Aprendizagem na Construção do Conhecimento
O cérebro é o órgão central da motricidade, é o mais complicado órgão que a ciência tenta
compreender. É ele que assegura a todos os vertebrados o deslocamento do próprio corpo, resulta da
integração de vários sistemas motores de complexidade gradual ao longo da evolução.
Alguns neuroanatomistas enquadram a evolução do cérebro em substratos neurológicos que
são responsáveis por diversos tipos de motricidade. Ao longo da evolução biológica, os músculos,
além de assegurarem a sobrevivência adaptativa em todas as espécies, adquiriram uma função
adicional de transmissão de informação que está na gênese do cérebro.
A integração funcional do cérebro reflete uma organização plurineural da motricidade desde
a protomotricidade a neomotricidade.
O desenvolvimento do cérebro decorre filogeneticamente da síntese integrada e sistemática
de todas a adaptações hominídeas. A evolução do homem é inseparável da evolução da sua
motricidade e do seu cérebro, ambos tributários de libertações anatômicas que abriram através da
motricidade, o caminho e o acesso a novos sistemas funcionais cerebrais.
O tamanho do cérebro não é a melhor medida de capacidade cerebral. O que realmente conta
é a complexidade dos circuitos internos, as conexões sinápticas, a organização das regiões
subcorticais e corticais, as constelações dos sistemas funcionais, ou seja, a emergência de novos
substratos neurológicos resultantes da evolução cultural. Cada nova aprendizagem implica num novo
sistema funcional, que por sua vez tem de ser integrado no sistema nervoso surgindo um cérebro
mais complexo funcionalmente.
O desenvolvimento neuro-psico-motor surge com a interação e envolvimento apropriado. Se
uma criança for criada por primatas, ela nunca aprenderá a falar. Para se apropriar da cultura social a
criança necessita de mediatização (intermediação facilitadora para aprender) adequada, pois só com
ela poderá desenvolver e organizar a sua ontogênese cerebral, vertical e ascendente. O
desenvolvimento neuropsicomotor é o produto final de vários fatores neurobiológicos: mielinização,
crescimento dentrítico, crescimentos dos corpos celulares, estabelecimento de circuitos
interneuronais e muitos outros eventos bioquímicos que se concretizam num envolvimento humano
e cultural.
A exclusão de crianças e jovens com Dificuldade de Aprendizagem (D. A.) “pode ser”
produto de uma educação infantil inadequada que privilegia o trabalho mental desconsiderando a
hierarquia do desenvolvimento psicomotor. O movimento ou motricidade está relacionado ao
processo de maturação nervosa onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e
orgânicas. A motricidade é a fonte de alimentação do cérebro, por isso o homem é estudado, em
psicomotricidade, por meio do seu corpo em movimento.
Dificuldade de Aprendizagem
Dificuldade de Aprendizagem é um termo geral que pode se referir a um grupo heterogêneo
de desordens manifestadas por dificuldades significativas na aquisição e utilização da compreensão
auditiva, da fala, da leitura, da escrita, e do raciocínio matemático.
A dificuldades de aprendizagem pode estar relacionada, tanto a uma “falha” no processo de
aquisição ou desenvolvimento (distúrbio de aprendizado), como, a um problema de ordem
pedagógica (dificuldade escolar).
O distúrbio de aprendizado pode se manifestar no corpo, ou numa área gráfica e aparecem
durante o processo de aprendizagem. Manifestações:
Disgrafia – dificuldade que o indivíduo apresenta no ato motor da escrita; maneira errada de
pegar o lápis, usar força exagerada, traçado muito fraco, inconstância do movimento, etc...
Disortografia – dificuldade ligada à ortografia da escrita, envolvendo planos espaciais e
temporais, ritmo, atenção, concentração, noção de lateralidade, etc... Estão relacionadas às
características pedagógicas do processo de escrita do país.
Discalculia – dificuldade de transcrever, associar, seriar, reconhecer, parear, discriminar o
símbolo numérico, com características de imaturidade espaço-temporal.
Dislexia – dificuldade da leitura e da escrita ao mesmo tempo, problemas de compreensão e
elaboração na transcrição gráfica de um texto. O indivíduo dislexo não faz síntese devido a alguma
anomalia de neurotransmissor na área da leitura e escrita.
Causas principais da D. A. :
Cognitivas – intelectuais;
Motoras – Físicas/Orgânicas;
Emocionais – Comportamentais/Psicológicas;
Funcionais – Perceptiva (atenção)
Neurológicas – Síndromes e Afecções, Perceptiva (atenção), etc...

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Psicomotricidade na Educação Infantil

  • 1. E.E. CEL. OSCAR PRADOS CURSO NORMAL – PÓS-MÉDIO PSICOMOTRICIDADE PROFESSORA: LETICIA SAYURI MIURA APOSTILA DE PSICOMOTRICIDADE INFANTIL – TEORIA E PRÁTICA CONCEITUANDO A PSICOMOTRICIDADE Ernest Dupré, em 1907, introduziu a psicomotricidade no contexto científico, enunciando a lei que surgiu do seu trabalho. Em 1909, surgiu o termo psicomotricidade, quando Dupré introduziu os primeiros estudos sobre a debilidade motora nos débeis mentais. (SABOYA, 1995) Para Negrine (1995), a psicomotricidade origina-se do termo psyché, que significa alma, e do verbo latino moto, que significa agitar fortemente. A Sociedade Brasileira de Psicomotricidade a conceitua como sendo uma ciência que estuda o homem através do seu movimento nas diversas relações, tendo como objeto de estudo o corpo e a sua expressão dinâmica. A Psicomotricidade se dá a partir da articulação movimento/ corpo/ relação. Diante do somatório de forças que atuam no corpo - choros, medos, alegrias, tristezas, etc. - a criança estrutura suas marcas, buscando qualificar seus afetos e elaborar as suas idéias. Constituindo-se como pessoa. Diversos autores apresentaram conceitos relacionados a psicomotricidade. De acordo com Vayer (1986), a educação psicomotora é uma ação pedagógica e psicológica que utiliza os meios da educação física com o fim de normalizar ou melhorar o comportamento da criança. Segundo Coste (1978), é a ciência encruzilhada, na qual se cruzam e se encontram múltiplos pontos de vista biológicos, psicológicos, psicanalíticos, sociológicos e lingüísticos. Saboya (1995) define a psicomotricidade como uma ciência que tem por objetivo o estudo do homem, através do seu corpo em movimento, nas relações com seu mundo interno e seu mundo externo. Para Ajuriaguerra (1970), é a ciência do pensamento através do corpo preciso, econômico e harmonioso. Já Barreto (2000) afirma que é a integração do indivíduo, utilizando, para isso, o movimento e levando em consideração os aspectos relacionais ou afetivos, cognitivos e motrizes. É a educação pelo movimento consciente, visando melhorar a eficiência e diminuir o gasto energético. A psicomotricidade é atualmente concebida como a integração superior da motricidade, produto de uma relação inteligível entre a criança e o meio. (LIMA; BARBOSA, 2007). A Psicomotricidade contribui de maneira expressiva para a formação e estruturação do esquema corporal e tem como objetivo principal incentivar a prática do movimento em todas as etapas da vida de uma criança. Por meio das atividades, as crianças, além de se divertirem, criam, interpretam e se relacionam com o mundo em que vivem. Por isso, cada vez mais os educadores recomendam que os jogos e as brincadeiras ocupem um lugar de destaque no programa escolar desde a Educação Infantil. (LIMA; BARBOSA, 2007) Segundo Barreto (2000, p. 1), “O desenvolvimento psicomotor é de suma importância na prevenção de problemas da aprendizagem e na reeducação do tônus, da postura, da direcionalidade, da lateralidade e do ritmo”. A abordagem da Psicomotricidade permite a compreensão da forma como a criança toma consciência do seu corpo e das possibilidades de se expressar por meio dele. A educação psicomotora, para ser trabalhada, necessita que sejam utilizadas as funções motoras, perceptivas, cognitivas, afetivas e sócio-motoras, pois assim a criança explora o ambiente, realiza experiências concretas e é capaz de tomar consciência de si mesma e do mundo que a cerca. (LIMA; BARBOSA, 2007)
  • 2. 1.2) A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL Andréia Beatriz da Silva* Patrícia Ferreira Bianchini Borges** (* Professora da Educação Infantil na Rede Pública Municipal de Uberaba (MG), graduada em Pedagogia pelo Centro de Ensino Superior de Uberaba (CESUBE). ** Assistente de Alunos do Centro Federal de Educação Tecnológica de Uberaba (CEFET- Uberaba), graduada em Letras pela Universidade de Uberaba (UNIUBE) e especialista em Estudos Lingüísticos: Fundamentos para o Ensino e Pesquisa pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). 2 INTRODUÇÃO O processo de aprendizagem é um processo complexo que envolve sistemas e habilidades diversas, inclusive as motoras. Na maioria das crianças que passam por dificuldades de aprendizagem, a causa do problema não está localizado no período escolar em que se encontram no nível das bases, ou seja, nas estruturas de desenvolvimento. Assim sendo, é imprescindível que a criança, durante o período pré-escolar, antes de iniciar a sistematização do processo de alfabetização, adquira determinados conceitos que irão permitir e facilitar a aprendizagem da leitura e da escrita. Esses conceitos ou habilidades básicas são condições mínimas necessárias para uma boa aprendizagem, e constituem a estrutura da educação psicomotora. O desenvolvimento psicomotor requer o auxílio constante do professor através da estimulação; portanto não é um trabalho exclusivo do professor de Educação Física, e sim de todos profissionais envolvidos no processo ensino-aprendizagem. Na Educação Infantil, a função primordial do professor não é alfabetizar, devendo também estimular as funções psicomotoras necessárias ao aprendizado formal. Os principais aspectos a serem destacados são: esquema corporal, lateralidade, organização espacial e estruturação temporal. Além desses aspectos citados, é importante trabalhar as percepções e atividades pré-escritas. Um esquema corporal mal constituído resultará em uma criança que não coordena bem seus movimentos, veste-se ou despe-se com lentidão, as habilidades manuais lhe são difíceis, a caligrafia é feia, sua leitura é inexpressiva, não harmoniosa. (MORAIS, 2002) Quando a lateralidade de uma criança não está bem estabelecida, a mesma demonstra problemas de ordem espacial, não percebe a diferença entre seu lado dominante e o outro, não aprende a utilizar corretamente os termos direita e esquerda, apresenta dificuldade em seguir a direção gráfica da leitura e da escrita, não consegue reconhecer a ordem em um quadro, entre outros transtornos. (MORAIS, 2002) Problemas na organização espacial acarretarão dificuldades em distinguir letras que se diferem por pequenos detalhes, como “b” com “p”, “n” com “u”, “12” com “21” (direita e esquerda, para cima e para baixo, antes e depois), tromba constantemente nos objetos, não organiza bem seus materiais de uso pessoal nem seu caderno; não respeita margens nem escreve adequadamente sobre as linhas. Uma criança com a estruturação temporal pouco desenvolvida pode não perceber intervalos de tempo, não percebe o antes e o depois, não prevê o tempo que gastará para realizar uma atividade, demorando muito tempo nela e deixando, portanto, de realizar outras. Esses são alguns aspectos que se podem observar em crianças que não desenvolveram adequadamente suas habilidades psicomotoras. Verifica-se a necessidade de estimulá-la adequadamente desde a mais tenra idade, tendo sempre claros, os objetivos a serem alcançados e os objetivos das atividades propostas; o relacionamento afetivo professor/aluno, o jogo prazeroso e a elevação da auto-estima são também aspectos de extrema relevância. Partindo da concepção que a psicomotricidade na Educação Infantil é importante, devemos valorizá-la e trabalhar com as crianças no sentido de efetivar o seu verdadeiro significado. De acordo com Quirós (1992, apud ELMAN; BARTH; UNCHALO, 1992, p.12) “a motricidade é a faculdade de realizar movimentos e a psicomotricidade é a educação de movimentos que procura melhor utilização das capacidades psíquicas”. Dessa forma, entende-se que a motricidade e a psicomotricidade são interligadas e ambas desenvolvem os movimentos físicos e mentais, procurando educar o próprio
  • 3. corpo, sendo a psicomotricidade uma ação em que se desenvolvem todas as áreas do conhecimento. Na busca de concepções que fundamentem este trabalho, podemos destacar as seguintes colocações: Compreendendo a sua importância para o desenvolvimento, o movimento humano, portando é mais do que simples deslocamento do corpo; no espaço. Constitui-se em uma linguagem que permite as crianças agirem sobre o meio físico e atuarem sobre o ambiente humano, mobilizando as pessoas por meio de seu teor expressivo. (BRASIL, 1998, p. 5) Assim sendo, percebe-se que a psicomotricidade é uma ciência fundamental no desenvolvimento da criança, em que a mesma deve ser estimulada sempre para que se possa ter uma formação integral, uma vez que o movimento para a criança significa muito mais que mexer com o corpo: é uma forma de expressão e socialização de idéias, ou até mesmo a oportunidade de desabafar, de soltar as suas emoções, vivenciar sensações e descobrir o mundo. Para Quirós (1992, apud ELMAN; BARTH; UNCHALO, 1992, p.12), Nos movimentos serão expressos sentimentos de prazer, frustração, desagrado, euforia, como dimensão de um estado emocional, reconstruindo, assim, uma memória afetiva desde os gestos iniciais da criança, na medida em que melhor o indivíduo domina seu corpo e sentimentos. Gradativamente ele irá conduzir-se com mais segurança no seu meio ambiente, e desta forma movimentar-se adequadamente dentro de todo um processo educativo. Nesse sentido, o desenvolvimento psicomotor torna-se muito importante na vida da criança porque, partindo da descoberta que ela faz do seu corpo, dos movimentos e de tudo que está ao seu redor, consegue conquistar e organizar seu espaço, desenvolver sua percepção auditiva e suas emoções, aprendendo aos poucos a coordená-las. (PONCHIELLI, 2003) Segundo Conceição (1984, apud MORAIS, 2002, p. 2), compreende-se desenvolvimento como a interação existente entre o pensamento consciente ou não, e o movimento efetuado pelos músculos com ajuda do sistema nervoso. [...] Os músculos trabalham juntos na educação psicomotora do indivíduo, fazendo com que ele evolua. Com base nesses autores, podemos afirmar que, para alcançarmos um bom desenvolvimento psicomotor da criança as atividades precisam ser bem elaboradas e executadas de maneira a proporcionar-lhe prazer ao realizá-las. Nessa perspectiva, faz-se necessário a presença de um especialista em Educação Física que realize um trabalho conjunto com o professor que atua na sala de aula, durante a permanência do aluno na escola. A Psicomotricidade nada mais é que se relacionar através da ação, como um meio de tomada de consciência que une o ser corpo, a mente e o espírito. A Psicomotricidade está associada à afetividade e à personalidade, já que o indivíduo utiliza seu corpo para demonstrar o que sente. (LIMA; BARBOSA, 2007)
  • 4. 1.3) AS ÁREAS DA PSICOMOTRICIDADE Para fins didáticos subdividiremos a psicomotricidade em áreas que, embora citadas isoladamente, agirão quase sempre vinculadas umas às outras; entenderemos por "Prática Psicomotora" todas as atividades que visam estimular as várias áreas que mencionaremos a seguir: 1.3 a)ÁREAS PSICOMOTORAS COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO A linguagem é função de expressão e comunicação do pensamento e função de socialização. Permite ao indivíduo trocar experiências e atuar - verbal e gestualmente - no mundo. Por ser a linguagem verbal intimamente dependente da articulação e da respiração, incluem- se nesta área os exercícios fono articulatórios e respiratórios. PERCEPÇÃO Percepção é a capacidade de reconhecer e compreender estímulos recebidos. A percepção está ligada à atenção, à consciência e a memória. Os estímulos que chegam até nós provocam uma sensação que possibilita a percepção e a discriminação. Primeiramente sentimos, através dos sentidos: tato, visão, audição, olfato e degustação. Em seguida, percebemos, realizamos uma mediação entre o sentir e o pensar. E, por fim, discriminamos - reconhecemos as diferenças e semelhanças entre estímulos e percepções. A discriminação é que nos permite saber, por exemplo, o que é verde e o que é azul, e a diferença entre o 1 e o 7. As atividades propostas para esta área devem auxiliar o desenvolvimento da percepção e da discriminação. COORDENAÇÃO A coordenação motora é mais ou menos instintiva e ligada ao desenvolvimento físico. Entendida como a união harmoniosa de movimentos, a coordenação supõe integridade e maturação do sistema nervoso. Subdividiremos a coordenação motora em coordenação dinâmica global ou geral, visomanual ou fina e visual. A coordenação dinâmica global envolve movimentos amplos com todo o corpo (cabeça, ombros, braços, pernas, pés, tornozelos, quadris etc.) e desse modo 'coloca grupos musculares diferentes em ação simultânea, com vistas à execução de movimentos voluntários mais ou menos complexos". A coordenação visomanual engloba movimentos dos pequenos músculos em harmonia, na execução de atividades utilizando dedos, mãos e pulsos. A coordenação visual refere-se a movimentos específicos com os olhos nas mais variadas direções. As atividades psicomotoras propostas para a área de coordenação estão subdivididas nessas três áreas. ORIENTAÇÃO A orientação ou estruturação espacial/temporal é importante no processo de adaptação do indivíduo ao ambiente, já que todo corpo, animado ou inanimado, ocupa necessariamente um espaço em um dado momento. A orientação espacial e temporal corresponde à organização intelectual do meio e está ligada à consciência, à memória a às experiências vivenciadas pelo indivíduo. CONHECIMENTO CORPORAL E LATERALIDADE A criança percebe seu próprio corpo por meio de todos os sentidos. Seu corpo ocupa um espaço no ambiente em função do tempo, capta imagens, recebe sons, sente cheiros e sabores, dor e calor, movimenta-se. A entidade corpo é centro, o referencial. A noção do corpo está no centro do sentimento de mais ou menos disponibilidade e adaptação que temos de nosso corpo e está no centro
  • 5. da relação entre o vivido e o universo. É nosso espelho afetivo-somático ante uma imagem de nós mesmos, do outro e dos objetos. O esquema corporal, da maneira como se constrói e se elabora no decorrer da evolução da criança, não tem nada a ver com uma tomada de consciência sucessiva de elementos distintos, os quais, como num quebra-cabeça, iriam pouco a pouco encaixar-se uns aos outros para compor um corpo completo a partir de um corpo desmembrado. O esquema corporal revela-se gradativamente à criança da mesma forma que uma fotografia revelada na câmara escura mostra-se pouco a pouco para o observador, tomando contorno, forma e coloração cada vez mais nítidos. A elaboração e o estabelecimento deste esquema parecem ocorrer relativamente cedo, uma vez que a evolução está praticamente terminada por volta dos quatro ou cinco anos. Isto é, ao lado da construção de um corpo 'objetivo', estruturado e representado como um objeto físico, cujos limites podem ser traçados a qualquer momento, existe uma experiência precoce, global e inconsciente do esquema corporal, que vai pesar muito no desenvolvimento ulterior da imagem e da representação de si. O conceito corporal, que é o conhecimento intelectual sobre partes e funções; e o esquema corporal, que em nossa mente regula a posição dos músculos e partes do corpo. O esquema corporal é inconsciente e se modifica com o tempo. Quando tratamos de conhecimento corporal, inserimos a lateralidade, já que é a bússola de nosso corpo e assim possibilita nossa situação no ambiente. A lateralidade diz respeito à percepção dos lados direito e esquerdo e da atividade desigual de cada um desses lados visto que sua distinção será manifestada ao longo do desenvolvimento da experiência. Perceber que o corpo possui dois lados e que um é mais utilizado do que o outro é o início da discriminação entre a esquerda e direita. De início, a criança não distingue os dois lados do corpo; num segundo momento, ela compreende que os dois braços encontram-se um em cada lado de seu corpo, embora ignore que sejam "direito" e "esquerdo". Aos cinco anos, aprende a diferenciar uma mão da outra e um pé do outro. Em seguida, passa a distinguir um olho do outro. Aos seis anos, a criança tem noção de suas extremidades direita e esquerda e noção dos órgãos pares, apontando sua localização em cada lado de seu corpo (ouvidos, sobrancelhas, mamilos, etc.). Aos sete anos, sabe com precisão quais são as partes direita e esquerda de seu corpo. As atividades psicomotoras auxiliam a criança a adquirir boa noção de espaço e lateralidade e boa orientação com relação a seu corpo, aos objetos, às pessoas e aos sinais gráficos. Alguns estudiosos preferem tratar a questão da lateralidade como parte da orientação espacial e não como parte do conhecimento corporal. HABILIDADES CONCEITUAIS A matemática pode ser considerada uma linguagem cuja função é expressar relações de quantidade, espaço, tamanho, ordem, distância, etc. A medida em que brinca com formas, quebra-cabeças, caixas ou panelas, a criança adquire uma visão dos conceitos pré-simbólicos de tamanho, número e forma. Ela enfia contas no barbante ou coloca figuras em quadros e aprende sobre seqüência e ordem; aprende frases: acabou, não mais, muito, o que amplia suas idéias de quantidade. A criança progride na medida do conhecimento lógico-matemático, pela coordenação das relações que anteriormente estabeleceu entre os objetos. Para que se construa o conhecimento físico (referente a cor, peso, etc.), a criança necessita ter um sistema de referência lógico-matemático que lhe possibilite relacionar novas observações com o conhecimento já existente; por exemplo: para perceber que um peixe é vermelho, ela necessita um esquema classificatório para distinguir o vermelho de todas as outras cores e outro esquema classificatório para distinguir o peixe de todos os demais objetos que conhece. HABILIDADES PSICOMOTORAS E PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO As habilidades psicomotoras são essenciais ao bom desempenho no processo de alfabetização. A aprendizagem da leitura e da escrita exige habilidades tais como: • dominância manual já estabelecida (área de lateralidade); • conhecimento numérico suficiente para saber, por exemplo, quantas voltas existem nas letras m e n, ou quantas sílabas formam uma palavra (área de habilidades conceituais); • movimentação dos olhos da esquerda para a direita, domínio de movimentos delicados adequados à
  • 6. escrita, acompanhamento das linhas de uma página com os olhos ou os dedos, preensão adequada para segurar lápis e papel e para folhear (área de coordenação visual e manual); • discriminação de sons (área de percepção auditiva); • adequação da escrita às dimensões do papel, reconhecimento das diferenças dos pares b/d, q/d, p/q etc., orientação da leitura e da escrita da esquerda para a direita, manutenção da proporção de altura e largura das letras, manutenção de espaço entre as palavras e escrita orientada pelas pautas (áreas de percepção visual, orientação espacial, lateralidade, habilidades conceituais); • pronúncia adequada de vogais, consoantes, sílabas, palavras (área de comunicação e expressão); • noção de linearidade da disposição sucessiva de letras, sílabas e palavras (área de orientação têmporo-espacial); • capacidade de decompor palavras em sílabas e letras (análise); • possibilidade de reunir letras e sílabas para formar novas palavras (síntese). ESQUEMA CORPORAL Conhecimento intuitivo imediato que a criança tem do próprio corpo, conhecimento capaz de gerar as possibilidades de atuação da criança sobre as partes do seu corpo, sobre o mundo exterior e sobre os objetos que a cercam. Exercício 1 : Reconhecendo as partes essenciais do corpo - O profissional diz os nomes das seguintes partes do corpo: cabeça, peito, barriga, braços, pernas, pés, explorando uma parte por vez. A criança mostra em si mesma a parte mencionada pelo profissional, respeitando o nome que designa. Primeiramente o trabalho deverá ser realizado de olhos abertos, e a seguir de olhos fechados. Olhos abertos: Aprendizado. Olhos fechados: Quando dominar as partes do corpo. Exercício 2: A criança deverá reconhecer também as partes do rosto: nariz, olhos, boca, queixo, sombrancelhas, cílios, trabalhar também com os dedos com a mão apoiada sobre a mesa a criança deverá apresentar o pulso, o dedo maior e o dedo menor, os nomes dos dedos são ensinados a criança pedindo que ela levante um a um dizendo os respectivos nomes dos dedos. Exercício 3: Trabalhar com os olhos - Em pé ou sentado a criança acompanha com os olhos sem mexer a cabeça, a trajetória de um objeto que se desloca no espaço. Exercício 4: Sentir os rins - Deitada com as pernas estendidas e as mãos sobre os rins a criança dobra os joelhos e encosta-os no peito. Comentar com a criança que a parte do corpo que se apoia com força sobre suas mãos chama-se rins. Exercício 5: Automatizando a noção de direita e esquerda Conhecendo a direita e a esquerda do próprio corpo mostrar a criança qual é a sua mão direita e qual é a sua mão esquerda. Dominando este conceito, realizar o exercício em etapas: - fechar com força a mão direita; - depois a esquerda; - Levantar o braço direito; - depois o esquerdo; - bater o pé esquerdo; - depois o direito; - mostrar o olho direito; - depois o esquerdo; - mostrar a orelha direita; - depois a esquerda; - levantar a perna esquerda; - depois a direita. Trabalhar com os olhos abertos, e quando a criança estiver dominando o exercício trabalhar com os olhos fechados. Exercício 6: Localizando elementos na sala de aula. A criança deverá dizer de que lado está a porta, a janela, a mesa da sala de aula, etc. em relação a si mesma. Durante a realização do exercício, não deixar a criança cruzar os braços, pois isso dificulta sua orientação espacial.
  • 7. COORDENAÇÃO ÓCULO-MANUAL A finalidade dos exercícios de coordenação óculo-manual têm como finalidade o domínio do campo visual, associada a motricidade fina das mãos. Exercício - Realizar este jogo em duas etapas: A criança bate a bola no chão, apanhando-a inicialmente com as duas mãos, e depois ora com a mão direita, ora com a mão esquerda. No início a criança deverá trabalhar livremente. Numa segunda etapa o professor determinará previamente com qual das mãos a criança deverá apanhar a bola. A criança joga a bola para o alto com as duas mãos, apanhando-a com as duas mãos também. Em seguida, joga a bola para o alto com uma só mão, apanhando-a com uma só mão também. Variar o uso das mãos. Ora com a direita ora com a esquerda. Jogo de Pontaria no Chão - Desenhar um círculo no chão ou utilizar um arco. As crianças deverão jogar a bola dentro do círculo. Aumentar gradativametne a distância. Variar jogando a bola na frente, atrás, do lado esquerdo, do lado direito do círculo. COORDENAÇÃO DINÂMICA GERAL Estes exercícios possuem a função de equilíbrio que é a base essencial da coordenação dinâmica geral que possuem a finalidade de melhorar o comando nervoso, a precisão motora e o controle global dos deslocamentos do corpo no tempo e no espaço. Constituem-se de exercícios de marchas e saltos. Apresentamos exercícios em que a criança a nível de experiências vividas, manipula conceitos espaciais importantes para o seu preparo para a alfabetização. Os conceitos espaciais: direita, esquerda, atrás, na frente, entre, perto, longe, maior, menor; são vivenciados através de movimentos específicos. A partir daí propomos exercícios com maior intensidade. Se coloca a medição de um raciocínio, de uma reflexão sobre os dados vivenciados no primeiro nível. Dessa forma permite a criança passar para a etapa de estruturação temporal requerida para o aprendizado da leitura e da escrita. Exercício: Andando, saltando e equilibrando-se. 1. Andando de cabeça erguida A criança anda com um objeto sobre a cabeça ( pode ser um livro de capa dura). Dominada esta etapa a criança para, levanta uma perna formando um angulo de noventa graus e coloca-se lentamente no chão. O mesmo trabalho deverá ser feito com a outra perna. 2. Quem alcança ? O professor segura um objeto a uma determinada altura (pode ser um lápis, uma bola ) a criança deverá saltar para alcança-lo . Inicialmente fazer o exercício em pé, depois de cócoras. MOTRICIDADE FINA DAS MÃOS E DOS DEDOS Os exercícios de motricidade fina são muito importantes para a criança, na medida em que educam é gesto requerido para a escrita, evitando a apreensão e a prisão inadequados que tanto prejudicam o grafismo, tornando o ato de escrever uma experiência aversiva a criança. CUIDANDO DAS MÃOS Exercício de Motricidade Fina : Trabalhando só com os braços - Este exercício tem como objetivo desenvolver a independência segmentar do braço em relação ao tronco, o que beneficia e facilita o trabalho da mão no ato de escrever. Apresentamos uma série de gráficos (traçados) que o professor deverá reproduzir em tamanho grande no quadro de giz ou programá-los em cartões. As crianças por sua vez deverão reproduzí-los com gestos executados no ar. AMASSANDO A MASSA Fazendo Bolas de Massa - O professor distribui a classe bolas de massa de tamanhos variados (usar massa para modelar) sentada, com o cotovelo apoiado sobre a carteira, a mão para o alto, a criança aperta as bolas de massa com força, amassando-as. Orientar a criança para que trabalhe com dois dedos por vez. Trabalhar primeiro uma das mãos, depois com a outra e,
  • 8. finalmente, com as duas juntas. Fazendo as bolas de massa - Realizar o mesmo trabalho do exercício anterior, neste caso, porém a massa é apresentada em forma de disco, com a qual a criança deverá fazer uma bola. Estruturação Espaço-Temporal A noção de espaço não é inata, ela resulta de uma construção proveniente das vivências motoras, assim como a estruturação temporal. Para lidar com sinais e símbolos o cérebro tem que se organizar primeiro com as informações tônicas e táteis. Primeiro ele processa informação proveniente de seu corpo para depois processar informação originada fora de seu corpo. Portanto, a estruturação espaço -temporal depende do grau de integração e organização dos fatores psicomotores anteriores. A estruturação espaço-temporal é uma superestrutura, pois resulta da integração de duas estruturações distintas que têm seu desenvolvimento próprio (estrutura espacial e estrutura temporal), as duas especificamente relacionadas com diferentes modalidades sensoriais, a visual e a auditiva, respectivamente. Segundo Piaget, na gênese da inteligência o conceito de espaço vem antes do conceito de tempo. É a través da translação do movimento no espaço que obtemos o conhecimento da distância a que nos encontramos do objeto ou da distância percorrida no espaço. Transformamos o conhecimento do corpo em conhecimento do espaço, primeiro intuitivamente depois lógica e conceitualmente. A criança precisa aprender a interpretar as informações sensoriais em termos de espaço e construir conceitos espaciais em termos sensoriais e motores. Ela só pode desenvolver um mundo espacial estável depois de aprender a interpretar as informações vestibulares, proprioceptivas e exteroceptivas em termos de espaço, ou seja, ter interiorizado o conceito de localização corporal. A estruturação temporal é mais elaborada em si do que a estruturação espacial, porque transcende a estimulação sensorial imediata. O cérebro elabora sistemas funcionais de acordo com a dimensão do tempo, joga com as experiências anteriores, adapta-se às condições presentes e prediz e antecipa o futuro. A preservação destes sistemas ilustra a complexa organização temporal que o cérebro necessita para preparar suas atividades. Através da estruturação temporal a criança tem consciência da sua ação, o seu passado conhecido e atualizado, o presente experimentado e o futuro desconhecido é antecipado. Essa estrutura de organização é determinante para todos os processo de aprendizagem. A noção do tempo é uma noção de controle e de organização em níveis da atividade e da cognitividade. A estruturação temporal condiciona toda a integração sensorial anterior porque preside todas as formas de análise de estímulos, decodificando-os segundo uma ordem, sem a qual a significação não é atingida. A dimensão temporal não só fornece a localização dos acontecimentos no tempo, como fornece a preservação das relações entre os acontecimentos. Resumindo estruturação espacial e temporal são fundamentos psicomotores básicos da aprendizagem e da função cognitiva, pois nos fornecem as bases do pensamento relacional, a capacidade de ordenação e de organização, a capacidade de processamento simultâneo e sequencializado da informação, a capacidade de retenção, reaudiorização e revisualização, rechamadas do passado de integração do presente e preparação do futuro, além de outras capacidades como: representação, quantificação e categorização. Lateralidade Constitui o reconhecimento de direita-esquerda, traduzindo um poder disccriminativo e verbalizado que a criança tem de seu corpo como um universo espacial interiorizado e socialmente mediado. O reconhecimento direita-esquerda é um fator integrado à noção do corpo, mas que fornece dados ao nível da lateralização simbólica. Envolve uma função de decodificação verbal da noção simbólica do hemicorpo e da conscientização da linha média do corpo. A criança localiza a si própria antes de se localizar no espaço, depois localiza os objetos em relação a si própria para posteriormente localizar cada objeto sem precisar referi-los corporalmente.
  • 9. Entre seis e sete anos deve ocorrer a simbolização direita e esquerda, caso contrário pode haver dificuldade para ler, pois é através da percepção direita/esquerda que haverá a discriminação, por exemplo, do valor do numeral estando à direita ou à esquerda. A criança para aprender, necessita de uma noção de corpo interiormente conscientizada dos dois lados do seu corpo e das suas diferenças e posições relativas. Não basta ter aprendido que um lado é direito e o outro é esquerdo, é preciso manter as relações entre ambos de forma controlada e discriminada. Estas relações não são inatas, necessitam ser aprendida como sistemas funcionais complexos. Nomear os lados do corpo diferenciá-los intra e extra-corporalmente é condição de orientação do espaço que é vital para a organização perceptiva e para as aprendizagens simbólicas mais complexas. As aprendizagens perceptivas são construídas a partir das aprendizagens motoras, o mesmo é dizer que as aprendizagens cognitivas são construídas a partir de aprendizagens psicomotoras. 2.0 )ESTIMULAÇAO MOTORA PRECOCE Em nenhuma fase do ser humano o desenvolvimento motor vai ser tão rápido como o de 0 a 1 ano e 8 meses. Portanto, este é o período em que o bebê ainda terá maiores possibilidades de se normalizar sem se defasar no seu desenvolvimento. Independente da perspectiva adotada, mais biológica ou social, são muitas as evidências de que crianças pré-termo estão sob maior risco para apresentar atraso perceptual, motor e cognitivo, associado ou não a problemas de comportamento e déficit de atenção. Ao se pensar em lesão cerebral que ocorreu pré, peri ou pós natal tem que se pensar, ao mesmo tempo, em intervenção precoce nas áreas sensório-motoras para atingir o mais rápido possível um desenvolvimento que ainda está com toda a sua plasticidade e capacidade de receber as sensações normais e integrá-las. Pensava-se que o SNC era imutável após o seu desenvolvimento. Com a descoberta da neuroplasticidade sabe-se que as conexões sinápticas são modificadas pela demanda funcional. Como substrato da aprendizagem do indivíduo em sua interação com o ambiente, pode-se perceber a importância da criança experimentar movimentos e posturas normais desde seu nascimento, favorecendo a sua habilitação; caso contrário se esta criança começar a realizar movimentos e posturas anormais durante seu desenvolvimento, estará aprendendo a interagir com o mundo em padrões anormais, reforçando circuitos neuronais de comportamentos anormais, dificultando e limitando sua qualidade de vida. Quanto mais tarde a criança iniciar o plano de normalização, mais defasado estará o seu desenvolvimento motor, juntamente com a perda na área sensorial, refletindo na perda da noção espacial, esquema corporal, percepção, que poderá contribuir com a falta de atenção ou dificuldades cognitivas. O tratamento por meio do conceito neuroevolutivo (Bobath) foi originalmente desenvolvido pelos Bobath na Inglaterra no início da década de 1940 para o tratamento de indivíduos com fisiopatologias do SNC. Esse método foi descrito como um conceito de vida e, como tal, continuou a evoluir com o passar dos anos. O tratamento pelo desenvolvimento neurológico, como planejado por Bobath, usa o manuseio para inibir respostas anormais enquanto facilita reações automáticas. O manuseio proporciona experiências sensoriais e motoras normais que darão base para o desenvolvimento motor. Com as abordagens sensório-motoras, estímulos sensoriais específicos são administrados para estimular uma resposta comportamental ou motora desejada. Técnicas de integração sensorial algumas vezes são incorporadas nos programas sensório-motores. A intervenção sensório-motora pode ser aplicada a bebês de alto risco de várias maneiras, por exemplo, o rolamento linear em uma bola pequena para estimular o sistema vestibular e promover um estado de alerta. Estímulos proprioceptivos e táteis profundos poderão promover um comportamento calmo e auto regulatório. As atividades lúdicas são um meio para atingir os objetivos terapêuticos. A brincadeira original não é como tirar férias da vida; é vida. O terapeuta e a criança estão sempre crescendo e mudando. A brincadeira original não se baseia no medo, mas em uma relação de confiança com a vida. Como um amiguinho, o terapeuta se junta a criança de tal forma que ambos sentem-se amados, respeitados e ansiosos por explorar. As habilidades necessárias para a brincadeira serão a curiosidade, confiança, resistência, vigilância. A arte de normalizar o tônus é brincar com ele. Se o tônus é baixo, trazê-lo para um tônus mais alto e normalizado; se o tônus é alto, trazê-lo para o tônus mais baixo e normalizado. Assim que obtiver um tônus mais normalizado, é necessário dar-se a reação de equilíbrio. São essas reações
  • 10. de equilíbrio, rotação, tirar da linha média, que vão manter o tônus normalizado e fazer com que o cérebro integre essas reações e mantém o tônus. Antes que a criança chegue é necessário planejar como utilizar o ambiente e os brinquedos para trabalhar no sentido das metas de desenvolvimento da criança. É importante ter pelo menos um plano de reserva para a seção de fisioterapia, pois a criança pode não querer realizar atividade proposta. O uso criativo do equipamento e dos brinquedos é uma habilidade muito importante. Um adjunto à flexibilidade é aprender a usar o ambiente como instrumento de fisioterapia. Uma grande motivação para as crianças pequenas são irmãos, pais e avós. A família pode conseguir que a criança faça alguma coisa que o terapeuta não consegue. Também sabem o tipo de brincadeira que a criança gosta e podem incorporar jogos familiares às sessões. A música também pode ser de grande motivação; pode ser de fundo, para incrementar a atmosfera da sessão de fisioterapia, usada como meio para as rotinas de exercícios, tocada em um gravador acionado por botões para incentivar movimentos específicos. Estudo comparativo sobre desempenho perceptual e motor em crianças em idade escolar que nasceram pré-termo e a termo mostrou diferenças significativas de desempenho entre os dois grupos em quase todos os testes. Chama a atenção para a importância do acompanhamento que deve ser dado do desenvolvimento de recém-nascidos pré-termo, principalmente os nascidos abaixo da 34º semana de gestação e com menos de 1500g, até a idade escolar. Uma recomendação pertinente, frente aos dados apresentados, é que além de programas de detecção precoce de seqüelas neuromotoras, crianças com história de prematuridade e que não apresentam quadro neurológico evidente, deveriam ser encaminhados a programas de intervenção precoce. Em análise sobre o desenvolvimento cognitivo de crianças nascidas com muito baixo peso na idade pré-escolar, constatou-se um funcionamento intelectual limítrofe no momento da avaliação, indicando possível dificuldade escolar, reforçando a necessidade de se promover estimulação adequada à criança. É muito importante fazer um plano de tratamento, visualizando-se o bebê com o que se apresenta, e como será se não for possível normalizá-lo, para que se trabalhe muito mais nas suas dificuldades e que, pelo bom posicionamento, a normalização adquirida na terapia ou pelo manuseio adequado dado pela mãe (que deve ser bem orientada) perdure por mais tempo. Essa é a idéia fundamental da intervenção precoce: normalizar o tônus e permitir que, pela plasticidade, estas sensações normais sejam absorvidas e que sejam mantidas pelo maior tempo possível, para que as sensações anormais sejam colocadas em segundo plano, fazendo com que o cérebro só integre as sensações normais e depois as use para sempre. De nada adianta o bebê ir diariamente à sessão de terapia e depois passar o resto do dia em posturas que não favoreçam esta normalização. É muito mais vantajoso um bebê ir uma a duas vezes por semana na terapia onde a mãe é sempre orientada e assiste o tratamento. Ela é a grande força para a normalização de um bebê pequeno, e por isso ela deve ser respeitada, conquistada e amada pelo terapeuta. ANEXO I Aprendizagem e Educação Psicomotora:
  • 11. O ingresso da criança no ambiente educacional alia-se de forma direta e efetiva na descoberta e vivência de um novo mundo, onde se espera paralelamente a aquisição de conhecimento progressivo, passando de um sistema de restrita organização para outro preciso e codificado. A relação transferencial entre escola e aluno é essencial para que cada um obtenha seu objetivo: o da escola, de ensinar, o do escolar de aprender. A criança que freqüenta a escola infantil tem seu desenvolvimento influenciado, por uma ação educativa exterior a família, pois é cada vez maior o número de crianças que freqüentam a escola desde de bebê e nela permanecem até 8 horas diárias. Portanto é grande a responsabilidade da escola, especificamente dos professores, acerca do desenvolvimento geral da criança. Muitos problemas apresentados pela criança no início da segunda infância, ou seja, nas primeiras séries, podem originar-se neste período anterior da Educação Infantil. As descobertas científicas comprovam que existe influência genética no desenvolvimento cerebral, mas também afirmam que as experiências na infância ajudam a formar a arquitetura cerebral com reflexos na vida adulta. Ao nascer a criança tem 100 bilhões de células cerebrais (neurônios ativos), a maioria aguarda conexões (sinapses) através de estímulos externos (sensoriais). Aos três anos a produção dessas células nervosas aumenta chegando a um quatrilhão, o dobro encontrado em média no adulto. Isto acontece porque o cérebro para se tornar mais eficaz apaga as conexões que não são muito usadas, por isso os estímulos recebidos na primeira infância são tão importantes, porque criam e fortalecem as sinapses, 90% das sinapses ocorrem até os três anos de idade. A pré-escola tem um papel fundamental na evolução da criança, pois é nessa fase de grande vivência corporal que se estabelecem e são fortalecidas as sinapses contribuindo para um desenvolvimento neuropsicomotor adequado para um bom desempenho na vida escolar, profissional e afetiva social. A educação nos primeiros anos de vida deve levar em consideração as exigências básicas da criança naquele período específico, permitindo a ela vivenciar experiências que valerão para o seu aprendizado. A Educação Psicomotora deveria estar presente nos projetos pedagógicos da Educação Infantil, porque privilegia o ato físico influenciando a atitude mental ensinando a criança a escutar, interpretar, imaginar, organizar, representar, passar da idéia ao ato, do abstrato ao concreto, bases imprescindíveis da aprendizagem formal. O sucesso escolar depende da qualidade do desenvolvimento global da criança, e em grande parte do desenvolvimento psicomotor que está associado ao processo de maturação do Sistema Nervoso Central. Perturbações de Desenvolvimento na Aprendizagem O Processo de Aprendizagem na Construção do Conhecimento O cérebro é o órgão central da motricidade, é o mais complicado órgão que a ciência tenta compreender. É ele que assegura a todos os vertebrados o deslocamento do próprio corpo, resulta da integração de vários sistemas motores de complexidade gradual ao longo da evolução. Alguns neuroanatomistas enquadram a evolução do cérebro em substratos neurológicos que são responsáveis por diversos tipos de motricidade. Ao longo da evolução biológica, os músculos, além de assegurarem a sobrevivência adaptativa em todas as espécies, adquiriram uma função adicional de transmissão de informação que está na gênese do cérebro. A integração funcional do cérebro reflete uma organização plurineural da motricidade desde a protomotricidade a neomotricidade. O desenvolvimento do cérebro decorre filogeneticamente da síntese integrada e sistemática de todas a adaptações hominídeas. A evolução do homem é inseparável da evolução da sua motricidade e do seu cérebro, ambos tributários de libertações anatômicas que abriram através da motricidade, o caminho e o acesso a novos sistemas funcionais cerebrais.
  • 12. O tamanho do cérebro não é a melhor medida de capacidade cerebral. O que realmente conta é a complexidade dos circuitos internos, as conexões sinápticas, a organização das regiões subcorticais e corticais, as constelações dos sistemas funcionais, ou seja, a emergência de novos substratos neurológicos resultantes da evolução cultural. Cada nova aprendizagem implica num novo sistema funcional, que por sua vez tem de ser integrado no sistema nervoso surgindo um cérebro mais complexo funcionalmente. O desenvolvimento neuro-psico-motor surge com a interação e envolvimento apropriado. Se uma criança for criada por primatas, ela nunca aprenderá a falar. Para se apropriar da cultura social a criança necessita de mediatização (intermediação facilitadora para aprender) adequada, pois só com ela poderá desenvolver e organizar a sua ontogênese cerebral, vertical e ascendente. O desenvolvimento neuropsicomotor é o produto final de vários fatores neurobiológicos: mielinização, crescimento dentrítico, crescimentos dos corpos celulares, estabelecimento de circuitos interneuronais e muitos outros eventos bioquímicos que se concretizam num envolvimento humano e cultural. A exclusão de crianças e jovens com Dificuldade de Aprendizagem (D. A.) “pode ser” produto de uma educação infantil inadequada que privilegia o trabalho mental desconsiderando a hierarquia do desenvolvimento psicomotor. O movimento ou motricidade está relacionado ao processo de maturação nervosa onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas. A motricidade é a fonte de alimentação do cérebro, por isso o homem é estudado, em psicomotricidade, por meio do seu corpo em movimento. Dificuldade de Aprendizagem Dificuldade de Aprendizagem é um termo geral que pode se referir a um grupo heterogêneo de desordens manifestadas por dificuldades significativas na aquisição e utilização da compreensão auditiva, da fala, da leitura, da escrita, e do raciocínio matemático. A dificuldades de aprendizagem pode estar relacionada, tanto a uma “falha” no processo de aquisição ou desenvolvimento (distúrbio de aprendizado), como, a um problema de ordem pedagógica (dificuldade escolar). O distúrbio de aprendizado pode se manifestar no corpo, ou numa área gráfica e aparecem durante o processo de aprendizagem. Manifestações: Disgrafia – dificuldade que o indivíduo apresenta no ato motor da escrita; maneira errada de pegar o lápis, usar força exagerada, traçado muito fraco, inconstância do movimento, etc... Disortografia – dificuldade ligada à ortografia da escrita, envolvendo planos espaciais e temporais, ritmo, atenção, concentração, noção de lateralidade, etc... Estão relacionadas às características pedagógicas do processo de escrita do país. Discalculia – dificuldade de transcrever, associar, seriar, reconhecer, parear, discriminar o símbolo numérico, com características de imaturidade espaço-temporal. Dislexia – dificuldade da leitura e da escrita ao mesmo tempo, problemas de compreensão e elaboração na transcrição gráfica de um texto. O indivíduo dislexo não faz síntese devido a alguma anomalia de neurotransmissor na área da leitura e escrita. Causas principais da D. A. : Cognitivas – intelectuais; Motoras – Físicas/Orgânicas; Emocionais – Comportamentais/Psicológicas; Funcionais – Perceptiva (atenção) Neurológicas – Síndromes e Afecções, Perceptiva (atenção), etc...