1. O
ESSENCIAL
PARA
OS
EXAMES
DE
FILOSOFIA
TEMA
1
NOÇÕES
BÁSICAS
DE
ARGUMENTAÇÃO
Argumento
Um
conjunto
finito
de
proposições
formado
pela
conclusão
e
pelas
premissas
que
visam
apoiá-‐la.
Um
argumento
pode
ter
várias
premissas
mas
só
uma
conclusão.
Os
argumentos
podem
também
ser
chamados
raciocínios
ou
inferências.
Todos
os
minhotos
são
portugueses
Premissa
Estas
duas
frases
são
as
proposições
que
usamos
para
defender
ou
justificar
a
conclusão.
São
as
razões
que
se
apresentam
para
fazer
aceitar
a
ideia
de
que
todos
os
minhotos
são
europeus.
Todos
os
portugueses
são
europeus.
Premissa
Logo,
todos
os
minhotos
são
europeus.
Conclusão
Aquilo
que
se
pretende
justificar
ou
apoiar
mediante
as
premissas.
Proposição
2.
PROPOSIÇÕES
Ideias
expressas
por
frases
declarativas
com
valor
de
verdade
–
que
ou
são
verdadeiras
ou
falsas
–
mesmo
que
o
desconheçamos
e
ainda
não
o
tenhamos
descoberto.
Frases
que
exprimem
proposições.
Frases
que
não
exprimem
proposições.
1
–
Hoje
é
feriado.
2
–
Domingo
é
dia
de
descanso
para
toda
a
gente.
3
–
Se
tivessem
muito
dinheiro
todas
as
pessoas
seriam
felizes.
4
–
Todas
as
pessoas
têm
casa.
5
–
Os
animais
têm
direitos.
6
–
Nem
todas
as
pessoas
têm
os
mesmos
costumes.
7
-‐O
conhecimento
humano
tem
limites.
1
–
Frases
interrogativas:
Quem
foi
o
criador
da
vacina
contra
o
tétano?
Porque
são
pretos
os
pneus
dos
carros?
Os
cirurgiões
operam
com
batas
brancas
ou
verdes?
2
–
Frases
exclamativas:
Meu
Deus!
Cuidado!
3
–
Promessas:
Não
voltarei
a
magoar
–
te;
Não
aumentarei
os
impostos.
4
–
Ordens:
Cala-‐
te!
Senta
–
te!
5
–
Conselhos:
Se
conduzir
não
beba;
Tem
calma;
É
melhor
poupares
esse
dinheiro;
Pare,
escute
e
olhe!
6
–
Desejos
–
Quem
me
dera
que
chegue
o
Verão;
Como
eu
gostava
de
ser
rico.
Uma
proposição
é
todo
o
enunciado
que
pode
ser
verdadeiro
ou
falso,
isto
é,
que
declara
algo
que
tem
valor
de
verdade.
Ter
valor
de
verdade
significa
não
que
a
proposição
é
verdadeira
mas
sim
que
pode
ser
verdadeira
ou
falsa.
Todas
as
proposições
são
frases
declarativas
mas
nem
todas
as
frases
declarativas
são
proposições.
3.
Como
reconhecer
e
clarificar
um
argumento.
Indicadores
de
conclusão
Então…
O
que
mostra
(prova)
que…
Assim…
Consequentemente….
Daí
que…
Por
conseguinte…
Assim
sendo…
Por
isso…
Portanto…
Segue-‐se
que…
E
por
essa
razão…
Infere-‐se
que…
(…)
Qualquer
frase
colocada
a
seguir
a
estes
indicadores
é
a
conclusão.
Ex:
Todos
os
animais
que
ladram
são
cães
e
por
isso
o
animal
que
tenho
em
casa
é
um
cão.
A
proposição
antes
do
indicador
por
isso
é
uma
premissa.
A
proposição
a
seguir
é
a
conclusão.
Implícita
está
a
outra
premissa,
que
identificaríamos
como
omissa:
Tenho
em
casa
um
animal
que
ladra.
Argumento:
Todos
os
animais
que
ladram
são
cães.
Tenho
em
casa
um
animal
que
ladra.
Logo,
o
animal
que
tenho
em
casa
é
um
cão.
Indicadores
de
premissa
4.
Porque…
Uma
vez
que…
Pois…
Visto
que…
Em
virtude
de…
Como…
Assumindo
que…
Considerando
que…
Devido
a…
Por
causa
de…
Ora...
Admitindo
que…
Supondo
que…
(…)
Qualquer
frase
colocada
a
seguir
a
estes
indicadores
é
uma
premissa.
Ex:
O
animal
que
tenho
lá
em
casa
é
um
cão,
visto
que
é
um
animal
que
ladra.
A
proposição
antes
do
indicador
visto
que
é
a
conclusão.
Implícita
está
a
outra
premissa:
Todos
os
animais
que
ladram
são
cães.
Argumento
Todos
os
animais
que
ladram
são
cães.
Tenho
em
casa
um
animal
que
ladra.
Logo,
o
animal
que
tenho
em
casa
é
um
cão.
I
Explicite
a
premissa
omitida
ou
subentendida
em
cada
um
dos
argumentos.
1.O
assassinato
de
um
ser
humano
inocente
deve
ser
condenado.
Logo,
o
aborto
deve
ser
condenado.
R:
A
premissa
omitida
é
O
aborto
é
o
assassinato
de
um
ser
humano
inocente.
Argumento:
O
aborto
é
o
assassinato
de
um
ser
humano
inocente.
O
assassinato
de
um
ser
humano
inocente
deve
ser
condenado.
Logo,
o
aborto
deve
ser
condenado.
2.
Qual
é
o
melhor
clube
de
futebol
do
mundo?
O
que
tem
mais
títulos.
Como
podes
verificar
é
o
Real
Madrid.
5. R:
A
premissa
omitida
é
O
Real
Madrid
é
o
clube
de
futebol
que
tem
mais
títulos.
Argumento:
O
clube
de
futebol
que
tem
mais
títulos
é
o
melhor
clube
de
futebol
do
mundo.
O
Real
Madrid
é
o
clube
de
futebol
que
tem
mais
títulos.
Logo,
o
Real
Madrid
é
o
melhor
clube
de
futebol
do
mundo.
3.
O
João
tem
os
dedos
manchados
de
nicotina;
logo,
o
João
é
fumador.
R:
A
premissa
omitida
é
Os
fumadores
têm
os
dedos
manchados
de
nicotina.
Argumento:
Os
fumadores
têm
os
dedos
manchados
de
nicotina.
O
João
tem
os
dedos
manchados
de
nicotina.
Logo,
o
João
é
fumador.
4.
Os
milagres
não
existem
e,
sem
eles,
Deus
é
algo
cuja
existência
são
se
pode
provar.
R:
A
premissa
subentendida
é
Os
milagres
são
a
única
prova
da
existência
de
Deus
.
Argumento:
Os
milagres
são
a
única
prova
da
existência
de
Deus.
Os
milagres
não
existem.
Logo,
Deus
é
algo
cuja
existência
são
se
pode
provar.
5.
O
melhor
detergente
é
o
que
lava
mais
branco
e
por
isso
XC
lava
mais
branco.
R:
A
premissa
omitida
é
XC
é
o
melhor
detergente.
Argumento:
O
melhor
detergente
é
o
que
lava
mais
branco.
XC
é
o
melhor
detergente.
6. Logo,
XC
lava
mais
branco.
4.
Nenhum
entimema
é
completo
pelo
que
este
argumento
é
incompleto.
R:
A
premissa
omitida
é
Este
argumento
é
um
entimema.
Argumento:
Todos
os
entimemas
são
incompletos
(argumentos
incompletos).
Este
argumento
é
um
entimema.
Logo,
este
argumento
é
incompleto.
5.
“É
moralmente
errado
tratar
os
seres
humanos
como
meros
objetos.
Alguém
poderá
então
deixar
de
afirmar
que
a
engenharia
genética
é
moralmente
errada?”
R:
A
premissa
omitida
é
A
engenharia
genética
trata
os
seres
humanos
como
meros
objetos.
Argumento:
É
moralmente
errado
tratar
os
seres
humanos
como
meros
objetos.
A
engenharia
genética
trata
os
seres
humanos
como
meros
objetos.
Logo,
a
engenharia
genética
é
moralmente
errada.
VALIDADE
E
VERDADE
Os
argumentos
não
são
verdadeiros
nem
falsos.
As
proposições
que
os
constituem
é
que
podem
ser
verdadeiras
ou
falsas.
A
verdade
distingue-‐se
da
validade.
A
validade
é
uma
propriedade
da
conexão
entre
premissas
e
conclusão,
e
não
uma
propriedade
das
proposições,
seja
das
premissas,
seja
da
conclusão.
Validade
Dedutiva
Validade
não
-‐
dedutiva
7. -‐
Exprime
uma
relação
de
implicação
entre
as
premissas
e
a
conclusão.
-‐
A
verdade
das
premissas
–
suposta
ou
factual
–
garante
absolutamente
a
verdade
da
conclusão.
-‐
A
validade
ou
invalidade
dos
argumentos
é
avaliada
em
função
da
forma
ou
estrutura
do
argumento.
-‐
Do
ponto
de
vista
dedutivo,
o
único
critério
da
validade
é
a
forma
lógica
dos
argumentos.
-‐
Não
exprime
uma
relação
de
implicação
entre
as
premissas
e
a
conclusão.
-‐
A
verdade
das
premissas
não
exclui
a
possibilidade
de
a
conclusão
ser
falsa.
-‐
A
forma
lógica
dos
argumentos
é
insuficiente
para
avaliar
a
sua
validade.
Temos
de
ter
em
conta
o
seu
conteúdo.
-‐
Do
ponto
de
vista
não
dedutivo,
os
critérios
de
validade
são
vários:
a
razoabilidade,
o
grau
de
probabilidade
e
a
relevância.
Exemplo
de
argumento
dedutivamente
válido.
Todos
os
cereais
são
plantas.
O
centeio
é
um
cereal.
Logo,
o
centeio
é
uma
planta.
Exemplo
de
argumento
que
não
é
dedutivamente
válido.
Até
agora
nunca
fomos
campeões
do
mundo
de
futebol.
Logo,
não
vamos
ganhar
o
Mundial
de
2016.
Considere
os
seguintes
argumentos:
1.Todos
os
futebolistas
que
jogam
em
grandes
clubes
são
atletas
muito
bem
pagos.
Ronaldo
joga
num
grande
clube.
Logo,
Ronaldo
é
um
atleta
muito
bem
pago.
2.
Cerca
de
90%
dos
futebolistas
que
jogam
em
grandes
clubes
são
atletas
muito
bem
pagos.
Mikael
joga
num
grande
clube.
Logo,
Mikael
é
um
atleta
muito
bem
pago.
Quanto
ao
primeiro
argumento,
se
aceitarmos
as
premissas
temos
de
aceitar
também
a
conclusão.
Também
se
pode
dizer
que
este
argumento
é
demonstrativo
porque
a
verdade
das
premissas
“obriga”
à
verdade
da
conclusão.
Esta
é
uma
consequência
lógica
das
premissas.
Existe
uma
relação
de
implicação
entre
as
premissas
e
a
conclusão.
Trata
–
se
de
um
argumento
dedutivamente
válido.
8. Quanto
ao
segundo
argumento,
será
razoável,
admitindo
que
as
premissas
são
verdadeiras,
concluir
que
a
conclusão
é
verdadeira?
Sim,
porque
há
uma
forte
probabilidade
de
Mikael,
jogando
num
grande
clube,
ser
muito
bem
pago.
Por
outras
palavras,
as
premissas
são
relevantes
para
que
a
conclusão
seja
aceite
como
verdadeira.
Mas
atenção.
Só
como
provavelmente
verdadeira.
Neste
caso,
ao
contrário
do
argumento
1,
aceitar
as
premissas
não
significa
que
temos
de
aceitar
a
conclusão
(aceitar
a
verdade
das
premissas
não
exclui
a
possibilidade
de
a
conclusão
ser
falsa).
Mikael
pode
ser
um
dos
atletas
muito
bem
pagos
–
há
uma
alta
probabilidade
de
isso
acontecer
–
mas
também
pode
pertencer
aos
10%
que
não
são
muito
bem
pagos.
O
que
dizer
então
da
relação
que
no
argumento
2
se
estabelece
entre
as
premissas
e
a
conclusão?
Podemos
dizer
que
a
verdade
das
premissas
torna
provável
a
verdade
da
conclusão
mas
não
que
a
garante
necessariamente.
Deve
notar
que
se
no
caso
do
argumento
1
basta
analisar
a
forma
lógica
do
argumento
para
avaliar
se
é
válido
ou
não,
no
caso
do
argumento
2
esse
critério
não
é
suficiente.
Temos
de
dar
atenção
ao
seu
conteúdo.
Com
efeito,
se
na
primeira
premissa
se
afirmasse
que
30%
dos
futebolistas
que
jogam
em
grandes
clubes
são
muito
bem
pagos,
isso
mudaria
significativamente
a
relação
entre
as
premissas
e
a
conclusão.
E
teríamos
também
de
esclarecer
o
que
são
grandes
clubes.
Não
estamos
perante
um
argumento
em
que
as
premissas
garantem
absolutamente
a
conclusão.
O
argumento
2.
não
é
um
argumento
dedutivamente
válido.
Dizer
que
um
argumento
não
é
dedutivamente
válido
não
é
condená
–
lo
a
ser
um
mau
argumento.
É
um
mau
argumento
do
ponto
de
vista
dedutivo
mas
pode
ser
um
bom
argumento
de
um
outro
ponto
de
vista,
por
exemplo,
de
um
ponto
de
vista
indutivo.
É
o
caso
do
argumento
2.
TEMA
2
ANÁLISE
E
COMPREENSÃO
DO
AGIR:
A
REDE
CONCETUAL
DA
AÇÃO
1.
Uma
ação
é
um
acontecimento.
Porquê?
Uma
ação
é
e
tem
de
ser
um
acontecimento
porque
é
algo
que
acontece
num
dado
momento
e
num
certo
lugar.
Assim,
ir
à
praia
é
uma
ação
e
ao
mesmo
tempo
um
acontecimento
porque
vamos
à
uma
praia
num
determinado
local
–
Algarve
–
e
em
dado
momento
–
normalmente
no
verão,
de
manhã
ou
de
tarde.
2.
Todos
os
acontecimentos
são
ações?
Não.
Um
furacão
é
um
acontecimento,
mas
não
é
uma
ação.
9. 3.
O
que
se
infere
do
que
foi
dito
antes?
Infere-‐se
que,
embora
todas
as
ações
sejam
acontecimentos,
nem
todos
os
acontecimentos
são
ações.
Um
furacão
é
simplesmente
algo
que
acontece
4.
Qual
a
condição
necessária
para
que
um
acontecimento
seja
uma
ação?
Um
acontecimento,
para
ser
uma
ação,
tem
de
ser
realizado
por
um
agente.
5.
Esta
condição
indispensável
não
é
contudo
suficiente.
Porquê?
Toda
e
qualquer
ação
envolve
um
agente
e
tem
nele
a
sua
origem.
Esta
é
uma
condição
necessária
para
haver
ação.
Mas
não
é
uma
condição
suficiente.
Imaginemos
que
alguém
rouba
um
relógio
valioso
numa
ourivesaria.
Essa
pessoa
fez
algo,
fez
com
que
algo
acontecesse.
Mais
tarde
até
pode
arrepender-‐se
do
que
fez,
mas
na
altura
não
resistiu
a
uma
compulsão
patológica
para
o
roubo
a
que
se
dá
o
nome
de
cleptomania.
Fez
algo:
roubou.
É
a
causa
do
que
aconteceu.
Mas
não
se
trata
de
uma
ação
porque
o
que
o
agente
fez
não
derivou
da
sua
vontade,
mas
de
uma
força
interna
que
o
compeliu
a
fazer
o
que
fez.
Para
que
aquilo
que
um
agente
faz
seja
uma
ação,
tem
de
ter
origem
na
sua
vontade
e
intenção
consciente.
6.
O
que
é
então
uma
ação?
Uma
ação
é
algo
que
acontece
mediante
a
intervenção
da
vontade
e
intenção
consciente
de
um
agente.
Uma
ação
é
um
acontecimento
desencadeado
pela
vontade
e
intenção
de
um
agente.
Não
é
um
simples
acontecimento,
não
é
simplesmente
algo
que
um
agente
faz,
é
algo
que
um
agente
faz
acontecer
intencional
ou
propositadamente.
7.
O
que
se
entende
por
rede
concetual
da
ação?
A
rede
concetual
da
ação
é
o
conjunto
de
conceitos
que
usamos
para
caraterizar,
compreender
e
explicar
uma
ação.
8.
Que
conceitos
são
necessários
para
caraterizar
e
compreender
uma
ação?
Os
conceitos
que
usamos
para
caraterizar
e
compreender
uma
ação
são
os
seguintes:
deliberação,
decisão,
intenção,
motivo,
causa
e
consequência.
10.
9.
O
que
é
a
intenção?
A
intenção
é
o
propósito
ou
o
objetivo
da
ação.
Imagine
que
alguém
escorrega
e
deixa
cair
a
comida
do
tabuleiro
em
cima
dos
livros
de
um
colega,
danificando-‐os.
Quem
fez
isto
pode
alegar
que
não
tinha
a
intenção
–
que
não
era
seu
propósito
ou
objetivo
–
causar
esses
estragos.
Se
não
há
intenção,
então
não
há
ação.
10.
Que
relação
existe
entre
intenção
e
explicação
de
uma
ação?
Explicar
uma
ação
é
indicar
a
sua
causa.
A
causa
de
uma
ação
é
a
intenção
ou
o
propósito
do
agente
ao
realizá-‐la.
11.
Quais
são
os
estados
mentais
que
estão
associados
à
intenção
de
um
agente?
As
intenções
são
estados
mentais
frequentemente
associados
a
outros
estados
psicológicos
que
são
as
crenças
e
os
desejos
do
agente.
Eis
um
exemplo:
inscrevo
o
meu
filho
no
Instituto
Britânico.
Esta
é
a
minha
ação.
Com
que
intenção
a
realizo?
Para
que
é
que
a
realizo?
Para
que
aprenda
inglês.
Dito
de
outro
modo,
porque
tenho
o
desejo
de
que
o
meu
filho
aprenda
inglês
e
a
crença
de
que
o
Instituto
Britânico
é
o
melhor
instituto
para
o
fazer.
A
intenção
da
minha
ação
é,
portanto,
determinada
pelo
meu
desejo
e
pela
minha
crença.
Inscrevo
o
meu
filho
no
Instituto
Britânico
porque
desejo
que
aprenda
inglês
e
acredito
que
o
IB
é
o
local
certo
para
o
fazer.
12.
O
que
se
entende
por
motivo
de
uma
ação?
O
motivo
é
a
justificação,
o
porquê
ou
a
razão
de
ser
da
ação.
Exemplo:
Ação:
inscrevo
o
meu
filho
no
Instituto
Britânico.
Intenção:
Desejo:
quero
que
o
meu
filho
aprenda
inglês.
Crença:
o
Instituto
Britânico
é
o
melhor
instituto
para
aprender
inglês.
Motivo:
Crença:
dominar
a
língua
inglesa
é
um
requisito
essencial
no
atual
mundo
do
trabalho
e
da
investigação
científica.
Desejo:
quero
que
o
meu
filho
seja
bem-‐sucedido
profissionalmente.
11. Este
desejo
e
esta
crença
acompanham
e
esclarecem
o
motivo
da
minha
ação,
explicam-‐na,
dão
a
conhecer
a
sua
razão
de
ser.
Como
se
vê,
as
crenças
e
os
desejos
do
sujeito
estão
associados
à
intenção
e
à
motivação
do
sujeito
que
age.
Que
relação
existe
entre
motivo
e
intenção?
A
relação
é
a
seguinte:
saber
qual
o
motivo
da
ação,
o
seu
porquê
ou
razão
de
ser,
clarifica
a
intenção
ou
o
para
quê
da
ação,
torna
possível
e
é
necessário
para
que
compreendamos
a
intencionalidade
da
ação.
Se
um
agente
tem
a
intenção
de
fazer
algo
–
inscrever
o
filho
no
Instituto
Britânico
–,
saber
o
que
o
motiva
torna
mais
claro
o
seu
propósito
e
esclarece-‐nos
quanto
a
opções
que
podia
tomar
e
não
tomou.
Teremos
por
outras
palavras
a
justificação
da
intenção.
As
noções
de
motivo
e
de
intenção
estão
extremamente
próximas
uma
da
outra
porque
só
falamos
de
ações
intencionais
se
elas
forem
determinadas
por
um
motivo
ou
razão
que
as
justifique:
uma
ação
é
realizada
intencionalmente
quando
é
realizada
por
algum
motivo.
14.
O
que
é
a
deliberação?
A
deliberação
é
um
processo
reflexivo
que,
em
princípio,
ou
seja,
em
muitos
casos,
antecede
a
decisão.
Orientados
por
determinadas
razões,
ponderamos
qual
a
melhor
opção
a
tomar
entre
várias
alternativas
possíveis.
15.
O
que
se
entende
por
decisão?
A
decisão
é
um
ato
que
resulta
frequentemente
de
um
processo
denominado
deliberação.
O
motivo
pelo
qual
agimos
ou
a
intenção
que
nos
orienta
para
um
determinado
fim
implica
também
a
decisão
de
o
alcançar.
Na
maior
parte
dos
casos,
decidir
supõe
escolher
entre
vários
rumos
possíveis
de
ação,
entre
várias
possibilidades
ou
alternativas.
TEMA3
LIBERDADE
E
DETERMINISMO
12. I
NOÇÕES
INTRODUTÓRIAS
1.
O
que
é
o
determinismo?
O
determinismo
é
a
teoria
que
defende
que
tudo
é
determinado
por
acontecimentos
anteriores,
ou
que
o
estado
de
coisas
atual
no
mundo
resulta
necessária
ou
inevitavelmente
de
um
estado
de
coisas
anterior
que
é
a
sua
causa.
O
que
o
determinismo
afirma
é
que
um
acontecimento
resulta
de
uma
causa
ou
conjunto
de
causas
e
que
sempre
que
essa
causa
ou
conjunto
de
causas
ocorrer
dará
inevitavelmente
origem
ao
acontecimento.
Esta
é
a
crença
por
detrás
da
explicação
científica
da
natureza,
uma
vez
que
explicar
cientificamente
um
acontecimento
é
apresentar
a
causa
ou
o
conjunto
de
causas
que
dão
origem
ao
acontecimento
e
mostrar
como
a
relação
entre
essas
causas
—
expressas
sob
a
forma
daquilo
a
que
chamamos
leis
da
natureza
—
produz
esse
acontecimento.
2.
O
que
é
o
livre-‐arbítrio?
O
livre-‐arbítrio
consiste
em
poder
escolher
entre
várias
ações
possíveis.
As
ações
resultantes
de
escolhas
livres
não
são
inevitáveis.
Há
livre-‐arbítrio
se
pudermos
agir
de
modo
diferente
do
que
agimos,
se
tendo
feito
uma
coisa
poderíamos
ter
feito
outra.
3.
Em
que
consiste
o
problema
do
livre-‐arbítrio?
O
problema
do
livre-‐arbítrio
consiste
em
saber
se
é
possível
conciliar
duas
convicções
aparentemente
incompatíveis:
a
de
que
temos
livre-‐arbítrio
e
a
de
que
tudo
o
que
acontece
no
mundo
é
determinado.
O
problema
pode
formular-‐se
do
seguinte
modo:
o
livre-‐arbítrio
consiste
em
poder
escolher
entre
várias
ações
possíveis.
Mas,
para
podermos
escolher
entre
várias
ações
possíveis,
é
necessário
que
não
esteja
tudo
determinado,
caso
contrário
poderíamos
apenas
fazer
a
ação
que
estivéssemos
determinados
para
fazer
(não
só
não
haveria
várias
ações
possíveis
entre
as
quais
optar,
como,
mesmo
que
houvesse,
não
nos
seria
possível
escolher
entre
elas).
Portanto,
para
que
exista
livre-‐arbítrio
não
pode
haver
determinismo.
É
isto
que
está
na
origem
do
chamado
problema
do
livre-‐arbítrio.
13.
4.
Por
que
razão
o
problema
do
livre-‐arbítrio
é
um
problema
importante
do
ponto
de
vista
prático?
O
problema
do
livre-‐arbítrio
tem
importantes
implicações
práticas,
a
principal
das
quais
está
relacionada
com
a
responsabilidade
moral.
Tudo
parece
indicar
que,
se
não
houver
livre-‐arbítrio,
então
também
não
é
possível
responsabilizar
moralmente
um
agente
pelas
ações
que
pratica
e,
consequente,
puni-‐lo
ou
recompensá-‐lo.
Será
possível
construir
a
vida
social
sem
a
ideia
de
responsabilidade
moral?
Se
não
houver
livre-‐arbítrio,
não
estará
todo
o
nosso
sistema
penal
errado?
Não
será
que
o
criminoso,
de
modo
análogo
à
pessoa
que
sofre
de
asma
e
assim
vê
o
seu
organismo
prejudicado,
não
deve
ser
punido,
mas
sim
tratado
de
modo
a
deixar
de
ser
prejudicial
à
sociedade?
5.
Em
que
condições
uma
pessoa
pode
ser
considerada
moralmente
responsável
por
uma
ação?
Em
que
condições
atribuímos
responsabilidade
moral
a
um
agente?
Uma
pessoa
pode
ser
considerada
moralmente
responsável
por
uma
ação
quando
podia
não
ter
feito
o
que
fez.
Assim,
se
decido
invadir
o
quintal
do
vizinho
para
me
apropriar
de
algumas
laranjas
apetitosas,
posso
ser
responsabilizado
porque
podia
não
ter
feito
o
que
fiz.
Quando
alguém
me
censura
dizendo
«Não
devias
ter
feito
o
que
fizeste!»
está
precisamente
a
dizer-‐me
que
havia
outra
alternativa.
Mas,
se
o
que
aconteceu
se
verificou
em
estado
de
sonambulismo,
não
posso
ser
responsabilizado
porque
momentaneamente
perdi
o
controlo
dos
meus
atos
e
não
podia
não
ter
feito
o
que
fiz.
7.
Que
relação
há
entre
agir
livremente
e
ser
moralmente
responsabilizado
pelo
que
se
faz?
A
relação
é
esta:
a)
ser
responsável
implica
ser
livre.
Não
se
pode
responsabilizar
uma
pessoa
por
uma
ação
se
ela
não
agiu
livremente.
Que
um
agente
seja
responsabilizável
por
uma
ação
implica
que
podia
ter
agido
de
modo
diferente,
não
ter
feito
o
que
fez
ou
que
podia
ter
evitado
fazer
o
que
fez
(fosse
a
ação
boa
ou
má).
b)
Ser
livre
implica
ser
responsável.
Se
alguém
pratica
livremente
uma
ação,
então
faz
algo
que
podia
não
ter
feito.
Se
o
fez
nestas
condições,
é
o
autor
da
ação
e
por
ela
pode
responder.
Se
agiu
livremente,
não
pode
evitar
ter
de
enfrentar
e
responder
14. pelas
consequências
dos
seus
atos.
Se
forem,
boas
pode
ser
elogiado.
Se
forem
más,
pode
ser
censurado
e
mesmo
sentir
remorso.
II
TRÊS
TEORIAS
SOBRE
O
PROBLEMA
DO
LIVRE-‐ARBÍTRIO
1.
Em
termos
gerais,
há
três
teorias
que
respondem
ao
problema
do
livre-‐arbítrio.
Quais
são?
As
três
teorias
são:
o
determinismo
radical,
o
libertismo
e
o
determinismo
moderado.
2.
O
que
é
o
determinismo
radical?
Chama-‐se
determinismo
radical
ao
ponto
de
vista
segundo
o
qual
só
o
determinismo
é
verdadeiro.
Para
o
determinista
radical,
a
crença
no
determinismo
significa
acreditar
que
é
verdade
que
todo
e
qualquer
acontecimento
é
o
desfecho
necessário
de
acontecimentos
anteriores.
Daqui
decorre
que
não
há
livre-‐arbítrio
(todas
as
nossas
ações
são
determinadas
pelos
nossos
genes
e
pelo
meio
no
qual
crescemos)
e
que,
assim
sendo,
não
podemos
ser
responsabilizados
pelas
nossas
ações.
Em
suma,
o
determinismo
radical
é
a
teoria
que
considera
que,
sendo
verdade
que
tudo
o
que
acontece
resulta
necessariamente
do
que
aconteceu
antes,
não
há
livre-‐arbítrio
nem
possibilidade
de
responsabilizar
alguém
pelo
que
fez.
3.
O
que
é
o
determinismo
moderado?
É
a
teoria
que
defende
que
as
nossas
ações
são
livres,
apesar
de
determinadas.
4.
O
que
é
o
libertismo?
O
libertismo
é
a
teoria
que
considera
que
há
ações
que
não
são
nem
causalmente
determinadas
nem
produto
do
acaso,
mas
livres,
e
que,
portanto,
as
pessoas
são
responsáveis
por
essas
ações.
As
ações
do
ser
humano
decorrem
das
suas
deliberações
decisões
e
não
de
acontecimentos
anteriores
que
escapem
ao
seu
controlo.
15. O
libertista
pensa
que,
apesar
das
influências
hereditárias
e
das
influências
do
meio
(relativas
ao
modo
como
somos
educados
e
criados),
escolhemos
livremente
o
que
fazemos.
Não
é
o
passado
que
decide
por
nós.
5.
Acerca
do
problema
do
livre-‐arbítrio,
fala-‐se
de
teorias
incompatibilistas
e
compatibilistas.
O
que
significam
estes
conceitos?
Uma
teoria
é
compatibilista
quando
admite
que
o
determinismo
é
conciliável
ou
pode
coexistir
com
o
livre-‐arbítrio
e
a
responsabilidade
moral.
Uma
teoria
é
incompatibilista
quando
não
admite
a
possibilidade
de
conciliar
o
determinismo
com
o
livre-‐arbítrio
e
a
responsabilidade
moral.
6.
O
determinismo
radical
é
uma
forma
de
incompatibilismo.
Porquê?
O
incompatibilismo
defende
que
as
crenças
no
livre-‐arbítrio
e
no
determinismo
não
são
compatíveis,
ou
seja,
não
podem
ser
ambas
verdadeiras.
O
determinismo
radical
defende
que
só
a
crença
no
determinismo
é
verdadeira.
Se
liberdade
e
determinismo
fossem
compatíveis,
pensa
o
determinista
radical,
teríamos
acerca
de
uma
ação
de
dizer
que
o
agente
podia
não
ter
feito
o
que
fez
(caso
em
que
seria
livre)
e
que
não
podia
não
ter
feito
o
que
fez,
ou
seja,
tinha
de
fazer
o
que
fez,
a
ação
não
poderia
ter
sido
diferente
(caso
em
que
não
seria
livre).
Ora,
isto
é
contraditório.
7.
O
libertismo
é
uma
forma
de
incompatibilismo.
Porquê?
O
incompatibilismo
defende
que
as
crenças
no
livre-‐arbítrio
e
no
determinismo
não
são
compatíveis,
ou
seja,
não
podem
ser
ambas
verdadeiras.
O
libertismo
defende
que
só
a
crença
no
livre-‐arbítrio
é
verdadeira.
A
crença
no
determinismo
é
falsa
porque
este
defende
que
tudo
faz
parte
de
um
encadeamento
causal,
tese
que
o
libertista
nega
porque
as
nossas
deliberações
e
decisões
não
são
o
resultado
necessário
de
acontecimentos
anteriores.
Há
ações
que
têm
como
causa
as
nossas
deliberações.
Deliberar
implica
que
pudemos
escolher
agir
de
modo
diferente.
Podendo
ter
sido
outras,
as
nossas
escolhas
não
são
o
resultado
necessário
e
inevitável
de
acontecimentos
anteriores.
Não
são
o
desfecho
de
uma
longa
cadeia
causal
de
16. acontecimentos
porque,
ao
escolher
fazer
A
em
vez
de
B,
suspendo
o
domínio
dos
acontecimentos
anteriores
sobre
as
minhas
decisões
e
desencadeio
por
minha
vontade
uma
nova
série
de
acontecimentos.
8.
Das
três
teorias
que
referimos,
somente
o
determinismo
moderado
é
uma
teoria
compatibilista.
Justifique.
O
determinismo
moderado
defende
que
são
compatíveis
as
proposições
«Um
agente
praticou
livremente
a
ação
A»
e
«A
ação
praticada
por
esse
agente
tem
uma
causa
e
deriva
necessariamente
dessa
causa».
Liberdade
e
determinismo
são
compatíveis,
para
esta
teoria.
9.
Que
distinção
permite
ao
determinista
moderado
defender
a
compatibilidade
entre
determinismo
e
liberdade?
Trata-‐se
da
distinção
entre
ação
causalmente
determinada
e
ação
constrangida.
Só
esta
última
não
é
livre.
10.
Como
é
caraterizada
a
liberdade
pelo
determinista
moderado?
O
determinista
moderado
define
a
liberdade
do
seguinte
modo:
É
livre
a
ação
em
que
o
agente
não
é
impedido
por
fatores
externos
de
a
realizar.
Na
ausência
destes
impedimentos,
o
agente
pode
fazer
o
que
tem
vontade
de
fazer.
Um
dos
mais
famosos
defensores
do
determinismo
moderado
foi
David
Hume.
Hume
chamou
a
atenção
para
o
facto
de
as
pessoas
tenderem
a
confundir
causalidade
–
o
facto
de
uma
ação
ser
causada
–
e
coação
ou
constrangimento
–
o
facto
de
uma
ação
ser
compelida.
Assim,
há
uma
grande
diferença
entre
estas
duas
ações:
Fazer
algo
porque
quero
fazê-‐
lo
e
fazer
algo
porque
alguém
me
aponta
uma
arma
à
cabeça
e
me
obriga
a
fazê-‐lo.
No
primeiro
caso,
a
ação
é
causada
e,
no
segundo
caso,
a
ação
é
compelida
ou
constrangida.
O
oposto
da
liberdade
é
a
coação
e
não
a
causalidade.
Ser
livre,
para
David
Hume,
significa
ser
livre
de
coação.
11.
Para
o
determinista
moderado,
uma
ação
livre
é
causada.
É
causada
pelo
quê?
É
causada
pelas
suas
crenças
e
desejos,
isto
é,
pela
sua
personalidade.
17. 12.
Por
que
razão
para
o
determinista
moderado
é
importante
que
a
ação
do
agente
seja
causada
ou
determinada
pelas
suas
crenças
e
desejos?
Se
as
ações
não
fossem
causadas
pelas
nossas
crenças
e
desejos,
não
poderíamos
ser
responsabilizados
pelas
nossas
ações.
Não
seriam
as
nossas
ações.
13.
Esclareça
através
de
um
exemplo
o
que
é
agir
livremente
para
um
determinista
moderado.
Para
os
deterministas
moderados,
uma
ação
é
livre
desde
que
o
sujeito,
caso
o
tivesse
desejado,
tivesse
agido
de
outra
forma.
Imagine,
por
exemplo,
que
tem
amanhã
um
teste
da
disciplina
de
Filosofia
para
o
qual
está
a
estudar
afincadamente
porque
acredita
que
assim
terá
boa
nota.
Uma
vez
que
a
sua
ação
resulta
dos
seus
desejos
e
crenças
e
não
lhe
foi
imposta
(por
exemplo,
pelos
seus
pais,
devido
a
maus
resultados
em
testes
anteriores),
ela
é
uma
ação
livre.
Mas,
se
a
sua
ação
de
estudar
resultasse
de
uma
imposição
paterna
que
não
lhe
deixasse
qualquer
alternativa,
então
ela
não
era
uma
ação
livre.
Repare
que
em
ambos
os
casos
a
sua
ação
tem
causas.
Contudo,
no
primeiro
caso
as
causas
são
os
seus
próprios
desejos
e
crenças,
ao
passo
que
no
segundo
caso
as
causas
são
os
desejos
e
crenças
dos
seus
pais.
É
essa
diferença
que
faz
com
que
num
caso
a
ação
seja
livre
e
no
outro
não.
No
primeiro
caso,
a
sua
ação
é
livre
porque
está
sob
o
controlo
das
suas
crenças
e
desejos
e,
se
tivesse
tido
outros
desejos,
poderia
ter
escolhido
e
realizado
uma
ação
diferente.
No
segundo
caso,
de
nada
lhe
valeria
ter
outros
desejos
e
crenças
porque
não
poderia
agir
de
acordo
com
eles.
14.
Esclareça,
através
de
exemplos,
que
fatores
podem
impedir
o
agente
de
fazer
o
que
tem
vontade
de
fazer.
Sirvam
estes
dois
exemplos:
quero
beber
água,
mas
estou
no
deserto
e
não
há
água
disponível;
quero
viajar,
mas
não
tenho
dinheiro.
15.
Segundo
o
determinismo
moderado,
para
que
uma
ação
seja
livre
ela,
tem
de
ser
causada
de
uma
certa
maneira.
O
que
significa
esta
afirmação?
Esta
afirmação
significa
que
a
distinção
entre
ações
livres
e
não
livres
implica
a
distinção
entre
causalidade
interna
e
causalidade
externa.
18. Assim:
a)
Ações,
escolhas
e
decisões
cuja
causa
imediata
é
um
estado
de
coisas
interno
(desejos
e
crenças
do
agente
e
também
a
sua
personalidade)
são
livres.
b)
Ações,
escolhas
e
decisões
cuja
causa
imediata
é
um
estado
de
coisas
externo
não
são
livres.
16.
O
sentido
comum
de
liberdade
consiste
em
dizer
que
agir
livremente
é,
não
só
fazer
o
que
queremos
fazer,
como
também
poder
não
ter
feito
o
que
se
fez,
ou
seja,
a
ausência
de
coação
é
acompanhada
por
outra
condição
que
é
o
agente
possuir
alternativas
reais
de
ação.
Será
que
o
determinismo
moderado
salvaguarda
esta
ideia
de
liberdade?
Parece
que
sim
e
parece
que
não.
Vejamos:
Um
agente
dispõe
de
alternativas
reais
se
a
sua
ação
pudesse
ter
sido
diferente
da
que
realizou.
Assim,
ajo
livremente
se,
escolhendo
comer
um
bolo,
pudesse
não
o
ter
feito
e,
eventualmente,
tivesse
escolhido
uma
peça
de
fruta.
Vejamos
como
o
determinista
moderado
explica
a
mesma
ação.
Comi
uma
peça
de
fruta
e
agi
livremente
porque
o
fiz
de
acordo
com
as
minhas
crenças
–
fruta
é
mais
saudável,
assim
me
ensinaram
–
e
os
meus
desejos
–
quero
ser
saudável.
O
que
significa
dizer
que
podia
ter
agido
de
modo
diferente
e
comer
o
bolo
em
vez
da
fruta?
Que
os
meus
desejos
e
crenças
teriam
de
ser
diferentes.
Por
outras
palavras,
teria
de
ser
uma
pessoa
diferente
do
que
sou,
de
ter
outra
personalidade
(esta
é
constituída
pelas
nossas
crenças
e
desejos).
Mas,
se
somos
deterministas,
mesmo
moderados,
temos
de
reconhecer
que
não
temos
controlo
sobre
o
passado,
que
somos
o
resultado
necessário
da
educação
e
criação
que
tivemos.
Não
podemos
ser
uma
pessoa
diferente
da
que
somos.
Assim,
o
determinismo
moderado
não
salvaguarda
a
ideia
comum
de
liberdade
e
por
isso
tem
problemas
em
explicar
como
podemos
responsabilizar
alguém
pelas
suas
ações.
17.
Qual
é
uma
das
principais
críticas
de
que
o
determinismo
moderado
é
alvo?
19. Uma
crítica
que
se
faz
ao
determinismo
moderado
é
a
de
não
explicar
o
comportamento
compulsivo.
Quando
alguém
age
compulsivamente,
age
de
acordo
com
os
seus
próprios
desejos
e
crenças.
Contudo,
dificilmente
se
pode
dizer
que
quem
o
faz
é
livre.
É
o
caso
do
cleptómano.
Parece
também
difícil
acreditar
que
uma
pessoa
que,
por
exemplo,
seja
uma
compradora
ou
jogadora
compulsiva
e
que,
por
causa
disso,
contraia
muitas
dívidas
e
destrua
o
casamento,
seja
livre.
No
entanto,
ela,
ao
agir
compulsivamente,
respeita
completamente
o
critério
do
determinismo
moderado,
segundo
o
qual
uma
ação
é
livre
se
resultar
dos
desejos
e
crenças
da
pessoa
que
a
realiza.
18.
Que
outra
crítica
podemos
dirigir
a
quem
defende
o
determinismo
moderado?
Segundo
o
determinismo
moderado,
somos
livres
quando
não
somos
impedidos
de
fazer
o
que
desejamos.
As
nossas
crenças
e
desejos
constituem
a
nossa
personalidade.
Ora,
a
nossa
personalidade
está
determinada
pelo
nosso
passado,
ou
seja,
pela
educação
e
pelo
meio
em
que
fomos
criados.
Não
será
isso
uma
forma
de
constrangimento,
uma
vez
que
não
controlamos
o
passado?
Não
será
que
somos
constrangidos
pelo
que
nos
aconteceu
e
julgamos
que
agimos
livremente
porque
não
temos
consciência
das
influências
que
nos
formaram
e
determinaram
a
nossa
maneira
de
ser?
19.
Qual
é
a
principal
crítica
que
se
faz
ao
determinismo
radical?
A
principal
crítica
é
esta:
Se
não
somos
responsabilizáveis
pelo
que
fazemos
–
porque
não
podemos
agir
de
modo
diferente
–,
então:
1.
Como
condenar
e
ilibar
alguém?
2.
Como
elogiar
e
censurar?
3.
Como
dizer
a
alguém
que
não
devia
ter
feito
o
que
fez?
4.
Como
explicar
sentimentos
de
remorso,
de
arrependimento
e
de
culpa?
Muitos
críticos
do
determinismo
radical
pensam
que
não
é
possível
construir
a
vida
social
sem
a
ideia
de
responsabilidade
moral.
Por
outro
lado,
os
nossos
juízos
morais
perderão
qualquer
fundamento.
Se
o
determinismo
implica
a
negação
da
liberdade
e
da
responsabilidade,
se
é
verdade
afirmar
que
as
nossas
ações
são
o
resultado
de
causas
que
de
modo
algum
podemos
20. controlar,
que
diferença
moral
há
entre
um
criminoso
como
Hitler
e
Nelson
Mandela?
Faz
sentido
condenar
Hitler
e
admirar
Nelson
Mandela?
20.
Qual
é
a
principal
crítica
que
se
faz
ao
libertismo?
Segundo
o
determinismo
moderado,
a
minha
ação
é
livre
se
for
causada
por
desejos
ou
crenças
–
estados
internos
−
que
são
meus.
Segundo
o
libertismo,
a
minha
ação
é
livre
se
for
causada
por
mim
e
não
por
um
dos
meus
estados
internos.
O
que
é
este
eu
que
através
das
suas
deliberações
é,
segundo
os
libertistas,
a
causa
de
certas
ações?
Uma
entidade
física?
Então
não
escapa
ao
determinismo
universal,
ao
encadeamento
causal
necessário
que
rege
todas
as
coisas
físicas.
Uma
entidade
não
física?
Mas
as
ações
são
atos
físicos,
acontecem
num
dado
momento
e
lugar.
Será
que
este
eu
é
uma
entidade
puramente
mental?
Mas
como
é
que
uma
causa
puramente
mental
pode
produzir
efeitos
físicos?
Se
é
a
mente
que
causa
as
nossas
ações,
será
que
é
possível
que
ela
exista
independentemente
do
cérebro,
que
é
obviamente
uma
realidade
física?
Este
contra-‐argumento
parece
condenar
os
libertistas
a
reconhecerem
o
seguinte:
que
as
ações
de
uma
pessoa
só
são
livres
se
não
tiverem
nenhuma
causa,
nem
mesmo
as
suas
próprias
crenças
e
desejos.
Ora,
deste
modo,
o
libertismo
transforma-‐se
numa
espécie
de
indeterminismo,
algo
que
os
libertistas
sempre
rejeitaram.
QUADRO
ESQUEMÁTICO
1
Problema:
Qual
das
crenças
é
verdadeira,
o
determinismo
ou
o
livre-‐arbítrio?
A
resposta
do
determinismo
radical
21. Crença
no
determinismo
Crença
no
livre-‐arbítrio
Crença
na
responsabilidade
moral
Verdadeira
1.
Todos
os
acontecimentos,
sem
exceção,
são
causalmente
determinados
por
acontecimentos
anteriores.
2.
As
escolhas
e
ações
humanas
são
acontecimentos.
3.
Logo,
todas
as
escolhas
e
ações
humanas
são
causalmente
determinadas
por
acontecimentos
anteriores.
Falsa
Se
todas
as
ações
são
o
desfecho
inevitável
de
causas
anteriores,
não
há
ações
livres.
Falsa
Se
não
há
ações
livres,
não
podemos
ser
responsabilizados
pelo
que
fazemos.
O
determinismo
radical
é
a
teoria
que
só
reconhece
como
verdadeira
a
crença
no
determinismo.
Todos
os
acontecimentos
são
o
resultado
inevitável
de
causas
anteriores.
QUADRO
ESQUEMÁTICO
2
Problema:
Qual
das
crenças
é
verdadeira,
o
determinismo
ou
o
livre-‐arbítrio?
A
resposta
do
libertismo
Crença
no
determinismo
Crença
no
livre-‐arbítrio
Crença
na
responsabilidade
moral
22.
Falsa
1.
Nem
todos
os
acontecimentos
são
causalmente
determinados
por
acontecimentos
anteriores
2.
As
ações
humanas
são
acontecimentos.
3.
Logo,
há
ações
humanas
desligadas
do
encadeamento
causal
e
que
dão
origem
a
uma
nova
série
de
acontecimentos.
Verdadeira
Se
nem
todos
os
acontecimentos
são
o
desfecho
inevitável
de
causas
anteriores,
então
há
ações
livres.
Verdadeira
Se
há
ações
livres,
então
podemos
ser
responsabilizados
pelo
que
fazemos.
O
libertismo
é
a
teoria
que
só
reconhece
como
verdadeira
a
crença
no
livre-‐arbítrio
porque
não
aceita
o
determinismo
universal
–
que
todo
o
acontecimento
seja
o
resultado
necessário
e
inevitável
de
causas
anteriores.
QUADRO
ESQUEMÁTICO
3
23.
Problema:
Qual
das
crenças
é
verdadeira,
o
determinismo
ou
o
livre-‐arbítrio?
A
resposta
do
determinismo
moderado
Crença
no
determinismo
Crença
no
livre-‐arbítrio
Crença
na
responsabilidade
moral
Verdadeira
1.
Todos
os
acontecimentos,
sem
exceção,
são
causalmente
determinados
por
acontecimentos
anteriores
2.
As
escolhas
e
ações
humanas
são
acontecimentos.
3.
Logo,
todas
as
escolhas
e
ações
humanas
são
causalmente
determinadas
por
acontecimentos
anteriores.
Verdadeira
1.
Todas
as
ações
são
determinadas
por
causas
anteriores.
2.
As
ações
cujas
causas
são
forças
externas
ao
sujeito
que
age
são
ações
compelidas
ou
constrangidas.
3.
Há
ações
cujas
causas
são
estados
internos
do
sujeito
(crenças
e
desejos).
4.
Ações
que
não
derivam
da
força
de
fatores
externos
são
ações
livres.
5.
Há
ações
unicamente
causadas
por
desejos,
motivos,
crenças
ou
outros
estados
internos
do
sujeito
que
age.
6.
Logo,
há
ações
livres.
Verdadeira
Se
há
ações
livres,
podemos
ser
responsabilizados
pelo
que
fazemos.
24.
TEMA
4
VALORES
E
VALORAÇÃO:
A
QUESTÃO
DOS
CRITÉRIOS
VALORATIVOS.
1.
O
que
são
os
valores?
Os
valores
são
termos
que
usamos
para
atribuir
muita,
pouca
ou
nenhuma
importância
às
coisas
que
avaliamos.
As
coisas
que
avaliamos
–
acerca
das
quais
emitimos
juízos
de
valor
–
podem
ser
objetos,
pessoas
e
atos.
Os
valores
são
padrões
ou
referências
em
função
das
quais
julgamos
as
coisas.
Os
valores
exprimem
aquilo
que
julgamos
que
é
importante
e
significativo
na
nossa
vida.
2.
Há
diversas
espécies
de
valores?
Sim.
Há
valores
religiosos
(sagrado,
profano),
valores
estéticos
(belo,
feio,
sublime,
dotado
de
harmonia),
valores
éticos
(bem,
mal,
justiça,
igualdade),
valores
monetários
e
utilitários,
entre
outros.
Utilizamos
a
palavra
valor
em
diversas
situações
e
com
diferentes
sentidos.
3.
Damos
o
mesmo
valor
a
todas
as
coisas?
Não.
Além
de
diversos,
os
valores
são
hierarquizados,
ou
seja,
uns
são
considerados
mais
importantes
do
que
outros.
Toda
e
qualquer
pessoa
dá
mais
importância
a
determinados
valores
em
relação
a
outros,
estabelecendo-‐se
assim
uma
espécie
de
hierarquia
de
valores.
Os
valores
a
que
cada
pessoa
confere
mais
importância
vão
refletir-‐se
nas
suas
ações
e
decisões,
vão
de
certa
forma
organizar
e
orientar
toda
a
sua
conduta.
Os
valores
podem,
por
sua
vez,
ser
agrupados
em
vários
tipos.
Assim,
e
destacando
apenas
os
principais
tipos,
podemos
falar
em
valores
religiosos,
estéticos,
éticos
(sendo
provavelmente
estes
três
domínios
aqueles
que
enquadram
os
valores
mais
importantes),
políticos,
teoréticos
(da
ordem
do
conhecimento),
sensíveis
(da
ordem
do
prazer
e
satisfação),
vitais
e
económicos.
4.
Qual
o
valor
que
costumamos
considerar
mais
importante?
Habitualmente,
o
valor
que
consideramos
mais
valioso
é
o
valor
da
vida
humana.
25. 5.
Qual
a
disciplina
que
estuda
a
natureza
dos
valores?
A
disciplina
que
estuda
a
natureza
dos
valores
é
a
axiologia
ou
teoria
dos
valores.
Coloca
questões
como:
O
que
é
um
valor?
Onde
e
como
existe?
Será
apenas
o
resultado
das
avaliações
que
fazemos
das
coisas?
Para
muitos
pensadores,
os
valores
não
são
coisas
que
existam
fora
da
nossa
mente,
mas
algo
que
apenas
existe
para
um
sujeito
que
avalia
as
coisas.
Para
outros,
os
valores
têm
uma
existência
própria,
independente
do
sujeito.
Pense
no
seguinte
caso:
Muitas
pessoas
julgam
determinadas
coisas
belas,
enquanto
outras
discordam.
Então
o
que
fazemos
quando
dizemos
que
algo
é
belo
ou
feio,
magnífico
ou
vulgar?
Estamos
somente
a
declarar
o
que
sentimos
(prazer
ou
desprazer)
quando
contemplamos
um
objeto
ou
estamos
a
referir
algo
que
são
propriedades
do
próprio
objeto,
que
são
independentes
do
que
sentimos?
No
primeiro
caso,
estamos
perante
uma
tese
ou
posição
filosófica
denominada
subjetivismo
estético.
No
segundo
caso,
a
posição
que
adotamos
é
conhecida
por
objetivismo
estético.
Para
os
defensores
do
subjetivismo
estético,
um
objeto
é
belo
ou
feio
em
virtude
de
sentirmos
prazer
ou
desprazer
ao
observá-‐lo.
A
beleza
ou
fealdade
dependem,
não
das
propriedades
intrínsecas
do
objeto,
mas
dos
sentimentos
que
em
nós
provoca
e
desperta.
Para
os
partidários
do
objetivismo
estético,
dizer
«A
catedral
de
Milão
é
bela»
é
muito
diferente
de
dizer
«Gosto
da
catedral
de
Milão».
Os
juízos
estéticos
não
são,
para
o
objetivista,
simples
juízos
de
gosto.
A
beleza
ou
a
fealdade
está
nos
próprios
objetos.
É
devido
a
determinadas
propriedades
intrínsecas
que
um
objeto
é
considerado
belo
ou
feio.
6.
Que
relação
existe
entre
valores
e
ações?
Os
valores
são
os
critérios
das
nossas
preferências
(são
os
motivos
fundamentais
das
nossas
decisões).
Ao
tomarmos
decisões,
agimos
segundo
valores
que
constituem
o
fundamento,
a
razão
de
ser
ou
o
porquê
(critério)
de
tais
decisões.
A
atitude
valorativa
é
uma
constante
da
nossa
existência:
em
nome
da
amizade,
preferimos
controlar
e
orientar
noutra
direção
uma
atração
física
pela
namorada
ou
26. mulher
do
nosso
amigo;
em
nome
do
amor,
preferimos
desafiar
as
convenções
sociais
em
vez
de
perder
a
oportunidade
de
sermos
felizes;
por
uma
questão
de
saúde,
preferimos
o
exercício
físico,
a
dieta
e
o
fim
do
consumo
de
tabaco
aos
hábitos
prejudiciais
até
então
seguidos;
em
nome
da
liberdade,
preferimos
combater,
lutar
e
correr
riscos
a
aceitar
um
estado
de
coisas
que,
apesar
de
tudo,
satisfaz
os
interesses
económicos
da
família
a
que
pertencemos;
por
solidariedade,
preferimos
auxiliar
os
famintos
e
os
doentes
na
Somália
a
permanecer
em
Lisboa
dando
consultas;
por
paixão
pela
música,
decidimos
interromper
um
curso
que
não
corresponde
à
nossa
vocação
profunda;
em
nome
de
Deus,
renunciamos
a
certas
«ligações
terrenas»,
etc.
7.
O
que
são
juízos
de
fato?
Os
juízos
de
facto
são
juízos
sobre
o
modo
como
as
coisas
são.
Descrevem
um
estado
de
coisas
ou
uma
situação
podendo
essa
descrição
corresponder
ou
não
à
realidade,
ou
seja,
ser
verdadeira
ou
falsa.
São
juízos
totalmente
descritivos,
que
têm
valor
de
verdade
(podem
ser
verdadeiros
ou
falsos).
A
sua
verdade
ou
falsidade
depende
de
como
a
realidade
é
e
não
da
opinião
ou
ponto
de
vista
de
cada
pessoa:
são,
portanto,
objetivos.
Ex.:
O
gato
é
um
mamífero
que
mia.
8.
O
que
são
juízos
de
valor?
Os
juízos
de
valor
são
juízos
sobre
que
coisas
são
boas
ou
agradáveis
e
sobre
como
devemos
agir.
Os
juízos
de
valor
atribuem
um
valor
a
um
certo
estado
de
coisas
–
valor
esse
que
pode
ser
positivo
ou
negativo.
Ex.:
«Este
quadro
é
belo»
–
valor
positivo
–
ou
«Este
quadro
é
horrível»
–
juízo
negativo.
27. QUADRO
ESQUEMÁTICO
A
FORMA
HABITUAL
DE
DISTINGUIR
JUÍZOS
DE
FACTO
DE
JUÍZOS
DE
VALOR
Juízos
de
facto
Juízos
de
valor
Descrevem
a
realidade
ou
informam-‐nos
acerca
de
factos,
coisas,
acontecimentos
ou
ações.
Durante
a
Segunda
Guerra
Mundial
seis
milhões
de
judeus
morreram
nos
campos
de
concentração
nazistas.
Avaliam
determinados
acontecimentos,
coisas
e
ações.
A
morte
de
seis
milhões
de
judeus
nas
mãos
dos
nazistas
foi
um
ato
criminoso
e
horrendo.
Os
juízos
de
facto
são
verdadeiros
ou
falsos,
isto
é,
referem-‐se
aos
factos,
podendo
ser
negados
ou
confirmados
pela
experiência.
Não
se
tem
a
certeza
sobre
o
número
de
judeus
que
morreram
nos
campos
de
concentração
nazis.
Só
se
sabe
que
o
número
de
vítimas
mortais
foi
elevado.
O
juízo
de
valor
refere-‐se,
de
forma
explícita
ou
implícita,
a
valores
ou
princípios
fundamentais
nos
quais
nos
baseamos
para
produzir
uma
avaliação.
A
morte
de
seis
milhões
de
judeus
foi
um
ato
criminoso
porque
(justificação
do
juízo)
o
respeito
pela
vida
e
digni-‐
dade
do
homem
é
valioso.
Os
juízos
de
facto
são
descritivos
ou
informativos:
não
prescrevem
ou
proíbem
o
que
deve
ou
não
fazer-‐
se.
Os
juízos
de
valor
são
normativos
ou
prescritivos.
Ao
julgar-‐se
que
a
morte
de
seis
milhões
de
judeus
foi
um
ato
criminoso
dos
nazis,
considera-‐se
que
esse
ato
não
devia
ter
sido
cometido.
O
respeito
pelo
valor
da
vida
e
da
dignidade
humanas
traduz-‐se
na
norma
«Não
matarás»,
que,
neste
caso,
foi
infringida.
28. 9.
Distinga
os
seguintes
juízos:
a)
«A
pena
de
morte
é
aplicada
na
Arábia
Saudita»
e
b)
«A
pena
de
morte
é
injusta».
O
juízo
a)
é
apenas
descritivo:
limita-‐se
a
dizer
como
é
que
as
coisas
são
na
Arábia
Saudita
no
que
respeita
à
pena
de
morte.
Não
avalia
nada.
O
juízo
b)
não
é
apenas
descritivo
porque
faz
uma
avaliação.
O
que
significa
dizer
que
a
pena
de
morte
é
injusta?
Significa
dizer
que
a
pena
de
morte
não
deveria
existir.
Assim,
este
juízo
diz-‐nos,
não
somente
como
as
coisas
são,
mas
como
deveriam
ser.
Ora,
ao
dizermos
como
as
coisas
deveriam
ser,
estamos
a
usar
um
critério
para
fazer
a
nossa
avaliação.
Neste
caso,
o
critério
valorativo
é
a
justiça.
Quando
há
avaliação,
têm
de
existir
critérios.
10.
A
distinção
juízos
de
facto/juízos
de
valor
é
consensual?
Não,
porque
há
filósofos
que
a
contestam
argumentando
em
defesa
da
ideia
de
que
todos
os
juízos
são
juízos
de
facto.
11.
O
que
são
critérios
valorativos?
Os
critérios
valorativos
são
as
justificações
em
que
nos
apoiamos
para
determinar
que
coisas
–
ações,
pessoas,
locais,
objetos
–
têm
valor
ou
importância.
Assim,
valorizamos
uma
ação
honesta
porque
damos
importância
à
honestidade,
porque
a
consideramos
um
elemento
importante
que
deve
estar
presente
nas
relações
humanas.
12.
Em
que
consiste
a
questão
dos
critérios
valorativos?
Um
juízo
de
valor
é
um
ato
mediante
o
qual
formulamos
uma
proposição
que
avalia
certos
aspetos
da
realidade,
não
se
limitando
a
descrever
como
as
coisas
são.
Uma
vez
que,
ao
avaliarmos
as
coisas,
utilizamos
critérios
ou
razões
que
se
baseiam
em
valores
(ao
dizer
«A
pena
de
morte
é
injusta»
julgo
como
a
realidade
devia
ser
baseando-‐me
num
valor,
em
algo
que
valorizo
e
a
que
dou
importância:
o
valor
da
justiça),
a
questão
dos
critérios
valorativos
pode
traduzir-‐se
assim:
«Será
que
existem
valores
objetivamente
verdadeiros?
Ou
será
que
a
sua
verdade
depende
daquilo
que
um
indivíduo
ou
uma
sociedade
consideram
verdadeiro?».
Este
problema
surge
porque
nos
apercebemos
de
que
há
pessoas
e
culturas
com
valores
muito
diferentes
dos
nossos,
que
preferem
aquilo
que
nós
rejeitamos
ou
que
29. valorizam
aquilo
que
temos
dificuldade
em
considerar
importante.
Muitas
pessoas
julgam
que
os
valores
são
uma
questão
de
gosto
pessoal,
ou
que
variam
de
cultura
para
cultura.
Em
ambos
os
casos,
não
têm
qualquer
objetividade.
Trata-‐se
do
problema
da
verdade
e
da
objetividade
dos
juízos
de
valor.
Como
os
juízos
morais
são
os
que
mais
importância
têm
na
vida
humana,
a
questão
pode
enunciar-‐se
desta
dupla
forma:
a) Os
juízos
morais
têm
valor
de
verdade?
b) Se
têm
valor
de
verdade,
essa
verdade
é
objetiva,
ou
seja,
não
depende
dos
gostos
dos
indivíduos
ou
do
modo
de
pensar
da
sociedade
em
que
vivem?
TEMA
5
RELATIVISMO
MORAL,
OBJETIVISMO
MORAL
E
SUBJETIVISMO
MORAL
1.
Acerca
da
natureza
dos
valores,
o
que
distingue
a
posição
relativista
da
posição
objetivista?
O
objetivismo
defende
que
os
valores
são
propriedades,
qualidades
das
próprias
coisas,
pessoas,
objetos,
situações
e
instituições,
embora
sejam
propriedades
difíceis
de
conhecer
porque
não
existem
num
sentido
físico.
Nesta
perspetiva,
os
juízos
de
valor
são
uma
espécie
de
juízos
de
facto
com
a
diferença
de
que
sobre
o
seu
conteúdo
ainda
não
obtivemos
qualquer
certeza.
Isso
não
impede
que
haja
verdades
morais
universais
e
objetivas.
Nós
é
que,
provavelmente
por
causa
das
nossas
limitações,
ainda
não
os
descobrimos.
Para
o
relativismo,
os
valores
não
são
propriedades,
qualidades,
das
próprias
coisas,
pessoas,
objetos,
situações
e
instituições.
São
simplesmente
ideias
ou
crenças
que
existem
na
mente
dos
seres
humanos
e
dependem
do
modo
como
sentimos
e
somos
educados
pelo
meio
em
que
nascemos
e
vivemos.
2.
Caraterize
o
subjetivismo
moral.
O
que
é
moralmente
correto?
O
que
a
sociedade
considera
ser
moralmente
certo?
Ou
será
o
que
eu
acredito
ser
moralmente
correto?
Ou
nem
uma
coisa
nem
outra?
30. O
subjetivismo
moral
responde
que
é
moralmente
verdadeiro
o
que
cada
indivíduo
sente
que
é
verdade.
O
subjetivismo
moral
ou
relativismo
individual
afirma
que
há
juízos
morais
verdadeiros,
mas
nega
que
essa
verdade
seja
objetiva.
A
cada
um
a
sua
verdade.
Os
juízos
morais
traduzem
sentimentos
de
aprovação
e
de
reprovação.
Se
genuinamente
uma
pessoa
sente
que
uma
determinada
ação
é
correta,
se
a
ação
está
de
acordo
com
o
que
ela
sente
ser
correto,
então
o
juízo
moral
que
sobre
ela
faz
é
verdadeiro.
Moralmente
verdadeiro
é
o
que
depende
dos
meus
sentimentos.
Cada
indivíduo
tem
um
código
moral
próprio
que
lhe
permite
distinguir
por
si
o
certo
do
errado
sem
precisar
de
consultar
os
outros
ou
submeter-‐se
ao
que
a
maioria
das
pessoas
pensa
sobre
o
assunto.
«Ninguém
pode
e
deve
dar
lições
de
moral
a
ninguém.
A
cada
qual
a
sua
verdade,
e
assim
deve
ser.
3.
Quais
são
as
objeções
mais
frequentemente
dirigidas
ao
subjetivismo
ético?
Podemos
destacar
três:
a)
O
subjetivismo
moral
torna
inviável
a
discussão
de
questões
morais.
O
subjetivismo
moral
parece
sugerir
que
não
podemos
dizer
que
as
opiniões
e
juízos
morais
dos
outros
estão
errados.
Se
as
verdades
morais
dependem
dos
sentimentos
de
aprovação
ou
de
desaprovação
de
cada
indivíduo,
basta
que
os
nossos
juízos
morais
estejam
de
acordo
com
os
nossos
sentimentos
para
serem
verdadeiros.
Um
genuíno
debate
moral
em
que
cada
interlocutor
tente
convencer
o
outro
das
suas
razões
acerca
de
algo
em
que
acredita
perde
qualquer
sentido.
Para
o
subjetivista,
será
mesmo
sinal
de
intolerância.
b)
O
subjetivismo
ético
acredita
que
não
há
juízos
morais
objetivos
porque
os
assuntos
morais
são
objeto
de
discórdia
generalizada,
mas
isso
não
prova
que
não
haja
uma
resposta
correta
ou
verdades
objetivas.
Será
que
o
facto
de
as
pessoas
discordarem
acerca
da
existência
de
Deus
prova
que
não
há
uma
resposta
à
questão
Será
que
Deus
existe?
Durante
muito
tempo
as
pessoas
pensaram
que
as
doenças
eram
causadas
por
demónios.
Sabemos
hoje
em
dia
que
na
maioria
dos
casos
são
causadas
por
microrganismos
como
bactérias
e
vírus.
31. c)
O
facto
de
as
pessoas
terem
crenças
opostas
acerca
de
questões
morais
não
prova
que
essas
crenças
sejam
ambas
verdadeiras.
Se
dois
indivíduos
não
estão
de
acordo
acerca
de
um
dado
assunto,
então
têm
ambos
razão,
ou
seja,
as
suas
crenças
são
ambas
verdadeiras.
Mas
e
se
as
duas
crenças
se
negam
uma
à
outra,
se
contradizem?
Duas
crenças
que
se
contradizem
não
podem
ser
ambas
verdadeiras.
4.
«Matar
é
errado»,
«Roubar
é
incorreto»
e
«Mentir
é
imoral».
Será
que
estes
juízos
são
verdadeiros?
Será
que
são
objetivos
e
universais?
«Há
verdade
e
falsidade
em
assuntos
morais?»,
«Faz
sentido
dizer
que
uma
crença
moral
é
correta
e
que
outra
é
errada?».
Qual
é
a
resposta
que
o
relativismo
cultural
dá
a
estas
perguntas?
O
relativismo
cultural
afirma
que
aqueles
juízos
são
verdadeiros,
mas
não
em
todo
o
lado
e
para
todas
as
pessoas.
A
verdade
dos
juízos
morais
depende
do
que
cada
sociedade
aprova,
ou
seja,
as
afirmações
morais
só
são
verdadeiras
ou
falsas
em
determinadas
culturas.
Moralmente
correto
é
aquilo
que
a
maioria
das
pessoas
de
uma
sociedade
considera
correto.
Não
existe
nenhum
critério
objetivo
e
universal
para
determinar
quem
tem
razão.
Um
juízo
moral
é
falso
quando
os
membros
–
a
maioria
–
de
uma
sociedade
o
consideram
falso
e
verdadeiro
quando
o
consideram
verdadeiro.
Assim,
afirmar
que
«Matar
é
errado»
significa
dizer
«A
sociedade
X
considera
que
matar
é
moralmente
incorreto».
Afirmar
que
«Matar
é
moralmente
correto»
significa
dizer
«A
sociedade
X
considera
que
matar
é
moralmente
correto».
5.
Será
que
relativismo
cultural
e
ceticismo
moral
são
a
mesma
coisa?
Não.
Para
o
ceticismo
moral
nenhum
juízo
moral
tem
valor
de
verdade,
ou
seja,
os
juízos
morais
não
são
nem
verdadeiros
nem
falsos.
Não
há
práticas
moralmente
corretas
ou
incorretas.
Ora,
o
relativismo
cultural
afirma
que
os
juízos
morais
são
verdadeiros
ou
falsos
conforme
o
que
cada
cultura
julga
ser
verdadeiro
ou
falso.
29.
Quais
são
as
objeções
mais
frequentemente
dirigidas
ao
relativismo
moral?
São
as
seguintes:
A)
Há
uma
diferença
significativa
entre
o
que
uma
sociedade
acredita
ser
moralmente
correto
e
algo
ser
moralmente
correto.
32. O
relativismo
cultural
transforma
a
diversidade
de
opiniões
e
de
crenças
morais
em
ausência
de
verdades
objetivas.
Mas
isso
pode
ser
sinal
de
que
há
pessoas
e
sociedades
que
estão
erradas
e
não
de
que
ninguém
está
errado.
Se
duas
sociedades
têm
diferentes
crenças
acerca
de
uma
questão
moral,
o
relativista
conclui
que
então
ambas
as
crenças
são
verdadeiras.
Os
adversários
do
relativismo
cultural
objetam
que
a
conclusão
não
deriva
necessariamente
da
premissa
porque
essa
discórdia
pode
ser
sinal
de
que
uma
sociedade
está
certa
e
a
outra
errada.
B)
O
relativismo
cultural
reduz
a
verdade
ao
que
a
maioria
julga
ser
verdadeiro.
Desde
quando
o
que
maioria
pensa
é
verdadeiro
e
moralmente
aceitável?
Os
nazis
acreditavam
e
fizeram
com
que
a
maioria
dos
alemães
acreditasse
que
os
judeus
eram
sub-‐humanos
e
que
exterminá-‐los
era
um
favor
que
faziam
à
humanidade.
Isso
é
claramente
falso.
C)
O
relativismo
cultural
parece
convidar-‐nos
ao
conformismo
moral,
a
seguir,
em
nome
da
coesão
social,
as
crenças
dominantes.
Algumas
pessoas
ao
longo
da
história
quiseram
e
conseguiram
mudar
a
nossa
maneira
de
pensar
acerca
de
certos
problemas
morais.
Estou
a
lembrar-‐me
de
quem
combateu
a
escravatura
em
nome
dos
ensinamentos
de
Cristo
–
embora
os
defensores
da
escravatura
dissessem
que
a
Bíblia
justificava
o
que
faziam
–,
de
quem
lutou
contra
o
apartheid
na
África
do
Sul
(Nelson
Mandela)
e
contra
a
segregação
racial
nos
EUA
(Martin
Luther
King).
Essas
pessoas
fizeram
bem
à
humanidade,
combateram
injustiças
e
devemos-‐lhes
grande
progresso
moral.
Ora,
o
relativismo
cultural
parece
implicar
que
a
ação
dos
reformadores
morais
é
sempre
incorreta.
D)
O
relativismo
cultural
torna
incompreensível
o
progresso
moral.
É
verdade,
ou
pelo
menos
parece,
que
não
há
acordo
entre
os
seres
humanos
sobre
muitas
questões
morais.
Mas
também
é
verdade
que
a
humanidade
tem
realizado
progressos
no
plano
moral.
A
abolição
da
escravatura,
o
reconhecimento
dos
direitos
das
mulheres,
a
condenação
e
a
luta
contra
a
discriminação
racial
são
exemplos.
Falar
de
progresso
moral
parece
implicar
que
haja
um
padrão
objetivo
com
o
qual
confrontamos
as
nossas
ações.
Se
esse
padrão
objetivo
não
existir,
não
temos
fundamento
para
dizer
que
em
termos
morais
estamos
melhor
agora
do
que
antes.
33. E)
O
relativismo
cultural
torna
impossível
criticar
os
valores
dominantes
numa
cultura.
Como
explicar
as
mudanças
de
perspetiva
moral
em
relação
a
temas
como
os
direitos
dos
animais?
Como
denunciar
e
convencer
a
maioria
dos
membros
que
numa
cultura
consideram
a
pena
de
morte
justa
de
que
ela
afinal
é
injusta
se
justo
é
para
o
relativismo
cultural
o
que
é
socialmente
aprovado
pela
maioria?
Não
compreenderiam
como
alguém
pode
considerar
esse
castigo
injusto,
tal
como
um
japonês
não
compreenderia
que
o
correto
é
comer
de
faca
e
garfo.
F)
Torna
incompreensível
a
noção
de
direitos
humanos
universais.
Estes
direitos
são
próprios
dos
seres
humanos
por
serem
humanos
e
não
por
pertencerem
a
esta
ou
aquela
cultura.
Esta
ideia
é,
para
o
relativista,
produzida
por
uma
cultura
–
neste
caso,
a
ocidental,
e
por
isso
só
pode
valer
no
interior
desta.
Pode
haver
direitos
humanos,
mas
eles
não
são
universais.
6.
O
que
distingue
o
relativismo
cultural
do
subjetivismo
moral?
A
cada
cultura
a
sua
verdade,
defende
o
relativismo
cultural.
A
cada
indivíduo
a
sua
verdade,
defende
o
subjetivismo
moral.
Contrariamente
ao
relativismo
individual
ou
subjetivismo
moral,
o
relativismo
cultural
acerca
de
assuntos
morais
afirma
que
o
código
moral
de
cada
indivíduo
se
deve
subordinar
ao
código
moral
da
sociedade
em
que
vive
e
foi
educado.
Os
juízos
morais
de
cada
indivíduo
são
verdadeiros
se
estiverem
em
conformidade
com
o
que
a
sociedade
a
que
pertence
considera
verdadeiro.
SÍNTESE
QUESTÕES
O
relativismo
cultural
O
objetivismo
moral
O
subjetivismo
moral
34. HÁ
VERDADES
MORAIS?
Sim.
O
relativismo
cultural
defende
que
cada
cultura
considera
verdadeiros
certos
juízos
de
valor
morais.
Há
uma
diversidade
de
verdades
morais.
Sim.
Há
verdades
morais
que
valem
por
si.
Sim.
Mas
essa
verdade
é
puramente
subjetiva.
Depende
do
modo
como
cada
pessoa
vê
ou
sente
as
coisas.
HÁ
VERDADES
MORAIS
OBJETIVAS
E
UNIVERSAIS?
Não.
Uma
proposição
como
«Matar
é
errado»
é
verdadeira
para
certas
sociedades
e
culturas
e
falsa
para
outras.
Em
si
mesma,
nenhuma
proposição
moral
–
nenhum
juízo
de
valor
moral
–
é
falsa
ou
verdadeira.
Verdadeiro
ou
correto
é
igual
a
aprovado
ou
valorizado
pela
maioria
dos
membros
de
uma
certa
sociedade.
Sim.
Há
verdades
morais
que
valem
por
si,
são
independentes
do
que
cada
cultura
pensa
e
do
que
cada
indivíduo
sente.
No
que
respeita
aos
valores
e
práticas
morais,
é
errado
pensar
que
ninguém
está
objetivamente
certo
ou
objetivamente
errado.
Não.
No
que
respeita
aos
valores
e
práticas
morais,
ninguém
está
objetivamente
certo
ou
objetivamente
errado.
É
tudo
uma
questão
de
gosto
ou
de
sensibilidade.
ALGUMA
SOCIEDADE
É
PROPRIETÁRIA
DA
VERDADE
EM
ASSUNTOS
MORAIS?
Não.
Nenhuma
sociedade
ou
cultura
tem
legitimidade
para
«dar
lições
de
moral»
a
outra.
Cada
uma
define
o
que
é
certo
ou
errado
de
forma
autónoma
e
soberana.
Não.
Havendo
verdades
objetivas,
podemos
considerar
como
certas
ou
erradas
certas
práticas
morais
de
certas
culturas
ou
de
indivíduos.
A
moral
é
a
mesma
para
todos
e
não
depende
de
crenças
Não.
Cada
pessoa
responde
às
questões
morais
com
base
no
seu
código
moral
pessoal
e
não
pode
estar
errado
se
for
sincero.
Não
admite
que
a
moral
seja
a
mesma
35. culturais
ou
de
sentimentos.
para
todos.
É
moralmente
incorreto
que
alguém
–
outro
indivíduo
ou
uma
sociedade
–
tente
impor
as
suas
conceções
morais
porque
ninguém
possui
a
verdade
absoluta
sobre
estes
assuntos.
Não
há
princípios
e
normas
morais,
a
não
ser
os
que
cada
indivíduo
escolhe
para
si
mesmo.
TEMA
6
AS
ÉTICAS
DE
KANT
E
DE
MILL
1.
A
TEORIA
ÉTICA
DE
KANT
TIPOS
DE
AÇÕES
SEGUNDO
KANT
Ações
contrárias
ao
dever
Ações
em
conformidade
com
o
dever
Ações
feitas
por
dever