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84 Testes de avaliação e sugestões de resposta
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TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 1
Argumentação e lógica formal
Distinção validade – verdade
GRUPO I
1. Indique, para cada questão, a opção correta.
1.1. A verdade é um valor lógico:
A. das proposições;
B. dos termos;
C. dos argumentos;
D. das frases imperativas.
1.2. A definição de «proposição» é a seguinte:
A. frase imperativa;
B. conjunto de frases declarativas cuja relação entre si serve para sustentar uma delas;
C. representação mental relativa a um ser ou a um conjunto de seres;
D. pensamento ou conteúdo, verdadeiro ou falso, expresso por uma frase declarativa.
1.3. Os argumentos podem ser verdadeiros ou falsos. Esta afirmação é:
A. verdadeira, porque a verdade é o valor lógico dos argumentos;
B. 
falsa, porque uma das propriedades dos argumentos é a validade e não a verdade;
C. verdadeira, porque nenhum argumento pode ser simultaneamente verdadeiro e falso;
D. falsa, porque se houver argumentos falsos, de nada vale o estudo da lógica.
1.4. A seguinte opção expressa um indicador de premissa?
A. conclui-se que;
B. logo;
C. por conseguinte;
D. dado que.
GRUPO II
1. Refira qual a estrutura de um argumento.
2. Explique em que medida se pode afirmar que nem todas as frases expressam proposições.
3. Com base nos termos «João», «corredor» e «futebolista», apresente um exemplo de uma proposi-
ção:
a) Categórica.
b) Condicional.
c) Disjuntiva.
4. Relacione «termo» e «conceito».
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Testes de avaliação e sugestões de resposta 85
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Testes
5. Explique em que consiste o juízo.
6. Indique a proposição que expressa a conclusão do seguinte argumento:
Uma vez que os espaços verdes são saudáveis, o governo deve promover os espaços verdes. Afinal,
o governo deve promover tudo o que é saudável.
7. Analise os seguintes argumentos:
a) 
Todos os seres humanos são mortais.
Os ingleses são seres humanos.
Logo, os ingleses não são mortais.
b) 
Todas as galinhas que eu vi até hoje tinham penas. Logo, a próxima galinha que eu vir terá
penas.
7.1. Explique o que diferencia, em termos lógicos, os dois argumentos.
7.2. Pronuncie-se, justificando, acerca da validade de ambos os argumentos.
COTAÇÕES
GRUPO I
1.
1.1. ........................................................... 5 pontos
1.2. ........................................................... 5 pontos
1.3. ........................................................... 5 pontos
1.4. ........................................................... 5 pontos
GRUPO II
1. .............................................................. 20 pontos
2. .............................................................. 25 pontos
3.
a) .............................................................. 10 pontos
b) .............................................................. 10 pontos
c) .............................................................. 10 pontos
4. .............................................................. 25 pontos
5. .............................................................. 20 pontos
6. .............................................................. 20 pontos
7.
7.1. ........................................................... 20 pontos
7.2. ........................................................... 20 pontos
TOTAL ...................................................... 200 pontos
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86 Testes de avaliação e sugestões de resposta
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CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 1
GRUPO I
1.
1.1. A.
1.2. D
1.3. B
1.4. D
GRUPO II
1. 
Um argumento é constituído por proposições devida-
mente articuladas, ou seja, existe nexo lógico entre
elas. Tais proposições são a(s) premissa(s) e a conclu-
são, sendo que a(s) premissa(s) procura(m) defender,
sustentar ou justificar a conclusão. A esta também se
chama tese, pois é aquilo que está a ser defendido.
2. 
As frases declarativas são as únicas que expressam pro-
posições. Trata-se de frases que afirmam, negam, atri-
buem, declaram ou constatam alguma coisa, podendo
portanto ser consideradas verdadeiras ou falsas. Frases
associadas a atos de interrogar, ordenar, exclamar,
pedir, chamar, prometer são exemplos que não se
enquadram na categoria das frases que expressam pro-
posições, justamente porque não podem ser classifica-
das como verdadeiras ou falsas.
3.
a) João é corredor.
b) Se João é futebolista, então é corredor.
c) João é futebolista ou corredor.
4. 
O termo é geralmente entendido como a expressão
verbal do conceito. O conceito, por sua vez, constitui o
elemento básico do pensamento. Trata-se da represen-
tação intelectual de determinada realidade, podendo
dizer respeito a uma classe de objetos ou a uma reali-
dade singular, embora alguns autores defendem que
só as noções ou ideias gerais é que podem ser conside-
radas conceitos.
O mesmo conceito pode ser expresso por termos dife-
rentes sob o ponto de vista linguístico e o mesmo
vocábulo pode exprimir diferentes conceitos. Além
disso, um termo pode ser constituído por mais do que
uma palavra, exprimindo um único conceito.
5. O juízo é a operação mental que permite estabelecer
uma relação entre conceitos e que está subjacente à for-
mação de proposições.
6. O governo deve promover os espaços verdes.
7.
7.1. O primeiro é um argumento dedutivo, uma vez que a
sua validade depende apenas da forma lógica. O
segundo é um argumento não dedutivo, mais propria-
mente um argumento indutivo, porque a sua validade
depende de aspetos que vão para lá da forma lógica, isto
é, a verdade da premissa apenas sugere a plausibilidade
da conclusão. Como se vê pelo exemplo, a conclusão não
deriva necessariamente da premissa.
7.2. O argumento dedutivo apresentado é inválido, por-
que as suas premissas são verdadeiras e a conclusão é
falsa. O argumento indutivo, por sua vez, é válido porque
é improvável que a premissa seja verdadeira e a conclu-
são seja falsa, ou seja, a verdade da premissa fornece uma
forte razão para pensar que a conclusão é verdadeira.
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Testes de avaliação e sugestões de resposta 87
87
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Testes
TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 2
Argumentação e lógica formal
Formas de inferência válida e principais falácias: lógica silogística.
GRUPO I
1. Indique, para cada questão, a opção correta.
1.1. 
Toda a sardinha é um animal marítimo. Todo o salmão é um animal marítimo. Logo, todo o animal
marítimo é sardinha. Estamos perante um:
A. silogismo válido;
B. silogismo inválido;
C. falso silogismo;
D. silogismo condicional.
1.2. O seguinte silogismo pertence à segunda figura:
A. 
Todos os criminosos são sancionados. Ora, os ladrões são criminosos. Logo, os ladrões são
sancionados.
B. 
Os irlandeses não são ingleses. Os ingleses são indivíduos naturais de Inglaterra. Assim,
alguns indivíduos naturais de Inglaterra não são irlandeses.
C. 
Alguns pintores são expressionistas. Todos pintores são artistas. Logo, alguns artistas são
expressionistas.
D. 
Os avaros não são generosos. Os beneficentes são generosos. Portanto, os beneficentes
não são avaros.
1.3. A seguinte alínea contém a definição correta da falácia das premissas exclusivas:
A. 
Ocorre quando o termo menor se encontra distribuído na conclusão e não na premissa
menor.
B. 
Acontece quando se extrai uma conclusão de duas premissas negativas.
C. 
Ocorre quando o termo maior se encontra distribuído na conclusão e não na premissa
maior.
D. 
Dá-se quando o silogismo não respeita a regra que determina que o silogismo tem três e só
três termos.
1.4. 
É o conjunto de seres, objetos, membros que são abrangidos por um conceito/termo. Esta defini-
ção refere-se:
A. 
à extensão;
B. 
à compreensão;
C. à intensão;
D. ao quantificador existencial.
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88 Testes de avaliação e sugestões de resposta
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GRUPO II
1. Coloque na forma canónica as seguintes proposições:
a) Nem todos os arquitetos são criadores.
b) Quem se deita cedo e cedo se levanta é saudável.
c) Há indivíduos cuja única ocupação é simplesmente roubar.
d) Ser voluntário é dedicar-se aos outros.
2. Refira quais os termos que se encontram distribuídos e quais os que não se encontram distribuídos
nas seguintes proposições:
a) Alguns doces não são açucarados.
b) Alguma energia é renovável.
c) Todos os bombeiros são benfeitores.
d) Nenhum eletrodoméstico é máquina industrial.
3. Em cada um dos seguintes silogismos, identifique os termos, a figura e o modo.
a) 
Os maus criadores não são imaginadores consequentes.
Os arquitetos são imaginadores consequentes.
Logo, os arquitetos não são maus criadores.
b) 
Todos os felinos são vertebrados.
Todos os gatos são felinos.
Logo, alguns vertebrados são gatos.
4. Considerando as regras do silogismo, tire a conclusão de cada um dos seguintes pares de premissas:
a) 
Os simples argumentadores não são grandes oradores.
Os homens dedicados à causa pública são grandes oradores.
b) 
Alguns cafés são descafeinados.
Todos os cafés são bebidas.
5. O seguinte silogismo é inválido. Justifique a sua invalidade.
A bateria é um instrumento musical de percussão.
Alguns instrumentos musicais são baterias.
Logo, os instrumentos musicais são de percussão.
6. Avalie os silogismos que se seguem. Se algum deles for inválido, justifique a sua invalidade.
a) 
Os catalães são espanhóis.
Alguns espanhóis são independentistas.
Logo, os catalães são independentistas.
b) 
As ruas não são quarteirões.
As estradas não são ruas.
Logo, as estradas não são quarteirões.
7. Partindo dos termos indicados, apresente um exemplo de silogismo categórico inválido em que
seja cometida a falácia da ilícita maior:
Termo maior: terráqueo.
Termo menor: inglês.
Termo médio: alemão.
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Testes de avaliação e sugestões de resposta 89
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Testes
8. Avalie cada um dos seguintes silogismos condicionais. Identifique-os.
a) 
Se a encomenda não chegar, eu próprio vou buscá-la.
A encomenda não chega.
Logo, eu próprio vou buscá-la.
b) 
Se o inverno é longo, os ursos hibernam.
O inverno não é longo.
Logo, os ursos não hibernam.
9. Construa, para a proposição a seguir expressa, os dois modos válidos do silogismo disjuntivo (dis-
junção exclusiva):
Ou ignoras os sintomas ou vais ao médico.
10. Analise o seguinte silogismo:
És arquiteto ou poeta.
És arquiteto.
Logo, não és poeta.
10.1. Pronuncie-se acerca da sua validade, justificando a sua resposta.
10.2. 
Se considerou válido o silogismo, construa a respetiva falácia; se o considerou inválido, cons-
trua o modo válido respetivo.
COTAÇÕES
GRUPO I
1.
1.1. ........................................................... 5 pontos
1.2. ........................................................... 5 pontos
1.3. ........................................................... 5 pontos
1.4. ........................................................... 5 pontos
GRUPO II
1. .............................................................. 20 pontos
2. .............................................................. 20 pontos
3 ............................................................... 10 pontos
4. .............................................................. 20 pontos
5. .............................................................. 15 pontos
6. .............................................................. 20 pontos
7. .............................................................. 15 pontos
8. .............................................................. 20 pontos
9. .............................................................. 20 pontos
10.
10.1. ......................................................... 10 pontos
10.2. ......................................................... 10 pontos
TOTAL ...................................................... 200 pontos
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90 Testes de avaliação e sugestões de resposta
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CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 2
GRUPO I
1.
1.1. C
1.2. D
1.3. B
1.4. A
GRUPO II
1.
a) Alguns arquitetos não são criadores.
b) Todos os que se deitam cedo e cedo se levantam são
saudáveis.
c) Alguns indivíduos são ladrões a tempo inteiro.
d) Todos os voluntários são dedicados aos outros.
2.
a) Encontra-se distribuído o termo «açucarados»; o termo
«doces» não se encontra distribuído.
b) Nenhum dos termos – «energia» e «renovável» – se
encontra distribuído.
c) Encontra-se distribuído o termo «bombeiros»; o termo
«benfeitores» não se encontra distribuído.
d) Ambos os termos – «eletrodoméstico» e «máquina
industrial» – se encontram distribuídos.
3.
a) 
Termo maior: «maus criadores»; termo menor: «arquite-
tos»; termo médio: «imaginadores consequentes».
Modo: EAE.
Figura: 2.ª.
b) 
Termo maior: «gatos»; termo menor: «vertebrados»;
termo médio: «felinos».
Modo: AAI.
Figura: 4.ª.
4.
a) Os homens dedicados à causa pública não são simples
argumentadores.
b) Algumas bebidas são descafeinadas.
5. O termo menor, «instrumentos musicais», está distri-
buído na conclusão mas não o está na respetiva premissa,
violando-se assim a regra que determina que qualquer
termo distribuído na conclusão tem de o estar também
na premissa de que é parte integrante. Por esse motivo, a
conclusão acaba também por não seguir a parte mais
fraca (a premissa menor).
6.
a) Inválido. O termo médio não está distribuído pelo
menos uma vez. Além disso, a conclusão teria de ser par-
ticular, seguindo a parte mais fraca.
b) Inválido. Com duas premissas negativas, nada se
poderá concluir.
7.
Todos os alemães são terráqueos.
Nenhum inglês é alemão.
Logo, nenhum inglês é terráqueo.
8.
a) Válido. Modus ponens.
b) Inválido. Falácia da negação do antecedente.
9. 
Modus ponendo tollens: Ou ignoras os sintomas ou vais
ao médico. Ignoras os sintomas. Logo, não vais ao
médico.
Modus tollendo ponens: Ou ignoras os sintomas ou vais
ao médico. Não ignoras os sintomas. Logo, vais ao
médico.
10.
10.1. O silogismo é inválido porque, uma vez que esta-
mos perante uma disjunção que não é completa (disjun-
ção inclusiva), a afirmação de uma das alternativas não
implica a negação da outra.
10.2. 
És arquiteto ou poeta.
Não és arquiteto.
Logo, és poeta.
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Testes de avaliação e sugestões de resposta 91
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TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 3
Argumentação e lógica formal
Formas de inferência válida e principais falácias: lógica proposicional.
GRUPO I
1. Indique, para cada questão, a opção correta.
1.1. A proposição expressa pela frase «O Sol brilha» é considerada uma proposição:
A. composta;
B. simples;
C. complexa;
D. imperativa.
1.2. O operador «ou» é um operador:
A. singular;
B. unário;
C. monádico;
D. binário.
1.3. A condicional é falsa se o antecedente:
A. for verdadeiro e o consequente também;
B. for falso e o consequente também;
C. for verdadeiro e o consequente for falso;
D. for falso e o consequente for verdadeiro.
1.4. À proposição (ou proposições) sobre a qual (ou sobre as quais) um operador incide chama-se:
A. âmbito de um operador;
B. operador principal;
C. função de um operador;
D. tautologia.
GRUPO II
1. Refira quais das proposições a seguir expressas são proposições simples e quais as complexas, justi-
ficando:
a) Se corro, então tornar-me-ei um grande atleta.
b) Os computadores não são realidades simples.
c) O conhecimento é uma crença verdadeira justificada.
d) Eu trabalho.
e) Maria é cozinheira ou agricultora.
f) Chove e está frio.
g) Picasso não é um músico.
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92 Testes de avaliação e sugestões de resposta
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2. Formalize as proposições a seguir indicadas, apresentando a sua expressão canónica e a respetiva
interpretação:
a) Tanto as árvores como as grutas são protetoras.
b) Ou Deus existe ou o Universo é uma sombra errante.
c) 
Não ter talento artístico é condição suficiente para eu não ser pintor, se, e só se, os dicionários
fornecem definições corretas.
3. Verifique, usando as tabelas de verdade, se as seguintes fórmulas proposicionais são tautologias,
contradições ou contingências.
a) (ÿ P ⁄ ÿ Q) ´ ÿ (ÿ P ⁄ ÿ Q)
b) (ÿ P Ÿ ÿ Q) Æ ÿ P
4. Refira, usando uma tabela de verdade, se as seguintes proposições são ou não logicamente equiva-
lentes. Justifique.
– Se gosto de futebol, então tenho um clube.
– Não gosto de futebol ou tenho um clube.
5. Considere os seguintes argumentos:
a) 
Se vou à feira, então compro sapatos.
Vou à feira.
Logo, compro sapatos.
b) 
Acredito em ti ou sou inteligente.
Não acredito em ti.
Logo, sou inteligente.
c) 
Se a noite é tempestuosa, então fico confuso.
A noite não é tempestuosa.
Logo, não fico confuso.
5.1. 
Determine a sua validade recorrendo a inspetores de circunstâncias. Comece por apresentar a
interpretação (dicionário) e a formalização respetivas.
5.2. 
Identifique cada um dos argumentos anteriores.
6. Identifique o seguinte argumento e traduza-o com recurso às letras proposicionais e às variáveis de
fórmula:
Se eu viajo e tu lês, então sabemos o essencial. Se sabemos o essencial, então a nossa vida tem
sentido. Logo, se eu viajo e tu lês, então a nossa vida tem sentido.
COTAÇÕES
GRUPO I
1.
1.1. ........................................................... 5 pontos
1.2. ........................................................... 5 pontos
1.3. ........................................................... 5 pontos
1.4. ........................................................... 5 pontos
GRUPO II
1. .............................................................. 30 pontos
2.
a) .............................................................. 10 pontos
b) .............................................................. 10 pontos
c) .............................................................. 10 pontos
3.
a) .............................................................. 15 pontos
b) .............................................................. 15 pontos
4. .............................................................. 20 pontos
5.
5.1. ........................................................... 30 pontos
5.2. ........................................................... 15 pontos
6. .............................................................. 25 pontos
TOTAL ...................................................... 200 pontos
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Testes de avaliação e sugestões de resposta 93
93
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Testes
CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 3
GRUPO I
1.
1.1. B; 1.2. D; 1.3. C; 1.4. A.
GRUPO II
1. São proposições simples as expressas nas seguintes alí-
neas: c) e d). São proposições complexas as expressas nas
seguintes alíneas: a), b), e), f) e g). Aquelas são simples
porque não contêm qualquer operador. Estas são com-
plexas porque contêm operadores.
2.
a)
Expressão canónica Interpretação Formalização
As árvores são pro-
tetoras e as grutas
são protetoras.
P: As árvores são
protetoras.
Q: As grutas são
protetoras.
P Ÿ Q
b)
Expressão canónica Interpretação Formalização
Ou Deus existe ou o
Universo é uma
sombra errante.
P: Deus existe.
Q: O Universo é uma
sombra errante.
P ⁄ Q
c)
Expressão canónica Interpretação Formalização
Se não tenho talento
artístico, então não
sou pintor, se, e só
se, os dicionários for-
necem definições
corretas.
P: Tenho talento
artístico.
Q: Sou pintor.
R: Os dicionários
fornecem definições
corretas.
(ÿ P Æ ÿ Q) ´ R
3
a)
P Q (ÿ P ⁄ ÿ Q) ´ ÿ (ÿ P ⁄ ÿ Q)
V
V
F
F
V
F
V
F
F F F F V F F F
F V V F F F V V
V V F F F V V F
V V V V V V F V
Contingência.
b)
P Q (ÿ P Ÿ ÿ Q) Æ ÿ P
V
V
F
F
V
F
V
F
F F F V F
F F V V F
V F F V V
V V V V V
Tautologia.
4.
P Q (P Æ Q) ´ (ÿ P ⁄ Q)
V
V
F
F
V
F
V
F
V V F V
F V F F
V V V V
V V V V
São proposições equivalentes, porque a fórmula em
causa é tautológica.
5.
5.1.
a)
Interpretação Formalização
P: Vou à feira.
Q: Compro sapatos.
P Æ Q
P
 Q
P Q P Æ Q, P |=Q
V
V
F
F
V
F
V
F
V V V
F V F
V F V
V F F
O argumento é válido.
b)
Interpretação Formalização
P: Acredito em ti.
Q: Sou inteligente.
P ⁄ Q
ÿ P
 Q
P Q P ⁄ Q, ÿ P |=Q
V
V
F
F
V
F
V
F
V F V
V F F
V V V
F V F
O argumento é válido.
c)
Interpretação Formalização
P: A noite é tempestuosa.
Q: Fico confuso.
P Æ Q
ÿ P
 ÿ Q
P Q P Æ Q, ÿ P |=ÿ Q)
V
V
F
F
V
F
V
F
V F F
F F V
V V F
V V V
O argumento é inválido.
5.2.
a) Modus ponens.
b) Silogismo disjuntivo.
c) Falácia da negação do antecedente.
6. Silogismo hipotético.
(P Ÿ Q) Æ R
R Æ S
 (P Ÿ Q) Æ S
A Æ B
B Æ C
 A Æ C
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94 Testes de avaliação e sugestões de resposta
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TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 4
Argumentação e retórica
GRUPO I
1. Indique, para cada questão, a opção correta.
1.1. No âmbito da argumentação, é legítimo afirmar que:
A. a opinião do orador é sempre indubitável;
B. o auditório pode ser individual ou coletivo;
C. o orador apresenta uma tese a favor da qual o auditório irá argumentar;
D. o contexto de receção é irrelevante na adesão à tese e aos argumentos do orador.
1.2. O pathos:
A. diz respeito ao auditório, a quem o orador quer convencer a aderir à(s) sua(s) ideia(s);
B. reporta-se ao discurso, aos argumentos apresentados em defesa de uma determinada tese;
C. refere-se ao orador, à sua credibilidade, honestidade e integridade;
D. 
está relacionado com a linguagem utilizada, com o seu conteúdo e os aspetos formais que
a caracterizam.
1.3. A credibilidade do orador, o seu carácter e a sua integridade moral dizem respeito:
A. ao ethos;
B. ao logos;
C. à validade dos argumentos que apresenta para defender as suas ideias;
D. ao pathos.
1.4. A validade de um argumento por analogia depende:
A. da autoridade em que este se sustenta;
B. da indução que nele se efetua;
C. 
do facto de as semelhanças que existem entre as realidades comparadas serem mais rele-
vantes do que as diferenças que as separam;
D. da credibilidade do sujeito que o formula.
1.5. 
Todos os alunos do ensino profissional que até hoje tive são indisciplinados. Logo, todos os alunos
do ensino profissional são indisciplinados. Trata-se:
A. de um argumento de autoridade;
B. de um argumento por analogia;
C. de um argumento indutivo, por generalização;
D. de uma previsão indutiva.
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Testes de avaliação e sugestões de resposta 95
95
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Testes
1.6. 
David Attenborough e Jane Goodall são defensores do controlo populacional. Assim, os números
da população mundial deviam estar regulados. Trata-se:
A. de um argumento de autoridade;
B. de um argumento por analogia;
C. de um argumento indutivo, por generalização;
D. de uma previsão indutiva.
1.7. 
Argumento que reduz as opções possíveis a apenas duas, ignorando-se as restantes alternativas.
Esta definição corresponde à falácia:
A. ad hominem;
B. da derrapagem;
C. do falso dilema;
D. do“boneco de palha”.
1.8. 
Santo Anselmo era um homem religioso. Logo, o argumento ontológico – que concebeu, para pro-
var a existência de Deus – deve ser ignorado. Estamos perante a falácia:
A. da derrapagem;
B. do falso dilema;
C. do“boneco de palha”;
D. ad hominem.
GRUPO II
1. «A sociedade atual, caracterizada por uma importância crescente da comunicação, favorece um
regresso da argumentação, e a emergência de uma nova retórica. Estes modos de expressão encon-
tram lugar privilegiado na vida socioeconómica e política; considera-se doravante que a ciência não
explica tudo e regressa-se ao debate, à confrontação, ou seja, à“concorrência”entre ideias que tor-
nam necessário o recurso à argumentação.»
R. e J. Simonet (1990), L’Argumentation. Stratégie et Tactiques, Paris, Éd. D’Organisation, p. 14.
Justifique, com elementos do texto, a imprescindibilidade da argumentação no mundo contempo-
râneo.
2. «Numa demonstração tudo é dado. (...) Na argumentação, pelo contrário, as premissas são instáveis.
À medida que se vai argumentando, elas podem enriquecer-se; mas estas são sempre precárias, a
intensidade com que lhes aderimos modifica-se. A ordem dos argumentos é pois ditada, em grande
parte, pelo desejo de destacar novas premissas, de distinguir alguns elementos e de obter certos
compromissos da parte do interlocutor.»
Chaïm Perelman e L. Olbrechts-Tyteca (1983), Traité de l’Argumentation, 4.ª éd., Bruxelles,
Editions de l’Université de Bruxelles, p. 65.
Considerando o texto, distinga argumentação de demonstração.
3. Defina os seguintes conceitos: objetos de acordo e opinião pública.
4. «Aristóteles, pai fundador [da retórica] (...) compreende o que mais ninguém depois dele percebe: o
ethos, o pathos e o logos estão em pé de igualdade na relação retórica.»
Michel Meyer et al. (1999), História da Retórica, Lisboa, Temas e Debates, p. 266.
Mostre, com base nesta afirmação, a importância do ethos, do pathos e do logos no âmbito da rela-
ção retórica.
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96 Testes de avaliação e sugestões de resposta
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GRUPO III
1. Esclareça o significado de cada um dos seguintes argumentos informais:
a) Argumento indutivo, por generalização.
b) Argumento indutivo, por previsão.
c) Argumento por analogia.
d) Argumento de autoridade.
2. Identifique as falácias que seguidamente se expõem. Justifique a sua resposta.
a) 
Se hoje ajudas este, amanhã terás que ajudar aquele. Se amanhã ajudares ambos, entretanto
ajudarás outros tantos. Aos indivíduos seguir-se-ão as associações, de tal modo que, quando
deres por ti, já para ti nada resta. Por conseguinte, o melhor é não ajudar ninguém.
b) 
O passado político do indivíduo X não lhe dá credibilidade alguma para propor qualquer solu-
ção para este país, por muito bem sustentada que ela possa estar. Logo, ignore-se, para a nação,
qualquer sugestão sua.
c) 
Ou o mundo surgiu por acaso ou resultou de um Criador inteligente. Como ele não surgiu por
acaso, então resultou de um Criador inteligente.
d) Os animais merecem ser respeitados. Logo, todos os animais são merecedores de respeito.
COTAÇÕES
GRUPO I
1.
1.1. ........................................................... 5 pontos
1.2. ........................................................... 5 pontos
1.3. ........................................................... 5 pontos
1.4. ........................................................... 5 pontos
1.5. ........................................................... 5 pontos
1.6. ........................................................... 5 pontos
1.7. ........................................................... 5 pontos
1.8. ........................................................... 5 pontos
GRUPO II
1. .............................................................. 25 pontos
2. .............................................................. 25 pontos
3. .............................................................. 25 pontos
4. .............................................................. 25 pontos
GRUPO III
1. .............................................................. 20 pontos
2. .............................................................. 40 pontos
TOTAL ...................................................... 200 pontos
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Testes de avaliação e sugestões de resposta 97
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Testes
CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 4
GRUPO I
1.
1.1. B
1.2. A
1.3. A
1.4. C
1.5. C
1.6. A
1.7. C
1.8. D
GRUPO II
1. A argumentação é imprescindível no mundo contem-
porâneo por fatores como a falibilidade dos modelos
científicos (no texto afirma-se «a ciência não explica
tudo»), a importância crescente do discurso publicitário e
dos media (no texto fala-se de uma nova «vida socioeco-
nómica»), o desenvolvimento das democracias, com a
liberdade de expressão que viabilizam (no texto alude-se
à atual «vida política»). Naturalmente, para lá desses
aspetos, a necessidade da argumentação está constante-
mente presente no quotidiano sempre que o ser humano
quer convencer alguém de que o seu ponto de vista é
mais valioso do que outro.
2. Na demonstração, como se afirma no texto, «tudo é
dado». De facto, ao contrário da argumentação, nela
ignoram-se todos os elementos exteriores à estrutura for-
mal do discurso, tais como a matéria que está em discus-
são, o contexto em que a mesma é levada a cabo – o tipo
de auditório, por exemplo, com as emoções a que é sus-
cetível –, o carácter pessoal dos intervenientes (orador e
interlocutores) ou a equivocidade da língua natural que,
sendo o veículo de transmissão da mensagem, pode ori-
ginar múltiplas interpretações.
Naquela estabelece-se, sob a forma do cálculo – o cálculo
lógico-formal –, uma relação constringente e incontorná-
vel entre as premissas e a conclusão, nesta há tão-só a
adesão do auditório, a tentativa de «obter certos compro-
missos da parte do interlocutor», o que obriga a um
esforço de permanente adaptação do retor aos seus
ouvintes.
3. Os objetos de acordo são premissas admitidas pelo
auditório, podendo consistir em crenças, valores, verda-
des, factos, presunções, etc. Fazendo parte da opinião do
auditório, os objetos de acordo encontram-se pressupos-
tos durante o ato argumentativo. A opinião pública é o
conjunto de pensamentos, conceitos e representações
gerais dos cidadãos sobre as questões de interesse cole-
tivo.
4. Para Michel Meyer – tal como para Aristóteles –, o
ethos, o pathos e o logos são, na relação retórica, insepa-
ráveis e constitutivos. Nela, todos estes elementos estão,
como se afirma no texto, «em pé de igualdade».
Relativamente ao ethos, podemos dizer que um dos aspe-
tos que nos levam a confiar no discurso de alguém e que
se traduz numa disponibilidade para ouvir e para aderir
aos argumentos que nos são propostos é o carácter do
orador, associado à sua credibilidade.
No que se refere ao pathos, para conseguir persuadir e
convencer o auditório, o orador deve criar uma empatia
com tal auditório, adaptar-se a ele, suscitando nele emo-
ções que o predisponham a aceitar a tese que lhe é pro-
posta.
No que se refere ao logos, este encontra-se associado à
consistência e à solidez do discurso, aspetos fundamen-
tais do processo argumentativo. A maneira e a ordem
como os assuntos são abordados e a consistência com
que os argumentos são apresentados fazem toda a dife-
rença no processo de adesão do auditório a uma tese.
GRUPO III
1.
a) Argumento que parte de casos particulares e aplica as
verdades aí obtidas a algo mais geral; por outras palavras,
raciocínio cuja conclusão é mais geral do que a(s)
premissa(s).
b) Argumento que parte de casos passados para prever
casos não observados, presentes ou futuros.
c) Argumento em que, partindo de certas semelhanças
ou relações entre duas realidades, se depreendem novas
semelhanças ou relações.
d) Argumento que se sustenta no parecer de um especia-
lista para assegurar a verdade do que se afirma.
2.
a) Falácia da derrapagem. Esta falácia ocorre sempre que
alguém, para refutar uma tese, apresenta, pelo menos,
uma premissa falsa ou duvidosa e uma série de conse-
quências progressivamente inaceitáveis. O objetivo é
mostrar que um determinado resultado indesejável inevi-
tavelmente se seguirá. Neste caso, o que se perceciona é
a intenção de alguém provar que não se deve ajudar nin-
guém, tomando como premissa os riscos associados a
uma pequena ajuda, e estendendo esse exemplo indefi-
nidamente, de um modo“escorregadio”, a universos cada
vez maiores.
b) Falácia ad hominem. Nesta falácia, tal como em qual-
quer outra do mesmo tipo, é a pessoa que o pronuncia e
não o argumento pronunciado que é alvo de objeção.
Neste caso, é o político que está em causa e não as pro-
postas – que são o que, na circunstância em questão, se
pretende avaliar.
c) Falácia do falso dilema. Esta falácia consiste em reduzir
as opções possíveis a apenas duas, ignorando-se as res-
tantes alternativas. Trata-se, portanto, de extrair uma con-
clusão a partir de uma disjunção falsa. É o que se passa
neste caso: «Ou o mundo surgiu por acaso ou resultou de
um Criador inteligente» constitui uma disjunção falsa já
que há mais alternativas possíveis – o mundo existir
desde sempre, ter sido criado por uma equipa de deuses,
etc.
d) Petição de princípio. Trata-se de um argumento circu-
lar no qual se toma por já provado o que ainda carece de
prova. Neste exemplo é isso que se verifica, pois a conclu-
são – «Todos os animais são merecedores de respeito» – é
antecipadamente usada como premissa – «Os animais
merecem ser respeitados».
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98 Testes de avaliação e sugestões de resposta
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TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 5
Argumentação e Filosofia
GRUPO I
1. Indique, para cada questão, a opção correta.
1.1. A retórica, ensinada pelos sofistas, visa:
A. dotar as mulheres de habilidades linguísticas;
B. formar os jovens cidadãos no sentido de estes participarem nas assembleias democráticas;
C. desenvolver competências argumentativas nos escravos;
D. treinar jovens atores para exibições de teatro.
1.2. Os sofistas mais destacados são:
A. Górgias, Platão e Sócrates;
B. Hípias, Górgias e Sócrates;
C. Platão, Górgias e Protágoras;
D. Protágoras, Górgias e Hípias.
1.3. Os sofistas eram professores itinerantes que:
A. ensinavam a arte de bem falar aos jovens cidadãos em troca de uma remuneração;
B. ensinavam aos jovens a arte elocutória a troco de posições políticas de destaque;
C. ofereciam uma vasta formação integral de modo desinteressado;
D. ofereciam uma formação integral sólida aos escravos por puro amor à sabedoria.
1.4. As críticas aos sofistas são dirigidas por:
A. Platão e Hípias;
B. Sócrates e Górgias;
C. Hípias e Górgias;
D. Sócrates e Platão.
1.5. Um dos aspetos que distingue o sofista do filósofo:
A. 
é a ênfase que o sofista coloca na forma do discurso, ao contrário do filósofo, que se centra
no conteúdo;
B. 
reside no facto de o sofista entender a verdade em si mesma, ao contrário do filósofo, que
entende a verdade à medida das diferentes circunstâncias;
C. baseia-se no facto de o sofista privilegiar a verdade e o filósofo a técnica;
D. 
é a retribuição: enquanto o sofista busca desinteressadamente a verdade, o filósofo faz-se
pagar pelos seus serviços.
1.6. A manipulação caracteriza-se pela:
A. 
prática do discurso que tem como finalidade a livre adesão do auditório à tese que o ora-
dor pretende que seja acolhida por aquele;
B. 
prática abusiva do discurso – abusiva na medida em que obriga o recetor a aderir a uma
dada mensagem (que um dado emissor deseja impor);
C. prática do discurso que tem como finalidade a adesão do auditório a uma tese oculta;
D. 
prática abusiva do discurso que visa retirar a liberdade ao orador de modo a que ele não
possa defender a tese em que realmente acredita.
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Testes de avaliação e sugestões de resposta 99
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Testes
1.7. 
A retórica que corresponde a um uso ilegítimo do discurso, porque visa enganar, iludir e mani-
pular o interlocutor, recebe a designação de:
A. retórica branca;
B. retórica manipuladora;
C. retórica negra;
D. retórica persuasiva.
1.8. A racionalidade argumentativa implica:
A. 
o reconhecimento do pluralismo que a racionalidade encerra, aliado ao reconhecimento
de que se pode dizer/conhecer o real de diferentes maneiras.
B. o reconhecimento de uma verdade e de uma realidade unívocas;
C. a afirmação de uma verdade única, aliada a uma atitude dogmática;
D. a afirmação de uma única realidade, aliada a uma atitude crítica.
GRUPO II
1. Refira a que se deve a visão depreciativa a que os sofistas começaram por estar associados.
2. «A retórica, ao que me parece, é uma prática estranha à arte, mas exige uma alma dotada de imagi-
nação, de ousadia e, naturalmente apta para o trato com as pessoas. (...) Não sei se entenderás bem
a minha resposta: na minha opinião, a retórica é como o simulacro de uma parte da política.»
Platão (1997), Górgias, Lisboa, Lisboa Editora, p. 69.
Critique a retórica dos sofistas à luz da perspetiva presente neste excerto.
3. Refira os principais aspetos que distinguem os sofistas dos filósofos.
GRUPO III
1.	
«Proteger a liberdade de expressão é indispensável, mas proteger a liberdade de receção é-o tam-
bém, e na mesma medida.»
Philippe Breton (2001), A Palavra Manipulada, Lisboa, Editorial Caminho, p. 209.
Explique esta afirmação, clarificando as duas formas de liberdade nela referidas.
2. «A filosofia, mais do que encontrar-se ligada à posse da verdade, associa-se à crença na verdade e à
aspiração de tornar a verdade, em que o filósofo crê, admitida por outras pessoas, e, eventualmente,
por todas as pessoas (...). Ora, esta admissão, esta tentativa de fazer admitir certas teses, só pode ser
realizada através de meios argumentativos.»
Rui Alexandre Grácio (1999),“Introdução à Tradução Portuguesa”, in C. Perelman,
O Império Retórico, Porto, Edições ASA, p. 10.
Caracterize, a partir do texto, a racionalidade argumentativa.
COTAÇÕES
GRUPO I
1.
1.1. ........................................................... 5 pontos
1.2. ........................................................... 5 pontos
1.3. ........................................................... 5 pontos
1.4. ........................................................... 5 pontos
1.5. ........................................................... 5 pontos
1.6. ........................................................... 5 pontos
1.7. ........................................................... 5 pontos
1.8. ........................................................... 5 pontos
GRUPO II
1. .............................................................. 30 pontos
2. .............................................................. 30 pontos
3. .............................................................. 30 pontos
GRUPO III
1. .............................................................. 35 pontos
2. .............................................................. 35 pontos
TOTAL ...................................................... 200 pontos
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100 Testes de avaliação e sugestões de resposta
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CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 5
GRUPO I
1.
1.1. B.
1.2. D.
1.3. A.
1.4. D.
1.5. A.
1.6. B.
1.7. C.
1.8. A.
GRUPO II
1. Os sofistas eram professores itinerantes que se dedica-
vam ao ensino dos jovens cidadãos mediante uma remu-
neração. Dominavam a arte de persuadir pela palavra e
eram dotados de habilidade linguística e de estilo elo-
quente, surpreendendo pela sua vasta erudição e pelos
seus discursos expressivos.
Enquanto professores, os sofistas centravam o seu ensino
mais na forma do que no conteúdo, ensinando, por isso, a
técnica do discurso, a arte de fazer triunfar um discurso em
função da conveniência de cada um. Sócrates, Platão e
seus discípulos não podiam aceitar este relativismo da ver-
dade, esta valorização da retórica como arte do discurso
persuasivo em detrimento da sabedoria. Este aspeto,
aliado ao facto de os sofistas se fazerem pagar pelos seus
serviços, originou uma visão depreciativa dos sofistas.
2. Enquanto Górgias considera a retórica uma arte, Sócra-
tes caracteriza-a como uma atividade empírica, destinada
a produzir uma certa espécie de agrado no auditório.
Com efeito, no diálogo «Górgias» de Platão, Sócrates, para
além de tecer críticas aos sofistas, define a retórica como
uma atividade empírica, que visa apenas o agradável, o
prazer, uma prática que serve de simulacro à política,
confrontando o discurso como instrumento de poder,
próprio dos sofistas, com o discurso como instrumento
de verdade, próprio dos filósofos. É neste diálogo que
Sócrates alerta Polo para o contraste metodológico entre
ele e os sofistas: enquanto os sofistas se refugiam na elo-
quência de longos discursos, Sócrates prefere o diálogo, a
metodologia de pergunta-resposta.
3. Enquanto os sofistas são professores itinerantes que se
fazem pagar pelos seus serviços, os filósofos, de acordo
com Sócrates e Platão, são amantes, desinteressados, do
saber. Por oposição a um discurso centrado na forma, na
técnica e na eficácia, próprio dos sofistas, os filósofos pre-
ferem centrar o discurso no conteúdo, na sabedoria e na
procura da verdade absoluta. Por último, ao contrário dos
sofistas, que entendem a verdade à medida das circuns-
tâncias individuais e baseiam o discurso em opiniões e
aparências, os filósofos entendem a verdade como exis-
tente em si, baseando o discurso na Verdade e no Bem.
GRUPO III
1. Nas democracias atuais, a liberdade de expressão é con-
siderada um direito fundamental que não pode ser posto
em causa. Contudo, para além da liberdade de expressão
de um dado orador, é igualmente necessário que o auditó-
rio a que ele se dirige seja também livre, ou seja, é também
necessário garantir a liberdade de um dado recetor. Tal exi-
gência pode parecer, à primeira vista, despropositada por-
que partimos sempre do princípio de que o recetor tem
liberdade de aceitar, ou não, a tese. Tal problema não se
colocaria se o orador, no decurso do processo argumenta-
tivo, apenas visasse a persuasão do auditório, ou seja, levar
o auditório a mudar de ideias, mas pressupondo a sua livre
adesão à tese que o orador pretende que seja acolhida por
aquele. Todavia, nem sempre o orador permite essa liber-
dade do auditório, sobretudo quando impõe, com recurso
à manipulação, a sua tese. O discurso é manipulador
quando abusivamente obriga o recetor a aderir a uma
dada mensagem (que um dado emissor deseja impor).
Essa manipulação pode assumir a forma de manipulação
dos afetos, centrada no apelo à emoção e aos sentimentos
do recetor, e de manipulação cognitiva, que opera por fal-
sificação do conteúdo do discurso.
2. A argumentação é fundamental para a atividade filosó-
fica, que procura uma visão integrada do real, uma com-
preensão da realidade no seu todo, do ser, dedicando-se à
busca da verdade. As teorias filosóficas estão, frequente-
mente, dependentes das suas perguntas e respostas. A filo-
sofia socrático-platónica, por exemplo, exigia encontrar a
Verdade – única, absoluta e universal, capaz de dizer uma
realidade absoluta, perfeita e imutável – e, por isso, criticava
fortemente a retórica sofística, por esta dar espaço ao subje-
tivismo e ao relativismo.
Reconhece-se, contudo, que a diversidade dos discursos,
quer estejamos a falar de sistemas filosóficos, quer nos este-
jamos a referir ao conhecimento científico, à religião ou à
política, reflete a riqueza de perspetivas e leituras que pode-
mos fazer da realidade. Nesse sentido, a razão não é mais
entendida como a faculdade humana detentora de conheci-
mentos definitivos e unívocos, mas como faculdade
humana plural, portadora de conhecimentos plurívocos e o
mais próximos possível da verdade. Portanto, emerge uma
nova conceção da racionalidade – uma racionalidade argu-
mentativa.
Muito embora a argumentação pressuponha a existência de
diferentes teses e, também, a possibilidade da contradição,
não quer isto dizer, no entanto, que com o novo modelo de
racionalidade se caia num relativismo puro ou que se negue
o esforço de universalidade dos nossos conhecimentos
acerca do real. Pelo contrário, isso significa o reconheci-
mento do pluralismo que a racionalidade encerra, isto é, o
reconhecimento de que se pode dizer/conhecer o real de
diferentes maneiras. Impõe-se, por isso, para o filósofo de
hoje, a afirmação de uma (ou várias) verdade(s) possível(eis),
aliada(s) a uma atitude crítica, de abertura e questiona-
mento face ao real. Para a filosofia contemporânea, a busca
da verdade não é mais incompatível com a retórica; pelo
contrário, há quem afirme poder encontrar nesta o método
da filosofia. Daí que a filosofia, «mais do que encontrar-se
ligada à posse da verdade», se associe «à crença na verdade
e à aspiração de tornar a verdade, em que o filósofo crê,
admitida por outras pessoas, e, eventualmente, por todas as
pessoas».Tal admissão, como se refere no texto, «só pode
ser realizada através de meios argumentativos», isto é, os
meios argumentativos são o método da filosofia para fazer
com que o auditório admita as suas teses.
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Testes de avaliação e sugestões de resposta 101
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TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 6
Descrição e interpretação da atividade cognoscitiva
Estrutura do ato de conhecer
GRUPO I
1. Indique, para cada questão, a opção correta.
1.1. O conhecimento é:
A. o resultado da relação que se estabelece entre o sujeito cognoscente e o objeto conhecido;
B. a realidade considerada independentemente da sua relação com qualquer sujeito;
C. uma crença, sem mais;
D. o que resulta de qualquer movimento efetuado por um sujeito.
1.2. O sujeito jamais interage com o objeto. Esta afirmação é:
A. 
verdadeira, porque a relação do ser humano com o mundo é sempre de natureza teórica e
cognitiva;
B. falsa, porque o sujeito coincide com o objeto;
C. 
verdadeira, porque o conhecimento é um ato efetuado por um sujeito no estado puro que
apreende um objeto no estado puro;
D. falsa, porque representar o objeto é também, de certo modo, construí-lo.
1.3. O conhecimento baseado em juízos refere-se ao:
A. saber-fazer;
B. conhecimento por contacto;
C. saber que;
D. senso comum.
1.4. O seguinte exemplo corresponde a um exemplo de saber-que:
A. conhecer, na primeira pessoa, uma dor de dentes;
B. entender que, na sucessão monárquica, ocorre o direito de primogenitura;
C. saber trabalhar, na ótica do utilizador, com um computador;
D. 
saber, na qualidade de um taxista experiente e há muito a trabalhar em Coimbra, os percur-
sos que vão da estação de comboio à Universidade.
1.5. A linguagem e o pensamento são:
A. esferas independentes entre si;
B. elementos indissociáveis;
C. duas manifestações de dois processos bem distintos;
D. independentes do campo cultural.
1.6. O conhecimento a priori é todo o conhecimento baseado em juízos:
A. universais e necessários;
B. sintéticos a posteriori;
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102 Testes de avaliação e sugestões de resposta
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C. contingentes e a priori;
D. universais e contingentes.
1.7. A seguinte frase expressa um juízo analítico:
A. A Joana é bela.
B. Os cães ladram.
C. Estou triste.
D. Os solteiros não são casados.
1.8. «As vacas poluem a atmosfera.» Estamos perante um juízo:
A. a priori;
B. a posteriori;
C. sintético a priori;
D. analítico a posteriori.
GRUPO II
1. Relacione os seguintes conceitos: «experiência», «saber que», «saber-fazer» e «conhecimento por
contacto».
2. Mostre em que medida o conceito de «realidade» possui diversos significados.
3. «TEETETO – Sócrates, fiquei agora a pensar numa coisa que tinha esquecido e que ouvi alguém
dizer: que o saber é opinião verdadeira acompanhada de explicação e que a opinião carente de
explicação se encontra à margem do saber.»
Platão (2005), Teeteto ou Da Ciência, 2.ª ed., Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, p. 302.
Refira de que modo E. Gettier contestou a ideia de que o conhecimento equivale à «opinião verda-
deira acompanhada de explicação».
4. Mostre qual a diferença estabelecida por Kant entre juízos sintéticos e juízos analíticos, salientando
em que medida as verdades dos primeiros podem ser conhecidas a partir de duas fontes distintas.
COTAÇÕES
GRUPO I
1.
1.1. ........................................................... 7,5 pontos
1.2. ........................................................... 7,5 pontos
1.3. ........................................................... 7,5 pontos
1.4. ........................................................... 7,5 pontos
1.5. ........................................................... 7,5 pontos
1.6. ........................................................... 7,5 pontos
1.7. ........................................................... 7,5 pontos
1.8. ........................................................... 7,5 pontos
GRUPO II
1. .............................................................. 35 pontos
2. .............................................................. 35 pontos
3. .............................................................. 35 pontos
4. .............................................................. 35 pontos
TOTAL ...................................................... 200 pontos
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Testes de avaliação e sugestões de resposta 103
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Testes
TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 6
GRUPO I
1.
1.1. A
1.2. D
1.3. C
1.4. B
1.5. B
1.6. A
1.7. D
1.8. B
GRUPO II
1. Enquanto «ser-no-mundo», o ser humano encontra-se
exposto a uma pluralidade de experiências. A experiência
pode ser definida como a apreensão, por parte de um
sujeito, de uma realidade, um modo de fazer, uma
maneira de viver, etc., constituindo, em muitos casos, um
modo de conhecer algo imediatamente antes de todo o
juízo que se formula sobre aquilo que se apreende.
Ora, o conhecimento pode encontrar-se ligado de um
modo direto e imediato à experiência ou pode ser
baseado em juízos ou proposições. Ligados mais direta-
mente à experiência encontram-se o saber-fazer, isto é, o
conhecimento prático ou conhecimento de atividades,
associado à capacidade, aptidão ou competência para
fazer alguma coisa, e o conhecimento por contacto, que
se verifica sempre que há uma apreensão direta de
alguma realidade, seja de pessoas, lugares ou estados
mentais. Por sua vez, o saber que não se encontra tão
diretamente ligado à experiência, embora esteja obvia-
mente relacionado com ela. Trata-se do conhecimento
baseado em juízos, o conhecimento que tem por objeto
proposições ou pensamentos verdadeiros.
2. Em princípio, o conceito de «realidade» refere-se àquilo
que efetivamente existe ou é, equivalendo assim a «exis-
tente» ou «ser». Nesse sentido, «realidade» designa um
ser particular ou os seres em geral. Mas esta leitura gené-
rica esconde uma multiplicidade de aceções. Sendo o
que é ou existe, a realidade é também o que se opõe ao
nada, ao não ser. Mas o conceito aplica-se igualmente
àquilo que se opõe ao aparente ou ilusório; ao que não é
potencial ou apenas possível, mas sim atual; ao que
existe independentemente do sujeito que o pensa ou
conhece; ao que nos é dado na experiência em geral e ao
que é (ou pode ser) esclarecido pelo conhecimento cien-
tífico.
3. Edmund Gettier contestou a definição tradicional de
conhecimento – a ideia de que o conhecimento equivale
à «opinião verdadeira acompanhada de explicação» ou,
por outras palavras, que é uma crença verdadeira justifi-
cada – através de contraexemplos que nos mostram ser
possível termos uma crença verdadeira justificada sem
que tal crença equivalha a conhecimento. Isso acontece
quando há crenças verdadeiras justificadas acidental-
mente, o que significa que a relação da justificação com a
crença verdadeira não é adequada, sendo a verdade da
crença apenas o resultado da sorte, do acaso ou da mera
coincidência. Em suma, é possível que alguém não pos-
sua conhecimento, ainda que sejam realizadas as três
condições (crença, verdade e justificação).
4. Utilizando como critério a inclusão (implícita) ou não
do predicado no sujeito, Kant dividiu os juízos em analíti-
cos e sintéticos. Os juízos analíticos são aqueles cujo pre-
dicado está implícito no conceito do sujeito, encon-
trando-se pela simples análise e explicação desse
conceito. Estes juízos têm, portanto, origem na razão (são
juízos a priori – a sua verdade é conhecida independente-
mente de qualquer experiência) e não contribuem para
aumentar o nosso conhecimento. São universais e neces-
sários.
Por sua vez, os juízos sintéticos são aqueles cujo predi-
cado não está implícito no conceito do sujeito, pare-
cendo exigir sempre o recurso à observação ou à expe-
riência, não sendo estritamente universais e sendo
contingentes. Ao contrário dos anteriores, estes juízos são
extensivos, isto é, ampliam o nosso conhecimento.
No entanto, as verdades dos juízos sintéticos podem ser
conhecidas a partir de duas fontes distintas, o que signi-
fica que tais juízos tanto podem ser a posteriori (aqueles
que foram acima referidos) como a priori. Com efeito,
segundo Kant, há juízos independentes da experiência,
tendo uma origem racional – a priori –, mas cujo predi-
cado não está implícito no conceito do sujeito – sintéti-
cos. Como tal, esses juízos aumentam o nosso conheci-
mento. São os juízos sintéticos a priori, caracterizados, tal
como os analíticos, pela necessidade e pela universali-
dade.
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104 Testes de avaliação e sugestões de resposta
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TESTE DE AVALIAÇÃO N.º7
Descrição e interpretação da atividade cognoscitiva
Análise comparativa de duas teorias explicativas do conhecimento
GRUPO I
1. Indique, para cada questão, a opção correta.
1.1. De acordo com os racionalistas, o modelo do conhecimento ou do saber é a:
A. experiência;
B. matemática;
C. indução;
D. dedução a posteriori.
1.2. 
O conceito de «dogmatismo» enquanto confiança de que a razão pode atingir a certeza e a
verdade opõe-se ao conceito de:
A. realismo;
B. ceticismo;
C. criticismo;
D. otimismo racionalista.
1.3. Uma das regras do método cartesiano é a regra da análise. Esta regra estabelece:
A. 
que nada deve ser aceite como sendo verdade sem que se apresente com clareza e distin-
ção;
B. 
a necessidade de se conduzir, com ordem, o pensamento, partindo sempre das ideias mais
simples para as mais complexas;
C. que se deve sempre rever cautelosamente o trabalho efetuado, de modo a nada omitir;
D. a obrigatoriedade de dividir as dificuldades por partes, para melhor as resolver.
1.4. Em relação às regras do método cartesiano, podemos dizer que elas:
A. permitem guiar a razão na procura da verdade;
B. apenas se aplicam aos conhecimentos matemáticos;
C. variam em função dos vários domínios do saber;
D. resultam da necessidade de confirmar os conhecimentos veiculados pela tradição.
1.5. A ideia de «carro» é, de acordo com a classificação de Descartes, uma ideia:
A. factícia;
B. inata;
C. imaginária;
D. adventícia.
1.6. O cogito de Descartes apresenta as seguintes características:
A. é uma certeza inabalável; obtém-se por dedução;
B. é um princípio evidente; obtém-se por intuição;
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Testes
C. é uma crença fundacional; obtém-se a posteriori;
D. não é uma crença fundacional; obtém-se a priori.
1.7. 
Na filosofia de Hume, as relações de ideias são proposições analíticas e necessárias. Esta afirmação é:
A. falsa, porque todas as ideias derivam da experiência;
B. verdadeira, porque as relações de ideias se referem a factos concretos e necessários;
C. falsa, porque o conhecimento é constituído apenas por proposições contingentes;
D. 
verdadeira, porque as relações de ideias se descobrem pelo pensamento e se baseiam no
princípio da não contradição.
1.8. Segundo David Hume:
A. as várias perceções dividem-se em impressões simples e impressões complexas;
B. 
as ideias complexas, referindo-se muitas vezes a realidades que não existem, não resultam
de impressões;
C. as ideias são imagens enfraquecidas de impressões;
D. as impressões são imagens enfraquecidas de ideias.
GRUPO II
1. Refira em que medida se pode afirmar que o dogmatismo ingénuo não ocorre na filosofia.
2. Explique em que medida o dogmatismo se opõe ao ceticismo.
3. «Locke é o autor do texto“canónico”do empirismo. A alma, escreve ele, é uma tábua rasa, uma
página branca sem caracteres. (…) O empirismo clássico recusa, pois, as ideias inatas de que falava
Descartes.»
AAVV (1999), Dicionário Prático de Filosofia, 2.ª ed., Lisboa, Terramar, p. 113.
Diferencie, com base neste excerto, as perspetivas de Descartes e de Locke relativamente à origem
do conhecimento.
GRUPO III
1. «A faculdade de conhecer que ele [Deus] nos deu, a que chamamos luz natural, nunca apreende
nenhum objeto que não seja verdadeiro no que ela apreende, isto é, no que ela conhece clara e dis-
tintamente; pois teríamos razão para acreditar que Deus seria enganador, se no-la tivesse dado de
tal modo que tomássemos o falso pelo verdadeiro, quando a usássemos bem.»
Descartes (2005), Princípios da Filosofia, Porto, Areal Editores, p. 70.
Relacione as ideias do texto com o significado de Deus na edificação do sistema do saber.
2. «Atrever-me-ei a afirmar, como uma proposição geral que não admite exceção, que o conheci-
mento desta relação [a relação de causa e efeito] não é, em circunstância alguma, obtido por racio-
cínios a priori, mas deriva inteiramente da experiência, ao descobrirmos que alguns objetos particu-
lares se combinam constantemente uns com os outros.»
David Hume (1989), Investigação sobre o Entendimento Humano, Lisboa, Edições 70, p. 33.
Relacione a afirmação segundo a qual o conhecimento da ligação de causa e efeito não é obtido
por raciocínios a priori com a ideia de conexão necessária.
3. «[O ceticismo de Descartes e outros] recomenda uma dúvida universal, não só de todas as nossas
opiniões e princípio anteriores, mas também das nossas próprias faculdades, de cuja veracidade,
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106 Testes de avaliação e sugestões de resposta
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dizem eles, nos devemos assegurar mediante uma cadeia de raciocínio, deduzida de algum princí-
pio original que, possivelmente, não pode ser falaz ou enganador. Mas, não existe um tal princípio
original, que tenha uma prerrogativa sobre os outros, que são autoevidentes e convincentes.»
David Hume (1989), Investigação sobre o Entendimento Humano, Lisboa, Edições 70, pp. 143-144.
Partindo do texto, compare as conclusões de Descartes e de Hume no que se refere à fundamenta-
ção do conhecimento.
COTAÇÕES
GRUPO I
1.
1.1. ........................................................... 5 pontos
1.2. ........................................................... 5 pontos
1.3. ........................................................... 5 pontos
1.4. ........................................................... 5 pontos
1.5. ........................................................... 5 pontos
1.6. ........................................................... 5 pontos
1.7. ........................................................... 5 pontos
1.8. ........................................................... 5 pontos
GRUPO II
1. .............................................................. 25 pontos
2. .............................................................. 25 pontos
3. .............................................................. 25 pontos
GRUPO III
1. .............................................................. 25 pontos
2. .............................................................. 30 pontos
3. .............................................................. 30 pontos
TOTAL ...................................................... 200 pontos
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Testes de avaliação e sugestões de resposta 107
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Testes
CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 7
GRUPO I
1.
1.1. B
1.2. B
1.3. D
1.4. A
1.5. D
1.6. B
1.7. D
1.8. C
GRUPO II
1. No âmbito do dogmatismo ingénuo, não se coloca o
problema de saber se o sujeito apreende ou não o objeto,
ou seja, não se coloca o problema do conhecimento, par-
tindo-se do pressuposto de que o sujeito apreende efeti-
vamente o objeto. Ao não se aperceber do carácter rela-
cional do conhecimento, o dogmático não coloca em
dúvida a sua possibilidade, acreditando que os objetos
nos são dados diretamente e de um modo absoluto, tal
como são em si mesmos. Ora, isto não acontece na filoso-
fia, porque todo o filósofo procede a um exame crítico
daquilo que lhe é fornecido pelos sentidos, colocando a
pergunta acerca do ser verdadeiro das coisas.
2. Há diversas aceções para o termo «dogmatismo». O
dogmatismo opõe-se ao ceticismo enquanto se refere à
perspetiva que, depositando confiança na razão, consi-
dera que é possível chegar à certeza e à verdade, tradu-
zindo um otimismo racionalista. Trata-se, portanto, de
uma perspetiva que responde afirmativamente à questão
de saber se o conhecimento é possível. Já o ceticismo, na
sua forma radical ou absoluta – o ceticismo pirrónico –,
nega tal possibilidade.
3. Descartes foi um filósofo racionalista, o que significa
que considerava a razão a principal fonte do conheci-
mento – o conhecimento universal e necessário. Ele
defendia que a razão possui em si ideias inatas. Estas
ideias, sendo claras e distintas, foram postas por Deus no
espírito humano. Intuindo-as e raciocinando dedutiva-
mente a partir delas, é possível chegar ao conhecimento
de toda a realidade.
Locke, por sua vez, foi um filósofo empirista. Para ele, a
experiência é a fonte principal do conhecimento, não
havendo ideias, conhecimentos ou princípios inatos. O
entendimento assemelha-se a «uma tábua rasa», a «uma
página branca sem caracteres», onde a experiência irá
«escrever». É na experiência – seja a experiência externa
(sensação), pela qual se captam os objetos exteriores e
sensíveis, seja a experiência interna (reflexão), pela qual
se captam as operações internas da mente – que se
encontram o fundamento e os limites do conhecimento.
Segundo este filósofo, o conhecimento é limitado pela
experiência em termos da sua extensão e da sua certeza.
GRUPO III
1. De acordo com o texto, a faculdade de conhecer (a
razão ou luz natural), tendo-nos sido dada por Deus, que
não é enganador, «nunca apreende nenhum objeto que
não seja verdadeiro (…) no que ela conhece clara e dis-
tintamente». Desde que bem usada, a razão pode alcan-
çar conhecimentos evidentes. Deus, sendo o criador da
faculdade de conhecer, é também o princípio do ser e do
conhecimento em geral, garantindo a verdade objetiva
das ideias claras e distintas.
Criador das verdades eternas, origem do ser e funda-
mento da certeza, Deus garante a adequação entre o
pensamento evidente e a realidade. Ao legitimar o valor
da ciência, Deus confere solidez ao sistema do saber e
objetividade ao conhecimento.
2. Escreve Hume que o conhecimento da relação de
causa e efeito «não é, em circunstância alguma, obtido
por raciocínios a priori, mas deriva inteiramente da expe-
riência». É perante a constatação de que determinados
objetos se combinam entre si, ou de que entre dois fenó-
menos se verificou sempre uma conjunção constante
(um deles ocorreu sempre a seguir ao outro), que concluí-
mos ser um a causa e outro o efeito, tomando assim
conhecimento da relação de causalidade.
Ora, essa conjunção constante entre fenómenos não nos
pode levar a concluir que entre eles haja uma conexão
necessária (embora seja desse modo que a relação de
causa e efeito é geralmente entendida), tanto mais que
não dispomos de qualquer impressão relativa à ideia de
conexão necessária entre fenómenos.
3. Descartes e Hume são ambos fundacionalistas. Mas
divergem no fundamento que adotam para o conheci-
mento. Hume encontra na experiência o fundamento do
conhecimento. Como tal, na sua perspetiva, o conheci-
mento apoia-se em crenças básicas inseparáveis das
impressões dos sentidos, que são «autoevidentes e con-
vincentes»: as crenças básicas são as crenças de que se
está a ter determinadas experiências. Para Descartes, ao
invés, o fundamento do conhecimento tem de ser procu-
rado na razão. Descartes descobre-o no cogito, primeira
verdade, o «princípio original» a que Hume se refere,
assim como noutras ideias claras e distintas da razão.
Todavia, este fundamento do conhecimento depende
daquele que é o princípio de toda a realidade: Deus.
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108 Testes de avaliação e sugestões de resposta
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TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 8
O estatuto do conhecimento científico
Conhecimento vulgar e conhecimento científico
Ciência e construção – validade e verificabilidade das hipóteses
GRUPO I
1. Indique, para cada questão, a opção correta.
1.1. 
Qual das seguintes questões não constitui um problema da epistemologia (ou filosofia da
ciência)?
A. O que é a ciência?
B. Em que consiste a teoria científica da evolução por seleção natural?
C. Como progride a ciência?
D. Que significa o conceito de «objetividade científica»?
1.2. A atitude do cientista é essencialmente:
A. problematizadora, racional e dogmática;
B. problematizadora, racional e crítica;
C. problematizadora, racional e acrítica;
D. problematizadora, racional e superficial.
1.3. O conhecimento científico é:
A. subjetivo;
B. imetódico e assistemático;
C. explicativo;
D. superficial.
1.4. O conhecimento científico procura ser objetivo porque:
A. se encontra sujeito a correções e a alterações;
B. se mantém como aceitável até surgir outra teoria mais eficaz e mais próxima da verdade;
C. tem em atenção o facto, excluindo as apreciações subjetivas;
D. visa ordenar a diversidade empírica.
1.5. O problema da demarcação pode ser formulado na seguinte questão:
A. 
O que distingue a investigação nas ciências, como a biologia e a física, da investigação nou-
tras disciplinas, como a história e a sociologia?
B. Em que consiste a teoria científica do heliocentrismo?
C. A clonagem humana é eticamente legítima?
D. O que distingue as teorias científicas das que não são científicas?
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Testes de avaliação e sugestões de resposta 109
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Testes
1.6. 
Segundo o critério da falsificabilidade, o enunciado «A carne de ave não contribui para o
aumento do nível de“mau”colesterol» é científico porque:
A. pode ser confirmado por um conjunto finito de observações;
B. é passível de ser refutado;
C. pode confirmar-se a sua veracidade com uma única observação;
D. só pode ser confirmado, não é passível de ser refutado.
1.7. 
Considere as proposições abaixo expostas. Selecione, depois, a alternativa que corretamente
se lhes adequa.
1. Todos os metais oxidam.
2. Na sétima dimensão, alguns metais oxidam.
3. Este metal oxida.
4. Nenhum metal oxida.
A. só as proposições 1, 3 e 4 são falsificáveis;
B. só as proposições 2 e 4 são falsificáveis;
C. só as proposições 1 e 2 são falsificáveis;
D. só as proposições 3 e 4 são falsificáveis.
1.8. Na conceção indutivista do método científico:
A. as teorias científicas surgem, por indução, a partir de factos e de observações;
B. as teorias científicas surgem, por dedução, a partir de factos e de observações;
C. 
as teorias científicas são propostas, por indução, sem ser necessário recorrer aos factos e
observações simples;
D. 
as teorias científicas são propostas, por dedução, sem ser necessário recorrer aos factos e
observações simples.
GRUPO II
1. «O pensamento científico está no prolongamento do pensamento comum: é um aperfeiçoamento
e um crescimento deste.»
M. Gex (1964), Élements des Philosophie des Sciences, Neuchâtel, Éditions du Griffon, p. 18.
Qual dos autores estudados – Karl Popper e Gaston Bachelard – poderia subscrever esta afirma-
ção? Justifique a sua resposta.
2. «Por não ser explicativo, o senso comum é absolutamente desnecessário.» Concorda com esta afir-
mação? Justifique e elabore um comentário, tendo em conta as características do senso comum.
3. Esclareça as duas críticas de que foi objeto a conceção indutivista do método científico.
4. Descreva as etapas do método hipotético-dedutivo (ou conjetural).
COTAÇÕES
GRUPO I
1.
1.1. ........................................................... 7,5 pontos
1.2. ........................................................... 7,5 pontos
1.3. ........................................................... 7,5 pontos
1.4. ........................................................... 7,5 pontos
1.5. ........................................................... 7,5 pontos
1.6. ........................................................... 7,5 pontos
1.7. ........................................................... 7,5 pontos
1.8. ........................................................... 7,5 pontos
GRUPO II
1. .............................................................. 35 pontos
2. .............................................................. 35 pontos
3. .............................................................. 35 pontos
4. .............................................................. 35 pontos
TOTAL ...................................................... 200 pontos
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110 Testes de avaliação e sugestões de resposta
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CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 8
GRUPO I
1.
1.1. B
1.2. B
1.3. C
1.4. C
1.5. D
1.6. B
1.7. A
1.8. A
GRUPO II
1. Seria Karl Popper, uma vez que este defende a tese
continuísta na passagem do conhecimento vulgar ao
conhecimento científico – e no texto os termos são“aper-
feiçoamento”e“crescimento”. Na sua perspetiva, a ciência
é“senso comum esclarecido”ou, por outras palavras, criti-
cado, corrigido, contestado. Para Popper, a criação da
ciência e o seu desenvolvimento representam, funda-
mentalmente, um processo de constante eliminação de
erros.
Gaston Bachelard, pelo contrário, não poderia subscrever
esta afirmação porque, no seu entendimento, o senso
comum é um obstáculo epistemológico com o qual
importa romper para que se possa criar conhecimento
científico. A sua tese – de rutura entre os tipos de conhe-
cimento em causa – não admite a existência de um
“conhecimento vulgar provisório”, porque o conheci-
mento vulgar não se limita a ser provisório: o senso
comum, através daqueles que nele sustentam os seus
pontos de vista, opõe-se ativamente à construção do
conhecimento científico.
2. Do facto de o senso comum não ser explicativo não se
infere que esteja, por definição, errado. Só neste último
caso é que se poderia afirmar que ele seria desnecessário.
A experiência quotidiana também dá a conhecer a rela-
ção com o mundo, e é com base nela que se fazem múlti-
plas opções no dia a dia que não exigem, à partida, um
conhecimento muito elaborado – ou científico. Tal não
significa, de modo algum, que se possa dispensar este
último, porque só ele dá a conhecer, com prova, essas e
muitas outras opções, bem mais exigentes. Do facto de o
conhecimento científico ser explicativo infere-se a sua
necessidade; mas do facto de não ser explicativo não se
depreende a falta de necessidade do conhecimento vul-
gar.
3. Duas das críticas de que foi objeto a conceção induti-
vista do método são: a) a observação não é necessaria-
mente o primeiro momento do método científico e,
mesmo que o cientista a ela recorra, ela não é inteira-
mente neutra e isenta; b) o raciocínio indutivo não ofe-
rece a consistência lógica que as teorias científicas recla-
mam.
Relativamente à primeira alínea, podemos dizer que a
observação pura não existe. No mínimo, os conhecimen-
tos anteriores do cientista, as teorias com que contactou,
determinam a observação que efetuará, pelo que, par-
tindo daí, já não é da observação que parte. A sua obser-
vação é, portanto, mediada, isto é, não neutra nem isenta.
A segunda crítica é de índole lógica. De facto, o raciocínio
indutivo amplificante – não o enumerativo, de Aristóteles
– constitui um salto lógico, que leva do particular ao
geral. A sua validade está, portanto, comprometida.
David Hume afirmou, a este propósito, que a generaliza-
ção indutiva é uma mera crença ou expectativa, funda-
mentada pelo hábito e suportada pela convicção, e não
pela impressão, de que as mudanças na natureza são
regulares. A veracidade das leis científicas, por definição
universais, está, enfim, comprometida pelo problema da
indução.
4. A primeira etapa do método hipotético-dedutivo (ou
conjetural) consiste na formulação de uma hipótese ou
conjetura a partir de um facto-problema. Constatando-se
que existe um problema que não encontra explicação
satisfatória no contexto de uma dada teoria, formula-se
uma hipótese ou explicação provisória para o mesmo, a
qual carece ainda de comprovação empírica. Trata-se de
um momento criativo da atividade científica, baseado
fundamentalmente na intuição e na imaginação.
A segunda fase do método em análise é a da dedução
das consequências. Formulada a hipótese, são deduzidas
as suas principais consequências, isto é, depreende-se o
que poderá acontecer se a hipótese ou conjetura for ver-
dadeira.
O terceiro momento corresponde à experimentação.
Testa-se a hipótese, confronta-se a conjetura com a expe-
riência para aferir a sua veracidade. Sendo validada pela
experiência, a teoria é corroborada; não o sendo, a teoria
é refutada, isto é, terá de ser reformulada ou, no limite,
abandonada.
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Testes de avaliação e sugestões de resposta 111
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TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 9
O estatuto do conhecimento científico
Ciência e construção – validade e verificabilidade das hipóteses
A racionalidade científica e a questão da objetividade
GRUPO I
1. Indique, para cada questão, a opção correta.
1.1. Para os indutivistas, uma teoria é científica se for:
A. empiricamente verificável;
B. falsificável pelos fenómenos;
C. verificada pela hipótese;
D. refutada pela aplicação de testes experimentais.
1.2. Levantado por Hume, o problema da indução traduz-se na:
A. possibilidade de justificar as inferências indutivas;
B. impossibilidade de justificar as inferências dedutivas;
C. impossibilidade de justificar as inferências indutivas;
D. possibilidade de justificar as inferências dedutivas.
1.3. 
Popper pensa ter ultrapassado o problema da indução ao defender que o desenvolvimento da
ciência é independente das inferências de tipo indutivo. Esta afirmação é:
A. verdadeira; para Popper a ciência evolui pela construção de conjeturas e refutações, recor-
rendo ao raciocínio indutivo;
B. 
falsa; para Popper a ciência evolui pela construção de conjeturas e refutações, recorrendo
ao raciocínio dedutivo e indutivo;
C. 
verdadeira; para Popper a ciência evolui pela construção de conjeturas e refutações, recor-
rendo ao raciocínio dedutivo;
D. 
falsa; para Popper a ciência evolui pela construção de conjeturas e refutações, recorrendo
ao raciocínio dedutivo e indutivo.
1.4. 
Considere os seguintes enunciados relativos à comparação entre as conceções indutivista e
popperiana do método das ciências (empíricas).
1. 
Para os indutivistas, a observação é o ponto de partida para a construção das teorias cien-
tíficas; para Popper, a observação não constitui um recurso relevante no processo de
investigação científica.
2. 
As duas perspetivas defendem que a observação é o ponto de partida para a construção
de teorias científicas.
3. 
Para os indutivistas, a confirmação e a verificação empíricas de uma teoria garantem o
rigor e a cientificidade dessa teoria; para Popper, a possibilidade de falsificação da teoria
constitui o critério de cientificidade.
4. 
As duas perspetivas defendem que as teorias científicas devem ser avaliadas através da
realização de testes para as refutar.
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112 Testes de avaliação e sugestões de resposta
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Deve afirmar-se que o(s) enunciado(s):
A. 1, 2 e 3 são corretos; 4 é incorreto;
B. 1 e 4 são corretos; 2 e 3 são incorretos;
C. 1, 2 e 4 são incorretos; 3 é correto;
D. 3 é incorreto; 1, 2 e 4 são corretos.
1.5. Para Popper as teorias científicas são:
A. refutáveis e conjeturais;
B. refutáveis e confirmáveis;
C. confirmáveis e corroboráveis;
D. refutáveis e verificáveis.
1.6. Kuhn entende por ciência normal:
A. a fase de mudança e aceitação de um novo paradigma pela comunidade científica;
B. 
a fase de questionamento dos pressupostos e fundamentos do paradigma vigente, de
debate sobre a manutenção do paradigma (velho) ou a escolha de um novo paradigma;
C. 
a fase de tomada de consciência da insuficiência do paradigma vigente para explicar todos
os factos ou anomalias;
D. 
a fase da atividade científica que ocorre no âmbito de um dado paradigma aceite pela
comunidade científica, em que se procede à resolução de enigmas (quebra-cabeças) de
acordo com a aplicação dos princípios, regras e conceitos do paradigma vigente.
1.7. Para Kuhn, a ciência entra em crise quando:
A. surge uma anomalia;
B. ocorre uma revolução;
C. a ciência normal se desenvolve e cria novos problemas;
D. não se consegue resolver as anomalias persistentes.
1.8. 
Kuhn contribui para a definição de uma nova racionalidade científica ao afirmar que o desen-
volvimento da ciência:
A. depende de fatores históricos, sociológicos e psicológicos;
B. é independente de fatores históricos, sociológicos e psicológicos;
C. depende exclusivamente de fatores subjetivos;
D. depende exclusivamente de fatores objetivos.
GRUPO II
1. «Se dizemos que hoje em dia sabemos mais que Xenófanes ou Aristóteles, provavelmente isso está
errado, se acaso interpretarmos“saber”em sentido subjetivo. Provavelmente cada um de nós não
sabe mais, mas sabe antes outras coisas. Trocámos certas teorias, certas hipóteses, certas conjeturas
por outras, muitas vezes melhores: melhores no sentido de estarem mais próximas da verdade.»
Karl Popper (1987), Sociedade Aberta, Universo Aberto, Lisboa, Publicações Dom Quixote, p. 105.
Explique em que medida a epistemologia de Popper contribuiu para uma redefinição da racionali-
dade científica.
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Testes de avaliação e sugestões de resposta 113
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Testes
2. «[Kuhn constatou que] expressões comuns, como o termo“massa”utilizado por Newton e Einstein,
têm efetivamente significados muito diferentes.»
Michael Ruse (2002), O Mistério de Todos os Mistérios, V. N. Famalicão, Quasi, p. 37.
Esclareça, no contexto da teoria de Kuhn, as noções de paradigma e de incomensurabilidade dos
paradigmas.
3. Uma das críticas levantadas a Kuhn incide sobre a questão da incomensurabilidade dos paradigmas.
Explicite-a.
4. Leia os seguintes textos:
«A questão de como ocorre ao homem uma nova ideia – quer seja um tema musical, um conflito
dramático ou uma teoria científica – pode revestir-se de grande interesse para a psicologia empí-
rica; no entanto, é irrelevante para a análise lógica do conhecimento científico.»
Karl Popper (2002), in Michael Ruse, O Mistério de Todos os Mistérios, V. N. Famalicão, Quasi, p. 34.
«A escolha [entre paradigmas rivais] não é, nem pode ser, determinada meramente pelos procedi-
mentos de avaliação característicos da ciência normal, pois estes dependem, em parte, de um
paradigma específico, e esse paradigma está em causa. Quando os paradigmas são incluídos,
como devem, num debate de escolha entre paradigmas, o seu papel é necessariamente circular.
Cada grupo utiliza o seu próprio paradigma para argumentar em defesa do próprio.»
Thomas Kuhn (2002), in Michael Ruse, O Mistério de Todos os Mistérios, V. N. Famalicão, Quasi, p. 37.
Elabore um texto argumentativo no qual distinga sustentadamente as conclusões de Karl Popper e
de Thomas Kuhn no que se refere à filosofia da ciência (ou epistemologia).
Deverá, para o efeito, atender à reflexão que cada um elaborou a respeito dos seguintes aspetos:
• Os critérios utilizados na escolha de teorias (ou paradigmas) científicas.
• O progresso da ciência.
• A objetividade do conhecimento científico.
COTAÇÕES
GRUPO I
1.
1.1. ........................................................... 7,5 pontos
1.2. ........................................................... 7,5 pontos
1.3. ........................................................... 7,5 pontos
1.4. ........................................................... 7,5 pontos
1.5. ........................................................... 7,5 pontos
1.6. ........................................................... 7,5 pontos
1.7. ........................................................... 7,5 pontos
1.8. ........................................................... 7,5 pontos
GRUPO II
1. .............................................................. 35 pontos
2. .............................................................. 35 pontos
3. .............................................................. 30 pontos
4. .............................................................. 40 pontos
TOTAL ...................................................... 200 pontos
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114 Testes de avaliação e sugestões de resposta
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CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 9
GRUPO I
1.
1.1. A
1.2. C
1.3. C
1.4. C
1.5. A
1.6. D
1.7. D
1.8. A
GRUPO II
1. Tradicionalmente, a racionalidade científica encon-
trava-se associada às noções de «objetividade», «neutrali-
dade», «verdade certa, necessária e universal» e
«demonstração». As correntes positivista e neopositivista
contribuíram para essa visão da ciência como o modelo
único do conhecimento verdadeiro e objetivo.
Atualmente, assistimos a uma redefinição da racionali-
dade científica. Graças ao contributo de novas perspeti-
vas epistemológicas, como o falsificacionismo de Popper,
as teorias científicas não são tidas como definitivas, mas
como modelos explicativos e provisórios da realidade
(conjeturas). A crítica é o pilar central do trabalho cientí-
fico e a garantia do escape à posição dogmática. Ao pro-
curar detetar o erro (ou ao tentar falsificar as suas teorias),
o cientista garante o aperfeiçoamento do conhecimento
científico, no sentido de uma tentativa de aproximação à
verdade.
A nova racionalidade científica não se baseia na ideia de
uma verdade absolutamente certa, universal e necessária;
apenas admite a possibilidade de haver teorias mais ou
menos verosímeis e mais ou menos plausíveis que procu-
ram explicar corretamente os factos.
2. Para Kuhn, o desenvolvimento da ciência está depen-
dente de um paradigma ou modelo científico, isto é, de
um conjunto de teorias, factos, crenças e conhecimentos,
regras, técnicas e valores, compartilhados e aceites pela
maioria dos cientistas. Dizer-se que os paradigmas são
incomensuráveis equivale a afirmar que são incompará-
veis e incompatíveis. Não se pode comparar objetiva-
mente aquilo que cada paradigma defende, dado que
eles correspondem a formas totalmente diferentes de
explicar e prever os fenómenos. Como o texto mostra, há
termos que, quando integrados em diferentes paradig-
mas, remetem para significados distintos.
Dado que cada paradigma corresponde a um modo qua-
litativamente diferente de olhar o real, a verdade que
cada um contém está circunscrita ao que nele se deter-
mina. Cada paradigma é uma representação do real.
3. Uma vez que os paradigmas são incomensuráveis, cada
paradigma representa um modo totalmente diferente de
encarar os problemas e propor as soluções. Dois paradig-
mas rivais são mundos diferentes em que as mesmas coi-
sas são entendidas de modos distintos. Neste sentido,
não se pode aferir qual dos paradigmas em discussão
contém mais verdade, porque esta é, em parte, inerente
aos paradigmas em discussão. Kuhn foi criticado por ter
instaurado uma visão relativista da ciência e uma perce-
ção que acaba por ser subjetivista da verdade.
4. Para Popper, o critério utilizado na escolha de teorias
(ou, para usarmos a terminologia de Kuhn, de paradig-
mas) científicas é o critério da falsificabilidade. São os
contraexemplos que, depois de sujeitos à experimenta-
ção e de atestada a sua verdade, determinam a escolha
de teorias rivais. Para Kuhn, o critério em causa é, em
parte, interior aos paradigmas. Além de critérios objetivos
como a exatidão, a consistência, o alcance, a simplicidade
e a fecundidade, há aspetos de ordem psicológica que
interferem na referida escolha.
Para Popper, a ciência claramente progride. As teorias
substitutas têm maior grau de correspondência à reali-
dade, enquanto as teorias substituídas se encontram
mais distantes dela. Para Kuhn, o progresso da ciência
não pode ser entendido da mesma maneira. Sendo os
paradigmas incomensuráveis, não se pode afirmar que a
ciência progride no sentido de uma maior aproximação à
verdade. A mudança de paradigma não significa necessa-
riamente progresso cumulativo e contínuo em direção a
um fim (a verdade). No entanto, também não podemos
dizer que a ciência não se desenvolve. Kuhn destaca dois
momentos fundamentais para explicar como ela evolui:
na fase da produção científica normal (ciência normal) e
na das revoluções científicas (que permitem a mudança
de paradigmas).
Por último, no que se refere à objetividade do conheci-
mento científico, Popper é dela um absoluto partidário. A
ideia de“conhecimento sem conhecedor”advogada por
Popper é exemplificativa de que, na sua perspetiva, o
conhecimento científico não se confunde com o sujeito
que o produz; é independente do sujeito e do contexto –
e daí a relevância, como o texto sugere, da «análise lógica
do conhecimento científico». A validação das teorias obe-
dece ao critério da falsificabilidade, e este garante a sua
cientificidade. Alicerçada na lógica, a ciência pode aspirar
ao rigor e à objetividade. Para Kuhn, pelo contrário, o
conhecimento depende, em parte, do sujeito – de um
sujeito integrado numa comunidade científica. Além de
fatores objetivos, há também aspetos subjetivos que
interferem na avaliação e na decorrente escolha de teo-
rias rivais, o que compromete a objetividade da ciência.
Como Kuhn afirma, «cada grupo utiliza o seu próprio
paradigma para argumentar em defesa do próprio».
Dependente de critérios subjetivos, a ciência vê hipote-
cada a sua objetividade.
Apesar do exposto, para nenhum dos autores a ciência é
um conhecimento certo e indubitável. Para Popper,
sendo a tentativa de falsificação o procedimento-base,
nenhuma teoria pode ser tomada como definitiva e abso-
lutamente certa. Para Kuhn, sendo a mudança na ciência
pautada por critérios, em parte, subjetivos, a certeza, ou
indubitabilidade, não a pode caracterizar.
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Testes de avaliação e sugestões de resposta 115
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Testes
TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 10
A Filosofia e os outros saberes
GRUPO I
1. Indique, para cada questão, a opção correta.
1.1. A conceção de verdade como correspondência foi sobretudo defendida por:
A. Perelman;
B. Aristóteles;
C. William James;
D. Heidegger.
1.2. As bases da teoria da verdade como consenso encontram-se em:
A. Perelman, J. Habermas e K.-O. Apel.
B. Platão, J. Habermas e K.-O. Apel.
C. Perelman, Heidegger e K.-O. Apel.
D. William James, J. Habermas e Karl Popper.
1.3. Hegel encara a verdade como:
A. coerência;
B. processo;
C. consenso;
D. perspetiva.
1.4. A transferência dos métodos de uma disciplina para outra diz respeito à:
A. interdisciplinaridade;
B. disciplinaridade;
C. transdisciplinaridade;
D. pluridisciplinaridade.
1.5. A visão transdisciplinar propõe-nos que consideremos a realidade como:
A. multidimensional, estruturada num único nível;
B. unidimensional, estruturada em múltiplos níveis;
C. multidimensional, estruturada em múltiplos níveis;
D. unidimensional, estruturada num único nível.
GRUPO II
1. O conceito de «verdade» é, no domínio filosófico, um conceito unívoco? Justifique.
2. Refira a principal diferença entre a verdade como correspondência e a verdade como coerência.
3. Critique as conceções tradicionais de «verdade» e de «realidade» à luz das conceções contemporâ-
neas.
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116 Testes de avaliação e sugestões de resposta
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4. «Fala-se hoje muito da importância de uma“visão de conjunto”e de um“esforço de síntese”. Atitu-
des consideradas necessárias para superar os grandes problemas do mundo moderno. Infeliz-
mente, não nos parece que a educação que recebemos nos tivesse preparado para tanto. Basta pas-
sar os olhos pela lista das disciplinas universitárias: fragmentam a natureza em outros tantos
compartimentos estanques.»
Joël de Rosnay (s/d), Macroscópio – para uma visão global, V. N. de Gaia, Estratégias Criativas, p. 13.
Justifique, a partir do texto, a necessidade de uma racionalidade pluridisciplinar e transdisciplinar.
GRUPO III
1. «Os avanços científico-técnicos verificados desde há uns decénios – muito especialmente no domí-
nio da genética e da fetologia – têm ampliado notavelmente o campo da bioética.»
R. Cabral (1997),“Bioética”, in AAVV, Logos – Enciclopédia Luso-Brasileira de Filosofia,
vol. 1, Lisboa, Editorial Verbo, p. 686.
Desenvolva, com base na afirmação, e de forma argumentada, o seguinte tema: A bioética e a racio-
nalidade pluridisciplinar e transdisciplinar.
No desenvolvimento do tema, deve apresentar o seu ponto de vista pessoal sobre a possibilidade
de a racionalidade pluridisciplinar e transdisciplinar servir o propósito prático de resolução das
grandes questões do nosso tempo, nomeadamente das questões da bioética.
COTAÇÕES
GRUPO I
1.
1.1. ........................................................... 7 pontos
1.2. ........................................................... 7 pontos
1.3. ........................................................... 7 pontos
1.4. ........................................................... 7 pontos
1.5. ........................................................... 7 pontos
GRUPO II
1. .............................................................. 30 pontos
2. .............................................................. 30 pontos
3. .............................................................. 30 pontos
4. .............................................................. 30 pontos
GRUPO III
1. .............................................................. 45 pontos
TOTAL ...................................................... 200 pontos
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CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 10
GRUPO I
1.
1.1. B.
1.2. A.
1.3. B.
1.4. A.
1.5. C.
GRUPO II
1. Não, no domínio filosófico, o conceito de «verdade»
tem sofrido vários enquadramentos e interpretações,
constituindo um problema filosófico por excelência. Ora
se entende a verdade no seu sentido ontológico tradicio-
nal, ora como coerência, ora ainda em sentido pragmá-
tico. A verdade pode ainda ser considerada uma forma de
consenso ou apenas uma perspetiva de entre várias pos-
síveis. Existem, para além destas, outras conceções de
«verdade», o que nos leva a concluir que o conceito de
«verdade» é plurívoco em filosofia.
2. A verdade como correspondência diz respeito a uma
relação adequada entre a proposição (a crença) e a reali-
dade, ao passo que a verdade como coerência diz res-
peito à relação das crenças entre si e não à sua relação
com algo independente da mente ou do discurso.
3. Os conceitos tradicionais de «verdade» e de «realidade»
foram postos em causa, pois contemporaneamente
admite-se que a realidade é multidimensional, está em
permanente devir ou mudança. Sendo assim, a própria
noção de verdade, que está dependente da que se tem
de realidade, sofre igualmente alterações. Hoje admite-se
que existem várias verdades (carácter plurívoco da ver-
dade), isto é, que não existe uma verdade universal, mas
sim uma verdade para nós. Tal traduz-se no reconheci-
mento da relatividade e subjetividade da verdade. Além
disso, entende-se que a verdade está sujeita à influência
do tempo (aquilo que é verdadeiro hoje pode não o ser
amanhã), da cultura e da sociedade. Admitem-se, final-
mente, graus de verdade, aproximações gradativas e/ou
probabilísticas.
4. A realidade mostra-se diversa e é bastante limitado o
conhecimento que dela podemos retirar. Cada saber, ou
cada configuração do real, apreende apenas uma das
suas múltiplas dimensões, obtendo, portanto, uma visão
parcelar da totalidade. Assistimos, por um lado, a uma
excessiva especialização das ciências e, por outro, a uma
separação dos saberes científicos relativamente aos que
o não são. Tal panorama conduziu a uma visão fragmen-
tada e retalhada da realidade. De facto, se as diversas dis-
ciplinas se encontram isoladas e fechadas nas suas fron-
teiras cada vez mais delimitadas, os conhecimentos
adquiridos não são reunidos e integrados numa visão
global que lhes dê sentido e coerência. Daí a dificuldade
de encontrar uma“visão de conjunto”. É por isso que, con-
temporaneamente, se reconhece a necessidade e a exi-
gência de uma racionalidade pluridisciplinar e transdisci-
plinar.
GRUPO III
1. No desenvolvimento deste tema, deverá o aluno:
– 
reconhecer que a bioética, ligada aos «avanços cien-
tífico-técnicos», se situa numa zona de interseção
de saberes, nomeadamente das tecnociências
(sobretudo a biologia e a medicina), das humanida-
des (filosofia, ética, teologia, psicologia, antropolo-
gia), ciências sociais (economia, politologia, sociolo-
gia) e doutras disciplinas, como o direito;
– 
salientar o papel da transdisciplinaridade na com-
preensão do mundo atual, para a qual um dos
imperativos é a unidade do conhecimento;
– 
reconhecer o significado do conhecimento com-
plexo, aliado à ideia de realidade como um tecido
complexo;
– 
apresentar o seu ponto de vista pessoal, devida-
mente argumentado, sobre a possibilidade de a
racionalidade pluridisciplinar e transdisciplinar ser-
vir o propósito prático de resolução das grandes
questões do nosso tempo, servindo-se do exemplo
de questões ligadas à bioética.
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118 Testes de avaliação e sugestões de resposta
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TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 11
A Filosofia na cidade
GRUPO I
1. Indique, para cada questão, a opção correta.
1.1. No contexto da democracia ateniense antiga, os cidadãos eram:
A. os homens livres e os escravos;
B. todos os homens e mulheres, livres ou não;
C. todos aqueles que se dedicavam à filosofia;
D. os homens livres, participantes nas decisões públicas da cidade;
1.2. Para os gregos:
A. o espaço público sobrepõe-se ao espaço privado;
B. o espaço público não se distingue do espaço privado;
C. o espaço privado permite ao ser humano a realização plena da sua natureza;
D. 
o espaço privado é mais importante que o público, porque se encontra ligado ao sustento
individual.
1.3. 
A tarefa da reflexão política é a de tentar conciliar as exigências pessoais e individuais com as
exigências:
A. coletivas;
B. familiares;
C. da classe social a que se pertence;
D. do partido político a que se pertence.
1.4. A obra A República foi escrita por:
A. Aristóteles;
B. Hannah Arendt;
C. Platão;
D. John Locke.
1.5. 
Equivale à condição daquele que tem liberdades públicas, gozando de certos direitos, e que, por
outro lado, cumpre os deveres sociais definidos na lei. Estamos perante a definição de:
A. tolerância;
B. cidadania;
C. igualdade;
D. obediência.
1.6. Alguém que tem uma convicção é alguém que:
A. é necessariamente intolerante;
B. segue uma ideia sabendo por que razões o faz;
C. é necessariamente tolerante;
D. segue uma ideia sem saber por que razões o faz.
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Testes de avaliação e sugestões de resposta 119
119
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Testes
GRUPO II
1. Explicite a importância do espaço público para os gregos dos séculos V e IV a. C.
2. Refira qual o problema central que subjaz às diferentes conceções políticas desenvolvidas ao longo
da história.
3. Exponha os princípios fundamentais que se encontram na base do trabalho dos filósofos e politólo-
gos (ocidentais) atuais.
4. Estabeleça a diferença entre «tolerância» e «intolerância» ao nível da necessidade de resolver confli-
tos nas sociedades democráticas atuais.
GRUPO III
1. «Onde quer que o diálogo foi interrompido, eclodiram os conflitos – quer na esfera pública quer pri-
vada. Onde quer que as conversações falharam, instaurou-se a repressão e imperou a lei do mais
forte, das elites e dos mais inteligentes.»
Hans Küng (1996), Projeto para uma Ética Mundial, Lisboa, Instituto Piaget, p. 186.
Desenvolva, com base na afirmação e de forma argumentada, o seguinte tema: O diálogo como via
de construção da cidadania.
Deve, para o efeito, apresentar o seu ponto de vista pessoal e os argumentos que o suportam, e ter
em conta as perspetivas de Apel, Habermas e Rawls relativas a esta temática.
COTAÇÕES
GRUPO I
1.
1.1. ........................................................... 5 pontos
1.2. ........................................................... 5 pontos
1.3. ........................................................... 5 pontos
1.4. ........................................................... 5 pontos
1.5. ........................................................... 5 pontos
1.6. ........................................................... 5 pontos
GRUPO II
1. .............................................................. 30 pontos
2. .............................................................. 30 pontos
3. .............................................................. 30 pontos
4. .............................................................. 30 pontos
GRUPO III
1. .............................................................. 50 pontos
TOTAL ...................................................... 200 pontos
NCON11LP_20134683_F08_4PCimg.indd 119 3/12/14 3:53 PM
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Testes de avaliação e sugestões de resposta

  • 1. 84 Testes de avaliação e sugestões de resposta NCON11LP­ © Porto Editora TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 1 Argumentação e lógica formal Distinção validade – verdade GRUPO I 1. Indique, para cada questão, a opção correta. 1.1. A verdade é um valor lógico: A. das proposições; B. dos termos; C. dos argumentos; D. das frases imperativas. 1.2. A definição de «proposição» é a seguinte: A. frase imperativa; B. conjunto de frases declarativas cuja relação entre si serve para sustentar uma delas; C. representação mental relativa a um ser ou a um conjunto de seres; D. pensamento ou conteúdo, verdadeiro ou falso, expresso por uma frase declarativa. 1.3. Os argumentos podem ser verdadeiros ou falsos. Esta afirmação é: A. verdadeira, porque a verdade é o valor lógico dos argumentos; B. falsa, porque uma das propriedades dos argumentos é a validade e não a verdade; C. verdadeira, porque nenhum argumento pode ser simultaneamente verdadeiro e falso; D. falsa, porque se houver argumentos falsos, de nada vale o estudo da lógica. 1.4. A seguinte opção expressa um indicador de premissa? A. conclui-se que; B. logo; C. por conseguinte; D. dado que. GRUPO II 1. Refira qual a estrutura de um argumento. 2. Explique em que medida se pode afirmar que nem todas as frases expressam proposições. 3. Com base nos termos «João», «corredor» e «futebolista», apresente um exemplo de uma proposi- ção: a) Categórica. b) Condicional. c) Disjuntiva. 4. Relacione «termo» e «conceito». NCON11LP_20134683_F06_4PCimg.indd 84 3/12/14 3:53 PM
  • 2. Testes de avaliação e sugestões de resposta 85 85 NCON11LP­ © Porto Editora Testes 5. Explique em que consiste o juízo. 6. Indique a proposição que expressa a conclusão do seguinte argumento: Uma vez que os espaços verdes são saudáveis, o governo deve promover os espaços verdes. Afinal, o governo deve promover tudo o que é saudável. 7. Analise os seguintes argumentos: a) Todos os seres humanos são mortais. Os ingleses são seres humanos. Logo, os ingleses não são mortais. b) Todas as galinhas que eu vi até hoje tinham penas. Logo, a próxima galinha que eu vir terá penas. 7.1. Explique o que diferencia, em termos lógicos, os dois argumentos. 7.2. Pronuncie-se, justificando, acerca da validade de ambos os argumentos. COTAÇÕES GRUPO I 1. 1.1. ........................................................... 5 pontos 1.2. ........................................................... 5 pontos 1.3. ........................................................... 5 pontos 1.4. ........................................................... 5 pontos GRUPO II 1. .............................................................. 20 pontos 2. .............................................................. 25 pontos 3. a) .............................................................. 10 pontos b) .............................................................. 10 pontos c) .............................................................. 10 pontos 4. .............................................................. 25 pontos 5. .............................................................. 20 pontos 6. .............................................................. 20 pontos 7. 7.1. ........................................................... 20 pontos 7.2. ........................................................... 20 pontos TOTAL ...................................................... 200 pontos NCON11LP_20134683_F06_4PCimg.indd 85 3/12/14 3:53 PM
  • 3. 86 Testes de avaliação e sugestões de resposta NCON11LP­ © Porto Editora CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 1 GRUPO I 1. 1.1. A. 1.2. D 1.3. B 1.4. D GRUPO II 1. Um argumento é constituído por proposições devida- mente articuladas, ou seja, existe nexo lógico entre elas. Tais proposições são a(s) premissa(s) e a conclu- são, sendo que a(s) premissa(s) procura(m) defender, sustentar ou justificar a conclusão. A esta também se chama tese, pois é aquilo que está a ser defendido. 2. As frases declarativas são as únicas que expressam pro- posições. Trata-se de frases que afirmam, negam, atri- buem, declaram ou constatam alguma coisa, podendo portanto ser consideradas verdadeiras ou falsas. Frases associadas a atos de interrogar, ordenar, exclamar, pedir, chamar, prometer são exemplos que não se enquadram na categoria das frases que expressam pro- posições, justamente porque não podem ser classifica- das como verdadeiras ou falsas. 3. a) João é corredor. b) Se João é futebolista, então é corredor. c) João é futebolista ou corredor. 4. O termo é geralmente entendido como a expressão verbal do conceito. O conceito, por sua vez, constitui o elemento básico do pensamento. Trata-se da represen- tação intelectual de determinada realidade, podendo dizer respeito a uma classe de objetos ou a uma reali- dade singular, embora alguns autores defendem que só as noções ou ideias gerais é que podem ser conside- radas conceitos. O mesmo conceito pode ser expresso por termos dife- rentes sob o ponto de vista linguístico e o mesmo vocábulo pode exprimir diferentes conceitos. Além disso, um termo pode ser constituído por mais do que uma palavra, exprimindo um único conceito. 5. O juízo é a operação mental que permite estabelecer uma relação entre conceitos e que está subjacente à for- mação de proposições. 6. O governo deve promover os espaços verdes. 7. 7.1. O primeiro é um argumento dedutivo, uma vez que a sua validade depende apenas da forma lógica. O segundo é um argumento não dedutivo, mais propria- mente um argumento indutivo, porque a sua validade depende de aspetos que vão para lá da forma lógica, isto é, a verdade da premissa apenas sugere a plausibilidade da conclusão. Como se vê pelo exemplo, a conclusão não deriva necessariamente da premissa. 7.2. O argumento dedutivo apresentado é inválido, por- que as suas premissas são verdadeiras e a conclusão é falsa. O argumento indutivo, por sua vez, é válido porque é improvável que a premissa seja verdadeira e a conclu- são seja falsa, ou seja, a verdade da premissa fornece uma forte razão para pensar que a conclusão é verdadeira. NCON11LP_20134683_F06_Cimg.indd 86 3/14/14 2:03 PM
  • 4. Testes de avaliação e sugestões de resposta 87 87 NCON11LP­ © Porto Editora Testes TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 2 Argumentação e lógica formal Formas de inferência válida e principais falácias: lógica silogística. GRUPO I 1. Indique, para cada questão, a opção correta. 1.1. Toda a sardinha é um animal marítimo. Todo o salmão é um animal marítimo. Logo, todo o animal marítimo é sardinha. Estamos perante um: A. silogismo válido; B. silogismo inválido; C. falso silogismo; D. silogismo condicional. 1.2. O seguinte silogismo pertence à segunda figura: A. Todos os criminosos são sancionados. Ora, os ladrões são criminosos. Logo, os ladrões são sancionados. B. Os irlandeses não são ingleses. Os ingleses são indivíduos naturais de Inglaterra. Assim, alguns indivíduos naturais de Inglaterra não são irlandeses. C. Alguns pintores são expressionistas. Todos pintores são artistas. Logo, alguns artistas são expressionistas. D. Os avaros não são generosos. Os beneficentes são generosos. Portanto, os beneficentes não são avaros. 1.3. A seguinte alínea contém a definição correta da falácia das premissas exclusivas: A. Ocorre quando o termo menor se encontra distribuído na conclusão e não na premissa menor. B. Acontece quando se extrai uma conclusão de duas premissas negativas. C. Ocorre quando o termo maior se encontra distribuído na conclusão e não na premissa maior. D. Dá-se quando o silogismo não respeita a regra que determina que o silogismo tem três e só três termos. 1.4. É o conjunto de seres, objetos, membros que são abrangidos por um conceito/termo. Esta defini- ção refere-se: A. à extensão; B. à compreensão; C. à intensão; D. ao quantificador existencial. NCON11LP_20134683_F06_4PCimg.indd 87 3/12/14 3:53 PM
  • 5. 88 Testes de avaliação e sugestões de resposta NCON11LP­ © Porto Editora GRUPO II 1. Coloque na forma canónica as seguintes proposições: a) Nem todos os arquitetos são criadores. b) Quem se deita cedo e cedo se levanta é saudável. c) Há indivíduos cuja única ocupação é simplesmente roubar. d) Ser voluntário é dedicar-se aos outros. 2. Refira quais os termos que se encontram distribuídos e quais os que não se encontram distribuídos nas seguintes proposições: a) Alguns doces não são açucarados. b) Alguma energia é renovável. c) Todos os bombeiros são benfeitores. d) Nenhum eletrodoméstico é máquina industrial. 3. Em cada um dos seguintes silogismos, identifique os termos, a figura e o modo. a) Os maus criadores não são imaginadores consequentes. Os arquitetos são imaginadores consequentes. Logo, os arquitetos não são maus criadores. b) Todos os felinos são vertebrados. Todos os gatos são felinos. Logo, alguns vertebrados são gatos. 4. Considerando as regras do silogismo, tire a conclusão de cada um dos seguintes pares de premissas: a) Os simples argumentadores não são grandes oradores. Os homens dedicados à causa pública são grandes oradores. b) Alguns cafés são descafeinados. Todos os cafés são bebidas. 5. O seguinte silogismo é inválido. Justifique a sua invalidade. A bateria é um instrumento musical de percussão. Alguns instrumentos musicais são baterias. Logo, os instrumentos musicais são de percussão. 6. Avalie os silogismos que se seguem. Se algum deles for inválido, justifique a sua invalidade. a) Os catalães são espanhóis. Alguns espanhóis são independentistas. Logo, os catalães são independentistas. b) As ruas não são quarteirões. As estradas não são ruas. Logo, as estradas não são quarteirões. 7. Partindo dos termos indicados, apresente um exemplo de silogismo categórico inválido em que seja cometida a falácia da ilícita maior: Termo maior: terráqueo. Termo menor: inglês. Termo médio: alemão. NCON11LP_20134683_F06_4PCimg.indd 88 3/12/14 3:53 PM
  • 6. Testes de avaliação e sugestões de resposta 89 89 NCON11LP­ © Porto Editora Testes 8. Avalie cada um dos seguintes silogismos condicionais. Identifique-os. a) Se a encomenda não chegar, eu próprio vou buscá-la. A encomenda não chega. Logo, eu próprio vou buscá-la. b) Se o inverno é longo, os ursos hibernam. O inverno não é longo. Logo, os ursos não hibernam. 9. Construa, para a proposição a seguir expressa, os dois modos válidos do silogismo disjuntivo (dis- junção exclusiva): Ou ignoras os sintomas ou vais ao médico. 10. Analise o seguinte silogismo: És arquiteto ou poeta. És arquiteto. Logo, não és poeta. 10.1. Pronuncie-se acerca da sua validade, justificando a sua resposta. 10.2. Se considerou válido o silogismo, construa a respetiva falácia; se o considerou inválido, cons- trua o modo válido respetivo. COTAÇÕES GRUPO I 1. 1.1. ........................................................... 5 pontos 1.2. ........................................................... 5 pontos 1.3. ........................................................... 5 pontos 1.4. ........................................................... 5 pontos GRUPO II 1. .............................................................. 20 pontos 2. .............................................................. 20 pontos 3 ............................................................... 10 pontos 4. .............................................................. 20 pontos 5. .............................................................. 15 pontos 6. .............................................................. 20 pontos 7. .............................................................. 15 pontos 8. .............................................................. 20 pontos 9. .............................................................. 20 pontos 10. 10.1. ......................................................... 10 pontos 10.2. ......................................................... 10 pontos TOTAL ...................................................... 200 pontos NCON11LP_20134683_F06_4PCimg.indd 89 3/12/14 3:53 PM
  • 7. 90 Testes de avaliação e sugestões de resposta NCON11LP­ © Porto Editora CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 2 GRUPO I 1. 1.1. C 1.2. D 1.3. B 1.4. A GRUPO II 1. a) Alguns arquitetos não são criadores. b) Todos os que se deitam cedo e cedo se levantam são saudáveis. c) Alguns indivíduos são ladrões a tempo inteiro. d) Todos os voluntários são dedicados aos outros. 2. a) Encontra-se distribuído o termo «açucarados»; o termo «doces» não se encontra distribuído. b) Nenhum dos termos – «energia» e «renovável» – se encontra distribuído. c) Encontra-se distribuído o termo «bombeiros»; o termo «benfeitores» não se encontra distribuído. d) Ambos os termos – «eletrodoméstico» e «máquina industrial» – se encontram distribuídos. 3. a) Termo maior: «maus criadores»; termo menor: «arquite- tos»; termo médio: «imaginadores consequentes». Modo: EAE. Figura: 2.ª. b) Termo maior: «gatos»; termo menor: «vertebrados»; termo médio: «felinos». Modo: AAI. Figura: 4.ª. 4. a) Os homens dedicados à causa pública não são simples argumentadores. b) Algumas bebidas são descafeinadas. 5. O termo menor, «instrumentos musicais», está distri- buído na conclusão mas não o está na respetiva premissa, violando-se assim a regra que determina que qualquer termo distribuído na conclusão tem de o estar também na premissa de que é parte integrante. Por esse motivo, a conclusão acaba também por não seguir a parte mais fraca (a premissa menor). 6. a) Inválido. O termo médio não está distribuído pelo menos uma vez. Além disso, a conclusão teria de ser par- ticular, seguindo a parte mais fraca. b) Inválido. Com duas premissas negativas, nada se poderá concluir. 7. Todos os alemães são terráqueos. Nenhum inglês é alemão. Logo, nenhum inglês é terráqueo. 8. a) Válido. Modus ponens. b) Inválido. Falácia da negação do antecedente. 9. Modus ponendo tollens: Ou ignoras os sintomas ou vais ao médico. Ignoras os sintomas. Logo, não vais ao médico. Modus tollendo ponens: Ou ignoras os sintomas ou vais ao médico. Não ignoras os sintomas. Logo, vais ao médico. 10. 10.1. O silogismo é inválido porque, uma vez que esta- mos perante uma disjunção que não é completa (disjun- ção inclusiva), a afirmação de uma das alternativas não implica a negação da outra. 10.2. És arquiteto ou poeta. Não és arquiteto. Logo, és poeta. NCON11LP_20134683_F06_4PCimg.indd 90 3/12/14 3:53 PM
  • 8. Testes de avaliação e sugestões de resposta 91 91 NCON11LP­ © Porto Editora Testes TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 3 Argumentação e lógica formal Formas de inferência válida e principais falácias: lógica proposicional. GRUPO I 1. Indique, para cada questão, a opção correta. 1.1. A proposição expressa pela frase «O Sol brilha» é considerada uma proposição: A. composta; B. simples; C. complexa; D. imperativa. 1.2. O operador «ou» é um operador: A. singular; B. unário; C. monádico; D. binário. 1.3. A condicional é falsa se o antecedente: A. for verdadeiro e o consequente também; B. for falso e o consequente também; C. for verdadeiro e o consequente for falso; D. for falso e o consequente for verdadeiro. 1.4. À proposição (ou proposições) sobre a qual (ou sobre as quais) um operador incide chama-se: A. âmbito de um operador; B. operador principal; C. função de um operador; D. tautologia. GRUPO II 1. Refira quais das proposições a seguir expressas são proposições simples e quais as complexas, justi- ficando: a) Se corro, então tornar-me-ei um grande atleta. b) Os computadores não são realidades simples. c) O conhecimento é uma crença verdadeira justificada. d) Eu trabalho. e) Maria é cozinheira ou agricultora. f) Chove e está frio. g) Picasso não é um músico. NCON11LP_20134683_F06_4PCimg.indd 91 3/12/14 3:53 PM
  • 9. 92 Testes de avaliação e sugestões de resposta NCON11LP­ © Porto Editora 2. Formalize as proposições a seguir indicadas, apresentando a sua expressão canónica e a respetiva interpretação: a) Tanto as árvores como as grutas são protetoras. b) Ou Deus existe ou o Universo é uma sombra errante. c) Não ter talento artístico é condição suficiente para eu não ser pintor, se, e só se, os dicionários fornecem definições corretas. 3. Verifique, usando as tabelas de verdade, se as seguintes fórmulas proposicionais são tautologias, contradições ou contingências. a) (ÿ P ⁄ ÿ Q) ´ ÿ (ÿ P ⁄ ÿ Q) b) (ÿ P Ÿ ÿ Q) Æ ÿ P 4. Refira, usando uma tabela de verdade, se as seguintes proposições são ou não logicamente equiva- lentes. Justifique. – Se gosto de futebol, então tenho um clube. – Não gosto de futebol ou tenho um clube. 5. Considere os seguintes argumentos: a) Se vou à feira, então compro sapatos. Vou à feira. Logo, compro sapatos. b) Acredito em ti ou sou inteligente. Não acredito em ti. Logo, sou inteligente. c) Se a noite é tempestuosa, então fico confuso. A noite não é tempestuosa. Logo, não fico confuso. 5.1. Determine a sua validade recorrendo a inspetores de circunstâncias. Comece por apresentar a interpretação (dicionário) e a formalização respetivas. 5.2. Identifique cada um dos argumentos anteriores. 6. Identifique o seguinte argumento e traduza-o com recurso às letras proposicionais e às variáveis de fórmula: Se eu viajo e tu lês, então sabemos o essencial. Se sabemos o essencial, então a nossa vida tem sentido. Logo, se eu viajo e tu lês, então a nossa vida tem sentido. COTAÇÕES GRUPO I 1. 1.1. ........................................................... 5 pontos 1.2. ........................................................... 5 pontos 1.3. ........................................................... 5 pontos 1.4. ........................................................... 5 pontos GRUPO II 1. .............................................................. 30 pontos 2. a) .............................................................. 10 pontos b) .............................................................. 10 pontos c) .............................................................. 10 pontos 3. a) .............................................................. 15 pontos b) .............................................................. 15 pontos 4. .............................................................. 20 pontos 5. 5.1. ........................................................... 30 pontos 5.2. ........................................................... 15 pontos 6. .............................................................. 25 pontos TOTAL ...................................................... 200 pontos NCON11LP_20134683_F06_4PCimg.indd 92 3/12/14 3:53 PM
  • 10. Testes de avaliação e sugestões de resposta 93 93 NCON11LP­ © Porto Editora Testes CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 3 GRUPO I 1. 1.1. B; 1.2. D; 1.3. C; 1.4. A. GRUPO II 1. São proposições simples as expressas nas seguintes alí- neas: c) e d). São proposições complexas as expressas nas seguintes alíneas: a), b), e), f) e g). Aquelas são simples porque não contêm qualquer operador. Estas são com- plexas porque contêm operadores. 2. a) Expressão canónica Interpretação Formalização As árvores são pro- tetoras e as grutas são protetoras. P: As árvores são protetoras. Q: As grutas são protetoras. P Ÿ Q b) Expressão canónica Interpretação Formalização Ou Deus existe ou o Universo é uma sombra errante. P: Deus existe. Q: O Universo é uma sombra errante. P ⁄ Q c) Expressão canónica Interpretação Formalização Se não tenho talento artístico, então não sou pintor, se, e só se, os dicionários for- necem definições corretas. P: Tenho talento artístico. Q: Sou pintor. R: Os dicionários fornecem definições corretas. (ÿ P Æ ÿ Q) ´ R 3 a) P Q (ÿ P ⁄ ÿ Q) ´ ÿ (ÿ P ⁄ ÿ Q) V V F F V F V F F F F F V F F F F V V F F F V V V V F F F V V F V V V V V V F V Contingência. b) P Q (ÿ P Ÿ ÿ Q) Æ ÿ P V V F F V F V F F F F V F F F V V F V F F V V V V V V V Tautologia. 4. P Q (P Æ Q) ´ (ÿ P ⁄ Q) V V F F V F V F V V F V F V F F V V V V V V V V São proposições equivalentes, porque a fórmula em causa é tautológica. 5. 5.1. a) Interpretação Formalização P: Vou à feira. Q: Compro sapatos. P Æ Q P Q P Q P Æ Q, P |=Q V V F F V F V F V V V F V F V F V V F F O argumento é válido. b) Interpretação Formalização P: Acredito em ti. Q: Sou inteligente. P ⁄ Q ÿ P Q P Q P ⁄ Q, ÿ P |=Q V V F F V F V F V F V V F F V V V F V F O argumento é válido. c) Interpretação Formalização P: A noite é tempestuosa. Q: Fico confuso. P Æ Q ÿ P ÿ Q P Q P Æ Q, ÿ P |=ÿ Q) V V F F V F V F V F F F F V V V F V V V O argumento é inválido. 5.2. a) Modus ponens. b) Silogismo disjuntivo. c) Falácia da negação do antecedente. 6. Silogismo hipotético. (P Ÿ Q) Æ R R Æ S (P Ÿ Q) Æ S A Æ B B Æ C A Æ C NCON11LP_20134683_F06_4PCimg.indd 93 3/12/14 3:53 PM
  • 11. 94 Testes de avaliação e sugestões de resposta NCON11LP­ © Porto Editora TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 4 Argumentação e retórica GRUPO I 1. Indique, para cada questão, a opção correta. 1.1. No âmbito da argumentação, é legítimo afirmar que: A. a opinião do orador é sempre indubitável; B. o auditório pode ser individual ou coletivo; C. o orador apresenta uma tese a favor da qual o auditório irá argumentar; D. o contexto de receção é irrelevante na adesão à tese e aos argumentos do orador. 1.2. O pathos: A. diz respeito ao auditório, a quem o orador quer convencer a aderir à(s) sua(s) ideia(s); B. reporta-se ao discurso, aos argumentos apresentados em defesa de uma determinada tese; C. refere-se ao orador, à sua credibilidade, honestidade e integridade; D. está relacionado com a linguagem utilizada, com o seu conteúdo e os aspetos formais que a caracterizam. 1.3. A credibilidade do orador, o seu carácter e a sua integridade moral dizem respeito: A. ao ethos; B. ao logos; C. à validade dos argumentos que apresenta para defender as suas ideias; D. ao pathos. 1.4. A validade de um argumento por analogia depende: A. da autoridade em que este se sustenta; B. da indução que nele se efetua; C. do facto de as semelhanças que existem entre as realidades comparadas serem mais rele- vantes do que as diferenças que as separam; D. da credibilidade do sujeito que o formula. 1.5. Todos os alunos do ensino profissional que até hoje tive são indisciplinados. Logo, todos os alunos do ensino profissional são indisciplinados. Trata-se: A. de um argumento de autoridade; B. de um argumento por analogia; C. de um argumento indutivo, por generalização; D. de uma previsão indutiva. NCON11LP_20134683_F06_4PCimg.indd 94 3/12/14 3:53 PM
  • 12. Testes de avaliação e sugestões de resposta 95 95 NCON11LP­ © Porto Editora Testes 1.6. David Attenborough e Jane Goodall são defensores do controlo populacional. Assim, os números da população mundial deviam estar regulados. Trata-se: A. de um argumento de autoridade; B. de um argumento por analogia; C. de um argumento indutivo, por generalização; D. de uma previsão indutiva. 1.7. Argumento que reduz as opções possíveis a apenas duas, ignorando-se as restantes alternativas. Esta definição corresponde à falácia: A. ad hominem; B. da derrapagem; C. do falso dilema; D. do“boneco de palha”. 1.8. Santo Anselmo era um homem religioso. Logo, o argumento ontológico – que concebeu, para pro- var a existência de Deus – deve ser ignorado. Estamos perante a falácia: A. da derrapagem; B. do falso dilema; C. do“boneco de palha”; D. ad hominem. GRUPO II 1. «A sociedade atual, caracterizada por uma importância crescente da comunicação, favorece um regresso da argumentação, e a emergência de uma nova retórica. Estes modos de expressão encon- tram lugar privilegiado na vida socioeconómica e política; considera-se doravante que a ciência não explica tudo e regressa-se ao debate, à confrontação, ou seja, à“concorrência”entre ideias que tor- nam necessário o recurso à argumentação.» R. e J. Simonet (1990), L’Argumentation. Stratégie et Tactiques, Paris, Éd. D’Organisation, p. 14. Justifique, com elementos do texto, a imprescindibilidade da argumentação no mundo contempo- râneo. 2. «Numa demonstração tudo é dado. (...) Na argumentação, pelo contrário, as premissas são instáveis. À medida que se vai argumentando, elas podem enriquecer-se; mas estas são sempre precárias, a intensidade com que lhes aderimos modifica-se. A ordem dos argumentos é pois ditada, em grande parte, pelo desejo de destacar novas premissas, de distinguir alguns elementos e de obter certos compromissos da parte do interlocutor.» Chaïm Perelman e L. Olbrechts-Tyteca (1983), Traité de l’Argumentation, 4.ª éd., Bruxelles, Editions de l’Université de Bruxelles, p. 65. Considerando o texto, distinga argumentação de demonstração. 3. Defina os seguintes conceitos: objetos de acordo e opinião pública. 4. «Aristóteles, pai fundador [da retórica] (...) compreende o que mais ninguém depois dele percebe: o ethos, o pathos e o logos estão em pé de igualdade na relação retórica.» Michel Meyer et al. (1999), História da Retórica, Lisboa, Temas e Debates, p. 266. Mostre, com base nesta afirmação, a importância do ethos, do pathos e do logos no âmbito da rela- ção retórica. NCON11LP_20134683_F06_4PCimg.indd 95 3/12/14 3:53 PM
  • 13. 96 Testes de avaliação e sugestões de resposta NCON11LP­ © Porto Editora GRUPO III 1. Esclareça o significado de cada um dos seguintes argumentos informais: a) Argumento indutivo, por generalização. b) Argumento indutivo, por previsão. c) Argumento por analogia. d) Argumento de autoridade. 2. Identifique as falácias que seguidamente se expõem. Justifique a sua resposta. a) Se hoje ajudas este, amanhã terás que ajudar aquele. Se amanhã ajudares ambos, entretanto ajudarás outros tantos. Aos indivíduos seguir-se-ão as associações, de tal modo que, quando deres por ti, já para ti nada resta. Por conseguinte, o melhor é não ajudar ninguém. b) O passado político do indivíduo X não lhe dá credibilidade alguma para propor qualquer solu- ção para este país, por muito bem sustentada que ela possa estar. Logo, ignore-se, para a nação, qualquer sugestão sua. c) Ou o mundo surgiu por acaso ou resultou de um Criador inteligente. Como ele não surgiu por acaso, então resultou de um Criador inteligente. d) Os animais merecem ser respeitados. Logo, todos os animais são merecedores de respeito. COTAÇÕES GRUPO I 1. 1.1. ........................................................... 5 pontos 1.2. ........................................................... 5 pontos 1.3. ........................................................... 5 pontos 1.4. ........................................................... 5 pontos 1.5. ........................................................... 5 pontos 1.6. ........................................................... 5 pontos 1.7. ........................................................... 5 pontos 1.8. ........................................................... 5 pontos GRUPO II 1. .............................................................. 25 pontos 2. .............................................................. 25 pontos 3. .............................................................. 25 pontos 4. .............................................................. 25 pontos GRUPO III 1. .............................................................. 20 pontos 2. .............................................................. 40 pontos TOTAL ...................................................... 200 pontos NCON11LP_20134683_F06_Cimg.indd 96 3/14/14 2:03 PM
  • 14. Testes de avaliação e sugestões de resposta 97 97 NCON11LP­ © Porto Editora Testes CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 4 GRUPO I 1. 1.1. B 1.2. A 1.3. A 1.4. C 1.5. C 1.6. A 1.7. C 1.8. D GRUPO II 1. A argumentação é imprescindível no mundo contem- porâneo por fatores como a falibilidade dos modelos científicos (no texto afirma-se «a ciência não explica tudo»), a importância crescente do discurso publicitário e dos media (no texto fala-se de uma nova «vida socioeco- nómica»), o desenvolvimento das democracias, com a liberdade de expressão que viabilizam (no texto alude-se à atual «vida política»). Naturalmente, para lá desses aspetos, a necessidade da argumentação está constante- mente presente no quotidiano sempre que o ser humano quer convencer alguém de que o seu ponto de vista é mais valioso do que outro. 2. Na demonstração, como se afirma no texto, «tudo é dado». De facto, ao contrário da argumentação, nela ignoram-se todos os elementos exteriores à estrutura for- mal do discurso, tais como a matéria que está em discus- são, o contexto em que a mesma é levada a cabo – o tipo de auditório, por exemplo, com as emoções a que é sus- cetível –, o carácter pessoal dos intervenientes (orador e interlocutores) ou a equivocidade da língua natural que, sendo o veículo de transmissão da mensagem, pode ori- ginar múltiplas interpretações. Naquela estabelece-se, sob a forma do cálculo – o cálculo lógico-formal –, uma relação constringente e incontorná- vel entre as premissas e a conclusão, nesta há tão-só a adesão do auditório, a tentativa de «obter certos compro- missos da parte do interlocutor», o que obriga a um esforço de permanente adaptação do retor aos seus ouvintes. 3. Os objetos de acordo são premissas admitidas pelo auditório, podendo consistir em crenças, valores, verda- des, factos, presunções, etc. Fazendo parte da opinião do auditório, os objetos de acordo encontram-se pressupos- tos durante o ato argumentativo. A opinião pública é o conjunto de pensamentos, conceitos e representações gerais dos cidadãos sobre as questões de interesse cole- tivo. 4. Para Michel Meyer – tal como para Aristóteles –, o ethos, o pathos e o logos são, na relação retórica, insepa- ráveis e constitutivos. Nela, todos estes elementos estão, como se afirma no texto, «em pé de igualdade». Relativamente ao ethos, podemos dizer que um dos aspe- tos que nos levam a confiar no discurso de alguém e que se traduz numa disponibilidade para ouvir e para aderir aos argumentos que nos são propostos é o carácter do orador, associado à sua credibilidade. No que se refere ao pathos, para conseguir persuadir e convencer o auditório, o orador deve criar uma empatia com tal auditório, adaptar-se a ele, suscitando nele emo- ções que o predisponham a aceitar a tese que lhe é pro- posta. No que se refere ao logos, este encontra-se associado à consistência e à solidez do discurso, aspetos fundamen- tais do processo argumentativo. A maneira e a ordem como os assuntos são abordados e a consistência com que os argumentos são apresentados fazem toda a dife- rença no processo de adesão do auditório a uma tese. GRUPO III 1. a) Argumento que parte de casos particulares e aplica as verdades aí obtidas a algo mais geral; por outras palavras, raciocínio cuja conclusão é mais geral do que a(s) premissa(s). b) Argumento que parte de casos passados para prever casos não observados, presentes ou futuros. c) Argumento em que, partindo de certas semelhanças ou relações entre duas realidades, se depreendem novas semelhanças ou relações. d) Argumento que se sustenta no parecer de um especia- lista para assegurar a verdade do que se afirma. 2. a) Falácia da derrapagem. Esta falácia ocorre sempre que alguém, para refutar uma tese, apresenta, pelo menos, uma premissa falsa ou duvidosa e uma série de conse- quências progressivamente inaceitáveis. O objetivo é mostrar que um determinado resultado indesejável inevi- tavelmente se seguirá. Neste caso, o que se perceciona é a intenção de alguém provar que não se deve ajudar nin- guém, tomando como premissa os riscos associados a uma pequena ajuda, e estendendo esse exemplo indefi- nidamente, de um modo“escorregadio”, a universos cada vez maiores. b) Falácia ad hominem. Nesta falácia, tal como em qual- quer outra do mesmo tipo, é a pessoa que o pronuncia e não o argumento pronunciado que é alvo de objeção. Neste caso, é o político que está em causa e não as pro- postas – que são o que, na circunstância em questão, se pretende avaliar. c) Falácia do falso dilema. Esta falácia consiste em reduzir as opções possíveis a apenas duas, ignorando-se as res- tantes alternativas. Trata-se, portanto, de extrair uma con- clusão a partir de uma disjunção falsa. É o que se passa neste caso: «Ou o mundo surgiu por acaso ou resultou de um Criador inteligente» constitui uma disjunção falsa já que há mais alternativas possíveis – o mundo existir desde sempre, ter sido criado por uma equipa de deuses, etc. d) Petição de princípio. Trata-se de um argumento circu- lar no qual se toma por já provado o que ainda carece de prova. Neste exemplo é isso que se verifica, pois a conclu- são – «Todos os animais são merecedores de respeito» – é antecipadamente usada como premissa – «Os animais merecem ser respeitados». NCON11LP_F07 NCON11LP_20134683_F07_4PCimg.indd 97 3/12/14 3:53 PM
  • 15. 98 Testes de avaliação e sugestões de resposta NCON11LP­ © Porto Editora TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 5 Argumentação e Filosofia GRUPO I 1. Indique, para cada questão, a opção correta. 1.1. A retórica, ensinada pelos sofistas, visa: A. dotar as mulheres de habilidades linguísticas; B. formar os jovens cidadãos no sentido de estes participarem nas assembleias democráticas; C. desenvolver competências argumentativas nos escravos; D. treinar jovens atores para exibições de teatro. 1.2. Os sofistas mais destacados são: A. Górgias, Platão e Sócrates; B. Hípias, Górgias e Sócrates; C. Platão, Górgias e Protágoras; D. Protágoras, Górgias e Hípias. 1.3. Os sofistas eram professores itinerantes que: A. ensinavam a arte de bem falar aos jovens cidadãos em troca de uma remuneração; B. ensinavam aos jovens a arte elocutória a troco de posições políticas de destaque; C. ofereciam uma vasta formação integral de modo desinteressado; D. ofereciam uma formação integral sólida aos escravos por puro amor à sabedoria. 1.4. As críticas aos sofistas são dirigidas por: A. Platão e Hípias; B. Sócrates e Górgias; C. Hípias e Górgias; D. Sócrates e Platão. 1.5. Um dos aspetos que distingue o sofista do filósofo: A. é a ênfase que o sofista coloca na forma do discurso, ao contrário do filósofo, que se centra no conteúdo; B. reside no facto de o sofista entender a verdade em si mesma, ao contrário do filósofo, que entende a verdade à medida das diferentes circunstâncias; C. baseia-se no facto de o sofista privilegiar a verdade e o filósofo a técnica; D. é a retribuição: enquanto o sofista busca desinteressadamente a verdade, o filósofo faz-se pagar pelos seus serviços. 1.6. A manipulação caracteriza-se pela: A. prática do discurso que tem como finalidade a livre adesão do auditório à tese que o ora- dor pretende que seja acolhida por aquele; B. prática abusiva do discurso – abusiva na medida em que obriga o recetor a aderir a uma dada mensagem (que um dado emissor deseja impor); C. prática do discurso que tem como finalidade a adesão do auditório a uma tese oculta; D. prática abusiva do discurso que visa retirar a liberdade ao orador de modo a que ele não possa defender a tese em que realmente acredita. NCON11LP_20134683_F07_4PCimg.indd 98 3/12/14 3:53 PM
  • 16. Testes de avaliação e sugestões de resposta 99 99 NCON11LP­ © Porto Editora Testes 1.7. A retórica que corresponde a um uso ilegítimo do discurso, porque visa enganar, iludir e mani- pular o interlocutor, recebe a designação de: A. retórica branca; B. retórica manipuladora; C. retórica negra; D. retórica persuasiva. 1.8. A racionalidade argumentativa implica: A. o reconhecimento do pluralismo que a racionalidade encerra, aliado ao reconhecimento de que se pode dizer/conhecer o real de diferentes maneiras. B. o reconhecimento de uma verdade e de uma realidade unívocas; C. a afirmação de uma verdade única, aliada a uma atitude dogmática; D. a afirmação de uma única realidade, aliada a uma atitude crítica. GRUPO II 1. Refira a que se deve a visão depreciativa a que os sofistas começaram por estar associados. 2. «A retórica, ao que me parece, é uma prática estranha à arte, mas exige uma alma dotada de imagi- nação, de ousadia e, naturalmente apta para o trato com as pessoas. (...) Não sei se entenderás bem a minha resposta: na minha opinião, a retórica é como o simulacro de uma parte da política.» Platão (1997), Górgias, Lisboa, Lisboa Editora, p. 69. Critique a retórica dos sofistas à luz da perspetiva presente neste excerto. 3. Refira os principais aspetos que distinguem os sofistas dos filósofos. GRUPO III 1. «Proteger a liberdade de expressão é indispensável, mas proteger a liberdade de receção é-o tam- bém, e na mesma medida.» Philippe Breton (2001), A Palavra Manipulada, Lisboa, Editorial Caminho, p. 209. Explique esta afirmação, clarificando as duas formas de liberdade nela referidas. 2. «A filosofia, mais do que encontrar-se ligada à posse da verdade, associa-se à crença na verdade e à aspiração de tornar a verdade, em que o filósofo crê, admitida por outras pessoas, e, eventualmente, por todas as pessoas (...). Ora, esta admissão, esta tentativa de fazer admitir certas teses, só pode ser realizada através de meios argumentativos.» Rui Alexandre Grácio (1999),“Introdução à Tradução Portuguesa”, in C. Perelman, O Império Retórico, Porto, Edições ASA, p. 10. Caracterize, a partir do texto, a racionalidade argumentativa. COTAÇÕES GRUPO I 1. 1.1. ........................................................... 5 pontos 1.2. ........................................................... 5 pontos 1.3. ........................................................... 5 pontos 1.4. ........................................................... 5 pontos 1.5. ........................................................... 5 pontos 1.6. ........................................................... 5 pontos 1.7. ........................................................... 5 pontos 1.8. ........................................................... 5 pontos GRUPO II 1. .............................................................. 30 pontos 2. .............................................................. 30 pontos 3. .............................................................. 30 pontos GRUPO III 1. .............................................................. 35 pontos 2. .............................................................. 35 pontos TOTAL ...................................................... 200 pontos NCON11LP_20134683_F07_Cimg.indd 99 3/14/14 2:03 PM
  • 17. 100 Testes de avaliação e sugestões de resposta NCON11LP­ © Porto Editora CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 5 GRUPO I 1. 1.1. B. 1.2. D. 1.3. A. 1.4. D. 1.5. A. 1.6. B. 1.7. C. 1.8. A. GRUPO II 1. Os sofistas eram professores itinerantes que se dedica- vam ao ensino dos jovens cidadãos mediante uma remu- neração. Dominavam a arte de persuadir pela palavra e eram dotados de habilidade linguística e de estilo elo- quente, surpreendendo pela sua vasta erudição e pelos seus discursos expressivos. Enquanto professores, os sofistas centravam o seu ensino mais na forma do que no conteúdo, ensinando, por isso, a técnica do discurso, a arte de fazer triunfar um discurso em função da conveniência de cada um. Sócrates, Platão e seus discípulos não podiam aceitar este relativismo da ver- dade, esta valorização da retórica como arte do discurso persuasivo em detrimento da sabedoria. Este aspeto, aliado ao facto de os sofistas se fazerem pagar pelos seus serviços, originou uma visão depreciativa dos sofistas. 2. Enquanto Górgias considera a retórica uma arte, Sócra- tes caracteriza-a como uma atividade empírica, destinada a produzir uma certa espécie de agrado no auditório. Com efeito, no diálogo «Górgias» de Platão, Sócrates, para além de tecer críticas aos sofistas, define a retórica como uma atividade empírica, que visa apenas o agradável, o prazer, uma prática que serve de simulacro à política, confrontando o discurso como instrumento de poder, próprio dos sofistas, com o discurso como instrumento de verdade, próprio dos filósofos. É neste diálogo que Sócrates alerta Polo para o contraste metodológico entre ele e os sofistas: enquanto os sofistas se refugiam na elo- quência de longos discursos, Sócrates prefere o diálogo, a metodologia de pergunta-resposta. 3. Enquanto os sofistas são professores itinerantes que se fazem pagar pelos seus serviços, os filósofos, de acordo com Sócrates e Platão, são amantes, desinteressados, do saber. Por oposição a um discurso centrado na forma, na técnica e na eficácia, próprio dos sofistas, os filósofos pre- ferem centrar o discurso no conteúdo, na sabedoria e na procura da verdade absoluta. Por último, ao contrário dos sofistas, que entendem a verdade à medida das circuns- tâncias individuais e baseiam o discurso em opiniões e aparências, os filósofos entendem a verdade como exis- tente em si, baseando o discurso na Verdade e no Bem. GRUPO III 1. Nas democracias atuais, a liberdade de expressão é con- siderada um direito fundamental que não pode ser posto em causa. Contudo, para além da liberdade de expressão de um dado orador, é igualmente necessário que o auditó- rio a que ele se dirige seja também livre, ou seja, é também necessário garantir a liberdade de um dado recetor. Tal exi- gência pode parecer, à primeira vista, despropositada por- que partimos sempre do princípio de que o recetor tem liberdade de aceitar, ou não, a tese. Tal problema não se colocaria se o orador, no decurso do processo argumenta- tivo, apenas visasse a persuasão do auditório, ou seja, levar o auditório a mudar de ideias, mas pressupondo a sua livre adesão à tese que o orador pretende que seja acolhida por aquele. Todavia, nem sempre o orador permite essa liber- dade do auditório, sobretudo quando impõe, com recurso à manipulação, a sua tese. O discurso é manipulador quando abusivamente obriga o recetor a aderir a uma dada mensagem (que um dado emissor deseja impor). Essa manipulação pode assumir a forma de manipulação dos afetos, centrada no apelo à emoção e aos sentimentos do recetor, e de manipulação cognitiva, que opera por fal- sificação do conteúdo do discurso. 2. A argumentação é fundamental para a atividade filosó- fica, que procura uma visão integrada do real, uma com- preensão da realidade no seu todo, do ser, dedicando-se à busca da verdade. As teorias filosóficas estão, frequente- mente, dependentes das suas perguntas e respostas. A filo- sofia socrático-platónica, por exemplo, exigia encontrar a Verdade – única, absoluta e universal, capaz de dizer uma realidade absoluta, perfeita e imutável – e, por isso, criticava fortemente a retórica sofística, por esta dar espaço ao subje- tivismo e ao relativismo. Reconhece-se, contudo, que a diversidade dos discursos, quer estejamos a falar de sistemas filosóficos, quer nos este- jamos a referir ao conhecimento científico, à religião ou à política, reflete a riqueza de perspetivas e leituras que pode- mos fazer da realidade. Nesse sentido, a razão não é mais entendida como a faculdade humana detentora de conheci- mentos definitivos e unívocos, mas como faculdade humana plural, portadora de conhecimentos plurívocos e o mais próximos possível da verdade. Portanto, emerge uma nova conceção da racionalidade – uma racionalidade argu- mentativa. Muito embora a argumentação pressuponha a existência de diferentes teses e, também, a possibilidade da contradição, não quer isto dizer, no entanto, que com o novo modelo de racionalidade se caia num relativismo puro ou que se negue o esforço de universalidade dos nossos conhecimentos acerca do real. Pelo contrário, isso significa o reconheci- mento do pluralismo que a racionalidade encerra, isto é, o reconhecimento de que se pode dizer/conhecer o real de diferentes maneiras. Impõe-se, por isso, para o filósofo de hoje, a afirmação de uma (ou várias) verdade(s) possível(eis), aliada(s) a uma atitude crítica, de abertura e questiona- mento face ao real. Para a filosofia contemporânea, a busca da verdade não é mais incompatível com a retórica; pelo contrário, há quem afirme poder encontrar nesta o método da filosofia. Daí que a filosofia, «mais do que encontrar-se ligada à posse da verdade», se associe «à crença na verdade e à aspiração de tornar a verdade, em que o filósofo crê, admitida por outras pessoas, e, eventualmente, por todas as pessoas».Tal admissão, como se refere no texto, «só pode ser realizada através de meios argumentativos», isto é, os meios argumentativos são o método da filosofia para fazer com que o auditório admita as suas teses. NCON11LP_20134683_F07_4PCimg.indd 100 3/12/14 3:53 PM
  • 18. Testes de avaliação e sugestões de resposta 101 101 NCON11LP­ © Porto Editora Testes TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 6 Descrição e interpretação da atividade cognoscitiva Estrutura do ato de conhecer GRUPO I 1. Indique, para cada questão, a opção correta. 1.1. O conhecimento é: A. o resultado da relação que se estabelece entre o sujeito cognoscente e o objeto conhecido; B. a realidade considerada independentemente da sua relação com qualquer sujeito; C. uma crença, sem mais; D. o que resulta de qualquer movimento efetuado por um sujeito. 1.2. O sujeito jamais interage com o objeto. Esta afirmação é: A. verdadeira, porque a relação do ser humano com o mundo é sempre de natureza teórica e cognitiva; B. falsa, porque o sujeito coincide com o objeto; C. verdadeira, porque o conhecimento é um ato efetuado por um sujeito no estado puro que apreende um objeto no estado puro; D. falsa, porque representar o objeto é também, de certo modo, construí-lo. 1.3. O conhecimento baseado em juízos refere-se ao: A. saber-fazer; B. conhecimento por contacto; C. saber que; D. senso comum. 1.4. O seguinte exemplo corresponde a um exemplo de saber-que: A. conhecer, na primeira pessoa, uma dor de dentes; B. entender que, na sucessão monárquica, ocorre o direito de primogenitura; C. saber trabalhar, na ótica do utilizador, com um computador; D. saber, na qualidade de um taxista experiente e há muito a trabalhar em Coimbra, os percur- sos que vão da estação de comboio à Universidade. 1.5. A linguagem e o pensamento são: A. esferas independentes entre si; B. elementos indissociáveis; C. duas manifestações de dois processos bem distintos; D. independentes do campo cultural. 1.6. O conhecimento a priori é todo o conhecimento baseado em juízos: A. universais e necessários; B. sintéticos a posteriori; NCON11LP_20134683_F07_Cimg.indd 101 3/14/14 2:03 PM
  • 19. 102 Testes de avaliação e sugestões de resposta NCON11LP­ © Porto Editora C. contingentes e a priori; D. universais e contingentes. 1.7. A seguinte frase expressa um juízo analítico: A. A Joana é bela. B. Os cães ladram. C. Estou triste. D. Os solteiros não são casados. 1.8. «As vacas poluem a atmosfera.» Estamos perante um juízo: A. a priori; B. a posteriori; C. sintético a priori; D. analítico a posteriori. GRUPO II 1. Relacione os seguintes conceitos: «experiência», «saber que», «saber-fazer» e «conhecimento por contacto». 2. Mostre em que medida o conceito de «realidade» possui diversos significados. 3. «TEETETO – Sócrates, fiquei agora a pensar numa coisa que tinha esquecido e que ouvi alguém dizer: que o saber é opinião verdadeira acompanhada de explicação e que a opinião carente de explicação se encontra à margem do saber.» Platão (2005), Teeteto ou Da Ciência, 2.ª ed., Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, p. 302. Refira de que modo E. Gettier contestou a ideia de que o conhecimento equivale à «opinião verda- deira acompanhada de explicação». 4. Mostre qual a diferença estabelecida por Kant entre juízos sintéticos e juízos analíticos, salientando em que medida as verdades dos primeiros podem ser conhecidas a partir de duas fontes distintas. COTAÇÕES GRUPO I 1. 1.1. ........................................................... 7,5 pontos 1.2. ........................................................... 7,5 pontos 1.3. ........................................................... 7,5 pontos 1.4. ........................................................... 7,5 pontos 1.5. ........................................................... 7,5 pontos 1.6. ........................................................... 7,5 pontos 1.7. ........................................................... 7,5 pontos 1.8. ........................................................... 7,5 pontos GRUPO II 1. .............................................................. 35 pontos 2. .............................................................. 35 pontos 3. .............................................................. 35 pontos 4. .............................................................. 35 pontos TOTAL ...................................................... 200 pontos NCON11LP_20134683_F07_Cimg.indd 102 3/14/14 2:03 PM
  • 20. Testes de avaliação e sugestões de resposta 103 103 NCON11LP­ © Porto Editora Testes TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 6 GRUPO I 1. 1.1. A 1.2. D 1.3. C 1.4. B 1.5. B 1.6. A 1.7. D 1.8. B GRUPO II 1. Enquanto «ser-no-mundo», o ser humano encontra-se exposto a uma pluralidade de experiências. A experiência pode ser definida como a apreensão, por parte de um sujeito, de uma realidade, um modo de fazer, uma maneira de viver, etc., constituindo, em muitos casos, um modo de conhecer algo imediatamente antes de todo o juízo que se formula sobre aquilo que se apreende. Ora, o conhecimento pode encontrar-se ligado de um modo direto e imediato à experiência ou pode ser baseado em juízos ou proposições. Ligados mais direta- mente à experiência encontram-se o saber-fazer, isto é, o conhecimento prático ou conhecimento de atividades, associado à capacidade, aptidão ou competência para fazer alguma coisa, e o conhecimento por contacto, que se verifica sempre que há uma apreensão direta de alguma realidade, seja de pessoas, lugares ou estados mentais. Por sua vez, o saber que não se encontra tão diretamente ligado à experiência, embora esteja obvia- mente relacionado com ela. Trata-se do conhecimento baseado em juízos, o conhecimento que tem por objeto proposições ou pensamentos verdadeiros. 2. Em princípio, o conceito de «realidade» refere-se àquilo que efetivamente existe ou é, equivalendo assim a «exis- tente» ou «ser». Nesse sentido, «realidade» designa um ser particular ou os seres em geral. Mas esta leitura gené- rica esconde uma multiplicidade de aceções. Sendo o que é ou existe, a realidade é também o que se opõe ao nada, ao não ser. Mas o conceito aplica-se igualmente àquilo que se opõe ao aparente ou ilusório; ao que não é potencial ou apenas possível, mas sim atual; ao que existe independentemente do sujeito que o pensa ou conhece; ao que nos é dado na experiência em geral e ao que é (ou pode ser) esclarecido pelo conhecimento cien- tífico. 3. Edmund Gettier contestou a definição tradicional de conhecimento – a ideia de que o conhecimento equivale à «opinião verdadeira acompanhada de explicação» ou, por outras palavras, que é uma crença verdadeira justifi- cada – através de contraexemplos que nos mostram ser possível termos uma crença verdadeira justificada sem que tal crença equivalha a conhecimento. Isso acontece quando há crenças verdadeiras justificadas acidental- mente, o que significa que a relação da justificação com a crença verdadeira não é adequada, sendo a verdade da crença apenas o resultado da sorte, do acaso ou da mera coincidência. Em suma, é possível que alguém não pos- sua conhecimento, ainda que sejam realizadas as três condições (crença, verdade e justificação). 4. Utilizando como critério a inclusão (implícita) ou não do predicado no sujeito, Kant dividiu os juízos em analíti- cos e sintéticos. Os juízos analíticos são aqueles cujo pre- dicado está implícito no conceito do sujeito, encon- trando-se pela simples análise e explicação desse conceito. Estes juízos têm, portanto, origem na razão (são juízos a priori – a sua verdade é conhecida independente- mente de qualquer experiência) e não contribuem para aumentar o nosso conhecimento. São universais e neces- sários. Por sua vez, os juízos sintéticos são aqueles cujo predi- cado não está implícito no conceito do sujeito, pare- cendo exigir sempre o recurso à observação ou à expe- riência, não sendo estritamente universais e sendo contingentes. Ao contrário dos anteriores, estes juízos são extensivos, isto é, ampliam o nosso conhecimento. No entanto, as verdades dos juízos sintéticos podem ser conhecidas a partir de duas fontes distintas, o que signi- fica que tais juízos tanto podem ser a posteriori (aqueles que foram acima referidos) como a priori. Com efeito, segundo Kant, há juízos independentes da experiência, tendo uma origem racional – a priori –, mas cujo predi- cado não está implícito no conceito do sujeito – sintéti- cos. Como tal, esses juízos aumentam o nosso conheci- mento. São os juízos sintéticos a priori, caracterizados, tal como os analíticos, pela necessidade e pela universali- dade. NCON11LP_20134683_F07_Cimg.indd 103 3/14/14 2:03 PM
  • 21. 104 Testes de avaliação e sugestões de resposta NCON11LP­ © Porto Editora TESTE DE AVALIAÇÃO N.º7 Descrição e interpretação da atividade cognoscitiva Análise comparativa de duas teorias explicativas do conhecimento GRUPO I 1. Indique, para cada questão, a opção correta. 1.1. De acordo com os racionalistas, o modelo do conhecimento ou do saber é a: A. experiência; B. matemática; C. indução; D. dedução a posteriori. 1.2. O conceito de «dogmatismo» enquanto confiança de que a razão pode atingir a certeza e a verdade opõe-se ao conceito de: A. realismo; B. ceticismo; C. criticismo; D. otimismo racionalista. 1.3. Uma das regras do método cartesiano é a regra da análise. Esta regra estabelece: A. que nada deve ser aceite como sendo verdade sem que se apresente com clareza e distin- ção; B. a necessidade de se conduzir, com ordem, o pensamento, partindo sempre das ideias mais simples para as mais complexas; C. que se deve sempre rever cautelosamente o trabalho efetuado, de modo a nada omitir; D. a obrigatoriedade de dividir as dificuldades por partes, para melhor as resolver. 1.4. Em relação às regras do método cartesiano, podemos dizer que elas: A. permitem guiar a razão na procura da verdade; B. apenas se aplicam aos conhecimentos matemáticos; C. variam em função dos vários domínios do saber; D. resultam da necessidade de confirmar os conhecimentos veiculados pela tradição. 1.5. A ideia de «carro» é, de acordo com a classificação de Descartes, uma ideia: A. factícia; B. inata; C. imaginária; D. adventícia. 1.6. O cogito de Descartes apresenta as seguintes características: A. é uma certeza inabalável; obtém-se por dedução; B. é um princípio evidente; obtém-se por intuição; NCON11LP_20134683_F07_4PCimg.indd 104 3/12/14 3:53 PM
  • 22. Testes de avaliação e sugestões de resposta 105 105 NCON11LP­ © Porto Editora Testes C. é uma crença fundacional; obtém-se a posteriori; D. não é uma crença fundacional; obtém-se a priori. 1.7. Na filosofia de Hume, as relações de ideias são proposições analíticas e necessárias. Esta afirmação é: A. falsa, porque todas as ideias derivam da experiência; B. verdadeira, porque as relações de ideias se referem a factos concretos e necessários; C. falsa, porque o conhecimento é constituído apenas por proposições contingentes; D. verdadeira, porque as relações de ideias se descobrem pelo pensamento e se baseiam no princípio da não contradição. 1.8. Segundo David Hume: A. as várias perceções dividem-se em impressões simples e impressões complexas; B. as ideias complexas, referindo-se muitas vezes a realidades que não existem, não resultam de impressões; C. as ideias são imagens enfraquecidas de impressões; D. as impressões são imagens enfraquecidas de ideias. GRUPO II 1. Refira em que medida se pode afirmar que o dogmatismo ingénuo não ocorre na filosofia. 2. Explique em que medida o dogmatismo se opõe ao ceticismo. 3. «Locke é o autor do texto“canónico”do empirismo. A alma, escreve ele, é uma tábua rasa, uma página branca sem caracteres. (…) O empirismo clássico recusa, pois, as ideias inatas de que falava Descartes.» AAVV (1999), Dicionário Prático de Filosofia, 2.ª ed., Lisboa, Terramar, p. 113. Diferencie, com base neste excerto, as perspetivas de Descartes e de Locke relativamente à origem do conhecimento. GRUPO III 1. «A faculdade de conhecer que ele [Deus] nos deu, a que chamamos luz natural, nunca apreende nenhum objeto que não seja verdadeiro no que ela apreende, isto é, no que ela conhece clara e dis- tintamente; pois teríamos razão para acreditar que Deus seria enganador, se no-la tivesse dado de tal modo que tomássemos o falso pelo verdadeiro, quando a usássemos bem.» Descartes (2005), Princípios da Filosofia, Porto, Areal Editores, p. 70. Relacione as ideias do texto com o significado de Deus na edificação do sistema do saber. 2. «Atrever-me-ei a afirmar, como uma proposição geral que não admite exceção, que o conheci- mento desta relação [a relação de causa e efeito] não é, em circunstância alguma, obtido por racio- cínios a priori, mas deriva inteiramente da experiência, ao descobrirmos que alguns objetos particu- lares se combinam constantemente uns com os outros.» David Hume (1989), Investigação sobre o Entendimento Humano, Lisboa, Edições 70, p. 33. Relacione a afirmação segundo a qual o conhecimento da ligação de causa e efeito não é obtido por raciocínios a priori com a ideia de conexão necessária. 3. «[O ceticismo de Descartes e outros] recomenda uma dúvida universal, não só de todas as nossas opiniões e princípio anteriores, mas também das nossas próprias faculdades, de cuja veracidade, NCON11LP_20134683_F07_Cimg.indd 105 3/14/14 2:03 PM
  • 23. 106 Testes de avaliação e sugestões de resposta NCON11LP­ © Porto Editora dizem eles, nos devemos assegurar mediante uma cadeia de raciocínio, deduzida de algum princí- pio original que, possivelmente, não pode ser falaz ou enganador. Mas, não existe um tal princípio original, que tenha uma prerrogativa sobre os outros, que são autoevidentes e convincentes.» David Hume (1989), Investigação sobre o Entendimento Humano, Lisboa, Edições 70, pp. 143-144. Partindo do texto, compare as conclusões de Descartes e de Hume no que se refere à fundamenta- ção do conhecimento. COTAÇÕES GRUPO I 1. 1.1. ........................................................... 5 pontos 1.2. ........................................................... 5 pontos 1.3. ........................................................... 5 pontos 1.4. ........................................................... 5 pontos 1.5. ........................................................... 5 pontos 1.6. ........................................................... 5 pontos 1.7. ........................................................... 5 pontos 1.8. ........................................................... 5 pontos GRUPO II 1. .............................................................. 25 pontos 2. .............................................................. 25 pontos 3. .............................................................. 25 pontos GRUPO III 1. .............................................................. 25 pontos 2. .............................................................. 30 pontos 3. .............................................................. 30 pontos TOTAL ...................................................... 200 pontos NCON11LP_20134683_F07_4PCimg.indd 106 3/12/14 3:53 PM
  • 24. Testes de avaliação e sugestões de resposta 107 107 NCON11LP­ © Porto Editora Testes CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 7 GRUPO I 1. 1.1. B 1.2. B 1.3. D 1.4. A 1.5. D 1.6. B 1.7. D 1.8. C GRUPO II 1. No âmbito do dogmatismo ingénuo, não se coloca o problema de saber se o sujeito apreende ou não o objeto, ou seja, não se coloca o problema do conhecimento, par- tindo-se do pressuposto de que o sujeito apreende efeti- vamente o objeto. Ao não se aperceber do carácter rela- cional do conhecimento, o dogmático não coloca em dúvida a sua possibilidade, acreditando que os objetos nos são dados diretamente e de um modo absoluto, tal como são em si mesmos. Ora, isto não acontece na filoso- fia, porque todo o filósofo procede a um exame crítico daquilo que lhe é fornecido pelos sentidos, colocando a pergunta acerca do ser verdadeiro das coisas. 2. Há diversas aceções para o termo «dogmatismo». O dogmatismo opõe-se ao ceticismo enquanto se refere à perspetiva que, depositando confiança na razão, consi- dera que é possível chegar à certeza e à verdade, tradu- zindo um otimismo racionalista. Trata-se, portanto, de uma perspetiva que responde afirmativamente à questão de saber se o conhecimento é possível. Já o ceticismo, na sua forma radical ou absoluta – o ceticismo pirrónico –, nega tal possibilidade. 3. Descartes foi um filósofo racionalista, o que significa que considerava a razão a principal fonte do conheci- mento – o conhecimento universal e necessário. Ele defendia que a razão possui em si ideias inatas. Estas ideias, sendo claras e distintas, foram postas por Deus no espírito humano. Intuindo-as e raciocinando dedutiva- mente a partir delas, é possível chegar ao conhecimento de toda a realidade. Locke, por sua vez, foi um filósofo empirista. Para ele, a experiência é a fonte principal do conhecimento, não havendo ideias, conhecimentos ou princípios inatos. O entendimento assemelha-se a «uma tábua rasa», a «uma página branca sem caracteres», onde a experiência irá «escrever». É na experiência – seja a experiência externa (sensação), pela qual se captam os objetos exteriores e sensíveis, seja a experiência interna (reflexão), pela qual se captam as operações internas da mente – que se encontram o fundamento e os limites do conhecimento. Segundo este filósofo, o conhecimento é limitado pela experiência em termos da sua extensão e da sua certeza. GRUPO III 1. De acordo com o texto, a faculdade de conhecer (a razão ou luz natural), tendo-nos sido dada por Deus, que não é enganador, «nunca apreende nenhum objeto que não seja verdadeiro (…) no que ela conhece clara e dis- tintamente». Desde que bem usada, a razão pode alcan- çar conhecimentos evidentes. Deus, sendo o criador da faculdade de conhecer, é também o princípio do ser e do conhecimento em geral, garantindo a verdade objetiva das ideias claras e distintas. Criador das verdades eternas, origem do ser e funda- mento da certeza, Deus garante a adequação entre o pensamento evidente e a realidade. Ao legitimar o valor da ciência, Deus confere solidez ao sistema do saber e objetividade ao conhecimento. 2. Escreve Hume que o conhecimento da relação de causa e efeito «não é, em circunstância alguma, obtido por raciocínios a priori, mas deriva inteiramente da expe- riência». É perante a constatação de que determinados objetos se combinam entre si, ou de que entre dois fenó- menos se verificou sempre uma conjunção constante (um deles ocorreu sempre a seguir ao outro), que concluí- mos ser um a causa e outro o efeito, tomando assim conhecimento da relação de causalidade. Ora, essa conjunção constante entre fenómenos não nos pode levar a concluir que entre eles haja uma conexão necessária (embora seja desse modo que a relação de causa e efeito é geralmente entendida), tanto mais que não dispomos de qualquer impressão relativa à ideia de conexão necessária entre fenómenos. 3. Descartes e Hume são ambos fundacionalistas. Mas divergem no fundamento que adotam para o conheci- mento. Hume encontra na experiência o fundamento do conhecimento. Como tal, na sua perspetiva, o conheci- mento apoia-se em crenças básicas inseparáveis das impressões dos sentidos, que são «autoevidentes e con- vincentes»: as crenças básicas são as crenças de que se está a ter determinadas experiências. Para Descartes, ao invés, o fundamento do conhecimento tem de ser procu- rado na razão. Descartes descobre-o no cogito, primeira verdade, o «princípio original» a que Hume se refere, assim como noutras ideias claras e distintas da razão. Todavia, este fundamento do conhecimento depende daquele que é o princípio de toda a realidade: Deus. NCON11LP_20134683_F07_4PCimg.indd 107 3/12/14 3:53 PM
  • 25. 108 Testes de avaliação e sugestões de resposta NCON11LP­ © Porto Editora TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 8 O estatuto do conhecimento científico Conhecimento vulgar e conhecimento científico Ciência e construção – validade e verificabilidade das hipóteses GRUPO I 1. Indique, para cada questão, a opção correta. 1.1. Qual das seguintes questões não constitui um problema da epistemologia (ou filosofia da ciência)? A. O que é a ciência? B. Em que consiste a teoria científica da evolução por seleção natural? C. Como progride a ciência? D. Que significa o conceito de «objetividade científica»? 1.2. A atitude do cientista é essencialmente: A. problematizadora, racional e dogmática; B. problematizadora, racional e crítica; C. problematizadora, racional e acrítica; D. problematizadora, racional e superficial. 1.3. O conhecimento científico é: A. subjetivo; B. imetódico e assistemático; C. explicativo; D. superficial. 1.4. O conhecimento científico procura ser objetivo porque: A. se encontra sujeito a correções e a alterações; B. se mantém como aceitável até surgir outra teoria mais eficaz e mais próxima da verdade; C. tem em atenção o facto, excluindo as apreciações subjetivas; D. visa ordenar a diversidade empírica. 1.5. O problema da demarcação pode ser formulado na seguinte questão: A. O que distingue a investigação nas ciências, como a biologia e a física, da investigação nou- tras disciplinas, como a história e a sociologia? B. Em que consiste a teoria científica do heliocentrismo? C. A clonagem humana é eticamente legítima? D. O que distingue as teorias científicas das que não são científicas? NCON11LP_20134683_F07_4PCimg.indd 108 3/12/14 3:53 PM
  • 26. Testes de avaliação e sugestões de resposta 109 109 NCON11LP­ © Porto Editora Testes 1.6. Segundo o critério da falsificabilidade, o enunciado «A carne de ave não contribui para o aumento do nível de“mau”colesterol» é científico porque: A. pode ser confirmado por um conjunto finito de observações; B. é passível de ser refutado; C. pode confirmar-se a sua veracidade com uma única observação; D. só pode ser confirmado, não é passível de ser refutado. 1.7. Considere as proposições abaixo expostas. Selecione, depois, a alternativa que corretamente se lhes adequa. 1. Todos os metais oxidam. 2. Na sétima dimensão, alguns metais oxidam. 3. Este metal oxida. 4. Nenhum metal oxida. A. só as proposições 1, 3 e 4 são falsificáveis; B. só as proposições 2 e 4 são falsificáveis; C. só as proposições 1 e 2 são falsificáveis; D. só as proposições 3 e 4 são falsificáveis. 1.8. Na conceção indutivista do método científico: A. as teorias científicas surgem, por indução, a partir de factos e de observações; B. as teorias científicas surgem, por dedução, a partir de factos e de observações; C. as teorias científicas são propostas, por indução, sem ser necessário recorrer aos factos e observações simples; D. as teorias científicas são propostas, por dedução, sem ser necessário recorrer aos factos e observações simples. GRUPO II 1. «O pensamento científico está no prolongamento do pensamento comum: é um aperfeiçoamento e um crescimento deste.» M. Gex (1964), Élements des Philosophie des Sciences, Neuchâtel, Éditions du Griffon, p. 18. Qual dos autores estudados – Karl Popper e Gaston Bachelard – poderia subscrever esta afirma- ção? Justifique a sua resposta. 2. «Por não ser explicativo, o senso comum é absolutamente desnecessário.» Concorda com esta afir- mação? Justifique e elabore um comentário, tendo em conta as características do senso comum. 3. Esclareça as duas críticas de que foi objeto a conceção indutivista do método científico. 4. Descreva as etapas do método hipotético-dedutivo (ou conjetural). COTAÇÕES GRUPO I 1. 1.1. ........................................................... 7,5 pontos 1.2. ........................................................... 7,5 pontos 1.3. ........................................................... 7,5 pontos 1.4. ........................................................... 7,5 pontos 1.5. ........................................................... 7,5 pontos 1.6. ........................................................... 7,5 pontos 1.7. ........................................................... 7,5 pontos 1.8. ........................................................... 7,5 pontos GRUPO II 1. .............................................................. 35 pontos 2. .............................................................. 35 pontos 3. .............................................................. 35 pontos 4. .............................................................. 35 pontos TOTAL ...................................................... 200 pontos NCON11LP_20134683_F07_4PCimg.indd 109 3/12/14 3:53 PM
  • 27. 110 Testes de avaliação e sugestões de resposta NCON11LP­ © Porto Editora CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 8 GRUPO I 1. 1.1. B 1.2. B 1.3. C 1.4. C 1.5. D 1.6. B 1.7. A 1.8. A GRUPO II 1. Seria Karl Popper, uma vez que este defende a tese continuísta na passagem do conhecimento vulgar ao conhecimento científico – e no texto os termos são“aper- feiçoamento”e“crescimento”. Na sua perspetiva, a ciência é“senso comum esclarecido”ou, por outras palavras, criti- cado, corrigido, contestado. Para Popper, a criação da ciência e o seu desenvolvimento representam, funda- mentalmente, um processo de constante eliminação de erros. Gaston Bachelard, pelo contrário, não poderia subscrever esta afirmação porque, no seu entendimento, o senso comum é um obstáculo epistemológico com o qual importa romper para que se possa criar conhecimento científico. A sua tese – de rutura entre os tipos de conhe- cimento em causa – não admite a existência de um “conhecimento vulgar provisório”, porque o conheci- mento vulgar não se limita a ser provisório: o senso comum, através daqueles que nele sustentam os seus pontos de vista, opõe-se ativamente à construção do conhecimento científico. 2. Do facto de o senso comum não ser explicativo não se infere que esteja, por definição, errado. Só neste último caso é que se poderia afirmar que ele seria desnecessário. A experiência quotidiana também dá a conhecer a rela- ção com o mundo, e é com base nela que se fazem múlti- plas opções no dia a dia que não exigem, à partida, um conhecimento muito elaborado – ou científico. Tal não significa, de modo algum, que se possa dispensar este último, porque só ele dá a conhecer, com prova, essas e muitas outras opções, bem mais exigentes. Do facto de o conhecimento científico ser explicativo infere-se a sua necessidade; mas do facto de não ser explicativo não se depreende a falta de necessidade do conhecimento vul- gar. 3. Duas das críticas de que foi objeto a conceção induti- vista do método são: a) a observação não é necessaria- mente o primeiro momento do método científico e, mesmo que o cientista a ela recorra, ela não é inteira- mente neutra e isenta; b) o raciocínio indutivo não ofe- rece a consistência lógica que as teorias científicas recla- mam. Relativamente à primeira alínea, podemos dizer que a observação pura não existe. No mínimo, os conhecimen- tos anteriores do cientista, as teorias com que contactou, determinam a observação que efetuará, pelo que, par- tindo daí, já não é da observação que parte. A sua obser- vação é, portanto, mediada, isto é, não neutra nem isenta. A segunda crítica é de índole lógica. De facto, o raciocínio indutivo amplificante – não o enumerativo, de Aristóteles – constitui um salto lógico, que leva do particular ao geral. A sua validade está, portanto, comprometida. David Hume afirmou, a este propósito, que a generaliza- ção indutiva é uma mera crença ou expectativa, funda- mentada pelo hábito e suportada pela convicção, e não pela impressão, de que as mudanças na natureza são regulares. A veracidade das leis científicas, por definição universais, está, enfim, comprometida pelo problema da indução. 4. A primeira etapa do método hipotético-dedutivo (ou conjetural) consiste na formulação de uma hipótese ou conjetura a partir de um facto-problema. Constatando-se que existe um problema que não encontra explicação satisfatória no contexto de uma dada teoria, formula-se uma hipótese ou explicação provisória para o mesmo, a qual carece ainda de comprovação empírica. Trata-se de um momento criativo da atividade científica, baseado fundamentalmente na intuição e na imaginação. A segunda fase do método em análise é a da dedução das consequências. Formulada a hipótese, são deduzidas as suas principais consequências, isto é, depreende-se o que poderá acontecer se a hipótese ou conjetura for ver- dadeira. O terceiro momento corresponde à experimentação. Testa-se a hipótese, confronta-se a conjetura com a expe- riência para aferir a sua veracidade. Sendo validada pela experiência, a teoria é corroborada; não o sendo, a teoria é refutada, isto é, terá de ser reformulada ou, no limite, abandonada. NCON11LP_20134683_F07_4PCimg.indd 110 3/12/14 3:53 PM
  • 28. Testes de avaliação e sugestões de resposta 111 111 NCON11LP­ © Porto Editora Testes TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 9 O estatuto do conhecimento científico Ciência e construção – validade e verificabilidade das hipóteses A racionalidade científica e a questão da objetividade GRUPO I 1. Indique, para cada questão, a opção correta. 1.1. Para os indutivistas, uma teoria é científica se for: A. empiricamente verificável; B. falsificável pelos fenómenos; C. verificada pela hipótese; D. refutada pela aplicação de testes experimentais. 1.2. Levantado por Hume, o problema da indução traduz-se na: A. possibilidade de justificar as inferências indutivas; B. impossibilidade de justificar as inferências dedutivas; C. impossibilidade de justificar as inferências indutivas; D. possibilidade de justificar as inferências dedutivas. 1.3. Popper pensa ter ultrapassado o problema da indução ao defender que o desenvolvimento da ciência é independente das inferências de tipo indutivo. Esta afirmação é: A. verdadeira; para Popper a ciência evolui pela construção de conjeturas e refutações, recor- rendo ao raciocínio indutivo; B. falsa; para Popper a ciência evolui pela construção de conjeturas e refutações, recorrendo ao raciocínio dedutivo e indutivo; C. verdadeira; para Popper a ciência evolui pela construção de conjeturas e refutações, recor- rendo ao raciocínio dedutivo; D. falsa; para Popper a ciência evolui pela construção de conjeturas e refutações, recorrendo ao raciocínio dedutivo e indutivo. 1.4. Considere os seguintes enunciados relativos à comparação entre as conceções indutivista e popperiana do método das ciências (empíricas). 1. Para os indutivistas, a observação é o ponto de partida para a construção das teorias cien- tíficas; para Popper, a observação não constitui um recurso relevante no processo de investigação científica. 2. As duas perspetivas defendem que a observação é o ponto de partida para a construção de teorias científicas. 3. Para os indutivistas, a confirmação e a verificação empíricas de uma teoria garantem o rigor e a cientificidade dessa teoria; para Popper, a possibilidade de falsificação da teoria constitui o critério de cientificidade. 4. As duas perspetivas defendem que as teorias científicas devem ser avaliadas através da realização de testes para as refutar. NCON11LP_20134683_F07_4PCimg.indd 111 3/12/14 3:53 PM
  • 29. 112 Testes de avaliação e sugestões de resposta NCON11LP­ © Porto Editora Deve afirmar-se que o(s) enunciado(s): A. 1, 2 e 3 são corretos; 4 é incorreto; B. 1 e 4 são corretos; 2 e 3 são incorretos; C. 1, 2 e 4 são incorretos; 3 é correto; D. 3 é incorreto; 1, 2 e 4 são corretos. 1.5. Para Popper as teorias científicas são: A. refutáveis e conjeturais; B. refutáveis e confirmáveis; C. confirmáveis e corroboráveis; D. refutáveis e verificáveis. 1.6. Kuhn entende por ciência normal: A. a fase de mudança e aceitação de um novo paradigma pela comunidade científica; B. a fase de questionamento dos pressupostos e fundamentos do paradigma vigente, de debate sobre a manutenção do paradigma (velho) ou a escolha de um novo paradigma; C. a fase de tomada de consciência da insuficiência do paradigma vigente para explicar todos os factos ou anomalias; D. a fase da atividade científica que ocorre no âmbito de um dado paradigma aceite pela comunidade científica, em que se procede à resolução de enigmas (quebra-cabeças) de acordo com a aplicação dos princípios, regras e conceitos do paradigma vigente. 1.7. Para Kuhn, a ciência entra em crise quando: A. surge uma anomalia; B. ocorre uma revolução; C. a ciência normal se desenvolve e cria novos problemas; D. não se consegue resolver as anomalias persistentes. 1.8. Kuhn contribui para a definição de uma nova racionalidade científica ao afirmar que o desen- volvimento da ciência: A. depende de fatores históricos, sociológicos e psicológicos; B. é independente de fatores históricos, sociológicos e psicológicos; C. depende exclusivamente de fatores subjetivos; D. depende exclusivamente de fatores objetivos. GRUPO II 1. «Se dizemos que hoje em dia sabemos mais que Xenófanes ou Aristóteles, provavelmente isso está errado, se acaso interpretarmos“saber”em sentido subjetivo. Provavelmente cada um de nós não sabe mais, mas sabe antes outras coisas. Trocámos certas teorias, certas hipóteses, certas conjeturas por outras, muitas vezes melhores: melhores no sentido de estarem mais próximas da verdade.» Karl Popper (1987), Sociedade Aberta, Universo Aberto, Lisboa, Publicações Dom Quixote, p. 105. Explique em que medida a epistemologia de Popper contribuiu para uma redefinição da racionali- dade científica. NCON11LP_20134683_F07_Cimg.indd 112 3/14/14 2:17 PM
  • 30. Testes de avaliação e sugestões de resposta 113 113 NCON11LP­ © Porto Editora Testes 2. «[Kuhn constatou que] expressões comuns, como o termo“massa”utilizado por Newton e Einstein, têm efetivamente significados muito diferentes.» Michael Ruse (2002), O Mistério de Todos os Mistérios, V. N. Famalicão, Quasi, p. 37. Esclareça, no contexto da teoria de Kuhn, as noções de paradigma e de incomensurabilidade dos paradigmas. 3. Uma das críticas levantadas a Kuhn incide sobre a questão da incomensurabilidade dos paradigmas. Explicite-a. 4. Leia os seguintes textos: «A questão de como ocorre ao homem uma nova ideia – quer seja um tema musical, um conflito dramático ou uma teoria científica – pode revestir-se de grande interesse para a psicologia empí- rica; no entanto, é irrelevante para a análise lógica do conhecimento científico.» Karl Popper (2002), in Michael Ruse, O Mistério de Todos os Mistérios, V. N. Famalicão, Quasi, p. 34. «A escolha [entre paradigmas rivais] não é, nem pode ser, determinada meramente pelos procedi- mentos de avaliação característicos da ciência normal, pois estes dependem, em parte, de um paradigma específico, e esse paradigma está em causa. Quando os paradigmas são incluídos, como devem, num debate de escolha entre paradigmas, o seu papel é necessariamente circular. Cada grupo utiliza o seu próprio paradigma para argumentar em defesa do próprio.» Thomas Kuhn (2002), in Michael Ruse, O Mistério de Todos os Mistérios, V. N. Famalicão, Quasi, p. 37. Elabore um texto argumentativo no qual distinga sustentadamente as conclusões de Karl Popper e de Thomas Kuhn no que se refere à filosofia da ciência (ou epistemologia). Deverá, para o efeito, atender à reflexão que cada um elaborou a respeito dos seguintes aspetos: • Os critérios utilizados na escolha de teorias (ou paradigmas) científicas. • O progresso da ciência. • A objetividade do conhecimento científico. COTAÇÕES GRUPO I 1. 1.1. ........................................................... 7,5 pontos 1.2. ........................................................... 7,5 pontos 1.3. ........................................................... 7,5 pontos 1.4. ........................................................... 7,5 pontos 1.5. ........................................................... 7,5 pontos 1.6. ........................................................... 7,5 pontos 1.7. ........................................................... 7,5 pontos 1.8. ........................................................... 7,5 pontos GRUPO II 1. .............................................................. 35 pontos 2. .............................................................. 35 pontos 3. .............................................................. 30 pontos 4. .............................................................. 40 pontos TOTAL ...................................................... 200 pontos NCON11LP_F08 NCON11LP_20134683_F08_4PCimg.indd 113 3/12/14 3:53 PM
  • 31. 114 Testes de avaliação e sugestões de resposta NCON11LP­ © Porto Editora CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 9 GRUPO I 1. 1.1. A 1.2. C 1.3. C 1.4. C 1.5. A 1.6. D 1.7. D 1.8. A GRUPO II 1. Tradicionalmente, a racionalidade científica encon- trava-se associada às noções de «objetividade», «neutrali- dade», «verdade certa, necessária e universal» e «demonstração». As correntes positivista e neopositivista contribuíram para essa visão da ciência como o modelo único do conhecimento verdadeiro e objetivo. Atualmente, assistimos a uma redefinição da racionali- dade científica. Graças ao contributo de novas perspeti- vas epistemológicas, como o falsificacionismo de Popper, as teorias científicas não são tidas como definitivas, mas como modelos explicativos e provisórios da realidade (conjeturas). A crítica é o pilar central do trabalho cientí- fico e a garantia do escape à posição dogmática. Ao pro- curar detetar o erro (ou ao tentar falsificar as suas teorias), o cientista garante o aperfeiçoamento do conhecimento científico, no sentido de uma tentativa de aproximação à verdade. A nova racionalidade científica não se baseia na ideia de uma verdade absolutamente certa, universal e necessária; apenas admite a possibilidade de haver teorias mais ou menos verosímeis e mais ou menos plausíveis que procu- ram explicar corretamente os factos. 2. Para Kuhn, o desenvolvimento da ciência está depen- dente de um paradigma ou modelo científico, isto é, de um conjunto de teorias, factos, crenças e conhecimentos, regras, técnicas e valores, compartilhados e aceites pela maioria dos cientistas. Dizer-se que os paradigmas são incomensuráveis equivale a afirmar que são incompará- veis e incompatíveis. Não se pode comparar objetiva- mente aquilo que cada paradigma defende, dado que eles correspondem a formas totalmente diferentes de explicar e prever os fenómenos. Como o texto mostra, há termos que, quando integrados em diferentes paradig- mas, remetem para significados distintos. Dado que cada paradigma corresponde a um modo qua- litativamente diferente de olhar o real, a verdade que cada um contém está circunscrita ao que nele se deter- mina. Cada paradigma é uma representação do real. 3. Uma vez que os paradigmas são incomensuráveis, cada paradigma representa um modo totalmente diferente de encarar os problemas e propor as soluções. Dois paradig- mas rivais são mundos diferentes em que as mesmas coi- sas são entendidas de modos distintos. Neste sentido, não se pode aferir qual dos paradigmas em discussão contém mais verdade, porque esta é, em parte, inerente aos paradigmas em discussão. Kuhn foi criticado por ter instaurado uma visão relativista da ciência e uma perce- ção que acaba por ser subjetivista da verdade. 4. Para Popper, o critério utilizado na escolha de teorias (ou, para usarmos a terminologia de Kuhn, de paradig- mas) científicas é o critério da falsificabilidade. São os contraexemplos que, depois de sujeitos à experimenta- ção e de atestada a sua verdade, determinam a escolha de teorias rivais. Para Kuhn, o critério em causa é, em parte, interior aos paradigmas. Além de critérios objetivos como a exatidão, a consistência, o alcance, a simplicidade e a fecundidade, há aspetos de ordem psicológica que interferem na referida escolha. Para Popper, a ciência claramente progride. As teorias substitutas têm maior grau de correspondência à reali- dade, enquanto as teorias substituídas se encontram mais distantes dela. Para Kuhn, o progresso da ciência não pode ser entendido da mesma maneira. Sendo os paradigmas incomensuráveis, não se pode afirmar que a ciência progride no sentido de uma maior aproximação à verdade. A mudança de paradigma não significa necessa- riamente progresso cumulativo e contínuo em direção a um fim (a verdade). No entanto, também não podemos dizer que a ciência não se desenvolve. Kuhn destaca dois momentos fundamentais para explicar como ela evolui: na fase da produção científica normal (ciência normal) e na das revoluções científicas (que permitem a mudança de paradigmas). Por último, no que se refere à objetividade do conheci- mento científico, Popper é dela um absoluto partidário. A ideia de“conhecimento sem conhecedor”advogada por Popper é exemplificativa de que, na sua perspetiva, o conhecimento científico não se confunde com o sujeito que o produz; é independente do sujeito e do contexto – e daí a relevância, como o texto sugere, da «análise lógica do conhecimento científico». A validação das teorias obe- dece ao critério da falsificabilidade, e este garante a sua cientificidade. Alicerçada na lógica, a ciência pode aspirar ao rigor e à objetividade. Para Kuhn, pelo contrário, o conhecimento depende, em parte, do sujeito – de um sujeito integrado numa comunidade científica. Além de fatores objetivos, há também aspetos subjetivos que interferem na avaliação e na decorrente escolha de teo- rias rivais, o que compromete a objetividade da ciência. Como Kuhn afirma, «cada grupo utiliza o seu próprio paradigma para argumentar em defesa do próprio». Dependente de critérios subjetivos, a ciência vê hipote- cada a sua objetividade. Apesar do exposto, para nenhum dos autores a ciência é um conhecimento certo e indubitável. Para Popper, sendo a tentativa de falsificação o procedimento-base, nenhuma teoria pode ser tomada como definitiva e abso- lutamente certa. Para Kuhn, sendo a mudança na ciência pautada por critérios, em parte, subjetivos, a certeza, ou indubitabilidade, não a pode caracterizar. NCON11LP_20134683_F08_4PCimg.indd 114 3/12/14 3:53 PM
  • 32. Testes de avaliação e sugestões de resposta 115 115 NCON11LP­ © Porto Editora Testes TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 10 A Filosofia e os outros saberes GRUPO I 1. Indique, para cada questão, a opção correta. 1.1. A conceção de verdade como correspondência foi sobretudo defendida por: A. Perelman; B. Aristóteles; C. William James; D. Heidegger. 1.2. As bases da teoria da verdade como consenso encontram-se em: A. Perelman, J. Habermas e K.-O. Apel. B. Platão, J. Habermas e K.-O. Apel. C. Perelman, Heidegger e K.-O. Apel. D. William James, J. Habermas e Karl Popper. 1.3. Hegel encara a verdade como: A. coerência; B. processo; C. consenso; D. perspetiva. 1.4. A transferência dos métodos de uma disciplina para outra diz respeito à: A. interdisciplinaridade; B. disciplinaridade; C. transdisciplinaridade; D. pluridisciplinaridade. 1.5. A visão transdisciplinar propõe-nos que consideremos a realidade como: A. multidimensional, estruturada num único nível; B. unidimensional, estruturada em múltiplos níveis; C. multidimensional, estruturada em múltiplos níveis; D. unidimensional, estruturada num único nível. GRUPO II 1. O conceito de «verdade» é, no domínio filosófico, um conceito unívoco? Justifique. 2. Refira a principal diferença entre a verdade como correspondência e a verdade como coerência. 3. Critique as conceções tradicionais de «verdade» e de «realidade» à luz das conceções contemporâ- neas. NCON11LP_20134683_F08_4PCimg.indd 115 3/12/14 3:53 PM
  • 33. 116 Testes de avaliação e sugestões de resposta NCON11LP­ © Porto Editora 4. «Fala-se hoje muito da importância de uma“visão de conjunto”e de um“esforço de síntese”. Atitu- des consideradas necessárias para superar os grandes problemas do mundo moderno. Infeliz- mente, não nos parece que a educação que recebemos nos tivesse preparado para tanto. Basta pas- sar os olhos pela lista das disciplinas universitárias: fragmentam a natureza em outros tantos compartimentos estanques.» Joël de Rosnay (s/d), Macroscópio – para uma visão global, V. N. de Gaia, Estratégias Criativas, p. 13. Justifique, a partir do texto, a necessidade de uma racionalidade pluridisciplinar e transdisciplinar. GRUPO III 1. «Os avanços científico-técnicos verificados desde há uns decénios – muito especialmente no domí- nio da genética e da fetologia – têm ampliado notavelmente o campo da bioética.» R. Cabral (1997),“Bioética”, in AAVV, Logos – Enciclopédia Luso-Brasileira de Filosofia, vol. 1, Lisboa, Editorial Verbo, p. 686. Desenvolva, com base na afirmação, e de forma argumentada, o seguinte tema: A bioética e a racio- nalidade pluridisciplinar e transdisciplinar. No desenvolvimento do tema, deve apresentar o seu ponto de vista pessoal sobre a possibilidade de a racionalidade pluridisciplinar e transdisciplinar servir o propósito prático de resolução das grandes questões do nosso tempo, nomeadamente das questões da bioética. COTAÇÕES GRUPO I 1. 1.1. ........................................................... 7 pontos 1.2. ........................................................... 7 pontos 1.3. ........................................................... 7 pontos 1.4. ........................................................... 7 pontos 1.5. ........................................................... 7 pontos GRUPO II 1. .............................................................. 30 pontos 2. .............................................................. 30 pontos 3. .............................................................. 30 pontos 4. .............................................................. 30 pontos GRUPO III 1. .............................................................. 45 pontos TOTAL ...................................................... 200 pontos NCON11LP_20134683_F08_4PCimg.indd 116 3/12/14 3:53 PM
  • 34. Testes de avaliação e sugestões de resposta 117 117 NCON11LP­ © Porto Editora Testes CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 10 GRUPO I 1. 1.1. B. 1.2. A. 1.3. B. 1.4. A. 1.5. C. GRUPO II 1. Não, no domínio filosófico, o conceito de «verdade» tem sofrido vários enquadramentos e interpretações, constituindo um problema filosófico por excelência. Ora se entende a verdade no seu sentido ontológico tradicio- nal, ora como coerência, ora ainda em sentido pragmá- tico. A verdade pode ainda ser considerada uma forma de consenso ou apenas uma perspetiva de entre várias pos- síveis. Existem, para além destas, outras conceções de «verdade», o que nos leva a concluir que o conceito de «verdade» é plurívoco em filosofia. 2. A verdade como correspondência diz respeito a uma relação adequada entre a proposição (a crença) e a reali- dade, ao passo que a verdade como coerência diz res- peito à relação das crenças entre si e não à sua relação com algo independente da mente ou do discurso. 3. Os conceitos tradicionais de «verdade» e de «realidade» foram postos em causa, pois contemporaneamente admite-se que a realidade é multidimensional, está em permanente devir ou mudança. Sendo assim, a própria noção de verdade, que está dependente da que se tem de realidade, sofre igualmente alterações. Hoje admite-se que existem várias verdades (carácter plurívoco da ver- dade), isto é, que não existe uma verdade universal, mas sim uma verdade para nós. Tal traduz-se no reconheci- mento da relatividade e subjetividade da verdade. Além disso, entende-se que a verdade está sujeita à influência do tempo (aquilo que é verdadeiro hoje pode não o ser amanhã), da cultura e da sociedade. Admitem-se, final- mente, graus de verdade, aproximações gradativas e/ou probabilísticas. 4. A realidade mostra-se diversa e é bastante limitado o conhecimento que dela podemos retirar. Cada saber, ou cada configuração do real, apreende apenas uma das suas múltiplas dimensões, obtendo, portanto, uma visão parcelar da totalidade. Assistimos, por um lado, a uma excessiva especialização das ciências e, por outro, a uma separação dos saberes científicos relativamente aos que o não são. Tal panorama conduziu a uma visão fragmen- tada e retalhada da realidade. De facto, se as diversas dis- ciplinas se encontram isoladas e fechadas nas suas fron- teiras cada vez mais delimitadas, os conhecimentos adquiridos não são reunidos e integrados numa visão global que lhes dê sentido e coerência. Daí a dificuldade de encontrar uma“visão de conjunto”. É por isso que, con- temporaneamente, se reconhece a necessidade e a exi- gência de uma racionalidade pluridisciplinar e transdisci- plinar. GRUPO III 1. No desenvolvimento deste tema, deverá o aluno: – reconhecer que a bioética, ligada aos «avanços cien- tífico-técnicos», se situa numa zona de interseção de saberes, nomeadamente das tecnociências (sobretudo a biologia e a medicina), das humanida- des (filosofia, ética, teologia, psicologia, antropolo- gia), ciências sociais (economia, politologia, sociolo- gia) e doutras disciplinas, como o direito; – salientar o papel da transdisciplinaridade na com- preensão do mundo atual, para a qual um dos imperativos é a unidade do conhecimento; – reconhecer o significado do conhecimento com- plexo, aliado à ideia de realidade como um tecido complexo; – apresentar o seu ponto de vista pessoal, devida- mente argumentado, sobre a possibilidade de a racionalidade pluridisciplinar e transdisciplinar ser- vir o propósito prático de resolução das grandes questões do nosso tempo, servindo-se do exemplo de questões ligadas à bioética. NCON11LP_20134683_F08_4PCimg.indd 117 3/12/14 3:53 PM
  • 35. 118 Testes de avaliação e sugestões de resposta NCON11LP­ © Porto Editora TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 11 A Filosofia na cidade GRUPO I 1. Indique, para cada questão, a opção correta. 1.1. No contexto da democracia ateniense antiga, os cidadãos eram: A. os homens livres e os escravos; B. todos os homens e mulheres, livres ou não; C. todos aqueles que se dedicavam à filosofia; D. os homens livres, participantes nas decisões públicas da cidade; 1.2. Para os gregos: A. o espaço público sobrepõe-se ao espaço privado; B. o espaço público não se distingue do espaço privado; C. o espaço privado permite ao ser humano a realização plena da sua natureza; D. o espaço privado é mais importante que o público, porque se encontra ligado ao sustento individual. 1.3. A tarefa da reflexão política é a de tentar conciliar as exigências pessoais e individuais com as exigências: A. coletivas; B. familiares; C. da classe social a que se pertence; D. do partido político a que se pertence. 1.4. A obra A República foi escrita por: A. Aristóteles; B. Hannah Arendt; C. Platão; D. John Locke. 1.5. Equivale à condição daquele que tem liberdades públicas, gozando de certos direitos, e que, por outro lado, cumpre os deveres sociais definidos na lei. Estamos perante a definição de: A. tolerância; B. cidadania; C. igualdade; D. obediência. 1.6. Alguém que tem uma convicção é alguém que: A. é necessariamente intolerante; B. segue uma ideia sabendo por que razões o faz; C. é necessariamente tolerante; D. segue uma ideia sem saber por que razões o faz. NCON11LP_20134683_F08_4PCimg.indd 118 3/12/14 3:53 PM
  • 36. Testes de avaliação e sugestões de resposta 119 119 NCON11LP­ © Porto Editora Testes GRUPO II 1. Explicite a importância do espaço público para os gregos dos séculos V e IV a. C. 2. Refira qual o problema central que subjaz às diferentes conceções políticas desenvolvidas ao longo da história. 3. Exponha os princípios fundamentais que se encontram na base do trabalho dos filósofos e politólo- gos (ocidentais) atuais. 4. Estabeleça a diferença entre «tolerância» e «intolerância» ao nível da necessidade de resolver confli- tos nas sociedades democráticas atuais. GRUPO III 1. «Onde quer que o diálogo foi interrompido, eclodiram os conflitos – quer na esfera pública quer pri- vada. Onde quer que as conversações falharam, instaurou-se a repressão e imperou a lei do mais forte, das elites e dos mais inteligentes.» Hans Küng (1996), Projeto para uma Ética Mundial, Lisboa, Instituto Piaget, p. 186. Desenvolva, com base na afirmação e de forma argumentada, o seguinte tema: O diálogo como via de construção da cidadania. Deve, para o efeito, apresentar o seu ponto de vista pessoal e os argumentos que o suportam, e ter em conta as perspetivas de Apel, Habermas e Rawls relativas a esta temática. COTAÇÕES GRUPO I 1. 1.1. ........................................................... 5 pontos 1.2. ........................................................... 5 pontos 1.3. ........................................................... 5 pontos 1.4. ........................................................... 5 pontos 1.5. ........................................................... 5 pontos 1.6. ........................................................... 5 pontos GRUPO II 1. .............................................................. 30 pontos 2. .............................................................. 30 pontos 3. .............................................................. 30 pontos 4. .............................................................. 30 pontos GRUPO III 1. .............................................................. 50 pontos TOTAL ...................................................... 200 pontos NCON11LP_20134683_F08_4PCimg.indd 119 3/12/14 3:53 PM