O documento discute diferentes teorias sobre a natureza da inteligência. A teoria de Spearman defende que a inteligência é uma capacidade geral subjacente, enquanto Thurstone argumenta que existem várias capacidades intelectuais distintas. A teoria das inteligências múltiplas de Gardner sustenta que existem vários tipos de inteligência independentes.
1. Inteligência
Capacidade que, mediante
diversas competências, nos
permite uma adaptação bem
sucedida ao meio.
Inteligência
conceptual
Capacidade de resolver pro-
blemas mediante conceitos e
símbolos abstratos. A inteli-
gência concetual, uma vez
que os conceitos se expri-
mem através de palavras, é
dita inteligência verbal. A
inteligência concetual tam-
bém está envolvida na reso-
lução de problemas práticos.
Inteligência prática
Capacidade de resolver pro-
blemas mediante atos mo-
tores, criação e adaptação de
instrumentos.
3. A inteligência
Marilyn Mach foi a pessoa que, até hoje, obteve o resultado mais
alto no teste de inteligência de Stanford-Binet. Aos 10 anos obteve um QI
de 230. Cerca de 30 pontos mais do que o rival mais próximo. Note-se
que uma pessoa com um QI de 116 pertence à classe dos 16% mais dota-
dos de toda uma população. Marilyn descende do filósofo e físico aus-
tríaco Ernst Mach. Frequentou alguns cursos superiores, mas não tem
nenhum título académico. É uma escritora criativa, publicou cerca de 12
livros e 3 peças. Vive com o seu marido em Nova Iorque, onde escreve
uma coluna num jornal, dá conferências sobre a inteligência e interessa-
-se muito por outras atividades.
Consideremos agora o Dr. Robert Jarvick, o famoso inventor do
coração artificial Jarvick. Combinando conhecimento médico e génio
mecânico, produziu o primeiro coração artificial eficaz. Mas o seu per-
curso não foi fácil. Nos testes de inteligência e de admissão às escolas de
Medicina dos Estados Unidos, obteve baixas pontuações. Formou-se em
Itália. Regressou aos Estados Unidos para a prática médica e construiu o
mecanismo que mantém vivos muitos doentes do coração, enquanto
aguardam que um transplante possa ser feito. O Dr. Jarvick, se o quiser,
poderá aprender a pontuar mais nos testes de inteligência. A sua mulher,
Marilyn Mach, pode muito bem ensiná-lo.
Esta história fala-nos de duas pessoas bem dotadas de inteligência. A
criação, por Jarvick, de um coração artificial exigiu habilidade mecânica, mas
não podemos reduzir o seu ato a uma manifestação de inteligência prática: não
há dúvida de que a elevada complexidade de tal engenho exige o uso eficaz
de muitas noções científicas, abstratas, e a elaboração de cálculos próprios
de uma inteligência concetual bem dotada. No entanto, é evidente que as
capacidades de realização da inteligência concetual de Jarvick e da esposa se
concretizam de maneira muito diferente, sugerindo que outras distinções
devem ser feitas.
A inteligência é um processo de adaptação bem sucedida às situa-
ções do meio. A definição que apresentamos é bastante geral – a inteligência
como processo de adaptação às situações do meio – e, embora amplamente
aceite, deve ser especificada. O que subjaz a este processo, ou melhor, o que
implica ele? Várias capacidades tais como: resolver problemas práticos e abs-
tratos (em ambos os casos, em maior ou menor grau, é solicitada a capacida-
de de raciocínio abstrato); aprender com a experiência; adaptação a situa-
ções relativamente novas.
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2. Podemos agora tentar uma definição mais concreta: a inteligência será
a capacidade que, mediante a resolução de problemas práticos e abstratos,
nos permite aprender com a experiência e efetuar uma adaptação bem suce-
dida ao meio, enfrentando de modo eficaz os desafios que este apresenta.
3.1. Temos uma inteligência
ou várias inteligências?
A inteligência é uma capacidade global? Ou há múltiplas espécies de inte-
ligência que não se deixam reduzir a uma capacidade comum? Há várias inteli-
gências separadas uma das outras de modo que a fraca competência nas áreas
linguística e matemática não impede que possamos ser considerados inteligentes?
3.1.1. Charles Spearman: a inteligência
como capacidade geral (o fator G)
É habitual citar Spearman (1863-1945) como tendo sido o primeiro a
procurar responder àquelas questões por meios científicos. Apresentou uma
resposta baseada em testes, desencadeando assim a investigação propria-
mente científica do problema da composição da inteligência.
Há duas ideias centrais no pensamento de Spearman:
? A inteligência é uma capacidade unitária subjacente a todas as
nossas capacidades intelectuais;
? Uma pessoa tende a manifestar o mesmo grau de inteligência em
diferentes áreas.
Esta teoria não diz, claro, que as pessoas manifestam o mesmo grau de
sucesso em todas as áreas ou em todas as suas atividades. Não podemos
esquecer que outros importantes fatores – treino, motivação… – explicarão
os diferentes graus de sucesso obtidos, na mesma tarefa, por pessoas que
supostamente tenham o mesmo grau de inteligência. Os testes deverão ser
capazes de abstrair desses outros fatores.
A inteligência, de acordo com Spearman é uma capacidade global seme-
lhante em todas as pessoas e que, de pessoa para pessoa, só difere em grau.
Essa capacidade unitária é o fator G (de geral). Na sua teoria da inteligência,
Spearman também incluiu a existência de fatores S (fatores mais específicos),
mas deu-lhes pouca relevância.
Como defendeu Spearman a sua teoria? Mediante uma abordagem
psicométrica.
Considerou que um teste de inteligência deveria ser composto por vá-
rios subtestes, incidindo em áreas ou competências diferentes. Desse modo,
o teste seria capaz de detetar o desempenho da inteligência em atos que
reclamassem operações distintas. Para o estudo dos resultados dos testes,
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3. Spearman recorreu à análise fatorial, uma técnica estatística que permite
detetar correlações entre os resultados de diferentes testes.
Spearman verificou que as pessoas mais bem sucedidas em um sub-
teste obtinham, em regra, bons resultados em outros subtestes. Nesta base,
Spearman concluiu que os subtestes dariam conta de algo comum: a capaci-
dade geral (o fator G) que estaria envolvida em todas as diferentes opera-
ções requeridas por todos os subtestes.
No entanto, a correlação entre os subtestes não era perfeita. Spearman
explicou as ilações pela intervenção de fatores S (fatores específicos), os
quais, porém, seriam muito menos influentes nos resultados finais.
3.1.2. L. L. Thurstone: a teoria ou conceção
multifatorial da inteligência
Dez anos depois de Spearman ter publicado os seus resultados,Thurs-
tone (1887-1955) desvalorizou amplamente a hipótese de um fator G.
Aplicando o método fatorial com uma maior variedade de subtestes,
Thurstone detectou diferenças de desempenho que o levaram a desvalorizar
o fator G e a destacar a existência de sete capacidades ou aptidões mentais
básicas.À luz desta teoria, é possível defender-se que uma pessoa pode atingir
resultados elevados numa área que exija um maior desempenho de uma das
aptidões mentais básicas (como a aptidão numérica) e obter baixo rendimento
em outras (como a rapidez de perceção).
De acordo com a sua teoria,Thurstone criticou os testes de inteligência
destinados a apurar o QI (coeficiente de inteligência). A escala do QI em uso,
critica Thurstone, depende da sobrevalorização do fator G. Propôs a substi-
tuição da escala de QI por um perfil das capacidades intelectuais que mostrasse
os níveis atingidos pelos sujeitos em cada uma das sete capacidades básicas.
EXEMPLOS
APTIDÕES MENTAIS
PRIMÁRIAS
Identifica sinónimos;
compreende, pelo contexto, o significado de palavras desconhecidas.
Fala e escreve de forma clara e bem articulada;
domina a linguagem oral e escrita.
Capacidade para efetuar cálculos numéricos.
Identifica figuras geométricas de diferentes perspetivas;
calcula intuitivamente dimensões e distâncias.
Recorda nomes em contextos apropriados.
Deduz, induz e estabelece analogias apropriadas.
Identifica semelhanças e diferenças entre objetos.
Compreensão verbal
Fluência verbal
Aptidão numérica
Relações espaciais
Memória
Raciocínio
Rapidez de perceção
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4. 3.1.3. Howard Gardner: a teoria
das inteligências múltiplas
Howard Gardner sugeriu que a inteligência era
mais vasta do que as aptidões verbais e matemáticas
medidas pelos testes de inteligência tradicionais
(testes psicométricos). Preferiu o estudo de casos de
indivíduos especiais à abordagem psicométrica
da inteligência. Um grupo de indivíduos raros que
atraiu a sua atenção foi o dos denominados «idiotas
sábios». Estes indivíduos nascem com uma condi-
ção que retarda o seu desenvolvimento em muitos
campos intelectuais, mas – sem treino especial –
manifestam aptidões superiores numa área como o
cálculo mental ou a aptidão artística. São casos importantes porque uma
aptidão excecional numa dada área coexiste com um QI baixo. Têm uma bai-
xa inteligência geral, mas uma elevada competência numa particular ativida-
de intelectual. Tais casos deitam por terra o fator G enquanto capacidade
geral que subjaz a todas as nossas capacidades intelectuais específicas.
Baseado em evidências como estas e em casos de crianças talentosas
em raciocínio lógico, mas com dificuldades de aprendizagem da linguagem,
por exemplo, o psicólogo americano construiu a sua teoria das inteligências
múltiplas, cada uma das quais independente da outra. Esta teoria parece
uma reedição da conceção de Thurstone, mas, além de não se basear na aná-
lise fatorial (que suporia a utilização de testes psicométricos), sustenta que
zConsultar a página Web
intitulada Inteligências Múl-
tiplas em:
http://www.adur-rj.org.br
/5com/pop-up/multi
plas_inteligencias.htm
e ver os vídeos Enigmas del
Aprendizage: Inteligencias
Múltiples, Gardner, H., e
Teoria Inteligencias Multi-
ples no YouTube.
Os gémeos George e Charles, sobredotados em cálculo numérico e cujo QI se situa, contudo, entre
40 e 70.
Howard Gardner.
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5. as inteligências múltiplas são tipos de intelecto separados. Segundo alguns
intérpretes da teoria das inteligências múltiplas, esta sugere que cada inteli-
gência separada pode eventualmente ser encontrada em áreas distintas (mó-
dulos) do cérebro. Este teria evoluído formando tais módulos neuronais para
se adaptar a um meio complexo e multifacetado.
Embora já tenha enumerado nove tipos de inteligência, habitualmente,
são apresentadas as 7 seguintes:
•Inteligência lógico-matemática – Competência em matérias
de natureza lógico-abstrata, em estabelecer relações entre obje-
tos e abstrações, dominando os princípios nos quais elas se ba-
seiam. Matemáticos, filósofos e cientistas em geral ilustram este
tipo de inteligência: Albert Einstein, Galileu, Newton, Carl Fredrich
Gauss, Stephen Hawking, Leibniz, Descartes, Platão, etc.
•Inteligência espacial – Aptidão para a perceção precisa do mun-
do visível, para modificar e transformar as perceções, recriando
as experiências visuais mesmo sem o apoio de estímulos físicos.
Utiliza-se correntemente quando decidimos mover-nos ou mo-
ver algo de um lugar para outro. Arquitetos, escultores, pintores,
cartógrafos, jogadores de xadrez, navegadores, representam
este tipo de inteligência: Miguel Ângelo, Picasso, Siza Vieira,
Bobby Fischer, Gary Kasparov, Gustave Eiffel.
•Inteligência musical – Competência em matéria de frequência,
ritmo e timbre, na composição e execução de obras musicais,
assim como também na sua audição. Estabelece ligações com a
inteligência linguística e espacial. Compositores, maestros,
intérpretes, representam este tipo de inteligência: Beethoven,
Mozart, Wagner, Verdi, Pierre Boulez, Paul MacCartney, Placido
Domingo, Jacques Brel, Carlos Paredes, Leonard Bernstein, Her-
bertVon Karajan, Pedro Abrunhosa, MadreDeus.
•Inteligência corporal-cinestésica – Competência no controlo e
harmonização dos movimentos do corpo e capacidade de orien-
tação e manipulação de objetos. Bailarinos, atores, atletas,
representam este tipo de inteligência: Rudolf Nureyev, Michael
Jordan, Maradona, Johann Cruyff, Sergey Bubka, Marcel Mar-
ceau, Al Pacino, Bette Davis, Cristiano Ronaldo, Messi.
•Inteligência linguística – Domínio da linguagem e das pala-
vras, capacidade de exploração das suas múltiplas potencialida-
des. Leem e escrevem bem e também de forma criativa. Poetas,
escritores e linguistas são os seus representantes ilustres:
Camões, Pessoa, Camilo Pessanha, Eça de Queiroz, Garrett,
Chomsky, Saramago, Miguel SousaTavares, Fernand Braudel.
•Inteligência intrapessoal – Aptidão para se compreender a si
mesmo, para se observar e analisar a si próprio, descrevendo os
seus estados de alma, determinando com precisão sentimentos
e outras situações mentais. Psiquiatras e homens de religião.
Freud é um bom exemplo deste tipo de inteligência.
•Inteligência interpessoal – Capacidade de compreender, de se
identificar com os outros e de comunicar com eles. Inteligência
presente nos políticos em geral e em pessoas pertencentes a
diversas profissões. Gandhi é um bom representante deste tipo
de inteligência.
Além destas formas de inteligência,
Gardner refere ainda a inteligência
naturalista (reconhecimento e clas-
sificação dos objetos naturais) e a
existencial (compreensão das ques-
tões fundamentais da vida).
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6. Teoria triárquica
da inteligência
Uma teoria da inteligência
proposta por Sternberg e que
carateriza a inteligência como
uma capacidade composta
por habilidades analítico-
-abstratas, práticas e criativas
que nos ajudam a resolver
diversos problemas.
Inteligência
componencial
A capacidade de pensar ana-
lítica e abstratamente e de
processar informação de mo-
do eficaz.
Inteligência
experiencial
A capacidade de formular no-
vas ideias, de combinar com
rapidez factos e informações
aparentemente sem relação.
Inteligência
contextual
A capacidade de adaptação a
um meio cujas condições am-
bientais sofrem mudanças e a
capacidade de remodelar o
meio de acordo com os nos-
sos interesses de modo a ma-
ximizar os nossos trunfos
adaptativos e a minimizar as
nossas fraquezas.
3.1.4. Sternberg e a teoria triárquica
da inteligência
Imaginemos três pessoas. Joana obtém excelentes resultados em testes
de inteligência, em Matemática e em Física. João não tem bom desempenho
nesses desafios, mas tem grande capacidade criativa e artística. Miguel é um
rapaz que só fez a escolaridade básica, mas tem uma
grande capacidade para lidar com situações proble-
máticas da vida corrente, como, por exemplo, organi-
zar uma festa bem sucedida. Joana, dada a sua capa-
cidade analítica e o poder do seu raciocínio abstrato,
representa aquilo a que Sternberg chama inteligên-
cia componencial. João, dada a sua criatividade,
intuição e talento artístico, representa a inteligên-
cia experiencial. Miguel, dada a sua esperteza, por
assim dizer, representa a inteligência contextual.
A inteligência componencial designa a nossa capacidade para, através
da lógica e do raciocínio, resolver problemas e avaliar estratégias para resol-
ver problemas. É uma inteligência de tipo analítico. Os elementos inte-gran-
tes da inteligência componencial incluem a capacidade de adquirir, reter,
recuperar e transferir informações, de planear ações e tomar decisões, de
resolver problemas abstratos e concretos baseando-se no raciocínio lógico e
analítico e de transformar ideias em desempenhos.
A inteligência experiencial designa a capacidade de resolver novos
problemas rapidamente, mas também é próprio das pessoas dotadas neste
aspeto resolverem problemas familiares – é a chamada perícia – de uma for-
ma automática de modo a libertar a criatividade e a intuição para desafios
que as exigem.As pessoas que são capazes de reconhecer os aspetos centrais
de um problema com o qual se confrontam pela primeira vez têm intuição.
Se têm soluções originais e apropriadas para resolver esses problemas, reve-
lam criatividade. Sternberg, que, ao contrário de Gardner, não é frontalmente
contra os testes de QI, estima que estes deviam levar em conta a capacidade
de encontrar soluções para problemas novos – pensamento divergente –,
bem como a de resolver de modo rápido e automático – pensamento con-
vergente – tarefas bem conhecidas.
A inteligência contextual designa a capacidade de adaptação ao con-
texto sociocultural, às circunstâncias em que os indivíduos vivem. Sternberg
afirma que é o tipo de inteligência próprio das pessoas com uma assinalável
dose de senso comum e que sabem funcionar adequadamente no interior do
seu meio habitual. Um agricultor pode prever o tempo mediante a perceção
de mudanças no seu ambiente ou uma mulher que vive em Londres é capaz
de encontrar uma forma rápida de sair de um engarrafamento. Um estudan-
te com inteligência orientada para problemas abstratos e analíticos poderia,
Robert Sternberg.
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7. Pensamento
convergente
Tipo de pensamento em que
a resolução de problemas
consiste em encontrar uma
solução única de entre várias
alternativas.
Pensamento
divergente
Tipo de pensamento que en-
volve a criação de diferentes
soluções para um mesmo
problema ou em que o con-
teúdo da solução consiste
em dispor numa ordem nova
um conjunto de elementos.
zSegundo Guilford, o pen-
samento convergente, apesar
de lógico, é redutor e unívoco.
O pensamento divergente,
gerador de múltiplas solu-
ções para problemas ou de
uma solução nova, é flexível,
original e inventivo.
O pensamento divergente é
caraterístico de pessoas cria-
tivas. Distintos, estes dois ti-
pos de pensamento são com-
plementares porque, em vá-
rias situações, há apenas
uma solução correta possível
e noutras é necessário criar
uma forma original de resol-
ver problemas.
numa escola «voltada para os desportos», propor-se para fazer estatísticas
sobre atividades como o basquetebol e o futebol. Estas pessoas, exibindo
diferentes habilidades, são exemplos de um tipo de inteligência contextual: a
inteligência prática.
Para Sternberg, uma compreensão adequada da inteligência implica a
interação destas três dimensões. Por exemplo, a inteligência criativa exige o
trabalho em conjunto com as outras formas.Ter boas ideias, frescas e interes-
santes, não chega. É preciso saber pôr de parte ideias que não servem, sele-
cionar, exercendo o pensamento crítico e analítico. Há que pensar nas implica-
ções e consequências de novas ideias e antecipar possíveis problemas porque
nem todas as ideias novas são boas. É também necessário ter capacidade para
comunicar as novas ideias aos outros, «saber vendê-las», fazê-los acreditar ne-
las, o que exige inteligência prática, adaptada aos contextos sociais e culturais.
Sternberg não perfilha a ideia de que há várias inteligências separadas umas
das outras como Gardner. Para ele algumas das inteligências de Gardner são
meramente talentos que algumas pessoas possuem. Dá importância aos tipos
de inteligência que são importantes em muitas culturas. Não é esse o caso da
inteligência musical, mas será o caso das inteligências contextual e experiencial.
3.1.5. Cognição e emoção: a inteligência
emocional segundo Daniel Goleman
Segundo Daniel Goleman, um conceito de inteligência baseado somente
em capacidades cognitivas é demasiado redutor e limitado.Afirma que mesmo
pessoas com QI elevado não são necessariamente bem sucedidas na vida, fa-
zendo coisas que muitas vezes nos parecem disparatadas. Nada impede que
uma pessoa com excelentes resultados em testes de quociente intelectual
seja fraco estudante universitário e mau profissional. Goleman acredita que
estas situações desconcertantes derivam de falta de inteligência emocional.
Na verdade, boa parte das nossas acções são guiadas pelas nossas emoções
e não pelas nossas habilidades e competências intelectuais.
Segundo Goleman, a inteligência emocional é uma capacidade multifa-
cetada de adaptação ao meio. Quem é dotado de inteligência emocional tem
uma boa perceção dos seus estados emocionais, autocontrolo, um apurado
sentido de avaliação das suas capacidades, autoconfiança, flexibilidade na
adaptação às mudanças, capacidade de iniciativa e de inovação e gosto por
desafios cuja resolução esteja relativamente a o seu alcance. Um exemplo de
pessoa com inteligência emocional é a que, estabelecido um objetivo, o per-
segue razoavelmente, não transformando pequenos obstáculos em razões para
desistir. Determinação e autoconfiança realista são as palavras corretas para
caraterizar a pessoa com inteligência emocional. Não é necessário ser uma
pessoa intelectualmente brilhante para ter este tipo de inteligência. Na ver-
dade, há pessoas intelectual ou cognitivamente muito dotadas que, por falta
de automotivação e de autoconfiança, fracassam na vida.
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8. ATIVIDADE 5
Assinale as afirmações verdadeiras (V) ou falsas (F).
Justifique a sua opção.
1. Thurstone defendeu a existência de uma inteligência geral – o fator
G –, que, em grande parte inata, seria a base das nossas aptidões
intelectuais específicas.
2. Para Gardner, a inteligência é constituída por sete aptidões mentais
específicas independentes umas das outras.
3. Para Thurstone, a inteligência é constituída por sete aptidões men-
tais específicas independentes umas das outras. Uma vez que essas
capacidades são diferentes e em grande parte independentes, um
desempenho acima da média em raciocínio geral não implica um
resultado elevado em compreensão verbal (capacidade para com-
preender o significado das palavras) ou em rapidez percetiva.
4. Thurstone sugeriu que a inteligência era mais vasta do que as apti-
dões verbais e matemáticas.
5. Para Gardner, não há propriamente falando vários tipos de inteligên-
cia ou vários tipos de aptidões mentais, mas sim várias inteligências.
6. Segundo Gardner, para prevermos o possível desempenho de um
aluno numa prova de Literatura Portuguesa, teríamos de dar aten-
ção à sua capacidade de inteligência geral.
7. João sabe o que quer quanto ao seu futuro profissional e usa essa in-
formação para escolher o curso mais adequado às suas caraterísti-
cas. Revela, segundo Gardner, inteligência linguística.
8. Uma médica examina os sintomas do paciente e faz um diagnóstico
adequado. Revela inteligência espacial, de acordo com Gardner.
9. O diretor de uma empresa consegue mobilizar os seus empregados
para atingirem um grau de desempenho elevado, ao mesmo tempo
que propicia boas condições de trabalho e bons incentivos. Revela,
segundo Gardner, inteligência interpessoal.
10. Numa partida de futebol, um avançado cai 17 vezes em fora de
jogo. Revela falta de inteligência corporal-cinestésica.
11. A inteligência linguística é a capacidade de aprender línguas e de
usar a linguagem no plano escrito e oral.
12. Um jogador de futebol corre 50 metros para fazer um passe de
5 metros. Revela falta de inteligência interpessoal.
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