Este documento descreve um projeto educativo que leva alunos de várias idades a visitarem o Museu Nacional de Arte Antiga em Lisboa para estudar os biombos Namban do artista japonês Kano Domi. O projeto tem como objetivos fazer os alunos compreenderem o encontro entre culturas portuguesa e japonesa, enriquecer sua experiência estética e desenvolver suas habilidades sociais. Ele envolveria pesquisa, dramatizações, jogos e a produção de recursos digitais para apresentar aos demais visitantes do m
1. DA ESCOLA AO MUSEU: CRIATIVIDADE, ARTE E HISTÓRIA EM DESCOBERTA
MNAA/CFJS | 2011
Registo de Recurso Didático – Da Escola ao Museu
Título/Tema do trabalho:
“A Viagem”: o Presente Passado ou Reviver a Obra e Reanimar a Vida
Unidade: Designação da Unidade Didática (se aplicável):
3º Ciclo HST – Os Descobrimentos – Portugal e o Mundo (Encontro de Culturas). Secundário: Filosofia – Acção
Humana e os Valores. A diversidade cultural e o diálogo entre culturas. A dimensão estética. Cursos EFA-S, CP -
UFCD 5. Este trabalho será realizado segundo um modelo interdisciplinar.
Destinatários: Duração da atividade: Hipótese 1: uma sessão de 1h de visita Data de Entrega
Dos 12 aos 80 ao museu, 2 aulas para selecção orientada de materiais e para os 14-10-2011
alunos produzirem recursos, por exemplo, uma peça de teatro. O
Projecto final seria depois apresentado à comunidade escolar.
Hipótese 2: 1-5 aulas de preparação, uma sessão de 1h de visita
ao museu, 1 aula de apresentação e outra de avaliação final.
Introdução:
Identificação da obra de arte: Biombos Namban, atribuído a Kano Domi, Japão, (1539-1602) – Piso 2, sala 14 do
MNAA.
O biombo faz parte da chamada arte Namban, que inclui desde obras de pintura e escultura a mobiliário e objectos
de culto, produzidos no contexto da chegada dos portugueses ao Japão, entre os séculos XVI e XVII.
Com muitos pormenores simultaneamente trocistas e exuberantes, festivos e críticos, a pintura representa a
chegada da negra nau dos “namoban-jin”, incluindo aspectos descritivos e culturais “exóticos”, pitorescos e irónicos
dos “bárbaros do sul”, comerciantes ricos e missionários compenetrados e ainda retratos benévolos da população
nativa.
Tudo se passa como num filme ou peça de teatro: as cenas sucedem-se, dando-nos a sensação de movimento e
imprimindo dinamismo à obra.
Esta obra promove a viagem de gentes e de cultura, o encontro entre o mundo ocidental e o mundo oriental, tal
como visto pelos japoneses, que observam a confusão e alegria ocidentais, em contraste com a serenidade e
distanciamento orientais, numa visão global do mundo vista não pelos europeus, mas pelos japoneses.
O trabalho a desenvolver permitirá aos visitantes compreender que, o encontro entre duas civilizações tão distintas,
provoca impacto nos povos intervenientes.
Em Fernão Mendes Pinto, os Portugueses foram os primeiros europeus a chegar à ilha de Tanegashime, onde o
autor contacta pela primeira vez com o chá, e, em 1568, a Nagasáqui. Até então a cultura nipónica estivera
circunscrita aos contactos directos com a China.
Com a chegada dos portugueses surge uma ruptura com a situação anterior e também um novo estilo de
representação nos das pinturas dos biombos: de motivos sobretudo paisagísticos, passam a incluir figuras humanas
e relatos de acontecimentos.
Objetivos pedagógicos:
- Compreender o encontro de culturas, de mentalidades e civilizações, do passado-presente, do ocidente português
ao oriente japonês;
- Efectivar a visita pluridisciplinar e a passagem pelo museu, como ponte entre a escola e a vida;
- Enriquecer a experiência e a sensibilidade estética do aluno: o Museu como lugar privilegiado de Sentido e de
Vida;
- Desenvolver competências sociais dos alunos e ultrapassar estereótipos e preconceitos;
- Desenvolver o espírito de observação, de análise e de diálogo e partilha em torno da obra;
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Registo Final – Ação de Formação: Da Escola ao Museu – 2011
2. DA ESCOLA AO MUSEU: CRIATIVIDADE, ARTE E HISTÓRIA EM DESCOBERTA
MNAA/CFJS | 2011
- Estender, ampliar e variar os planos narrativos da obra de arte.
Ferramentas e Recursos:
Usar todos os meios possíveis para reconstruir a obra na sua complexidade vital, ao mesmo tempo universal e
singular:
- Explorar a obra e dela explicitar sensações, sentidos e relações;
- Montar instalações com projecção de imagens de objectos e ambientes temáticos interculturais (e.g., chá,
espingarda, aromas), de produções artísticas de Portugal/oriente, coevas e actuais (pintura, literatura, música,
cinema, arquitectura, origami), valorizando a obra perante todos os visitantes do Museu.
- Corporificar figuras e personagens, organizar dramatizações projectadas ou encenadas junto da obra (e.g.,
projecto “Gil Nô”), gerando um espaço envolvente nas visitas marcadas e de interacção com todo o público-alvo,
levando à descoberta da obra, a refletir sobre ela e a valorizá-la;
- Tocar música, declamar poesia ou literatura, em exemplos culturalmente representativos;
- Jogo “Caça ao Tesouro”, com um questionário, permitindo aos alunos descobrir outras peças museológicas
relacionadas com a obra e associadas à presença de Portugal no oriente.
Operacionalização:
No caso de grupos escolares, antes da visita ao museu, orientar atividades de pesquisa e recolha de dados.
Consoante os módulos ou temas a abordar, serão constituídos vários grupos de trabalho. Serão desenhadas várias
intervenções, tipo VTS, questionários e actividades lúdicas de exploração.
A organização da Visita de Estudo pode ser preparada em parceria com instituições com um acervo da cultura
nipónica (Museu do Oriente, Museu Gulbenkian).
Haverá lugar à produção de materiais: documentários, recursos digitais, texto para apresentação de uma peça de
teatro. No final, uma aula de balanço e avaliação das atividades.
Também no caso de grupos não escolares ou visitantes individuais, as atividades serão apresentadas ou exibidas
de acordo com planificações fundamentadas.
Avaliação:
Durante a elaboração do projeto contactámos 2 funcionários do museu que, após a explicação do recurso,
transmitiram uma opinião muito positiva.
Os alunos farão a sua avaliação numa ficha de auto-avaliação da visita, a ser enviada ao museu, que poderia
publicitar os comentários.
A avaliação também poderá ser feita por meio de respostas a um questionário, relatório da visita de estudo, grelha
de observação do trabalho de grupo, grelha de avaliação do produto final de cada grupo.
Mas sobretudo também se intentará:
- Promover a Viagem criativa, artística e histórica contida no tempo/espaço da obra;
- Imergir e envolver na obra como “espelho” da Realidade;
- Recuperar a integralidade manual, ideal e simbólica da Obra, como intermediária entre os Mundos das Culturas e
das Artes;
- Num diálogo entre as várias disciplinas estéticas, facultar condições para a captação de uma cultura de autênticos
valores universais, num encontro de mundos que, nas suas litanias e pavores, se continua penosamente a
empreender
Observações:
Todos os módulos e tipos de atividade serão pensados e adaptados ao perfil etário do visitante ou público-alvo.
A mostra final dos trabalhos dos alunos incluiria uma exposição ou Feira Cultural, com a projecção dos seus
trabalhos, a representação de peça de teatro, exibição de filmes e realização de workshops de arte
portuguesa/japonesa.
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3. DA ESCOLA AO MUSEU: CRIATIVIDADE, ARTE E HISTÓRIA EM DESCOBERTA
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Texto convertido pelo conversor da Porto Editora, respeitando o Acordo Ortográfico de 1990.
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