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ANÁLISE DOS PRONOMES “EU” E “NÓS” NOS DISCURSOS PÚBLICOS DO
PRESIDENTE GUINEENSE, JOSÉ MARIO VAZ
ANALYSIS OF THE PRONOUNS “I” AND “WE” IN THE PUBLIC SPEECHES OF
PRESIDENT GUINEENSE, JOSÉ MARIO VAZ
Alexandre António Timbane*
Emilson Mdame**
RESUMO: O ser humano é por natureza um produtor de discursos. A língua tem uma ordem própria e a
história tem o seu real afetado pelo simbólico (ORLANDI, 2009). O discurso político é mais complexo
porque passa por um julgamento ou é censurado por assessores e conselheiros antes de ser publicado. Por
isso fica escondida a realidade do indivíduo aparecendo em público as ideologias do grupo do qual o porta
voz pertence. A presente pesquisa analisou seis discursos do Presidente guineense José Vaz visando
explicar o uso dos pronomes ‘eu’ e ‘nós’ em discursos. Esses pronomes carregam significados linguísticos
que só podem ser explicados pela análise do discurso. Usando método bibliográfico/ documental se
observa que os discursos são elaborados tecnicamente e camuflam a realidade especialmente para a
camada populacional analfabeto (incluindo analfabetos funcionais). As análises fundamentam-se em
teorias sobre a Análise do discurso embasado em debates de Mikhail Bakhtin, Dominique Maingueneau,
Eni Orlandi, José Fiorin e Sírio Possenti. Na pesquisa se observa que há apagamento do “eu”
(personalidade individual) em prol da entidade “governo” e por vezes o “nós” se transforma em “povo
da Guiné-Bissau”, às vezes em “Governo”. Há nos discursos marcas de subjetividade que são traços de
quem não deseja ser explícito e compreensível. Num país com 59,9% de analfabetos (INE, 2018) não se
espera que os discursos elaborados sejam para essa camada populacional.
PALAVRAS-CHAVE: Discurso; Político; Análise; Pronomes; Sentido.
ABSTRACT: The human being is by nature a producer of speeches. Language has its own order and history
has its real affected by the symbolic (ORLANDI, 2009). Political discourse is more complex because it goes
through a judgment or is censored by advisors and counselors before it is published. That is why the reality
of the individual is hidden, appearing in public the ideologies of the group of which the spokesperson
belongs. The present research analyzed six speeches of Guinean President José Vaz aiming to explain the
use of the pronouns “I” and “we” in speeches. These pronouns carry linguistic meanings that can only be
explained by discourse analysis. Using a bibliographical / documentary method, it is observed that the
discourses are elaborated technically and camouflage reality especially for the illiterate population layer
(including functional illiterates). The analyzes are based on theories on discourse analysis based on
discussions by Mikhail Bakhtin, Dominique Maingueneau, Eni Orlandi, José Fiorin and Sírio Possenti. In
the research it is observed that there is a deletion of the “I” (individual personality) in favor of the
“government” entity and sometimes the “we” becomes “Guinea-Bissau people”, sometimes in
"Government". There are in the discourses marks of subjectivity that are traces of those who do not want
to be explicit and understandable. In a country with 59.9% of illiterates (INE, 2018) the elaborate
discourses are not expected to be for this population.
KEYWORDS: Speech; Political; Analyze; Pronouns; Sense.
Considerações iniciais
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A política faz parte do cotidiano de todas as sociedades por mais que sejam isolados
geograficamente das grandes cidades. As políticas públicas deveriam colocar como
prioridade, os desejos do povo, criando condições para que esse povo viva bem e tenha
as condições básicas de sobrevivência. A sociedade guineense tem grandes desigualdades
sociais resultantes da distribuição desigual das riquezas havendo uma minoria
populacional rica e a maioria pobre.
A língua tem sido um instrumento importante para a manipulação de ideologias criando
discursos bem elaborados com o intuito de alinhar a opinião pública. Falar em público
influencia os outros, chama atenção ou molda as formas de pensar sobre um determinado
assunto. Ninguém fala sem objetivo de persuadir de alguma forma. As estratégias
comunicativas são importantes para definir o valor do discurso e assim como os elementos
linguísticos a utilizar.
A presente pesquisa surge da observação atenta dos principais discursos proferidos pelos
diversos líderes da política da Guiné-Bissau que optam em preparar textos escritos para
depois fazer uma leitura pública usando a língua menos conhecida, a língua oficial
portuguesa. Sabendo das dificuldades que a maioria dos guineenses tem com relação à
língua portuguesa até que ponto o político garante que a sua mensagem chega ao
destinatário final que é o povo? Será que discursar numa língua desconhecida surta algum
efeito profundo para o povo que o elegeu? Será que discursar numa língua desconhecida
pela população não estaria camuflando a realidade? Porque razão em campanhas
eleitorais, os políticos guineenses recorrem às línguas locais ao invés da oficial? Esses
questionamentos nos ajudam a refletir profundamente sobre a relação político, língua e o
povo.
Em caso do uso do português, os seus discursos são acompanhados de intérpretes. Dá
para perceber que estas atitudes revelam que os políticos estão cientes das dificuldades
do uso do português por parte do povo. Sabe-se que em regimes democráticos como é o
caso da Guiné-Bissau, o povo é que elege os seus mandatários e cabe ao político prestar
contas das ações realizadas. Ao discursar (pós-eleição ou durante o mandato) com uso da
linguagem técnica e jurídica não há preocupação em fazer-se entender diante do povo.
Estes questionamentos foram motivadores para o desenvolvimento da presente pesquisa.
Como hipóteses avança-se a ideia de que os discursos do Presidente da República
camuflam as reais situações a ser resolvidas através do uso de pronomes pessoais da
primeira pessoa que confundem Ele (como pessoa física), Ele (pessoa jurídica=Governo).
Por outro lado, há uma sensação segundo a qual o Presidente se sente ‘parte do povo’ e
por vezes há um ‘distanciamento’. Desta forma, a pesquisa visa conhecer os valores (da
significação) que os pronomes “eu” e “nós” carregam nos discursos do Presidente.
Especificamente, discutiremos as teorias da análise do discurso fundamentando com os
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teóricos da área; explicaremos os significados gramaticais dos pronomes em estudo e suas
conotações discursivas assim como identificar nos discursos traços dessa ambiguidade
interpretativa.
Espera-se que a pesquisa desperte interesse em análises mais profundas sobre os discursos
públicos na Guiné-Bissau como forma de compreender e decifrar as mensagens
destinadas ao povo. Nos nossos dias, os discursos são escritos de forma mais técnica e o
‘povão’ não chega compreender, sabendo que ele é o destinatário final. Uma vez que as
taxas de analfabetismo (real ou funcional) da população sãos elevadas na nossa sociedade,
os políticos se escondem por detrás dos discursos para melhor articular e provocar
nuances que instigam mil interpretações ou ainda anunciam promessas impossíveis e
ilógicas.
O personagem brasileiro, João Plenário criado e interpretado pelo humorista e cantor
Saulo Laranjeira, apresenta exatamente essa tendência, a de fazer com que certas
colocações não sejam entendidas pela maioria do povo. Segundo João Plenário deseja que
o povo se lasque todinho demonstrando claramente que em nada se interessa pelos
problemas do povo, mas sim pelas suas vantagens. É claro que nem todo político é assim,
há políticos honestos e compromissados com a causa pública, mas a maioria envereda por
caminhos da maldade. Esse programa humorístico de João Plenário é do Programa “A
praça é nossa” do Canal Televisivo SBT do Brasil.
1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA GUINÉ-BISSAU
A Guiné-Bissau é um país africano, localizado na Costa Ocidental de África limitado ao
Norte pela República do Senegal, a Leste e Sul pela República de Guiné Conakry e a
Oeste pelo Oceano Atlântico (INE, 2018). É um país lusófono sob o ponto de vista da
política e do planejamento linguístico (SEVERO, 2013) e crioulófono sob o ponto de
vista real e concreto uma vez que 90,4% da população fala o crioulo da Guiné-Bissau (ou
*língua guineense) como primeira língua e língua franca entre os diversos grupos éticos
falantes de diversos idiomas de origem africana (TIMBANE & MANUEL, 2018).
O português sendo língua segunda para 27,1% dos guineenses (THE WORLD
FACTBOOK, 2018) é a oficial do país embora essa determinação não esteja explícita na
Constituição da República da Guiné-Bissau (1996), que é a Carta mais importante de
qualquer nação. Não iremos discutir o mérito ou não da oficialidade através da
Constituição, mas apenas lamentar a perda da oportunidade de oficializar o crioulo pelo
fato de ser uma língua franca e de origem africana que iria alavancar a comunicação, não
apenas entre os guineenses, mas também com os senegaleses, cabo-verdianos e outros
povos, o que revela a internacionalização do crioulo no espaço africano.
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Para além do crioulo, os guineenses falam as línguas fula (16%), balanta (14%), mandinga
(7%), manjaco (5%), papel (3%), felupe (1%), beafada (0,7%), bijagó (0,5%), mancanha
(0,3%), nalu (0,1%), segundo Couto (2010, p.28-29) e a língua de sinais cuja percentagem
ainda é desconhecida, tal como se pode testemunhar no site do Instituto Nacional de
Estatística da Guiné-Bissau-INE (2018). A questão da língua de sinais da Guiné-Bissau
é a mais dramática porque o Estado pouco ou nada faz em prol da comunidade surda. O
ensino e uso desta língua no Aparelho do Estado ainda é um grande desafio que até
inexistem políticas públicas que protegem linguisticamente o surdo na justiça, na saúde,
no atendimento em instituições públicas, etc.
O português é a única língua oficial do país e é utilizado na burocracia do Estado, na
educação, na justiça e falada por populações alfabetizadas ou por aquelas que moram nos
grandes centros urbanos. Essa camada populacional utiliza o português com intuito de
obter sucessos no emprego e na educação. A maioria dos guineenses se comunica em
crioulo, que é a língua franca entre guineenses e povos da região da África Ocidental.
É na cidade onde aflora o *guineense: uma língua crioula de “base portuguesa” falada
pela maioria dos guineenses. O nome *guineense surge da tentativa de afirmação
linguística do crioulo falado na Guiné-Bissau. Destacou-se entre aspas as palavras “base
portuguesa” porque a pesquisa de Timbane e Manuel (2018) aponta evidências segundo
as quais o crioulo é de base de línguas africanas. A referida pesquisa traz exemplos que
demonstram como o *guineense apresenta a BASE de línguas bantu, tais como wolof,
manjaco, mandinga, papel e outras. No português apenas foi emprestado o léxico que
enfim foi adaptado fonologicamente às regras do guinense.
O processo de empréstimo é normal em todas as línguas. Poucos falantes de português se
lembram que as palavras gol e futebol provem do inglês, goal (objetivo) e football (bola
aos pés). Devemos encarar o empréstimo linguístico como fenômeno normal em todas as
línguas vivas no mundo. Não existe uma língua natural em uso, falada efetivamente por
comunidade linguística que não seja dinâmica. A dinâmica de uma língua vai de acordo
com a dinâmica da cultura. Sendo assim, o português como língua dominante no período
da formação do pidgin emprestou uma grande gama de léxico que fundou o guineense.
A entrada de palavras estrangeiras no português, por exemplo segue normas do sistema
linguístico. Todo o sistema linguístico disciplina a entrada de palavras de outras línguas.
Por exemplo, o português obriga que todos verbos vindos de outras línguas sejam
classificadas na primeira conjugação terminando em –ar: tuitar, printar, deletar, skiar,
bootar, escanear, etc. Por essa razão, Saussure (2012) define a língua como conjunto de
convenções necessárias adotadas pelo corpo social para permitir a comunicação. A língua
é composta por um sistema coeso, organizado e resultado das forcas sociais.
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O país possui diversas etnias falantes de diversas línguas do grupo bantu espalhadas pelos
36.125 km² do território. O país proclamou a independência Nacional em 1974 resultado
da luta armada dirigida pelo partido PAIGC, de Amílcar Cabral que durou 11 anos. Sob
o ponto de vista político, o país passou por momentos complexos de instabilidade desde
a proclamação da independência ocorrida em 1973. Couto (2010, p.15-27) descreve
momentos complexos marcados por golpes de Estado, guerras étnicas assim como o
empobrecimento da maioria dos guineenses e enriquecimento da elite. Hoje há uma
sensação de estabilidade política apesar de políticas públicas falhas que não permitem o
desenvolvimento social e econômico dos guineenses.
Muitos discursos políticos propalam mensagens de esperança e de desafios que muitas
vezes não são colocadas em prática. Em muitos momentos, os discursos são tão
elaborados que camuflam a realidade especialmente para analfabetos (incluindo
analfabetos funcionais), daí que se questiona (nesta pesquisa) o sentido das palavras e das
frases proferidas nos discursos públicos do atual Presidente da República, José Vaz. As
análises fundamentam-se em teorias sobre a Análise do Discurso (AD) embasado em
pesquisas sobejamente conhecidas que vão desde Michel Foucault, Mikhail Bakhtin,
Dominique Maingueneau, Eni Orlandi, José Fiorin, Sírio Possenti e muitos outros.
É importante deixar claro que a Análise do Discurso (AD) é uma subárea da Linguística
e Comunicação que analisa as construções ideológicas patentes em textos, o que significa
que não é análise feita apenas em textos de cunho político. Aqui se inclui todo o tipo e
forma de discurso. Como sabemos, o ser humano é por natureza um ser político em todas
as esferas da sociedade e não existe nenhuma sociedade sem política. Por mais que seja
isolada uma determinada comunidade há dentro dela uma estrutura política que guia a
conduta e as formas de ser e de estar naquele espaço.
Timbane (2014) revela que uma simples “saudação” dos povos tsonga do Sul de
Moçambique carrega elementos políticos fortes que, de certo modo precisam ser
respeitados pelos membros da sociedade. Por exemplo, sempre é o mais novo que
cumprimenta o mais velho. Nos tsonga, saudar é dar notícia de sua família especialmente
o estado de saúde e os principais acontecimentos do dia. Isso permite debate, orientação
e consolo motivacional para o que está mal seja superado com sucesso (TIMBANE,
2014). A política discursiva dos povos tsonga apresenta uma sequência lógica embasada
culturalmente que sustenta as formas de ser daquele grupo étnico.
2 ENTENDENDO O CONCEITO DE DISCURSO
O conceito “discurso” possui várias definições dependendo de área para área ou de
perspectiva para perspectiva. Bakhtin (2002) entende que as palavras são construídas e
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tecidas a partir de uma ideologia que se liga às relações de poder. Para a presente pesquisa,
definimos “discurso” como conjunto de ideias ou o “conjunto regular de fatos linguísticos
em determinado nível, e questionáveis em outro.” (GUIMARAES, 2013, p.90). O ser
humano é, por natureza, um ser discursivo. Estamos sempre produzindo discursos que
provocam outros discursos carregados de interpretações dependendo da experiência e da
cultura (etnografia da fala) do emissor/receptor trocando atos de fala (COULTHARD,
1985).
No “discurso”, a palavra jamais pode ser vista isoladamente, sem que esteja conectado
aos outros elementos linguísticos e culturais. As palavras só fazem sentido quando ligadas
aos significados que cada comunidade de fala atribui. Palavras isoladas não têm o mesmo
sentido que aquelas que estão dentro de uma frase ou de um discurso. Segundo
Lichtenberg (2009, p.65) “um sentido se expressa, o qual é sempre particular, pois relativo
a sujeitos e contexto, por isso exige uma configuração também particular, para que se
manifeste a singularidade da ideia”. A semântica nos ajuda a compreender os sentidos
que as palavras e dos discursos carregam.
O “discurso” apresenta uma estrutura própria delimitada por dois brancos que se ligam
ao plano do conteúdo. Isso significa que ele estará carregado de sentidos próprios de
conteúdo. Por outro lado, o texto apresenta as mesmas características, mas lida com o
plano de expressão. O texto é a manifestação do discurso e carrega elementos que visam
convencer e atribuir sentidos semânticos mais fortes para o leitor ou ouvinte.
Para Orlandi (2012), a análise do discurso lida com a materialidade da linguagem
considerando aspectos linguísticos e históricos que são “indissociáveis”. Á esses aspectos
se acrescenta a “língua e ideologia” (PÊCHEUX, 2009) ou ainda “língua e o sentido”
(POSSENTI, 2009). Significa que a língua carrega uma ideologia construída no seio
social e sempre que se discursa, o emissor precisa ter em conta a realidade. Caso a
ideologia não seja adotada incorre-se o risco de ferir sensibilidades e deturpar a
mensagem.
O discurso, segundo Fiorin (2012, p.146) é “um objeto linguístico e um objeto histórico,
o que significa que ele é uma construção linguística, gerada por um sistema de regras que
define sua especificidade, mas, ao mesmo tempo, que nem tudo é dizível.” Fica clara a
ideia de que discurso e o texto são produtos da enunciação, embora o texto seja a
realização do discurso por meio da manifestação. Estudos mostram que a ideologia do
discurso se liga à ideologia ecológica ou ideologia da vida. Segundo Couto, Nenoki do
Couto e Borges (2015, p.74) a ideologia ecológica “parte da visão ecológica do mundo e
procura sempre estar em sintonia com a ecolinguagem.” Esse tipo de ideologia, Orlandi
(2012) designa por “discurso naturalista”.
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Um discurso político procurará aproximar-se a ideologia da vida ou ideologia ecológica
porque defende a vida e luta contra o sofrimento. Por essa razão os discursos em análise
trarão parte desse seguimento, especialmente quando o autor do discurso assume “nós”
como o povo guineense e “nós” na qualidade de Governo. Há uma separação nítida entre
as três entidades: o povo guineense, o Governo e o Presidente (pessoa física).
O emprego das pessoas gramaticais em discursos políticos é complexo e a interpretação
depende de cultura para cultura. Um estudo sobre “análise sociodiscursiva da “saudação”
do grupo étnico-linguístico tsonga de Moçambique” feito por Timbane (2014)
demonstrou como o “nós” se torna complexo e carrega elementos culturais interpretáveis
em outras línguas. Isso levou ao Maingueneau (2013, p.150) concluir que a “interpretação
dos embreantes de pessoa é indissociável da cena de enunciação de cada texto”.
A análise de discurso no seu embrião era vista como a interpretação dos textos segundo
a escola francesa de discurso, porém hoje ela é perspectivada como as outras ciências com
o caráter transdisciplinar na medida em que busca compreender o contexto histórico
(História), a comunicação (Língua) e o estado psicológico (ideologia), cujo o foco vai
além das frases amontoados na superfície de um texto. A contradição em depoimentos
e/ou interrogatórios policiais e da justiça revela a aplicação prática da análise do discurso
na vida prática da sociedade.
Segundo Harris (1952 apud, BRANDÃO, 2012, p.13) a análise do discurso “mostra a
possibilidade de ultrapassar as análises confinadas meramente à frase, ao estender
procedimentos da linguística distribucional americana aos enunciados chamados
discursos”. Então falando daquilo que foi o conceito de discurso e vimos que muitas vozes
marcaram história dentro do campo da atuação de discurso, principalmente no diz respeito
a comunicação entre políticos. Guimarães (2013) e Marcuschi (2015) consideram que um
olhar lançado a um texto do ponto de vista de sua estruturação em língua faz dele um
enunciado e que o estudo das suas condições de produção o torna um discurso.
Na mesma lógica, concordamos com a ideia de que o discurso é um pensamento oculto
pelos seus signos que se materializa ou torna visível por intermédio das palavras
(POSSENTI, 2009). Sendo assim o discurso não passa de um ritual das palavras, uma vez
que tem a noção reinventar e cobrir o fenômeno real para fazer as pessoas acreditarem no
fato postiço ou matizado pela verdade. O discurso é o espaço em que “o saber e o poder
se articulam, pois quem fala, fala de algum lugar, a partir de um direito reconhecido
institucionalmente” (BRANDÃO, 2012, p.37).
O discurso é também uma forma de idealizar e controlar as pessoas, uma colonização
mental de analisar os fatos a partir de um pressuposto fundamental verídico, a qual muitos
defendem a ideologia de discurso como a forma de dominação e camuflagem etc. que
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está imanente ao conceito de discurso. O termo ideológico é uma atividade científica que
busca entender o modo de pensar e tomando as ideias enquanto fato natural associado ao
corpo humano como organismo vivo no meio ambiente. (BRANDÃO, 2012 p.19).
Alguns autores vieram a dar uma definição pejorativa e negativa ao conceito de ideologia
porque uma coisa representa a verdade quando o mesmo foi tornado como uma realidade,
não como uma suposição sem certeza nenhuma ou revelar um sinal de clareza de algo
existente. Marx e Engels identificaram “ideologia” como a separação que se faz entre a
produção das ideias e as condições sociais e históricas em que são produzidas
(BRANDÃO, 2012, p. 19-20). Parece-nos uma visão mais social.
3 A FORÇA DO DISCURSO NA SOCIEDADE
Os guineenses são por natureza povos de tradição oral em que a transmissão do
conhecimento ou do saber é repassado de geração em geração por meio da oralidade. A
escrita chegou com a colonização e com contato entre povos e culturas. A escrita surgiu
cerca de 5000 anos (COULMAS, 2014) e trouxe avanços importantes no registro de
informações influenciando as tecnologias no sec. XX.
A sobrevivência das línguas não depende da escrita, por isso mesmo ainda existem
línguas ágrafas em várias partes do mundo. A expressão de uma língua ágrafa carrega
muitos elementos instransponíveis para escrita. Para Leech et al. (apud COULMAS,
2014) a conversação se torna mais interativa, fica reduzida num contexto situacional
compartilhado, ocorre em tempo real, envolve relações sociais e atitudes emocionais,
recorre ao uso de um repertório restrito e usa uma gama de expressões vernáculas.
Nesta ordem de ideias, o discurso lido não consegue carregar estas nuances e pelo
contrário camufla um conjunto de ideias que poderiam aparecer no discurso espontâneo.
Não é por acaso que muitos políticos são desaconselhados a proferir discursos
improvisados porque se assim for, dirão o que não deveria ser dito. Falando sobre
“Análise de textos de comunicação”, Maingueneau (2013) revela nuances resultantes da
‘engenharia’ da produção textual escrita que se difere com o texto oral.
O discurso tem poder (DIJK, 2012), influencia as massas, cria ideologias e orienta o
pensamento do ouvinte para uma direção previamente calculada pelo produtor do
discurso (emissor). Todo político sabe muito bem o quão as palavras podem comprometer
ou favorecer as suas posições, incluindo a sua moral. Em outras palavras, Dijk (2012)
designa por manipulação, que é entendida como o conjunto armação de ideias que visam
influenciar o pensamento do outro. Para ele,
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uma análise mais profunda de dominação, definida como abuso de poder,
requer o acesso especial aos (ou o controle sobre) recursos sociais escassos.
Um desses recursos é o acesso preferencial aos meios de comunicação de
massa e ao discurso público, um recurso compartilhado pelos membros das
elites ‘simbólicas’, tais como políticos, jornalistas, acadêmicos, escritores,
professores, e assim por adiante (DIJK, 2010, p.237, grifo do autor).
O acesso aos meios de comunicação de massa permite que o discurso tenha maior alcance
e maior visibilidade na sociedade. A produção do discurso está intimamente ligada ao
meio de comunicação no qual será divulgado. A conversão da fala para a escrita
(MARCUSCHI, 2010) corresponde ao momento de produção do discurso. É um processo
complexo, uma vez que ocorre o processo de retextualização (MARCUSCHI, 2010). A
conversão da escrita para a fala (momento do pronunciamento) carrega outros elementos
mais profundos que serão discutidos nas análises da presente pesquisa.
As tradições discursivas em línguas bantu da Guiné-Bissau incluindo com as do crioulo
se processam por meio de provérbios e até de ideofones. Discursos longos em línguas
africanas são reduzidos por meio de provérbios e ideofones. Um ideofone, por exemplo,
é definido como uma palavra-imagem. Sua finalidade é de trazer precisão da ação ou do
fenômeno que se pretende elucidar. Os elementos socioculturais dos ideofones são
interpretáveis em português.
Com isso se pretende afirmar que, se os discursos proferidos pelos políticos guineenses
fossem em línguas bantu não teriam o mesmo formato dos discursos que vamos analisar
aqui. Grande parte das afirmações feitas em português podem ser expressos por meio de
provérbios que são mais comuns nas diversas línguas do grupo bantu faladas na Guiné-
Bissau. A língua é ao mesmo tempo cultura. Passemos para a metodologia e análises.
4 METODOLOGIA E ANÁLISES
Na sequência das discussões aqui apresentadas na distinção entre o discurso e ideologia
de discurso tentaremos ver o papel ou valor do sujeito na ação discursiva por intermédio
dos pronomes que passamos a ter a possibilidade de fazer uma análise do sujeito
enunciador do discurso. Sendo assim, a subjetividade é a capacidade de o locutor se
propor como sujeito do discurso que se funda no exercício da língua. Este locutor enuncia
sua posição no discurso através de determinados índices formais dos quais os pronomes
pessoais constituem o primeiro ponto de apoio na revelação da subjetividade na
linguagem.
No discurso sempre houve o sujeito falando de um determinado lugar, há que supor
existência de um terceiro que tenta descodificar os enunciados ouvidos do sujeito falador.
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Porque o objetivo do sujeito é expor ideias, desejos, palavras que atraem o ouvinte ou
leitor a pensar e tomar por verdade o que ele falou, sem margem para dúvidas.
A linguagem é, portanto, condição humana, por meio dela o homem se diferencia dos
outros homens, se individualiza. Assim, em Benveniste, a linguagem não pode ser
reduzida a instrumento de comunicação, pois “a linguagem fundamenta na realidade, na
sua realidade que é a do ser, o conceito de ego” (BENVENISTE, 1995, p.286. grifo do
autor).
Antes da metodologia pretendemos trazer a citação de Orlandi (2009, p.15) que disserta
que “na análise de discurso, procura-se compreender a língua fazendo sentido, enquanto
trabalho simbólico, parte do trabalho social geral, constitutivo do homem e da sua
história.” Orlandi salienta que o discurso é assim palavra em movimento, prática de
linguagem: com o estudo do discurso observa-se o homem falando (ORLANDI, 2009). É
importante deixar claro que o “conhecimento linguístico compreende o conhecimento
gramatical e o lexical, sendo o responsável pela articulação som-sentido” (KOCH, 2016,
p.32).
O pronome é um fenômeno central na organização textual e na estrutura discursiva.
Marcuschi (2015) falando sobre questões da referência pronominal define a referência
pronominal como em duas formas: referência pronominal endófora e referência
pronominal exófora. A primeira lida com a coreferência resolvida na iminência
contextual e a se funda lida com a referência a um elemento contextual externo ao texto
(MARCUSCHI, 2015, grifos nosso).
Para a metodologia, enveredamos por uma pesquisa bibliográfica que consistiu na coleta
de seis discursos e análise de dados. A pesquisa não foi submetida à Comissão de Ética
porque os discursos são disponíveis ao público e podem ser lidos nas plataformas digitais.
Para o controlo das análises organizamos da seguinte forma: a) Eu (Presidente João Mário
Vaz)/ Pessoa física; b) Eu (Governo da Guiné-Bissau); c) Nós (Governo da Guiné –
Bissau; d) Nós (Povo guineense). No Quadro 1 se observam os dados extraídos dos seis
discursos que serviram de corpora de análise.
Quadro 1: Distribuição dos dados pelos seis discursos
DISCURSO 1º 2 º 3 º 4 º 5 º 6 º TOTAL
EU (pessoa física) 47 37 43 8 14 15 164
EU (pessoa jurídica) 2 3 2 0 3 1 11
NÓS (Governo) 27 30 32 8 19 82 198
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NÓS (Povo) 8 41 13 10 14 41 127
TOTAL 84 111 90 26 50 139 500
Fonte: Dados da pesquisa
Da pesquisa se observa que os discursos políticos são textos artificiais e não refletem a
fala ‘natural’ de quem os profere. São textos que apresentam uma estrutura fixa: uma
introdução (correspondente a saudação), um desenvolvimento (colocação dos assuntos
fundamentais) e uma conclusão (orientações e despedida). O Quadro 1 apresenta a
ocorrência dos fenômenos em estudo. Os discursos 2 e 6 tiveram mais ocorrências.
Analisando uso dos pronomes eu/nós observa-se que o 1º discurso privilegiou o
presidente como pessoa física em 47 dados; no 2º discurso, o discurso privilegiou o “nós”
como o povo guineense (41 dados); no 3º discurso valorizou o presidente (43 dados); no
4º discurso, o discurso privilegiou “nós” o povo guineense (10 dados); no 5º discurso há
valorização de “nós” o governo e finalmente, o último discurso privilegia “nós” governo
em 82 casos.
Analisando os dados gerais se conclui de que os seis discursos valorizam o presidente
como pessoa física (164 dados) e o seu governo (198 dados). Isso mostra o protecionismo
do líder, protegendo a sua imagem perante a sociedade guineense. Por exemplo: “...tive a
oportunidade de alertar que “(…) o ambiente institucional em que (…)
vivemos..”(Discurso 2). Os dados revelam uma ação individual corresponde ao Governo
cerca de 11 vezes. O Presidente e o Governo estão em sintonia, deixando povo e oposição
fora do jogo. Este fenômeno demonstra o distanciamento e a proteção da sua equipe de
trabalho composta por ministros e vice-ministros que foram efetivamente indicados pelo
presidente para formar o governo.
Há nos discursos marcas de subjetividade que o Presidente é uma pessoa orgulhosa. Por
exemplo: “...a minha inconformação em relação a questões que considerava importantes”
(Discurso 3). É um orgulho dos feitos realizados ou ainda dos que podem ser realizados.
Mas o povo, pouco se importaria com isso porque é dever dele enquanto Chefe de Estado
realizar tais ações em prol de quem paga o imposto e sustenta a máquina governamental.
Os discursos do presidente camuflam as reais situações do povo guineense. Exemplo:
“...este é um Povo que nos inspira na nossa acção política...” (Discurso 1). Os dados
revelam que os discursos se preocupam em blindar e proteger o presidente e o Governo
dos ataques da oposição e pouco há uma simbiose com o povo. Os dados mostram que
poucas vezes (11 dados) os discursos revelam uma ação individual corresponde ao
Governo. Esse dado revela como o Presidente e o Governo está em sintonia, se
confundem deixando de lado o povo e a oposição partidária.
INTERLETRAS, ISSN nº 1807-1597. QUALIS. V. 8, Edição número 29, abril 2019/ setembro 2019 – p.
12
O autor dos discursos (assessores e conselheiros) procura fazer o que Koch (2016) designa
por “coesão por remissão”, significa que a reativação dos referentes no texto é realizada
por meio da referenciação anafórica ou catafórica (KOCH, 2016). Esta estratégia visa
colocar no ponto qualquer análise contrária ao que é anunciado no discurso. É por esta
razão que o discurso nos parece em alguns momentos uma “nova ordem”, uma imposição
da situação para que não haja contrários ao pensamento formatado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Há apagamento do “eu” (personalidade individual) em prol da entidade “governo” e por
vezes “nós” se transforma em “povo da Guiné-Bissau”, às vezes em “Governo”. Há nos
discursos marcas de subjetividade que são traços de autor que não deseja ser explícito e
compreensível. Pelo menos os dados indicam essa direção, embora possa não ser
exatamente como Presidente pretende expressão.
Não podemos esquecer que a elaboração do discurso desta natureza resulta de uma ação
conjunto, em que assessores e conselheiros relem o texto e colocam as ideias que em
algum momento podem não coincidir com o Eu (José Vaz). Para um analfabeto, ou para
aquele que não possui conhecimentos suficientes do português para compreender podem
mal interpretar as ideias ouvidas ou lidas no discurso. O discurso político é perigoso para
quem não presta atenção nas palavras, especialmente no sentido que carregam.
A estratégia discursiva para evitar questionamentos é recorrente e cria ainda
invisibilidade de ações não realizadas. O pronome NÓS pode afirmar que ‘estamos
juntos’, mas também pode afirmar que ‘não estamos bem juntos assim’ ou ainda deixar
passar a ideia de que ‘estamos juntos, mas preciso estar distante para melhor estarmos
juntos’ ou o contrário. Parece complexa esta explicação, mas é crucial para compreender
o discurso político. O discurso carrega a identidade do sujeito, sua experiência e o seu
nome. Um pronome é ao mesmo tempo ‘nome’ porque quem pronuncia “eu” está se
expondo como pessoa física, mas por vezes como pessoa jurídica.
Olhando para as hipóteses da pesquisa se concluiu que os discursos do presidente
camuflam as reais situações a ser resolvidas através do uso de pronomes pessoas da
primeira pessoa que confundem ele (como pessoa física), ele (pessoa jurídica=Governo).
A última hipótese não ficou confirmada porque o discurso do presidente não se junta ao
povo, há uma nítida separação entre ele e o povo (distanciamento discursivo). A língua é
um fato social cuja existência se funda na necessidade de comunicação, porque o ser
humano é por natureza um ser comunicativo.
INTERLETRAS, ISSN nº 1807-1597. QUALIS. V. 8, Edição número 29, abril 2019/ setembro 2019 – p.
13
O discurso é o ponto de articulação dos processos ideológicos e dos fenômenos
linguísticos. Partindo do pressuposto de que o discurso materializa o contato entre o
diálogo e o linguístico no sentido de que ele representa, no interior da língua, os efeitos
das contradições ideológicas, a análise do discurso apresenta-se como uma disciplina não
acabada, em constante mudança, em que o linguístico é o lugar, o espaço que dá
materialidade, espessura a ideias, temáticas de que o homem se faz sujeito, um sujeito
concreto, histórico, porta-voz de um amplo discurso social (BRANDÃO, 2012).
Um discurso político (em especial) não apenas constitui um conjunto de informações
criadas/inventadas por A (emissor individual ou coletivo) para convencer o sujeito B
(receptor coletivo, o povo), mas também são instrumentos de poder. As informações
elaboradas por A são criadas tendo em conta o nível de escolaridade/formação,
socioeconômico e cultural de B. Normalmente, o sujeito A procura os pontos fracos de B
para que inclua atos de fala e expressões que permitirão convencer o sujeito B.
Nesta pesquisa observamos que simples pronomes pessoais carregam significados
profundos que assumem ou recusam a responsabilidade não apenas dos fatos, mas
também das promessas que sempre estão presentes no discurso. Assumir compromissos
individualmente é mais difícil que assumir coletivamente (governo). O fracasso das
promessas depende da ação coletiva.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
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verbal. 4 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2002.p 261-306.
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BRANDAO, H. H. N. Introdução à análise do discurso. Campinas,SP: Ed. UNICAMP,
2012.
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COULMAS, F. Escrita e sociedade. São Paulo: Parábola, 2014.
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discurso ecológica. Campinas, SP: Pontes, 2015.
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p.1-253, 2010.
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INTERLETRAS, ISSN nº 1807-1597. QUALIS. V. 8, Edição número 29, abril 2019/ setembro 2019 – p.
14
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E-SILVA, M. C. (Org.). Texto ou discurso? São Paulo: Contexto, 2012, p.145-168.
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1996.
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Disponível em: <http://www.stat-guinebissau.com/pais/informacao_pratica.htm>.
Acesso em: 27 ago. 2018.
KOCH, I. V. O texto e a construção dos sentidos. 10.ed. São Paulo: Contexto, 2016.
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MAINGUENEAU, D. Análise de textos de comunicação. 6.ed. Trad. Maria Cecília
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MARCUSHI, L. A. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo:
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ORLANDI, E. P. Análise de discurso: princípios e procedimentos. 8.ed. Campinas:
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ORLANDI, E. P. Autoria, leitura e efeitos do trabalho simbólico. 6.ed. Campinas, SP:
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SAUSSURE, F. de. Curso de linguística geral. São Paulo: Cultrix, 2012.
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INTERLETRAS, ISSN nº 1807-1597. QUALIS. V. 8, Edição número 29, abril 2019/ setembro 2019 – p.
15
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jul./dez. 2014.
TIMBANE, A. A.; MANUEL, C. Os crioulos em África são línguas de base portuguesa?
Embate sobre os conceitos. Revista de Letras JUÇARA, Caxias, v. 02, nº 02, p.107-126,
dez. 2018.
* Doutor, Universidade de Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira
(UNILAB), Campus dos Males.
**Pesquisador, Universidade de Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira
(UNILAB), Campus dos Males.

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Análise dos pronomes EU e NÓS nos discursos do Presidente guineense

  • 1. INTERLETRAS, ISSN nº 1807-1597. QUALIS. V. 8, Edição número 29, abril 2019/ setembro 2019 – p. 1 ANÁLISE DOS PRONOMES “EU” E “NÓS” NOS DISCURSOS PÚBLICOS DO PRESIDENTE GUINEENSE, JOSÉ MARIO VAZ ANALYSIS OF THE PRONOUNS “I” AND “WE” IN THE PUBLIC SPEECHES OF PRESIDENT GUINEENSE, JOSÉ MARIO VAZ Alexandre António Timbane* Emilson Mdame** RESUMO: O ser humano é por natureza um produtor de discursos. A língua tem uma ordem própria e a história tem o seu real afetado pelo simbólico (ORLANDI, 2009). O discurso político é mais complexo porque passa por um julgamento ou é censurado por assessores e conselheiros antes de ser publicado. Por isso fica escondida a realidade do indivíduo aparecendo em público as ideologias do grupo do qual o porta voz pertence. A presente pesquisa analisou seis discursos do Presidente guineense José Vaz visando explicar o uso dos pronomes ‘eu’ e ‘nós’ em discursos. Esses pronomes carregam significados linguísticos que só podem ser explicados pela análise do discurso. Usando método bibliográfico/ documental se observa que os discursos são elaborados tecnicamente e camuflam a realidade especialmente para a camada populacional analfabeto (incluindo analfabetos funcionais). As análises fundamentam-se em teorias sobre a Análise do discurso embasado em debates de Mikhail Bakhtin, Dominique Maingueneau, Eni Orlandi, José Fiorin e Sírio Possenti. Na pesquisa se observa que há apagamento do “eu” (personalidade individual) em prol da entidade “governo” e por vezes o “nós” se transforma em “povo da Guiné-Bissau”, às vezes em “Governo”. Há nos discursos marcas de subjetividade que são traços de quem não deseja ser explícito e compreensível. Num país com 59,9% de analfabetos (INE, 2018) não se espera que os discursos elaborados sejam para essa camada populacional. PALAVRAS-CHAVE: Discurso; Político; Análise; Pronomes; Sentido. ABSTRACT: The human being is by nature a producer of speeches. Language has its own order and history has its real affected by the symbolic (ORLANDI, 2009). Political discourse is more complex because it goes through a judgment or is censored by advisors and counselors before it is published. That is why the reality of the individual is hidden, appearing in public the ideologies of the group of which the spokesperson belongs. The present research analyzed six speeches of Guinean President José Vaz aiming to explain the use of the pronouns “I” and “we” in speeches. These pronouns carry linguistic meanings that can only be explained by discourse analysis. Using a bibliographical / documentary method, it is observed that the discourses are elaborated technically and camouflage reality especially for the illiterate population layer (including functional illiterates). The analyzes are based on theories on discourse analysis based on discussions by Mikhail Bakhtin, Dominique Maingueneau, Eni Orlandi, José Fiorin and Sírio Possenti. In the research it is observed that there is a deletion of the “I” (individual personality) in favor of the “government” entity and sometimes the “we” becomes “Guinea-Bissau people”, sometimes in "Government". There are in the discourses marks of subjectivity that are traces of those who do not want to be explicit and understandable. In a country with 59.9% of illiterates (INE, 2018) the elaborate discourses are not expected to be for this population. KEYWORDS: Speech; Political; Analyze; Pronouns; Sense. Considerações iniciais
  • 2. INTERLETRAS, ISSN nº 1807-1597. QUALIS. V. 8, Edição número 29, abril 2019/ setembro 2019 – p. 2 A política faz parte do cotidiano de todas as sociedades por mais que sejam isolados geograficamente das grandes cidades. As políticas públicas deveriam colocar como prioridade, os desejos do povo, criando condições para que esse povo viva bem e tenha as condições básicas de sobrevivência. A sociedade guineense tem grandes desigualdades sociais resultantes da distribuição desigual das riquezas havendo uma minoria populacional rica e a maioria pobre. A língua tem sido um instrumento importante para a manipulação de ideologias criando discursos bem elaborados com o intuito de alinhar a opinião pública. Falar em público influencia os outros, chama atenção ou molda as formas de pensar sobre um determinado assunto. Ninguém fala sem objetivo de persuadir de alguma forma. As estratégias comunicativas são importantes para definir o valor do discurso e assim como os elementos linguísticos a utilizar. A presente pesquisa surge da observação atenta dos principais discursos proferidos pelos diversos líderes da política da Guiné-Bissau que optam em preparar textos escritos para depois fazer uma leitura pública usando a língua menos conhecida, a língua oficial portuguesa. Sabendo das dificuldades que a maioria dos guineenses tem com relação à língua portuguesa até que ponto o político garante que a sua mensagem chega ao destinatário final que é o povo? Será que discursar numa língua desconhecida surta algum efeito profundo para o povo que o elegeu? Será que discursar numa língua desconhecida pela população não estaria camuflando a realidade? Porque razão em campanhas eleitorais, os políticos guineenses recorrem às línguas locais ao invés da oficial? Esses questionamentos nos ajudam a refletir profundamente sobre a relação político, língua e o povo. Em caso do uso do português, os seus discursos são acompanhados de intérpretes. Dá para perceber que estas atitudes revelam que os políticos estão cientes das dificuldades do uso do português por parte do povo. Sabe-se que em regimes democráticos como é o caso da Guiné-Bissau, o povo é que elege os seus mandatários e cabe ao político prestar contas das ações realizadas. Ao discursar (pós-eleição ou durante o mandato) com uso da linguagem técnica e jurídica não há preocupação em fazer-se entender diante do povo. Estes questionamentos foram motivadores para o desenvolvimento da presente pesquisa. Como hipóteses avança-se a ideia de que os discursos do Presidente da República camuflam as reais situações a ser resolvidas através do uso de pronomes pessoais da primeira pessoa que confundem Ele (como pessoa física), Ele (pessoa jurídica=Governo). Por outro lado, há uma sensação segundo a qual o Presidente se sente ‘parte do povo’ e por vezes há um ‘distanciamento’. Desta forma, a pesquisa visa conhecer os valores (da significação) que os pronomes “eu” e “nós” carregam nos discursos do Presidente. Especificamente, discutiremos as teorias da análise do discurso fundamentando com os
  • 3. INTERLETRAS, ISSN nº 1807-1597. QUALIS. V. 8, Edição número 29, abril 2019/ setembro 2019 – p. 3 teóricos da área; explicaremos os significados gramaticais dos pronomes em estudo e suas conotações discursivas assim como identificar nos discursos traços dessa ambiguidade interpretativa. Espera-se que a pesquisa desperte interesse em análises mais profundas sobre os discursos públicos na Guiné-Bissau como forma de compreender e decifrar as mensagens destinadas ao povo. Nos nossos dias, os discursos são escritos de forma mais técnica e o ‘povão’ não chega compreender, sabendo que ele é o destinatário final. Uma vez que as taxas de analfabetismo (real ou funcional) da população sãos elevadas na nossa sociedade, os políticos se escondem por detrás dos discursos para melhor articular e provocar nuances que instigam mil interpretações ou ainda anunciam promessas impossíveis e ilógicas. O personagem brasileiro, João Plenário criado e interpretado pelo humorista e cantor Saulo Laranjeira, apresenta exatamente essa tendência, a de fazer com que certas colocações não sejam entendidas pela maioria do povo. Segundo João Plenário deseja que o povo se lasque todinho demonstrando claramente que em nada se interessa pelos problemas do povo, mas sim pelas suas vantagens. É claro que nem todo político é assim, há políticos honestos e compromissados com a causa pública, mas a maioria envereda por caminhos da maldade. Esse programa humorístico de João Plenário é do Programa “A praça é nossa” do Canal Televisivo SBT do Brasil. 1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA GUINÉ-BISSAU A Guiné-Bissau é um país africano, localizado na Costa Ocidental de África limitado ao Norte pela República do Senegal, a Leste e Sul pela República de Guiné Conakry e a Oeste pelo Oceano Atlântico (INE, 2018). É um país lusófono sob o ponto de vista da política e do planejamento linguístico (SEVERO, 2013) e crioulófono sob o ponto de vista real e concreto uma vez que 90,4% da população fala o crioulo da Guiné-Bissau (ou *língua guineense) como primeira língua e língua franca entre os diversos grupos éticos falantes de diversos idiomas de origem africana (TIMBANE & MANUEL, 2018). O português sendo língua segunda para 27,1% dos guineenses (THE WORLD FACTBOOK, 2018) é a oficial do país embora essa determinação não esteja explícita na Constituição da República da Guiné-Bissau (1996), que é a Carta mais importante de qualquer nação. Não iremos discutir o mérito ou não da oficialidade através da Constituição, mas apenas lamentar a perda da oportunidade de oficializar o crioulo pelo fato de ser uma língua franca e de origem africana que iria alavancar a comunicação, não apenas entre os guineenses, mas também com os senegaleses, cabo-verdianos e outros povos, o que revela a internacionalização do crioulo no espaço africano.
  • 4. INTERLETRAS, ISSN nº 1807-1597. QUALIS. V. 8, Edição número 29, abril 2019/ setembro 2019 – p. 4 Para além do crioulo, os guineenses falam as línguas fula (16%), balanta (14%), mandinga (7%), manjaco (5%), papel (3%), felupe (1%), beafada (0,7%), bijagó (0,5%), mancanha (0,3%), nalu (0,1%), segundo Couto (2010, p.28-29) e a língua de sinais cuja percentagem ainda é desconhecida, tal como se pode testemunhar no site do Instituto Nacional de Estatística da Guiné-Bissau-INE (2018). A questão da língua de sinais da Guiné-Bissau é a mais dramática porque o Estado pouco ou nada faz em prol da comunidade surda. O ensino e uso desta língua no Aparelho do Estado ainda é um grande desafio que até inexistem políticas públicas que protegem linguisticamente o surdo na justiça, na saúde, no atendimento em instituições públicas, etc. O português é a única língua oficial do país e é utilizado na burocracia do Estado, na educação, na justiça e falada por populações alfabetizadas ou por aquelas que moram nos grandes centros urbanos. Essa camada populacional utiliza o português com intuito de obter sucessos no emprego e na educação. A maioria dos guineenses se comunica em crioulo, que é a língua franca entre guineenses e povos da região da África Ocidental. É na cidade onde aflora o *guineense: uma língua crioula de “base portuguesa” falada pela maioria dos guineenses. O nome *guineense surge da tentativa de afirmação linguística do crioulo falado na Guiné-Bissau. Destacou-se entre aspas as palavras “base portuguesa” porque a pesquisa de Timbane e Manuel (2018) aponta evidências segundo as quais o crioulo é de base de línguas africanas. A referida pesquisa traz exemplos que demonstram como o *guineense apresenta a BASE de línguas bantu, tais como wolof, manjaco, mandinga, papel e outras. No português apenas foi emprestado o léxico que enfim foi adaptado fonologicamente às regras do guinense. O processo de empréstimo é normal em todas as línguas. Poucos falantes de português se lembram que as palavras gol e futebol provem do inglês, goal (objetivo) e football (bola aos pés). Devemos encarar o empréstimo linguístico como fenômeno normal em todas as línguas vivas no mundo. Não existe uma língua natural em uso, falada efetivamente por comunidade linguística que não seja dinâmica. A dinâmica de uma língua vai de acordo com a dinâmica da cultura. Sendo assim, o português como língua dominante no período da formação do pidgin emprestou uma grande gama de léxico que fundou o guineense. A entrada de palavras estrangeiras no português, por exemplo segue normas do sistema linguístico. Todo o sistema linguístico disciplina a entrada de palavras de outras línguas. Por exemplo, o português obriga que todos verbos vindos de outras línguas sejam classificadas na primeira conjugação terminando em –ar: tuitar, printar, deletar, skiar, bootar, escanear, etc. Por essa razão, Saussure (2012) define a língua como conjunto de convenções necessárias adotadas pelo corpo social para permitir a comunicação. A língua é composta por um sistema coeso, organizado e resultado das forcas sociais.
  • 5. INTERLETRAS, ISSN nº 1807-1597. QUALIS. V. 8, Edição número 29, abril 2019/ setembro 2019 – p. 5 O país possui diversas etnias falantes de diversas línguas do grupo bantu espalhadas pelos 36.125 km² do território. O país proclamou a independência Nacional em 1974 resultado da luta armada dirigida pelo partido PAIGC, de Amílcar Cabral que durou 11 anos. Sob o ponto de vista político, o país passou por momentos complexos de instabilidade desde a proclamação da independência ocorrida em 1973. Couto (2010, p.15-27) descreve momentos complexos marcados por golpes de Estado, guerras étnicas assim como o empobrecimento da maioria dos guineenses e enriquecimento da elite. Hoje há uma sensação de estabilidade política apesar de políticas públicas falhas que não permitem o desenvolvimento social e econômico dos guineenses. Muitos discursos políticos propalam mensagens de esperança e de desafios que muitas vezes não são colocadas em prática. Em muitos momentos, os discursos são tão elaborados que camuflam a realidade especialmente para analfabetos (incluindo analfabetos funcionais), daí que se questiona (nesta pesquisa) o sentido das palavras e das frases proferidas nos discursos públicos do atual Presidente da República, José Vaz. As análises fundamentam-se em teorias sobre a Análise do Discurso (AD) embasado em pesquisas sobejamente conhecidas que vão desde Michel Foucault, Mikhail Bakhtin, Dominique Maingueneau, Eni Orlandi, José Fiorin, Sírio Possenti e muitos outros. É importante deixar claro que a Análise do Discurso (AD) é uma subárea da Linguística e Comunicação que analisa as construções ideológicas patentes em textos, o que significa que não é análise feita apenas em textos de cunho político. Aqui se inclui todo o tipo e forma de discurso. Como sabemos, o ser humano é por natureza um ser político em todas as esferas da sociedade e não existe nenhuma sociedade sem política. Por mais que seja isolada uma determinada comunidade há dentro dela uma estrutura política que guia a conduta e as formas de ser e de estar naquele espaço. Timbane (2014) revela que uma simples “saudação” dos povos tsonga do Sul de Moçambique carrega elementos políticos fortes que, de certo modo precisam ser respeitados pelos membros da sociedade. Por exemplo, sempre é o mais novo que cumprimenta o mais velho. Nos tsonga, saudar é dar notícia de sua família especialmente o estado de saúde e os principais acontecimentos do dia. Isso permite debate, orientação e consolo motivacional para o que está mal seja superado com sucesso (TIMBANE, 2014). A política discursiva dos povos tsonga apresenta uma sequência lógica embasada culturalmente que sustenta as formas de ser daquele grupo étnico. 2 ENTENDENDO O CONCEITO DE DISCURSO O conceito “discurso” possui várias definições dependendo de área para área ou de perspectiva para perspectiva. Bakhtin (2002) entende que as palavras são construídas e
  • 6. INTERLETRAS, ISSN nº 1807-1597. QUALIS. V. 8, Edição número 29, abril 2019/ setembro 2019 – p. 6 tecidas a partir de uma ideologia que se liga às relações de poder. Para a presente pesquisa, definimos “discurso” como conjunto de ideias ou o “conjunto regular de fatos linguísticos em determinado nível, e questionáveis em outro.” (GUIMARAES, 2013, p.90). O ser humano é, por natureza, um ser discursivo. Estamos sempre produzindo discursos que provocam outros discursos carregados de interpretações dependendo da experiência e da cultura (etnografia da fala) do emissor/receptor trocando atos de fala (COULTHARD, 1985). No “discurso”, a palavra jamais pode ser vista isoladamente, sem que esteja conectado aos outros elementos linguísticos e culturais. As palavras só fazem sentido quando ligadas aos significados que cada comunidade de fala atribui. Palavras isoladas não têm o mesmo sentido que aquelas que estão dentro de uma frase ou de um discurso. Segundo Lichtenberg (2009, p.65) “um sentido se expressa, o qual é sempre particular, pois relativo a sujeitos e contexto, por isso exige uma configuração também particular, para que se manifeste a singularidade da ideia”. A semântica nos ajuda a compreender os sentidos que as palavras e dos discursos carregam. O “discurso” apresenta uma estrutura própria delimitada por dois brancos que se ligam ao plano do conteúdo. Isso significa que ele estará carregado de sentidos próprios de conteúdo. Por outro lado, o texto apresenta as mesmas características, mas lida com o plano de expressão. O texto é a manifestação do discurso e carrega elementos que visam convencer e atribuir sentidos semânticos mais fortes para o leitor ou ouvinte. Para Orlandi (2012), a análise do discurso lida com a materialidade da linguagem considerando aspectos linguísticos e históricos que são “indissociáveis”. Á esses aspectos se acrescenta a “língua e ideologia” (PÊCHEUX, 2009) ou ainda “língua e o sentido” (POSSENTI, 2009). Significa que a língua carrega uma ideologia construída no seio social e sempre que se discursa, o emissor precisa ter em conta a realidade. Caso a ideologia não seja adotada incorre-se o risco de ferir sensibilidades e deturpar a mensagem. O discurso, segundo Fiorin (2012, p.146) é “um objeto linguístico e um objeto histórico, o que significa que ele é uma construção linguística, gerada por um sistema de regras que define sua especificidade, mas, ao mesmo tempo, que nem tudo é dizível.” Fica clara a ideia de que discurso e o texto são produtos da enunciação, embora o texto seja a realização do discurso por meio da manifestação. Estudos mostram que a ideologia do discurso se liga à ideologia ecológica ou ideologia da vida. Segundo Couto, Nenoki do Couto e Borges (2015, p.74) a ideologia ecológica “parte da visão ecológica do mundo e procura sempre estar em sintonia com a ecolinguagem.” Esse tipo de ideologia, Orlandi (2012) designa por “discurso naturalista”.
  • 7. INTERLETRAS, ISSN nº 1807-1597. QUALIS. V. 8, Edição número 29, abril 2019/ setembro 2019 – p. 7 Um discurso político procurará aproximar-se a ideologia da vida ou ideologia ecológica porque defende a vida e luta contra o sofrimento. Por essa razão os discursos em análise trarão parte desse seguimento, especialmente quando o autor do discurso assume “nós” como o povo guineense e “nós” na qualidade de Governo. Há uma separação nítida entre as três entidades: o povo guineense, o Governo e o Presidente (pessoa física). O emprego das pessoas gramaticais em discursos políticos é complexo e a interpretação depende de cultura para cultura. Um estudo sobre “análise sociodiscursiva da “saudação” do grupo étnico-linguístico tsonga de Moçambique” feito por Timbane (2014) demonstrou como o “nós” se torna complexo e carrega elementos culturais interpretáveis em outras línguas. Isso levou ao Maingueneau (2013, p.150) concluir que a “interpretação dos embreantes de pessoa é indissociável da cena de enunciação de cada texto”. A análise de discurso no seu embrião era vista como a interpretação dos textos segundo a escola francesa de discurso, porém hoje ela é perspectivada como as outras ciências com o caráter transdisciplinar na medida em que busca compreender o contexto histórico (História), a comunicação (Língua) e o estado psicológico (ideologia), cujo o foco vai além das frases amontoados na superfície de um texto. A contradição em depoimentos e/ou interrogatórios policiais e da justiça revela a aplicação prática da análise do discurso na vida prática da sociedade. Segundo Harris (1952 apud, BRANDÃO, 2012, p.13) a análise do discurso “mostra a possibilidade de ultrapassar as análises confinadas meramente à frase, ao estender procedimentos da linguística distribucional americana aos enunciados chamados discursos”. Então falando daquilo que foi o conceito de discurso e vimos que muitas vozes marcaram história dentro do campo da atuação de discurso, principalmente no diz respeito a comunicação entre políticos. Guimarães (2013) e Marcuschi (2015) consideram que um olhar lançado a um texto do ponto de vista de sua estruturação em língua faz dele um enunciado e que o estudo das suas condições de produção o torna um discurso. Na mesma lógica, concordamos com a ideia de que o discurso é um pensamento oculto pelos seus signos que se materializa ou torna visível por intermédio das palavras (POSSENTI, 2009). Sendo assim o discurso não passa de um ritual das palavras, uma vez que tem a noção reinventar e cobrir o fenômeno real para fazer as pessoas acreditarem no fato postiço ou matizado pela verdade. O discurso é o espaço em que “o saber e o poder se articulam, pois quem fala, fala de algum lugar, a partir de um direito reconhecido institucionalmente” (BRANDÃO, 2012, p.37). O discurso é também uma forma de idealizar e controlar as pessoas, uma colonização mental de analisar os fatos a partir de um pressuposto fundamental verídico, a qual muitos defendem a ideologia de discurso como a forma de dominação e camuflagem etc. que
  • 8. INTERLETRAS, ISSN nº 1807-1597. QUALIS. V. 8, Edição número 29, abril 2019/ setembro 2019 – p. 8 está imanente ao conceito de discurso. O termo ideológico é uma atividade científica que busca entender o modo de pensar e tomando as ideias enquanto fato natural associado ao corpo humano como organismo vivo no meio ambiente. (BRANDÃO, 2012 p.19). Alguns autores vieram a dar uma definição pejorativa e negativa ao conceito de ideologia porque uma coisa representa a verdade quando o mesmo foi tornado como uma realidade, não como uma suposição sem certeza nenhuma ou revelar um sinal de clareza de algo existente. Marx e Engels identificaram “ideologia” como a separação que se faz entre a produção das ideias e as condições sociais e históricas em que são produzidas (BRANDÃO, 2012, p. 19-20). Parece-nos uma visão mais social. 3 A FORÇA DO DISCURSO NA SOCIEDADE Os guineenses são por natureza povos de tradição oral em que a transmissão do conhecimento ou do saber é repassado de geração em geração por meio da oralidade. A escrita chegou com a colonização e com contato entre povos e culturas. A escrita surgiu cerca de 5000 anos (COULMAS, 2014) e trouxe avanços importantes no registro de informações influenciando as tecnologias no sec. XX. A sobrevivência das línguas não depende da escrita, por isso mesmo ainda existem línguas ágrafas em várias partes do mundo. A expressão de uma língua ágrafa carrega muitos elementos instransponíveis para escrita. Para Leech et al. (apud COULMAS, 2014) a conversação se torna mais interativa, fica reduzida num contexto situacional compartilhado, ocorre em tempo real, envolve relações sociais e atitudes emocionais, recorre ao uso de um repertório restrito e usa uma gama de expressões vernáculas. Nesta ordem de ideias, o discurso lido não consegue carregar estas nuances e pelo contrário camufla um conjunto de ideias que poderiam aparecer no discurso espontâneo. Não é por acaso que muitos políticos são desaconselhados a proferir discursos improvisados porque se assim for, dirão o que não deveria ser dito. Falando sobre “Análise de textos de comunicação”, Maingueneau (2013) revela nuances resultantes da ‘engenharia’ da produção textual escrita que se difere com o texto oral. O discurso tem poder (DIJK, 2012), influencia as massas, cria ideologias e orienta o pensamento do ouvinte para uma direção previamente calculada pelo produtor do discurso (emissor). Todo político sabe muito bem o quão as palavras podem comprometer ou favorecer as suas posições, incluindo a sua moral. Em outras palavras, Dijk (2012) designa por manipulação, que é entendida como o conjunto armação de ideias que visam influenciar o pensamento do outro. Para ele,
  • 9. INTERLETRAS, ISSN nº 1807-1597. QUALIS. V. 8, Edição número 29, abril 2019/ setembro 2019 – p. 9 uma análise mais profunda de dominação, definida como abuso de poder, requer o acesso especial aos (ou o controle sobre) recursos sociais escassos. Um desses recursos é o acesso preferencial aos meios de comunicação de massa e ao discurso público, um recurso compartilhado pelos membros das elites ‘simbólicas’, tais como políticos, jornalistas, acadêmicos, escritores, professores, e assim por adiante (DIJK, 2010, p.237, grifo do autor). O acesso aos meios de comunicação de massa permite que o discurso tenha maior alcance e maior visibilidade na sociedade. A produção do discurso está intimamente ligada ao meio de comunicação no qual será divulgado. A conversão da fala para a escrita (MARCUSCHI, 2010) corresponde ao momento de produção do discurso. É um processo complexo, uma vez que ocorre o processo de retextualização (MARCUSCHI, 2010). A conversão da escrita para a fala (momento do pronunciamento) carrega outros elementos mais profundos que serão discutidos nas análises da presente pesquisa. As tradições discursivas em línguas bantu da Guiné-Bissau incluindo com as do crioulo se processam por meio de provérbios e até de ideofones. Discursos longos em línguas africanas são reduzidos por meio de provérbios e ideofones. Um ideofone, por exemplo, é definido como uma palavra-imagem. Sua finalidade é de trazer precisão da ação ou do fenômeno que se pretende elucidar. Os elementos socioculturais dos ideofones são interpretáveis em português. Com isso se pretende afirmar que, se os discursos proferidos pelos políticos guineenses fossem em línguas bantu não teriam o mesmo formato dos discursos que vamos analisar aqui. Grande parte das afirmações feitas em português podem ser expressos por meio de provérbios que são mais comuns nas diversas línguas do grupo bantu faladas na Guiné- Bissau. A língua é ao mesmo tempo cultura. Passemos para a metodologia e análises. 4 METODOLOGIA E ANÁLISES Na sequência das discussões aqui apresentadas na distinção entre o discurso e ideologia de discurso tentaremos ver o papel ou valor do sujeito na ação discursiva por intermédio dos pronomes que passamos a ter a possibilidade de fazer uma análise do sujeito enunciador do discurso. Sendo assim, a subjetividade é a capacidade de o locutor se propor como sujeito do discurso que se funda no exercício da língua. Este locutor enuncia sua posição no discurso através de determinados índices formais dos quais os pronomes pessoais constituem o primeiro ponto de apoio na revelação da subjetividade na linguagem. No discurso sempre houve o sujeito falando de um determinado lugar, há que supor existência de um terceiro que tenta descodificar os enunciados ouvidos do sujeito falador.
  • 10. INTERLETRAS, ISSN nº 1807-1597. QUALIS. V. 8, Edição número 29, abril 2019/ setembro 2019 – p. 10 Porque o objetivo do sujeito é expor ideias, desejos, palavras que atraem o ouvinte ou leitor a pensar e tomar por verdade o que ele falou, sem margem para dúvidas. A linguagem é, portanto, condição humana, por meio dela o homem se diferencia dos outros homens, se individualiza. Assim, em Benveniste, a linguagem não pode ser reduzida a instrumento de comunicação, pois “a linguagem fundamenta na realidade, na sua realidade que é a do ser, o conceito de ego” (BENVENISTE, 1995, p.286. grifo do autor). Antes da metodologia pretendemos trazer a citação de Orlandi (2009, p.15) que disserta que “na análise de discurso, procura-se compreender a língua fazendo sentido, enquanto trabalho simbólico, parte do trabalho social geral, constitutivo do homem e da sua história.” Orlandi salienta que o discurso é assim palavra em movimento, prática de linguagem: com o estudo do discurso observa-se o homem falando (ORLANDI, 2009). É importante deixar claro que o “conhecimento linguístico compreende o conhecimento gramatical e o lexical, sendo o responsável pela articulação som-sentido” (KOCH, 2016, p.32). O pronome é um fenômeno central na organização textual e na estrutura discursiva. Marcuschi (2015) falando sobre questões da referência pronominal define a referência pronominal como em duas formas: referência pronominal endófora e referência pronominal exófora. A primeira lida com a coreferência resolvida na iminência contextual e a se funda lida com a referência a um elemento contextual externo ao texto (MARCUSCHI, 2015, grifos nosso). Para a metodologia, enveredamos por uma pesquisa bibliográfica que consistiu na coleta de seis discursos e análise de dados. A pesquisa não foi submetida à Comissão de Ética porque os discursos são disponíveis ao público e podem ser lidos nas plataformas digitais. Para o controlo das análises organizamos da seguinte forma: a) Eu (Presidente João Mário Vaz)/ Pessoa física; b) Eu (Governo da Guiné-Bissau); c) Nós (Governo da Guiné – Bissau; d) Nós (Povo guineense). No Quadro 1 se observam os dados extraídos dos seis discursos que serviram de corpora de análise. Quadro 1: Distribuição dos dados pelos seis discursos DISCURSO 1º 2 º 3 º 4 º 5 º 6 º TOTAL EU (pessoa física) 47 37 43 8 14 15 164 EU (pessoa jurídica) 2 3 2 0 3 1 11 NÓS (Governo) 27 30 32 8 19 82 198
  • 11. INTERLETRAS, ISSN nº 1807-1597. QUALIS. V. 8, Edição número 29, abril 2019/ setembro 2019 – p. 11 NÓS (Povo) 8 41 13 10 14 41 127 TOTAL 84 111 90 26 50 139 500 Fonte: Dados da pesquisa Da pesquisa se observa que os discursos políticos são textos artificiais e não refletem a fala ‘natural’ de quem os profere. São textos que apresentam uma estrutura fixa: uma introdução (correspondente a saudação), um desenvolvimento (colocação dos assuntos fundamentais) e uma conclusão (orientações e despedida). O Quadro 1 apresenta a ocorrência dos fenômenos em estudo. Os discursos 2 e 6 tiveram mais ocorrências. Analisando uso dos pronomes eu/nós observa-se que o 1º discurso privilegiou o presidente como pessoa física em 47 dados; no 2º discurso, o discurso privilegiou o “nós” como o povo guineense (41 dados); no 3º discurso valorizou o presidente (43 dados); no 4º discurso, o discurso privilegiou “nós” o povo guineense (10 dados); no 5º discurso há valorização de “nós” o governo e finalmente, o último discurso privilegia “nós” governo em 82 casos. Analisando os dados gerais se conclui de que os seis discursos valorizam o presidente como pessoa física (164 dados) e o seu governo (198 dados). Isso mostra o protecionismo do líder, protegendo a sua imagem perante a sociedade guineense. Por exemplo: “...tive a oportunidade de alertar que “(…) o ambiente institucional em que (…) vivemos..”(Discurso 2). Os dados revelam uma ação individual corresponde ao Governo cerca de 11 vezes. O Presidente e o Governo estão em sintonia, deixando povo e oposição fora do jogo. Este fenômeno demonstra o distanciamento e a proteção da sua equipe de trabalho composta por ministros e vice-ministros que foram efetivamente indicados pelo presidente para formar o governo. Há nos discursos marcas de subjetividade que o Presidente é uma pessoa orgulhosa. Por exemplo: “...a minha inconformação em relação a questões que considerava importantes” (Discurso 3). É um orgulho dos feitos realizados ou ainda dos que podem ser realizados. Mas o povo, pouco se importaria com isso porque é dever dele enquanto Chefe de Estado realizar tais ações em prol de quem paga o imposto e sustenta a máquina governamental. Os discursos do presidente camuflam as reais situações do povo guineense. Exemplo: “...este é um Povo que nos inspira na nossa acção política...” (Discurso 1). Os dados revelam que os discursos se preocupam em blindar e proteger o presidente e o Governo dos ataques da oposição e pouco há uma simbiose com o povo. Os dados mostram que poucas vezes (11 dados) os discursos revelam uma ação individual corresponde ao Governo. Esse dado revela como o Presidente e o Governo está em sintonia, se confundem deixando de lado o povo e a oposição partidária.
  • 12. INTERLETRAS, ISSN nº 1807-1597. QUALIS. V. 8, Edição número 29, abril 2019/ setembro 2019 – p. 12 O autor dos discursos (assessores e conselheiros) procura fazer o que Koch (2016) designa por “coesão por remissão”, significa que a reativação dos referentes no texto é realizada por meio da referenciação anafórica ou catafórica (KOCH, 2016). Esta estratégia visa colocar no ponto qualquer análise contrária ao que é anunciado no discurso. É por esta razão que o discurso nos parece em alguns momentos uma “nova ordem”, uma imposição da situação para que não haja contrários ao pensamento formatado. CONSIDERAÇÕES FINAIS Há apagamento do “eu” (personalidade individual) em prol da entidade “governo” e por vezes “nós” se transforma em “povo da Guiné-Bissau”, às vezes em “Governo”. Há nos discursos marcas de subjetividade que são traços de autor que não deseja ser explícito e compreensível. Pelo menos os dados indicam essa direção, embora possa não ser exatamente como Presidente pretende expressão. Não podemos esquecer que a elaboração do discurso desta natureza resulta de uma ação conjunto, em que assessores e conselheiros relem o texto e colocam as ideias que em algum momento podem não coincidir com o Eu (José Vaz). Para um analfabeto, ou para aquele que não possui conhecimentos suficientes do português para compreender podem mal interpretar as ideias ouvidas ou lidas no discurso. O discurso político é perigoso para quem não presta atenção nas palavras, especialmente no sentido que carregam. A estratégia discursiva para evitar questionamentos é recorrente e cria ainda invisibilidade de ações não realizadas. O pronome NÓS pode afirmar que ‘estamos juntos’, mas também pode afirmar que ‘não estamos bem juntos assim’ ou ainda deixar passar a ideia de que ‘estamos juntos, mas preciso estar distante para melhor estarmos juntos’ ou o contrário. Parece complexa esta explicação, mas é crucial para compreender o discurso político. O discurso carrega a identidade do sujeito, sua experiência e o seu nome. Um pronome é ao mesmo tempo ‘nome’ porque quem pronuncia “eu” está se expondo como pessoa física, mas por vezes como pessoa jurídica. Olhando para as hipóteses da pesquisa se concluiu que os discursos do presidente camuflam as reais situações a ser resolvidas através do uso de pronomes pessoas da primeira pessoa que confundem ele (como pessoa física), ele (pessoa jurídica=Governo). A última hipótese não ficou confirmada porque o discurso do presidente não se junta ao povo, há uma nítida separação entre ele e o povo (distanciamento discursivo). A língua é um fato social cuja existência se funda na necessidade de comunicação, porque o ser humano é por natureza um ser comunicativo.
  • 13. INTERLETRAS, ISSN nº 1807-1597. QUALIS. V. 8, Edição número 29, abril 2019/ setembro 2019 – p. 13 O discurso é o ponto de articulação dos processos ideológicos e dos fenômenos linguísticos. Partindo do pressuposto de que o discurso materializa o contato entre o diálogo e o linguístico no sentido de que ele representa, no interior da língua, os efeitos das contradições ideológicas, a análise do discurso apresenta-se como uma disciplina não acabada, em constante mudança, em que o linguístico é o lugar, o espaço que dá materialidade, espessura a ideias, temáticas de que o homem se faz sujeito, um sujeito concreto, histórico, porta-voz de um amplo discurso social (BRANDÃO, 2012). Um discurso político (em especial) não apenas constitui um conjunto de informações criadas/inventadas por A (emissor individual ou coletivo) para convencer o sujeito B (receptor coletivo, o povo), mas também são instrumentos de poder. As informações elaboradas por A são criadas tendo em conta o nível de escolaridade/formação, socioeconômico e cultural de B. Normalmente, o sujeito A procura os pontos fracos de B para que inclua atos de fala e expressões que permitirão convencer o sujeito B. Nesta pesquisa observamos que simples pronomes pessoais carregam significados profundos que assumem ou recusam a responsabilidade não apenas dos fatos, mas também das promessas que sempre estão presentes no discurso. Assumir compromissos individualmente é mais difícil que assumir coletivamente (governo). O fracasso das promessas depende da ação coletiva. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. In: BAKHTIN, M. (Org.). Estética da criação verbal. 4 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2002.p 261-306. BENVENISTE, E. Problemas de linguística geral. São Paulo: Pontes, 1995. BRANDAO, H. H. N. Introdução à análise do discurso. Campinas,SP: Ed. UNICAMP, 2012. COULTHARD, M. An introduction to discourse analysis. London: Longman,1985. COULMAS, F. Escrita e sociedade. São Paulo: Parábola, 2014. COUTO, H. do; NENOKI DO COUTO, E. K. N.; BORGES, L. A. de O. Análise do discurso ecológica. Campinas, SP: Pontes, 2015. COUTO, H. H do. Literatura, língua e cultura na Guiné-Bissau. Papia. Brasília. nº20, p.1-253, 2010. DIJK, T. A. Discurso e poder. São Paulo: Contexto, 2012.
  • 14. INTERLETRAS, ISSN nº 1807-1597. QUALIS. V. 8, Edição número 29, abril 2019/ setembro 2019 – p. 14 FIORIN, J. L. Da necessidade de distinção entre texto e discurso. in: BRAIT, B.; SOUZA- E-SILVA, M. C. (Org.). Texto ou discurso? São Paulo: Contexto, 2012, p.145-168. GUIMARAES, E. Texto, discurso e ensino. São Paulo: Contexto, 2013. GUINE-BISSAU. Constituição da República. Bissau: Assembleia Nacional Popular, 1996. INE-Instituto Nacional de Estatística. Informações do país. Bissau: INE, 2018. Disponível em: <http://www.stat-guinebissau.com/pais/informacao_pratica.htm>. Acesso em: 27 ago. 2018. KOCH, I. V. O texto e a construção dos sentidos. 10.ed. São Paulo: Contexto, 2016. LICHTENBERG, S. Pela inserção do discurso na escola. in: SILVA, C. L. da Costa et. al. (Org.). Teorias do discurso e ensino. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2009. p.51-76. MAINGUENEAU, D. Análise de textos de comunicação. 6.ed. Trad. Maria Cecília Souza-e-Silva e Décio Rocha. São Paulo: Cortez, 2013. MARCUSHI, L. A. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola, 2015. ORLANDI, E. P. Análise de discurso: princípios e procedimentos. 8.ed. Campinas: Pontes, 2009. ORLANDI, E. P. Autoria, leitura e efeitos do trabalho simbólico. 6.ed. Campinas, SP: Pontes, 2012. PÊCHEUX, M. Semântica e discurso. Trad. Eni P. Orlandi, Lourenço C. J. Filho, Manoel, L. G. Corrêa e Silvana M. Serrani. 4.ed. Campinas, SP: Ed. UNICAMP, 2009. POSSENTI, S. Questões para analistas do discurso. São Paulo: Parábola, 2009. SAUSSURE, F. de. Curso de linguística geral. São Paulo: Cultrix, 2012. SEVERO, C. G. “Política(s) linguística(s) e questões de poder.” Alfa. São Paulo, v.57, nº2, p.451-473, 2013. THE WORLD FACTBOOK. África: Guinea-Bissau. Whashington: CIA, 2018.
  • 15. INTERLETRAS, ISSN nº 1807-1597. QUALIS. V. 8, Edição número 29, abril 2019/ setembro 2019 – p. 15 TIMBANE, A. A. Análise sociodiscursiva da “saudação” do grupo étnico-linguístico tsonga de Moçambique. Educação, cultura e sociedade. Sinop, v.4, nº2, p.90-105, jul./dez. 2014. TIMBANE, A. A.; MANUEL, C. Os crioulos em África são línguas de base portuguesa? Embate sobre os conceitos. Revista de Letras JUÇARA, Caxias, v. 02, nº 02, p.107-126, dez. 2018. * Doutor, Universidade de Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB), Campus dos Males. **Pesquisador, Universidade de Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB), Campus dos Males.